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Currículo e Inclusão: Saberes Curriculares

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Saberes Curriculares 
Caros alunos, as vídeo aulas desta disciplina encontram-se no AVA 
(Ambiente Virtual de Aprendizagem). 
 
 
 
Unidade 4 
Currículo e Inclusão 
 
 
Introdução da Unidade 
 
Olá, alunos! 
Vimos até agora as definições e importâncias do currículo, os documentos de base para a 
elaboração do mesmo. Nesta unidade, vamos compreender as particularidades do currículo 
escolar ao acolher as diferenças étnicas, raciais, culturais, sociais, religiosas, físicas e mentais, 
entre outras, pois esse é o papel fundamental do currículo ao falarmos de inclusão. 
O sistema escolar modificou-se com a proposta inclusiva e com isso a escola regular acolhe 
todos os alunos, apresenta meios e recursos adequados e oferece apoio àqueles que 
encontram barreiras para a aprendizagem. 
Boa aula a todos! 
 
Objetivos 
 Perceber que o referencial para a inclusão deve ser o currículo comum, para depois 
realizar mudanças que assegurem a igualdade de oportunidades. 
 Refletir sobre currículo, planejamento e diversidade, destacando elementos 
constitutivos do plano. 
 Refletir sobre o currículo da educação básica e a diversidade étnico-racial. 
 Refletir sobre as questões de gênero e sua articulação com o cotidiano da escola, à luz 
das desigualdades de gêneros produzidas em um contexto histórico. 
 
Conteúdo programático 
Aula 1 – Currículo Escolar e Inclusão. 
Aula 2 – Diversidade Étnico Racial e Currículo. 
 
Referências 
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http://editorarealize.com.br/revistas/fiped/trabalhos/918f0af6c3d10f5d96d7956afe396282_174.pdf
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para o atendimento às necessidades educacionais especiais de alunos cegos e de alunos com 
baixa visão. Brasília: MEC, 2005. Disponível em: 
http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/me002274.pdf. Acesso em: 27 mai. 2019. 
 
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Disponível em: http://www.prgo.mpf.gov.br/cartilha_acesso_deficientes.pdf. Acesso em: 10 
fev. 2009. 
 
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Brasília: junho, 2005. 
 
BEHRENS, M. A. O paradigma emergente e a prática pedagógica. 3 ed. Petrópolis: Vozes, 
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BEYER, H. O. Inclusão e avaliação na escola: de alunos com necessidades educacionais 
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GALLO, S. Transversalidade e educação: pensando uma educação não-disciplinar. Rio de 
Janeiro: DP&A, 1999. 
 
GOMES, N. L. Relações étnico-raciais, educação e descolonização dos currículos. Disponível 
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www.apeoesp.org.br/sistema/ck/files/5_Gomes_N%20L_Rel_etnico_raciais_educ%20e%20des
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LIBÂNEO, J. C. Didática. São Paulo: Cortez, 1994. 
 
MANTOAN, M. T. E. Inclusão escolar: o que é? por que? como fazer? São Paulo: Moderna, 
2003. 
 
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http://basenacionalcomum.mec.gov.br/. Acesso em 15 de mai.2019. 
 
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MENEZES, E. T. Dicionário Interativo da Educação Brasileira - Educabrasil. São Paulo: 
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MOREIRA, A. F.; SILVA, T. T.Currículo, cultura e sociedade. 5. ed. São Paulo: Cortez, 2001. 
 
PNE. Plano Nacional de Educação - Lei n° 13.005/2014. Disponível em: 
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lei-n-13-005-2014. Acesso em: 20 mai.2019. 
 
ROZEMBERG, E. Perguntas e respostas sobre a BNCC. Somos Par, 20 de jun.2018. Disponível 
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SACRISTAN, J. G.Poderes instáveis em educação. Porto Alegre: Artmed, 1999. 
 
SANTOS. L.L.C.P.; MOREIRA, A. F. Currículo: questões de seleção e organização do 
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SILVA, G. S. Estratégias de ensino utilizadas, também, com um aluno cego, em classe regular. 
Petrópolis: Vozes, 2006. 
 
Todos pela Educação. Perguntas e respostas. O que são e para que servem as diretrizes 
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para-que-servem-as-diretrizes-curriculares-/. Acesso em: 20 mai.2019. 
 
http://basenacionalcomum.mec.gov.br/
http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/implementacao/1._Material_complementar_para_a_reelabora%C3%A7%C3%A3o_dos_curr%C3%ADculos.pdf
http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/implementacao/1._Material_complementar_para_a_reelabora%C3%A7%C3%A3o_dos_curr%C3%ADculos.pdf
https://www.educabrasil.com.br/organizacao-curricular/
http://pne.mec.gov.br/18-planos-subnacionais-de-educacao/543-plano-nacional-de-educacao-lei-n-13-005-2014
http://pne.mec.gov.br/18-planos-subnacionais-de-educacao/543-plano-nacional-de-educacao-lei-n-13-005-2014
https://www.somospar.com.br/perguntas-e-respostas-sobre-a-bncc/
https://www.todospelaeducacao.org.br/conteudo/o-que-sao-e-para-que-servem-as-diretrizes-curriculares-/
https://www.todospelaeducacao.org.br/conteudo/o-que-sao-e-para-que-servem-as-diretrizes-curriculares-/
 
 
VASCONCELLOS, C. S. Planejamento: projeto de ensino-aprendizagem e projeto político-
pedagógico. 7ed. São Paulo: Libertad, 2000. 
 
WEISS, A. M. L.; CRUZ, M. M. Compreendendo os alunos com dificuldades e distúrbios da 
aprendizagem. Rio de Janeiro: 7 Letras, 2007. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Aula 1 – Currículo Escolar e Inclusão 
 
Videoaula 1 
Para iniciarmos, assista ao vídeo em que serão ressaltados os principais pontos 
abordados nesta aula. 
 
Fonte: https://blogeducacaofisica.com.br/wp-
content/uploads/2017/10/educa%C3%A7%C3%A3o-fisica-adaptada.jpg 
Uma sala de aula inclusiva deve buscar ensinar a turma como um todo, e partir do 
princípio que “as crianças sempre sabem alguma coisa, de que todo educando pode 
aprender, mas do tempo e do jeito que lhe são próprios” (BRASIL, 2004). 
 
Trabalhar a diversidade no processo de escolarização implica no respeito aosdiferentes ritmos de aprendizagem, necessidades, histórias de vida e interesse, 
valorizando as diferenças dos nossos alunos. 
 
O professor precisa acreditar nas potencialidades de seu aluno, sem nunca desistir 
deste e procurar vencer todas as barreiras, e dessa forma, passar de um ensino mais 
tradicional, onde prevalece um professor transmissor, para uma pedagogia mais ativa 
e tendo o professor como mediador neste processo. 
 
Para ensinar a sala como um todo, “deve-se propor atividades abertas, diversificadas, 
isto é, atividades que possam ser abordadas por diferentes níveis de compreensão e 
de desempenho dos alunos e em que não se destaquem os que sabem mais e os que 
sabem menos” (BRASIL, 2004). 
 
Os processos de ensino e aprendizagem precisam ser reorganizados, onde os 
conteúdos passam a ser um meio e não um fim em si mesmo. O currículo na escola 
https://blogeducacaofisica.com.br/wp-content/uploads/2017/10/educa%C3%A7%C3%A3o-fisica-adaptada.jpg
https://blogeducacaofisica.com.br/wp-content/uploads/2017/10/educa%C3%A7%C3%A3o-fisica-adaptada.jpg
 
 
inclusiva precisa ser flexível, considerando conteúdos conceituais, procedimentais e 
atitudinais. 
 
O referencial deve ser o currículo comum, para depois realizar mudanças que 
assegurem a igualdade de oportunidades, seja qual for a condição social, cultural ou 
pessoal. As mudanças podem ser conceituais, mas alguns alunos necessitam de apoio 
maior para dominarem o currículo comum e outros mais tempo e esforços do 
professor. A necessidade de cada aluno deve ser prioridade do professor, este deve 
conhecer cada estudante, para trabalhar suas individualidades. 
 
Cabe ao professor, acreditar na aprendizagem de todos e ser responsável pelo seu 
progresso, o que reforça a necessidade de adaptar a escola às necessidades dos 
alunos. Isto envolve adaptações nos currículos escolares, facilitação das atividades, 
reforço ou aceleração em relação à defasagem idade e série. 
 
No processo formativo, a ênfase deve estar nas adaptações de pequeno e grande 
porte, um currículo inclusivo deve atender as seguintes características: 
 
 Atender as necessidades educativas dos alunos, dando atenção à diversidade 
na aula; 
 Estimular a heterogeneidade, possibilitando a individualização e socialização do 
ensino; 
 Trabalho coletivo e reflexivo dos professores; 
 Intervenções pedagógicas a nível cognitivo; 
 Adequar e adaptar o currículo às necessidades dos alunos. 
 
As adaptações de pequeno porte, consideradas não significativas são: 
 
Agrupamentos de aluno em sala de aula, organização didática (conteúdos, objetivos, 
disposição física, mobiliário, organização espaço temporal disponível, priorização de 
área, objetivos que enfatizam capacidades e habilidades básicas, [...] eliminação de 
conteúdos pouco relevantes, métodos mais acessíveis, introdução de atividades 
complementares, atividades alternativas, seqüenciamento das tarefas, uso de recursos 
de apoio, seleção de técnica e instrumento para avaliar o aluno (BRITO, 2005, p. 9). 
 
 
 
Em relação às adaptações de grande porte ou significativas, Brito (2005, p. 9) salienta: 
 
Modificações acentuadas na organização didática, não aplicáveis à totalidade dos 
alunos, quanto a conteúdos, objetivos, métodos, elementos físicos e materiais, tempo 
disponível, introdução de objetos específicos, complementares ou alternativas, 
sistema de comunicação de alunos surdo-cegos, prolongamento de um ou mais anos 
de permanência do aluno, na série ou ciclo, introdução ou substituição de métodos ou 
procedimentos complementares ou alternativos, introdução de recursos de acesso à 
aprendizagem e de processos avaliativos, eliminação de critérios gerais de avaliação, e 
modificação dos critérios de promoção. 
 
O trabalho em sala deve possibilitar a diferenciação partindo de um currículo comum, 
pois através da diferenciação, o planejamento e a metodologia pela qual o currículo é 
trabalhado devem levar em consideração as diferenças e necessidades individuais, 
promovendo oportunidade de participação a todos para que possam evoluir em 
relação ao currículo. 
 
Videoaula 2 
Para continuarmos, assista ao vídeo em que abordaremos a inclusão, planejamento de 
ensino, currículo e diversidade. 
 
REFLEXÕES SOBRE O PLANEJAMENTO DE ENSINO, CURRÍCULO ESCOLAR E 
DIVERSIDADE 
Planejar envolve o desejo de mudança por parte do educador, que deve ter uma 
postura reflexiva, ter clareza sobre suas propostas, e ter o planejamento como 
instrumento de aprimoramento de sua prática. Tradicionalmente, como apontado por 
Vasconcellos (2000), os professores apesar de considerarem a importância do 
planejamento colocam uma série de obstáculos em sua realização, percebendo-o 
apenas como algo burocrático, que é realizado por imposição da equipe pedagógica, 
como ato de preencher papéis. 
 
Contudo, se não houvesse a cobrança, trabalhariam por longo tempo sem realizar 
planejamento, o que nos leva, de maneira geral, a acreditar que esta prática está 
marcada pela descrença dos professores. Os professores precisam ser sensibilizados 
sobre a necessidade de transformação de sua prática pedagógica. 
 
 
 
Para Vasconcellos (2000, p. 79) “o planejamento é uma mediação teórico 
metodológica para a ação, que, em função de tal mediação passa a ser consciente e 
intencional”, a fim de prever e programar as ações e os resultados desejados, caminho 
este, fundamental para a tomada de decisões. 
 
Para planejar temos que ter claro o educando que queremos formar e a escola que 
temos e queremos, ter clareza quanto a nossa concepção de escola e sociedade. 
Implica em uma tomada de decisão, onde precisamos saber o que pretendemos 
(objetivos), o que ensinar? (conteúdos), como ensinar? (metodologia), como verificar 
se os alunos atingiram os objetivos? (avaliação). 
 
É preciso, segundo Gallo (1999), trabalhar de forma interdisciplinar, possibilitar a 
transversalidade curricular e favorecer temas de estudo que partam da realidade dos 
alunos. Planejar conduz a mudanças, pois só podemos ensinar bem, se sabemos onde 
queremos chegar. 
 
A organização do trabalho pedagógico envolve o plano de curso e de aula, deve ser 
estruturada a partir das características de cada aluno e respeitando o seu tempo. As 
metodologias devem priorizar o trabalho em grupo. Dar oportunidades de escolha aos 
alunos em relação aos conteúdos a serem desenvolvidos. Segundo Mantoan (2003, p. 
67): 
A inclusão não prevê a utilização de práticas de ensino escolar específicas para esta ou 
aquela deficiência e/ou dificuldade de aprender. Os alunos aprendem nos seus limites 
e se o ensino for, de fato, de boa qualidade, o professor levará em conta esses limites 
e explorará convenientemente as possibilidades de cada um. 
 
No documento “Educar para a diversidade: material de formação docente” (BRASIL, 
2005, p. 65-66), encontramos algumas reflexões necessárias sobre as práticas 
inclusivas na sala de aula: 
 
a) As aulas atendem à diversidade de necessidades, interesses 
e estilos de aprendizagem dos alunos. 
b) Os conteúdos e as atividades de aprendizagem são 
acessíveis a todos os alunos. 
c) Desenvolve-se um conjunto de atividades que promovam a 
compreensão, a aceitaçãoe a valorização das diferenças. 
 
 
d) Promove-se a participação ativa e responsável dos alunos e 
alunas ao longo de suaaprendizagem. 
e) As atividades estimulam a aprendizagem cooperativa entre 
os alunos. 
f) A avaliação estimula as conquistas de todos os alunos. 
g) A disciplina na sala de aula se baseia no respeito mútuo. 
h) O planejamento, o desenvolvimento e a revisão do ensino 
realizam-se de forma colaborativa. 
i) Os professores incentivam a participação e proporcionam 
apoio à aprendizagem de todos os alunos. 
j) Os profissionais de apoio facilitam a aprendizagem e a 
participação de todos os alunos. 
k) As tarefas e os deveres de casa contribuempara a 
aprendizagem de todos os alunos. 
l) Todos os alunos e alunas participam das atividades fora da 
sala de aula. 
 
A estrutura de uma aula deve ser participativa e conter “o tema da aula (conteúdo 
curricular); o objetivo da aula (o que o estudante deve 
aprender/desenvolver/demonstrar); as atividades (as tarefas que devem ser realizadas 
durante a aula) e as questões para avaliação” (BRASIL, 2005). 
 
Quando o professor elabora seu planejamento, deve fazê-lo de forma reflexiva 
pensando nas possibilidades de seu aluno, e prever adaptações como impressões em 
Braile, audiolivro ou atendimento especializado de um interprete de libras. 
 
O planejamento do professor, de acordo com Weiss e Cruz (2007, p.72) “mais do que 
flexível, deve estar aberto aos desejos, interesses e questionamentos da turma”. A 
motivação é fundamental para que a aprendizagem ocorra. A elaboração do 
planejamento e dos planos ou projetos é um processo de construção que envolve 
análise da realidade, definição de objetivos, seleção dos conteúdos, procedimentos 
metodológicos, recursos de ensino e avaliação. 
 
 
 O Conhecimento da Realidade 
 
 
 
Para planejarmos precisamos conhecer a realidade do nosso aluno, e partir de onde 
está em termos de conhecimento, o que é essencial para trabalhar em função do aluno 
real, verificar interesses, necessidades e possibilidades, combatendo rótulos e 
preconceitos (VASCONCELLOS, 2000). 
 
Precisamos identificar quem é o aluno, de onde vem, como é a sua vida, seu nível 
sócio-econômico-cultural; as condições maturacionais, as características essenciais de 
sua faixa etária, o seu nível de desenvolvimento e os seus pré-requisitos. 
 
Em relação aos alunos especiais, precisamos conhecer sua história de vida, para que 
possamos realizar um trabalho com o apoio da família, com orientação de 
profissionais, como psicólogos, professor de salas de recursos, fisioterapeutas, 
psicopedagogas, fonoaudiólogos, neurologistas, e outros, caso a criança já tenha 
algum atendimento. É importante solicitar relatórios e avaliações, para fornecer 
subsídios para o acompanhamento. 
 
Ao nos depararmos com a inclusão em nossa sala regular, precisamos buscar 
informações sobre em que consiste a deficiência, suas características e as necessidades 
educativas a ela relacionadas. Conhecendo o diagnóstico será possível a busca de 
metodologias e procedimentos de ensino que possibilitem o seu desenvolvimento. Os 
alunos da sala inclusiva devem ser orientados sobre a deficiência e a convivência 
harmoniosa que promova o respeito à diversidade. 
 
 
 A Delimitação dos Objetivos 
 
Partindo da realidade dos alunos, o professor procederá à definição dos objetivos de 
ensino, que correspondem às finalidades educativas, revela a intencionalidade, o que 
contribui para uma estratégia adequada de ação. Para Vasconcellos (2000, p. 112), 
“estabelecer objetivos é ter a habilidade de dialogar, de perscrutar o mundo, 
descobrir-lhe o sentido e devolver à comunidade orgânica, como um convite, um 
desafio”. 
 
De acordo com Libâneo (1994 apud SILVA, 2006) o professor deve ter clareza de suas 
finalidades ao determinar os objetivos e apresentar o conteúdo através de métodos 
sistematizados, dessa forma: 
 
 
 
O professor propõe objetivos, conteúdos, tendo em conta as características dos alunos 
e de sua prática de vida. Os alunos por sua vez, dispõem em seu organismo físico-
psicológico de meios internos de assimilação ativa [...] percepção, motivação, 
compreensão, memória, atenção, atitudes e conhecimentos disponíveis. 
 
O professor, conhecendo sua realidade, pode eliminar objetivos que não possa ser 
atingido, devido a deficiência apresentada pelo aluno e substituir por objetivos e 
conteúdos que possam ter acesso. 
 
 A Seleção dos Conteúdos 
 
Em diversos documentos oficiais, encontramos a indicação de que o conteúdo 
curricular deve ser o mesmo para a classe toda. O conteúdo deve ser contextualizado. 
Contextualizar significa ajudar a estabelecer relações entre antigos e novos 
conhecimentosonde o professor pode contribuir para a estimulação de diversas áreas 
cerebrais através de atividades que possuam som, imagens, movimentos, que 
conduzam o aluno à reflexão e que possam despertar sentimentos. Dessa forma, os 
conteúdos devem ser significativos, voltados à realidade dos alunos e atender suas 
necessidades e seus objetivos (WEISS; CRUZ, 2007). 
 
 A Questão das Metodologias 
 
As metodologias correspondem ao caminho a ser percorrido na construção de um 
conhecimento, encaminhamento da intervenção na realidade. As atividades para 
envolver a sala como um todo, precisam ser diversificadas, “abordadas por diferentes 
níveis de compreensão, de conhecimento e de desempenho dos alunos” (BRASIL, 
2004). 
 
É importante que todos tenham um objetivo comum, onde cada um colabora de 
acordo com suas capacidades. Os grupos precisam ser organizados de forma 
heterogênea, podendo associar atividades individuais e cooperativas, o que 
corresponde aos métodos mais eficientes. 
 
As aulas expositivas podem ser ministradas da mesma forma, caso tenha um aluno 
deficiente visual, por exemplo, deve aprimorar a aula para que se torne mais descritiva 
 
 
e concreta. Deve “possibilitar que o aluno cego manipule objetos e materiais que 
sejam os mais próximos possíveis do real e que facilitem a compreensão e, 
consequentemente, sua participação nas atividades” (SILVA, 2006). 
 
As atividades selecionadas devem atender alguns critérios: 
 
Que sejam coerentes com as exigências da organização do conteúdo; 
Que correspondam ao nível de assimilação e estruturação das informações do aluno; 
Que se adaptem aos canais de recepção de informações preferenciais: auditivo, visual, 
tátil, etc. 
Que sejam adequadas ao seu estilo de aprendizagem; 
Que sejam ligadas às experiências, interesses e motivações dos alunos; 
Que promovam novos processos do conhecimento (MARTINS, 2003 apud SILVA, 2006, 
p. 153). 
 
Um bom caminho para atender as diferenças individuais é o trabalho com projetos, 
que poderá ser desenvolvido em sala e contar com a previsão de atividades individuais 
e coletivas. Quando trabalhamos em pequenos grupos, o professor terá oportunidade 
de dar um atendimento adequado que venha de encontro às necessidades e interesses 
dos alunos. 
 
É necessário que os alunos participem ativamente de todas as etapas, desde o 
levantamento das questões a serem pesquisadas até a avaliação do processo, 
analisando os objetivos alcançados e identificando os temas que precisam ser mais 
pesquisados (WEISS; CRUZ, 2007, p. 72). 
 
A Didática organiza o trabalho com os alunos que apresentam necessidades 
educacionais especiais. Em relação às estratégias de ensino precisamos considerar as 
necessidades apresentadas pelos alunos. Em relação aos alunos com deficiência 
mental, precisamos considerar: “o ritmo, os níveis de abstração e os alcances possíveis 
da aprendizagem” (BEYER, 2005). 
 
Necessitamos de estratégias de ensino mais eficazes que possam contribuir para a 
adaptação social do aluno com deficiência, contribuindo com a superação das 
dificuldades decorrentes do dia a dia. Houve uma mudança de paradigma, onde o 
 
 
deficiente é visto como alguém que pode aprender, sendo que o meio deve 
proporcionar as condições necessárias, para a participação nas atividades escolares. 
 
O trabalho precisa ser realizado em parceria, colocando o aluno com necessidades 
educacionais especiais, com colegas que possam atuar como monitores e colaborar na 
aprendizagem dos colegas. Atividades complementares poderão ser inseridas para 
alcançarem os objetivos comuns aos demais colegas. 
 
Essas atividades podem realizar-se na própria sala de aula, na sala de recursos ou por 
meio de atenção de um professor itinerante, devendo ser implementadas de forma 
conjunta com os professores regentesdas diversas áreas, com as famílias ou colegas. 
Eliminar atividades que não beneficiam o aluno, ou que lhe restrinjam a participação 
ativa e real no processo de ensino e aprendizagem. Eliminar atividades que o aluno 
esteja impossibilitado de executar (BRASIL, 2003, p. 177). 
 
 
A Seleção dos Recursos 
Correspondem aos meios viabilizadores dos métodos e das técnicas, contribuem com 
uma aula mais atrativa, que desperta os interesses e reforça pontos importantes 
(CONSOLARO, 2002). 
 
Devem ser utilizados tendo como critério de escolha a criatividade do professor e 
possibilidades da escola. É fundamental que os educandos disponham de recursos 
básicos que lhes permitam acesso ao currículo comum (SILVA, 2006). 
 
A utilização de recursos tecnológicos pode ser de grande valia no processo ensino e 
aprendizagem e: 
 
[...] além de contextualizar a própria escola em seu tempo, pode ajudar os alunos a 
superar dificuldades, desde que façam parte de um conjunto de procedimentos e 
recursos didáticos, inseridos em um planejamento voltado para as necessidades de 
cada aluno (WEISS; CRUZ, 2007, p. 74). 
 
A Avaliação da Aprendizagem 
 
 
O conceito de avaliação da aprendizagem está relacionado a uma concepção 
pedagógica e demonstra a atitude do professor em relação a sua sala de aula. É 
importante usá-la para promover a construção do conhecimento, possibilitando o 
levantamento dos avanços e dificuldades dos alunos e levar o professor ao re-
planejamento de seu trabalho docente. A avaliação deve acompanhar a evolução do 
aluno, suas competências, habilidades e conhecimentos (BRASIL, 2004). 
 
O ensino precisa ser encarado pelo professor como um processo de ajuda e de 
direcionamento da aprendizagem, provocar desafios que conduzam o aluno a 
transformação do conhecimento. 
 
Dessa forma, o professor deve selecionar cuidadosamente instrumentos de avaliação. 
As dificuldades, deficiências e limitações precisam ser reconhecidas, mas não devem 
conduzir ou restringir o processo de ensino, como habitualmente acontece. Podemos 
utilizar uma série de práticas avaliativas que possibilitem a construção do 
conhecimento, no sentido de ajustar a aprendizagem do aluno (BRASIL, 2004). 
 
A avaliação na escola inclusiva deve acompanhar o percurso de cada aluno, buscando 
resolver problemas, onde o projeto pedagógico precisa ser reestruturado, atendendo 
as especificidades de cada educando. 
 
Não se pode mais categorizar o desempenho escolara partir de instrumentos e 
medidas arbitrariamente estabelecidos pela escola. Esse modo deavaliar tem sido a 
grande sustentação dos que defendem o ensino escolar dividido em especiale regular, 
pois é com base nessas avaliações, entre outras, que um aluno é considerado aptoou 
não a frequentar uma dessas modalidades de ensino (BRASIL, 2004, p. 28). 
 
 
Avaliação dos alunos 
Tem por objetivo identificar a aprendizagem dos alunos em relação às diversas áreas 
do currículo. Verificar a ajuda e os recursos necessários para os alunos que apresentam 
necessidades educacionais especiais. “A avaliação deve ser ampla e equilibrada, 
considerando tanto as potencialidades e aptidões do aluno quanto suas dificuldades” 
(BRASIL, 2005). 
 
Avaliação da aula como contexto de desenvolvimento e aprendizagem. 
 
 
 
Levantamento dos fatores que contribuem ou facilitam a aprendizagem dos alunos: 
 
 Aspectos físicos e ambientais: acessibilidade, 
iluminação, nível de ruído, distribuição de espaço, etc; 
 Ambiente da sala de aula ou aspectos interativos: 
atitudes e expectativas dos docentes, relações professor 
(a)e(a)s/ aluno(a)s, relações entre os aluno(a)s etc; 
 Prática pedagógica: estratégias metodológicas, 
programação, procedimentos de avaliação, tipos de 
apoio etc (BRASIL, 2005; p. 184). 
 
 
Procedimentos de avaliação 
 
A avaliação da aprendizagem na escola inclusiva deve acontecer através de diversas 
técnicas e instrumentos avaliativos. A observação precisa ser enfatizada, para fins de 
avaliação processual, como acompanhamento e instrumento de tomada de decisão. 
Por meio dela, podemos aprimorar nosso planejamento, definindo conteúdos, 
estratégias de apoio, recursos. Deve verificar se os objetivos foram atingidos, 
identificar problemas na relação ensino e aprendizagem e verificar possíveis 
direcionamentos (BRASIL, 2003). 
 
Dessa forma “tal processo favorece ao professor, que detém a responsabilidade do 
ensinar, a identificação das necessidades do aluno e das direções às quais deve 
encaminhar as mudanças de sua ação pedagógica” (BRASIL, 2003). 
 
O professor precisa ser um pesquisador, para orientar sua prática em função dos 
dados levantados e não praticar uma avaliação quantitativa e classificatória, o que 
geraria um processo de exclusão para os alunos que apresentam desempenho 
insuficiente. 
 
O essencial é manter um diálogo constante com o aluno, identificar seu nível de 
desenvolvimento e pré-requisitos. Critérios de avaliação que dificultem o alcance dos 
objetivos educacionais pelos alunos com necessidades educacionais especiais devem 
 
 
ser eliminados. Através da avaliação contínua, podemos conhecer melhor nossos 
alunos e dar um atendimento especializado. 
 
Registros 
O professor deve adotar o procedimento de registrar aspectos relevantes, 
comportamentos de alunos que chamaram sua atenção, observações sobre o 
desempenho de alunos e outros. Registrar o resultado de suas ações sobre a 
aprendizagem de seus alunos, estratégias utilizadas. 
 
Cabe ressaltar que para complementar a observação, é importante analisar os 
trabalhos e produções desenvolvidos pelos alunos, erros freqüentes, tendo como 
parâmetro a sua evolução no processo. 
 
O PROJETO DE ESCOLA E CURRÍCULO ESCOLAR: ELEMENTOS ARTICULADORES DO 
TRABALHO COLETIVO NA ESCOLA INCLUSIVA 
 
O Projeto político-pedagógico envolve a organização do trabalho na escola, o que 
supõe reflexão e discussão crítica, o qual deve ter a diversidade como eixo central e 
dessa forma, contribuir para a efetivação de nossas práticas inclusivas. 
 
Tem como princípio orientador a aprendizagem de qualidade para todos os alunos, 
pressupõe uma concepção de sociedade justa e democrática, e o trabalho coletivo 
deve possibilitar uma mudança cultural da escola, onde devemos compartilhar de 
objetivos e estratégias traçadas no coletivo. 
 
A inclusão é uma atitude, uma convicção, uma proposta político-pedagógica, um 
desejo de mudanças nos paradigmas educacionais e de convívio social e político, é 
uma vontade profunda de respeitar e reconhecer as diferenças humanas, propondo 
uma noção de igualdade sem homogeneização ou massificação (ANDRADE, 2000, p.2). 
 
Trabalhando com o grupo de professores, a equipe pedagógica deve superar a idéia de 
educação igualitária e caminhar com o coletivo na construção de uma escola para 
todos. O principal objetivo do projeto político-pedagógico inclusivo é a melhoria das 
escolas, e da aprendizagem, contanto com a participação de todos. 
 
 
 
O processo envolve tomada coletiva de decisões e planejamento das práticas 
inclusivas. Discutir sobre adaptações curriculares viabilizando recursos e 
oportunidades de aprendizagem, que sejam igualitárias. 
 
Coma efetivação do projeto político-pedagógico, podemos progredir em relação as 
nossas práticas inclusivas e possibilitar a valorização da diversidade, gerando 
expectativas nos professores em relação as capacidades dos nossos alunos. 
 
O projeto deve ser comprometido com as diferenças, focando a participação coletiva e 
eliminando o individualismo, gerando solidariedade. O projeto da escola tem a 
dimensão pedagógica diante da sua finalidade de formar este cidadão crítico, como foi 
exposto e sua dimensão política pressupõe uma formação voltada para um 
determinado tipo de sociedade. 
 
É necessário garantir na escola formas de estimular a participação de todos, 
possibilitandotransparência nas decisões, através de um processo de gestão 
democrática, o que envolve na escola: eleição para escolha de diretores e 
representantes de turma, colegiados com representações de pais e alunos, associação 
de pais e mestres, grêmio estudantil, planejamento e avaliação continuada. 
 
O projeto pedagógico da escola deverá conter componentes estruturais e conceituais 
fundamentados, que servirão de parâmetros para o trabalho educativo da instituição. 
Exige mudança de postura, onde a comunidade escolar passa a ser gestora da escola. 
 
A gestão democrática é um caminho para o aprendizado da democracia, onde a 
participação vai permitir um conhecimento maior sobre o funcionamento da escola, o 
que gera um conhecimento mútuo. A busca por uma escola autônoma, que pratique a 
gestão democrática tem encontrado diversas barreiras de cunho: ideológico, 
pedagógico, administrativo e financeiro. 
 
Um novo modelo precisa ser construído, adaptado às características locais pelas 
próprias comunidades. Construir um novo projeto de escola exige rever: legislação, 
currículos, programas, histórico da escola, mudança de postura da direção, para 
envolver todos os seguimentos da comunidade escolar. 
 
Através do trabalho coletivo, podemos encontrar mecanismos para o professor, 
ferramentas, instrumentos e conhecimentos para atender a diversidade.Investir no 
 
 
processo de formação de professores é fundamental para a implementação dos 
programas inclusivos, reforçando as habilidades e competências dos professores que já 
atuam. 
 
Trabalhar com a inclusão pode ser tarefa fácil, desde que os professores possam 
admitir preconceitos, mesmo que os mesmos estejam escondidos atrás de boas 
intenções. A escola deve ser o lócus de formação continuada dos professores, para que 
possamos partir de uma leitura crítica da realidade e caminhar para uma 
transformação. 
 
Videoaula 3 
Para finalizarmos, assista ao vídeo que apresenta a relação entre currículo, escola e 
inclusão. 
 
 
 
 
 
Aula 2 Diversidade Étnico Racial E Currículo 
Videoaula 1 
Para iniciarmos, assista ao vídeo em que serão ressaltados os principais pontos 
abordados nesta aula. 
A escola, por meio do desenvolvimento de um currículo multicultural, assume a 
diversidade e encontra suporte para lutar contra as manifestações de discriminação e 
preconceito. Assim, pode contribuir para a construção de uma sociedade mais justa e 
igualitária, pois o currículo compreende saberes e significados culturais que se 
entrecruzam com visões de mundo e sociedade. 
É necessário verificar as questões raciais e étnicas e os sentidos que representam. “O 
currículo está centralmente envolvido naquilo que somos, naquilo que nos tornamos, 
naquilo que nos tornaremos. O currículo produz, o currículo nos produz” (SILVA, 2010). 
Ao abordar questões raciais na escola, alguns conceitos podem ser analisados, como: 
identidade, etnia, racismo, preconceito racial e discriminação racial, desenvolvendo 
atitudes de valorização da cultura negra, o que: 
[...] implica justiça e iguais direitos sociais, civis, culturais e econômicos, bem como a 
valorização da diversidade daquilo que distingue os negros de outros grupos que 
compõem a população brasileira [...] requer também que se conheça a sua história e 
cultura apresentadas, explicadas, buscando-se explicitamente desconstruir o mito da 
democracia racial na sociedade brasileira [...] requer adoção de políticas educacionais 
a fim de superar a desigualdade étnico-racial presente na educação escolar brasileira 
(BRASIL, 2005, p.3). 
 
O currículo com foco na diversidade social e cultural possibilita criar ações práticas 
com foco na construção da identidade, a fim de que possam valorizar a diversidade 
social e cultural, construindo a escola democrática. 
 
Na escola algumas discussões tornam-se relevantes, como o trabalho com a África e 
africanos e o contexto histórico do movimento negro, marcado por luta, a Lei n° 
10.639/03 que modificou a Lei das Diretrizes e Bases da Educação Nacional, tornando 
obrigatório nas escolas o estudo da História e Cultura Afro-Brasileira no ensino 
fundamental e médio da rede pública e privada. 
 
A sociedade é plural e contempla a diversidade cultural. É desejável oferecer posição 
de destaque as tradições africanas, abordando o negro na formação da sociedade 
brasileira, resgatando sua identidade e buscando a preservação de sua cultura e a 
 
 
reparação dos danos históricos e, assim, construir a democracia, trabalhando a 
diversidade de maneira contextualizada. 
 
A Lei n. 10.639/2003 pode ser considerada um ponto de chegada de uma luta histórica 
da população negra para se ver retratada com o mesmo valor dos outros povos que 
para aqui vieram, e um ponto de partida para uma mudança social. 
 
Na política educacional, a implementação da Lei n. 10.639/2003 significa ruptura 
profunda com um tipo de postura pedagógica que não reconhece as diferenças 
resultantes do nosso processo de formação nacional. Para além do impacto positivo 
junto à população negra, essa lei deve ser encarada como desafio fundamental do 
conjunto das políticas que visam a melhoria da qualidade da educação brasileira para 
todos e todas. 
 
O termo diversidade nas propostas curriculares se molda em uma visão de educação 
para todos, com foco nas camadas populares e a inclusão de atitudes afirmativas, 
reafirmando o direito de todos a uma educação de qualidade e universalização do 
ensino público. No entanto, se faz necessário: 
Descolonizar os currículos é mais um desafio para a educação escolar. Muito já 
denunciamos sobre a rigidez das grades curriculares, o empobrecimento do caráter 
conteudista dos currículos, a necessidade de diálogo entre escola, currículo e realidade 
social, a necessidade de formar professores e professoras reflexivos e sobre as culturas 
negadas e silenciadas nos currículos. (GOMES, 2012, p.102). 
 
Descolonizar os currículos é buscar uma proposta emancipadora, questionando 
relações de poder, direitos e privilégios. Assim, é necessário diminuir a inflexibilidade 
curricular, modificando currículos conteudistas, promovendo um diálogo maior com a 
realidade social. 
 
Nesse contexto, questionar o papel da escola e os desafios impostos a ela é 
fundamental, realizando: 
[...] uma análise que nos permita avançar ou compreender de maneira mais profunda 
esse momento da educação brasileira não pode prescindir de uma leitura atenta que 
articule as duras condições materiais de existência vivida pelos sujeitos sociais às 
dinâmicas culturais, identitárias e políticas. É nesse contexto que se encontra a 
demanda curricular de introdução obrigatória do ensino de História da África e das 
culturas afro-brasileiras nas escolas da educação básica. Ela exige mudança de práticas 
e descolonização dos currículos da educação básica e superior em relação à África e 
 
 
aos afro-brasileiros. Mudanças de representação e de práticas. Exige questionamento 
dos lugares de poder. Indaga a relação entre direitos e privilégios arraigada em nossa 
cultura política e educacional, em nossas escolas e na própria universidade. (GOMES, 
2012, p.100). 
 
Toda mudança contempla o compromisso com a efetivação de um currículo com foco 
na diversidade étnico-racial, garantindo a aplicabilidade da lei nº 10.639/03. Cabe 
ressaltar que a Lei nº 10.639/03 foi alterada em 2008, pela Lei nº 11.645/08, 
redirecionando o tema para “História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena”. 
 
RELAÇÔES DE GÊNERO E CURRÍCULO 
Videoaula 2 
Para continuarmos, assista ao vídeo sobre Relações de Gênero e Currículo. 
 
O currículo escolar é elemento que possibilita ao professor a elaboração do seu 
planejamento, norteando sua ação, contribuindo para práticas menos conservadoras, 
o currículo é resultado de um processo de seleção. Para Scott, (1991), o gênero 
corresponde a uma categoriade análise, uma categoria de pensamento, elemento 
constitutivo das relações sociais baseadas nas diferenças percebidas entre os sexos. 
 
É uma forma primária onde através do qual o poder é articulado. Torna-se relevante 
estudar a questão de gênero em termos de igualdade de oportunidades em relação à 
profissionalização. Historicamente acompanhou-se a discriminação e os preconceitos 
nas práticas sociais que envolvem questões de sexo e gênero. 
 
A educação está em constante processo de revisão, o compromisso está na luta contra 
as desigualdades sociais, contra estereótipos que são construídos, buscando a 
igualdade entre os sexos, construindo a equidade em relação ao gênero. 
 
Novos pontos de discussão foram inseridos com a pedagogia feminista em relação às 
desigualdades, assim, abordar gênero e sexualidade nas propostas curriculares é uma 
questão presente desde a educação infantil. Trata-se de pensar em uma proposta 
inovadora. A (s) sexualidade (s) e o gênero estão, mais do que nunca, no centro dos 
discursos; estão a deixar o silêncio e o segredo e, por bem ou por mal, estão a 
provocar ruído, a fazer barulho e a fazer falar. 
 
 
 
É necessário promover a discussão sobre diferença e identidade na escola a fim de 
reconstruir saberes sobre gênero e sexualidade dos educandos, promovendo o debate, 
possibilitando, assim, a junção entre cognição e corpo, e o desvelamento das 
identidades femininas e masculinas. 
 
O ensino, no entanto, precisa ser encarado pelo professor como um processo de 
direcionamento da aprendizagem, respeitando a diversidade de identidades de gênero 
e deve, ainda, provocar desafios que conduzam o aluno à transformação do 
conhecimento. Para Silva (2000), a diferença não é uma característica natural: ela é 
discursivamente produzida, é necessário fomentar novos comportamentos estimulado 
o bom relacionamento entre os sexos. 
 
Muitos profissionais enfrentam dificuldades em relação ao tempo/espaço para realizar 
mudanças em suas propostas curriculares, mas isso pode significar falta de 
compromisso com a mudança. A sala de aula é espaço interativo, marcado pela troca 
de saberes e experiências e a renovação da prática pedagógica e tem uma missão 
importante em relação à promoção da igualdade de gênero. 
 
Envereda-se, portanto, por novos paradigmas, estabelecendo inusitados elementos da 
cultura, permitindo ampliar formas de interação, com aulas mais produtivas e 
colaborativas, possibilitando trocas contínuas, vencendo obstáculos diante do novo, 
por meio da adoção de novas concepções em relação ao gênero, a formação humana e 
a educação como direito de todos, independentemente de questões sexuais. 
 
Desenvolvendo estudos sobre a equidade de gênero, aguça-se o debate sobre o acesso 
igualitário aos direitos, abordando temas como a violência contra as mulheres, enfim, 
a igualdade entre os sexos. 
VISÃO HOLÍSTICA 
Videoaula 3 
Para finalizarmos, assista ao vídeo que apresenta a visão holística. 
A visão holística trata-se de uma proposta que coloca nas mãos do professor a missão 
de “ultrapassar a reprodução para a produção do conhecimento [buscando] opções 
metodológicas que caracterizem uma ação docente compatível com as exigências e 
necessidades do mundo moderno” (BEHRENS, 2010). 
 
Em tal perspectiva, é importante que o docente reflita sobre a finalidade da sua ação 
educativa, reconhecendo as potencialidades de seus alunos. 
 
 
 
Nesta abordagem sistêmica, o aluno é visto como ser complexo e competente, mas, 
para que se atinjam os objetivos, é necessário haver o respeito entre as pessoas e o 
estabelecimento de um trabalho compartilhado. Com a globalização os pressupostos 
de informação foram ampliados, e os alunos podem acessar com independência o 
universo da rede de informação (BEHRENS, 2010). 
 
A educação holística está associada a um movimento de ruptura de movimentos 
sociais contrários a uma visão racionalista da vida, os quais se apoiam em valores 
universais, transcendentais, ontológicos do Ser, pois o homem se constrói pela razão, 
emoção, cognição, intuição, corpo, mente e espírito (AZENHA, MARQUEZAN, 2000). 
 
A educação holística, portanto, visa: 
[...] desenvolver as potencialidades do ser humano, estimulando-o a aprender a 
aprender, buscar a sua integração total, unificando razão, sensação, sentimento e 
intuição (lado esquerdo e direito do cérebro), despertar uma consciência que 
transcenda ao eu individual para o eu transpessoal (espiritualidade cósmica: pessoal, 
comunitária, social, planetária), num compromisso ético de respeito à diversidade, de 
diálogo com as diferenças, buscando o consenso democrático, é o grande propósito da 
educação holística (AZENHA; MARQUEZAN, 2000, p.3). 
 
Na proposta da avaliação da aprendizagem da abordagem sistêmica, o aluno é 
respeitado em relação aos seus limites e o professor é estimulado a promover seu 
crescimento e acompanhar sua evolução. 
 
Cabe a este professor aceitar as diferenças que encontra em sala e realizar uma 
avaliação processual, percebendo o erro como algo que faz parte do processo ensino-
aprendizagem, desafiando sempre o aluno a ir em busca do conhecimento. 
 
Assim, como professor pesquisador, assume a responsabilidade de ajudar a construir 
um mundo melhor e de instigar seus alunos para utilizarem seus conhecimentos numa 
melhor qualidade de vida para si mesmo e para todos (BEHRENS, 2010). 
 
Em uma abordagem sistêmica, é necessário desenvolver o sentido grupal, o 
compromisso e a responsabilidade. De acordo com a visão holística: 
 
 
[...] o educador é um mediador, aprende com o aluno, e o estimula através do próprio 
exemplo, com práticas coerentes, atua a partir da totalidade, do encontro com o 
educando, deve possuir, portanto, algumas características: inclusividade (nada é 
insignificante), espaço interior (meditativo, reflexivo, deve livrar-se do excesso, das 
verdades absolutas, esvaziar-se significa caminhar livremente, estar aberto para a 
vida), flexibilidade, plena atenção, humor, talento, paciência, humildade, 
disponibilidade, responsabilidade, compromisso, respeito (AZENHA, MARQUEZAN, 
2000, p.1). 
 
A sociedade do conhecimento pressupõe aprendizagem contínua e, em um ambiente 
colaborativo, o aluno é visto como sujeito que faz escolhas. Precisamos da educação 
ao longo da vida para termos essa possibilidade de escolha. Mas precisamos dela ainda 
mais para preservar as condições que tornam essa escolha possível e a colocam a 
nosso alcance (BAUMAN, 2007, p. 167). 
 
Bauman (2002), ao caracterizar a sociedade contemporânea como líquida, aponta que 
o processo de escolarização é caracterizado ainda no formato moderno sólido, afirma 
que “[...] o axioma do mundo como a referência de estrutura imutável para a 
aprendizagem, o único guia confiável para as atividades de aprendizagem é juiz 
supremo e incorruptível dos efeitos da aprendizagem” (BAUMAN, 2002). 
 
Defende, assim, a passagem da modernidade sólida à modernidade líquida, ou seja, da 
modernidade para a pós-modernidade. Tal mudança compreende ver o aluno como 
um ser que questiona sua própria realidade, o conhecimento, os impactos dos avanços 
tecnológicos, o processo de instabilidade e a produção do conhecimento em rede. 
 
Assim, novos desafios tornam-se emergentes, haja vista o fato de que a cultura digital 
promove processos de transformação internos, cujas novas concepções e valores são 
incorporados e o uso da tecnologia exerce um importante papel nesse processo. 
 
Tal posição e perspectiva pode tornar possível a transformação da escola em um 
espaço de desenvolvimento profissional, além de favorecer a mudança das práticas 
pedagógicas, ao instigarem o professor a ser produtor de conhecimentos, conferindo 
significados às suas experiências. As ações pessoal e profissional não são apenas de 
origem individual, mas coletivas. 
 
 
 
 
EncerramentoA Didática utilizada pelo professor que trabalha com a inclusão tem fundamental importância 
diante dos processos de ensino e aprendizagem, principalmente as estratégias de ensino que 
possibilitam as adaptações curriculares e atendem a diversidade em relação aos níveis de 
abstração e o ritmo de cada aluno. 
É preciso repensar nossas ações cotidianas e buscar metodologias interativas que possibilite 
uma aprendizagem adequada. Precisamos discutir o planejamento de forma coletiva, e 
retomar as discussões através de reuniões pedagógicas, avaliando, modificando, resgatando a 
necessidade de sua elaboração, para garantir práticas inclusivas, transformando as condições 
de trabalho. 
O currículo escolar se materializa em práticas pedagógicas permeadas por objetivos 
educacionais e envolve uma riqueza de significados. E para que as dinâmicas das relações 
étnico-raciais se efetivem, é necessário refletir sobre o saber fazer dos professores e buscar 
sua implementação por meio de um processo de formação continuada. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Esperamos que este guia o tenha ajudado compreender a organização e o 
funcionamento de seu curso. Outras questões importantes relacionadas 
ao curso serão disponibilizadas pela coordenação. 
Grande abraço e sucesso! 
Esperamos que este guia o tenha ajudado compreender a organização e o 
funcionamento de seu curso. Outras questões importantes relacionadas ao curso 
serão disponibilizadas pela coordenação. 
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