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A2 direito familia

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Sávio Lucas Barros /5557684 TURMA 003204B01 
Giovana Felix /2473683 
Joana Moura /2358339 
A2 – A pandemia (COVID-19) trouxe uma alteração na capacidade financeira 
de muitas pessoas, entre elas pais que pagam pensão alimentícia. Nessa 
ótica, o pai poderia pedir revisão dos alimentos fixados pelo juiz ao seu 
filho menor em razão da pandemia? Explique e justifique a sua resposta, 
apresentando os fundamentos jurídicos. 
 
Trata-se de análise da possibilidade do pedido de revisão de alimentos em favor 
de filho menor fixados em sentença judicial frente aos efeitos econômicos 
causados pela pandemia da COVID-19. 
 
É notório os esforços mundiais para conter o avanço da COVID-19. Governos ao 
redor do mundo tem adotado como principal ferramenta contra esse vírus, o 
isolamento social. No Brasil, não foi diferente. Ao perceber o avanço do vírus, os 
governadores de diversos estados decretaram a quarentena e o isolamento 
social, medida essa que tem impactado fortemente a economia. Com as portas 
fechadas e sem clientes, as empresas tentam sobreviver reduzindo salários, 
impondo férias coletivas e até mesmo demitindo seus funcionários, isso sem falar 
naquelas empresas que já não tinham uma boa saúde financeira e agora veem 
a falência como resultado inevitável dessa pandemia. 
 
E nesse cenário econômico conturbado que se questiona a possibilidade de 
revisão de alimentos fixados em sentença judicial. 
 
Segundo o artigo 1699, do Código Civil: 
“Se, fixados os alimentos, sobrevier mudança na situação 
financeira de quem os supre, ou na de quem os recebe, poderá o 
interessado reclamar ao juiz, conforme as circunstâncias, 
exoneração, redução ou majoração do encargo.” 
 
Nesse sentido, a doutrina menciona a possibilidade de revisão e exoneração em 
caso de mudança fática na situação financeira tanto do alimentante quanto do 
alimentando, senão vejamos: 
“as condições de fortuna de alimentando e 
alimentante são mutáveis, razão pela qual também é 
modificável, a qualquer momento, não somente o 
montante dos alimentos fixados, como também a 
obrigação alimentar pode ser extinta, quando se 
altera a situação das partes. O alimentando pode 
passar a ter meios próprios de prover a subsistência 
e o alimentante pode igualmente diminuir de fortuna e 
ficar impossibilitado de prestá-los. Daí por que 
sempre é admissível a ação revisional ou exoneração 
de alimentos” (VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil: 
direito de família 7ª ed., Vol. 6 – São Paulo: Atlas, 
2007.) 
 
Além disso, extrai-se do artigo 1.694 § 1º do Código Civil: 
“Os alimentos devem ser fixados na proporção das necessidades 
do reclamante e dos recursos da pessoa obrigada.” 
Sávio Lucas Barros /5557684 TURMA 003204B01 
Giovana Felix /2473683 
Joana Moura /2358339 
Com isso, tem-se a caracterização do princípio da proporcionalidade, pois cuida-
se não somente da necessidade do alimentando, mas também da capacidade 
do alimentante em fornecê-la. A doutrina também corrobora com esse 
entendimento apresentando o trinômio da possibilidade, necessidade e 
proporcionalidade: 
“os alimentos são estruturados a partir do trinômio 
necessidade-possibilidade-proporcionalidade. Esta 
conjugação de elementos pode ser traduzida a partir da 
necessidade de quem pleiteia os alimentos (alimentando), a 
possibilidade do requerido (alimentante) e a 
proporcionalidade alimentar que vai nortear a fixação do 
quantum da pensão alimentícia” (MELLO, Cleyson de 
Moraes. Direito Civil Famílias 1ª ed. – 2017. P.333-334) 
 
Destarte, infere-se a possibilidade de questionamento perante o judiciário da 
pensão alimentícia fixada. Para isso, tanto a legislação quanto a doutrina 
preveem a readequação do quanto fixado baseado na alteração fático financeira 
dos envolvidos. Justo e digno o entendimento do legislador e da doutrina que 
convergem ao entendimento caracterizador dos alimentos. Não baseando 
apenas em um único quesito, mas sim na possibilidade, necessidade e 
proporcionalidade. 
 
Agora, cabe entender, porém, se a pandemia que vem causando notórios 
impactos financeiros é pressuposto autorizador para a revisão ou mesmo a 
exoneração dos alimentos. 
 
Primeiramente, destaca-se que não é o caso de desoneração. Diz o artigo 528 
§ 2º do Código de Processo Civil: 
“Somente a comprovação de fato que gere a impossibilidade 
absoluta de pagar justificará o inadimplemento.” 
 
Ainda que o demandante alegue que está sem auferir renda, não pode utilizar 
desse tipo de escusa como fator de impossibilidade absoluta no pagamento dos 
alimentos. Entendimento esse trazido tanto em doutrina como pelos tribunais. 
 
Senão, vejamos: “Citado o devedor, dispõe o mesmo 
do prazo de três dias para pagar, provar que pagou 
ou justificar a impossibilidade de proceder ao 
pagamento. (CPC 528 e 911). A justifica para livrar-
se da prisão tem que ser absoluta (CPC 528 § 2.º): 
que se encontre em situação tal que esteja sem 
auferir renda por fato que não tenha dado causa. Não 
serve a alegação de desemprego” (DIAS, Maria 
Berenice. Manual de Direito das Famílias. 2016. 
11.ed. p. 1032) 
 
“CUMPRIMENTO DE SENTENÇA. EXECUÇÃO DE 
ALIMENTOS. DESEMPREGO DO ALIMENTANTE. 
LIQUIDEZ, CERTEZA E EXIGIBILIDADE DO TÍTULO 
EXECUTIVO JUDICIAL. JUSTIFICATIVA INVÁLIDA. 
Sávio Lucas Barros /5557684 TURMA 003204B01 
Giovana Felix /2473683 
Joana Moura /2358339 
1. A alegação de desemprego do devedor não 
constitui justificativa válida para o inadimplemento do 
encargo alimentar. Conclusão nº 46 do CETJRS. 2. O 
desemprego do devedor não é causa extintiva da 
obrigação, nem afeta a higidez do título executivo, 
que permanece sendo líquido, certo e exigível, e 
corresponde ao último valor pago ou devido pelo 
alimentante quando estava empregado, pois os 
alimentos foram fixados em percentual sobre os 
ganhos dele na ocasião. 3. Somente a 
impossibilidade momentânea e absoluta de adimplir o 
encargo alimentar, é que constitui justificativa 
ponderável, não sendo o caso dos autos. 4. O critério 
de correção pretendido não está previsto no título 
judicial, motivo pelo qual deve ser afastado do cálculo 
a correção monetária, mas há incidência dos juros 
moratórios. Recurso parcialmente provido. (Apelação 
Cível Nº 70079606034, Sétima Câmara Cível, 
Tribunal de Justiça do RS, Relator: Sérgio Fernando 
de Vasconcellos Chaves, Julgado em 27/02/2019).” 
(TJ-RS - AC: 70079606034 RS, Relator: Sérgio 
Fernando de Vasconcellos Chaves, Data de 
Julgamento: 27/02/2019, Sétima Câmara Cível, Data 
de Publicação: Diário da Justiça do dia 06/03/2019). 
 
Justo também é o entendimento supra que preserva a dignidade dos 
alimentados, garantindo ao menos o mínimo sustento e elidindo qualquer brecha 
para o ócio e a irresponsabilidade por parte dos alimentantes, principalmente no 
caso de filhos e menores de idade. Isso é o que também traz nossa legislação 
máxima ao preceituar diversas garantias às crianças, adolescentes e jovens em 
seu artigo 227: 
“É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, 
ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à 
vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à 
profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade 
e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo 
de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, 
crueldade e opressão.” 
Portanto, não há que se falar em exoneração de alimentos. 
Por outro lado, respeitando os princípios supramencionados, entende-se, no 
presente caso, que é perfeitamente possível pleitear a redução da pensão 
alimentícia nesse período de quarentena. É fácil constatar que a situação 
financeira de grande parte da população foi afetada. Não é um fato isolado, mas 
notório e de grande escala. 
 
Visto que a dita pandemia trata-se de fato notório e sem precedentes que 
possamservir de parâmetros para o impacto sofrido pelo alimentante no âmbito 
financeiro, o Judiciário pode abordar a questão de modo que o obrigado continue 
a arcar com a sua obrigação sem que isto se torne encargo demasiadamente 
oneroso frente a sua situação atual, assim, não comprometendo também o 
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adimplemento futuro, conservando, desta forma, a garantia da manutenção do 
direito do alimentado. Nesse sentido, o instituto brasileiro de família apresentou 
a seguinte notícia: 
“A 2ª Vara de Família e Sucessões de Jacareí, em São 
Paulo, alterou o valor do pagamento de alimentos em razão 
da pandemia de Covid-19. Na decisão, foi fixado para os 
meses de março, abril, maio e junho de 2020 o valor de 
obrigação alimentar em 30% do salário mínimo. Após o 
período, em caso de emprego formal, a mãe da adolescente, 
que mora com o pai, deverá destinar 20% de seus 
rendimentos líquidos ao sustento da filha. Em decisão 
provisória, tinha ficado determinado que a mãe pagaria um 
terço do seu salário como obrigação alimentar. No entanto, 
com a pandemia do coronavírus, ela pleiteou a redução do 
valor.” 
Neste sentido, ilustra o abordado no artigo supramencionado a decisão de 2º 
grau que segue: 
AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE ALIMENTOS. 
TUTELA ANTECIPADA. Pensão fixada provisoriamente em 
R$ 500,00, por mês. Valor que se afigura ínfimo para suprir 
as necessidades do alimentando, um adolescente de 14 
anos. Alimentante, por outro lado, que afirma trabalhar como 
pedreiro, cuja atividade possivelmente está sendo 
prejudicada por conta do isolamento social, inerente à 
pandemia da COVID-19. Encargo que, nessas 
circunstâncias, deve ser minorado para 40% do salário 
mínimo nacional, ao menos até a colheita de maiores 
elementos de prova em primeiro grau. RECURSO 
PARCIALMENTE PROVIDO. 
(TJ-SP - AI: 20113254020208260000 SP 2011325-
40.2020.8.26.0000, Relator: Rosangela Telles, Data de 
Julgamento: 30/04/2020, 2ª Câmara de Direito Privado, Data 
de Publicação: 30/04/2020). 
 
Diante da situação vivida em tempos de pandemia, se torna evidente que, na 
maioria dos casos, haverá uma grande diminuição de ganho financeiro por parte 
de empregados, empresários e demais trabalhadores, o que corresponderá a 
dizer que a capacidade financeira daquele que presta alimentos sofrerá 
diminuição. 
 
Já a Lei 5.478/68 (Lei de Alimentos), no seu artigo 15, estipula que: 
A decisão judicial sobre alimentos não transita em julgado e 
pode a qualquer tempo ser revista, em face da modificação 
da situação financeira dos interessados. 
Nessa mesma linha é o comando contido no artigo 505, do Código de Processo 
Civil em vigor: 
Nenhum juiz decidirá novamente as questões já decididas relativas 
à mesma lide, salvo: 
Sávio Lucas Barros /5557684 TURMA 003204B01 
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I – Se, tratando-se de relação jurídica de trato continuado, 
sobreveio modificação no estado de fato ou de direito, caso em que 
poderá a parte pedir a revisão do que foi estatuído na sentença; 
II – Nos demais casos prescritos em lei. 
 
Não há, em nosso ordenamento jurídico, valor, percentual, ou qualquer outra 
unidade de medida, certo e determinado para a fixação da obrigação alimentar 
no que concerne ao seu quantum valorativo. 
Dito isso, a verba alimentar resta delimitada à análise da necessidade, 
possibilidade e proporcionalidade. 
 
Portanto, a ação revisional de alimentos poderá ser ingressada por ambos os 
envolvidos na prestação da verba alimentar (Alimentante e Alimentando), para 
que seja majorado ou reduzido os valores fixados, devendo ser movida em 
ação própria, e protocolada no juízo do domicílio do alimentando.

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