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Gestão e sustentabilidade

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G
estão e Sustentabilidade
Gestão e 
Sustentabilidade
Universidade do Sul de Santa Catarina
C
M
Y
CM
MY
CY
CMY
K
capa_vermelha.pdf 1 18/08/17 14:03
UnisulVirtual
Palhoça, 2017
Gestão e 
Sustentabilidade
Universidade Sul de Santa Catarina
Universidade do Sul de Santa Catarina – Unisul
Reitor
Mauri Luiz Heerdt
Vice-Reitor
Lester Marcantonio Camargo
Pró-Reitor de Ensino, Pesquisa, Pós-graduação, Extensão e Inovação
Hércules Nunes de Araújo
Pró-Reitor de Administração e Operações
Heitor Wensing Júnior
Assessor de Marketing, Comunicação e Relacionamento
Fabiano Ceretta
Diretor do Campus Universitário de Tubarão
Rafael Ávila Faraco
Diretor do Campus Universitário da Grande Florianópolis
Zacaria Alexandre Nassar
Diretora do Campus Universitário UnisulVirtual
Ana Paula Reusing Pacheco
Campus Universitário UnisulVirtual
Diretora
Ana Paula Reusing Pacheco
Gerente de Administração e Serviços Acadêmicos
Renato André Luz
Gerente de Ensino, Pesquisa, Pós-graduação, Extensão e Inovação
Moacir Heerdt
Gerente de Relacionamento e Mercado
Guilherme Araujo Silva
Gerente da Rede de Polos
José Gabriel da Silva
Livro Didático
Professor conteudista
Jorge Luiz de Lima
Designer Instrucional
Elizete Aparecida De Marco Coimbra
Projeto Gráfico e Capa
Equipe UnisulVirtual
Diagramação
Fernanda Vieira Fernandes
Revisão Ortográfica
Diane Dal Mago
ISBN
978-85-506-0216-5
e-ISBN
978-85-506-0217-2
Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Universitária da Unisul
L71
Lima, Jorge Luiz de
Gestão e sustentabilidade : livro didático / Jorge Luiz de Lima ; design instrucional 
Elizete Aparecida De Marco Coimbra. 2. ed. – Palhoça : UnisulVirtual, 2017.
106 p. : il. ; 28 cm.
 
 
Inclui bibliografia.
ISBN 978-85-506-0216-5
e-ISBN 978-85-506-0217-2
 
 
1. Gestão ambiental. 2. Conservação da natureza. 3. Biossegurança. 4. 
Bioética I. Coimbra, Elizete Aparecida De Marco. III. Título.
 
CDD (21. ed.) 363.7
Copyright © UnisulVirtual 2013
Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida por qualquer meio sem a prévia autorização desta instituição. 
Livro didático
2ª edição
UnisulVirtual
Palhoça, 2017
Designer instrucional
Elizete Aparecida De Marco Coimbra
Gestão e 
Sustentabilidade
Jorge Luiz de Lima
Sumário
Introdução | 7
Capítulo 1
Gestão, sustentabilidade e ética | 9
Capítulo 2
Gestão regulatória da cadeia produtiva | 31
Capítulo 3
Gestão de resíduos sólidos | 53
Capítulo 4
Biossegurança e bioética em organismos 
geneticamente modificados | 83
Considerações Finais | 95
Referências | 97
Sobre o Professor Conteudista | 105
Introdução 
A compreensão do meio ambiente passa por diferentes caminhos, entre os quais 
a observação de que seus elementos estão permeados em todas as áreas. A 
terminologia do meio ambiente pode estar associada ao meio físico e social das 
relações de trabalho, entre outras. No mesmo sentido é o complexo conceito 
de sustentabilidade tratado em capítulo próprio. Dessa forma, não é possível a 
interpretação isolada desses conceitos, pois um conceito limitado que não leve 
à formação de conhecimento de muitos aspectos envolvidos nesses conceitos 
poderia prejudicar a visão do intérprete.
Essa é a proposta apresentada na presente obra, ou seja, fazer com que o leitor 
consiga ter uma visão do todo, materializada em capítulos que demonstram a 
interferência no meio ambiente e na gestão da sustentabilidade, por meio de sua 
formação legal e social, incidindo sobre as ações de entes públicos e privados.
Consagrado constitucionalmente, o direito ambiental trouxe uma nova forma de 
entendimento acerca da reunião de textos normativos, colocando-os em um eixo 
de direcionamento que anteriormente não havia sido dado, pois sequer tinha 
sido tratado em âmbito constitucional. Apesar da existência de determinados 
regramentos anteriores à Constituição de 1988, não é outra senão essa que 
perfaz o indicativo do rumo a ser seguido.
Os capítulos desta obra demonstram que determinadas ações dos indivíduos ou 
entes públicos ou privados podem refletir tanto positiva como negativamente no 
coletivo, o que nos leva a essa integração do ordenamento jurídico.
O meio ambiente e a gestão da sustentabilidade não são apenas garantias para o hoje, 
mas sim um indicativo do amanhã, buscando a continuidade da espécie humana.
Ao nos depararmos com determinadas situações, que possam ser mais lenientes, 
permissivas e menos restritivas aos controles socioambientais, surgem os 
questionamentos sobre como ficará a sociedade no futuro próximo, sempre no 
sentido de avançar nos processos de construção de um bem-estar social, sem 
que nos seja permitida a retroação que busque degradar o meio ambiente. Assim, 
não nos é permitido retroagir em normas mais duras, mas somente avançar nesse 
recrudescimento, sem nos abstermos da função social.
É função do conjunto de regramentos que tratam do meio ambiente garantir 
que os processos desenvolvidos no âmbito social conduzam à interpretação e 
aplicação do caráter difuso do direito ambiental. Isso mesmo, enquanto direito 
ele tem caráter difuso, pois atinge indistintamente a coletividade, seja de maneira 
direta ou indireta.
Nesta mesma direção, o leitor poderá perceber que inclusive os tentáculos 
do conjunto de normas que tratam da gestão da sustentabilidade e do meio 
ambiente alcançam não somente aquilo que nos é visível, mas também o que 
não nos é perceptível de forma geral. Tais normas interferem em vários outros 
aspectos da vida em sociedade, como, por exemplo, quando regula em matéria 
consumerista a necessidade de indicação de transgenia em produtos alimentares. 
Quando esferas distintas se cruzam, como nesse exemplo, uma determinada 
norma está interferindo em processos de educação ambiental e de gestão da 
sustentabilidade, realizando uma interação entre normas distintas.
Assim, a visão holística que nos é trazida nesta obra contempla diversos aspectos 
da vida em sociedade, tais como gestão de recursos hídricos, biodiversidade, 
ecossistemas, gestão de florestas, entre outros, temas que são abordados 
necessariamente nesta obra.
Essa é a forma pela qual a gestão, sustentabilidade e o meio ambiente integram-se 
e interagem, ou seja, é pela percepção de que a interferência em um dos planos de 
atuação do meio ambiente fará com que possivelmente tenha-se o desequilíbrio 
em um outro plano. Podemos perceber claramente esses aspectos pelas mazelas 
enfrentadas corriqueiramente nos meios urbano ou rural, tais como enchentes, 
ocupação irregular do solo, contaminação de mananciais, entre outros.
Essa obra não se presta a esgotar os temas nela abordados, mas sim de chamar 
a atenção do leitor, em assuntos diferenciados, formulados por diferentes autores, 
de que esses temas estão postos em sociedade e devem ser discutidos por toda 
a coletividade e não apenas por aqueles que editam e operacionalizam as normas 
que regulam nosso dia a dia.
9
Capítulo 1
Gestão, sustentabilidade e ética
O grande desafio da vida moderna é compreender como os seres humanos 
estão vivendo atualmente e como estarão vivendo em um futuro próximo. Certas 
perguntas como: “Teremos água no futuro?”, ou ainda, “Como conseguiremos 
nos locomover?”, e também “Quanto aumentará a temperatura da Terra?” 
pairam na mente da maioria das pessoas e, em especial, dos cientistas. “Quem 
saberá responder essas questões? Elas são decorrentes da preocupação dos 
seres humanos, pois verificamos aumento na temperatura da Terra ano após 
ano, grandes estiagens, derretimento das calotas polares, impossibilidade de 
locomoção nos grandes e médios centros urbanos, redução na produção de 
alimentos, entre outras preocupações. 
A partir desses questionamentos, a gestão e a sustentabilidade passam a ser 
objetos de estudo.
Assim, analisando esses pontos poderemos conhecer melhor a nós mesmos e o 
meio no qual vivemos, para encontrarmos as soluções locais, que trarão reflexos 
globais. Essa é a proposta do presente estudo.
Os diversosconceitos contemplados neste livro, ainda que destaque a gestão e 
sustentabilidade, possuem subdivisões na apreciação do conceito de gestão ou 
no conceito de sustentabilidade, que nos ajudarão a encontrar algumas respostas 
ou, ainda, possibilitar novos questionamentos.
10
Capítulo 1 
Seção 1 
Gestão
A gestão é entendida como um instrumento de efetivação, como ato de gerir, 
administrar. Temos como tema central aqui especificamente a gestão ambiental 
em toda a sua complexidade, e nesse contexto, dando especial atenção para as 
técnicas a serem aplicadas nesse gerenciamento.
De acordo com Medeiros; Giordano, e Reis, (2012, p.376) Gestão Ambiental é 
o “[...] resultado da necessidade de adequação a essa nova forma de pensar 
em desenvolvimento e produção de bens de consumo, circunscrita pelo 
desenvolvimento sustentável”.
A gestão pode ser dividida em suas técnicas como: 
 • suporte; 
 • análise global;
 • custos; 
 • reestruturação.
Analisando o primeiro ponto que é o suporte ou técnica de suporte como uma 
abordagem do problema da gestão de questões ambientais e de sustentabilidade, 
tais como produção e consumo. A solução deverá levar em consideração, sob 
o ponto de vista de quem se confronta com a realidade fática, a escolha de uma 
fonte de pesquisa, seja empírica ou científica, de modo que não possa gerar 
qualquer interferência interpretativa, devendo essa fonte estar clara para quem 
possa vir utilizá-la como técnica de suporte. Essa fonte deve ser proposta e 
contraposta com todas as suas variações, para que o analista-observador possa 
escolher a melhor ferramenta de gestão. Isso se aplica aos demais fatores que 
não são apenas a produção e o consumo, mas também poluição, consumo de 
água, ocupação de solo, entre outros.
Por sua vez, a análise global do problema e das possíveis variantes permite ao 
gestor, ou pretenso gestor, formar grupos multidisciplinares de profissionais que 
lhe deem suporte como um corpo técnico, para, primeiramente, buscar casos 
semelhantes e as soluções que tiveram efetividade, ou seja, que foram aplicadas 
e estabelecer os critérios que serão utilizados, no caso a ser solucionado, por 
exclusão de hipóteses.
Outro critério a ser analisado é o dos custos, considerando sempre o custo total 
projetado, o custo dimensionado aplicado especificamente à técnica de gestão 
ambiental a ser introduzida para cada situação. 
11
Gestão e Sustentabilidade
A gestão não é simples, pois ela é um processo em constante mutação, dinâmica 
e variável, conforme lembra Almeida (2014, p.17), na medida que as técnicas 
mencionadas não são estáticas, mas servem de indicativo à gestão ambiental:
Nesse sentido a abordagem sistêmica é uma das maneiras de se 
compreender os sistemas naturais. No contexto de interferência 
humana no ambiente, essa abordagem pode servir como meio de 
previsão de mudanças, avaliação de sensibilidade dos sistemas 
naturais e de determinação dos pontos de interferência e dos limiares 
de sistema que poderão ser modificados através de impactos 
ambientais. Consequentemente, neste sentido pode-se aplicar o 
conhecimento ecológico ao planejamento e gestão ambiental.
Somente é possível aplicar a gestão, ou seja, a administração, naquilo que se 
conhece. O conhecimento nos permite uma visão global sobre a situação a ser 
analisada, possibilitando planejar os passos que devem ser dados para uma 
gestão efetiva e duradoura.
1.1 Sustentabilidade e ética
Em uma visão reducionista do conceito de sustentabilidade, Ferreira (2004, p. 
1902) indica essa como Qualidade de sustentável. Isso, de fato, não subsidia a 
compreensão adequada do conceito de sustentabilidade.
O conceito de sustentabilidade, se é que é possível se definir um conceito, 
foi mencionado em 1987, por meio do Relatório Brundtland, ou “Nosso futuro 
comum”, em que se fez uma avaliação prévia do decênio de mudanças propostas 
pela Organização das Nações Unidas (ONU), na Conferência de Estocolmo, 
de 1972, sobre meio ambiente. O referido documento traz uma visão crítica 
sobre o desenvolvimento humano, principalmente nos países desenvolvidos 
daquela época. Temas como o aquecimento global, desenvolvimento industrial, 
ecossistemas, produção e consumo, agricultura, silvicultura, água, energia, 
florestas, entre outros, foram abordados em comissões temáticas.
Sustentabilidade não é um conceito que possa ser traduzido em uma palavra 
ou expressão, mas, sobretudo, é uma visão holística de mundo, na qual se 
estabelece em que estágio está o ser humano e em qual estágio ele estará em um 
futuro próximo ou a longo prazo. 
A sustentabilidade pode ser compreendida em diversas dimensões, como a 
antropocêntrica, a geocêntrica e a teocêntrica. 
12
Capítulo 1 
No primeiro caso, ou seja, a dimensão antropocêntrica, apenas e somente esse 
deve ser sujeito de saciedade de suas necessidades, sem uma preocupação com 
os recursos naturais e seu esgotamento. Não há preocupação com o que ocorrerá 
com o ambiente natural.
No viés da dimensão geocêntrica, a preservação dos recursos é o foco, sem 
que haja uma possibilidade de utilização em larga escala dos recursos naturais. 
Preservação plena ou restrita ao extrativismo de subsistência. 
E a dimensão teocêntrica em que se tem um olhar de que “Deus proverá”. Não 
se discute aqui a opção religiosa, mas sim o entendimento de alguns povos, que 
a utilização dos recursos naturais será provida exclusivamente por um Deus e não 
pela participação do homem no processo de conservação, preservação e utilização 
racional dos recursos.
Nenhuma das três dimensões isoladamente apresenta uma visão adequada, 
mas é conjunção de todos os entendimentos, analisados sistematicamente, 
que poderá fazer com que a compreensão do pensar global e agir local dará 
efetividade ao sistema de sustentação de todas as formas de vida existentes.
O que importa para a compreensão da sustentabilidade é a finalidade que se quer dar 
ou buscar para as gerações futuras. A definição de tais finalidades será pautada pela 
legislação interna e pelos tratados e convenções internacionais ratificados pelas nações. 
Ramiro et. al (2015, p. 27) destaca, preponderantemente, por teoria filosófica, o 
seguinte:
Se entendermos por desenvolvimento sustentável um modelo 
econômico, político, social, cultural e ambiental, pautado pelo 
equilíbrio, capaz de suprir necessidades razoáveis das gerações 
atuais, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de 
satisfazer as suas próprias necessidades, então perceberemos 
que tal concepção ganha seu influxo mais vigoroso a partir da 
tentativa filosófica de Hans Jonas de reconduzir à autorchheia 
nossa delirante civilização tecnológica, pois esta se desdobra, 
em termos de filosofia prática, em postura crítica do estilo de 
desenvolvimento tradicionalmente adotado, quando se constata 
que este tem sido ecologicamente predatório na utilização 
dos recursos naturais, socialmente injusto, como geração de 
pobreza exclusão, e politicamente inapto a perceber todas 
as consequências da dialética entre inovação tecnológica e 
necessidade compulsória de seu aproveitamento industrial em 
13
Gestão e Sustentabilidade
larga escala, sem perceber que, tornada força produtiva, a ciência 
e a tecnologia transformam-se , ao mesmo tempo, em condição 
de possibilidade sócio-política e cultural para a manutenção 
e reprodução de um modelo de desenvolvimento pautado por 
relações econômico-jurídicas sumamente problemáticas.
Não menos importante do que tratar a sustentabilidade sob suas diversas formas 
de compreensão e do sistema complexo, público e privado, material e imaterial, 
de conservação e preservação, político e político-administrativo, de visão ou 
de gestão, é fazer com que aqueles que decidem os rumos da vida no planeta 
estejam pautados por critérios éticos. 
Nesse sentido, a ética é elemento essencial a estar presente nos processos 
decisórios. Segundo Ramiro et. al. (2015, p. 55): 
Os excessos de “poder” e de “querer” do ser humano geram,cada vez mais, desconforto para seus semelhantes, isso devido, 
justamente, à falta de ética por parte daqueles mais privilegiados 
e que, em regra, detêm as patentes e financiam as descobertas 
de novas tecnologias. Diante disso, novas formas de poder 
exigem novas normas éticas.
Os critérios de moral e ética possuem uma linha muito tênue de acordo com os 
interesses envolvidos. Enquanto a moral possui uma compreensão restritiva sob o 
aspecto do observador da norma, a ética traz uma visão restritiva desse, aplicada 
à coletividade que fará o “julgamento” de suas condutas. 
A proposta dessa nova ética indicada por Ramiro et al. (2015) não apresenta 
contraposição com o entendimento ético tradicional, mas vem a ampliar a 
visão que se possa ter sobre esse entendimento, pois as questões ambientais 
e de vida em sociedade são indissociáveis do processo de construção ética. 
A ética necessita ser um fundamento do pensamento e do agir humano, para 
que o interesse individual, local ou de grupos não prejudique a convivência 
em sociedade ou em coletividade, sob pena de impactar o desenvolvimento 
sustentável humano.
14
Capítulo 1 
Seção 2
Sustentabilidade das florestas e as unidades de 
conservação
Ao estudarmos a sustentabilidade, faz-se necessário conhecer os conceitos 
legais de conservação e preservação ambiental, pois são meios de compreensão 
e análise utilizados na verificação dos limites a serem adotados quando é 
necessária a ocupação humana de áreas e desenvolvimento empresarial.
O Art. 2° da Lei nº 9.985/2000, que institui o Sistema Nacional de Unidades de 
Conservação da Natureza e dá outras providências, faz a referida conceituação 
dos institutos de preservação e conservação, conforme segue:
Art. 2° Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por: 
 
[...] 
 
II - conservação da natureza: o manejo do uso humano da 
natureza, compreendendo a preservação, a manutenção, a 
utilização sustentável, a restauração e a recuperação do ambiente 
natural, para que possa produzir o maior benefício, em bases 
sustentáveis, às atuais gerações, mantendo seu potencial de 
satisfazer as necessidades e aspirações das gerações futuras, e 
garantindo a sobrevivência dos seres vivos em geral; 
 
[...] 
 
V - preservação: conjunto de métodos, procedimentos e políticas 
que visem a proteção a longo prazo das espécies, habitats e 
ecossistemas, além da manutenção dos processos ecológicos, 
prevenindo a simplificação dos sistemas naturais; 
(BRASIL, 2000, grifo nosso).
Esses conceitos-guia apontam o direcionamento não apenas às Unidades de 
Conservação, mas também os empresta à gestão de florestas, solo e outros 
recursos naturais.
A própria Lei nº 11.428/2006 também carrega em seu texto os referidos 
conceitos, os quais definem, inclusive, regimes jurídicos aplicáveis em cada 
situação que se queira utilizar área de floresta ou próxima dessa.
Tais conceitos impactam diretamente no interesse de empreender do particular e 
estão dispostos de forma bastante clara e concisa.
15
Gestão e Sustentabilidade
Para Oliveira (2013), essa caracterização da determinação dos conceitos de 
concessão de uso de bem público, como florestas por exemplo, está nas mãos 
do poder público, que, conforme mencionado, pode proibir ou restringir o 
particular em sua intenção de ocupar o espaço ou empreender. No sentido lato, 
a concessão pode ser conceituada como “atos que, em determinados casos 
concretos, constituem em favor de determinadas pessoas, uma nova condição 
jurídica ou um novo direito subjetivo”. (OLIVEIRA, 2013, p. 142).
O sistema de conservação, regeneração e proteção das florestas está 
fundamentado tanto na referida Lei nº 11.428/2006 quanto no popularmente 
conhecido Código Florestal, que tem abrangência para além da própria floresta, 
sendo essa a Lei nº 12.651/2012, a qual será tratada em tópico próprio.
A Lei nº 11.428/2006 declara, em seu Art. 7°, traz 4 objetivos muito claros assim 
descritos:
Art. 7°. A proteção e a utilização do Bioma Mata Atlântica far-se-
ão dentro de condições que assegurem: 
 
I - a manutenção e a recuperação da biodiversidade, vegetação, 
fauna e regime hídrico do Bioma Mata Atlântica para as presentes 
e futuras gerações; 
 
II - o estímulo à pesquisa, à difusão de tecnologias de manejo 
sustentável da vegetação e à formação de uma consciência 
pública sobre a necessidade de recuperação e manutenção dos 
ecossistemas; 
 
III - o fomento de atividades públicas e privadas compatíveis com 
a manutenção do equilíbrio ecológico; 
 
IV - o disciplinamento da ocupação rural e urbana, de forma a 
harmonizar o crescimento econômico com a manutenção do 
equilíbrio ecológico. (BRASIL, 2006).
Esses objetivos norteiam as demais ações tidas na proteção de florestas, 
ocupação do solo, desenvolvimento econômico sustentável e equilíbrio ecológico.
Toda a construção tida no sentido de fomentar a conservação e preservação 
das florestas, no bioma mata atlântica ou outros biomas, está positivamente 
contaminado por essa legislação, principalmente no que tange à supressão 
da vegetação em estágio de regeneração, seja ela primária ou secundária, 
conforme descrito no Art. 14, que age como um freio, dando contrapesos entre 
desenvolvimento e conservação, conforme demonstrado a seguir:
16
Capítulo 1 
Art. 14. A supressão de vegetação primária e secundária no 
estágio avançado de regeneração somente poderá ser autorizada 
em caso de utilidade pública, sendo que a vegetação secundária 
em estágio médio de regeneração poderá ser suprimida nos 
casos de utilidade pública e interesse social, em todos os casos 
devidamente caracterizados e motivados em procedimento 
administrativo próprio, quando inexistir alternativa técnica e 
locacional ao empreendimento proposto, ressalvado o disposto 
no inciso I do art. 30 e nos §§ 1o e 2o do art. 31 desta Lei. 
(BRASIL, 2006).
Tais caminhos nos conduzem ao entendimento que a conservação é necessária, 
mas ela caminha incontinente com o desenvolvimento sustentável, inviabilizando, 
pelo menos sob o aspecto legal, a ocupação desenfreada de áreas, obrigando, 
ainda, o poder público a estimular as populações que já ocupam tais áreas a 
nelas permanecer, sem permitir novas ocupações, mantendo-se daquilo que é 
extraído do meio em que estão inseridas, por meio de incentivos econômicos.
Não há outra forma de repensar o sistema de conservação e preservação de florestas, 
biomas e unidades de conservação, que não seja pelo viés do desenvolvimento 
sustentável, da manutenção das populações lá existentes, mas fazendo com 
que essas, além de fiscalizar o ambiente em que vivem, possam receber valores 
para manter esses ambientes, na forma determinada pelo poder público, ora para 
conservar/preservar, ora para permitir a ocupação na forma prevista.
É necessário também mencionar a Lei nº 11.284/2006, que trata da gestão de 
florestas públicas e seu uso, da “proteção dos ecossistemas, do solo, da água, 
da biodiversidade e valores culturais, além da garantia de condições estáveis e 
seguras que estimulem investimentos de longo prazo no manejo, na conservação 
e na recuperação das florestas”. (Art. 2°, I e VIII respectivamente).
O arcabouço legal é o primeiro passo nessa necessária visão sobre os sistemas 
de florestas, e que nos traz a observação sobre o nosso entorno e a devida 
preocupaçãocom nossa geração, de nossos sucessores e dos sucessores desses.
2.1 Gestão hídrica 
Ao tratarmos de gestão e sustentabilidade, inevitavelmente devemos abordar a 
gestão híbrida, pois é elemento essencial para a existência e desenvolvimento da 
vida neste planeta. Sobre a gestão dos recursos hídricos, é importante destacar a 
Política Nacional de Recursos Hídricos – Lei nº 9.433/97 - que define a água, como 
um recurso finito, dotado de valor econômico e público, conforme artigo a seguir:
17
Gestão e Sustentabilidade
Art. 1º A Política Nacional de Recursos Hídricos baseia-se nos 
seguintes fundamentos: 
 
I - a água é um bem de domínio público; 
 
II - a água é umrecurso natural limitado, dotado de valor 
econômico; 
(BRASIL, 1997).
Assim, essa introdução pragmática da legislação já coloca em segundo plano a 
possibilidade de uma visão restritiva do recurso hídrico no uso pelo particular. 
Os recursos hídricos que perpassam ou estão armazenados em propriedades 
privadas não pertencem ao particular, mas sim à coletividade. 
A visão sobre a utilização do recurso hídrico em determinada região ou em 
específica bacia hidrográfica deve ser integrada, garantindo que os usos desse 
recurso hídrico não fiquem adstritas a uns poucos, mas que possa chegar tanto 
àqueles que possuem melhores condições de vida quanto àqueles que são 
desfavorecidos, sendo que para esses a atenção deve ser ainda mais especial, 
para que se possa atingir parte do denominado mínimo existencial ambiental.
Ao tratar das competências, a Constituição da República Federativa do Brasil de 
1988 determina quais bens pertencem a cada ente federativo, indicados nos Arts. 
20 e 26, sendo residual aos municípios, utilizando o elemento natural água como 
fator determinante de tais competências. 
Granziera destaca a água como um elemento indistinto de todos, ou seja, indica 
seu caráter difuso, assim referenciado:
Após a edição da Lei 9.433/97, caíram por terra quaisquer dúvidas 
que pudessem restar acerca da publicização dos recursos hídrico 
no Brasil. O Art. 1°, inciso I, da Lei das Águas, tornou definitiva a 
condição pública das águas no Brasil, fixando que “a água é um 
bem de domínio público”. (GRANZIERA, 2006, p. 91).
Assim como no texto constitucional do Art. 225, caput, a Política Nacional de 
Recursos Hídricos também visa a garantir à atual e às futuras gerações um meio 
ambiente desenvolvido, mas equilibrado, sendo que essa coloca tal fator como 
um de seus objetivos, indicando tal protagonismo à disponibilidade de água, seja 
ela de rios, lagos, lagoas, olhos d’água, cursos d’água, reservatórios naturais e 
artificiais, entre outros.
18
Capítulo 1 
Nesse sentido, o Art. 2º declara:
Art. 2º São objetivos da Política Nacional de Recursos Hídricos: 
 
I - assegurar à atual e às futuras gerações a necessária 
disponibilidade de água, em padrões de qualidade adequados 
aos respectivos usos; (BRASIL, 1997).
A proteção da água passa pela proteção necessária dos mananciais, nascedouros 
e afluentes das mais diversas formas de existência deste recurso. Tanto o planeta 
quanto o ser humano são preponderantemente formados por água, sendo essa 
necessária e fundamental à nossa existência. 
O planejamento do uso tem necessariamente que conter etapas essenciais, tais 
como
 • diagnóstico dos recursos hídricos; 
 • análise do desenvolvimento social e ocupação do solo; 
 • apuração da quantidade, qualidade e disponibilidade do recurso 
hídrico em cada região; 
 • metas de uso racional e melhora de quantidade e qualidade do 
recurso hídrico;
 • medidas educacionais de racionalização e uso; 
 • prioridades de outorga; 
 • critérios de cobrança pelo uso; 
 • estudo de restrições locais e regionais em áreas que visem à 
preservação do recurso e suas fontes. Todos estes tópicos possuem 
correlação com o disposto no Art. 7° da referida legislação.
Rosengrant et. al. (1995 apud Tundisi e Tundisi, 2011, p. 171) defendem que:
Uma auditoria ambiental que promova essa visão integrada e 
estratégica pode ser efetiva, pois estabelece compromissos reais 
entre gestores e pesquisadores para obtenção de resultados 
práticos com cronogramas definidos. A interação entre pesquisa 
e gerenciamento deve operar em períodos curtos e em períodos 
de longa duração (cinco anos), permitindo construir bases sólidas 
de atuação conjunta. 
19
Gestão e Sustentabilidade
Além da Política Nacional de Recursos Hídricos, a classificação dos corpos 
d’água se dá por meio da Resolução nº 357 do Conselho Nacional do Meio 
Ambiente (CONAMA), que preambularmente ressalta a referida legislação, 
“considerando o art. 9°, inciso I, da Lei nº 9.433, de 8 de janeiro de 1997, que 
instituiu a Política Nacional dos Recursos Hídricos, e demais normas aplicáveis à 
matéria.” (BRASIL, 1997).
A Resolução nº 357 do CONAMA também faz uma classificação das águas 
em doces, salinas, salobras, e os padrões de qualidade dessas. Contudo, a 
classificação da água para consumo humano se dá por meio de definição do 
Ministério da Saúde, por meio da Portaria Ministério da Saúde (MS) nº 2.914/11, 
que dispõe sobre o seguinte:
Art. 1º. Esta Portaria dispõe sobre os procedimentos de controle 
e de vigilância da qualidade da água para consumo humano e 
seu padrão de potabilidade. 
 
Art. 2º. Esta Portaria se aplica à água destinada ao consumo 
humano proveniente de sistema e solução alternativa de 
abastecimento de água. 
 
Parágrafo único. As disposições desta Portaria não se aplicam à 
água mineral natural, à água natural e às águas adicionadas de 
sais, destinadas ao consumo humano após o envasamento, e a 
outras águas utilizadas como matéria-prima para elaboração de 
produtos, conforme Resolução (RDC) nº 274, de 22 de setembro 
de 2005, da Diretoria Colegiada da Agência Nacional de Vigilância 
Sanitária (ANVISA). 
 
Art. 3º. Toda água destinada ao consumo humano, distribuída 
coletivamente por meio de sistema ou solução alternativa 
coletiva de abastecimento de água, deve ser objeto de controle e 
vigilância da qualidade da água. 
 
Art. 4º. Toda água destinada ao consumo humano proveniente 
de solução alternativa individual de abastecimento de água, 
independentemente da forma de acesso da população, está 
sujeita à vigilância da qualidade da água. (BRASIL, 2011).
Esse conjunto de regulamentos e leis é o que rege, a priori, a classificação, 
padrões e consumo de água no Brasil, sem prejuízo de outros dispositivos.
Dessa forma, verificados os fundamentos e definidos os objetivos sobre os quais 
serão fundados os planos de gestão de recursos hídricos é que as ações poderão 
ser justapostas. Apenas com ações locais e pensamento global a gestão se 
tornará efetiva.
20
Capítulo 1 
Seção 3
Aspectos ambientais relevantes
Nesta seção, abordaremos a questão legal pertinente a temas como meio 
ambiente, sustentabilidade, fauna, flora, florestas, água, consumo e produção, 
entre outros elementos que subsidiarão seu entendimento e sua visão holística 
sobre gestão e sustentabilidade.
3.1 Fauna
O tema fauna, além da própria Lei nº 9.605/98, que trata dos crimes ambientais, 
mas que não é objeto do presente estudo, possui a especificidade dos crimes 
contra a fauna, contudo, para o referido tema da fauna, neste capítulo, devemos 
verificar a Lei nº 9.197/67, que cuida especificamente da proteção dessa. Os 
animais possuem uma proteção especial por essa legislação, contudo, os animais 
não são tratados como sujeito de direito, mas sim como objeto de direito, sendo 
esses parte importante na sustentabilidade do planeta.
Disciplina o Art. 1°, da Lei nº 9.197/67 que os animais silvestres são propriedade 
do Estado, e sendo uma propriedade são objeto de direito e não sujeitos de 
direito, uma vez que esse último não é passível de apropriação:
Art. 1º. Os animais de quaisquer espécies, em qualquer fase do 
seu desenvolvimento e que vivem naturalmente fora do cativeiro, 
constituindo a fauna silvestre, bem como seus ninhos, abrigos e 
criadouros naturais são propriedades do Estado, sendo proibida 
a sua utilização, perseguição, destruição, caça ou apanha. 
(BRASIL, 1967).
Dantas (2015), ao analisar o caso trazido ao Supremo Tribunal Federal (STF), 
no RE n. 153.531-8/SC, o qual tratada da referida “farra do boi”, aponta a 
existência de colisão de dispositivos ambientais constitucionais, ao entender 
que não se estaria, no caso, tratando da espécie como maus-tratos aos animais, 
mas sim de manifestação cultural, o que, respeitando-se a visão do autor, pode 
ser interpretada sob um segundo aspecto, o dos maus-tratos, caso fossem 
considerados os animais como sujeitos de direito:
Certamente um dos casos mais rumorosos envolvendo colisãoentre o direito fundamental ao meio ambiente ecologicamente 
equilibrado e outro princípio constitucional foi aquele julgado pelo 
STF, em recurso extraordinário, pelo qual se pretendeu coibir a 
21
Gestão e Sustentabilidade
prática da denominada farra do boi, manifestação cultural trazida 
ao Brasil pelos açorianos e historicamente praticada no litoral de 
Estado de Santa Catarina. (DANTAS, 2015, p. 149).
Ainda que nesse caso o tribunal constitucional tenha considerado a 
inconstitucionalidade da referida farra do boi, em contraposição, a denominada 
vaquejada foi regulamentada pela Lei nº 13.364/2016, mesmo que antes da 
regulamentação do Congresso Nacional tenha sido feita uma análise de caso 
semelhante pelo STF, que considerou os mesmos parâmetros para a vaquejada, 
adotados no caso da farra do boi. Não se está aqui a fazer qualquer juízo de valor 
entre um caso e outro, mas sim, podemos afirmar que em ambos os casos, os 
animais não são sujeitos de direito.
Ilustrativamente, na vizinha Argentina, os animais já são tratados como sujeitos 
de direito, como no emblemático caso do chipanzé chamado “Cecília”, que teve 
um Habeas Corpus admitido pela Corte Suprema daquele país, sendo removida 
da Província de Mendonza para Sorocaba/SP, em decorrência dos maus-tratos 
naquele país 1. 
No Brasil, ainda é necessário o avanço do entendimento no sentido de que os 
animais sejam considerados sujeitos de direito, ainda que tenhamos decisões 
isoladas, como no caso mencionado da farra de boi e na criminalização das 
rinhas de galo.
3.2 Energia
O homem desde seus primórdios busca as fontes de energia como meio de 
manutenção da vida na terra. Para tanto, vem experimentando, ao longo do 
tempo, diversas formas de gerar incessantemente a energia que precisa para se 
desenvolver e poder alcançar novas descobertas que extrapolam, inclusive, os 
limites do planeta Terra.
Muito da produção de energia está ligada aos deslocamentos do homem no planeta 
e fora desse, bem como para a produção industrial. Como destaque poderíamos 
citar a invenção dos motores industriais no século XIX com a Revolução Industrial 
europeia, a criação do automóvel reivindicada pelo alemão Karl Benz (1844-1929) e 
a produção desse em larga escala, por Henry Ford (1863-1947). 
Várias são as espécies de energia, dividindo-se basicamente em 02 grupos, 
conforme mencionado, assim consideradas: 
1 Estadão. Disponível em: <http://sustentabilidade.estadao.com.br/noticias/geral,primeira-chimpanze-
beneficiada-com-habeas-corpus-viaja-para-sp,70001726935>. Acesso em: 04 ago. 2017.
http://sustentabilidade.estadao.com.br/noticias/geral,primeira-chimpanze-beneficiada-com-habeas-corp
http://sustentabilidade.estadao.com.br/noticias/geral,primeira-chimpanze-beneficiada-com-habeas-corp
22
Capítulo 1 
 • energia renovável; 
 • energia não renovável.
As energias não renováveis, além do próprio esgotamento do recurso, também 
trazem uma emissão de resíduos atmosféricos que podem impactar de forma 
negativa a vida humana, como por exemplo, a emissão excessiva de CO², 
aumento da temperatura da Terra por meio do incremento desses gases na 
atmosfera. Por outro lado, as energias renováveis praticamente não deixam 
resíduos e não se esgotam ao longo do tempo, dando um maior equilíbrio 
sustentável ao planeta. 
Como exemplo de energias renováveis, temos a energia solar, eólica, hídrica ou 
hidroelétrica, biomassa geotérmica e a energia das marés. No Brasil, são objeto 
de regulação a universalização da energia elétrica por meio da Lei nº 10.438/02, 
que busca dar acesso geral à energia elétrica, conforme disposto no Art. 14, que 
declara: “No estabelecimento das metas de universalização do uso da energia 
elétrica, a Aneel fixará, para cada concessionária e permissionária de serviço 
público de distribuição de energia elétrica”. (BRASIL, 2002).
Por sua vez, todas as espécies de energia não renováveis, como o petróleo, 
carvão, gás natural e energia nuclear possuem regulação própria de exploração, 
uma vez que há um risco eminente nessas de possível poluição de rios, 
mananciais, atmosfera, entre outros. 
Os riscos de contaminação, explosão e morte com os recursos não renováveis são 
expressivos e historicamente podem ser comprovados pelo vazamento de radiação 
nas usinas nucleares de Fukushima no Japão (2011), Chernobyl na então União 
Soviética (1986) ou o vazamento de petróleo do navio Exxon Valdez, no Alasca (1989).
A energia nuclear, além do aspecto constitucional, é tratada por meio de duas leis 
especificamente, sendo essas a Lei nº 6.453/77 e a Lei nº 10.308/01. No primeiro 
caso, o tratamento é dado à responsabilização por danos e no segundo caso ao 
sistema de licenciamento, operação, fiscalização, custos, responsabilidade civil 
dos rejeitos de radiação.
23
Gestão e Sustentabilidade
Por sua vez, o carvão é regulado por uma lei de 1960, sendo essa a Lei nº 
3.860/60 e Decreto-Lei nº 227/67, que coordena as atividades acerca da 
exploração do carvão mineral. As usinas termelétricas no Brasil são movidas por 
vários tipos de energia, tais como o próprio carvão mineral, gás natural, vapor 
d’água, entre outros, mas por ser uma energia mais “suja”, pois gera resíduo 
que necessita ser tratado. Também é mais cara e é utilizada de forma residual às 
hidroelétricas.
O petróleo e o gás, por sua vez, são regulados pela Lei nº 9.478/97 e tem como 
objetivo:
Art. 1º As políticas nacionais para o aproveitamento racional das 
fontes de energia visarão aos seguintes objetivos: 
 
I - preservar o interesse nacional; 
 
II - promover o desenvolvimento, ampliar o mercado de trabalho e 
valorizar os recursos energéticos; 
 
III - proteger os interesses do consumidor quanto a preço, 
qualidade e oferta dos produtos; 
 
IV - proteger o meio ambiente e promover a conservação de 
energia; 
 
V - garantir o fornecimento de derivados de petróleo em todo o 
território nacional, nos termos do § 2º do art. 177 da Constituição 
Federal; 
 
VI - incrementar, em bases econômicas, a utilização do gás 
natural; 
 
VII - identificar as soluções mais adequadas para o suprimento de 
energia elétrica nas diversas regiões do País; 
 
VIII - utilizar fontes alternativas de energia, mediante o 
aproveitamento econômico dos insumos disponíveis e das 
tecnologias aplicáveis; 
 
IX - promover a livre concorrência; 
 
X - atrair investimentos na produção de energia; 
 
XI - ampliar a competitividade do País no mercado internacional. 
 
XII - incrementar, em bases econômicas, sociais e ambientais, a 
participação dos biocombustíveis na matriz energética nacional. 
 
24
Capítulo 1 
XIII - garantir o fornecimento de biocombustíveis em todo o 
território nacional; 
 
XIV - incentivar a geração de energia elétrica a partir da biomassa 
e de subprodutos da produção de biocombustíveis, em razão do 
seu caráter limpo, renovável e complementar à fonte hidráulica; 
 
XV - promover a competitividade do País no mercado 
internacional de biocombustíveis; 
 
XVI - atrair investimentos em infraestrutura para transporte e 
estocagem de biocombustíveis; 
 
XVII - fomentar a pesquisa e o desenvolvimento relacionados à 
energia renovável; 
 
XVIII - mitigar as emissões de gases causadores de efeito estufa 
e de poluentes nos setores de energia e de transportes, inclusive 
com o uso de biocombustíveis. (BRASIL, 1997).
Em todas as formas de exploração de energia, renováveis ou não renováveis, o 
desenvolvimento e a comercialização possuem regulamentação específica, por 
meio das agências reguladoras, e sua implementação é dada pelas competências 
constitucionais determinadas.
3.3 Atmosfera
A atmosfera sofre influências naturais e artificiais que impactam de sobremaneira 
a existência da vida em nosso planeta. Destaca-se, no presente estudo, que a 
ação humana causa desequilíbrio quando lança elementos químicos em número 
maior de concentração daquele que deveria existir em cada uma das regiões, de 
acordo com as análises determinadas pelos órgãos ambientais nestas regiões.Com o objetivo de minimizar a emissão demasiada de elementos químicos na 
atmosfera, a Resolução CONAMA nº 436/11 estabelece os limites máximos de 
emissão de poluentes atmosféricos para fontes fixas instaladas, sejam industriais, 
comerciais ou de serviços.
A referida Resolução CONAMA possui muito mais um critério técnico em seus 
anexos, do que efetivamente um texto legal passível de compreensão pelos 
leigos em geral, o que, contrariamente possa parecer, é de suma importância para 
determinar se alguém (seja pessoa física, jurídica ou representantes legais) está 
emitindo poluentes acima do aceitável.
Não menos importante, a referida Resolução CONAMA indica as seguintes 
premissas como limitadores de emissão de poluição atmosférica:
25
Gestão e Sustentabilidade
Art. 2°. Para o estabelecimento dos limites de emissão de 
poluentes atmosféricos foram observadas as seguintes 
premissas: 
 
I - o uso do limite de emissões como um dos instrumentos de 
controle ambiental, cuja aplicação deve ser associada a critérios 
de capacidade de suporte do meio ambiente onde se encontra o 
empreendimento; 
 
II - o estabelecimento de limites de emissão deve ter como base 
tecnologias ambientalmente adequadas, abrangendo todas as 
fases, desde a concepção, instalação, operação e manutenção 
das unidades bem como o uso de matérias primas e insumos; 
 
III - adoção de tecnologias de controle de emissão de poluentes 
atmosféricos técnica e economicamente viáveis e acessíveis e já 
desenvolvidas em escala que permitam sua aplicação prática; 
 
IV - possibilidade de diferenciação dos limites de emissão, em 
função do porte, localização e especificidades das fontes de 
emissão, bem como das características, carga e efeitos dos 
poluentes liberados; e 
 
V - informações técnicas e mensurações de emissões efetuadas 
no País bem como o levantamento bibliográfico do que está 
sendo praticado no Brasil e no exterior em termos de fabricação 
e uso de equipamentos, assim como exigências dos órgãos 
ambientais licenciadores. (BRASIL,2011).
Essas premissas dão segurança jurídica ao empreendedor que se utilize de 
emissões atmosféricas em seu processo de produção, sendo que tais critérios 
poderão ser verificados pelo órgão fiscalizador, ao mesmo tempo que, atestados 
por aferição em paralelo pelo empreendedor.
Apesar do tema floresta já ter sido tratado no tópico sobre florestas e unidades de 
conservação, a legislação ambiental trouxe como inovação a Lei nº 12.651/2012, 
que vai muito além de tratar do tema florestal apenas.
O tema florestas era tratado anteriormente pela Lei nº 4.771/65, legislação 
extremamente avançada para a época, a qual foi expressamente revogada pelo 
Art. 83 da Lei nº 12.651/2012, ainda que alguns de seus dispositivos pudessem 
continuar a ser aplicados nos dias atuais.
A nova legislação foi muito além de se preocupar apenas com florestas ou 
a preservação de mananciais, pois traz conceitos como utilidade pública e 
interesse social, ainda que para fins de aplicação da própria legislação. Não 
menos importantes, são conceitos modernos como crédito de carbono (emissões 
atmosféricas), área consolidada e Amazônia Legal, todas constantes do Art. 3°.
26
Capítulo 1 
A aplicação dessa legislação, diferentemente do que dispunha a Lei nº 4.771/65, 
é aplicável também aos ambientes urbanos e não apenas aos ambientes rurais.
No ambiente rural, a grande inovação se dá pela instituição do Cadastro 
Ambiental Rural (CAR), o qual faz uma radiografia da propriedade rural, conforme 
indicado no Art. 29, que declara:
Art. 29. É criado o Cadastro Ambiental Rural - CAR, no âmbito 
do Sistema Nacional de Informação sobre Meio Ambiente 
- SINIMA, registro público eletrônico de âmbito nacional, 
obrigatório para todos os imóveis rurais, com a finalidade de 
integrar as informações ambientais das propriedades e posses 
rurais, compondo base de dados para controle, monitoramento, 
planejamento ambiental e econômico e combate ao 
desmatamento. (BRASIL, 2012).
De acordo com Thomé (2013, p. 304) essa legislação inova sob todos os 
aspectos, pois transcende a questão florestal, tratando de toda a biodiversidade:
A Lei 12.651/12 inova em relação à legislação anterior ao elencar 
uma série de princípios a serem observados na implementação 
do desenvolvimento sustentável tendo em vista a proteção e 
o uso das florestas e demais formas de vegetação. A norma 
afirma o compromisso do País com a preservação da flora, 
da biodiversidade, do solo e dos recursos hídricos e com a 
integridade do sistema climático, visando o bem-estar das 
presentes e futuras gerações.
Essa lei, que na verdade é um sistema, influencia, inclusive, os planos diretores 
municipais, os planos de gestão de bacias hidrográficas, os planos de 
gerenciamento de resíduos sólidos e o parcelamento de solo urbano. 
Esse último, ou seja, o parcelamento do solo urbano, disciplinado pela Lei 
nº 6.766/79, determina os parâmetros mínimos para que esse possa correr, 
conforme Art. 2°, §6°:
Art. 2º. O parcelamento do solo urbano poderá ser feito mediante 
loteamento ou desmembramento, observadas as disposições 
desta Lei e as das legislações estaduais e municipais pertinentes. 
 
[...] 
 
§6° A infraestrutura básica dos parcelamentos situados nas zonas 
habitacionais declaradas por lei como de interesse social (ZHIS) 
consistirá, no mínimo, de: 
 
27
Gestão e Sustentabilidade
I - vias de circulação; 
 
II - escoamento das águas pluviais; 
 
III - rede para o abastecimento de água potável; e 
 
IV - soluções para o esgotamento sanitário e para a energia 
elétrica domiciliar. (BRASIL, 1976).
Apenas reafirmando que não é possível uma dissociação dessa lei com aquela 
mencionada. O parcelamento do solo deve ser compatível com o chamado “Novo 
Código Florestal” de 2012, que vai muito além da esfera florestal, sendo que 
maior compatibilidade residiria em chamá-lo de Código Ambiental.
Dessa forma, toda e qualquer alteração do ambiente em que o homem esteja 
inserido, deve considerar os mais diversos impactos que possam ser causados, 
destacando que a mera existência do homem e suas atitudes, podendo ser 
as mais simples, causam impacto ao meio ambiente, cabendo o estudo da 
sustentabilidade e sua gestão no gerenciamento dos impactos significantes, 
impedindo que interferiram na coletividade.
3.4 Mobilidade urbana e urbanismo sustentável 
Um dos pontos relevantes no que diz respeito à gestão e sustentabilidade é o 
problema da mobilidade nos médios e grandes centros urbanos.
A mobilidade urbana estuda formas e alternativas de locomoção dentro de um 
território densamente povoado, de modo que possam gerar melhor qualidade de 
vida das pessoas que ocupam esses espaços. Dados do Instituto Brasileiro de 
Geografia e Estatística 2(IBGE) têm demonstrado por meio da Pesquisa Nacional 
por Amostra de Domicílios (PNAD), que a população brasileira gasta mais tempo 
de deslocamento de casa para o trabalho e vice-versa com o passar dos anos. 
Isto reflete uma maior densidade populacional, bem como a falta de estrutura 
dos centros urbanos e a pouca oferta de modais de transporte integrado, que 
desestimulem a utilização individual de veículos.
2 Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/
populacao/condicaodevida/indicadoresminimos/sinteseindicsociais2014/default_tab_ods.shtm>. Acesso em: 01 
ago. 2017.
http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/condicaodevida/indicadoresminimos/sinteseindicsociais2014/default_tab_ods.shtm
http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/condicaodevida/indicadoresminimos/sinteseindicsociais2014/default_tab_ods.shtm
28
Capítulo 1 
Esse não é um problema exclusivamente do Brasil, mas também já possui 
reflexos em Londres e Paris, que cobram tributos específicos para as pessoas 
que pretendem utilizar automóvel nos centros urbanos e, principalmente, nas 
regiões mais movimentadas 3. 
Especificamente no Brasil, em decorrência desse problema da mobilidadeurbana, 
que afeta negativamente a qualidade de vida das pessoas, foi editada a Lei nº 
12.587/2012. Pode parecer um contrassenso que uma lei venha solucionar um 
problema consolidado, mas a referida legislação tem por objetivo atingir os planos 
diretores das cidades. Dessa forma, quem possui isso precisa se adaptar, já os 
locais que ainda não possuem e necessitam regularizar tal situação, precisam 
incluir as previsões legais ali dispostas.
Tal legislação é descrita em seu Art. 1º como “[...] instrumento da política de 
desenvolvimento urbano de que tratam o inciso XX do art. 21 e o art. 182 da 
Constituição Federal, objetivando a integração entre os diferentes modos de 
transporte e a melhoria da acessibilidade e mobilidade das pessoas e cargas no 
território do Município”. (BRASIL, 2012).
E ainda, em seu Art. 2º, essa traz seu ponto crucial, tendo como
[...] objetivo contribuir para o acesso universal à cidade, o 
fomento e a concretização das condições que contribuam para 
a efetivação dos princípios, objetivos e diretrizes da política 
de desenvolvimento urbano, por meio do planejamento e da 
gestão democrática do Sistema Nacional de Mobilidade Urbana. 
(BRASIL, 2012).
Os objetivos e instrumentos de qualquer legislação são os pontos que vinculam 
o administrador público na tomada das decisões necessárias para cumprir o que 
lhe é determinado, sob pena de violação ao princípio constitucional da legalidade 
estrita, disposto no Art. 37 da CRFB/88, sendo que tal violação pode trazer a 
sanção constitucional de Improbidade Administrativa ao referido gestor público, 
sem prejuízo das demais cominações legais.
A mobilidade urbana é definida no Art. 4º, II da Política Nacional de Mobilidade 
Urbana, como “condição em que se realizam os deslocamentos de pessoas e 
cargas no espaço urbano”. Nessa medida é preocupada com o deslocamento de 
pessoas e cargas em território densamente povoado, conforme mencionado.
3 Folha de São Paulo. Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2013/10/1355699-pedagio-
urbano-reduz-em-21-os-carros-no-centro-de-londres.shtml>. Acesso em: 01 ago. 2017.
http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2013/10/1355699-pedagio-urbano-reduz-em-21-os-carros-no-centr
http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2013/10/1355699-pedagio-urbano-reduz-em-21-os-carros-no-centr
29
Gestão e Sustentabilidade
A gestão ambiental da sustentabilidade ou a gestão da sustentabilidade é 
impactada diretamente pelas questões de mobilidade urbana, pois em sua grande 
maioria, os deslocamentos urbanos possuem grandes emissões de CO2 por 
meio da utilização dos combustíveis fósseis nos veículos automotores individuais 
e coletivos, o que aumenta a quantidade de gases e partículas poluentes na 
atmosfera, com reflexos na densidade do efeito estufa.
Para que se alcance a acessibilidade de todos os cidadãos a uma mobilidade 
urbana de qualidade, é necessário que se dê ênfase ao transporte de massa e 
não ao transporte individual, contudo, que seja feito com qualidade para que o 
cidadão que habita aquele local seja estimulado a utilizar tal transporte, deixando 
seu veículo em casa.
É dever conjunto da União, Estados e municípios, estabelecer ações 
programáticas para o aprimoramento dos sistemas de mobilidade urbana.
A mobilidade urbana, assim, está integrada à gestão de sustentabilidade, pois 
impacta diretamente na qualidade do ar e na ocupação do solo urbano, enquanto 
instrumentos coletivos de mensuração da qualidade de vida, bem como no tempo 
e condições que se utiliza para o deslocamento entre o domicílio e o trabalho 
como instrumento individual. 
31
Capítulo 2
Gestão regulatória da cadeia 
produtiva
A produção mundial de alimentos é um grande desafio no planeta Terra, cuja 
população supera a casa dos 7 bilhões de habitantes. No Brasil, esse desafio 
não é diferente. Os dados da FAO, organismo para alimentação e agricultura das 
Organização das Nações Unidas (ONU, 2017), apontam um futuro promissor 
na produção agrícola brasileira, contudo, o maior desafio a ser superado é o da 
redução do desperdício no escoamento da produção.
Nesse sentido, associar o sistema produtivo brasileiro aos desafios mundiais de 
alimentação com a produção agrícola sustentável é o caminho para ampliar o 
aproveitamento dos recursos disponíveis. 
As questões voltadas ao meio rural, apesar de grande relevância, ainda são 
pouco debatidas e estudadas tanto no sistema legal quanto nas instituições de 
ensino, que estão muitas vezes concentradas no meio urbano. 
Ocorre que os temas do meio rural afetam de maneira direta, a forma como o 
sistema de urbanização se comporta, visto que o alimento e a produção rural 
mantêm a possibilidade de concentração em centros urbanos.
Em se tratando de matéria legal, há um vasto campo de conhecimento ainda a ser 
explorado, e em sua grande maioria os profissionais da área legal não possuem uma 
correlação direta com aquilo que é produzido legislativamente, seja porque tais matérias 
não são contempladas curricularmente nas diretrizes do Ministério da Educação (MEC) 
ou pela falta de simbiose entre o meio urbano e a realidade do campo.
32
Capítulo 2 
Existe um arcabouço de normas que amparam o sistema de produção agrícola e 
o guia para as ações governamentais e privadas é a Política Agrícola, instituída 
por meio da Lei nº 8.171/91.
Os dispositivos constitucionais determinam que seja dado tratamento 
diferenciado ao produtor rural, na busca de sua manutenção no campo e o 
desenvolvimento de sua atividade na sociedade, bem como que se efetive uma 
política de reforma agrária.
A Política Agrícola aponta os caminhos a serem seguidos pelos atores envolvidos 
no processo, sejam esses da esfera pública ou privada, cabendo a cada um cumprir 
com sua parcela de responsabilidade para a efetivação das medidas prevista.
A produção agrícola sustentável é o caminho para aqueles que estão vinculados 
à propriedade rural terem maior capacidade de obtenção de renda e fixação de 
tecnologias no campo, com o fim de manter e aumentar os níveis de produção 
de alimentos.
Seção 1
Política Agrícola
O sistema de produção nacional tem uma forte base fundada na cadeia de 
commodities voltadas tanto ao mercado interno quanto ao mercado externo. Essa 
produção interfere diretamente nas questões relativas ao meio ambiente, sejam 
elas pelo esgotamento dos recursos naturais, pela expansão de novas fronteiras 
agrícolas ou pela implementação de técnicas produtivas de maior aproveitamento 
dos recursos do solo e subsolo.
Nesse sentido, no ano de 1991 foi editada a Lei nº 8.171, de 17 de janeiro deste 
ano, a qual tinha por finalidade estabelecer os regramentos específicos para 
produção, comercialização e fixação do homem no campo, fomentando 
a atividade e aplicando novas tecnologias, que pudessem auxiliar o 
incremento da atividade.
A década compreendida aos anos de 1960 e 1970 representa a virada entre 
o indicativo nacional de uma população predominantemente rural para uma 
população urbana, devido à migração da população brasileira, antes concentrada 
no meio rural, para a área urbana.
Muito desse processo migratório ocorreu pela implementação do maquinário 
no campo, isso otimizou o processo produtivo, fazendo com que as pessoas 
que sobreviviam desse meio não mais tivessem espaço no campo. Outro fator 
33
Gestão e Sustentabilidade
determinante foi o processo de industrialização da produção urbana, que 
necessitava de mão de obra, gerando, assim, novas oportunidades e meios de 
vida diferentes dos apresentados na zona rural.
Importante destacar que no período acima destacado, a legislação brasileira que 
regulava as ações do campo era o Estatuto da Terra, Lei nº 4.504/64. Essa lei, 
ainda em vigor, determina os direitos e obrigações inerentes à política agrícola e à 
política de reforma agrária.
Estariam as Leis nº 4.504/64 e nº 8.171/91 em conflito ou em rota de colisão?
Podemos responder que ambas se completam, pois visam a dar efetividade ao 
Art. 170 da Constituiçãoda República Federativa do Brasil de 1988 (CRFB/88), 
buscando a plena integração do conceito da função social da propriedade.
O Estatuto da Terra (Lei nº. 4.504) possui definições conceituais que servem de 
base às diretrizes contidas na Política Agrícola apontadas pela Lei nº 8.171/91, 
tais como imóvel rural, propriedade familiar, módulo rural, minifúndio, latifúndio, 
empresa rural, parceleiro, colonização e cooperativa integral de reforma agrária.
Esses conceitos trazem a possibilidade de apurar as realidades locais, regionais 
e nacional, visando à celebração de acordos entre os entes federados e os 
particulares, para a exploração direta ou indireta, transitória ou permanente.
Nesse sentido, o Estatuto da Terra pode contribuir, ainda que seja uma legislação 
bastante antiga, com a Política Agrícola, uma vez que seus dispositivos foram 
assim recepcionados pela CRFB/88.
O próprio texto constitucional do Art. 184 e seguintes, na esteira de 
complementação do que está estabelecido na função social da propriedade, 
definida no Art. 170 da CRFB/88, indica claramente que é função do Estado a 
promoção da política agrícola na forma da lei, trazendo, assim, à participação 
diversos atores do processo, tais como os que produzem, comercializam, 
transportam e armazenam.
1.1 Objetivos da Política Agrícola
O sentido deontológico de uma legislação, em regra, está contido dentro de seus 
objetivos, uma vez ser esse o guia das ações de efetividade, pois traçam uma 
ideia geral e dinâmica daquilo que se pretende atingir.
34
Capítulo 2 
Sob o prisma dos objetivos, o Art. 3° da Política Agrícola traz os seguintes 
aspectos: 
I – na forma como dispõe o art. 174 da Constituição, o Estado 
exercerá função de planejamento, que será determinante para 
o setor público e indicativo para o setor privado, destinado a 
promover, regular, fiscalizar, controlar, avaliar atividade e suprir 
necessidades, visando assegurar o incremento da produção e da 
produtividade agrícolas, a regularidade do abastecimento interno, 
especialmente alimentar, e a redução das disparidades regionais; 
(BRASIL, 1991).
A conexão com o texto constitucional é o ponto de partida desses objetivos, 
que buscam exatamente regulamentar as competências de cada ente, sejam 
eles públicos ou privados, visto que todo o processo de produção terá, 
necessariamente, a parametrização das normas que devem ser seguidas.
Assim, esse primeiro aspecto legal deve estar associado com outros regramentos 
que não são apenas os relativos à produção, mas perpassam por questões 
ambientais e sanitárias. 
Na definição de outras normas infraconstitucionais da Política Agrícola, ou seja, 
que estão no ordenamento jurídico abaixo da CRFB/88, há a necessidade de uma 
visão holística e de uma interpretação sistêmica, sendo essa a forma de interferir 
de maneira direta ou indireta nos objetivos dessa Lei. Dessa forma, os objetivos 
têm a função de servir de guia das ações, mas que são no mesmo sentido uma 
escala de processos que devem ser seguidos, conforme determinado no segundo 
objetivo, descrito no inciso II do Art. 3° a seguir:
II - sistematizar a atuação do Estado para que os diversos 
segmentos intervenientes da agricultura possam planejar suas 
ações e investimentos numa perspectiva de médio e longo 
prazos, reduzindo as incertezas do setor; (BRASIL, 1991).
Incremento de produção e produtividade não podem estar dissociadas de outras 
diretrizes constitucionais ou infraconstitucionais relativas à sustentabilidade, tais 
como o processo de licenciamento ambiental ou a proteção de mananciais de 
recursos hídricos, visto que a produção e a produtividade não existem de maneira 
isolada, pois suas ações trazem reflexos específicos em outras esferas (qualidade 
de água, ar, abastecimento urbano, utilização de herbicidas, entre outras). Não 
é possível, por exemplo, que a utilização na cadeia produtiva agrícola de um 
determinado herbicida ou espécie de semente, ou ainda de espécie animal, 
possa interferir nos demais existentes, sendo necessário que as autorizações 
para a utilização do produto “A” ou “B”, ou ainda de uma determinada espécie de 
animal, sejam autorizadas previamente pelo ente público.
35
Gestão e Sustentabilidade
Esse planejamento de ações integradas previsto na lei como objetivos dessa é o 
que garante a continuidade duradoura ou sustentável da cadeia produtiva. Alguns 
status sanitários para exportação de produtos, tais como a carne bovina ou o 
café brasileiro, são garantidos exatamente por normativas, tais como Instruções 
Normativas, Portarias ou Circulares, que estão abaixo desse regramento geral, ou 
seja abaixo da CRFB/88 ou mesmo da Política Agrícola, mas se encontram dentro 
dos objetivos gerais da Política Agrícola.
Na proteção de todo, o sistema de ações e instrumentos da Política Agrícola 
vai ao encontro do que determina o texto constitucional, seja ele por meio do 
exercício da proteção ambiental, sanitária ou de políticas sociais efetivas.
Considerando que um dos objetivos da Organização das Nações Unidas (ONU) 
é a economia verde no contexto do desenvolvimento sustentável e da 
erradicação da pobreza, assim definida na Conferência das Nações Unidas 
sobre Desenvolvimento Sustentável da ONU, denominada Rio +20 1, o processo 
de produção agrícola ganha maior relevo quando visa a atingir um incremento de 
produtividade, associado à proteção ambiental, buscando um equilíbrio maior 
entre os povos.
Em estudo recente (2012) da Oxfam International, fica evidenciado que esses 
objetivos de erradicação da pobreza ficam distantes, quando percebemos 
que apenas 1% (um por cento) de toda a população mundial, que é de 
aproximadamente 7 bilhões de pessoas, detém 99% (noventa e nove por cento) 
de toda a riqueza mundial.
A necessidade premente de políticas efetivas, nesse quadro de concentração 
de renda, evidencia a preponderância da elaboração de planos que contemplem 
as necessidades sociais e econômicas, com a visão empresarial produtiva do 
lucro. Os objetivos da Política Agrícola visam ao ponto de equilíbrio, que não seja 
a balança pendente apenas para o lucro com a saturação das questões sociais 
e ambientais, bem como um assistencialismo simplório que não se sustenta 
perante o mercado produtivo.
Diante do exposto, destaca-se que alguns objetivos são específicos, conforme 
segue:
Art. 3°. São objetivos da política agrícola: 
 
[…]
1 A Rio +20, encontro da Organização das Nações Unidas (ONU) ocorrida no Brasil no mês de junho de 2012, 
na cidade do Rio de Janeiro, teve por fundamento dois temas centrais, sendo o primeiro desses a economia 
verde, no contexto do desenvolvimento sustentável e da erradicação da pobreza, e o segundo tema fundado na 
estrutura institucional para o desenvolvimento sustentável.
36
Capítulo 2 
III - eliminar as distorções que afetam o desempenho das funções 
econômica e social da agricultura; 
 
[...] 
 
XVII – melhorar a renda e a qualidade de vida no meio rural. 
(BRASIL, 1991)
Assim, os objetivos são o meio adequado para que todas e quaisquer políticas a 
serem aplicadas, possam atingir o idealizado pelo legislador ordinário.
1.2 Pressupostos e instrumentos da Política Agrícola
O agrupamento de medidas concernentes à Política Agrícola, além dos objetivos 
já descritos, relacionados ao Art. 3°, também aponta instrumentos e pressupostos 
que formam a base da pirâmide produtiva nacional.
Os conceitos expressos no Art. 2° da política são relativos aos pressupostos 
que servem para direcionar e fundamentar tecnicamente uma série de ações do 
campo, seja no fomento de atividades, seja na abertura de crédito aos que querem 
empreender no campo. O homem do campo deixou de ser um mero coadjuvante 
do processo, com um paternalismo ou assistencialismo, mas é um empresário no 
conceito contido no Código Civil. Ainda que, mesmo na condição de investidor 
ou empresário, é função do Estado a promoção dessas políticas que visam à 
manutenção da produção, como fator estratégico. Assim, o Art.2°determina que:
Art. 2° A política fundamenta-se nos seguintes pressupostos: 
 
I - a atividade agrícola compreende processos físicos, químicos 
e biológicos, onde os recursos naturais envolvidos devem ser 
utilizados e gerenciados, subordinando-se às normas e princípios 
de interesse público, de forma que seja cumprida a função social 
e econômica da propriedade; 
 
II - o setor agrícola é constituído por segmentos como: 
produção, insumos, agroindústria, comércio, abastecimento 
e afins, os quais respondem diferenciadamente às políticas 
públicas e às forças de mercado; 
 
III - como atividade econômica, a agricultura deve proporcionar, 
aos que a ela se dediquem, rentabilidade compatível com a de 
outros setores da economia; 
 
IV - o adequado abastecimento alimentar é condição básica para 
garantir a tranquilidade social, a ordem pública e o processo de 
desenvolvimento econômico-social; 
 
37
Gestão e Sustentabilidade
V - a produção agrícola ocorre em estabelecimentos rurais 
heterogêneos quanto à estrutura fundiária, condições 
edafoclimáticas, disponibilidade de infraestrutura, capacidade 
empresarial, níveis tecnológicos e condições sociais, econômicas 
e culturais; 
 
VI - o processo de desenvolvimento agrícola deve proporcionar 
ao homem do campo o acesso aos serviços essenciais: 
saúde, educação, segurança pública, transporte, eletrificação, 
comunicação, habitação, saneamento, lazer e outros benefícios 
sociais. (BRASIL, 1991).
Na mesma linha do tratamento dado ao investidor, a legislação também traz uma 
proteção ao pequeno agricultor e ao que por meio de programas de reforma 
agrária irá se fixar no campo.
De acordo com Ramiro e Precipito (2015, p. 14), “os modelos de crescimento 
econômico devem contemplar tanto a lucratividade quanto a sustentabilidade, 
com interferência regulatória do Estado”. Não é outro, senão esse, o grande 
detentor do poderio econômico e o habilitado a editar a forma como as políticas 
serão conduzidas. 
O Estado, assim, em Bobbio (2000, p. 96), deve refletir a “paixão dos homens, na 
voz da razão”. Figurando assim pressupostos que suportam ações específicas 
públicas e privadas, exerce o Estado a sua função de equilíbrio social. E ainda, 
os pressupostos determinam ações voltadas à produção, insumos, agroindústria, 
comércio e abastecimento. 
Nesta mesma linha foram estabelecidos os instrumentos para que se coloque em 
prática tais pressupostos, dentro dos objetivos estabelecidos na Política Agrícola, 
assim destacados:
Art. 4° As ações e instrumentos de política agrícola referem-se a: 
 
I - planejamento agrícola; 
 
II - pesquisa agrícola tecnológica; 
 
III - assistência técnica e extensão rural; 
 
IV - proteção do meio ambiente, conservação e recuperação dos 
recursos naturais; 
 
V - defesa da agropecuária; 
 
VI - informação agrícola; 
 
38
Capítulo 2 
VII - produção, comercialização, abastecimento e armazenagem; 
 
VIII - associativismo e cooperativismo; 
 
IX - formação profissional e educação rural; 
 
X - investimentos públicos e privados; 
 
XI - crédito rural; 
 
XII - garantia da atividade agropecuária; 
 
XIII - seguro agrícola; 
 
XIV - tributação e incentivos fiscais; 
 
XV - irrigação e drenagem; 
 
XVI - habitação rural; 
 
XVII - eletrificação rural; 
 
XVIII - mecanização agrícola; 
 
XIX - crédito fundiário. 
 
Parágrafo único. Os instrumentos de política agrícola deverão 
orientar-se pelos planos plurianuais. (BRASIL, 1991).
Afirma Carson (2010, p. 28) que aquilo que desejamos, assim materializado na 
percepção desses instrumentos, é o que deve conduzir às ações atuais, para que 
no futuro nossa inércia não se traduza em “falta de preocupação prudente”.
Na análise pontual desses instrumentos, fica demonstrada uma série de 
procedimentos que deve ser observada, as quais são passíveis de análise pontual.
Seção 2
Planejamento agrícola
De acordo com Ferreira (2004, p. 1575), planejamento é definido como “a 
preparação por roteiros, métodos, planificação. Também é definido como um 
conjunto coordenado de ações como o fim de atingir determinados objetivos, 
obedecendo planos ou programas”.
39
Gestão e Sustentabilidade
A partir desse conceito, pergunta-se a respeito do planejamento agrícola: O Estado 
brasileiro faz o efetivo planejamento agrícola?
Sob o ponto de vista da produção, poderíamos dizer que sim ao se verificar o volume 
nacional produzido 2, mas observando sua infraestrutura e ao volume de perda entre o 
deslocamento da produção do campo até o destino final, a resposta é não.
Assim, não estaria o poder público, em sua integralidade, a cumprir o que está 
determinado na Lei nº 8.171/91, por não realizar a integração entre a política 
nacional agrícola com os demais setores da economia. 
O Brasil tem produzido e exportado o produto in natura e recomprado o produto 
beneficiado, conforme consta dos próprios números da balança comercial 
brasileira. A parte de agregar valor em produtos de origem nacional na linha das 
commodities está acontecendo no exterior, e o país, historicamente, recompra 
esses produtos já processados ou industrializados.
Os tributos atrelados à cadeia produtiva não trazem um estímulo à exportação do 
produto beneficiado, ainda que haja para o produto final a isenção do Imposto de 
Exportação, segundo dados da Confederação Nacional da Agricultura.
O planejamento das ações é fundamental na geração de produtos, tributos e 
empregos, bem como na geração de renda agregada e consecução das políticas 
que orbitam pela fixação do homem no campo.
Sob o aspecto legal, o planejamento é fundamental para que os objetivos 
constitucionais contidos no Art. 174 possam ser atingidos. A exigência 
da elaboração de planos que visem a incrementar a produção agrícola é 
fundamental para que se tenha plenitude em todos os aspectos legais, não 
apenas os específicos constitucionais, mas os de critério ambiental, fiscal e de 
sustentabilidade da cadeia de solo, ar e água, preservando, assim, mananciais 
de abastecimento e dessedentação humana, equilíbrio de pragas e vetores e 
manutenção estável dos ciclos naturais.
2.1 Pesquisa agrícola
No campo da pesquisa agrícola, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária 
(EMBRAPA) desenvolve trabalhos específicos em todo o território nacional, 
voltados às peculiaridades regionais e locais, dentro de uma maior organização 
nacional, em pesquisa e desenvolvimento, em parceria com o setor privado. 
2 Plano Agrícola e Pecuário. Disponível em: <http://www.agricultura.gov.br/assuntos/sustentabilidade/plano-
agricola-e-pecuario/> . Acesso em: 04 ago. 2017.
http://www.agricultura.gov.br/assuntos/sustentabilidade/plano-agricola-e-pecuario/
http://www.agricultura.gov.br/assuntos/sustentabilidade/plano-agricola-e-pecuario/
40
Capítulo 2 
Não se pode falar em pesquisa agrícola de maneira isolada, visto que o campo de 
aplicabilidade deve estar sustentado com elementos da extensão rural. Lembra 
Seganfredo (2007, p. 39) que “a identificação de que não somos o centro de tudo, 
mas sim a natureza, é o ponto de partida para o manejo das técnicas ambientais e 
técnicas agrícolas, as quais devem ser objeto da experimentação e equilíbrio pleno”.
A implementação e adaptação de novas tecnologias à produção agrícola, 
otimizando processos e formas de desenvolvimento com geração de 
oportunidades e economia de recursos, é um dos fatores que indicam a direção 
dos estudos de pesquisa agrícola.
Essa adaptação das novas tecnologias deve beneficiar tanto o grande produtor 
agrícola quanto os pequenos proprietários rurais, sendo nesses a necessidade de 
um maior foco, pela carência de investimentos possíveis no processo de produção.
Também está associado à pesquisa, o manejo genético e as técnicas de 
hibridismo para que determinadas espécies sejam mais suscetíveis a pragas e 
utilizem menos herbicidas. Carson (2010, p. 35), ao apontar o grande problema 
da década de 1950, referente à utilização de herbicidas, indica que pode ocorrer 
uma transmissão genética desses verdadeiros“venenos” que são utilizados 
na pulverização de lavouras, podendo se espalhar pelos mananciais de 
abastecimento e rios.
Exatamente a extensão e pesquisa agrícola fazem a indicação dos malefícios e a 
fiscalização estatal in loco. 
2.2 Assistência técnica e extensão rural
Em complementação à pesquisa agrícola está a assistência técnica e a extensão 
rural, que, simplificadamente, poder-se-ia classificar como a outra extremidade da 
pesquisa agrícola. Enquanto a pesquisa agrícola está associada aos processos 
produtivos e ao seu ciclo de estudos, a assistência técnica e a extensão rural 
estão ligadas diretamente à aplicação direta no campo.
O fornecimento de subsídios à pesquisa é dado pela assistência técnica e 
pela extensão rural, que estão no campo verificando a experimentação dos 
estudos desenvolvidos empiricamente. Estes processos da extensão rural e da 
assistência técnica estão associados em sua maioria à produção, beneficiamento, 
comercialização dos produtos, identificação de problemas estruturais, como rede 
de energia, água e caminhos para escoar a produção, educação ambiental e 
bem-estar das famílias do campo.
Segundo Gouvêa, Rossato e Santos (2013, p. 85), os técnicos de assistência 
e extensão rural possuem uma constante preocupação com as realidades do 
campo e o cumprimento de normas específicas que garantam a produtividade, a 
41
Gestão e Sustentabilidade
regularidade ambiental e a sustentabilidade da cadeia produtiva, para que esse 
processo se torne um círculo virtuoso. 
Não se pode assim deixar que o campo de extensão rural e assistência técnica 
seja relegado a um plano de menor relevância, pelo contrário, deve ser esse o 
ponto de partida para que os fundamentos de pesquisa possam estar plenamente 
integrados com a realidade do homem do campo, na busca da manutenção de 
determinadas espécies de status sanitários, permitindo a comercialização segura 
de alimentos, sejam esses de origem animal ou vegetal.
Em período não muito distante, alguns continentes como o europeu e o asiático, 
além de países como Estados Unidos e Canadá, experimentaram verdadeiras 
pragas que condenaram sua produção de origem animal com a denominada “vaca 
louca”. No ano de 1990, essa doença virou uma epidemia entre no rebanho bovino, 
passando a afetar os seres humanos, além da “gripe aviária” (H1N1), também 
chamada influenza Aviária (IA), uma doença contagiosa causada pelo vírus Influenza, 
que também atinge seres humanos.
Tais espécies de moléstias só puderam ser identificadas pelo pessoal de 
assistência técnica e extensão rural desses locais, por meio da comparação 
entre estudos realizados previamente, pesquisas de campo e comparação com 
padrões de sanidade animal, no campo da patologia.
Dessa forma, a materialização das técnicas é a principal função da extensão e da 
assistência técnica rural.
2.3 Proteção ao meio ambiente e conservação dos recursos 
naturais
Tratar de um tema como o meio ambiente em um capítulo específico sobre a 
Política Agrícola Nacional parece um tanto quanto reducionista, face à relevância 
e destaque que merece ser dada a essa matéria. Contudo, a Lei nº 8.171/91 não 
buscou esgotar esse tema, mas apenas associá-lo à legislação existente, seja de 
caráter nacional, estadual ou até mesmo municipal.
A correlação existente entre a Política Agrícola e as políticas de meio ambiente e 
sustentabilidade ficam claras no Art. 19 da lei referenciada, quando determina:
42
Capítulo 2 
Art. 19. O Poder Público deverá: 
 
I - integrar, a nível de Governo Federal, os Estados, o Distrito 
Federal, os Territórios, os Municípios e as comunidades na 
preservação do meio ambiente e conservação dos recursos naturais; 
 
II - disciplinar e fiscalizar o uso racional do solo, da água, da 
fauna e da flora; 
 
III - realizar zoneamentos agroecológicos que permitam 
estabelecer critérios para o disciplinamento e o ordenamento da 
ocupação espacial pelas diversas atividades produtivas, bem 
como para a instalação de novas hidrelétricas; 
 
IV - promover e/ou estimular a recuperação das áreas em 
processo de desertificação; 
 
V - desenvolver programas de educação ambiental, a nível formal 
e informal, dirigidos à população; 
 
VI - fomentar a produção de sementes e mudas de essências 
nativas; 
 
VII - coordenar programas de estímulo e incentivo à preservação 
das nascentes dos cursos d’água e do meio ambiente, bem 
como o aproveitamento de dejetos animais para conversão em 
fertilizantes. 
 
Parágrafo único. A fiscalização e o uso racional dos recursos 
naturais do meio ambiente é também de responsabilidade dos 
proprietários de direito, dos beneficiários da reforma agrária e dos 
ocupantes temporários dos imóveis rurais. (BRASIL, 1991).
Ora, mas como pode o poder público dar efetividade a essas medidas tão amplas, 
com tão poucos fiscais e com uma estrutura bastante escassa de recursos?
De fato não há uma fórmula “mágica”, mas para tanto desenvolveu-se um 
instrumento ou ferramenta, que associado aos que já existem pode estender seus 
tentáculos sobre as pequenas propriedades rurais. Estamos aqui tratando do 
Cadastro Ambiental Rural (CAR), que tem por função servir de mapa ou de lupa 
sobre cada propriedade rural.
O proprietário rural, para vender sua pequena ou média produção deverá estar 
regular frente às normas ambientais, uma vez que as indústrias de médio ou 
grande porte não a adquirem se esse não possui basicamente o licenciamento 
ambiental. Atualmente, em uma gama de Estados da federação, para a 
concessão da Licença Ambiental de Operação (LAO), é necessário que tenha 
43
Gestão e Sustentabilidade
sido feito o georeferenciamento das propriedades, a estipulação de reserva legal 
e que haja o cadastramento perante o Cadastro Ambiental Rural (CAR), conforme 
disciplina a Lei nº 12.651/12. Dessa forma, acaso o produtor ou proprietário rural 
não tenha este cadastro, não poderá ter seu processo de licenciamento ambiental 
concedido ou renovado e não poderá vender aquilo que produz. 
Mazzilli (2012, p. 164) destaca a importância dessa integração de consciência 
ecológica e ambiental, no campo do esgotamento dos recursos, como uma 
responsabilidade de todos, sob pena de um prejuízo generalizado. 
Essas são de fato ações efetivas da Política Agrícola Nacional, que atinge 
diretamente um meio de efetivar a proteção ambiental, a conservação dos 
recursos renováveis e o desenvolvimento sustentável.
2.4 Defesa agropecuária
A defesa agropecuária é um tema de extrema relevância para manutenção de área 
livres de doenças e é exercido preponderantemente pelo Ministério da Agricultura, 
pecuária e Abastecimento (MAPA), bem como pelos órgãos de sanidade dos 
Estados federados.
No viés da busca plena por áreas livres de quaisquer moléstias, para os animais 
ou vegetais são tratados os seguintes objetivos da defesa agropecuária:
Art. 27-A. São objetivos da defesa agropecuária assegurar: 
 
I – a sanidade das populações vegetais; 
 
II – a saúde dos rebanhos animais; 
 
III – a idoneidade dos insumos e dos serviços utilizados na 
agropecuária; 
 
IV – a identidade e a segurança higiênico-sanitária e tecnológica 
dos produtos agropecuários finais destinados aos consumidores. 
(BRASIL, 2012).
A produção oriunda de origem animal é regida pela Inspeção Industrial e Sanitária 
de Produtos de Origem Animal, de acordo com o Decreto nº 9.013/17, que 
determina a forma como devem ser transportados, abatidos, processados, 
embalados e destinados todos os produtos e subprodutos de origem animal.
Além do referido Decreto nº 9.013/17, Leis Ordinárias, Instruções Normativas, Portarias 
e Circulares contribuem para o processo de regulação e segurança alimentar.
Essa gama de normas, em grande parte, não está relacionada à atividade dos 
44
Capítulo 2 
profissionais do direito, e é interpretada por pessoal de área não adstrita ao 
campo jurídico, sendo que algumas dessas são de interpretação mais técnica.
Mesmo com a intervenção direta do MAPA em âmbito de definição de diretrizes

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