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ESCOLA SUPERIOR DA AMAZÔNIA CUROS DE BACHARELADO EM FARMÁCIA TUTORIA DE HEMATOLOGIA PROFª NATASHA GALUCIO TUTORIA DE HEMATOLOGIA Wellen Cristina da Silva Nascimento BELÉM - PA 2020 ESCOLA SUPERIOR DA AMAZÔNIA CUROS DE BACHARELADO EM FARMÁCIA TUTORIA DE HEMATOLOGIA PROFª NATASHA GALUCIO TUTORIA DE HEMATOLOGIA Nome: Wellen Cristina da Silva Nascimento Matrícula: 190872 Turma: FAR9NC BELÉM - PA 2020 TUTORIA DE HEMATOLOGIA ATIVIDADE – Elabore um resumo, de duas laudas, sobre o uso de heparinas no tratamento do paciente com Covid-19. Estudos recentes têm observado a presença de alteração no sistema de coagulação, linfopenia e aumento de citocinas pró-inflamatórias, particularmente a interleucina-6 (IL-6), em quadros graves de infecção por SARS-CoV-2 (CHEN 2020; HUANG 2020; LI 2020; TANG 2020; WAN 2020). O efeito potencial de alguns medicamentos no controle da coagulopatias, como a coagulação intravascular disseminada, e na redução da tempestade de citocinas em pacientes com COVID19 tem sido investigado A coagulopatia na infecção por SARS-Cov-2 está associada à alta mortalidade, sendo a elevação do D-dímero considerado um importante marcador deste estado de hipercoagulabilidade93. Inflamação pulmonar grave e dificuldade de troca gasosa na COVID-19 tem sido sugerido de se relacionar com a superregulação de citocinas pró-inflamatórias, sendo a elevação do D-dímero um reflexo da inflamação intensa, estimulando a fibrinólise intrínseca nos pulmões (CAMPRUBI,2020). Baseado no modelo de relação immunotrombótica, o bloqueio da trombina pela heparina pode reduzir a resposta inflamatória. Assim, uma das propriedades da heparina é sua função anti-inflamatória por meio da ligação às citocinas, inibição da quimiotaxia dos neutrófilos e migração leucocitária, neutralização do fator complemento C5a e sequestro de proteínas na fase aguda (TANG,2020). A Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) é um das complicações mais comuns na COVID-19, com elevadas concentrações plasmáticas do fator tissular e inibidor de ativador do plasminogênio-1 (PAI-1), o que contribui para a coagulopatia pulmonar por meio da produção de trombina mediada pelo fator tissular e diminuição da fibrinólise mediada pelo ativador de plasminogênio broncoalveolar, através do aumento PAI-1 (ANDERSON,2019). Tratamento com heparina pode auxiliar na mitigação da coagulopatia pulmonar. Outra propriedade da heparina está na ação antagonista às histonas, liberadas a partir da disfunção endotelial provocada pela invasão do microrganismo patogênico, com redução do edema e lesão vascular pulmonar secundário à injuria produzida por lipopolissacarídeos. A heparina pode ter impacto na disfunção da microcirculação e reduzir danos ao órgãos-alvo, demonstrando redução da inflamação miocárdica e depósito de colágeno em modelo animal de miocardite. Este efeito da heparina está sob investigação em pacientes COVID-19 (TANG,2020). Outro conceito é a propriedade antiviral da heparina, estudada em modelos experimentais, através da sua natureza polianiônica, ligando-se a várias proteínas e inibindo a adesão viral. Estudo in vitro tem demonstrado que o receptor de ligação à proteína S-1 do SARS- Cov-2 interage com a heparina; porém o benefício clínico está por ser determinado. Assim, vários são os mecanismos pelos quais a heparina pode ser benéfica para o tratamento COVID-19, a depender ainda de resultados de novos estudos clínicos, incluindo definição de dose correta da heparina de baixo peso molecular (HBPM), para as quais doses profiláticas podem ser adequadas para muitos pacientes, embora inapropriadas para pacientes com elevado IMC95. Estudo retrospectivo com 449 pacientes COVID-19 graves, dos quais 99 (22%) receberam heparina, observou-se menor mortalidade em 28 dias nos pacientes com escore de sepse SIC ≥4, e 20% menor mortalidade se D- dímero >3,0 ug/ml96. Ainda, estudo experimental com objetivo de avaliar efeito de nebulização com anti-trombina (AT) associada ou não à heparina, em um modelo animal de lesão pulmonar, mostrou redução da lesão pulmonar mediada por fatores de coagulação (KLOK,2020). O painel de recomendações entendeu que não há indicação de heparinas em doses terapêuticas (ex. enoxaparina 1mg/kg subcutânea [SC] a cada 12 horas) para o tratamento da COVID-19. O raciocínio é análogo para outros anticoagulantes. Anticoagulação está associada a um risco aumentado de eventos hemorrágicos e deve ser reservada para pacientes indicações para tal (ex. fibrilação atrial, tromboembolismo pulmonar, trombose venosa profunda, entre outras), seguindo protocolos relacionados. Pacientes com COVID-19 parecem possuir risco aumentado de eventos tromboembólicos e a equipe assistencial deve atentar para o desenvolvimento de sinais e sintomas. Pacientes hospitalizados por COVID-19 devem receber profilaxia de tromboembolismo conforme estratificação de risco de acordo com protocolos hospitalares locais. Contudo, pode- se estender o uso doses profiláticas para todos os pacientes com COVID-19 uma vez que alguns pacientes com infecção pelo SARS-CoV-2 parecem apresentar estado de hipercoagulabilidade, sendo observado alta taxa de eventos tromboembólicos em estudos clínicos observacionais e post mortem (CARSANA,2020). Podem ser utilizadas, por exemplo, a enoxaparina 40 a 60mg SC 1x/dia ou a heparina não fracionada 5.000UI SC 2 a 3x/dia. Apesar da evidência para a profilaxia farmacológica no contexto do COVID-19 ser limitada, a intervenção é de baixo custo e bem tolerada, com potencial de evitar eventos de elevada importância clínica. Heparina não deve ser utilizada no caso de contraindicações (ex. alto risco de sangramento, sangramento ativo, plaquetopenia grave; HBPM deve ser utilizada com cautela em pacientes com disfunção renal (SHI,2020). REFERÊNCIAS TANG, N. et al. Anticoagulant treatment is associated with decreased mortality in severe coronavirus disease 2019 patients with coagulopathy. J. Thromb. Haemost. (2020). doi:10.1111/jth.14817 97. CAMPRUBI-RIMBLAS, M. et al. Effects of nebulized antithrombin and heparin on inflammatory and coagulation alterations in an acute lung injury model in rats. J. Thromb. Haemost. 18, 571–583 (2020); SHI C, WANG C, WANG H, et al. The potential of low molecular weight heparin to mitigate cytokine storm in severe COVID-19 patients: a retrospective clinical study. medRxiv. 2020:2020.2003.2028.20046144. CARSANA L, SONZOGNI A, NASR A, et al. Pulmonary post-mortem findings in a large series of COVID-19 cases from Northern Italy. medRxiv. 2020:2020.2004.2019.20054262. KLOK FA, KRUIP M, VAN DER MEER NJM, et al. Incidence of thrombotic complications in critically ill ICU patients with COVID-19. Thromb Res. 2020. ANDERSON DR, MORGANO GP, BENNETT C, et al. American Society of Hematology 2019 guidelines for management of venous thromboembolism: prevention of venous thromboembolism in surgical hospitalized patients. Blood Advances. 2019;3(23):3898-3944.
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