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93 Busca de informações e riscos calculados Quem planta pé de “acho” acaba colhendo um monte de “quase”... César Gonçalves, empreendedor A partir do momento que um empreendedor reuniu algumas ideias de negócios, faz-se neces-sário passar para a etapa seguinte, que é a coleta de informações e a avaliação dos riscos envolvidos. Empreendedores bem-sucedidos sabem que todo negócio pressupõe um certo nível de risco, mas quanto mais informação você tiver sobre um negócio, menores serão os riscos. Por isso, neste capítulo serão abordadas as competências: busca de informações e riscos calculados. O processo de busca de informações nem sempre é uma etapa tranquila. Pode exigir trabalho e persistência, motivo pelo qual algumas pessoas decidem queimar essa etapa e partir para a ação. São os chamados empresários acho: “Acham” que seus produtos vão vender, “acham” que irão ter lucro, “acham” que a localização do negócio é adequada e por aí vai. A consequência disso pode ser “quase” vendeu, “quase” deu lucro, o ponto “quase” era adequado. Segundo o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), cerca de 65% das novas empresas encerram suas atividades até o segundo ano de existência e 80%, até o quinto. Baseado em que você pode afirmar que estará entre os 20% sobreviventes após o sexto ano? Após essa provocação inicial, vamos discutir os comportamentos relacionados à competência busca de informações. Busca de informações Consultar especialistas para obter assessoria técnica ou comercial Quem pode ser considerado um especialista para um empreendedor? Qualquer pessoa que pos- sua mais conhecimento que ele em um determinado assunto passa a ser considerado um especialista. Pessoas bem-sucedidas não têm nenhum constrangimento em dizer “não sei” e tratar de aprender com os outros. Dedicar-se pessoalmente a obter informações de clientes, fornecedores e concorrentes Esse comportamento está relacionado ao interesse que os empreendedores têm com relação à confiabilidade ou qualidade das informações que querem obter. Naturalmente que um empreendedor Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Busca de informações e riscos calculados 94 de sucesso não se dedica pessoalmente a obter todas as informações de que pre- cisa, mas trata de definir quais são aquelas que possuem uma estreita relação com os riscos que está correndo ou poderá correr. Nesses casos, o fato de se envolver diretamente na busca de informações permite perceber certas incongruências ou detalhes que muitas vezes passariam despercebidos para um outro pesquisador. Investigar como fabricar um produto ou fornecer um produto ou serviço Esse comportamento tem uma relação com outras duas competências: qua- lidade e eficiência. Ao estudar o processo de fabricação ou de fornecimento de um determinado produto ou serviço, os empreendedores bem-sucedidos tratam de avaliar pontos críticos como a dependência de mão de obra especializada ou como obter ganhos de qualidade ou de eficiência (redução de tempo ou de custos no processo). Como coletar informações? O primeiro passo é entender que se você não for atrás da informação, ela não virá até você! Existem algumas barreiras mentais com relação a isso. Obter informação requer a contratação de consultores e não há dinheiro para isso. Nesse caso, você ficaria surpreso com a possibilidade de você mesmo obter informação de qualidade, reduzindo drasticamente os cus- tos. Mas, para isso, serão necessárias persistência, persuasão e disposi- ção para trabalhar, características inerentes ao sucesso nos negócios. Não é possível obter informações dos concorrentes. A primeira questão aqui é: “Quem são seus concorrentes?” Empresas que atuam no mesmo ramo em outros mercados geográficos não são seus concorrentes e po- dem lhe dar informações e pistas valiosas sobre onde encontrar informa- ções acerca do negócio que você pretende montar. Mesmo que seja um concorrente direto, sempre existem meios lícitos de se obter informações sobre ele. Basta ver o movimento, conversar com os seus clientes e fornecedores. Sam Walton, fundador da rede de supermercados Walmart, era famoso por ser encontrado nas lojas de seus concorrentes olhando os produtos, preços e conversando com as pessoas. Dizem que em alguns casos era “convidado” a se retirar ao ser reconhecido... Mas voltava dias depois! Considerando a grande quantidade de informações disponível na atualidade, é muito fácil se perder e cair no que poderíamos chamar de “paralise por análise”: pessoas com grande iniciativa podem obter tanta informação que depois não sabem o que fazer com ela. Por isso, damos a seguir algumas dicas importantes com relação ao processo de busca de informações. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Busca de informações e riscos calculados 95 Estabeleça prioridades. O que você realmente precisa saber para ava- liar os riscos envolvidos ou tomar uma decisão? Faça uma lista de tudo o que você precisa saber (em manuais de planejamento existem checklists que poderão ser úteis) e depois estabeleça um grau de importância. Por exemplo, você pode achar importante definir o padrão gráfico do ma- terial didático do curso pré-vestibular que você quer montar, mas não seria mais importante verificar antes disso a legislação para a abertura desse tipo de negócio ou a melhor localização em termos de clientes e logística (transporte público, pro- ximidade ao público-alvo) primeiro? Defina um prazo-limite para a conclusão da pesquisa. Uma armadilha na qual muitos candidatos a empresário caem é não definir um prazo para iniciar e terminar a pesquisa. Frente a dificuldades ou a tarefas desagradáveis, podem ir protelando a busca de algumas informações importantes por meses e até anos, perdendo a oportunidade de negócio para outra pessoa com mais iniciativa. Planejamento. Você pode ter em mãos uma lista de informações-chave para seu negócio, mas a questão agora é como obter essas informações? Lembre-se de que empreendedores de sucesso fazem a pergunta certa para as pessoas certas e portanto você pode começar fazendo um brainstorming1 sobre onde acredita que pode obter essas informações e depois montar um plano de trabalho definindo quem ficará encarregado de buscar a informação, como (atividade) irá obter essa informação e o prazo de início e fim da atividade. Por exemplo, se você quiser saber quantas pessoas moram em um bairro, com idade entre 14 e 19 anos, pode recorrer a um censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) ou a um censo da prefeitura. Mas para isso deverá definir como e quando essas informações deverão ser obtidas e um plano alterna- tivo: se os dados disponíveis não estiverem no formato que você quer (pode haver apenas um censo geral da cidade feito há oito anos, por exemplo), talvez você tenha que fazer uma pesquisa por amostragem. Ninguém nasce sabendo. Se você não domina uma determinada área de conhecimento, não há problema! Consulte quem conhece o assunto, leia sobre isso e aprenda o que for necessário. Você não precisa ser formado em Propaganda e Marketing para fazer uma campanha publicitária, mas precisa pelo menos entender os fundamentos de uma campanha e consultar um publicitário. Verifique a veracidade das informações. Um conselho de empreendedor para empreendedor: consulte várias fontes de informação sobre um determinado assunto. Se todos falarem a mesma coisa, é bem provável que a informação esteja correta. Caso contrário, verifique qual delas é a mais confiável, verificando a fonte e o método (onde e como obteve a informação). 1 Brainstorming: técnica de criatividade e resolução de problemas que consiste em anotar todas as ideias relacio- nadas com um determinado tema que vierem à cabeça. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.brBusca de informações e riscos calculados 96 Que informações coletar? Baseados em Degen (1989), recomendamos que, no processo inicial de ava- liação de oportunidades, sejam coletadas as informações a seguir. Sazonalidade. A maioria dos negócios tem algum tipo de sazonalidade nas suas vendas e lucros. Alguns têm isso bem definido, como pousadas na praia e fábricas de sorvete. Além da sazonalidade nas vendas, é im- portante ter em vista o ciclo do negócio e como isso pode afetar o seu fluxo de caixa2. Assim, as escolas têm um período de venda (propaganda) e matrículas que poderá exigir um desembolso de caixa maior que as en- tradas (receitas), o que será recuperado com as mensalidades nos meses seguintes, mas exigirá uma provisão de capital. Efeitos da situação econômica. A grande maioria dos negócios é afeta- da negativamente pela recessão econômica, alguns mais, outros menos. Quais aspectos da economia, como taxa de câmbio, taxa de juros, nível de emprego e renda, afetam diretamente o seu negócio? Legislação e controle governamental. A legislação, além de impor re- gras, pode afetar sua empresa pela morosidade dos processos burocrá- ticos para se conseguir licenças ou autorizações, restringir os locais de instalação, exigir investimentos em segurança e até dificultar a cobrança de clientes inadimplentes3. Lucratividade. Qual é a lucratividade (lucro líquido sobre o faturamen- to) média do ramo específico em que você pretende atuar? Esse dado é muito importante para se avaliar se o investimento vale a pena ou não. Concorrência. Em negócios, vale o princípio da física de que “para toda ação corresponde uma reação”. Afirmar que “não há concorrentes” ou que “eles não me afetarão” são sinais de excesso de confiança. Quais são os concorrentes diretos e indiretos no seu mercado? Qual será a reação deles (preço, propaganda, descontos etc.) à sua entrada no mercado? Tendências. Para algumas pessoas, empreendedores de sucesso são “vi- sionários”, mas na realidade eles não se baseiam apenas em intuição ou em palpites. Para eles, essa é a primeira fase do processo de busca de informações. Para onde a cidade está crescendo? Como a renda média da população está se comportando? Que tipo de variação está ocorrendo no comportamento dos clientes e por quê? De que maneira as novas tecno- logias poderão afetar (positiva ou negativamente) seu negócio? Essas informações servirão apenas para uma análise preliminar, não dis- pensando a elaboração de um plano de negócios com informações mais detalha- das posteriormente. 2 Entradas e saídas de di-nheiro. 3 Particularmente na edu-cação, a justiça brasileira tende a defender os alunos inadimplentes contra as es- colas. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Busca de informações e riscos calculados 97 Riscos calculados Informação não é poder Poder é ter e saber usar a informação disponível Costumo provocar os participantes dos seminários que ministro com essa frase. No campo da Administração, têm estado na moda expressões como in- teligência competitiva, data minering e tratamento de informação. Todas essas expressões acabam desembocando na mesma questão: uma informação não serve de nada se você não é capaz de compreendê-la ou não a usa para tomar decisões. Um dos aspectos mais delicados na gestão de um negócio bem-sucedido é a capacidade de tomar decisões certas. Na qualidade de empreendedor, esse pode ser um processo solitário, já que a responsabilidade sobre os resultados da decisão tomada cairá sobre você. Tomar decisões significa levantar informações, interpretá-las e avaliar alter- nativas e riscos. Por isso, não se pode falar em busca de informações sem falar em riscos calculados e vice-versa. Segundo o modelo de competências adotado nesta disciplina, os comporta- mentos do empreendedor em relação a riscos calculados são os que seguem. Avalia alternativas e calcula riscos deliberadamente Existem várias oportunidades de negócios e várias maneiras de se começar um. Empreendedores de sucesso estudam as diferentes alternativas e escolhem aquela que para eles representa o menor risco. Por exemplo: quais os riscos no tocante à inadimplência de uma escola de idiomas com relação a uma escola de Ensino Fundamental? São os mesmos ou há diferenças? Age para reduzir riscos e controlar resultados Os estudiosos da personalidade dos empreendedores bem-sucedidos afir- mam que todos eles possuem um certo senso de desconfiança que os mantém alertas sobre ameaças em potencial. Isso faz com que monitorem o que está acontecendo no mercado e se pre- parem para reduzir o impacto de mudanças indesejáveis ou de acontecimentos inesperados. Temos alguns exemplos típicos de perguntas que um empreendedor faria: é realmente necessário pagar uma mercadoria na compra ou ela pode ser obtida em consignação, reduzindo os riscos de encalhe? O que pode ser feito para Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Busca de informações e riscos calculados 98 garantir que o material seja entregue a tempo pelo fornecedor? É possível moni- torar o andamento do pedido? Por que devo me contentar com um fornecedor em vez de ter vários, reduzindo a dependência? Coloca-se em situações que implicam desafios com riscos moderados Apesar da imagem de que os empreendedores seriam indivíduos que se ar- riscariam muito, vários autores (ATKINSON, 1957; MCCLELLAND, 1967, 2000; WELSH; WHITE, 1981; BEGLEY; BOYD, 1986; CUNNINGHAM; LICHERON, 1991) dão suporte ao fato de que os empreendedores assumem riscos que para eles são moderados, visto confiarem em suas chances de sucesso para atingir os resul- tados pretendidos nessas situações. Weiner (apud MCCLELLAND, 2000) afirma que as pessoas com alta necessidade de realização4 escolhem tarefas com riscos moderados porque esse tipo de tarefa permite um diagnóstico mais claro de como elas estão se saindo, de qual é o seu desempenho real. Se a tarefa é fácil, elas não saberão se o sucesso foi devido a seus esforços, porque qualquer um pode fazê-la. Se a tarefa é difícil demais, ele não saberá o resultado de seus esforços, porque qualquer um, inclusive ele, falhará. Assim, eles procurarão riscos moderados para terem informação sobre o impacto de seus esforços sobre o próprio desempenho. Modelos de tomada de decisão e riscos Existem vários modelos sobre tomada de decisão e avaliação de riscos, indo desde a área de investimentos financeiros (normalmente baseados em mo- delos matemáticos) até a área da Psicologia (considerando aspectos cognitivos5 e comportamentais). No campo da Psicologia aplicada a negócios, gostaríamos de destacar os estudos publicados por Atkinson (1957), Hancock e Teevan (1964) e McClelland e Watson Junior (1973). Com base nesses trabalhos, pode-se afirmar que os empreendedores de sucesso se comportam como descrito a seguir. Avaliam as chances de sucesso e fracasso de acordo com o que pensam ser a sua capacidade. Em termos motivacionais, o motivo de realização os levaria a procurarem sempre o desafio máximo, maximizando a ex- citação que uma tarefa muito difícil representa em termos de realização pessoal. Por outro lado, o motivo de defesa faria com que procurassem situações seguras, as quais minimizariam a possibilidade de frustração pelo fracasso. Essas duas forças antagônicas levariam a uma situação intermediária, ou seja, empreendedores procurariam situações em que pudessem ter o máximo de desafio com a menor possibilidade de fracasso possível. Assim, por exemplo, um empreendedor poderia optar por investir todas as suas economias e dar todos os seus bens em garantia para investir em um negócio com ganhos extraordinários. Isso representaria um alto grau de coragem ou desafio. Por outro lado, o motivo de 4 Cabe reforçar que esta é uma característica mar- cante da personalidade dos empreendedores. 5 Como o ser humano pen-sa. Este materialé parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Busca de informações e riscos calculados 99 defesa faria com que ele optasse por um emprego com estabilidade, mesmo que o ganho fosse pouco. Assim, não haveria a ameaça de desemprego (mesmo que imaginária) e os resultados seriam conhecidos com antecedência (salário no final do mês). Um empreendedor equilibrado optaria por uma posição intermediária, optando por ter um negócio (desafio) no qual investisse um volume de capital que não comprometesse sua estabilidade financeira (redução de possibilidade de fracasso). Aumentam ou reduzem suas metas de acordo com os resultados obtidos. Empreendedores bem-sucedidos possuem um alto grau de internalidade6, o que significa que avaliam o resultado de cada situação em que correram um certo tipo de risco para saber o que fizeram que os levou a um determinado resultado. Isso lhes permite reavaliar sua expectativa no tocante a sua capacidade de enfrentar desafios. Pessoas com alta motivação por realização competem consigo mesmas, não com os outros. Por isso, empreendedores de sucesso não se colocam em situações que representam riscos excessivos como forma de impressionar outras pessoas. Segundo McClelland e Watson Junior (1973), apenas pessoas com uma motivação por poder muito mais alta que a realização pessoal e a defesa se colocariam em situações de alto risco para impressionar os demais e com isso obter poder. O motivo de afiliação7 atua com uma espécie de freio sobre o motivo de realização e de defesa (MCCLELLAND, 2000)8. A ansiedade de alcançar rapi- damente as metas desafiadoras reduzindo a possibilidade de fracasso pode levar as pessoas a adotarem a máxima de que os fins justificam os meios. Assim, um empreendedor desequilibrado em termos de motivos poderia valer-se de meios ilícitos ou eticamente discutíveis como forma de minimizar os riscos. No caso dos empreendedores equilibrados, eles refreariam esse tipo de atitude considerando o fato de que a comunidade rechaçaria esse tipo de atitude, o que vai de encontro a sua afiliação9. Considerações finais Não existem negócios sem riscos: todos eles envolvem um certo grau de in- certeza, em maior ou menor escala. Mas, ao contrário do que muitas pessoas acre- ditam, por trás da imagem de arrojo ou destemor, os empreendedores de sucesso são pessoas que calculam suas chances de sucesso e fracasso e correm riscos que para eles são moderados. Existe uma estreita relação entre as competências busca de informações e riscos calculados. A informação é a matéria-prima para uma análise dos riscos envolvidos em um determinado negócio e para ações concretas que visem a re- duzir esses riscos. Portanto, além de usar o processo de busca de informações para avaliar os riscos envolvidos em um determinado negócio, os empreendedores também tratam de saber o que pode ser feito para reduzir esses riscos a um nível que seja aceitável por eles. 6 Ver a Teoria Atribucional de Rotter. Um alto grau de internalidade significa que o indivíduo atribui a si os seus sucessos e fracassos, e não a fatores externos e in- controláveis, como sorte ou azar, por exemplo. 7 Originado na necessidade de ser amado e respeitado pelos demais. 8 Motivo por Defesa – Avoidance Motive no ori- ginal em inglês. 9 Alguns estudiosos defen-dem a tese de que pessoas corruptas possuem distúrbios de personalidade associados à sociopatia. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Busca de informações e riscos calculados 100 O caso dos galos (ANÔNIMO) Dizem que certa vez um caixeiro-viajante decidiu assistir a uma rinha de galos no interior. Vestiu uma boa roupa, afinal era um acontecimento ao qual iriam acorrer muitos de seus clientes, e ele queria impressioná-los. Ao chegar ao local, tratou de se posicionar em um local onde pudesse ver o terreiro, e não hesitou em se sentar no meio dos caboclos da cidade. As rinhas começaram e a emoção aumentava cada vez mais. Os presentes agitavam seus cha- péus e gritavam fazendo torcida para o galo “vermêio”, “caôio” e assim por diante. E com o calor da torcida aumentavam as apostas e os prêmios. Empolgado com aquela animação toda, o caixeiro decidiu que aquela era uma boa ocasião para ganhar um dinheiro extra. Mas como era um “homem estudado”, tratou de buscar informa- ções com os “especialistas” ali presentes. Aproximou-se de um caboclo que observava cada luta sem sequer piscar os olhos, de tão compenetrado. Esse parecia ser um grande conhecedor de galos! Foi se aproximando e puxou conversa: – Tem muito galo bom e muito galo ruim hoje, não é? – Verdade moço. – O senhor me parece uma pessoa que entende de galos... – Moço! Lido com esse trem desde moleque! E “óia” que já estou com mais de cinquenta... Ahá! Havia encontrado um especialista! Bastava agora esperar o momento certo... Foi então que foram colocados dois galos no terreiro, um branco e outro preto. A bolsa de apostas era grande e o caixeiro decidiu que era o momento de apostar todo o dinheiro que tinha ganhado naquela semana. Perguntou então ao “especialista” que continuava a seu lado: – Desses dois galos que vão lutar agora, qual é o bom? – O “bão” é o branquinho... Excelente! Foi até a banca de aposta e apostou tudo no branco. A luta começou, e para o seu desespero o galo branco levou uma surra de dar dó. Não deixou a coisa por isso, foi tomar satis- fação com o caboclo: – O senhor me disse que o galo bom era o branco e ele perdeu a luta. O senhor me mentiu! – Menti não moço. O branquinho é muito “bão”, não judia ninguém. Já o preto é muito “mar- vado”, bate nos outros tudo... Moral da história: faça a pergunta certa para ter a resposta certa. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Busca de informações e riscos calculados 101 Usando o espaço a seguir, liste na coluna da esquerda os riscos que você acredita que existem na atividade específica que pretende iniciar como empreendedor. Na coluna da direita, escreva o que poderá fazer para reduzir esse risco. Uma conversa com empreendedores do mesmo ramo poderá auxiliá-lo nesse sentido. Exemplo: Risco Ação Inadimplência Verificar a taxa média de inadimplência dos alunos na faixa socioeconômica em que pretende atuar. Consultar um advogado sobre mecanismos contratuais para reduzir as chances de não cobrança. Calcular o volume de capital de giro necessário para fazer frente a eventuais atrasos nos recebimentos, sem comprometer a capacidade da empresa/escola para honrar seus compromissos financeiros. Risco Ação Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Busca de informações e riscos calculados 102 ATKINSON, John W. (Ed.). Motivational determinants of risk-taking behavior. Psychological Review, vol. 64, n. 6, p. 359-372, 1957. ______. Motives in Fantasy, Action and Society. Princeton: D. Van Nostrand Company, 1958. BEGLEY, Thomas M.; BOYD, David P. Psychological characteristics associated with entrepreneurial performance. In: VESPER, Karl (Ed.). Frontiers of Entrepreneurship Research. Wellesley, Massachusetts: Babson College, 1986, p. 146-165. CUNNINGHAM, J. Barton; LISCHERON, Joe. Defining entrepreneurship. Journal of Small Business Management, v. 29, n. 1, p. 45-61, jan. 1991. GONÇALVES, David. Serviços: os primeiros passos para o sucesso. Florianópolis: SEBRAE, 1996. HANCOCK, John G.; TEEVAN, Richard C. Fear of failure and risk-taking behavior. Journal of Personality, 32, p. 200-209, 1964. ROTTER, Julian B. Generalized Expectancies for Internal Versus External Control of Reinforcement. Psychological Monographs, 1966. ______. External control and internal control. Psychology Today. p. 37-42; 58-59, jun. 1971. SEBRAE-SP. O Ideal É Fazer e Você Acontecer. São Paulo: Sebrae-SP, s/d. SEBRAE. Material para Leitura Preliminar ao TOT (Training Of Trainers).Programa EMPRETEC. Brasília: Sebrae, 2002. WELSH, John A.; WHITE, John F. Recognizing and dealing with the entrepreneur. Advanced Management Journal, n. 43, p. 21-31, 1978. ______. Converging on characteristics of entrepreneurs. In: VESPER, K. (Ed.) Frontiers of Entre- preneurship Research Wellesley, Massachusetts: Babson College, 1981, p. 504-515. TIMMONS, Jeffry et al. New Venture Creation. Irwin Homewood: Illinois, 1985. ______. New Venture Creation: entrepreneurship for the 21st century. 4. ed. Ontario: Concord, 1994. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br
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