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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR MINISTRO PRESIDENTE DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL PARTIDO POLÍTICO XYZ, com representação no Congresso Nacional, pessoa jurídica de direito privado, inscrito no CNPJ________________________, neste ato, representado por seu Presidente, por meio de seu advogado constituído conforme procuração anexa, vem, respeitosamente, perante Vossa Excelência, com fundamento no art. 103, 102 da CRFB/88, Lein°: 9.868/94, propor a presente AÇÃO DECLARATÓRIA DE CONSTITUCIONALIDADE Em face da Lei Complementar n°: 135/2010, editada pelo Congresso Nacional. I – LEGITIMIDADE ATIVA A legitimidade ativa do partido político para a propositura da presente encontra assento no artigo 103, VIII, da CRFB/88, e conforme pacificado por esta corte, segundo o Ministro Celso de Mello, independe de pertinência temática, os partidos políticos tem legitimidade para ajuizamento de ação direta de inconstitucionalidade, independentemente da matéria versada na norma atacada. O reconhecimento da legitimidade ativa das agremiações partidárias para a instauração de controle normativo abstrato, sem as restrições decorrentes do vinculo de pertinência, constitui natural derivação da própria natureza e dos fins institucionais, que justificam a existência em nosso sistema normativo, dos partidos políticos. Portanto, o Requerente por ser considerado Autor Neutro e Universal encontra-se dispensado de demonstrar Pertinência Temática. II – DO ATO NORMATIVO OBJETO DA AÇÃO O autor informa que a Lei Complementar nº 135, de 04 de junho de 2010 que altera a Lei Complementar nº 064, de 18 de maio de 1990, que estabelece, de acordo com o § 9º do artigo 014 da Constituição Federal, casos de inelegibilidade, prazos de cessação e determina outras providências, para incluir hipóteses de inelegibilidade que visam a proteger a probidade administrativa e a moralidade no exercício do mandato. Sendo que há controvérsia já que o TRE de Sergipe, adotou entendimento segundo o qual a lei constitui ofensa aos princípios da irretroatividade da lei mais gravosa e da segurança jurídica (conforme julgados),enquanto o TRE de Minas Gerais optou por adotar o entendimento do TSE, segundo o qual a Lei Complementar se aplica às condenações anteriores. A Lei complementar 135, de junho de 2010 versa sobre a questão de inelegibilidades infraconstitucionais, na forma do disposto no art. 14, § 9º da CRFB/88, sendo prevista sua aplicação até mesmo quando se estiver diante de fatos ocorridos antes do advento do referido diploma legal, sem que isso cause qualquer prejuízo ao princípio da irretroatividade das leis e da segurança jurídica. Informa, ainda, a existência de controvérsia judicial relevante sobre a aplicação da citada lei, apresentando-se divergência nos Tribunais Eleitorais sobre a aplicação dos dispositivos trazidos pela Lei Complementar 135/2010 a fatos que tenham ocorrido antes do advento do novel diploma de inelegibilidades. III – FUNDAMENTAÇÃO JURÍDICA III.1 – DA EXISTÊNCIA DA CONTROVÉRSIA ACERCA DA CONSTITUCIONALIDADE DO ATO NORMATIVO Essa lei deve ser declarada constitucional, porque ela não viola o princípio da irretroatividade da lei prevista no art. 5º XL da CRFB/88. A lei não atinge eleições anteriores, ou seja, mandatos legítimos anteriores e sim ela vai se aplicar a futuras eleições. No entanto com relação a fatos pretéritos dos futuros candidatos, portanto não vai violar o princípio da segurança jurídica porque as eleições anteriores ficaram lá conservadas por seus legítimos eleitos. Essa lei vai privilegiar a moralidade administrativa pois vai resguardar a população quanto aos futuros mandatos eletivos, vamos saber de antemão quem tem condições tem a ficha limpa para assumir mandatos eletivos. Ademais, a Lei complementar 135/2010 não viola os incisos XXXVII e XL do artigo 5ª da CF/88 e ainda, é totalmente compatível com esta, sendo pertinente aludir que toda norma nasce presumivelmente constituição, salve decisão contrária. A Lei Complementar em analise não fere os princípios da razoabilidade (ou proporcionalidade), tampouco sua aplicação a atos/fatos passados ofende os incisos XXXVI e XL do art. 5º da Constituição Federal, notadamente quando estabelecem novas hipóteses de inelegibilidade, daí a constitucionalidade da Lei Complementar nº 64/90, com a redação dada pela Lei Complementar nº 135/2010. A própria Constituição determina à lei complementar em seu art. 14, § 9º, onde estabelece causas de inelegibilidade, que observe a vida pregressa do candidato e, à luz desse mandamento, as novas hipóteses de inelegibilidade criadas pela Lei Complementar nº 135/2010 devem considerar o passado do cidadão. Não obstante, é importante frisar que a inelegibilidade não se baseia na ideia de culpa, não é pena ou efeito da condenação penal, mas sim no aspecto da proteção, sendo certo que o STF reconheceu como legítima e aceita sob a matriz constitucional a inelegibilidade dos cônjuges, dos analfabetos e daqueles que não se desincompatibilizaram de seus cargos e funções dentro de certos prazos. No particular, ninguém defendeu a tese de que só estariam inelegíveis os que haviam contraído casamento depois da fixação da norma. De outro modo, não é plausível a tese de ofensa ao princípio da segurança jurídica, posto que nenhum cidadão tenha o direito inato e inalienável a se candidatar. Todo e qualquer pedido de registro de candidatura deve passar pelo crivo da Justiça, sendo que aquele momento em que é formalizado o pedido de registro é o marco temporal para a aferição da capacidade eleitoral passiva. Inelegibilidade não é pena e não impõe punição a quem quer que seja apenas estabelece condições para o exercício da função pública de agente político, tal como a Carta da República o faz quando exige “reputação ilibada” dos integrantes dos Tribunais (artigos 94, 101, 104, parágrafo único, e 123, parágrafo único, I – “conduta ilibada”), resultando expresso nos concursos públicos a previsibilidade pesquisa da vida pregressa dos candidatos. A moralidade, em verdade, é sempre exigível a qualquer tempo, pois é tida no contexto e texto da Carta da República como condição genérica de toda norma ético-social, da qual não está alheia nenhuma norma jurídica material ou processual. Por fim, cabe salientar que a inelegibilidade tem suas causas previstas nos §§ 4º a 9º do art. 14 da CF/88, que traduzem em condições objetivas cuja verificação impede o indivíduo de concorrer a cargos eletivos ou, caso eleito, de os exercer, e não se confunde com a suspensão ou perda dos direitos políticos, cujas hipóteses são previstas no art. 15 da CF/88 e que importa restrições não apenas ao direito de concorrer a cargos eletivos. Portanto, faz-se necessária a declaração de constitucionalidade da Lei Complementar nº 135/2010, cuja aplicação a atos/fatos passados não ofende o art. 5º da Constituição Federal, notadamente quando estabelece novas causas de inelegibilidade. Assim, por todo o exposto, se requer a declaração de constitucionalidade da Lei Complementar nº 135/2010. III.3 – PEDIDO LIMINAR (CAUTELAR) Demonstrado o fumus boni iuris e o periculum in mora, requer-se a concessão de liminar a fim de que a Lei atacada permaneça em validade e vigência até o final do julgamento da presente demanda. IV – PEDIDOS Ante o exposto, requer: a) Concessão da liminar; b) A oitiva da AGU; c) A oitiva do Procurador Geral da República; d) Notificação do Congresso Nacional para informações; e) A procedência da Ação para declarar, em definitivo, a constitucionalidade da Lei Complementar 135/2010 f) Prova documental, em especial as decisões judiciais Dá-se a causa o valor de R$1.000,00 (mil reais), para fins meramente fiscais. Nesses termos, Pede deferimento. Local, Data. Advogado. OAB
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