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LEI DE RESPONSABILIDADE
FISCAL COMENTADA
Caro(a) aluno(a),
A Universidade Candido Mendes (UCAM), tem o interesse contínuo em
proporcionar um ensino de qualidade, com estratégias de acesso aos saberes que
conduzem ao conhecimento.
Todos os projetos são fortemente comprometidos com o progresso educacional
para o desempenho do aluno-profissional permissivo à busca do crescimento
intelectual. Através do conhecimento, homens e mulheres se comunicam, têm
acesso à informação, expressam opiniões, constroem visão de mundo, produzem
cultura, é desejo desta Instituição, garantir a todos os alunos, o direito às
informações necessárias para o exercício de suas variadas funções.
Expressamos nossa satisfação em apresentar o seu novo material de estudo,
totalmente reformulado e empenhado na facilitação de um construto melhor para
os respaldos teóricos e práticos exigidos ao longo do curso.
Dispensem tempo específico para a leitura deste material, produzido com muita
dedicação pelos Doutores, Mestres e Especialistas que compõem a equipe docente
da Universidade Candido Mendes (UCAM).
Leia com atenção os conteúdos aqui abordados, pois eles nortearão o princípio de
suas ideias, que se iniciam com um intenso processo de reflexão, análise e síntese
dos saberes.
Desejamos sucesso nesta caminhada e esperamos, mais uma vez, alcançar o
equilíbrio e contribuição profícua no processo de conhecimento de todos!
Atenciosamente,
Setor Pedagógico
 
Este módulo deverá ser utilizado apenas como base para estudos. Os créditos da autoria dos conteúdos aqui apresentados são dados aos seus respectivos autores. 3 
SUMÁRIO 
 
1. INTRODUÇÃO ......................................................................................................................4 
 
2. CARACTERÍSTICAS GERAIS ...........................................................................................5 
 
3. ORIGENS ...............................................................................................................................6 
 
4. INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO ........................................................................7 
4.1 PLANO PLURIANUAL (PPA) .........................................................................................9 
4.2 LEI DE DIRETRIZES ORÇAMENTÁRIAS E SEUS ANEXOS .....................................9 
4.3 LEI ORÇAMENTÁRIA ANUAL (LOA) ........................................................................13 
 
5. A PRINCIPAL MISSÃO DA LRF .....................................................................................14 
 
6. RECEITAS PÚBLICAS ......................................................................................................16 
6.1 PREVISÃO E ARRECADAÇÃO DA RECEITA ...........................................................17 
6.2 METAS BIMESTRAIS DE ARRECADAÇÃO ..............................................................17 
6.3 RENUNCIA DE RECEITA .............................................................................................17 
6.4 A LRF E A RECEITA CORRENTE LÍQUIDA ..............................................................18 
 
7. DESPESA PÚBLICA ...........................................................................................................20 
 
8. PILARES DA LRF ..............................................................................................................20 
8.1 LIMITES DE GASTOS COM PESSOAL .......................................................................22 
8.2 LIMITES PARA O ENDIVIDAMENTO ........................................................................24 
 
9. DESTINAÇÃO DE RECURSOS PARA O SETOR PRIVADO .....................................29 
 
10. GESTÃO PATRIMONIAL ...............................................................................................30 
10.1 DISPONIBILIDADE DE CAIXA .................................................................................30 
10.2 PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO PÚBLICO ........................................................31 
10.3 EMPRESAS CONTROLADAS PELO PODER PÚBLICO .........................................31 
 
11. TRANSPARÊNCIA ...........................................................................................................32 
11.1 TRANSPARÊNCIA NA GESTÃO FISCAL ................................................................32 
11.2 RELATÓRIO RESUMIDO DE EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA (RREO) E 
RELATÓRIO DE GESTÃO FISCAL (RGF) ........................................................................33 
11.2.1 RELATÓRIO RESUMIDO DE EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA – RREO ...........33 
11.2.2 RELATÓRIO DE GESTÃO FISCAL – RGF .............................................................35 
11.3 PRESTAÇÃO DE CONTAS .........................................................................................37 
11.4 FISCALIZAÇÃO DA GESTÃO FISCAL .....................................................................38 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................................40 
 
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1. INTRODUÇÃO 
 
A lei complementar 101, de 4 de maio de 2000, conhecida como Lei de 
Responsabilidade Fiscal, representa um marco regulatório e veio trazer uma nova diretriz para as 
finanças públicas brasileiras e uma mudança significativa de comportamento na administração 
pública do nosso país. 
O seu campo de ação é bastante amplo, visto que tem por objetivo o estabelecimento de 
normas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal, consagrando princípios constitucionais 
e promovendo o equilíbrio das finanças do Estado. 
O contexto econômico no momento da sua criação é apontado por fatores econômicos 
agravados durante décadas nas unidades federativas e seus municípios, ou seja, a situação que 
propicia o surgimento e torna urgente a regulamentação das Finanças Públicas é o endividamento 
interno vivenciado até então e o grande desequilíbrio desencadeado pela falta de regulamentação 
competente até o ano de 2000. 
A LRF ressalta a importância da Gestão Fiscal Responsável nas Finanças Públicas e 
esses dois conceitos norteiam o texto legal e são de fundamental importância para sua 
compreensão. Sendo assim, a Gestão Fiscal não deve ser compreendida somente quanto ao 
controle dos gastos e sim, a responsabilidade também é direcionada para as Receitas Públicas, as 
quais o ente deve se responsabilizar pela Instituição, Previsão, Arrecadação e Controle. Por outro 
lado, fica nesse tocante evidente a importância dada pela LRF também ao que concernem as 
informações advindas da Contabilidade, que irão permitir esse controle. 
A nova lei introduz conceitos objetivos, consolida toda a legislação pertinente e 
estabelece limites e diretrizes que obrigatoriamente devem ser observados no que diz respeito ao 
Planejamento em reforço ao equilíbrio entre as Receita e as Despesa, preservação do patrimônio, 
limite de gastos com pessoal, fixação de percentuais aos demais Poderes, inclusive aos Tribunais 
de Contas e ao Ministério Público, bem como as medidas para que todos possam manter o 
resguardo desses percentuais, em circunstanciais instantes de sua exacerbação. 
Uma modificação muito importante é a questão da punição às transgressões cometidas à 
LRF, divididas em sanções aos próprios entes públicos e, em particular aos seus dirigentes, 
perseguindo o combate a improbidade e a impunidade presentes no Setor Público. 
 
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2. CARACTERÍSTICAS GERAIS 
 
A Lei de Responsabilidade Fiscal visa regulamentar a Constituição Federal no que diz 
respeito ao seu artigo 163, cuja redação é a seguinte: 
“Lei complementar disporá sobre: 
I - finançaspúblicas;(grifo nosso) 
II - dívida pública externa e interna, incluída a das autarquias, fundações e demais 
entidades controladas pelo poder público; 
III - concessão de garantias pelas entidades públicas; 
IV - emissão e resgate de títulos da dívida pública; 
V - fiscalização das instituições financeiras; 
VI - operações de câmbio realizadas por órgãos e entidades da União, dos Estados, do 
Distrito Federal e dos Municípios; 
VII - compatibilização das funções das instituições oficiais de crédito da União, 
resguardadas as características e condições operacionais plenas das voltadas ao 
desenvolvimento regional.” 
 
A LRF atende também ao artigo 169 da Carta Magna, que determina o estabelecimento 
de limites para as despesas com pessoal ativo e inativo da União a partir de Lei Complementar. 
Nesse sentido revoga legislação anterior (Lei Complementar nº 96/1999), conhecida como “Lei 
Camata” e completa as instruções trazidas em 1.964 pela lei 4.320, quanto às Normas voltadas às 
Finanças Públicas. 
Embora em 1.964, a citada lei 4320 já introduza instruções para a Contabilidade do 
Setor Público e represente o marco regulatório inicial para as Finanças Públicas, foram 
representativos os temas tratados pela LRF que trouxeram a atualização e especificidade em 
assuntos ainda pendentes de normatização como a Transparência, a participação Popular e o 
Controle Interno, que serão abordados a seguir. 
 
 
 
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3. ORIGENS 
 
A Lei de Responsabilidade Fiscal tomou como referencial para a sua elaboração alguns 
princípios e normas internacionais, tais como: 
 
a) Fundo Monetário Internacional: Incorporou o princípio da transparência nas 
contas públicas por meio de uma abertura das contas governamentais para a 
população de forma simplificada. 
 
b) Nova Zelândia: Através do Fiscal Responsibility Act, de 1994 de onde se buscou a 
ideia da imposição de limites e restrições aos gastos públicos na busca do ajuste 
fiscal. 
 
c) Comunidade Econômica Europeia: a partir do Tratado de Maastricht que 
estabeleceu condições e regras para os países membros, destacando-se o 
estabelecimento de metas de uma relação estável entre dívida e Produto Interno 
Bruto (dívida/PIB), além do compromisso da manutenção do equilíbrio fiscal 
visando a auto-sustentabilidade. 
 
d) Estados Unidos: cujas normas de disciplina e controle de gastos do governo central 
levaram à edição do Budget Enforcement Act, BEA, aliado ao princípio de 
“accountability”. Nesse caso, as influências referem-se às experiências daquele 
paísna administração financeira orçamentária, em especial por meio de dois 
mecanismos básicos: o “sequestration” e o “pay as you go", que dão fundamento ao 
artigo 9º da LRF na forma de limites para empenhos de despesas e medidas de 
compensação. 
 
 
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4.INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO, CONSIDERAÇÕES INICIAIS 
 
São três os principais instrumentos de planejamento da Administração Pública, Lei do 
Plano Plurianual (PPA), Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e Lei Orçamentária Anual 
(LOA) estabelecidos pelo artigo 165 da Constituição Federal. Tais instrumentos cumprem o 
papel de apresentar os direcionadores para Gestão Pública, o que possibilita a realização de 
políticas públicas por parte dos Governantes e consolida o Ciclo Orçamentário conforme descrito 
a seguir. 
Em primeiro lugar, os políticos que pleiteiam o cargo de representantes da população 
defendem suas propostas de Governo durante o processo eleitoral, expondo o que pretendem 
realizar com programas e ações que estarão presentes durante os seus supostos quatro anos de 
gestão e que primeiramente são descritos num Plano de Governo que buscará responder a 
seguinte questão: “O que eu, Gestor, pretendo fazer nessa cidade, estado ou país durante a minha 
Gestão?”. Em outras palavras, o Gestor expressará como pretende atuar, investir e priorizar 
durante esse período. 
Uma vez legitimamente escolhidos como representantes do Poder, numa Democracia 
Representativa, seu Plano de Governo será analisado pelo Poder Legislativo, que após análise e 
aprovação, devolverá para o Poder Executivo, para sua sanção e posterior Execução. Sendo 
assim, o Plano de Governo passa a ser a Lei do Plano Plurianual. 
O segundo instrumento, conhecido como Lei de Diretrizes Orçamentárias, a LDO, 
especificará os direcionadores para um ano de Governo e ocupará o papel fundamental de 
desdobrar o Plano Plurianual em Direcionadores a serem realizados em um ano. Assim, cumpre 
o papel de estabelecer os parâmetros a serem seguidos durante o ano, fazendo uma relação entre 
Plano de quatro anos, PPA e a Lei Orçamentária Anual, indicando as bases para a sua 
elaboração. 
A importância destacada no conhecimento do ciclo do processo Orçamentária é 
atribuída ao entendimento das mudanças ocorridas com a LRF, pois esta tornou a LDO um Plano 
mais objetivo, com características mais factíveis e práticas, ou seja, contribuiu grandemente para 
que o instrumento de planejamento não represente meramente uma norma a ser cumprida, mas 
um guia para a Gestão e para o alcance dos objetivos traçados pelo Governo. 
 
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Por sua vez, a Lei Orçamentária Anual (LOA), representa o mais importante 
instrumento para o gerenciamento na Administração Pública principalmente por perseguir um 
dos mais importantes princípios do Orçamento, o Equilíbrio, também apontado na lei 4.320 de 
1.964 quando estabelece o Orçamento como peça fundamental das Finanças Públicas. 
Publicada a Lei Orçamentária, com o respectivo QDD, é iniciado o processo conhecido 
como execução orçamentária do governo. O Quadro de Detalhamento das Despesas, que 
acompanhará a Lei Orçamentária, indicará os projetos, atividades e operações especiais 
prestando a especificidade resultante do desdobramento dos respectivos elementos de despesas. 
Além de facilitar o controle, o Orçamento possui um importante papel como instrumento de 
planejamento de políticas públicas. Para Assis (2004, p. 12) sem um orçamento formal o administrador 
público teria total controle sobre as finanças, aplicando os recursos onde bem lhe interessasse e sem a 
obrigação de prestar contas sobre onde, como e porque deixou de aplicar onde havia prometido para 
investir em qualquer outro tipo de obra ou serviço. 
Segundo Oliveira e Costa (2000, p. 8), antes da LRF, os orçamentos não atingiam sua 
finalidade. Isto porque na prática as receitas efetivamente arrecadadas eram inferiores às 
previstas a as despesas mantinham-se no mesmo patamar fixado no orçamento, quando não o 
ultrapassam, através de suplementações. 
Tal situação ocasiona o conhecido Déficit Orçamentário, uma dívida que para ser 
saldada dependerá da existência de superávit em outros exercícios. Dessa forma ocorre uma 
transferência para exercícios, administrações ou gerações futuras do ônus dos gastos sem 
qualquer benefício ou usufruto para aquelas gerações. Déficits Fiscais de forma continuada 
ocasionam um desequilíbrio fiscal, que por sua vez, geram novos impostos para os cidadãos, e 
ainda fazem o Estado recorrer a fontes de financiamento, a exemplo do Fundo Monetário 
Internacional (FMI). 
Oliveira e Costa (2000, p. 16) previam que o processo de planejamento seria um pilar 
fundamental na LRF. Para os autores, com o advento da Lei de Responsabilidade, o PPA, a LDO 
e a LOA deixariam de ser meros instrumentos elaborados apenas para cumprimento de 
disposições legais e passariam a ser elementos efetivos de acompanhamentoda gestão, como 
parâmetros para avaliações periódicas. 
A LRF determina o aperfeiçoamento do planejamento orçamentário. São três as leis que 
definem, regulamentam e operacionalizam o planejamento. O Tribunal de Contas do Estado de 
 
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São Paulo, numa iniciativa com o propósito de conscientizar os gestores da nova realidade 
elaborou um “Guia de Orientação aos prefeitos eleitos em 2004”, por meio do qual destaca 
alguns pontos primordiais pertinentes ao planejamento e gestão municipal: o Plano Plurianual 
(PPA), a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e a Lei Orçamentária Anual (LOA). 
 
4.1 PLANO PLURIANUAL (PPA) 
 
O Plano Plurianual está previsto no Art. 165, inciso I, da Constituição Federal, tem a 
função de estabelecer as diretrizes, objetivos e metas da administração para as despesas de 
capital e outras delas decorrentes, abrangendo um período de quatro anos. 
O PPA é o documento de mais alta hierarquia no sistema de planejamento de qualquer 
ente público, razão pela qual todos os demais planos e programas devem subordinar-se às 
diretrizes, objetivos e metas nele estabelecidos. 
De acordo com o TCE-SP (SÃO PAULO, 2004, p. 16) o PPA deve definir os 
investimentos cujo prazo de execução ultrapassa o exercício financeiro, ou seja, as despesas de 
capital que aumentam o patrimônio público ou diminuem a dívida de longo prazo, para os 
próximos quatro anos devem compor o PPA elaborado no primeiro ano de gestão. Destaca-se 
que o primeiro ano de mandato é regido pelo Plano da gestão anterior, para lembrar os gestores 
do princípio da continuidade da Administração Pública. 
Oliveira e Costa (2000, p. 16), destacam que o PPA, deve abranger as despesas de 
capital, as amortizações da dívida pública e os programas de duração continuada e que com o 
veto ao art. 3º, a LRF deixou de dispor sobre o Plano Plurianual, continuando, as disposições 
constitucionais disciplinando a matéria. 
 
4.2 LEI DE DIRETRIZES ORÇAMENTÁRIAS E SEUS ANEXOS 
 
A Lei de Diretrizes Orçamentárias, na sua concepção original, tinha como função básica 
orientar a elaboração dos orçamentos anuais, além de estabelecer as prioridades e metas da 
 
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administração, no exercício financeiro subsequente. Nos termos da Lei de Responsabilidade 
Fiscal, a LDO recebe novas e importantes funções, sendo as mais importantes: 
• Dispor sobre o equilíbrio entre receitas e despesas; 
• Estabelecer critérios e formas de limitação de empenho, na ocorrência de 
arrecadação da receita inferior ao esperado, de modo a comprometer as metas de 
resultado primário e nominal previstas para o exercício; 
• Dispor sobre o controle de custos e avaliação dos resultados dos programas 
financiados pelo orçamento; 
• Disciplinar as transferências de recursos a entidades públicas e privadas; 
• Quantificar o resultado primário a ser obtido com vistas à redução do montante da 
dívida e das despesas com juros; 
• Estabelecer limitações à expansão de despesas obrigatórias de caráter continuado. 
 
De acordo com a doutrina, a LDO deverá estabelecer os parâmetros necessários à 
alocação dos recursos no orçamento anual, de forma a garantir a realização das metas e objetivos 
contemplados no PPA. Trata-se, portanto, de instrumento que funciona como elo entre o PPA e 
os orçamentos anuais, compatibilizando as diretrizes do Plano à estimativa das disponibilidades 
financeiras para determinado exercício. 
Conforme o artigo 35, do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias - ADCT, da 
Constituição Federal de 1988, o projeto de lei de diretrizes orçamentárias será encaminhado até 
oito meses e meio antes do encerramento do exercício financeiro (até meados de abril) 
e8devolvido para sanção até o encerramento do primeiro período da sessão legislativa (final de 
junho). Esses prazos dizem respeito à União, prevalecendo para Estados, Distrito Federal e 
Municípios o que estiver disposto nas suas respectivas Constituições e Leis Orgânicas. 
A respeito da Lei de Diretrizes Orçamentárias (art. 4º da LRF) o TCE-SP (SÃO 
PAULO, 2004, p. 17) destaca que é a mais importante lei orçamentária, pois seu objetivo é 
planejar a contenção do déficit e da dívida. O conteúdo mínimo é previsto no artigo 165, § 2º, da 
CF, qual seja: o estabelecimento de metas e prioridades para o orçamento anual; a repartição do 
orçamento em percentual para cada área de atuação do governo municipal: % para Saúde, % para 
Educação etc; e, a indicação de modificações na política de pessoal. Caso o prefeito não 
 
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apresente esse anexo poderá incorrer em multa equivalente a 30% de seus vencimentos anuais 
(artigo 5º, II, da Lei de Crimes Fiscais). 
Oliveira e Costa (2000, p. 18), destacam que a LRF ampliou as especificações da LDO, 
ao criar dois novos anexos: o anexo de metas fiscais e o anexo de riscos fiscais. Trata-se de um 
mecanismo de ajuste das dotações orçamentárias ao fluxo financeiro. Na referida lei devem estar 
previstos os critérios de limitação de empenho a serem acionados, quando houver indicações no 
RREO de que as metas fiscais não serão alcançadas. Além disso, deverá dispor também sobre o 
equilíbrio entre receitas e despesas; de normas referentes ao controle de custos e avaliação dos 
resultados dos programas. Também das condições para transferência de recursos paras entidades 
privadas e ainda sobre a forma de utilização e montante da reserva de contingência. 
Cabe ainda destacar que o Anexo de Metas Fiscais (AMF) e o Anexo de Riscos Fiscais 
(ARF), são compostos de relatórios que acompanharão a Lei de Diretrizes Orçamentárias e que 
representam uma novidade trazida pela LRF. O Anexo de Metas Fiscais corresponderá as metas 
anuais em valores correntes e constantes para três anos, com previsões tanto para as Receitas 
como para as Despesas, Resultado Nominal, Resultado Primário e Montante da Dívida Pública 
para o ano a que se refira a LDO e para os dois seguintes. 
Ainda tratando ao que se refere ao conteúdo do Anexo de Metas fiscais, segue abaixo os 
demonstrativos irão compor esse anexo para que se cumpra os preceitos estabelecidos na LRF: 
a) Demonstrativo I – Metas Anuais; serão estabelecidas metas anuais, em valores 
correntes e constantes, relativas a receitas, despesas, resultado nominal e primário e montante da 
dívida pública, para o exercício a que se referirem e para os dois seguintes. 
b) Demonstrativo II – Avaliação do Cumprimento das Metas Fiscais do Exercício 
Anterior: a finalidade é estabelecer uma comparação entre as metas fixadas e o resultado obtido 
no exercício financeiro do segundo ano anterior ao ano de referência da LDO, incluindo análise 
dos fatores determinantes para o alcance ou não dos valores estabelecidos como metas. 
c) Demonstrativo III – Metas Fiscais Atuais Comparadas com as Metas Fiscais Fixadas 
nos Três Exercícios Anteriores: o demonstrativo é instruído com memória e metodologia de 
cálculo que justifiquem os resultados pretendidos, comparadas com as metas fiscais fixadas nos 
três exercícios anteriores, evidenciando a consistência das mesmas com as premissas e os 
objetivos da Política Econômica Nacional. 
 
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d) Demonstrativo IV – Evolução do Patrimônio Líquido: o demonstrativo deve trazer 
em conjunto uma análise dos valores apresentados, com as causas das variações do PL do ente da 
Federação como,por exemplo, fatos que venham a causar desequilíbrio entre as variações ativas 
e passivas e outros que contribuam para o aumento ou a diminuição da situação líquida 
patrimonial. 
e) Demonstrativo V – Origem e Aplicação dos Recursos Obtidos com a Alienação de 
Ativos: deve ser destacada a origem e a aplicação dos recursos obtidos com a alienação de 
ativos, cuja forma de elaboração e preenchimento do respectivo demonstrativo. 
f) Demonstrativo VI – Avaliação da Situação Financeira e Atuarial do RPPS: As tabelas 
que compõem este demonstrativo determina que o Anexo de Metas Fiscais conterá a avaliação 
da situação financeira e atuarial do Regime Próprio de Previdência dos Servidores – RPPS. 
g) Demonstrativo VII – Estimativa e Compensação da Renúncia de Receita: ele visa a 
dar transparência também ao cumprimento dos requisitos exigidos para a concessão ou 
ampliação de benefícios de natureza tributária dispostos no art. 14 da LRF 
h) Demonstrativo VIII – Margem de Expansão das Despesas Obrigatórias de Caráter 
Continuado: O demonstrativo visa ao atendimento do art. 4°, § 2°, inciso V, da LRF, e será 
acompanhado de análise técnica demonstrando a forma pela qual os valores apresentados foram 
obtidos, embasados por dados, tais como indicadores de atividade econômica, atividades 
desenvolvidas pela Administração Pública que foram direcionados e geraram os resultados 
apresentados e outros que contribuam para dar consistência ao referido demonstrativo. 
 
O Anexo de Riscos Fiscais, conforme Manual de Demonstrativos Fiscais elaborado pela 
Secretaria de Tesouro Nacional, é constituído de vários demonstrativos. O Manual descreve que 
o ARF se refere a “parte da gestão de riscos fiscais no setor público, é o documento que 
identifica e estima os riscos fiscais, além de informar sobre as opções estrategicamente 
escolhidas para enfrentar os riscos.” 
O mesmo documento estabelece que o ARF atenderá seis funções necessárias, a saber: 
1) Identificação do tipo de risco e da exposição ao risco; 
2) Mensuração ou quantificação dessa exposição; 
 
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3) Estimativa do grau de tolerância das contas públicas ao comportamento frente ao 
risco; 
4) Decisão estratégica sobre as opções para enfrentar o risco; 
5) Implementação de condutas de mitigação do risco e de mecanismos de controle para 
prevenir perdas decorrentes do risco; 
6) Monitoramento contínuo da exposição ao longo do tempo, preferencialmente através 
de sistemas institucionalizados (controle interno). 
Enfim, conforme analisado até o momento, os Anexos constantes na Lei de Diretrizes 
Orçamentárias trazem maior objetividades aos objetivos perseguidos pela Administração Pública 
e fortalecem os instrumentos de Planejamento do Setor Público, sendo a LDO o mais destacado, 
pois acompanhará o AMF, ARF que servirão de base para a Execução Orçamentária responsável, 
aumentando a qualidade dos gastos através da informação elaborada pela Contabilidade Pública. 
 
4.3 LEI ORÇAMENTÁRIA ANUAL (LOA) 
 
A Lei Orçamentária Anual, prevista no artigo 165, parágrafo 5º da Constituição Federal, 
constitui o mais importante instrumento de gerenciamento orçamentário e financeiro da 
Administração Pública, cuja principal finalidade é administrar o equilíbrio entre receitas e 
despesas públicas. Conforme o artigo 35 do ADCT, o projeto de lei orçamentária da União será 
encaminhado ao Legislativo até quatro meses antes do encerramento do exercício financeiro 
(final de agosto) e devolvido para a sanção até o encerramento da sessão legislativa (até meados 
de dezembro). Estes prazos, em geral, também são observados pelos Estados e Municípios. 
Da mesma forma que na LDO, várias alterações estão sendo introduzidas, pela LRF, na 
sistemática de elaboração do orçamento anual. Dentre as principais, destacam-se: 
• O demonstrativo da compatibilidade da programação do orçamento com as metas 
da LDO previstas no respectivo Anexo de Metas Fiscais. 
• A previsão da reserva de contingência, em percentual da RCL, destinada ao 
pagamento de restos a pagar e passivos contingentes, além de outros imprevistos 
fiscais; 
 
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De acordo com o artigo 5º da LRF, o TCE-SP (SÃO PAULO, 2004, p. 19-20) destaca 
que deve ser compatível com o PPA e com a LDO. E ainda que a LRF, enfatiza que a LOA traga 
muito além dos conteúdos previstos no artigo 165, § 5º, da Constituição Federal, dentre outros 
dispositivos: 
 
I. Anexo demonstrando compatibilidade do orçamento com as propostas de 
resultado entre receitas/despesas e evolução patrimonial. Ex.: se previsto no 
Anexo de Metas Fiscais superávit nominal de 3% na peça orçamentária, a 
estimativa da receita superará em 3% a fixação da despesa; 
II. Impacto orçamentário de toda e qualquer renúncia fiscal que ainda persista 
na economia do município, não importando em que época foi concedida; 
III. Necessário colocar no Anexo a forma de compensação das despesas 
obrigatórias continuadas e das novas renúncias de receita. 
 
Mais importante do que fixar limites a serem respeitados é a indicação de providências 
que devem ser adotadas caso haja indícios de que as metas não podem ser atingidas. É este o 
ponto mais inovador da Lei de Responsabilidade. 
 
5. A PRINCIPAL MISSÃO DALRF 
 
A Lei Complementar n º 101 foi criada com a finalidade de regulamentar a Constituição 
Federal, na parte da Tributação e do Orçamento (Título VI), cujo Capítulo II estabelece as 
normas gerais de finanças públicas a serem observadas pelos três níveis de governo: federal, 
estadual e municipal. 
Essa Lei atribuiu novas funções no controle orçamentário e financeiro, com vistas a 
proporcionar um caráter mais gerencial. Para Rogers e Sena (2007, p. 100) a lei ressaltou o 
interesse das informações contábeis, não apenas para a Administração Pública e para seus 
gestores, mas também para a sociedade, que se tornou mais ativa no processo de 
acompanhamento e fiscalização das contas governamentais, mediante os instrumentos fornecidos 
pela referida lei. Diversas informações acerca das finanças públicas passaram a ser publicadas 
obrigatoriamente, o que atende ao princípio da transparência, entretanto, ainda falta à maioria da 
 
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população um maior interesse e conhecimento no ramo para atingir uma maior excelência das 
novas ferramentas disponíveis a partir de então. 
Como o governo deveria ter seu orçamento limitado ao volume de recursos 
efetivamente arrecadado, a irresponsabilidade praticada em momentos anteriores, com a 
execução de despesas em montante superior ao das receitas auferidas, em qualquer nível de 
governo, resultará em mais impostos e menos investimentos para tentar equilibrar as contas 
públicas do ente governamental. É este tipo de postura prejudicial ao país que é coibida pela 
LRF. A decisão de aumentar gastos, independentemente de seu mérito, precisa estar 
acompanhada de uma fonte de financiamento. Assim, dois limites impostos pela Lei ganharam 
destaque para controlar os gastos públicos: os limites de endividamento e de gasto com pessoal. 
Rogers e Sena (2007, p. 100) afirmam que a referida norma surgiu devido aos grandes 
déficits públicos e ao acúmulo de dívidas resultantes destes. Para cobrir a deficiência no 
orçamento os governos se viam obrigados a recorrer a novos endividamentos, submetendo-se a 
altos juros para continuar financiando sua dívida. 
Corbari (2008, p. 68) enfatiza que a LRF estabeleceu regras de controle fiscal em duas 
direções, sendo elas a política tributáriae a política orçamentária. Em outras palavras, objetivou 
a eficiência na arrecadação tributária concomitantemente à adoção da eficiência na execução dos 
gastos públicos, a fim de atender com qualidade às demandas sociais. 
Para Nascimento e Debus (2009, p. 10) encontram-se dentre os pilares da LRF a 
prevenção de riscos e correção de desvios que afetem o equilíbrio das contas públicas. 
A Lei inova também quanto à gestão fiscal responsável, estipulando metas de 
arrecadação. Para tanto, os municípios que aperfeiçoaram seus esforços para o cumprimento de 
tais metas, consequentemente, devem ter obtido um crescimento significativo na arrecadação 
nessa primeira fase dos “novos tempos”. Entretanto, o crescimento fiscal deve ocorrer numa 
função exponencial, ou seja, irá chegar a um ponto de estagnação ao atingir um suposto estado 
pleno de arrecadação. 
Birch, Shikida e Schallenberger (2004, p 16) destacam que o principal motivo para 
aprovação por parte do legislador foi a necessidade de ajuste fiscal, cujos resultados 
transformassem os déficits orçamentários anuais, tão comuns entre os municípios brasileiros, em 
orçamentos equilibrados e que, na medida do possível, efetuassem despesas com investimentos 
 
Este módulo deverá ser utilizado apenas como base para estudos. Os créditos da autoria dos conteúdos aqui apresentados são dados aos seus respectivos autores. 16 
em prol da sociedade. Os autores citam um trecho da mensagem presidencial 485, que remeteu o 
projeto da Lei de Responsabilidade Fiscal à Câmara dos Deputados: 
(...) o projeto integra o conjunto de medidas do Programa de Estabilidade Fiscal – PEF, 
apresentado à sociedade brasileira precisamente no dia 28 de outubro de 1998, e que 
tem como objetivo básico a redução do déficit público e a estabilização da dívida 
pública com relação ao PIB da Economia. (BIRCH, SHIKIDA e SCHALLENBERGER, 
2004, p. 16). 
Dentre as palavras do presidente, nesse breve trecho da mensagem, pode-se extrair que 
um dos objetivos básicos da lei é a redução da dívida consolidada e não apenas o controle do 
endividamento. 
Oliveira e Costa (2000, p. 11) destacam que são responsáveis pela aplicação da LRF os 
seguintes agentes: os titulares do Poder Executivo, do Judiciário, e do Legislativo, inclusive os 
Tribunais de Contas, do Ministério Público, das autarquias, fundações, e empresas estatais 
dependentes, o ordenador de despesas, bem como todas as autoridades responsáveis pela 
administração financeira e pelo controle interno. Por fim cabe a todos aplicar os ditames da Lei 
de Responsabilidade Fiscal. 
 
6. RECEITAS PÚBLICAS 
 
A LRF visa a resgatar a importância das receitas próprias na realização de projetos e 
manutenção da máquina pública, em nível local. Estados e Municípios possuem legislação 
tributária própria e devem explorar com eficiência o seu potencial de arrecadação, 
desvinculando-se cada vez mais da dependência do Governo Federal. 
A determinação para a cobrança de tributos deve ser vista como um estímulo ao 
administrador para o desenvolvimento do sistema tributário próprio. Na verdade, nos termos da 
LRF e, nos termos da Lei 10.028 (Lei de Crimes Fiscais), cobrar impostos, mais do que um 
direito da Administração pública, passa a ser uma obrigação. 
 
 
 
 
Este módulo deverá ser utilizado apenas como base para estudos. Os créditos da autoria dos conteúdos aqui apresentados são dados aos seus respectivos autores. 17 
6.1 PREVISÃO E ARRECADAÇÃO DA RECEITA 
 
A LRF destaca no seu texto a instituição, previsão e a efetiva arrecadação de todos os 
tributos como requisito essencial da responsabilidade na gestão fiscal. O descumprimento dessa 
norma terá como consequência a imediata suspensão das transferências voluntárias ao ente 
público que se mostrar negligente nessa questão. 
Para a sua previsão, além de observar as normas técnicas e legais e a respectiva 
metodologia de cálculo, as estimativas da receita devem estar acompanhadas de demonstrativo 
da sua evolução, nos três anos anteriores e nos dois seguintes àquele a que se referirem. 
Permanece também o mandamento constitucional que somente admite reestimativa de receita, 
pelo Poder Legislativo, nos casos de erro ou omissão, de ordem técnica ou legal. 
 
6.2 METAS BIMESTRAIS DE ARRECADAÇÃO 
 
O art. 13 da LRF determina que o Poder Executivo deverá, até trinta dias após a 
publicação do orçamento anual, efetuar o desdobramento das receitas em metas bimestrais de 
arrecadação, informando quais medidas serão adotadas para o combate a sonegação, a cobrança 
da dívida ativa e os créditos executáveis pela via administrativa. Ressalte-se a importância dessa 
medida, uma vez que tais metas bimestrais de receita servirão de parâmetro para a limitação de 
empenho e movimentação financeira 
 
6.3 RENUNCIA DE RECEITA 
 
De acordo com a LRF a concessão ou ampliação de incentivos de natureza tributária 
que gerar renúncia de receita deverá atender, não só ao que dispuser a LDO, mas ainda aos 
seguintes requisitos: 
 Estimar o impacto orçamentário financeiro no exercício inicial de sua vigência e 
nos dois seguintes; 
 
Este módulo deverá ser utilizado apenas como base para estudos. Os créditos da autoria dos conteúdos aqui apresentados são dados aos seus respectivos autores. 18 
 Demonstrar que a renúncia delas decorrente foi considerada ao se estimar a 
receitado orçamento e que não afetará as metas de resultados fiscais previstas na 
LDO; 
 Prever medidas de compensação nos três exercícios já referidos, podendo ser 
através de: elevação de alíquota, ampliação da base de cálculo ou novos tributos 
ou contribuições, sendo que nos dois últimos casos o benefício só entrará em 
vigor após a ocorrência do aumento da receita. Estas medidas deverão observar 
ainda, o princípio da anterioridade, nos termos do Código Tributário Nacional. 
 
6.4 A LRF E A RECEITA CORRENTE LÍQUIDA 
 
De acordo com Nascimento e Cherman (2005, p.182) a Receita Corrente Líquida (RCL) 
é um dos conceitos mais importantes constantes da LRF. Os autores observam que este indicador 
não foi uma inovação trazida por esta Lei. Embora com outras finalidades, esta já era utilizada 
como parâmetro na verificação das despesas com pessoal que não poderiam ultrapassar o 
percentual de 60% da RCL (LC 82/95, LC 96/99 - Leis Camata I e II). 
Para entendimento dos limites estabelecidos pela LRF, é imprescindível o entendimento 
do que seja RCL. Rogers e Sena (2007, p. 100) a definem como a soma de receitas tributárias, de 
contribuições, patrimoniais, industriais, agropecuárias, de serviços, de transferências correntes e 
outras receitas também correntes, sendo estipuladas algumas deduções. 
Mais uma inovação da LRF é o conhecido exercício fiscal móvel, que se refere a 
maneira como deve ser calculada a RCL, contendo as receitas mencionadas do mês atual, 
somadas aos onze meses anteriores. Tal valor servirá de parâmetro para praticamente todos os 
limites que deverão ser cumpridos e acompanhados pelo ente público e representa um grande 
avanço para a Gestão Pública, que passa a cumprir um alinhamento que contribui para a 
diminuição de irregularidades e falhas na execução das contas públicas. 
No caso dos municípios, para cálculo da RCL, deve ser deduzida a contribuição dos 
servidores públicos para o custeio de seu sistema de previdência e assistência social, bem como 
as receitas provenientes da compensação financeira entre os diversos regimes de previdência 
social para contagem recíproca do tempo de contribuição para efeito de aposentadoria. 
 
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Os autores alertam que também serão computados no cálculo da RCL os valores 
recebidos em decorrência da Lei Kandir (Lei Complementar 87/96) e do Fundo de Manutenção e 
Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorizaçãodo Magistério (FUNDEF). 
A partir de 2008 passou a ser Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação 
Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (FUNDEB). Para os municípios que não 
possuem um regime próprio de previdência social, esta seria a única dedução na RCL, dedução 
que de certa forma pode retornar aos municípios, desde que apresentem sucessivos ganhos com o 
Fundo, pois este reparte o montante de acordo com o número de alunos matriculados na rede 
municipal de ensino. 
Andrade (2007, p. 67) alerta que no passado houve polêmica quanto à dedução do 
FUNDEF, mas que com a criação da conta retificadora da receita, tal problema foi sanado, pois 
também são consideradas como receitas efetivas do atual FUNDEB as deduções já retidas sobre 
as transferências constitucionais. 
Nesse sentido, cabe ressaltar que Demonstrativo próprio indicará o valor da Receita 
Corrente Líquida, ou seja, o cálculo que derivou a RCL. O RREO, mencionado anteriormente, 
deve ser publicado até 30 dias antes do encerramento de cada bimestre e apresentará o 
Demonstrativo da Receita Corrente Líquida, assim como sua evolução no período calculado. 
A receita é parâmetro para o controle de diversos gastos, como o das despesas com 
pessoal e para investimentos em Saúde e Educação (apenas a receita tributária). No caso da 
dívida é estipulado um limite para controle de novas operações de crédito, mas não há um efetivo 
acompanhamento das dívidas já existentes. Essa vinculação pode maquiar altas taxas de juros e a 
exploração dos municípios por parte de instituições financeiras. Os limites da dívida serão 
debatidos em tópicos seguintes. 
 
 
 
 
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7. DESPESA PÚBLICA 
 
A regra básica da LRF, introduzida pelo seu artigo 15, menciona que para todo e 
qualquer aumento de despesa pode ser assim traduzida: toda e qualquer despesa que não esteja 
acompanhada de estimativa do impacto orçamentário-financeiro nos três primeiros exercícios de 
sua vigência, da sua adequação orçamentária e financeira com a LOA, o PPA e a LDO e, no caso 
de despesa obrigatória de caráter continuado, de suas medidas compensatórias, é considerada: 
não autorizada, irregular e lesiva ao patrimônio público. 
Essa norma, de acordo com o § 4º do artigo 16 da LRF, é condição prévia, não só para a 
aquisição de bens, serviços e obras, como também para a desapropriação de imóveis urbanos, 
que, de acordo com a Constituição, deverá ser paga em dinheiro. 
A novidade aqui está no conceito de despesa obrigatória de caráter continuado que, nos 
termos do art. 17 afirma que esta deverá ser: uma despesa corrente; derivada de lei, medida 
provisória ou ato administrativo normativo gera obrigação legal de sua execução por um período 
superior a dois exercícios. 
 
8.PILARES DA LRF 
 
O Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, no seu documento Gestão Fiscal 
Responsável – Cartilha sobre a Lei de Responsabilidade Fiscal, destaca, entre o conjunto de 
normas e princípios estabelecidos pela LRF, o seguinte: (OLIVEIRA e COSTA, 2000, p. 9) 
 Limites de gastos com pessoal – no caso dos municípios é 60% da RCL, sendo 
54% para o poder executivo e 6% para o legislativo; 
 Limites para o endividamento 
 Definição de metas fiscais anuais – a LDO traz um anexo no qual constam as 
metas fiscais para os três exercícios seguintes; 
 Mecanismos de compensação para despesas de caráter continuado – o governo 
não poderá criar ou aumentar uma despesa continuada (aquela cuja execução 
 
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permanecerá por prazo superior a dois anos) sem identificar uma fonte de receita 
ou a redução de uma outra despesa; 
 Mecanismos para controle das finanças públicas em ano de eleição – a lei impede 
a contratação de operação de crédito por antecipação de receita (ARO) no último 
ano de mandato; proíbe o aumento das despesas com pessoal nos últimos 180 dias 
que antecedem o final do mandato e estabelecendo condições para a assunção de 
compromissos de despesa nos dois últimos quadrimestres do mandato e os Restos 
a pagar ficam limitados à disponibilidade de caixa. 
 
Os autores acrescentam mais dois: 
 Mecanismos de ajuste das dotações orçamentárias à realidade do fluxo financeiro 
– se verificado, ao final de um bimestre, que a realização da receita poderá não 
comportar o cumprimento das metas de resultado primário ou nominal, devem ser 
acionados os mecanismos de limitação de empenho, conforme os critérios fixados 
na LDO; 
 Condições para a renúncia de receita – a concessão ou ampliação de benefício da 
natureza tributária, da qual decorra renúncia de receita, deve ser acompanhada da 
demonstração de que seus efeitos não afetarão as metas fiscais. 
 
Percebe-se que o objetivo maior que norteia as metas criadas pela LRF, seria o 
estabelecimento de uma gestão fiscal responsável, visando à promoção do bem social, sem 
prejuízo da continuidade dos serviços públicos, que possam decorrer de gestores irresponsáveis 
que se preocupam mais com a política partidária do que com o Estado em si. Os gestores devem 
fazer o melhor possível durante os quatro anos em que estiverem no poder, mas não podem 
comprometer o ente com dívidas que perdurarão por um período indeterminado, como acontecia 
antes da lei. 
 
 
 
 
 
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8. 1 LIMITES DE GASTOS COM PESSOAL 
 
Uma crítica constante à Lei de Responsabilidade Fiscal diz respeito à imposição de 
limites para os gastos com pessoal. A definição desses limites busca simplesmente permitir que o 
administrador público cumpra o papel que a sociedade lhe atribuiu: proporcionar bem-estar à 
população, a partir dos recursos que lhe são entregues na forma de impostos. 
A limitação dos gastos com pessoal em percentual da RCL deve-se, antes de mais nada, 
à necessidade de manter o setor público com os recursos necessários à sua manutenção e ao 
atendimento das demandas sociais. 
De acordo com a LRF, entende-se como despesas de pessoal: 
 Somatório dos gastos do ente da Federação com os ativos; 
 Despesas com inativos e pensionistas; 
 Mandatos eletivos, cargos, funções ou empregos, civis, militares e de membros de 
Poder, com quaisquer espécies remuneratórias; 
 Vencimentos e vantagens, fixas e variáveis; 
 Subsídios, proventos de aposentadoria; reformas e pensões; 
 Adicionais de qualquer natureza; 
 Gratificações, horas extras e vantagens pessoais; 
 Encargos sociais e 
 Contribuições recolhidas pelo Ente às entidades de previdência 
 
A LRF determina dois limites distintos para os gastos com pessoal no setor público que 
são: 50% da RCL para a União; e 60% da RCL para Estados e Municípios 
Na esfera estadual o limite de 60% será repartido da seguinte forma: 
 2% para o Ministério Público; 
 3% para o Legislativo, incluindo o Tribunal de Contas do Estado; 
 6% para o Judiciário; e 
 49% para o Executivo. 
 
 
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Na esfera municipal o limite de 60% será assim repartido: 6% para o Legislativo, 
incluindo o Tribunal de Contas do Município, quando houver; e 54% para o Executivo. 
Na esfera Federal o limite será de 50% da RCL, assim dividido: 
 40,9% para o Executivo; 
 6% para o Judiciário; 
 2,5% para o Legislativo; e 
 0,6% para o Ministério Público. 
 
Nos Poderes Legislativo e Judiciário, os limites serão repartidos, entre os seus diversos 
órgãos, na proporção das despesasque vinham sendo realizadas em exercícios anteriores. 
As despesas relacionadas abaixo não serão computadas para o atendimento dos limites 
definidos nesta seção: 
 As despesas com indenização por demissão de servidores ou empregados; 
 As despesas relativas ao incentivo à demissão voluntária, o chamado PDV. Não 
faria sentido decisão diferente, já que, por ocasião do afastamento, o servidor 
recebe valores superiores àqueles que receberia se continuasse na ativa. Em outras 
palavras, o PDV, em geral utilizado pontualmente e dirigido ao conjunto dos 
servidores, aumentará a despesa com pessoal no mês em que estiver sendo 
executado. Sua contagem no limite de pessoal desestimularia programas dessa 
natureza; 
 As despesas com pessoal verificadas em decorrência de convocação 
extraordinária do Congresso Nacional; 
 As despesas decorrentes de decisão judicial (em geral classificadas na rubrica 
“Sentenças Judiciais”), e da competência de período anterior ao da apuração das 
despesas com pessoal (somando-se o mês de referência com os onze meses 
anteriores), de acordo com o § 2º do artigo 18; 
 As despesas com pessoal do Estado do Amapá, Roraima e do Distrito Federal, 
custeadas pela União. Parece lógico que, se estas despesas não são pagas com as 
receitas destes Estados, não há porque serem somadas aos limites (60%). 
 
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 As despesas com inativos custeadas com recursos de fundos próprios. Atente-se 
para o fato de que as receitas originárias das contribuições a fundos não compõem 
o cálculo da RCL, o que torna nula esta operação do ponto de vista contábil. 
 
8.2 LIMITES PARA O ENDIVIDAMENTO 
 
A Lei de Responsabilidade Fiscal estabeleceu regras de controle de endividamento com 
o objetivo de limitar a ação estadual e municipal no campo fiscal. De acordo com Rogers e Sena 
(2007, p. 104), a sua aprovação alicerçou-se na premissa de criar regras estáveis de 
comportamento dos entes federativos e de dar previsibilidade ao movimento da situação fiscal. 
Andrade (2007, p. 158) destaca que os limites constitucionais legais são exigências 
fixadas pela Constituição Federal, leis e resoluções da esfera federal que obrigam o município a 
destinar parte de sua receita a determinado fim, assim como limitar determinadas despesas com 
base em certos parâmetros. 
As Resoluções SF nº. 40/2001 e 43/2001 dispõem sobre limites globais no tocante ao 
endividamento público. Andrade (2007, p. 187 e 188), apresenta uma tabela que identifica os 
limites estabelecidos pela legislação mencionada, com destaque apenas para municípios: 
 
 
Quadro 1 – Limites fiscais para os entes federativos municipais estabelecidos pela 
legislação em vigor, 2009. 
 Limites Legislação 
O
p
er
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õ
es
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e 
C
ré
d
it
o
 
Não poderá exceder o montante das despesas de 
capital, ressalvadas as autorizadas mediante créditos 
suplementares ou especiais com finalidade precisa, 
aprovados pelo Poder Legislativo por maioria 
absoluta. 
Art. 167, III, da Constituição 
Federal, observando o disposto no 
§ 3º d art. 32 da LRF e o art. 6º da 
Resolução SF nº. 43. 
Existência de Prévia e expressa autorização 
legislativa 
Art. 32, I, da LRF 
É vedada a realização entre um ente da federação, 
diretamente ou por intermédio do fundo, autarquia, 
fundação ou empresa estatal dependente, e inclusive 
suas entidades da Administração indireta, 
consideradas as exceções mencionadas no § 1º. 
Art. 35, da LRF 
 
Este módulo deverá ser utilizado apenas como base para estudos. Os créditos da autoria dos conteúdos aqui apresentados são dados aos seus respectivos autores. 25 
 Limites Legislação 
É vedada a contratação em que seja prestada garantia 
por instituição controlada pelo município 
Art., 17 da Resolução SF nº. 
43/2001. 
O montante global realizado em um exercício 
financeiro deverá ser menor ou igual a 16 % da 
RCL. 
Art., 7º da Resolução SF nº. 
43/200, observado o § 1º. 
O comprometimento anual com as amortizações, 
juros e demais encargos deverá ser menor ou igual a 
11% da RCL. 
Art., 7º, II da Resolução SF nº. 
43/2001, observado o §§ 4º, 5º, 6º, 
7º e 8º. 
Vedada a contratação nos 180 dias anteriores ao 
final do mandato do chefe do Poder Executivo. 
Art., 15, da Resolução SF nº. 
43/2001, verificando o § 1º, com 
alteração dada pela Resolução nº. 
03/2002. 
Vedada a contratação por tomador que esteja 
inadimplente com instituições integrantes do sistema 
financeiro nacional. 
Art., 16, da Resolução SF nº. 
43/2001, com alteração dada pela 
Resolução nº. 03/2002. 
G
ar
an
ti
as
 
O saldo global das garantias concedidas não poderá 
exceder a 22% da RCL. 
Art., 9º da Resolução SF nº. 
43/2001. 
D
ív
id
a 
C
o
n
s.
 
L
íq
u
id
a 
Seu montante deve ser menor ou igual a 1,2 vezes a 
RCL. 
Art. 1º, § 2º, e art. 3º, II, da 
Resolução SF nº. 40/2001 e art. 7º, 
III, da Resolução SF nº. 43/2001. 
Reduzir a 1/15 por ano, até atingir o limite 
estabelecido. O Senado Federal suspendeu a 
obrigatoriedade de cumprimento de limites e 
condições estabelecidas na Resolução nº. 40 /2001 
no período de 1º-1-2003 a 30-4-2005. 
Art., 3º da Resolução SF nº. 
43/2001. 
 
Resolução nº. 20/2003. 
A
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te
ci
p
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e 
R
ec
ei
ta
 O
rç
am
en
tá
ri
a 
(A
R
O
) 
Seu saldo devedor deverá ser menor ou igual a 7% 
da RCL. 
Art., 10º da Resolução SF nº. 
43/2001. 
 
Realizar-se á somente a partir do 10º dia do início do 
exercício e deverá ser liquidada até o dia 10 de 
dezembro de cada ano. 
Art. 38, I e II, da LRF, e art. 14, I e 
II da resolução SF nº. 43/2001. 
 
 
Não será autorizada se forem cobrados outros 
encargos que não a taxa de juros da operação, 
obrigatoriamente prefixada ou indexada à taxa 
básica financeira, ou à que vier a esta substituir. 
 
Art. 14, III, da Resolução SF nº. 
43/2001. 
Será vedada enquanto existir operação anterior da 
mesma natureza não integralmente resgatada. 
Art.14, IV, da Resolução SF nº. 
43/2001. 
 
 
Este módulo deverá ser utilizado apenas como base para estudos. Os créditos da autoria dos conteúdos aqui apresentados são dados aos seus respectivos autores. 26 
 Limites Legislação 
Vedada a Contratação no último ano de mandato do 
chefe do Poder Executivo. 
Art. 15, § 2º, da Resolução SF nº. 
43/2001. 
 
 
E
m
is
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d
e 
T
ít
u
lo
s 
Até o dia 31 de dezembro de 2010 e até o montante 
necessário ao refinanciamento do principal 
devidamente atualizado de suas obrigações, 
representados por uma espécie de títulos. 
Art. 11 da Resolução SF nº. 
43/2001, observados os arts. 12 e 
13. 
Fonte: ANDRADE (2007, p. 187 e 188). 
 
No que concerne à dívida, destaca-se que o art. 3º da Resolução SF nº 43/2001, 
estabelece que a redução da dívida seja de 1/15 avos por ano, até atingir o limite. Para uma maior 
eficácia, tal limite deveria ser estabelecido para todos os municípios independentemente de 
estarem acima ou não, pois os limites estabelecidos são apenas metas, que podem e devem 
superadas para um melhor desempenho estatal. 
Conforme o art. 31 da LRF, coube ao Senado Federal fixar limites de endividamento 
dos entes públicos de acordo com a esfera de governo. Tal tarefa foi cumprida por intermédio da 
Resolução n.º 40 de 2001, a qual, no artigo 3º, estabeleceu um prazo de 15 anos para os 
Municípios se enquadrarem nos novos parâmetros. Ao final desse prazo os Municípios não 
poderão exceder 1,2 (um inteiro e dois décimos) vezes a receita corrente líquida. 
Cruz (2006, p. 137), de forma brilhante cita os principais pontos da proposta 
encaminhada pelo governo federal em 30/08/2000 ao SF, conforme determinações do art. 30. 
Dentre estes um, em particular, chama a atenção: 
A Lei exige que o limite seja fixado como relação da RCL e que seja um único limite 
para cada esfera dogoverno. No entanto faculta a adoção de limites diferenciados para 
as três esferas, a utilização do conceito de dívida líquida ou bruta e a imposição de um 
limite imediato ou de uma trajetória (CRUZ, 2006, p. 137). 
Adiante, em outro trecho citado por Cruz (2006, p. 137), é destacado que adotou-se o 
conceito de dívida consolidada líquida, que é igual à dívida consolidada deduzidas as 
disponibilidades de caixa, as aplicações financeiras e demais haveres financeiros. 
 
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Cruz (2006, p. 137) destaca também que, segundo o governo federal, o nível médio de 
endividamento para estados e municípios em abril de 2000, era igual a, respectivamente a 1,56 e 
0,97 (dados de abril de 2000, respectivamente, e apenas para os municípios das capitais). Sendo 
que os níveis propostos (2 para os estados e 1,2 para municípios) seriam iguais aos níveis médios 
atuais, acrescidos de uma margem para acomodar problemas de mensuração. A intenção não era 
reduzir o endividamento? Talvez essa margem tenha sido muito alta. 
Costa, (2009, p. 7) em um artigo intitulado “Reflexos da lei de responsabilidade fiscal 
no endividamento dos municípios brasileiros” faz uma breve comparação do endividamento das 
26 capitais dos estados brasileiros, em dois períodos, antes e depois da LRF. O autor enfatiza que 
o limite estabelecido pela LRF estava muito acima da realidade fiscal de tais municípios, com 
exceção para o município de São Paulo que apresentava um índice de endividamento muito 
acima deste limite, concentrando um percentual bem maior sobre a dívida total. 
A Figura 1 a seguir apresenta os resultados do comparativo efetuado pelo referido autor 
(COSTA, 2009, p. 7). 
 
 
Figura 1 – Índice médio de endividamento (DCL/RCL) 
 
Fonte: Costa (2009, p. 7) 
 
 
Este módulo deverá ser utilizado apenas como base para estudos. Os créditos da autoria dos conteúdos aqui apresentados são dados aos seus respectivos autores. 28 
Com base nas informações destacadas na figura o autor chegou à conclusão que a LRF 
não contribui de forma efetiva para a redução do endividamento nos municípios capitais dos 
estados, visto que antes da vigência da LRF a maioria da amostra já estava abaixo do limite 
máximo estabelecido. O autor ainda afirma que o limite não foi imposto para a média geral dos 
municípios analisados, mas para aqueles que representavam, em média, um elevado 
endividamento (COSTA, 2009, p. 11). 
Na 7ª edição do Manual de Elaboração do RGF, existe um capítulo específico em que 
são destacadas algumas penalidades aplicáveis aos entes que não cumpram os limites e não 
efetuem medidas saneadoras, nos prazos e condições estabelecidos em lei, assim transcritas 
(BRASIL, 2007, p. 118): 
 Impedimento da entidade para o recebimento de transferências voluntárias; 
 Proibição de contratação de operações de crédito e de obtenção de garantias para a 
sua contratação; 
 Pagamento de multa com recursos próprios (podendo chegar a 30% dos 
vencimentos anuais) do agente que lhe der causa; 
 Inabilitação para o exercício da função pública por até cinco anos; 
 Perda do cargo público; 
 Cassação de mandato; e 
 Detenção ou reclusão. 
 
Costa (2009, p. 6) destaca que ao exceder os limites estabelecidos, os entes federados 
deverão eliminar todo o excesso até o término do terceiro quadrimestre, sendo que 25% ainda no 
final do primeiro quadrimestre. Caso os excessos permaneçam, o ente ficará proibido de realizar 
operações de crédito tanto interno como externo, além de não receber transferências voluntárias. 
Conforme explana Cruz (2006, p 152) caso seja percebido no final do quadrimestre que 
o limite fora ultrapassado, as medidas são imperativas para a recondução ao limite, sendo 
estabelecido o prazo de no máximo até o término de três quadrimestres subsequentes. Enquanto 
perdurar o excesso, as operações de crédito ficarão suspensas, inclusive as de antecipação de 
receita. Vencido o prazo e não realizado ajuste, ficam impedidas as transferências voluntárias de 
recursos. Em ano eleitoral, o dispositivo prevê especificamente que se o excesso do montante da 
 
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dívida ocorrer no primeiro quadrimestre do referido ano, a sanção dá-se de imediato, sem prazo 
para ajuste. 
O art. 7º da Resolução SF 43/2001, estipula que o comprometimento anual com as 
amortizações, juros e demais encargos deverá ser menor ou igual a 11% da RCL. Tal artigo 
chega a ser contraditório com o objetivo de redução do endividamento, uma vez que acredita-se 
que não deveriam ser estipulados limites máximos para quitação das dívidas, mais sim mínimos. 
A respeito do endividamento ainda vale frisar que, a LRF trouxe uma inovação 
extremamente importante, pois a extrapolação dos limites definidos na legislação em um dos 
Poderes (Legislativo, Judiciário ou Executivo) compromete toda a esfera, não havendo, portanto, 
compensação entre os Poderes (BRASIL, 2007, p. 22). 
 
9. DESTINAÇÃO DE RECURSOS PARA O SETOR PRIVADO 
 
Art. 26. A destinação de recursos para, direta ou indiretamente, cobrir necessidades de 
pessoas físicas ou déficits de pessoas jurídicas deverá ser autorizada por lei específica, 
atender às condições estabelecidas na lei de diretrizes orçamentárias e estar prevista no 
orçamento ou em seus créditos adicionais. 
§ 1º O disposto no caput aplica-se a toda a administração indireta, inclusive fundações 
públicas e empresas estatais, exceto, no exercício de suas atribuições precípuas, as 
instituições financeiras e o Banco Central do Brasil. 
§ 2º Compreende-se incluída a concessão de empréstimos, financiamentos e 
refinanciamentos, inclusive as respectivas prorrogações e a composição de dívidas, a 
concessão de subvenções e a participação em constituição ou aumento de capital 
No caput e nos demais parágrafos do artigo acima citado podem ser observadas duas 
diretrizes que são: quando a destinação dos recursos visa, direta ou indiretamente, atender 
necessidades de pessoas e quando a destinação dos recursos visa cobrir déficits de pessoas 
jurídicas. Em ambos os casos essas concessões devem: estar autorizadas através de lei específica, 
estar de acordo com a LDO e a LOA, não realizar transferência para pagamento de despesas com 
pessoal, estar em dia com pagamentos de tributos, empréstimos e prestação de contas, cumprir os 
limites constitucionais para saúde e educação, serem observados os limites das dívidas, de 
operações de crédito, de inscrição de restos a pagar e de despesa total com pessoal e haja 
previsão orçamentária de contrapartida 
O art. 27 da LRF tem destinação específica para as empresas do setor privado 
(particulares com fim lucrativo, isto é, pessoa física ou jurídica, que não esteja sob o controle 
 
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direto ou indireto do ente público), mas apenas para declarar que os encargos, comissões e 
despesas congêneres não serão inferiores aos definidos em lei ou ao custo de captação, evitando, 
desta forma, a fixação de condições mais vantajosas. 
Já aquelas instituições do setor privado, que não possuem fins lucrativos, podem receber 
“subvenções sociais”, nos termos da Lei 4.320/64, art. 20, pois não estão compreendidas nas 
disposições da LRF, desde que cumpram as exigências da LDO, e apresentem funcionamento 
regular, atividade substancial e que venham cumprindo os seus compromissos legais e 
estatutários 
O artigo 28 traz vedações que vem ao encontro dos anseios do povo, externado 
diretamente através de movimentos de protesto ou pela imprensa, dando a certezadeque não 
serão utilizados recursos públicos, de qualquer natureza, para socorrer instituições do Sistema 
Financeiro Nacional, geralmente em precária situação financeira, salvo autorização por lei 
específica. 
 
10. GESTÃO PATRIMONIAL 
 
No que diz respeito à gestão patrimonial a LRF aborda três aspectos relevantes que são: 
a disponibilidade de caixa, as regras para preservação do patrimônio público e as relações das 
empresas controladas pelo setor público. Estudaremos cada uma delas. 
 
10.1 DISPONIBILIDADE DE CAIXA 
 
As disponibilidades de caixa de cada ente da Federação serão depositadas – as da União 
no banco central; as dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e dos órgãos ou entidades 
do Poder Público e das empresas por ele controladas, em instituições financeiras oficiais, 
ressalvados os casos previstos em lei. Já as disponibilidades dos regimes de previdência social, 
geral e próprio dos servidores, ainda que vinculadas a fundos específicos2, ficarão depositadas 
 
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em conta separada das demais disponibilidades de cada ente, para aplicação nas condições de 
mercado, porém nos limites e condições de proteção ditados pela prudência financeira, o que 
significa critério subjetivo, que não haja risco. 
 
10.2 PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO PÚBLICO 
 
É vedada a aplicação da receita de capital derivada da alienação de bens e direitos que 
integrem o patrimônio público para o financiamento de despesa corrente, salvo se destinada por 
lei aos regimes de previdência social, geral e próprio dos servidores públicos. (art. 44) Essa 
cautela elimina a possibilidade de aplicação dos recursos oriundos de desfazimento do 
patrimônio público (alienações de bens e direitos – das privatizações, por exemplo) em despesas 
correntes, salvo se destinados aos regimes de previdência social, na forma da lei. 
A LOA e as leis de abertura de créditos adicionais só incluirão novos projetos após 
adequadamente atendidos os em andamento e contempladas as despesas de conservação do 
patrimônio público, tudo de acordo com a LDO5. (art. 45). Esse é um remédio salutar para evitar 
o desperdício decorrente da descontinuidade administrativa. 
É vedado qualquer possibilidade de ato de desapropriação de imóvel urbano expedido 
sem prévia indenização em dinheiro ou prévio depósito judicial do valor da indenização6. (art. 
46) 
 
10.3 EMPRESAS CONTROLADAS PELO PODER PÚBLICO 
 
A empresa controlada que firmar contrato de gestão em que se estabeleçam objetivos e 
metas de desempenho, na forma da lei, disporá de autonomia gerencial, orçamentária e 
financeira, sem prejuízo de fazer constar na LOA o orçamento de investimento da respectiva 
empresa. (art. 47) 
 
 
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11. TRANSPARÊNCIA 
 
Este capítulo da LRF reúne todos os comandos normativos necessários à confecção e à 
divulgação de relatórios e demonstrativos ligados às atividades de condução das finanças 
públicas, estabelecendo regras e procedimentos de fiscalização, controle e avaliação do grau de 
sucesso obtido na administração das finanças públicas, particularmente sob o prisma das normas 
previstas na LRF. 
 
11.1 TRANSPARÊNCIA NA GESTÃO FISCAL 
 
Nesta seção, verifica-se a existência de dois blocos normativos distintos: um de caráter 
geral, dedicado à explicitação dos instrumentos de transparência na gestão fiscal; outro, 
específico, voltado às contas apresentadas pelo Chefe do Poder Executivo. Em geral, quem 
assume o posto é alguém indicado pelo antecessor (o Vice-Prefeito, por exemplo). 
Para efeito da LRF, consideram-se instrumentos de transparência: 
 Os planos, os orçamentos e a lei de diretrizes orçamentárias; 
 As prestações de contas e o respectivo parecer prévio; 
 Relatório Resumido da Execução Orçamentária e a sua versão simplificada; 
 Relatório de Gestão Fiscal e a sua versão simplificada. 
A transparência da gestão pública exige também o incentivo à participação popular e 
pela realização de audiências públicas, tanto durante a elaboração como no curso da discussão 
dos planos, da lei de diretrizes orçamentárias e dos orçamentos. 
Por sua vez, as contas apresentadas pelo Chefe do Poder Executivo devem estar à 
disposição do público, no âmbito tanto do respectivo Poder Legislativo como do órgão técnico 
responsável por sua elaboração. Tratando-se da União, as contas devem ser acompanhadas por 
demonstrativos, confeccionados pelo Tesouro Nacional e pelas agências financeiras oficiais de 
fomento, especificando as aplicações efetuadas com recursos oriundos dos orçamentos fiscal e da 
seguridade social, assim como o impacto fiscal das operações realizadas pelas agências de 
fomento. 
 
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11.2RELATÓRIO RESUMIDO DE EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA (RREO) E RELATÓRIO 
DE GESTÃO FISCAL (RGF) 
 
Por determinação legal, dentre outros demonstrativos, devem ser publicados os 
Relatórios de Gestão Fiscal (RGF) e o Relatório Resumido de Execução Orçamentária (RREO) 
e, cabe ao profissional contábil fazer valer o princípio constitucional da transparência das contas 
públicas, traduzindo os índices, visto que a população não detém o conhecimento suficiente para 
interpretar tais números. 
Art. 48 – São instrumentos de transparência da gestão fiscal, aos quais será dada ampla 
divulgação, inclusive por meios eletrônicos de acesso público: os planos, orçamentos e 
leis de diretrizes orçamentárias; as prestações de contas e os respectivos pareceres 
prévios; o Relatório Resumido de Execução Orçamentária e o Relatório de Gestão 
Fiscal; e as versões simplificadas desses documentos. (LEI COMPLEMENTAR, Nº. 
101/00). 
 
11.2.1 RELATÓRIO RESUMIDO DE EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA – RREO 
 
Oliveira e Costa (2000, p 21) classificam o RREO como um mecanismo de ajuste das 
dotações orçamentárias, que deve observar a busca da menor distância possível entre os valores 
orçados e o fluxo financeiro a ser realizado. Para o exercício de 2008, foi norteado pela 7ª edição 
do Manual de Elaboração do RREO, da Secretaria do Tesouro Nacional, sendo composto por 18 
anexos, a seguir discriminados, sendo que os anexos IV, VII, XII e XV são privativos da União. 
(BRASIL, 2007,) 
 Anexo I – Balanço Orçamentário 
 Anexo II – Demonstrativo da Execução das Despesas por Função/Subfunção 
 Anexo III – Demonstrativo da Receita Corrente Líquida 
 Anexo IV – Demonstrativo das Receitas e Despesas Previdenciárias do Regime 
Geral de Previdência Social – União 
 Anexo V – Demonstrativo das Receitas e Despesas Previdenciárias do Regime 
Próprio dos Servidores Públicos 
 
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 Anexo VI – Demonstrativo do Resultado Nominal 
 Anexo VII – Demonstrativo do Resultado Primário – Estados, Distrito Federal e 
Municípios. 
 Anexo VIII – Demonstrativo do Resultado Primário da União 
 Anexo IX – Demonstrativo dos Restos a Pagar por Poder e Órgão 
 Anexo X – Demonstrativo das Receitas e Despesas com Manutenção e 
Desenvolvimento do Ensino – MDE. 
 Anexo XI – Demonstrativo das Receitas de Operações de Crédito e Despesas de 
Capital. 
 Anexo XII – Demonstrativo da Projeção Atuarial do Regime Geral de Previdência 
Social – União 
 Anexo XIII – Demonstrativo da Projeção Atuarial do Regime Próprio de 
Previdência Social dos Servidores Públicos 
 Anexo XIV – Demonstrativo da Receita de Alienação de Ativos e aplicação dos 
Recursos. 
 Anexo XV – Demonstrativodas Despesas com Saúde – União 
 Anexo XVI – Demonstrativo da Receita de Impostos Líquida e das Despesas 
Próprias com Ações e Serviços Públicos de Saúde – Estados, Distrito Federal e 
Municípios. 
 Anexo XVII – Demonstrativo das Parcerias Público-Privadas 
 Anexo XVIII – Demonstrativo Simplificado do Relatório Resumido da Execução 
Orçamentária. 
 
O Relatório Resumido da Execução Orçamentária é composto de duas peças básicas e 
de alguns demonstrativos de suporte. As peças básicas são o balanço orçamentário, cuja função é 
especificar, por categoria econômica, as receitas e as despesas, e o demonstrativo de execução 
das receitas (por categoria econômica e fonte) e das despesas (por categoria econômica, grupo de 
natureza, função e subfunção). 
Nessas peças, devem os valores referentes ao refinanciamento da dívida mobiliária ser 
destacados dentre as demais receitas de operações de crédito. Já os demonstrativos de suporte 
 
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visam evidenciar a receita corrente líquida, as receitas e despesas previdenciárias, os resultados 
primário e nominal, as despesas com juros e os valores inscritos em restos a pagar. Tratando-se 
do Relatório de último bimestre de cada exercício, exige-se a demonstração das projeções 
atuariais dos regimes de previdência social, da variação patrimonial e da conformidade do 
montante das operações de crédito com aquele das despesas de capital, nos termos previstos no 
inciso III do art. 167 da Constituição. 
As limitações impostas ao empenho de dotações devem ser justificadas, assim como 
relacionadas as medidas destinadas à elevação da arrecadação, no caso de frustração na previsão 
de receitas. Todos os Municípios brasileiros, inclusive aqueles que possuírem menos de 50 mil 
habitantes) deverão apresentar o RREO a cada bimestre, sob risco de punições fiscais e penais. 
O Relatório Resumido da Execução Orçamentária - RREO é exigido pela Constituição 
da República Federativa do Brasil, de 05 de outubro de 1988, que estabelece em seu artigo 165, 
parágrafo 3º, que o Poder Executivo o publicará, até trinta dias após o encerramento de cada 
bimestre. A União já o divulga, há vários anos, mensalmente. O objetivo dessa periodicidade é 
permitir que, cada vez mais, a sociedade, por meio dos diversos órgãos de controle, conheça, 
acompanhe e analise o desempenho da execução orçamentária do Governo Federal. 
O RREO e seus demonstrativos abrangerão os órgãos da Administração Direta, dos 
Poderes e entidades da Administração Indireta , constituídas pelas autarquias, fundações, fundos 
especiais, empresas públicas e sociedades de economia mista que recebem recursos dos 
Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social, inclusive sob a forma de subvenções para pagamento 
de pessoal e de custeio, ou de auxílios para pagamento de despesas de capital, excluídas, neste 
caso, aquelas empresas lucrativas que recebam recursos para aumento de capital. O RREO será 
elaborado e publicado pelo Poder Executivo da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos 
Municípios. 
11.2.2 RELATÓRIO DE GESTÃO FISCAL – RGF 
 
A respeito do RGF, para Oliveira e Costa (2000, p. 23), serve como um mecanismo de 
acompanhamento das metas fiscais. A Secretaria do Tesouro Nacional também edita anualmente 
um Manual de Elaboração para o Relatório de Gestão Fiscal, atualmente, é composto por sete 
anexos assim discriminados (BRASIL, 2007,): 
 
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 Anexo I – Demonstrativo da Despesa com Pessoal 
 Anexo II – Demonstrativo da Dívida Consolidada Líquida – DCL 
 Anexo III – Demonstrativo das Garantias e Contragarantias de Valores 
 Anexo IV – Demonstrativo das Operações de Crédito 
 Anexo V – Demonstrativo da Disponibilidade de Caixa 
 Anexo VI – Demonstrativo dos Restos a Pagar 
 Anexo VII – Demonstrativo dos Limites 
 
Além da divulgação dos relatórios bimestrais e quadrimestrais, no final de cada 
quadrimestre tais metas são apresentadas em Audiências Públicas, durante as quais devem ser 
justificadas as razões dos desvios porventura identificados. 
O Relatório de Gestão Fiscal dos Poderes e órgãos abrange administração direta, 
autarquias, fundações, fundos, empresas públicas e sociedades de economia mista beneficiários 
de recursos dos orçamentos fiscal e da seguridade social, para manutenção de suas atividades, 
excetuadas aquelas empresas que recebem recursos exclusivamente para aumento de capital 
oriundos de investimentos do respectivo ente. 
O Relatório de Gestão Fiscal, conforme determina a supracitada Lei, conterá 
demonstrativos com informações relativas à despesa total com pessoal, dívida consolidada, 
concessão de garantias e contra-garantias, bem como operações de crédito, devendo, no último 
quadrimestre, ser acrescido de demonstrativos referentes ao montante das disponibilidades de 
caixa em trinta e um de dezembro, das inscrições em Restos a Pagar e da despesa com serviços 
de terceiros. 
O Relatório de Gestão Fiscal é a ferramenta de acompanhamento das atividades 
financeiras e de gestão dos entes federativos e está previsto no artigo 54 da Lei de 
Responsabilidade Fiscal. De acordo com o Art. 63 da Lei, é facultado aos Municípios com 
população inferior a cinquenta mil habitantes optar por divulgar semestralmente o Relatório de 
Gestão Fiscal. (BRASIL, 2009). 
Conforme previsto no § 1º, inciso I, art. 5º da Lei nº 10.028/2000, que Altera o Decreto-
Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 – Código Penal, a Lei nº 1.079, de 10 de abril de 1950, e 
o Decreto-Lei nº 201, de 27 de fevereiro de 1967. (BRASIL, 2000), a não divulgação dos 
 
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referidos relatórios, nos prazos e condições estabelecidos em lei, constitui infração, punida com 
multa de trinta por cento dos vencimentos anuais do agente que lhe der causa, sendo o 
pagamento da multa de sua responsabilidade pessoal. 
Além disso, o ente da Federação estará impedido, até que a situação seja regularizada, 
de receber transferências voluntárias e contratar operações de crédito, exceto as destinadas ao 
refinanciamento do principal atualizado da dívida mobiliária. (LRF, art. 51, § 2º). 
 
11.3 PRESTAÇÃO DE CONTAS 
 
Três são os aspectos abordados, nesta seção, quanto às prestações de contas: a sua 
composição, as condições para a emissão do respectivo parecer prévio e o seu conteúdo. 
 Quanto à sua composição, devem as contas prestadas pelo Chefe do Poder Executivo 
ser acompanhadas pelas dos Presidentes do órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário, além das 
do Chefe do Ministério Público. Todas as contas são objeto de parecer prévio do respectivo 
Tribunal de Contas. 
A emissão do parecer prévio deve ocorrer no prazo de sessenta dias, contados da data 
do recebimento das contas, e, tratando-se de Município com menos de duzentos mil habitantes, 
desde que não seja capital, esse prazo é dilatado para cento e oitenta dias. Acaso as constituições 
estaduais ou as leis orgânicas municipais disponham diferentemente, prevalece o prazo, para a 
emissão do parecer, por elas estabelecido. Em todo e qualquer caso, veda-se aos Tribunais de 
Contas o recesso de suas atividades enquanto houver contas pendentes do respectivo parecer. 
Finalmente, deve o conteúdo das prestações de contas englobar, sem prejuízo de que se 
abordem outros assuntos, o desempenho da arrecadação de receitas, destacando: as providências 
adotadas quanto à fiscalização e ao combate à sonegação; as medidas administrativas e judiciais 
de recuperação de créditos e as destinadas ao incremento das receitas

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