Buscar

ABORDAGEM INTERDISCIPLINAR: A COMPREENSÃO DO MEIO AMBIENTE COM O USO DE DIÁRIOS DE BORDO COMO FERRAMENTA PEDAGÓGICA

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 10 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 10 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 10 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

ISSN 2176-1396 
 
 
ABORDAGEM INTERDISCIPLINAR: A COMPREENSÃO DO MEIO 
AMBIENTE COM O USO DE DIÁRIOS DE BORDO COMO 
FERRAMENTA PEDAGÓGICA 
 
Alessandra Ester de Souza
1
 - UFPR 
Ibrahim Nazem Fahs
2
 - UFPR 
Rayza Sielski 
3
- UFPR 
Halina Linzmeier Heyse
4
- SME - Curitiba 
Cristina Frutuoso Teixeira
5
- UFPR 
 
Grupo de trabalho - Educação e Meio Ambiente 
Agência Financiadora: CAPES 
 
Resumo 
 
Este artigo relata a experiência em andamento sobre a criação, desenvolvimento e aplicação 
da ferramenta didática diário de bordo, utilizada em um projeto de educação ambiental, “A 
temática ambiental na escola: uma proposta interdisciplinar”, promovido Programa 
Institucional de Bolsas para Iniciação à Docência (PIBID) da Universidade Federal do Paraná 
(UFPR). Este projeto foi desenvolvido com alunos do 8ª ano do ensino fundamental, em uma 
escola municipal, situada no bairro Pilarzinho em Curitiba-PR. O diário de bordo proporciona 
uma forma de construção particular do conhecimento. É uma ferramenta pedagógica que 
articula o registro de informações objetivas às percepções, a subjetividade, experiências 
anteriores e adquiridas nas atividades. Nessa perspectiva e adequando-se às particularidades 
dos alunos, foi introduzido o diário de bordo dos estudantes nas atividades do projeto para 
registro de seus conhecimentos e impressões sobre as diferentes atividades realizadas, fazendo 
uma analogia entre as vivências no projeto de educação ambiental e as viagens realizadas por 
“exploradores”. O diário buscou a especificidade dos alunos e as diferentes percepções do 
mesmo tema ou objeto, particularmente o conceito de meio ambiente e as inter-relações entre 
a sociedade e a natureza, tornando assim cada “caderno” único. Nele ficarão registrados para 
os alunos uma experiência vivida sobre a qual refletiram durante o seu registro através da 
 
1
 Graduanda do curso de licenciatura em química na Universidade Federal do Paraná (UFPR), e-mail: 
alessandra.souza@ufpr.br 
2 Graduando do curso de licenciatura e bacharelado em Geografia na Universidade Federal do Paraná (UFPR), e-
mail: ibrahimnazemfahs@Gmail.com 
3
 Graduanda do curso de licenciatura em Artes Visuais na Universidade Federal do Paraná (UFPR), e-mail: 
rayza.sielski@hotmail.com 
4
 Mestre em Ecologia e Conservação pela UFPR Professora de Ciências da Rede Municipal de Ensino de 
Curitiba-PR. E-mail: haliheyse@gmail.com 
5
 Doutora em Meio Ambiente e Desenvolvimento pela UFPR. Professora do Setor de Educação da UFPR e-
mail: cristinatufpr@gmail.com 
24547 
 
escrita, do desenho, da colagem e de outras formas de representações de conhecimentos e suas 
impressões. Para os executores do projeto, o registro nos diários permitiu conhecer as 
peculiaridades das diferentes turmas, contribuindo para o planejamento de atividades de 
educação ambiental significativas aos alunos. 
 
Palavras-chave: Diário de bordo. Educação ambiental. Meio ambiente. 
Introdução 
Esta comunicação apresenta a experiência da utilização de Diário de Bordo como 
ferramenta pedagógica em ações de educação ambiental do projeto “A temática ambiental na 
escola: uma proposta interdisciplinar”, promovido pelo Programa Institucional de Bolsas para 
Iniciação à Docência (PIBID) da Universidade Federal do Paraná, realizado na Escola 
Municipal Professor Herley Mehl, localizada no bairro do Pilarzinho no município de 
Curitiba, PR. Os objetivos do projeto são: proporcionar aos licenciandos de diferentes áreas 
de formação acadêmica a abordagem da temática ambiental na escola a partir do enfoque 
globalizador e da interdisciplinaridade; desenvolver ações de educação ambiental na escola 
considerando as suas características e possibilidades visando processos educativos 
significativos à comunidade escolar. Em linhas gerais, o projeto considera três pressupostos: a 
abordagem sistêmica e socioambiental do meio ambiente; o enfoque globalizador e a 
interdisciplinaridade como colaboração entre disciplinas para compreensão dos problemas que 
estão na interface da sociedade com a natureza. 
O projeto, iniciado em 2014, conta com seis bolsistas das licenciaturas de Artes 
Visuais, Geografia, Pedagogia e Química, além da professora supervisora da disciplina de 
ciências. Atualmente, quatro turmas de oitavos anos participam do projeto. 
As atividades do projeto objetivam desenvolver no aluno a compreensão da inter-
relação entre o homem, a sociedade e a natureza, compartilhando com Sauvé (2005, p. 317) a 
finalidade da educação ambiental: 
mais do que uma educação “a respeito do, para o, no, pelo ou em prol do” meio 
ambiente, o objeto da educação ambiental é de fato, fundamentalmente, nossa 
relação com o meio ambiente. Para intervir do modo mais apropriado, o educador 
deve levar em conta as múltiplas facetas dessa relação, que correspondem a modos 
diversos e complementares de apreender o meio ambiente. 
Como imaginou-se no projeto que os alunos estariam “explorando” novas experiências 
e novos conhecimentos, considerou-se que eles deveriam registrá-las, como viajantes ou 
cientistas o faziam antes da existência do celular. No diário de bordo os alunos registraram 
aprendizados, experiências e impressões das atividades desenvolvidas. O diário permite a 
24548 
 
manifestação da individualidade dos alunos e suas diferentes percepções do mesmo objeto, 
tornando assim cada “caderno” único. 
Referencial teórico 
Na educação ambiental, o meio ambiente é categoria central para apreender a relação 
entre o homem, a sociedade e a natureza. Ainda que o Projeto tenha utilizado também, o 
conceito de meio ambiente como “problema” e como “sistema” (SAUVÉ, 2005, p. 317), a 
utilização do diário de bordo adequou-se ao conceito de meio ambiente como o “lugar em que 
se vive (para conhecer, para aprimorar). É o ambiente da vida cotidiana, na escola, em casa, 
no trabalho, etc.”. Esta é a porta de entrada para a apreensão das outras abordagens de meio 
ambiente que podem coexistir em um projeto de educação ambiental. Para Sauvé (2005, p. 
317), ela “consiste em explorar e redescobrir o lugar em que se vive, ou seja, o “aqui e agora” 
das realidades cotidianas, com um olhar renovado ao mesmo tempo apreciativo e crítico. 
Trata-se também de redefinir-se a si mesmo e de definir o próprio grupo social com respeito 
às relações que se mantém com o lugar em que se vive”. Assim considerado, o meio ambiente 
é o resultado de um processo de construção entre o sujeito e o ambiente bio-físico-químico. 
Ele “ é, antes de tudo, cultural e se constitui pela ação dos indivíduos” (LUZZI, 2012, p. 14). 
Na educação ambiental, esse conceito de meio ambiente torna-se central para pressuposto 
que, através dele, o aluno pode entender o seu lugar no mundo (LUZZI, 2012). 
Para alcançar seus objetivos, a educação ambiental pode utilizar diferentes estratégias, 
entre elas, o estudo do meio. Este constitui uma atividade dirigida, utiliza como meio - 
 locais/entorno/paisagem - dos alunos para se aprofundar conceitos e/ou conteúdos 
(LESTINGE, SORRENTINO, 2008). Ele pode explorar sensações e percepções dos 
participantes, levando a um conhecimento, autoconhecimento e modificações, pois “ao 
ampliar a noção de si mesmo, o mundo também se amplia”. (LESTINGE; SORRENTINO, 
2008 apud MENDONÇA; NEIMAN, 2003, p. 81). Nesse processo, ocorre uma construção do 
conhecimento em sociedade, formando-se “elos”, aproximações do sujeito com as coisas e 
acontecimentos em conjunto. Durante essas atividades o fator principal é dirigir-se para as 
possibilidades do ensino-aprendizagem a partir da observação, interpretação e percepções, 
buscando o conhecimento contextualizado pelo meio. Segundo Lestinge e Sorrentino (2008, 
p.608) “a utilização do estudo do meio como metodologia para a educação ambiental pode 
contribuir para uma formação mais integral do indivíduo”. A partir desse reconhecimento,constroem-se sujeitos sociais distintos e que auxiliem ações responsáveis nas questões 
24549 
 
ambientais, baseando em pensamentos complexo sobre o meio ambiente, promovendo a 
compreensão profunda, a integração e não apenas dominação do meio. 
Durante o desenvolvimento das atividades do projeto, seus integrantes sentiram a 
necessidade de incluir uma ferramenta que pudesse se apropriar das “excursões” realizadas ao 
“meio” e alcançasse as particularidades de aprendizagem de cada aluno: o diário de bordo. 
As concepções de aprendizagem segundo Zabala (2007) representam as 
particularidades de cada aluno e variam dependendo de seus interesses, capacidades e 
motivações. Esta ‘aprendizagem’ é resultado de todo o processo e o conhecimento é 
construído durante a elaboração pessoal. O processo de ensino/aprendizagem estabelece 
relação com o conhecimento prévio e com os novos conceitos. O diário de bordo proporciona 
uma forma de construção particular do conhecimento, tornando-se uma ferramenta 
pedagógica, abrangendo não apenas conteúdos de caráter específico, mas as percepções, a 
subjetividade, experiências anteriores e adquiridas nas atividades. O diário de bordo 
proporciona uma autonomia na construção do conhecimento pelos alunos, admitindo uma 
visão reflexiva e crítica de suas vivências. 
O diário de bordo foi, originalmente, um instrumento utilizado para o registro de 
viagens (comerciais, científicas, etc.) mesmo antes do século XVI. Um exemplo de diário de 
bordo é o registro de Alexander Von Humboldt (1769-1859) que atuava sobretudo no campo 
da geografia. Em suas expedições, as principais realizadas na América Latina, ele anotava e 
desenhava a fauna e flora dos locais visitados, registrando com desenhos artísticos, cálculos e 
observações subjetivas, os dados objetivos e as suas impressões sobre o observado (BRAGA 
et al. 2007; WITMER, 2008). 
De forma análoga, o diário de campo utilizado para registrar as observações diretas de 
pesquisadores nas cientistas naturais e sociais, também mantêm a característica de não deixar 
escapar informações durante o processo de investigação que possam servir como ‘dado’ para 
o desenvolvimento do conhecimento científico, assim como o são aqueles obtidos por outros 
instrumentos (questionários, amostras, etc.). Além disso, “mais do que apenas guardar 
informações, pode conter reflexões cotidianas que, quando relidas teoricamente, são 
portadoras de avanços tanto no âmbito da intervenção, quanto da teoria. ” (LIMA et al. 2007, 
p. 93) 
Nas artes o registro em “diário”, também é utilizado. Na renascença, Leonardo da 
Vinci utilizava o caderno de anotações ou sketchbook, para registrar ideias, cálculos, formas, 
modelos e rascunhos de suas obras. Atuando em diversas áreas (anatomia, engenharia e a 
24550 
 
pintura, etc.), ele utilizava os “diários” para esboçar suas ideias e criações (LOPES,2014; 
ZOLLNER, 2006). 
Eugène Delacroix, pintor do romantismo, utilizou o diário para rascunhar obras e 
registrar as imagens exóticas em sua viagem ao Marrocos. Apenas para registrar as ideias e 
depois executá-las em outro suporte. O artista contemporâneo Fernando Augusto dos Santos 
utilizou o diário para registrar as ideias e depois executá-las em outro suporte, tornando seus 
registros públicos. Trabalhando com a poética do dia a dia, a simplicidade e a beleza da vida, 
registrou seus dias em desenhos em seus diários. Ao finalizá-los, transformou-os em obras de 
arte. Em uma delas, retratou a angústia, com retratos de seu pai no seu leito de morte. 
A percepção move a arte e os artistas. A obra é o retrato da percepção do artista sobre 
a realidade. Ele retrata suas ideias e pontos de vista à sua maneira, transformando-as em algo 
acessível às outras pessoas que teriam outras percepções, sensações e ideias através de sua 
obra. 
A apropriação do diário de bordo como ferramenta pedagógica se justifica por ser um 
instrumento de registro individual de observações do seu autor. Este registro - que pode 
utilizar diferentes linguagens - permite proporcionar informações objetivas e percepções sobre 
a “viagem” para os que o leem, assim como, permite aos seus autores refletirem sobre o 
observado, o percebido. Em estudos sobre diário de bordo utilizado na formação de 
professores (DIAS et al., 2013; SOUZA et al. 2012; ZABALZA, 1994), este é considerado 
uma ferramenta pedagógica que permite maior sistematização, compreensão e reflexão sobre 
a própria prática educativa. 
Na escola, com a necessidade de inovações nas práticas de ensino causadas pelo 
panorama atual (GADOTTI, 2000), o diário, em suas diferentes versões, também pode ser 
utilizado pelo aluno. Por exemplo, na geografia e nas aulas relacionadas às ciências 
biológicas, eles podem ser utilizados nas aulas de campo. O diário utilizado na escola pode 
auxiliar o desenvolvimento do pensamento abstrato e da memória. Além disso, ele contém a 
carga subjetiva do aluno que pode ser usada em planejamentos na disciplina. 
Partindo das diferentes possibilidades de registros nos diários, considerou-se que este 
poderia ser um instrumento de registro das atividades do projeto de educação ambiental, não 
como um caderno no qual se registra a matéria, mas como um espaço de registro de fatos e 
impressões durante o processo de formação de conhecimentos e sentimentos durante o estudo 
do meio. Como observam Souza et al. (2012, p. 185) “não importa o caráter de verdade ou as 
provas de sua ocorrência tal como é narrado no diário, mas a reflexão que se faz sobre o 
24551 
 
assunto é que define o quanto está sendo formadora a experiência. ” No diário, as percepções 
são representadas de maneira completa, pois o autor (aluno) expõe suas sensações. Uma vez 
que está criando algo para si mesmo, deve seguir suas próprias regras. Portanto, o diário traz a 
liberdade de sentimentos, a clareza de pensamentos e a memória pois muitas vezes o autor se 
apega ao diário não pelo conteúdo teórico que possa existir ali, mas pela memória afetiva, 
relembrando lugar e as sensações que tais lugares o causaram. 
Metodologia 
As atividades do projeto do PIBID na Escola Municipal Professor Herley Mehl 
envolveram áreas de conhecimentos diferentes que interagiram entre si na apreensão do meio 
ambiente e das inter-relações entre homem, sociedade e natureza nele implicadas. Assim, 
atividades que tratavam de temas afins à Geografia se articularam aos conhecimentos 
abordados pela professora de ciências em sua disciplina e incluíam atividades de artes 
relacionadas ao assunto abordado. O diário de bordo foi considerado o caderno da 
“interdisciplinaridade”. Como nas primeiras atividades do projeto se observou o prazer dos 
alunos em realizá-las, assim como o prazer de estarem com os licenciandos, o diário foi 
apresentado aos alunos, também, como lembrança para eles após o término do projeto. 
Os diários de bordo utilizados pelos alunos são cadernos de tamanho 144 mm de 
largura, por 202 mm de comprimento que contêm 48 folhas, capa dura, de papelão. Vale 
ressaltar que o papel é produzido a partir de fontes responsáveis ecologicamente. Para deixar 
os alunos confortáveis com a escolha de seus diários, foram adquiridos diário de 4 cores 
diferentes: verde, amarelo, azul e vermelho. 
No total foram criados 110 diários, contemplando todos os alunos dos 8° anos da 
Escola Municipal Professor Herley Mehl. Os diários ficam armazenados no laboratório de 
ciências, pois muitas das atividades desenvolvidas ocorreram nesse espaço. O diário de bordo 
é entregue no início das atividades e recolhido ao final delas. 
A primeira atividade relacionada ao diário foi a ilustração da capa dos cadernos. 
Foram apresentadas aos alunos, algumas inspirações de capas e um vídeo de um viajante para 
ilustrar a finalidade deste caderno. No vídeo, o viajante mostrava coisas que ele coletava nos 
locais por onde passava, relatos escritos, impressões e sentimentos.A criação das capas dos 
diários poderia ser realizada livremente, através de colagens (revistas), desenhos ou poesias. 
Os alunos “soltaram a imaginação” e sem interferência dos participantes do projeto, a maior 
parte deles criou imagens relacionadas ao meio ambiente: árvores, plantas e animais. 
24552 
 
Posteriormente, o diário de bordo passou a ser utilizado para o registro das atividades 
do projeto desenvolvidas a partir do estudo do meio. As principais delas foram: 
1) O caminho da escola. Representação gráfica do caminho percorrido desde a residência dos 
estudantes à escola, com registros de referenciais físicos presentes no trajeto. As figuras dos 
estudantes ficaram ricas em detalhes, percepções, sentimentos, representando a observação 
individual de cada um deles. Ao trabalharem a localização geográfica e a observação do meio, 
eles construíram um “mapa” individual do percurso. 
2) Aula de escala. A atividade consistiu em trazer o exemplo de redução do espaço a partir do 
laboratório de ciências. A partir de um barbante os alunos mediram a sala de aula e a 
reduziram até caberem na página de seus diários, tornando a assimilação do conteúdo de 
escalas mais fácil. 
3) Expedição virtual utilizando o Google Maps. Durante a aula no laboratório de informática, 
para localizar diferentes elementos na representação gráfica e nas fotos de satélite, incluindo a 
escola e o bairro. 
4) Expedição no bairro. Um trajeto pelo bairro foi percorrido, mostrando curiosidades, sua 
história, a vegetação e a sociedade (diferentes casas, estabelecimentos, etc.), além de 
proporcionar momentos de contemplação de paisagens e exercitar a localização geográfica. 
Cada aluno possuía uma cópia do mapa das ruas do trecho percorrido. Durante o trajeto, o 
aluno devia coletar coisas que chamavam sua atenção para posterior inclusão no diário. Eles 
coletaram desde flores e folhas, até bitucas de cigarros e papeis de bala encontrados pelos 
caminhos percorridos. Após a expedição, foi solicitado aos alunos que registrassem suas 
principais impressões nos diários. 
Resultados 
Os resultados obtidos até o mês de julho de 2015 são ainda parciais, uma vez que a 
formação do conhecimento ambiental do projeto ainda está em construção. Contudo, alguns 
resultados podem ser observados. 
A partir do início da produção dos diários de bordo, verificamos a motivação da 
maioria dos alunos em registrar o que vivenciaram nas suas atividades. Alguns alunos criaram 
outro diário em suas casas, para o registro de atividades extra-escolares, como passeios e 
viagens de férias. 
24553 
 
As atividades registradas no diário de bordo foram elaboradas com intuito de construir 
a relação dos estudantes com o meio. Elas foram bem aceitas pelos alunos e todos 
apresentaram compromisso com a produção dos diários. 
Cada aluno descreveu sua relação com ambiente, não apenas no conteúdo, mas nas 
percepções, nos sentimentos. Alguns diários representaram ideias críticas do ambiente como 
questões de infraestrutura e segurança do bairro retratando percepções únicas. Por exemplo, 
muitos estudantes realizam trajetos semelhantes de suas residências até a escola, mas os 
desenhos produzidos são completamente distintos, com representações, informações pessoais 
de cada aluno. Todos receberam uma folha do tamanho A4 para representar seu trajeto, alguns 
fizeram seu mapa mental grande e com muitos detalhes, colocando nome de comércios 
próximos e das casas de amigos, já outros fizeram um mapa pequeno e com outras referências 
como praças que existem no caminho e árvores marcantes. Porém, os dois trajetos são de 
alunos que vivem no mesmo bairro. 
Como foi dito, o diário também auxilia na elaboração de atividades futuras, pois 
podemos analisar as curiosidades e dificuldades dos alunos, já que fica tudo registrado no 
diário, e os cadernos ficam na escola disponíveis para os bolsistas e professores do projeto. 
Na aula onde os alunos fizeram o trajeto de suas casas até a escola, percebemos a grande 
dificuldade que estavam tendo em reproduzir um trajeto aparentemente grande em apenas 
uma folha de papel, surgiram muitos comentários da parte dos alunos como “não dá para 
colocar o caminho da minha casa nesse papel” e foi a partir daí que percebemos a necessidade 
de uma aula voltada especialmente para o tema escalas. Assim vem se desenrolando o projeto 
desde o início, partimos sempre de algo dado pelos alunos, procuramos o potencial de algum 
tema ou atividade a partir dos comentários que eles fazem em sala ou a curiosidade deles com 
certo tema. 
Considerações Finais 
Ainda que os resultados sejam ainda parciais, há a expectativa de que o diário de 
bordo reforce o sentido de inter-relação entre fatores que constituem o meio ambiente. 
Espera-se ainda que a utilização do diário de bordo acentue a compreensão junto aos alunos, 
segundo a qual a inter-relação entre o homem, a sociedade e a natureza implica em 
complementariedade entre as diferentes disciplinas. O diário de bordo não é o caderno de 
ciências, artes ou geografia. Ele contém todas elas para abordar o meio ambiente. 
24554 
 
Em última instância, o diário de bordo deverá contribuir para a apreensão do meio 
ambiente como o lugar de pertencimento do aluno. Observando o que gostam e o que não 
gostam, o que gostariam e o que não gostariam de mudar, o aluno constrói a sua memória, a 
sua reflexão e a sua interação afetiva com o lugar em que se vive, para o qual viajou sem 
deslocamento. Este processo é fundamental para a educação ambiental, pois “ O lugar em que 
se vive é o primeiro cadinho do desenvolvimento de uma responsabilidade ambiental, onde 
aprendemos a nos tornar guardiães, utilizadores e construtores responsáveis do Oïkos, nossa 
“casa de vida” compartilhada” (SAUVÉ, 2005, p. 318). No relato da viagem do diário de 
bordo registra-se esse lugar “re-conhecido” enquanto meio ambiente. 
REFERÊNCIAS 
BRAGA, Marco, et al. Breve história da Ciência Moderna: A belle-époque da ciência (séc. 
XIX) Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2007. 
DIAS, Viviane Borges, et al. O Diário de Bordo como ferramenta de reflexão durante o 
Estágio Curricular Supervisionado do curso de Ciências Biológicas da Universidade Estadual 
de Santa Cruz – Bahia. In: Encontro Nacional de Pesquisa em Educação em Ciências – 
ENPEC, 9. Águas de Lindóia, SP, 2013. Disponível em 
<http://www.nutes.ufrj.br/abrapec/ixenpec/atas/resumos/R1143-1.pdf > acesso em 30 de julho 
de 2015 
GADOTTI, Moacir. Perspectivas atuais da educação. São Paulo Perspec. 2000, vol.14, n.2, 
pp. 03-11. ISSN 1806-9452. Disponível em <http://dx.doi.org/10.1590/S0102-
88392000000200002 > acesso em 5 agosto de 2015. 
LESTINGE, Sandra. SORRENTINO, Marcos. As contribuições a partir do olhar atento: 
estudos do meio e a educação para a vida. Ciência & Educação, Bauru, v. 14, n.3, p.601-617, 
2008. 
LIMA, Telma Cristiane Sasso de, et al. A documentação no cotidiano da intervenção dos 
assistentes sociais: algumas considerações acerca do diário de campo. Revista Textos & 
Contextos, Porto Alegre v. 6 n. 1 p. 93-104. 2007. Disponível em 
<http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/fass/article/viewFile/1048/3234> acesso em: 
15 agosto de 2015 
LOPES, Janara, O caderno de anotações de Leonardo da Vinci, QGA - Opinião bem 
formada, 27 abril de 2014, disponível em: <http://qga.com.br/arte-cultura/2014/04/o-
caderno-de-anotacoes-de-leonardo-da-vinci> acesso em; 21 julho de 2015 
LUZZI, Daniel. Educação e meio ambiente: uma relação intrínseca. São Paulo: Manole, 
2012. 
http://www.nutes.ufrj.br/abrapec/ixenpec/atas/resumos/R1143-1.pdf
http://dx.doi.org/10.1590/S0102-88392000000200002
http://dx.doi.org/10.1590/S0102-88392000000200002
http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/fass/article/viewFile/1048/3234
24555 
 
MENDONÇA, Rita.; NEIMAN, Zysman. À sombra das árvores: transdisciplinaridade e 
educação ambiental em atividades extraclasse.São Paulo: Chronos, 2003. 
SAUVÉ, Lucie. Educação ambiental: possibilidades e limitações. Educação e Pesquisa, São 
Paulo, v.13, n.2, p. 317-322, mai/ago 2005 
SOUZA, Ana Paula Gestoso de, et al. A escrita de diários na formação docente. Educação 
em Revista. Belo Horizonte: UFMG. v.28, n.01, p.181-210, mar. 2012. Disponível em: 
<http://dx.doi.org/10.1590/S0102-46982012000100009> acesso em 15 agosto de 2015 
WITMER, Stu. Alexander von Humboldt, Universities Space Research Association, 
September 14, 2008. Disponível em: < http://epod.usra.edu/blog/2008/09/alexander-von-
humboldt.html> acesso em 16 julho de 2015. 
ZABALA, Antoni. A prática educativa: como ensinar. Porto Alegre: Artmed. 2007 
ZABALZA, Miguel A. Diários de aula: contributo para o estudo dos dilemas práticos 
dosprofessores. Porto: Porto Editora, 1994. 
ZOLLNER, Frank, Leonardo da Vinci, Taschen, Alemanha, 2006. 
http://dx.doi.org/10.1590/S0102-46982012000100009
http://h/

Continue navegando