Buscar

Pele

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 34 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 34 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 34 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Faculdade de Medicina Veterinária
Departamento de Patologia Clínica Veterinária
SETOR DE PATOLOGIA VETERINÁRIA
	
PATOLOGIA DO SISTEMA TEGUMENTAR 
Profa. Angelica Barth Wouters – 2010
Termos empregados na avaliação macroscópica da pele e seus significados:
Alopecia: Perda dos pelos. Ocorre em várias patologias da pele, como nas dermatopatias hormonais, nas quais tende a ser bilateral e simétrica.
Acral: Refere-se a extremidades. 
Calo: Placa espessa e firme, sem pelos, com superfície irregular e opaca. Ocorre em traumatismo repetido em pele sobre proeminências ósseas, como cotovelo em cães de maior porte.
Cisto: Cavitação delimitada por epitélio e preenchida por material líquido a semi-sólido, localizado em derme ou tecido subcutâneo, é exemplo o cisto dermóide.
Colarete epidérmico: Alteração anelar achatada a ligeiramente elevada de escamas, que aumentam perifericamente. Ocorre na infecção bacteriana superficial, em picadas de insetos e em infecções fúngicas.
Comedo ou comedão: Tampão de estrato córneo e sebo no lúmen de folículos pilosos. É observado, por exemplo, no Hiperadrenocorticismo e na Dermatose actínica.
Crosta: Material formado por exsudato e secreções secos na superfície da pele. Observada no estágio crônico de doenças pustulares, como em infecções da pele por Staphylococcus sp. 
Dermatofilose: Dermatite causada pela bactéria filamentosa Dermatophilus congolensis.
Dermatofitose: Infecção do estrato córneo da epiderme, pelos e unhas com fungos dos gêneros Microsporum, Epidermophyton e Trichophyton. 
Dermatose: Lesão não inflamatória da pele.
Eflúvio piloso: Queda de pelos, muitas vezes estacional.
Eritema: Avermelhamento da pele, ocorre em situações com vasodilatação local, em processos inflamatórios agudos da pele.
Erosão: Necrose de porção superficial da epiderme sem atingir membrana basal, com eliminação das células necróticas e observação de áreas ligeiramente deprimidas, úmidas e brilhantes. Ocorre em doenças vesiculares e pustulares após ruptura de vesículas ou pústulas.
Erupção: Rápido desenvolvimento de lesões elevadas. É vista na superfície da pele, associada a vermelhidão.
Escama: Células queratinizadas e fragmentadas na superfície da pele. Tem aspecto flocular, irregular, espessa ou fina, seca ou oleosa. Ocorre nos distúrbios de queratinização e na adenite sebácea.
Escara ou Cicatriz: Há tecido fibroso delgado a espesso que substitui a pele normal após lesão ou laceração que atinge a derme. Observada em cicatrização de feridas.
Escoriação: Perda linear de epiderme devido a traumatismos físicos, observada em abrasões e doenças pruriginosas pelo ato de coçar.
Esfoliação: Perda de camadas da pele ou escamas.
Fissura: Fenda, rachadura ou quebra linear da epiderme e que atinge a derme. Ocorre em coxins em cães com pênfigo foliáceo e na hiperqueratose digital.
Glabra: Pele lisa, sem pelos.
Hipotricose: Quando há menos pelos que o normal.
Hirsutismo: Pele hirsuta significa pele com revestimento piloso. No hirsutismo há crescimento exagerado dos pelos, observado, por exemplo, em equinos com adenoma de pars intermedia da hipófise.
Ictiose: Distúrbio congênito em que a pele fica espessada por escamas e pode fragmentar em placas, lembrando escamas de peixe.
Intertrigo: Dermatite relacionada a fricção entre superfícies de pele sobrepostas, ou seja, dobras de pele, observado com frequência no Shar-Pei.
Impetigo: Dermatite bacteriana caracterizada por pústulas.
Liquenificação: Pele áspera, espessada, com evidenciação de sulcos na pele. Observada quando há irritação persistente da pele, como em dermatites crônicas. 
Mácula: Área achatada circunscrita de até 1,0 cm de diâmetro com alteração da pigmentação. Ocorre em áreas de hemorragia e no vitiligo. 
Nódulo: Lesão elevada, firme, circunscrita de até 2,0 cm de diâmetro. Pode ser um processo inflamatório crônico, uma neoplasia, cujo diagnóstico geralmente depende de exame histológico.
Onicodistrofia: Formação anormal de unha.
Onicogrifose: Crescimento exagerado das unhas. É um sinal clínico importante na Leishmaniose, mas nem sempre presente em animais afetados. 
Pápula: Área elevada, firme, circunscrita de até 1,0 cm de diâmetro observada, por exemplo, após picadas de insetos e em foliculites superficiais. 
Piodermite: Infecção bacteriana piogênica da pele, com formação de pus.
Placa: lesão elevada e firme mas com superfície plana, maior que 1,0 cm de diâmetro. Exemplos são a placa eosinofílica e a histiocitose reativa.
Pústula: Coleção de exsudato purulento no interior da epiderme ou logo abaixo dela. Observada como elevações contendo pus, brancacento a amarelado, em infecções bacterianas superficiais e no pênfigo foliáceo.
Seborreia: Termo inespecífico para manifestação de descamação, crostas e oleosidade da pele. Classificada em seca e úmida conforme o grau de oleosidade da pele.
Úlcera: necrose com desprendimento da epiderme, a lesão ultrapassa a membrana basal, atingindo a derme. Caracteriza-se por depressão na pele, mais profunda que na erosão, com possibilidade de hemorragia quando atingidos vasos sanguíneos da derme e/ou do tecido subcutâneo. Úlceras são observadas, por exemplo, na infecção por Herpes vírus felino.
Urticária: Reação vascular na derme superficial, geralmente transitória, manifestada por vergões. É mais superficial que o angioedema. 
Vesícula: lesão elevada, circunscrita e preenchida por fluido translúcido, menor que 1,0 cm de diâmetro, geralmente na epiderme ou abaixo. Bolha é a denominação para a lesão quando maior que 1,0 cm. Essas alterações também são denominadas, em conjunto, de Empola. São alterações observadas em queimaduras, doenças virais vesiculares como a Febre Aftosa e em algumas doenças imunomediadas como pênfigo.
Vergão: alteração transitória que se caracteriza por edema dérmico, manifesto por área elevada de formato irregular, avermelhada com edema. Observado em picadas de insetos e reações alérgicas.
Patologia do Sistema Tegumentar. Termos empregados na avaliação histológica da pele e seus significados:
Acantólise: Perda da coesão entre queratinócitos, por alteração em pontes intercelulares, ou seja, há ruptura das junções intercelulares dos queratinócitos. Observada em dermatites imunomediadas como o Pênfigo.
Acantose: Hiperplasia da epiderme, com espessamento do estrato espinhoso. É uma resposta a vários estímulos, frequentemente crônicos.
Anaplasia: Perda da diferenciação e da organização celular. Observada em situações de displasia e em neoplasias cutâneas. 
Angioedema: Reação vascular com aumento da permeabilidade vascular e edema. Envolve derme profunda e/ou tecido subcutâneo.
Apoptose: Morte de células individuais ou pequenos grupos de células, não seguida de autólise, com formação de corpos apoptóticos que são fagocitados por células adjacentes sem induzir resposta inflamatória, pois a fagocitose ocorre antes da desintegração da membrana plasmática. Observada no Lúpus e no Eritema multiforme
Atrofia: Diminuição em volume e número de células da epiderme, que fica delgada. Observada em consequência de alterações hormonais, como no Hiperadrenocorticismo e no Hipotireoidismo. 
Calcificação cutânea: São depósitos anormais de sais de cálcio na pele. Observada no Hiperadrenocorticismo (Cutis calcinosa). Na calcinose circunscrita são observados agregados nodulares de cálcio. Os depósitos de cálcio podem induzir reação granulomatosa tipo corpo estranho. 
Ciclo piloso: O crescimento do pelo no folículo piloso apresenta fases de desenvolvimento, incluindo gênese, crescimento, maturação e queda do pelo. Os estágios são denominados:
1. Anágeno (atividade mitótica e crescimento),
2. Catágeno (estágio transicional, com cessação da proliferação celular), 
3. Telógeno (a fase de descanso do ciclo, após o qual o ciclo recomeça), 
4. Exógeno (é a fase em que o pelo velho cai). 
Degeneração hidrópica: Quando há acúmulo de água no citoplasma de queratinócitos, observada, por exemplo, em erupções por drogas e nas infecções porPox e Parapoxvírus. 
Displasia: Desenvolvimento anormal com desorganização das células da epiderme, observada na queratose actínica, significando lesão pré-neoplásica.
Disqueratose: Queratinização anormal, prematura ou imperfeita. Observada na Dermatose responsiva ao zinco e na Queratose actínica.
Epidermite. Inflamação da epiderme.
Epidermólise: Separação entre epiderme e derme. 
Espongiose: Edema intercelular na epiderme, em que se visualiza alargamento do espaço entre as células. Observada na dermatite por malassezia e por estafilococos.
Foliculite. Inflamação do folículo piloso. Classificada em:
1. Foliculite mural, quando o infiltrado inflamatório se restringe à parede folicular, como é observado no Pênfigo e na Demodicose. 
2. Bulbite, significa infiltrado inflamatório restrito ao bulbo do folículo, o que é observado em situação de imunidade antifolicular, com alopecia resultante e, nos pelos neocrescidos, perda da pigmentação. 
3. Foliculite luminal, como observado na infecção por estafilococos, dermatófilos e Demodex sp. 
4. Furuculose, na ruptura folicular com liberação local das células inflamatórias e restos celulares há uma resposta inflamatória supurativa mais intensa. 
5. Perifoliculite é a denominação para a infiltração inflamatória em torno do folículo, observado, por exemplo, na Demodicose. 
Hiperpigmentação: Produção aumentada de melanina, por aumento de produção dos melanócitos ou mesmo aumento da quantidade de melanócitos. Como exemplo há o Lentigo, uma alteração benigna em que há aumento na quantidade de melanócitos na epiderme e, consequentemente, máculas circunscritas escuras de até 1,0 cm de diâmetro são observadas, por exemplo, na boca de felinos com pelagem caramelo. 
Hiperqueratose: Alteração da queratinização, com espessamento de estrato córneo. Classificada como hiperqueratose ortoqueratótica e paraqueratótica. 
1. Ortoqueratótica: as células do estrato córneo são anucleadas. Observada, por exemplo, na deficiência de vitamina A e em coxins e focinho de caninos com cinomose.
2. Paraqueratose ou hiperqueratose paraqueratótica: há espessamento da epiderme, especialmente do estrato córneo, porém as células desse estrato apresentam-se nucleadas. Processo observado, por exemplo, na Deficiência de zinco.
Incontinência pigmentar: Há perda de melanócitos, tende a ser imunomediada. É observada no Lúpus e no Vitiligo. 
Interface: Dermatite de interface é a inflamação relacionada à junção epidermo-dérmica, na epiderme superficial e nos folículos pilosos. Observada em dermatopatias auto-imunes, como no Lupus eritematoso.
Mucinose: Deposição em quantidades aumentadas de mucina, de forma focal ou difusa. A mucina é composta de proteínas ligadas ao ácido hialurônico, sendo um componente normal da substância fundamental da derme. Como o ácido hialurônico tem afinidade por água, nos locais com excesso de mucina a pele fica espessada, e edemaciada. Observada em caninos Shar-Pei e no hipotireoidismo.
Necrose: Morte de células da epiderme seguida de autólise. Observada em situações com laceração da pele e em queimaduras mais graves, e como causa química de lesão, na dermatite por contato.
Paniculite: Inflamação do tecido adiposo subcutâneo, ocorre em diversas situações, como em traumas, injeções de material irritante, deficiência de vit. E e idiopático. 
Paroníquia. Inflamação da pele ao redor das unhas.
Bibliografia:
· JONES, T.C., HUNT, R.D., KING, N,.W, Veterinary pathology. 6. ed. Baltimore: Williams & Wilkins, 1997. 1392 p.
· JUBB, KVF., KENNEDY, PC & PALMER, N. Pathology of the domestic animals. 4.ed. S. Diego:Academic Press, 1993. 3 v.
· McGAVIN, M.D ZACHARY, J.F. Bases da patologia em veterinária. 4.ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2009. 1476 p.
1. CONSIDERAÇÕES GERAIS 
A pele constitui um dos maiores e importantes órgãos do corpo. Tem função de proteção contra agressões físicas e químicas, impede perda de fluidos e eletrólitos, participa da regulação da temperatura e da pressão sanguínea, produz vitamina D, tem ação sensorial, de armazenamento (gordura, água, vitaminas, carboidratos, proteínas) e tem também função absortiva. Além disso, os queratinócitos são fonte de citocinas e peptídeos antimicrobianos, por isso a pele é considerada parte integrante do sistema imunológico. Morfologicamente a pele é constituída por epiderme, derme, tecido subcutâneo e anexos (folículos pilosos e glândulas sebáceas, sudoríparas e outras). A estrutura histológica sofre variações de acordo com a região do corpo e entre espécies animais. Apresenta porções sem pelos (pele glabra) e com pelos (pele hirsuta). A pele hirsuta é mais espessa nas porções dorsais do corpo e nos membros, e mais delgada na porção ventral e na face medial dos membros. Por outro lado, a epiderme é mais delgada na pele com cobertura pilosa e mais espessa em áreas glabras como coxins e focinho. Animais de grande porte geralmente apresentam pele mais espessa que pequenos animais. 
A epiderme de áreas hirsutas apresenta quatro camadas ou estratos – basal, espinhoso, granuloso e córneo, a partir da membrana basal. Na pele glabra há ainda o estrato lúcido, entre o granuloso e o córneo. Os queratinócitos originam-se das células germinativas do estrato basal e ascendem e se diferenciam em cada camada, sendo descamadas em cerca de um mês, período que pode reduzir no curso de algumas doenças da pele. Os melanócitos, células derivadas da crista neural, estão presentes no estrato basal e no espinhoso, e tem por função sintetizar melanina, que confere pigmentação à pele e aos pelos, e proteção contra efeitos maléficos da radiação ultravioleta. 
2. PORTAS DE ENTRADA 
Podem ser portas de entrada de agentes na pele:
Na epiderme - absorção através do estrato córneo, traumatismos penetrantes, incluindo injeção, penetração de radiação UV, calor, frio, substâncias irritantes e/ou cáusticas; a pele só se torna porta de entrada eficiente para agentes microbianos quando a barreira é danificada por trauma, umidade excessiva, calor ou frio, ou quando há dano à microbiota normal da mesma.
Nos anexos – penetração através da abertura folicular, e quando há ruptura de folículos e glândulas anexas;
Em derme e panículo - a penetração pode ocorrer através de vasos (hematógena), através de nervos (migração pelos gânglios, ao longo de nervos sensoriais para as células epiteliais).
Mecanismos de defesa. A pele apresenta vários mecanismos de defesa, como os físicos e os imunológicos. 
São exemplos de mecanismos físicos de defesa: folículos pilosos, pelos táteis, garras e chifres, estrato córneo, secreção de glândulas anexas, melanina, membrana basal, panículo adiposo.
Quanto aos mecanismos imunológicos, precisam ser considerados os mecanismos da imunidade inata do organismo, que inclui o próprio estrato córneo, por impedir a aderência de patógenos, macrófagos, neutrófilos, células endoteliais, sistema de coagulação, cascata do complemento a imunidade adaptativa inclui células de Langerhans, linfócitos T e B, células endoteliais, queratinócitos, estes por produzirem citocinas e fatores de crescimento.
Regeneração e reparo constituem também mecanismos de defesa do organismo a lesões, com formação de tecido de granulação (primeira e segunda intenção), reepitelização.
Como são as respostas da pele à agressão? Há algumas respostas que são comuns na pele, como por exemplo;
· Epiderme - hiperqueratose
· Derme - inflamação interface
· Folículo piloso - inflamação luz folicular
· Panículo - inflamação neutrofílica 
Dessa forma, há alguns padrões de respostas a agressões na pele, que, pela frequência em determinadas patologias, sua observação remete às mesmas. São exemplos:
· Pústulas/crostas – Ex.: Pênfigo, Epidermite exsudativa, Dermatofilose
· Vesículas - Ex.: Doenças virais, Pênfigos
· Necrose/ulceração - Ex.: Vasculite, queimaduras, dermatite contato
· Descamação – Ex.: Seborreia, def. Zn, def. vit. A
· Hipopigmentação - Ex.: Def. Cu, vitiligo
· Alopecia - Ex.: Distúrbios endócrinos. Nestes casos geralmente é bilateral simétrica· Nódulos drenantes - Ex.: Infecções profundas bactérias ou fungos
Exame da Pele. É fundamental o exame da pele para o diagnóstico. Inspeção bem feita, raspado de pele, dosagem hormonal e outros procedimentos são condutas clínicas importantes, e, em muitas situações também a realização de biópsia. Evidente que há situações em que a biópsia é ferramenta importante para o diagnóstico, mas em outras ela pode ser dispensada. 
Quando fazer biópsia?
· Quando há alterações cutâneas cujo diagnóstico provável inclui opção por terapia com efeitos colaterais, isto é, confirmar o diagnóstico para então submeter o animal à referida terapia
· Quando de lesões nodulares e/ou ulceradas sugestivas de neoplasia
· Lesões de evolução rápida e grave
· Lesões de pele que surgem durante terapia
· Múltiplos diagnósticos diferenciais
Que métodos de biópsia empregar? A biópsia por ser excisional, em que a lesão é removida cirurgicamente. Ela será empregada quando de alterações localizadas, e com suspeita de neoplasia. A biópsia por instrumento perfurante ou “punch” é usada quando de lesões disseminadas e superficiais, sendo indicadas coletas em mais de um local. 
Algumas dicas são importantes para uma biópsia adequada, lembrando que coletas mal feitas podem resultar em necessidade de novas coletas, demora no diagnóstico e mais sofrimento para o animal em exame. 
· As amostras coletadas devem ser representativas das lesões.
· Para áreas com pelos usar “punch” de 6 mm, no mínimo. 
· Na escolha dos locais para coleta de amostra deve se optar por bordas de lesões, incluindo porções afetadas e não afetadas. Se há lesões com crostas, estas devem ser incluídas nos fragmentos coletados. 
· Em casos de lesões superficiais, os locais para coleta não devem ser preparados cirurgicamente, apenas tosar ou cortar os pelos delicadamente. 
· Eletrocautere não é indicado quando de lesões pequenas pois causa artefatos nas bordas dos fragmentos. 
· Os fragmentos colhidos não devem ser comprimidos com pinça 
· A biópsia deve ser realizada antes de medicação com corticoides. 
· A fixação é feita em solução de formol a 10% (1 parte formol comercial: 9 partes água, colocar 1 volume de material em volume de fixador 10 vezes maior). 
· O histórico é também importante, incluindo dados como idade, sexo, raça, distribuição das lesões, ocorrência de prurido, ectoparasitas e sua caracterização, tempo de evolução, histórico reprodutivo, ambiente em que animal fica, se há mais animais afetados, uso de medicamentos, e identificação dos locais de coleta. 
DOENÇAS CONGÊNITAS E HEREDITÁRIAS
Alopecia e hipotricose congênitas
Ocorrem na maioria das espécies domésticas. A hipotricose geralmente é hereditária, e pode inclusive fazer parte do padrão racial, como no cão Pelado Mexicano e nos gatos Sphinx. A hipotricose congênita hereditária, ocasionalmente observada em bovinos, pode estar associada a defeitos em outros locais como dentes, timo e genitais. Neste caso os animais afetados geralmente acabam morrendo, pela inabilidade em alimentar ou mesmo por traumatismos, infecções e queimadura solar. A deficiência de iodo em animais gestantes pode resultar em hipotricose dos nascidos e em bovinos também a infecção pelo vírus da BVD pode resultar em nascimento de bezerros com hipotricose, embora vários outros defeitos sejam mais importantes e frequentes. 
Displasia do colágeno (Astenia cutânea, Dermatosparaxe). Afeta várias espécies, sendo mais frequentemente observada em cães. A pele é hiperextensível, frouxa e se rasga facilmente, com frequentes cicatrizes na pele dos animais afetados. A gravidade da doença varia entre espécies. Há alterações na síntese e processamento do colágeno, mas podem não ser observadas alterações histológicas nos casos suspeitos. 
Mucinose. Há deposição de mucina na derme. A mucina é uma associação de proteína com ácido hialurônico, e este é hidrófilo. Em caninos Shar-Pei a quantidade de mucina formando pregas na pele é característica racial, mas pode ser demasiadamente elevada. Animais com hipotireoidismo podem apresentar também mucinose, com mixedema.
Epidermólise bolhosa (Doença do pé vermelho). Ocorre em ovinos, equinos, bovinos e caninos. Caracteriza-se por coesão frágil entre epiderme e derme, com desprendimento da epiderme a qualquer trauma, formando vesículas e bolhas. Animais afetados geralmente têm morte precoce, pela dificuldade em alimentar, perda de fluidos e infecções bacterianas.
Epiteliogênese imperfeita. Há falhas na formação da epiderme e dos anexos. A mucosa oral pode também estar afetada. Quando áreas extensas são afetadas ocorre desidratação, e infecções bacterianas são também comuns, com sobrevida comprometida.
DISTÚRBIOS DA PIGMENTAÇÃO
Albinismo. Melanócitos estão presentes, mas há falhas de gravidade variada na síntese de melanina, com resultantes amelanose, albinismo oculocutâneo e graus de diluições pigmentares. Os animais afetados estão propensos a desenvolver câncer por radiação UV e apresentam fotofobia quando os olhos são afetados. Felinos com hipomelanose hipomelanocitopênica, isto é, são brancos com íris azul, não tem melanócitos, pois estes não migraram da crista neural para a pele, apresentam também surdez. 
Hipopigmentação adquirida. Várias condições são acompanhadas de hipopigmentação da pele em equinos, como sensibilidade a picada de Culicoides, contato/atrito repetido com equipamentos (selas, cabrestos, arreios, ...) especialmente quando do uso de materiais contendo éter monobenzeno, que inibe a melanogênese. 
A deficiência de cobre resulta em despigmentação da pelagem em bovinos e ovinos, que em pelagens originalmente pretas ficam marrom-avermelhadas, e a alteração é mais observada em torno dos olhos, o que é denominado “óculos”. A despigmentação se deve ao fato do cobre ser necessário para ação da tirosinase, enzima envolvida na secreção de melanina pelos melanócitos. A deficiência pode ser secundária, relacionada a níveis elevados de molibdênio, uma vez que o molibdênio é antagonista do cobre. Sulfatos inorgânicos, como potencializam o molibdênio, podem também, em níveis elevados, induzir deficiência secundária de cobre. A doença ocorre em animais a pasto, em solos arenosos e pobres em matéria orgânica. Além da despigmentação dos pelos, podem ser observados também emagrecimento significativo apesar dos animais estarem em pastagens abundantes, e diarreia crônica. 
O Vitiligo é uma enfermidade em que há perda imunomediada de melanócitos, caracterizada pela formação de máculas que se expandem gradualmente, sendo mais comum em caninos.
A Síndrome uveodermatológica é uma doença com despigmentação bilateral da pele, principalmente nos lábios, nariz e pele periorbital. As lesões podem ulcerar e é frequente ocorrer leucotriquia nas áreas próximas. Há ataque imunomediado de melanócitos, de causa desconhecida. Ocorre também panuveíte bilateral. As raças caninas do Ártico, como Akita, Husky Siberiano, Samoyeda e Malamute tem predisposição.
DOENÇAS ASSOCIADAS AO MEIO AMBIENTE
Agressões físicas e químicas
Agentes físicos. Traumas, escoriações, lacerações, frio, calor, radiação
· Lesão actínica 
A ação dos RUVB tem relação com a integridade da camada de ozônio, com a nebulosidade média da região, com a pigmentação da pele e dos pelos dos animais, densidade e comprimento dos pelos, altitude, latitudes, estabulação. Assim, estão sob maior risco animais criados em regiões de camada de ozônio rarefeita, pouca nebulosidade na maior parte do ano, em regiões de altitude elevada e mais próximas à linha do equador, expostos ao sol nas horas mais próximas ao meio dia e que apresentam áreas de pelagem clara e de baixa densidade pilosa. 
· Queimadura, dermatose solar, neoplasia. A queimadura é classificada em graus I, II e III de acordo com a sua intensidade. Na queimadura solar as áreas despigmentadas ou pouco pigmentadas são mais afetadas que as demais, o que não deve ser confundido com fotossensibilização. Quando há exposição repetida de animais com predisposição ocorrem lesões com displasiaepidérmica e formação de crostas (dermatose solar), que é uma alteração pré-neoplásica. Neoplasias como o carcinoma de células escamosas ocorrem quando houver oportunidade de lesão celular subletal com mutação no DNA de células da epiderme e proliferação das mesmas. Geralmente requer anos de exposição a RUV, mas em cães de pelagem clara como Pit Bull o carcinoma já pode ser observado em animais de cerca de 3 anos. 
· Fotossensibilização. 
Fotossensibilização ocorre por deposição na pele e ação de compostos fotodinâmicos. Estes liberam energia quando expostos a radiação ultravioleta, gerando produtos reativos do oxigênio molecular, os quais induzem alterações celulares.
A Fotossensibilização é classificada em primária, secundária e congênita. 
Ela é primária quando há contato, inoculação ou ingestão de substâncias que são fotodinâmicas, como por exemplo, as plantas que apresentam substância fotossensibilizante ou fotodinâmica pré-formada, como Froelichia humboldtiana, planta importante na Região Nordeste, em que causa fotossensibilização em equinos e ovinos. A planta Fagopyrum esculentum, ocasionalmente plantada no sul do Brasil para produção de grãos ricos em amido é também considerada fotossensibilizante primária, mas sua real importância como causa de doença no Brasil é desconhecida. Ammi majus, uma planta invasora identificada na Região de Fronteira Sul do Brasil também ter efeito fotossensibilizante, mas perdeu importância econômica nos últimos anos. 
Fotossensibilização secundária ou hepatógena, que ocorre quando há hepatopatia difusa que impede a eliminação da filoeritrina (esta é formada a partir da clorofila pela microbiota ruminal) na bile e, consequentemente, se deposita nos tecidos como a pele, gerando então fotossensibilização. Dentre as substâncias hepatotóxicas há a esporidesmina, produzida pelo fungo Pithomyces chartarum que se desenvolve em material vegetal em decomposição em pastagens como Brachiaria sp. No entanto, com relação a fotossensibilização que ocorre em animais em pastagem de braquiária, hoje são mais importantes as toxinas produzidas pela própria braquiária, especialmente a Brachiaria decumbens, denominadas saponinas. A planta invasora Lantana camara pode ocasionalmente causar também fotossensibilização secundária, com registros no Brasil principalmente em bovinos da raça holandesa que foram transferidos de área e introduzidos em piquetes com predomínio da referida planta e escassez de forragens. Myoporum laetum é uma planta arbustiva do RS que também pode causar fotossensibilização hepatógena. 
A fotossensibilização congênita (Porfiria congênita) é herdada, mais observada em rebanhos consanguíneos. Caracteriza-se por deficiência de ação enzimática no metabolismo do heme, com acúmulo das porfirinas fotodinâmicas uroporfirina e coproporfirina, as quais não podem ser empregadas na síntese de hemoglobina e interferem com a eritropoiese. Assim elas são depositadas nos tecidos, principalmente em dentes, ossos e na pele, e são também excretadas nas fezes e na urina. Os animais afetados, geralmente da raça HPB apresentam fotossensibilização, anemia, urina escura e dentes róseos. Principalmente a uroporfirina I reage com RUV, formando radicais livres, que danificam estruturas celulares.
Os animais apresentam lesões eritematosas e edematosas que evoluem para formação de crostas e fissuras na pele, em áreas pouco pigmentadas ou despigmentadas nos locais em que há penetração de RUV na pele e sua reação com produtos fotodinâmicos induz a lesão cutânea, por liberação de energia e formação de radicais livres.
· Dermatite acral por lambedura. 
É uma dermatite psicogênica em extremidades de cães que, provavelmente por dor ou prurido local, passam a mastigar e morder persistentemente o local. Mais frequentemente há lesão única, circunscrita e sem pelos, às vezes ulcerada, em carpo, metacarpo, metatarso, tíbia ou rádio. 
· Dermatite úmida aguda (dermatite piotraumática ou Hot spot). 
Mais comum em cães, principalmente os de pelos longos, é secundária a irritação relacionada a alergias, parasitas, substâncias irritantes. Ocorre mais frequentemente em tempo úmido, sendo que a umidificação excessiva da pele e o traumatismo auto-infligido favorecem infecções bacterianas, por isso denominada Dermatite Piotraumática. As lesões são eritematosas, alopécicas, exsudativas e tem bordas circunscritas.
· Síndrome da dermatite ulcerativa felina
Não é muito frequente. Sugere-se que injeções e hipersensibilidade possam desencadear a síndrome, e o auto-traumatismo contribui para a formação das lesões. Estas são mais frequentes na região de pescoço e interescapular e se caracterizam por alteração ulcerativa e exsudativa.
· Calo
Caracteriza-se por espessamento da pele em pontos de pressão sobre proeminências ósseas, sendo mais frequente em caninos de raças grandes e gigantes. Em suínos mantidos em piso abrasivo pode ser significativos. O calo muitas vezes está acompanhado de foliculite, furunculose, fissuras e ulceração.
· Intertrigo (Dermatite de pregas cutâneas)
Dermatite superficial observada em caninos com áreas de pele sobreposta, como nas dobras de pele do Shar-pei, em dobras faciais em caninos braquicéfalos, dobras labiais em São Bernardo, dobras vulvares em fêmeas caninas castradas e obesas, e dobra de cauda em cães cauda em saca-rolha como o Buldogue inglês. Em vacas com glândulas mamárias volumosas as lesões se desenvolvem na pele entre mama e membro pélvico. A sobreposição de pele favorece traumatismo, umidade e infecção bacteriana. As lesões consistem de eritema, edema, pústulas, úlceras e crostas.
Agentes químicos
· Dermatite de contato por irritação
Decorre de agressão direta por substâncias irritantes, como produtos de limpeza e desinfecção, contato com maravalha em suínos, aplicação de medicamentos. As lesões são mais prováveis em locais mais expostos ao contato com a substância, e de menor densidade pilosa. São observados eritema, pápulas e, quando há traumatismo auto-infligido associado, também úlceras e crostas. 
· Reações locais a injeções
Aplicação de vacinas e fármacos no tecido subcutâneo pode resultar em granulomas. Em felinos há uma relação entre inflamação local pós-vacinal e desenvolvimento de neoplasia mesenquimal maligna (fibro-, osteo-, ou condrossarcoma, ou histiocitoma maligno). Em cães de raças pequenas a aplicação de vacina anti-rábica pode resultar em paniculite linfoplasmocítica, com alopecia e hiperpigmentação locais. 
· Picadas/mordidas animais peçonhentos
Picadas de aranha, mordidas de cobra podem causar lesões importantes na pele no local agredido, mas sua real importância econômica tem sido discutida. É muito frequente atribuição de lesões e óbitos de animais à mordedura de cobras, sem confirmação diagnóstica. No Brasil os acidentes ofídicos mais frequentemente estão relacionadas ao gênero Bothrops sp. (jararaca, cruzeira), com hemorragias e edema locais acentuados, e pode levar ao óbito. Cobras do gênero Crotalus (cascavel) apresentam guizo, cujo som pode permitir que os animais percebam sua presença. As lesões mais frequentemente ocorrem na cabeça, pelo fato dos animais, por curiosidade se aproximam muito do animal peçonhento. 
· Ergotismo
Mais comum em bovinos, está relacionado a ingestão de sementes de forrageiras contendo ergoalcaloides, toxinas produzidas por fungos da espécie Claviceps purpurea. O ergotismo é mais frequente no outono e no início do inverno, na fase de sementação das forrageiras com condições climáticas para desenvolvimento do fungo (umidade elevada) e para produção de toxinas (temperaturas baixas). Induzem vasoconstrição arteriolar periférica com necrose isquêmica de extremidades, como cascos, orelhas e cauda, que podem cair, em casos graves. Dias de temperatura baixa aumentam a gravidade das lesões. 
· Intoxicação Ramaria flavo-brunnescens. 
É um cogumelo de coloração amarelada e aspecto de couve-flor que se desenvolve em meio a plantações de eucalipto em períodos chuvosos, especialmente quando o período chuvosofoi precedido por um período de estiagem. A intoxicação acontece no outono e no inverno, e, como o cogumelo é palatável, os animais o procuram e o ingerem, mesmo quando há disponibilidade de forragem. Causa alterações semelhantes às do ergotismo, com perda dos pelos da cauda, alterações na língua e nos cascos. 
· Intoxicação por selênio. 
Pode ocorrer em bovinos em pastagens com elevado teor de selênio, há plantas que absorvem mais selênio do solo e o solo pode apresentar teores elevados do elemento. Recentemente a intoxicação tem sido diagnosticada em suínos após adição de níveis tóxicos de selênio na ração para prevenção da deficiência. Ocorrem alterações nos cascos, sendo a evidenciação de estriações transversais o principal achado, e nos pelos, relacionadas a substituição do enxofre por selênio na formação da queratina.
· Intoxicação por ervilhaca Vicia villosa. 
Planta leguminosa anual de folhas pilosas, no Brasil é mais frequentemente encontrada no Rio Grande do Sul. É usada para adubação verde, algumas vezes implantada como forrageira, ou a espécie está presente na pastagem como contaminante de sementes de Vicia sativa, o que é mais provável. Causa doença sistêmica, incluindo lesões em medula óssea, linfonodos, rins e pele, especialmente em bovinos leiteiros. As alterações na pele são constituídas por áreas de alopecia com eritema e prurido. Há hemorragias múltiplas, anemia e, ao exame histológico há lesões granulomatosas multifocais multissistêmicas.
· Intoxicação por polpa cítrica
A ingestão de quantidades elevadas de polpa cítrica, especialmente de baixa qualidade e/ou com problemas de estocagem tem causado quadro clínico-patológico muito semelhante ao da intoxicação por Vicia villosa. Esse subproduto da indústria de suco de laranja tem sido usado tanto em bovinos leiteiros quanto de corte por causa dos elevados teores de energia e proteína e, principalmente, pelo baixo custo. 
CAUSAS INFECCIOSAS DE DOENÇAS DA PELE
· DERMATITES VIRAIS
· Poxvírus. 
Os Poxvírus são epiteliotrópicos e podem causar lesões em várias espécies animais, vários são espécie-específicos, outros causam zoonose. Há formação de pápulas, vesículas, pústulas umbilicadas e crostas. Há vários tipos de Poxvírus, como Orthopoxvírus, que inclui a varíola bovina. O Parapoxvírus inclui o vírus do Ectima contagioso dos ovinos, que causa alterações em pele, mas principalmente no trato digestório superior de ovinos e caprinos, por isso descrito com as doenças do sistema digestório. A Pseudovaríola bovina, doença de bovinos leiteiros, conhecida como nódulo dos ordenhadores, é causada por Parapoxvírus muito semelhante ao da estomatite papular dos bovinos, também descrita no sistema digestório. A pseudovaríola é mais frequente nas vacas, porém as lesões são menos graves que as causadas pelo Orthopoxvírus da Varíola bovina. A pseudovaríola se caracteriza por lesões nos tetos de vacas em lactação e, sempre que há lesões na pele dos tetos, há maior risco de mastite bacteriana, o que aumenta a importância da doença. Nos suínos ocorre a Varíola suína, causada por um Suipoxvírus, sendo as lesões semelhantes às causadas por outros Poxvírus. 
· Mamilite herpética bovina. 
Causada por Herpesvírus bovino-2, manifesta-se por lesões vesiculares e ulcerativas de pele das glândulas mamárias. A morbidade pode chegar a 100%, e quando enzoótica, atinge principalmente vacas em primeira lactação. As lesões são maiores e mais profundas que as das infecções por Parapoxvírus. As perdas econômicas estão relacionadas a queda na produção leiteira e mastites bacterianas secundárias.
· Papilomavírus. 
São vírus que ocorrem em todas as espécies, mas em geral são espécie-específicos. Ocorre transmissão entre animais por contato e quando há solução de continuidade na pele. A doença é mais comum em animais jovens, principalmente em bovinos de rebanhos leiteiros. Nos bovinos há vários subtipos de Papilomavírus (Quadro 1), sendo que nos animais jovens é comum a Papilomatose ou “Figueira”, com formações verrucosas na pele, que frequentemente traumatizam, sangram e que podem ser complicadas por miíases. 
Quadro 1. Papilomavírus bovinos, subtipos, alterações induzidas e locais afetados
	
	Tipo
	Lesão induzida
	Locais afetados
	Subgrupo A
	BPV-1
	Fibropapiloma
	Tetos, pênis, vulva
	
	BPV-2
	Fibropapiloma
	Pele
	
	BPV-5
	Fibropapiloma 
Papiloma
	Tetos, úbere
	Subgrupo B
	BPV-3
	Papiloma
	Pele
	
	BPV-4
	Papiloma
	Mucosa do trato digestório
	
	BPV-6
	Papiloma
	Tetos
O BPV-2 induz também o Sarcoide equino, descrito com as neoplasias benignas. 
· Síndrome Dermatite e Nefropatia dos suínos. 
É uma apresentação clínico-patológica distinta da Circovirose, doença causada pelo Circovírus tipo II, que cursa com lesões multifocais de pele, arroxeadas e discretamente elevadas, em suínos mais velhos e geralmente em bom estado corporal. Nos rins há cortical salpicada de pontos avermelhados entremeados por pontos brancacentos, histologicamente caracterizada por glomerulonefrite. Além disso há aumento de volume generalizado de linfonodos e é frequente ulceração gástrica sangrante. 
Outras viroses, especialmente as que causam estomatite podem cursar com dermatite, incluindo Febre aftosa, Estomatite vesicular, BVD, Febre catarral maligna e Calicivirose felina. Alguns gatos com infecção por FeLV desenvolvem dermatite ulcerativa. No entanto, como a infecção por FeLV e por FIV causa imunossupressão, os felinos tornam-se mais suscetíveis a infecção por outros agentes, com desenvolvimento de dermatopatologias como abscessos, paroníquia e demodicose.
DERMATITES BACTERIANAS
· Piodermites superficiais. 
Estão relacionadas à infecção de epiderme e infundíbulo superior dos folículos pilosos, sendo cocos gram positivos como Staphylococcus sp. os agentes mais importantes. Alergias, seborreia e imunodeficiência favorecem a piodermite. As alterações macroscópicas incluem eritema, alopecia, pápulas, pústulas, crostas, e descamações anelares denominadas colaretes epidérmicos. Linfonodos regionais geralmente são poupados. As primeiras alterações histológicas na epiderme são de pústulas intraepidérmicas. Estas são frágeis e podem romper, levando à descamação e formação e crostas. A infecção bacteriana dos folículos resulta em foliculite supurativa superficial. 
· Dermatite pustular superficial (Impetigo)
Infecção observada em caninos, felinos, leitões, vacas e ovelhas, induzida por Staphylococcus coagulase positivo, como S. intermedius, está associada a fatores predisponentes como abrasões cutâneas, infecções virais, imunossupressão, umidade elevada e deficiência nutricional. Em vacas, ovelhas e cabras as lesões localizam-se principalmente na glândula mamária. Em caninos a observação de pústulas é frequente em animais com cinomose, em que a imunossupressão favorece a multiplicação de Staphylococcus. 
Em gatinhos as regiões cervical dorsal e escapular são afetadas e tem relação com mordidas da mãe, especialmente quando a gata é zelosa, transportando com frequência seus filhotes. Streptococcus sp. e Pasteurella são as bactérias mais frequentemente isoladas das lesões nesses casos. 
As alterações macroscópicas são caracterizadas por pústulas que se transformam em crostas, principalmente na pele glabra, exceto em gatinhos. O achado histológico característico é de pústulas subcorneais. A inflamação da derme é mínima.
· Piodermite superficial disseminada. 
Ocorre principalmente em caninos, está relacionada a infecção por Staphylococcus intermedius. Há geralmente manifestação clínica de prurido e na inspeção da pele são observados máculas, pápulas, pústulas. As lesões mais antigas tem colaretes epidérmicos, crostas, alopecia e hiperpigmentação.
· Dermatofilose. 
Doença mais frequente em países tropicais e subtropicais e nos períodos mais úmidos. Importante em bovinos e ovinos, a doença é causada pela bactéria filamentosa gram positiva Dermatophilus congolensis. Caracteriza-se por formação de pápulas, pústulas e crostas espessas, que podem coalescer e emaranharos pelos ou a lã, por isso a denominação popular “lã de pau”. Pode ocorrer também em outras espécies, como equinos. As lesões tendem a se desenvolver no dorso e nas extremidades distais. Irritação por ectoparasitas, traumatismos (por forragens grosseiras, por exemplo) e umidade prolongada da pele favorecem a dermatofilose. O diagnóstico é realizado pela epidemiologia, lesões macro e microscópicas e pode ser feito exame citológico para evidenciação de estruturas de Dermatophilus congolensis.
· Epidermite exsudativa dos suínos (Doença do porco gorduroso). 
Doença de leitões jovens causada por Staphylococcus hyicus (hyos), que tem como fatores predisponentes lesões cutâneas traumáticas, como as causadas por piso abrasivo, e desnutrição. Há formação de exsudato acastanhado periocular, em pavilhões auriculares, focinho e face medial dos membros, disseminando-se rapidamente, conferindo ao animal aparência engordurada ou suja e mal-cheirosa. Em animais que sobrevivem são frequentes as crostas e fissuras na pele. Quanto mais jovens os leitões afetados, geralmente mais grave é a doença, com possibilidade de índices significativos de mortalidade.
· Piodermites Profundas
· Foliculite e furunculose estafilocócica. 
Há infecção dos folículos pilosos por Staphylococcus intermedius, é mais comum em cães e pode ocorrer em equinos, caprinos e ovinos. Dermatopatologias como demodicose, distúrbios de queratinização e displasia folicular provavelmente predispõe à doença. Nos equinos as lesões são mais frequentes e evidentes nas áreas de contato com sela. Em caninos Pastor Alemão há aparentemente, predisposição genética. A foliculite grave ou não tratada pode atingir porções mais profundas dos folículos, com ruptura folicular e furunculose. Neste caso pode se observar também aumento de volume de linfonodos.
· Abscessos subcutâneos.
São comuns em felinos por causa de contaminações bacterianas em feridas puntiformes. Grandes animais também apresentam abscessos subcutâneos. Várias bactérias piogênicas podem ser isolados nessas lesões, sendo as mais comuns Pasteurella multocida (em gatos, coelhos, cães), Corynebacterium pseudotuberculosis (em ovinos e caprinos – causa também lesões em linfonodos, por isso denominada linfadenite caseosa, a qual pode também cursar lesões em órgãos internos, como pulmões, fígado, ...), e Arcanobacterium pyogenes (bovinos, ovinos, suínos).
· Pododermatites bacterianas. 
Em ovinos é patologia importante a podridão contagiosa dos cascos, denominada “Footrot”. É causado por Dichelobacter nodosus, bactéria anteriormente denominada Bacteroides nodosus, parasita obrigatório, produtor de protease e fatores estimuladores de crescimento para outras bactérias. A produção de protease determina a patogenicidade de D. nodosus. Geralmente está associada a Fusobacterium necrophorum, agravando as lesões nos cascos afetados. Trauma e umidade são fatores predisponentes. Os animais afetados apresentam inicialmente pele erodida, avermelhada, úmida e inchada. Posteriormente há separação da pele interdigital e exsudação mal-cheirosa, com sinais de desconforto, claudicação e muitos animais até mesmo “andam ajoelhados” e evitam pastar. Como D. nodosus está nos cascos dos animais e não permanece por mais de sete dias no ambiente, para o controle é recomendada a eliminação de animais com lesões graves e, no caso de opção por tratamento, feito com pedilúvio de formol (2 a 10%) ou solução de sulfato de zinco, os animais afetados devem ser separados dos saudáveis. Cuidados devem ser tomados na introdução de animais nos rebanhos. 
Dermatite interdigital dos ovinos é causada por F. necrophorum, presente no ambiente. A doença não é contagiosa, está relacionada a condições ambientais, ocorrendo quando os ovinos são mantidos em ambiente úmido, com muitas fezes e urina, geralmente em períodos mais quentes. No entanto é descrita a ocorrência da enfermidade em períodos com geadas, pelo fato do frio excessivo predispor a pele interdigital à penetração de F. necrophorum. Corrigidas as condições predisponentes, a doença tende a regredir.
Podem ocorrer abscessos afetando articulações distais dos dígitos, denominado abscesso de pé. É causada por Fusobacterium necrophorum associado com Arcanobacterium pyogenes, muitas vezes como complicação da dermatite interdigital em períodos com muita umidade. Afeta carneiros e ovelhas.
Em bovinos também ocorre podridão contagiosa dos cascos, com a mesma etiologia e fatores predisponentes que nos ovinos, lembrando que a doença é contagiosa. Há também a Necrobacilose dos cascos dos bovinos, causada por F. necrophorum em associação com Bacteriodes melaninogenicus, com necrose das estruturas do casco, osso e tecidos moles e locais como tendões e ligamentos. Está relacionada ao ambiente e falta de manejo adequados dos cascos. Uma alteração de casco frequente em bovinos confinados é a dermatite interdigital com proliferação tecidual interdigital, popularmente denominada “Gabarro”, que requer remoção cirúrgica e manejo adequado dos cascos para controle. 
· Infecções bacterianas sistêmicas 
· Erisipela suína
É uma doença sistêmica causada pela bactéria Erysipelothrix rhusiopathiae. Caracteriza-se por apresentar vasculite e artrite. Há formação de lesões com forma de losangos avermelhados na pele. Essas lesões na pele na realidade são reflexo da lesão vascular com trombose e isquemia.
INFECÇÕES MICÓTICAS
· Micoses cutâneas superficiais 
· Dermatofitose. 
São enfermidades causadas por fungos como Microsporum, Trichophyton, e Epidermophyton. São transmitidas através do contato com escamas cutâneas de animais infectados. Ambientes quentes, úmidos com superlotação favorecem a infecção, e animais jovens e desnutridos são mais suscetíveis. Epidermophyton é mais frequente em infecções humanas. Microsporum infecta animais, mas pode causar zoonose, que M. canis está bem adaptado aos felinos, os quais podem apresentar infecção subclínica. M. gypseum estão presentes no solo e infectam humanos e animais em condições de imunossupressão ou alterações da integridade da pele. As lesões da pele tendem a ter formato arredondado com alopecia, descamação e crostas. A perda dos pelos se deve a quebra das hastes pilosas e a foliculite. Unhas também são afetadas, e elas ficam frágeis, malformadas e descoradas. Tricophyton verrucosum é um agente frequentemente encontrado nas lesões em bovinos. Para diagnóstico são importantes a epidemiologia, a apresentação clínica e avaliação microscópica de pelos e raspado de pele.
· Dermatite por malassezia 
Doença causada pelo fungo leveduriforme Malassezia pachydermatis, que induz doença clínica quando há alteração cutânea ou da imunidade do hospedeiro. As lesões são eritematosas, muitas vezes hiperpigmentadas, liquenificadas, com alopecia e escamosas. São frequentes no canal auricular externo de caninos, mas podem ocorrer também na região interdigital, perianal, palpebral ou mesmo disseminadas. Em suspeitas dessa dermatite no pavilhão auricular são feitos “swabs” para distensão em lâmina e coloração, evidenciando estruturas bilobadas típicas com formato de “raquete”, “amendoim” ou “chinelo”, que se coram em rosa escuro. Podem ser evidenciadas também em corte histológico corado com HE. 
· Micoses profundas ou subcutâneas
· Esporotricose
Doença causada pelo fungo saprófita dimórfico Sporothrix schenckii, mais frequente em felinos, mas pode ocorrer também em outras espécies, inclusive humanos. Penetra no organismo através de lesões traumáticas, como brigas entre animais. Nos humanos a infecção geralmente se deve a arranhaduras ou mordeduras de felinos infectados, ou introdução em feridas prévias. Formam-se nódulos cutâneos ulcerados e fistulosos exsudativos, com inflamação piogranulomatosa subcutânea ou dérmica profunda, e lesões ao longo de vasos linfáticos. Em gatos as estruturas ovoides a alongadas (formato de “cigarro”) são numerosos nas lesões, mas em outras espécies podem ser difíceis de detectar. 
· Pitiose 
Doença causada por Pythium insidiosum, microrganismoszoospóricos dimórficos, classificados como Oomicetos pertencentes ao Reino Protista, Stramenopila ou Chromista (até agora não definido). O agente é termofílico aquático, habitante de áreas alagadiças, que induz a formação de extensas feridas, atingindo derme, subcutâneo e frequentemente lesões mais profundas, principalmente em partes mais baixas do corpo, como pernas e região ventral do abdômen, e boca, áreas que mais provavelmente entram em contato com o agente. A característica das lesões é a formação de “kunkers”, que são massas amareladas friáveis presentes em tratos fistulosos em meio a grande massa de tecido conjuntivo fibroso. A doença é mais frequente em regiões alagadiças, como no período das chuvas no Pantanal Mato-grossense – novembro a maio, e em verões com precipitação pluvial significativa no Rio Grande do Sul. Ocorre principalmente em equinos, mas outras espécies também podem ser afetadas, como bovinos e cães e até mesmo humanos. A penetração do agente é facilitada quando há lesões prévias, por trauma por exemplo, mas a permanência dos animais em áreas alagadiças por muito tempo diminui a capacidade protetora da pele, principalmente do estrato córneo, favorecendo a instalação do agente.
Em equinos há várias enfermidades cutâneas com lesões extensas e ulceradas, sendo necessário fazer diagnóstico diferencial, como habronemose, tecido de granulação exuberante, carcinoma de células escamosas e sarcoide equino. A biópsia é um método importante para o diagnóstico, sendo necessária colher o material nas bordas da lesão, incluindo área com e sem pele e ela não pode ser muito superficial, para achado das alterações características com focos de massas eosinofílicas amorfas contendo células inflamatórias incluindo abundantes eosinófilos e imagens negativas de estruturas com aspecto de hifas ramificadas nos fragmentos corados com HE, as quais se impregnam pela prata e podem ser marcadas na técnica de imuno-histoquímica. No caso de tecido de granulação exuberante é importante o histórico de lesões traumáticas anteriores. Na pitiose as lesões geralmente são mais exsudativas e nesta há histórico de permanência dos animais em áreas alagadiças.
· Criptococose. Doença causada pelo fungo Cryptococcus neoformans que possui uma cápsula mucinosa característica. Pode causar lesões nodulares na pele, que tendem a ulcerar e apresentar fístulas drenantes, mas as lesões são mais frequentes no sistema respiratório, em que a doença é descrita com detalhes.
INFESTAÇÕES E INFECÇÕES PARASITÁRIAS
· Artrópodes
Os artrópodes são ectoparasitos importantes nos animais domésticos. A classe Arachnida compreende dois grupos importantes de ectoparasitos, os ácaros causadores de sarnas e os carrapatos. Quanto às sarnas, são os mais importantes: 
· Caninos: Demodex sp., Sarcoptes scabiei, Otodectes cynotis 
· Suínos: Sarcoptes sp.
· Coelhos: Sarcoptes sp., Notoedres sp. , Psoroptes sp.
· Ovinos: Psoroptes ovis
· Equinos: Chorioptes sp.
A espécie Sarcoptes scabiei apresenta diversas variedades, adaptadas aos seus hospedeiros. É um ácaro de 0,3 a 0,4 mm, corpo arredondado e pernas curtas, com estrias e espinhos triangulares na superfície dorsal, aloja-se nas porções superfícies da epiderme. A transmissão ocorre facilmente por contato e causa prurido intenso nos animais afetados. O diagnóstico é feito pela epidemiologia, pelas manifestações clínicas e aspecto das lesões, que são hiperqueratóticas, descamativas e crostosas de distribuição difusa, achado em raspado de pele, lembrando que o raspado pode ser negativo. A biópsia também confirma o diagnóstico.
O Demodex canis é um ácaro pequeno de até 0,2 mm de comprimento, alongado, com forma de charuto, quatro pares de pernas curtas. É importante causador de sarna em caninos, nos quais não causa prurido a não ser na demodicose complicada, quando há infecção bacteriana associada, especialmente por Staphylococus sp. As lesões podem ser localizadas ou generalizadas. A ocorrência da doença tem relação importante com a imunidade; os caninos se infectam precocemente, geralmente em contato com a mãe enquanto lactentes, mas desenvolvem sarna se houver déficit imunológico. 
Na Família Psoroptidae há vários ácaros causadores de sarna, classificados como não escavadores, incluindo Psoroptes equi, Psoroptes equi var. ovis, Psoroptes equi var. bovis, Psoroptes equi var. caprae, e Psoroptes equi var. cuniculi. Apresentam até 0,75 mm, pernas longas com pedículos, peças bucais pontiagudas, tubérculos abdominais arredondados, ventosas adanais, tem período de vida de 30 – 40 dias e as fêmeas apresentam postura de cerca de 90 ovos. Perfuram a pele e pode haver lesões auto-infligidas. Em ovinos lanados pode ser problema sério e a sarna nesta espécie é doença de notificação obrigatória no Estado do Rio Grande do Sul.
Chorioptes bovis, também são ácaros não escavadores, com pernas longas e ventosas em forma de “taça”. Parasitam bovinos, ovinos, equinos, caprinos, coelhos, podendo ser importantes em animais estabulados. 
Otodectes cynotis, ácaro de cerca de 0,6 mm causa sarna otodécica em caninos, com prurido, o que pode levar a Otohematoma como traumatismo auto-infligido e podem acontecer infecções secundárias, como malassezia. 
· Carrapatos 
Rhipicephalus Boophilus microplus. Importante carrapato nos bovinos, causa de prejuízos significativos na pecuária brasileira, localiza-se principalmente em locais de pele mais delgada e protegidos como pavilhão auricular, entrepernas e base da cauda. A saliva dos carrapatos causa irritação no local de fixação, com dermatite em intensidade variável conforme a sensibilidade individual. Animais sem resposta inflamatória aos antígenos da saliva geralmente apresentam populações muito maiores de carrapatos, sendo popularmente denominados “animais de sangue doce”. A infestação causa irritação, espoliação sanguínea, lesões no couro, e é importante a transmissão de hemoparasitos (para os bovinos os mais importantes são Babesia bovis, Babesia bigemina e Anaplasma marginale), o que aumenta e muito o impacto econômico da infestação, e favorece a ocorrência de miíases. No Brasil observam-se três gerações de R. microplus/ano na Região Sul e quatro nas demais Regiões. Um problema sério é a resistência da espécie frente à maioria dos carrapaticidas convencionais usados, o que dificulta seu controle. 
Rhipicephalus sanguineus, conhecido como “Carrapato vermelho do cão” ou “carrapato marrom do cão”, parasita cães, gatos e carnívoros silvestres. É considerado carrapato de três hospedeiros pelo fato das fases de metalarva e metaninfa ocorrerem no ambiente, e tem hábito nidícola, de forma que a infestação ocorre no ambiente em que animal vive. Sua importância está na irritação que provoca, é causa de anemia e transmissão dos hemoparasitas Babesia canis, Ehrlichia canis e, possivelmente, transmissão de Leishmania sp.
Amblyomma cajennense. Conhecido como “Carrapato estrela”, “Rodoleiro”, “Carrapato do cavalo”, “Micuins”, “Carrapatinhos”, é um carrapato ágil, de peças bucais longas cuja picada causa muito desconforto, e tem escudo dorsal ornamentado. Mais frequentemente encontrado em equinos, é pouco seletivo quanto a hospedeiros, podendo ocorrer em caninos, capivaras (estas são reservatório de Rickettsia rickettsii, agente etiológico da Febre Maculosa), bovinos e humanos. Causa, além da irritação e lesões na pele, espoliação sanguínea, e é importante na transmissão de patógenos.
Anocentor nitens, denominado “Carrapato da orelha dos cavalos” por se instalar no pavilhão auricular de equídeos. Mas pode instalar-se no divertículo nasal e mesmo ter distribuição mais ampla, em infestações pesadas. Causa irritação, espoliação sanguínea, transmissão de hemoparasitos como Babesia caballi e frequentemente há instalação de miíase nas orelhas infestadas, o que pode resultar em deformação do pavilhão auricular. 
· Classe Insecta
Infestações por Piolhos (Quadro 2). Os piolhos são mais importantes no inverno quando há aglomeração de animais por estabulação e pelame mais abundante, oque oferece melhor abrigo ao parasito. O diagnóstico depende da identificação do agente em laboratório.
Quadro 2. Piolhos mais importantes nos animais domésticos. 
	Ordem 
	Espécie
	Hospedeiros 
	Anoplura 
	Haematopinus asini 
	equinos 
	
	Haematopinus eurysternus 
	bovinos 
	
	Haematopinus tuberculatus 
	búfalos 
	
	Haematopinus suis 
	suínos 
	
	Linognathus spp. 
	ruminantes 
	Mallophaga 
	Bovicola ovis 
	ovinos 
	
	Felicola subrostratus 
	felinos 
Infestação por Pulgas. As espécies Ctenocephalides felis e C. canis são as mais importantes em mamíferos domésticos. Tem importância pela habilidade na transmissão de doenças e pela capacidade de hematofagia. Ctenocephalides sp. age como principal H.I. do cestódeo Dipylidium caninum, frequente em caninos e felinos, que se infetam ingerindo pulgas contendo cisticercoides. As pulgas são também importantes em caninos sensíveis que desenvolvem lesões alérgicas à saliva das pulgas, doença denominada dermatite alérgica a saliva da pulgas (D.A.S.P.).
Tunga penetrans pulga popularmente denominada “bicho-de-pé” pelo fato das fêmeas “grávidas” se instalarem na pele de hospedeiros apropriados como suínos, caninos e humanos, causando desconforto e há possibilidade de introduzirem na pele do hospedeiro agentes como Clostridium sp.
Infestação por Moscas / Miíases
Stomoxys calcitrans, denominada “mosca-dos-estábulos”, apresenta ampla distribuição geográfica e causa problemas diretos e indiretos aos animais, pelas picadas dolorosas, hematofagia e capacidade de transmissão de agentes patogênicos como vários tipos de vírus, bactérias como, por exemplo, bactérias causadoras de mamite bovina, protozoários como Trypanosoma evansi, nematódeos como Habronema spp. e Draschia megastoma, cestódeos, fungos, é veiculador de ovos de Dermatobia hominis, e é importante transmissor da riquétsia Anaplasma marginale aos bovinos. Proliferam em locais com acúmulo de matéria orgânica contendo umidade, como restos alimentares sob cochos de alimentação em confinamentos; palha de arroz, restos de cultura, principalmente se estiverem umedecidos com urina e fezes de animais. Nas áreas com indústrias de álcool e açúcar há liberação do vinhoto, que atrai ovipostura de S. calcitrans, pela presença de amônia. Fezes de aves são também muito adequadas para a proliferação da espécie. As moscas permanecem em paredes de construções como estábulos, razão para o nome comum, em cercas e muros. As fêmeas alimentam-se 1 a 2 vezes ao dia e os machos com uma frequência um pouco maior, e preferem alimentar-se em animais de pelagem escura, sendo observada predileção pelos membros torácicos. Alterações comportamentais são observadas em animais intensamente infestados, como tentativas de proteger-se em riachos, lagoas e represas, agrupamento de animais, galopes a esmo em equinos, escoicear-se, movimentos violentos com a cabeça, orelhas, interrupção de alimentação. 
Infestação por Haematobia irritans, “mosca dos chifres”, é um pequeno muscídeo, hematófago, presente em diferentes regiões do mundo, que constitui sério transtorno na criação de bovinos (principalmente em raças europeias) e bubalinos. É um problema relativamente recente no Brasil, mas são calculados prejuízos atuais na faixa de US$ 150.000.000/ano no Brasil. As moscas provocam irritação e queda significativa na produção de leite e carne, além de redução na qualidade de couros de animais infestados relacionada às picadas, fricção da pele pelos animais, infecções cutâneas secundárias, sendo registrada também redução da libido de touros infestados. 
MIÍASES
Dermatobiose. Doença causada por larvas de Dermatobia hominis, caracterizada por lesões subcutâneas nodulares fistuladas. A parasitose causa dor intensa e desconforto nos animais, resultando em atraso no desenvolvimento e queda na produção de leite e carne, bem como em desvalorização de couros na indústria. D. hominis é um díptero robusto cujas larvas, vulgarmente conhecidas como “bernes”, são parasitas do tecido subcutâneo de mamíferos em geral, sendo bovinos, caninos e o homem os hospedeiros mais importantes. Mais raramente parasitam equinos. Dentre os bovinos, as raças europeias são as mais afetadas, especialmente animais de pelagem escura. 
A “Lechiguana”, uma doença de bovinos caracterizada por paniculite fibrogranulomatosa, com lesões que podem alcançar grandes dimensões (até 50 cm ou mais), nas quais sempre está presente a bactéria gram negativa Mannheimia granulomatis, está relacionada à infestação por Dermatobia hominis. A lechiguana tem sido registrada em vários Estados Brasileiros, como Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo e Minas Gerais. Outra observação é que, não raramente, as lesões por D. hominis são infestadas, secundariamente, por larvas de Cochliomyia hominivorax, agravando as lesões e os prejuízos, pode haver formação de abscessos. A dermatobiose ocorre com maior frequência em regiões quentes e úmidas, cuja vegetação é abundante e a topografia montanhosa, com altitudes de até 1.000 m, sendo observada desde o sul do México até a Argentina, enquanto que o Nordeste Brasileiro, a partir do Norte da Bahia, é considerado livre. A mosca apresenta hábito de postura denominado foresia, realizando oviposição sobre outros dípteros capturados. Em temperatura e URA adequadas (27o C e 80%, respectivamente), as larvas se desenvolvem em cerca de 5-7 dias no interior dos ovos. No entanto, elas permanecem nos ovos até o transportador pousar sobre um hospedeiro (animal de sangue quente) e, estimuladas pela temperatura corpórea, abandonam os ovos. Atravessam então a pele íntegra do hospedeiro, alojando-se no tecido subcutâneo, em que induzem a formação de nódulos fistulados. O desenvolvimento larval nos bovinos ocorre em 31-69 dias, e larvas se localizam preferencialmente na região costal, nas paletas, no pescoço e nos membros torácicos, locais menos protegidos aos ataques de insetos transportadores pelo hospedeiro, facilitando o pouso dos mesmos. 
INFESTAÇÃO POR Cochliomyia hominivorax (= Callitroga hominivorax), o mais importante agente causador de miíase nas Américas, ocorre principalmente em regiões tropicais do Continente Americano. As moscas, conhecidas como “moscas da bicheira” ou “moscas varejeiras”, apresentam 0,8 a 1,0 cm, coloração verde-azulada com brilho metálico, listras longitudinais escuras no tórax, olhos castanho-alaranjados e arista plumosa. As fêmeas acasalam-se somente uma vez na vida enquanto que os machos copulam várias vezes, o que é importante saber em relação a controle das moscas. As moscas põem seus ovos, em média 190 por postura, nas bordas de lesões recentes (de castração, descorna, tosquia, umbigo de recém-nascidos, ferimentos efetuados em cerca de arame farpado, feridas decorrentes de infestação por carrapatos e Dermatobia hominis, ...) em animais de sangue quente, cuja eclosão ocorre em 12-18h. 
Os ínstares larvais penetram nos tecidos, produzem lesões extensas de odor desagradável. Hemorragias acentuadas, peritonite, claudicação, cegueira, afecções dentárias e morte por toxemia podem ocorrer em consequência da infestação. Completam seu desenvolvimento em 5 a 8 dias, abandonam o hospedeiro caindo ao solo. As larvas das demais espécies da Família Calliphoridae (ex.: Cochliomyia macellaria) são necrofílicas, isto é, alimentam-se de tecidos em putrefação, mas podem causar miíases facultativas nos animais domésticos. 
Dermatites por Helmintos 
Habronemose cutânea - Causada pelos nematódeos espirurídeos Habronema muscae, Habronema majus (=H. microstoma) e Draschia megastoma. A doença é cosmopolita, mas tem maior importância em regiões de clima quente e úmido, onde hospedeiros intermediários (H.I.), que são moscas, são mais frequentes. Equinos de todas as idades são suscetíveis, mas habronemose é mais frequentemente diagnosticada em animais adultos e há observações de maior frequência em determinados animais do plantel e naqueles com parentesco.
Nas fezes dos equídeos parasitados são eliminados ovos larvados ou L1. Após a eclosãodas L1, estas são ingeridas por larvas de moscas, permanecendo no corpo desses insetos durante os estágios de larva, pupa e na maturação, período que, para Musca domestica, dura em torno de 7 dias. As larvas dos nematódeos, ao atingirem a forma infectante (L3), deixam as moscas através da sua probóscide quando elas se encontram em locais úmidos e quentes, como lábios, feridas cutâneas ou nos olhos de um equídeo. As L3 depositadas em feridas cutâneas e nos olhos invadem esses locais provocando reação local granulomatosa intensa e densamente infiltrada por eosinófilos, mas nestas localizações não há continuidade do ciclo biológico.
As lesões cutâneas são mais frequentes em locais da superfície corpórea em que escoriações e ferimentos são mais prováveis e onde o animal não consegue se defender do ataque das moscas (H.I.), como membros, região cervical, face, região ventral do abdômen, machinho e coroa do casco e, nos machos, também prepúcio e glande. As lesões atingem até 30 cm de diâmetro em poucos meses, podem constituir massas proeminentes, cujo centro pode estar deprimido e as bordas elevadas e espessas, sendo frequentes exsudação hemorrágica e prurido local. Na localização prepucial pode haver edema evidente na região. Regressão significativa das lesões é observada em períodos mais frios, relacionada à diminuição na população de moscas, mas cura espontânea não é frequente, com novo aumento de volume no verão seguinte.
Na localização conjuntival ou ocular, em que a conjuntiva palpebral inferior é mais frequentemente atingida, há lacrimejamento intenso e fotofobia e, na área umedecida pela secreção lacrimal aumentada, moscas são atraídas com possível deposição de larvas, favorecendo formação de lesões cutâneas.
Em casos com feridas cutâneas recomenda-se fazer biópsia, incluindo as bordas da lesão, e exame histológico, no qual devem ser encontradas larvas dos espirurídeos em meio à reação granulomatosa rica em eosinófilos. Faz-se necessário o diagnóstico diferencial com pitiose, sarcoide, e tecido de granulação exuberante, pela semelhança macroscópica. 
Na localização de lesões de habronemose em prepúcio e pênis deve ser incluído no diagnóstico diferencial carcinoma de células escamosas, que também tem características macroscópicas ulcerativas não cicatrizantes e proliferativas.
Ancylostoma spp. Induzem as alterações denominadas “Larva migrans cutânea”, em hospedeiros anormais como humanos, em que as lesões se caracterizam por linhas eritematosas que posteriormente expandem em áreas eritematosas e muito pruriginosas. Pode ocorrer em caninos, mas as alterações tendem a ser mais discretas que em humanos. 
Infecção da pele por Leishmania sp.
A Leishmaniose é causada pelo protozoário flagelado Leishmania spp., que apresenta morfologia distinta nos hospedeiros. Nas células do HD são encontradas formas sem flagelo, denominadas amastigotas, no HI estão formas com flagelo, identificadas como promastigotas e paramastigotas. A leishmaniose é uma doença do sistema monócito-macrófago. A destruição dos macrófagos é, ao menos em parte, mecânica, em consequência da proliferação do protozoário em seu citoplasma. 
A doença ocorre sob duas formas de apresentação mais importantes; leishmaniose tegumentar (LTA) e visceral (LVA) ou Calazar. A transmissão da leishmaniose é feita através da picada de mosquitos flebotomíneos, sendo no Brasil o gênero Lutzomyia (mosquitos conhecidos como mosquito palha, cangalhinha, ...), o Hospedeiro Intermediário. Há diversas espécies, sendo Lutzomyia whitmani, Lu. wellcomei, Lu. pessoai e Lu.intermedia transmissores da forma tegumentar, e Lu. longipalpis o transmissor do Calazar. Está sendo investigada no Brasil possível participação de Rhipicephalus sanguineus na epidemiologia da leishmaniose visceral canina, com recuperação de Leishmania chagasi neste ixodídeo e transmissão experimental para animais de laboratório.
A infecção de animais por Leishmania spp. é comum nas áreas endêmicas, e sua importância tem aumentado também em Medicina Veterinária pela doença causada em cães, com descrições da enfermidade na forma cutânea e na forma visceral, mas principalmente pelo fato dos caninos agirem como reservatórios, tratando-se de uma zoonose importante. As lesões cutâneas são caracterizadas por úlceras crônicas que se desenvolvem a partir de pápulas inflamatórias no local da picada do inseto transmissor, onde o protozoário é fagocitado por histiócitos. Há proliferação rápida dos parasitas, levando ao rompimento dos macrófagos, sendo os agentes liberados e capturados por outros macrófagos, repetindo-se o processo. Linfócitos, plasmócitos e eosinófilos circundam a lesão, e neutrófilos são atraídos pelos restos celulares. Corpúsculos de Russel, que são plasmócitos com citoplasma repleto de material granular eosinofílico, são também frequentes nos cortes histológicos de lesões cutâneas. Ulcerações se desenvolvem quando a inflamação se estende ao epitélio sobrejacente. As manifestações clínicas mais comuns de leishmaniose compreendem debilidade crônica, com mau estado corporal; úlceras cutâneas crônicas - mais frequentes nos lábios e nas pálpebras; alopecia generalizada e em torno dos olhos (“óculos”); pele opaca e com casposidades; crescimento excessivo das unhas (=onicogrifose); febre intermitente, anemia, descarga óculo-nasal recorrente, ocorrência de crostas sobre o nariz e diarreia recorrente. Pode levar muitos meses até que cães infectados apresentem manifestações clínicas da doença. Pode haver longos períodos sem manifestações clínicas seguidos pelo reaparecimento das mesmas.
Na necropsia de animais com Leishmaniose Visceral observa-se baço aumentado, podendo apresentar duas ou três vezes seu tamanho normal, e marrom-escuro a negro na superfície capsular; pulmões com pontilhado bronzeado discreto; fígado com numerosos granulomas, aumentado de volume e castanho escuro, aumento de volume de linfonodos. Frequentemente há lesões cutâneas descamativas focais, mas geralmente a apresentação é de cão adulto em mau estado corporal com pêlos opacos. Os rins também se apresentam mais escuros que o normal. A doença pode ser acompanhada de amiloidose. Como numerosos protozoários, na forma amastigota, estão presentes nos macrófagos e alguns livres no tecido, o diagnóstico pode feito pela pesquisa e demonstração de parasitas em preparações citológicas por punção aspirativa de medula óssea (da crista ilíaca, do esterno), de linfonodos, baço ou fígado, bordas de lesões cutâneas ulcerativas ou mesmo através de preparações histológicas, mas neste método é mais difícil a visualização das estruturas de leishmania. A imuno-histoquímica (IHQ) de tecidos obtidos em biópsia ou necropsia permitem a visualização do parasita. O diagnóstico baseia-se também em provas sorológicas, como RIFI e ELISA, que são empregadas para verificar ocorrência de anticorpos contra leishmania. Cada vez mais está sendo usada PCR como técnica diagnóstica para infecção por leishmania, para a qual são empregadas amostras de medula óssea, linfonodo, pele ou sangue de animais suspeitos. 
DOENÇAS IMUNOMEDIADAS. São classificadas em alérgicas e autoimunes e estão relacionadas à resposta do hospedeiro. Geralmente cursam com prurido, pode haver alopecia, despigmentação, formação de vesículas, e resposta a tratamento com corticoides, dado que pode auxiliar no diagnóstico clínico. São mais comuns em caninos e equinos. 
Dentre as Reações auto-imunes, o complexo Pênfigo é o mais comum no cão, especialmente o Pênfigo foliáceo. Também podem ocorrer o penfigoide bolhoso, o Lupus eritematoso sistêmico e discoide, e a Dermatomiosite. Uma doença auto-imune com alterações semelhantes ocorre em raças caninas do Ártico, como Husky Siberiano, Samoeida e Alaskan Malamute, denominada Síndrome uveodermatológica, com características similares às da Síndrome de Vogt-Koyanagi-Harada em humanos, com dermatite interface histiocítica e uveíte granulomatosa.
As doenças cutâneas alérgicas incluem urticária e angioedema, atopia, dermatite alérgica a salivada pulgas (DASP), Hipersensibilidade por Culicoides em equinos e ovinos, e Dermatite alérgica de contato. Esta é uma resposta a alérgenos ambientais, como alimentos, utensílios, recipientes usados, ectoparasitos, produtos usados nos animais, tapetes e muitos outros, que precisam ser investigados pelo médico veterinário. 
DOENÇAS ENDÓCRINAS frequentemente cursam com alterações na pele, especialmente Hipotireoidismo, Hiperadrenocorticismo e Hiperestrogenismo. Nestes casos geralmente há alopecia bilateral simétrica e hiperpigmentação da pele. Outros sinais devem ser investigados, biópsia da pele pode ser interessante para definir o diagnóstico, bem como dosagens hormonais específicas podem ser interessantes. Estas doenças já foram discutidas na patologia do sistema endócrino. 
Na biopsia da pele em casos de hipotireoidismo observam-se atrofia de epiderme com hipertrofia e vacuolização de músculo piloeretor.
No hiperadrenocorticismo (Síndrome de Cushing) as alterações na pele são caracterizadas, além de hipotricose/ alopecia, por comedões, calcinose e perda da elasticidade. Além das alterações cutâneas podem ser observados, polifagia, polidipsia e poliúria, distensão abdominal e fraqueza por atrofia muscular e hepatomegalia.
Animais com hiperestrogenismo, mais frequente em caninos, apresentam alopecia bilateral simétrica, hiperqueratose ortoqueratótica, hiperpigmentação e hiperqueratose folicular. Cães machos apresentam também ginecomastia, prepúcio penduloso e em casos mais graves atraem outros machos. Devem ser investigados cistos foliculares ou tumor de células da granulosa nas fêmeas e, nos machos, tumor de células de Sertoli ou mesmo uso de estrógenos exógenos.
DOENÇAS NUTRICIONAIS que afetam a pele incluem desnutrição protéica e energética, deficiência de zinco e deficiência de cobre. Na deficiência proteico-energética há pelagem opaca e pelos eriçados, pois o pelame fica fino e fraco, com falha na troca ou para completar o ciclo piloso e ocorre hiperqueratose. Esses sinais muitas vezes estão associados a retardo no crescimento e/ou menor desempenho dos animais e, em casos graves, edemas por hipoproteinemia. Frio acentuado e gestação podem agravar a desnutrição. 
Deficiência de zinco ocorre em suínos e caninos. Está relacionada a níveis baixos de zinco na dieta ou a níveis elevados de ácido fítico, que se liga ao zinco indisponibilizando-o, ou a níveis elevados de cálcio, com redução da absorção de zinco. São observadas máculas avermelhadas que iniciam em abdômen e face medial das coxas e se estendem às extremidades dos membros e áreas perioculares. Formam-se escamas e crostas, estas ficam espessadas, sofrem fissuras, propiciando a instalação de bactérias. Histologicamente é característica a paraqueratose, com acantose. Nos caninos as lesões ocorrem ao redor da boca e olhos, nas orelhas e pontos de pressão, com descamação e formação de crostas. 
A Deficiência de cobre induz despigmemtação de pele e pelos de bovinos e ovinos, pois é elemento necessário para ação da tirosinase na síntese de melanina. Há manifestação de pele e pelos despigmentados, sendo característica o aspecto marrrom-avermelhado da pelagem de animais pretos e despigmentação periocular, lembrando óculos e, nos ovinos lanados, há também menor ondulação dos fios de lã. O cobre pode estar em níveis insuficientes na dieta, mas a deficiência pode ser secundária a níveis elevados de sulfato e molibdênio, elementos antagonistas do cobre. A deficiência de cobre induz também hipomielinogênese em ovinos (“Swayback”, Ataxia enzoótica) e em bovinos, com nascimento de animais incapazes de levantar e com ataxia. Em bovinos a deficiência pode se manifestar por mortes súbitas, diarreia, emagrecimento.
NEOPLASIAS CUTÂNEAS
Neoplasias benignas. São várias as neoplasias benignas na pele de animais, observadas principalmente em caninos. Geralmente aparecem como pequenos nódulos não ulcerados, mas seu diagnóstico depende de exame histológico na maioria dos casos. Incluem tumor de células basais, tricoepitelioma, adenoma glândulas sebáceas e sudoríparas, histiocitoma, hemangioma, melanoma benigno, fibroma, lipoma, sarcoide equino, e outros. 
* Nos bovinos jovens é importante a papilomatose, causada por papilomavírus, com regressão e desaparecimento das lesões verrucosas quando do desenvolvimento de imunidade específica, razão por que algumas vezes as lesões são referidas como hiperplasia e não como neoplasia.
* Sarcoide equino. O sarcoide é uma neoplasia benigna de pele comum nos equídeos, cuja etiologia é atribuída ao Papilomavírus bovino tipo 2. Produz massas proliferativas, geralmente ulceradas, únicas ou múltiplas, as quais podem ocorrer na cabeça, na pele da extremidade distal dos membros, mas podem ter outra localização, e ocorrem em qualquer idade, sexo e raça. As alterações podem regredir espontaneamente e, em remoção cirúrgica, é frequente a recidiva. Deve ser feito diagnóstico diferencial com tecido de granulação exuberante, pela semelhança macroscópica, diferenciar também de pitiose, carcinoma de células escamosas, ou seja, doença em que há formação de lesões cutâneas extensas e ulceradas. Para conclusão diagnóstica deve ser feita biópsia da lesão, com coleta nas bordas da lesão, incluindo epitélio. 
Neoplasias malignas
Neoplasias cutâneas – malignas 
· Carcinoma células escamosas ou carcinoma epidermoide. 
Relacionado à radiação solar, as lesões ocorrem em animais adultos com pele despigmentada ou pouco pigmentada, e em regiões de menor densidade pilosa. Caracteriza-se por lesões ulceradas, deprimidas ou proliferativas, firmes e ao corte pode haver grânulos amarelo enxofre, que são as pérolas de queratina. Sua ocorrência é comum em caninos de pelagem clara, principalmente na região ventral, como observado em Pit Bull e Boxer. Em felinos o carcinoma de células escamosas é frequente em orelhas, focinho e pálpebras e, em bovinos, nas pálpebras, na região vulvar e no dorso quando despigmentado, em ovelhas principalmente na vulva e, em cabras, nos tetos. 
· Melanoma. 
Forma nódulos ou massas geralmente escuras a enegrecidas, de acordo com a quantidade de melanina sintetizada pelas células neoplásicas. As lesões podem estar ulceradas e mesmo lesões de dimensões reduzidas já podem apresentar metástase. O melanoma é patologia de pele importante em equinos tordilhos, com localização perianal e base de cauda. É também na pele de caninos, nos quais pode ocorrer também nos olhos e na cavidade oral.
· Mastocitoma. 
Neoplasia maligna de mastócitos comum em caninos, ocasional em felinos. A neoplasia pode ser proliferativa, geralmente ulcerativa e de consistência mole a firme. No exame histológico faz-se classificação em graus I, II e III, de acordo com a diferenciação e distribuição, mas todas as formas são malignas. Uma forma disseminada na pele é denominada mastocitose maligna, com grandes chances de metástase e de prognóstico desfavorável.
· Hemangiossarcoma. 
Importantes apenas na espécie canina, geralmente tem coloração avermelhada, pelas estruturas vasculares funcionais formadas. Tem relação com radiação solar, sendo mais frequentes também em animais adultos com pele despigmentada ou pouco pigmentada, e em regiões de menor densidade pilosa. No cão esta neoplasia também pode ter origem no baço ou no coração e, nestes casos, geralmente é mais agressiva. 
· Adenocarcinoma de glândulas sebáceas e sudoríparas. 
Neoplasias cutâneas mais comuns em caninos, tem ocorrência ocasional. Dependem do exame histológico para confirmação diagnóstica.
· Fibrossarcoma.
Ocorre ocasionalmente no tecido subcutâneo. Pode ser pouco delimitado e fazer metástase. Em felinos pode ter relação com aplicação de vacinas no tecido subcutâneo. 
Bibliografia 
JONES, T.C., HUNT, R.D., KING, N,.W, Veterinary pathology. 6. ed. Baltimore: Williams & Wilkins, 1997. 1392 p.
JUBB, KVF., KENNEDY, PC & PALMER, N. Pathology of the domestic animals. 4.ed. S. Diego:Academic Press, 1993. 3 v.
LEMOS, R.A.A.; BARROS, N.; BRUM, K.B. Enfermidades de interesse econômico

Outros materiais