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MEIO AMBIENTE E CIDADANIA Belo Horizonte Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 APRESENTAÇÃO Sejam bem-vindos aos cursos oferecidos pelo Ipemig. Nós agradecemos pela escolha dos que se candidataram a esta especialização, procurando referências atualizadas para dar continuidade aos seus estudos e estamos empenhados em oferecer as melhores condições para que você alcance seus objetivos. A partir de 1996 em que a legislação entrou em vigor no Brasil com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), a Educação a Distância (EaD) tem experimentado transformações, devido a inúmeros decretos, leis e portarias que são constantemente escritos, avaliados e atualizados. O decreto 9.057, de 25 de maio de 2017, que regulamenta o Art. 80 da LDB, permite a EaD estabelecer uma política de garantia de qualidade em todos os níveis e modalidades educacionais. Por isso, nossos cursos possuem um cenário privilegiado com uma equipe multidisciplinar que propõe uma contribuição para a formação de um indivíduo autônomo que busca desenvolver um aprendizado contínuo, reflexivo e inovador. Neste cenário, a prática educativa e a postura do aluno de aprender a aprender é uma questão que determina a eficácia do processo de construção do conhecimento. Isso exige compromisso do aluno com o curso, além de um bom computador com conexão mais rápida à internet para organizar seus estudos. Devido à flexibilidade de horários para estudar na modalidade EaD, os alunos necessitam empenhar-se para realizar as atividades dentro do prazo proposto, organizando seu tempo para acompanhar o conteúdo de maneira ativa e autônoma, assumindo uma postura protagonista na busca de uma aprendizagem significativa que engrandece o ensino a distância, fazendo a diferença na sua formação. Desejamos despertar a motivação interna em nosso aluno que vai se estruturar na medida em que perceber o valor daquilo que lhe é ensinado, procurando contribuir com a qualidade de nosso material didático e atividades propostas pela disciplina em curso na construção do conhecimento de “dentro para fora” como afirmado pelas pesquisas em neurociências e verificado por Jean Piaget: “você só sabe realmente o que construiu de forma autônoma”. Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 SUMÁRIO 1 – A SITUAÇÃO DO MEIO AMBIENTE E DO MUNDO ............................................ 4 2 – PLANETA TERRA ................................................................................................ 6 2.1 População ....................................................................................................... 6 2.2 O Desgaste ambiental e o crescimento populacional ..................................... 7 2.3 Zona Urbana e Zona Rural ........................................................................... 10 2.4 Sustentabilidade das cidades ....................................................................... 11 2.5 A qualidade de vida ...................................................................................... 13 2.6 Conceitos Ambientais do Planeta Terra ........................................................ 14 3 – CIDADANIA NO AMBIENTE .............................................................................. 16 4 – GESTÃO AMBIENTAL ....................................................................................... 18 4.1 – Princípios que orientam o gerenciamento ambiental ................................. 19 4.2 – Gestão ambiental e conflitos ...................................................................... 20 5 – CONSUMO SUSTENTÁVEL .............................................................................. 22 5.1 – Pobreza e consumo sustentável ................................................................ 22 5.2 – Consumo responsável ............................................................................... 23 6 – ACORDOS MUNDIAIS ....................................................................................... 25 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 28 AVALIAÇÃO ............................................................................................................. 30 GABARITO ...................................................................... Erro! Indicador não definido. Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 1 – A SITUAÇÃO DO MEIO AMBIENTE E DO MUNDO A natureza está se alterando por causa das intervenções desastrosas causadas pelo ser humano. A ambição desenfreada e a desvalorização da vida muito têm contribuído para a destruição do meio ambiente. Então o Planeta Terra pede socorro! Os problemas ambientais comprometem a qualidade de vida de toda a sociedade. Dentre eles pode-se citar a chuva ácida, o aquecimento global, desmatamentos, problemas da água, principalmente sua escassez e poluição, tornando-a imprópria para consumo, buraco na camada de ozônio e lixo, dentre outros. A chuva ácida é provocada principalmente pela atividade humana através da industrialização e uso de transportes que usam combustíveis fósseis. Ela empobrece a vegetação e prejudica a pesca. A grande quantidade de gases poluentes que são emitidos diariamente causa o aquecimento global. As consequências são catastróficas, pois leva ao aumento do número de furações, desertificação, ondas violentas de calor e derretimento das calotas polares. O desmatamento causa degradação do solo, extinção de várias espécies e danos ao clima. Quanto à água, no futuro será muito valorizada. Já existem países em que ela é escassa. Infelizmente quem tem muito não dá importância e a desperdiça de uma forma inconsequente. A poluição aquática tem aumentado muito e com isso aumenta os casos de doenças veiculadas pela água, intoxicação por metais pesados e gastos para o tratamento da mesma. A destruição da camada de ozônio é causada principalmente pela eliminação do gás clorofluorcarbono, conhecido como CFCs, usados em aparelhos de refrigeração e sprays. Isto pode afetar o sistema imune, causar câncer de pele e mutações nos seres vivos. O lixo quando não colocado em seu devido lugar traz mau cheiro, polui a água, atrai ratos e insetos, contribui para o aparecimento de doenças, além de poder contaminar os solos. Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 É necessário mudar a forma com que exploramos os recursos naturais e o nosso comportamento em relação a natureza. A educação ambiental, voltada especialmente para a sustentabilidade e, a adoção de uma nova ética, contribuirão e muito para conseguirmos ter um planeta habitável no futuro. 1.1 Ações que minimizam os impactos ambientais Economia de energia; Uso de transporte coletivo; Fazer reciclagem do lixo; Não desperdiçar água; Preferir produtos naturais a industrializados; Reduzir o consumo de carne vermelha; Não poluir; Plantar árvores no quintal de casa; Não caçar; Não ser consumista e ser altruísta. Estamos todos interligados e dependemos um do outro. Não há dúvida de que nossa ação local refletirá globalmente. Se todos fizerem a sua parte, viveremos em um mundo melhor. A preocupação da preservação do Planeta Terra é motivo de conferências e reuniões mundiais para que sejam adotados procedimentos racionais para a utilização dos recursos naturais. O conhecimento do funcionamento dos ecossistemas requer estudo sobre o ambiente, a fim de ajudar à sua preservação e utilização sustentável dos seus recursos. Então, a Gestão Ambiental - ramo da educação - surge a partir do crescente interesse do homem em assuntos relacionados ao meio ambiente, devidoàs grandes catástrofes naturais que têm ocorrido no mundo nas últimas décadas. Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 2 – PLANETA TERRA 2.1 População O habitat humano se restringe à biosfera; que é a camada da Terra composta da atmosfera, litosfera e hidrosfera, ou seja; camada de vida do Planeta Terra. É o único habitat das espécies e inclusive do homem, tendo como característica mais significativa da biosfera o tamanho relativamente pequeno e a exiguidade de recursos que oferece. Em termos terrestres a comunidade humana não ocupa toda a extensão desta camada, pois grande parte da biosfera não é habitada pelos seres humanos, como os oceanos, desertos e geleiras. Então, o homem está instalado numa limitada porção do planeta, onde mantém relações entre si, com outras espécies e com os fatores abióticos, ou seja; com o meio ambiente. No início da existência da espécie humana, no período paleolítico, o crescimento populacional era muito baixo, inibido pelos deslocamentos constantes dos caçadores. Somente quando o homo sapiens passou a se fixar em determinadas áreas, tornando-se sedentário, é que a população começou a crescer de modo cada vez mais rápido. E depois da introdução da agricultura, ela chegou a duplicar a cada mil anos, atingindo a marca de 100 milhões de pessoas por volta do ano 500 a.C. Foi, portanto, com o desenvolvimento da agricultura que o crescimento populacional deu seu primeiro salto. E o segundo só ocorreu muitos séculos depois, com o desenvolvimento industrial. Tanto assim que, do início da era industrial, no século XVIII, até os dias atuais, a população mundial já ficou oito vezes maior. E hoje somos, aproximadamente, seis bilhões de pessoas na Terra (TOYNBEE,1980). Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 2.2 O Desgaste ambiental e o crescimento populacional O desgaste ambiental gerado pelo esgotamento dos recursos naturais face às necessidades de sobrevivência de determinada população, já ocasionou a extinção de muitas civilizações. O aumento recente do número de seres humanos e de suas respectivas atividades teve um enorme impacto no meio ambiente. Em menos de 200 anos o mundo perdeu seis milhões de quilômetros quadrados de florestas, e o volume de terra desgastada pela erosão triplicou o volume de sedimentos nos principais rios do planeta. A esses problemas ambientais somam-se graves problemas sociais, com dois terços da população da Terra sofrendo para conseguir comida, abrigo e cuidados médicos. É importante destacar que a análise da relação entre a questão populacional e os impactos ambientais não pode estar desvinculada da análise do modelo atual de desenvolvimento econômico. Basta lembrar que os países desenvolvidos, com menores taxas de crescimento populacional, demandam a maior parte das matérias-primas do planeta e consomem o maior volume de produtos. Esses países concentram um quarto da população global, mas consomem 80% da energia do mundo. Proporcionais a esse consumo são as emissões de gases para o ambiente. Aproximadamente 40% de todo o dióxido de carbono emitido para a atmosfera provêm de sete países ricos da América do Norte e Europa Ocidental, que constituem apenas 11% de toda a população mundial. Nesse sentido, não podemos afirmar que o aumento populacional é a principal causa dos impactos ambientais. Além dos níveis de crescimento populacional, fatores econômicos e sociais, como o próprio modelo de desenvolvimento preconizado, e o nível de consumo e de qualidade de vida da população devem contribuir para o entendimento dos problemas ambientais. A relação entre os níveis de qualidade de vida e de desenvolvimento social de uma sociedade e os seus problemas ambientais torna-se evidente, por exemplo, ao analisarmos o tema da concentração populacional nos centros urbanos (êxodo rural). Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 A essa enorme concentração populacional, causada pelo crescimento desordenado das cidades, associam-se muitos problemas ambientais e sociais, como o aumento de todos os tipos de poluição e dos níveis de pobreza. Atualmente, com o crescimento das cidades de porte médio no Brasil, o ritmo dessa tendência vem diminuindo. Ainda assim, as regiões metropolitanas são áreas de concentração de pobreza, uma vez que 70,9% dos pobres vivem nas cidades, dos quais 29,2% em áreas metropolitanas. Controle populacional x preservação ambiental Segundo Toynbee (1980), as campanhas de controle de crescimento da população, geralmente são conduzidas de forma autoritária, como é o caso das campanhas de esterilização em massa de mulheres. Na China, por exemplo, adotase a política de permitir apenas um filho por casal, o que acaba gerando sérios problemas sociais, como o abandono e o assassinato de inúmeros bebês do sexo feminino. De acordo com esse autor, no Brasil, as campanhas de controle da natalidade, obtiveram resultados satisfatórios, mas não se percebe nenhuma melhoria quanto à utilização dos recursos naturais e à preservação do meio ambiente, e nem quanto às condições de vida das camadas mais pobres da população brasileira. Isso confirma que o controle da natalidade, sozinho, não é um parâmetro para a preservação ambiental. Entretanto, o que mais preocupa em termos de degradação ambiental não é a taxa de natalidade dos países pobres, mas sim o aumento de consumo dos países ricos, uma vez que não há uma relação necessária entre crescimento demográfico e aumento da pressão sobre os recursos naturais. São processos distintos. A pressão de consumo aumenta muito rapidamente nos países desenvolvidos, cujo crescimento populacional está estabilizado, enquanto nos países subdesenvolvidos o consumo quase não cresce, apesar de o crescimento populacional ainda ocorrer. Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 Atualmente, países desenvolvidos do hemisfério norte alcançaram níveis de prosperidade econômica que nem podiam ser sonhados há 500 anos. Mas essa prosperidade vem causando problemas ambientais graves, como o aquecimento global, a destruição da camada de ozônio, a perda da biodiversidade e outros mais. O consumo de bens duráveis e não duráveis é um dos principais indicadores utilizados pelas sociedades capitalistas para medir a prosperidade econômica. A questão, portanto, é: o que, além da circulação de bens econômicos, poderia definir a prosperidade ou a afluência de uma sociedade? (TOYNBEE,1980). Para refletir... Você tem fome de quê? A sociedade de mercado se baseia na permanente recriação da escassez, ou seja, para que os produtos de consumo circulem e alimentem as trocas mercantis, é necessário comportamento de consumo, o desejo de consumir os valores materiais e simbólicos que prometem os produtos. Como sabemos, a sociedade humana não produz apenas para satisfazer necessidades biológicas. Como diz a música dos Titãs, “a gente não quer só comida”, mas também diversão e arte. Consumir indica, também, modos de apropriar-se de bens simbólicos que alimentam identidades, corpos e mentes preconizados pela cultura e pela contracultura. Assim, por exemplo, nas sociedades de consumo, as exigências dos indivíduos que aderem aos valores materialistas hegemônicos podem se tornar ilimitadas. Mas, também as necessidades humanas têm sido frequentemente reinterpretadas dentro destas mesmas sociedades por segmentos críticos que valorizam circuitos de consumo contra hegemônicos, como é o caso das feiras ecológicas, produtos étnicos, mercados solidários, moeda social, entre outros. O que você consome? Que tal se perguntar, analisando seus hábitos de consumo e projeto de vida: você tem fome de quê? (SENAC, 2009).Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 2.3 Zona Urbana e Zona Rural Como já citado por Toynbee (1980), vivemos um processo de adensamento da população em centros urbanos. Estes podem tomar a forma de grandes metrópoles, cidades médias e pequenas. Mas, para além de seu tamanho em território geográfico e populacional, também podemos pensar os assentamentos humanos de acordo com o seu perfil socioespacial. Os urbanos se caracterizam pelo adensamento populacional, presença de diversos sistemas de transporte, equipamento cultural, escolas, parque industrial e uma diversidade de serviços que implicam em grandes segmentos de trabalhadores assalariados e maior oferta de emprego e educação. Já as cidades e agrupamentos rurais, por sua vez, possuem baixa densidade populacional, menor oferta de serviços e equipamentos culturais e educacionais, atividades produtivas voltadas à agricultura, criação de animais, turismo rural, entre outras ocupações ligadas à produção rural (trabalhador rural, produtor familiar, proprietário de terra, entre outras). O espaço urbano tem sido, frequentemente, uma fonte de preocupação. Reflete uma situação de uso intensivo dos recursos naturais, é visto como gerador de profundo desequilíbrio e insustentabilidade em termos ambientais. A concentração industrial e o adensamento populacional traçam um quadro de aumento exponencial dos impactos ambientais do mundo urbano. Do mesmo modo, as contradições e desigualdades sociais também se evidenciam no tecido urbano, principalmente considerando o processo de migração campo-cidade que, no Brasil, inverteu esta relação entre os anos 1950 e 1980. Setenta por cento da população brasileira nos anos 1950 era rural e nos anos 1980 a situação se inverte, com 70% da população em zonas urbanas. Desta forma, o urbano vai se constituindo cada vez mais como polo de visibilidade, associado à modernização, enquanto o rural tem sido objeto de uma visão muitas vezes estereotipada que, em contraposição, o toma como um resíduo, um espaço social em extinção, sobrevivência de um passado, ora valorizado pela harmonia perdida no mundo urbano, ora desvalorizado como sinal de atraso. Contra essa visão preconceituosa e simplificadora é importante não esquecer que a construção do urbano se dá em constante relação com o mundo Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 rural, que também se transforma a partir dos processos de modernização da sociedade como um todo e da própria relação urbano-rural (REIGOTA, 2001). Reigota afirma ainda que observar as diferenças entre os processos urbano e rural não significa deixar de ver suas interessantes imbricações. Alguns estudiosos chegam a propor um conceito de novo rural ou rururbano, destacando como uma tendência a transformação do mundo rural em direção às dinâmicas de serviços e negócios do tipo urbano. Na medida em que as populações urbanas projetam sobre a vida rural o ideal de vida simples e “ecológica”, cresce a oferta de serviços como turismo rural, de aventura, ecológico, pousadas rurais, hotéis fazenda, pesque-pague, trilhas ecológicas, etc. 2.4 Sustentabilidade das cidades Segundo Reigota (2001) dizer que uma cidade é sustentável engloba diferentes definições. Isto indica que não há um acordo sobre o que seria sustentabilidade. Pode-se definir estes conceitos desde ênfases diferentes, como, por exemplo, a sustentabilidade como eficiência eco energética, sustentabilidade como conservação dos recursos naturais, ou ainda a sustentabilidade socioambiental vista como busca da justiça social e ambiental. Do ponto de vista socioambiental, a sustentabilidade das cidades poderia ser definida como envolvendo a gestão, na qual o uso de recursos, bem como os meios tecnológicos e institucionais estejam voltados para o atendimento das necessidades humanas, e a distribuição equitativa dos recursos sociais e ambientais, considerando, também o compromisso intergeracional que projeta o uso futuro reconhecendo o direito das gerações que virão. Já as cidades são insustentáveis, uma vez que elas não produzem tudo o que consomem, poluem o ar e não reciclam a água nem outros materiais como deveriam. Também dependem de matérias-primas e manufaturados produzidos em áreas muitas vezes distantes geograficamente. A transformação do modelo atual de cidades insustentáveis, em cidades sustentáveis requer um esforço coletivo. Tanto os governos precisam assumir os Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 princípios da sustentabilidade e da solidariedade socioambiental em todos os seus trabalhos e esforços, como os cidadãos precisam mudar valores e atitudes. É necessário aprender a reduzir o consumo de água e de energia, escolher produtos locais, optar pelo transporte coletivo, gerar menos lixo, etc. Mas esses novos hábitos só serão adquiridos se houver uma estratégia por parte dos governos para estimulálos e fazer com que seja mais fácil e mais barato agir de forma sustentável, sem transferir os ônus de suas opções para vizinhos mais pobres, como ocorre no caso dos envios de resíduos e produtos tóxicos para os chamados países subdesenvolvidos. Como garante nossa Constituição: uma cidade sustentável seria, principalmente, um espaço social e ambientalmente justo (REIGOTA, 2001). Curiosidades Uma entidade britânica denominada Local Government Management Board (LGMB), ou seja, Conselho de Gerenciamento dos Governos Locais – dedicada à gestão das cidades – definiu as características de uma comunidade sustentável: não desperdiça recursos e produz pouco lixo; limita a poluição de forma que possa ser absorvida pelos sistemas naturais; valoriza e protege a natureza; atende às necessidades localmente, sempre que possível; provê casa, comida e água limpa para todos; dá oportunidades para que todos trabalhem com o que gostem, valorizando o trabalho doméstico; protege a saúde de seus habitantes, enfatizando a higiene e a prevenção; provê meios de transporte acessíveis para todos; dá segurança, de modo que todos vivam sem medo de crimes ou perseguições; possibilita que todos tenham acesso igual às oportunidades; dá acesso ao processo de decisão para todos; dá oportunidades de cultura, lazer e recreação para todos (Senac, 2009). Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 2.5 A qualidade de vida A qualidade de vida, segundo o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento - PNUD - (1998), se refere viver de modo sustentável, ou seja, compatibilizando a qualidade ambiental com o desenvolvimento econômico. O meio ambiente sadio é parte fundamental do bem-estar humano, e também é importante pensar sobre indicadores para uma sociedade ecologicamente sustentável. Para isso, algumas organizações não governamentais avaliam que uma sociedade sustentável seria aquela que: Conservasse a biodiversidade e os sistemas de suporte à vida; Assegurasse que o uso dos recursos renováveis fosse sustentável e que a degradação dos recursos não renováveis fosse minimizada; Se mantivesse dentro dos limites da capacidade de suporte dos ecossistemas. Para refletir: Meio ambiente e pobreza São consideradas pobres aquelas pessoas cujo rendimento mensal é igual ou inferior a um terço do salário mínimo. Esse patamar de rendimento constitui a chamada linha de pobreza. Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra domiciliar (PNAD-IBGE) de 1990, o número de pobres no Brasil era, naquele ano, de 39,2 milhões, o que correspondia a 27% da população brasileira (142,4 milhões). São pessoas que não têm suas necessidades básicas atendidas: possuem alimentação insuficiente, moradia precária, falta-lhes saneamento básico e cuidados médicos, não têmacesso ao sistema educacional ou não possuem qualificação profissional para se inserir no mercado. Estima-se que 80% dos indivíduos mais pobres do mundo vivem em países da Ásia, África e América Latina. A maioria da população pobre da Ásia, África e América Latina vive em áreas de alta vulnerabilidade ecológica, ou seja, áreas onde a destruição ambiental – como erosão do solo, desertificação, redução da fertilidade da terra, desmatamento, queimadas, assoreamento dos rios, etc. – ameaça o bem-estar e a qualidade de vida da própria população. Nesse caso, há uma relação direta entre perda de qualidade de vida e degradação ambiental. Por outro lado, o meio ambiente é geralmente fonte de renda e/ou subsistência da população pobre mundial. No caso do Brasil, algumas iniciativas, como a das reservas extrativistas, dos comitês de bacias hidrográficas, a criação Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 de cooperativas de catadores e de sistemas de reciclagem do lixo e outras, apontam para a possibilidade de se alcançar, ao mesmo tempo, aumento da qualidade de vida e sustentabilidade ambiental. A redução da pobreza e a proteção do meio ambiente são desafios de grande complexidade, quando se busca aumentar os níveis de desenvolvimento humano e a qualidade de vida dos países em desenvolvimento. Assim, além das experiências mencionadas, você identifica outras iniciativas no Brasil e/ou no mundo que estão tentando articular a superação da pobreza com a qualidade de vida e a sustentabilidade ambiental? (SENAC, 2009). 2.6 Conceitos Ambientais do Planeta Terra Segundo Mineiro (2001), o ambiente da Terra é agrupado em Espaço ambiental, pegada ecológica e capacidade de suporte. O espaço ambiental diz respeito à quantidade de recursos não renováveis, energia e terras que se pode obter da Biosfera, de maneira ambientalmente sustentável. Indica o consumo per capita destes recursos dentro de um intervalo que não ultrapasse um teto (quantidade máxima per capita) e um piso (quantidade mínima per capita). Pelo princípio da equidade, todo ser humano teria direito ao uso equitativo dos recursos naturais, patrimônio comum da Humanidade, considerando a finitude destes recursos. Ainda segundo o autor citado acima, a pegada ecológica se define como a área de terra e água ecologicamente produtiva que se necessita de forma contínua para proporcionar os recursos energéticos e materiais consumidos, e absorver todos os resíduos gerados por esta população. O consumo das comunidades, empresas e governos entram no cálculo, pois a pegada ecológica busca mensurar as demandas de capital natural da população em questão em relação ao território que ocupa. O tamanho da pegada não é fixo, mas depende do ingresso financeiro e valores socioculturais, assim como do estado da tecnologia disponível. Ao contrário do espaço ambiental, o cálculo da pegada demonstra que não existe um piso nem um teto ambiental. Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 Hoje, segundo os cálculos da pegada ecológica, a humanidade já excederia a capacidade global de carga do planeta, impondo altos custos às gerações futuras. A capacidade de suporte avalia a quantidade de seres vivos que um ecossistema pode sustentar para desenvolver sua capacidade produtiva ao máximo. Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 3 – CIDADANIA NO AMBIENTE Segundo Bordenave (1995), ser cidadão é ter consciência de seus direitos e deveres e participar ativamente de todas as questões da sociedade; participar das decisões que interferem na vida de cada um. Atualmente, nós cidadãos brasileiros vivemos na democracia; um sistema social e político que nos institui como sujeitos de direitos e considera que onde não existam estes direitos, tem-se o direito de lutar por eles. Esse regime de governo prevê eleições, partidos políticos, divisão dos três poderes da República, respeito à vontade da maioria e das minorias. Contudo, a democracia não se esgota nas regras do regime de governo, isto é, ela é mais do que uma democracia formal, já que institui direitos. Desse modo, Souza (1996) entende que o processo democrático, portanto, deve dar oportunidades aos cidadãos para participarem da vida pública. Ao envolver moradores e outros setores da sociedade organizada em parcerias com o governo local para lidar com os desafios básicos do desenvolvimento, tais como moradia, desemprego, lixo, água e poluição do ar, pode-se mobilizar novos recursos para solucionar esses problemas, criando uma cultura mais participativa, transparente e responsável. Contudo, existem limites para o que o cidadão comum pode fazer sozinho. É necessário contar com o apoio do poder público e do setor produtivo para que haja uma mudança em direção à sustentabilidade. Em relação às questões ambientais, nos países em que os cidadãos se envolveram na discussão de temas como poluição ambiental e efeitos da exploração indiscriminada da natureza, o poder público se viu forçado a considerar a opinião da população. Essa politização resultou em novas leis e medidas para minimizar os impactos ambientais. Para Bordenave (1995), muitos países já descobriram que a interação entre governo e cidadãos pode ser benéfica e que existe muito apoio da sociedade para assumir uma responsabilidade compartilhada na solução dos problemas Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 ambientais. Nesse contexto democrático, o poder da opinião pública vem ganhando cada vez mais força. Ameaçadas de boicote, várias empresas que agridem o meio ambiente podem mudar suas estratégias e ações. Um ambiente saudável diz respeito a todos e é responsabilidade de todos. Mas o processo não é automático. Todas as pessoas envolvidas têm que se esforçar, e o governo precisa reconhecer que nem todos os cidadãos são especialistas no assunto. Para que todos se envolvam na formulação e na aplicação de políticas ambientais, é necessário que a educação aborde as condições do meio ambiente, as consequências da poluição e, sobretudo, os modos como se pode contribuir de forma individual e coletiva. Ribeiro (1998) afirma que a cidadania diz respeito ao exercício democrático de decidir sobre os assuntos comuns, ou seja, aqueles que interessam a todos. O meio ambiente é um importante espaço comum, de convivência com os outros humanos e não humanos. Nossas ações e escolhas relativas aos assuntos ambientais influem nos rumos das decisões que se discutem na esfera pública, ao mesmo tempo em que somos afetados pelo conjunto das outras ações e decisões. Assim, meio ambiente, política e cidadania estão profundamente relacionados. Ribeiro (1998) reforça ainda que educar para a cidadania é construir a possibilidade da ação política, no sentido de contribuir para formar uma coletividade capaz, informada, crítica e responsável pelo mundo que habita. Ter uma atitude ecológica é assumir essa responsabilidade, que se exerce em todo o tempo e lugar, sendo cidadão. A educação de um modo geral tem um papel fundamental na formação do sujeito cidadão, e a educação ambiental em particular, na formação de um sujeito cidadão ecologicamente orientado. Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 4 – GESTÃO AMBIENTAL Segundo Quintas (2003), gestão é o ato de administrar. É o uso de um conjunto de princípios, normas e funções para obter determinados resultados. Numa gestão, os princípios são a base das ações e o que nos ajuda a tomar as decisões mais acertadas. Por exemplo, quando muitas pessoas se juntam para decidir sobre o seu futuro, é importante que todas tenham os mesmos princípios, pois assim, quando tiverem que tomar uma decisão, elas vão pensar nessesprincípios para fazerem as melhores escolhas. Para fazer a gestão de uma cidade é preciso administrá-la de modo a evitar que se deteriore, conservando as características que se deseja manter e aprimorando as que necessitam de melhoria. Para isso, ainda segundo o autor citado acima, é preciso consciência e ciência, capacitação dos administradores e de seus funcionários para que possam desempenhar seu papel, suas responsabilidades e atribuições. Uma gestão participativa entende que poder local não é apenas a Prefeitura, mas o conjunto de poderes instituídos – Prefeitura e Legislativo –, a sociedade civil organizada, outras esferas sociais, o poder público estadual e federal e as relações que estabelecem entre si. Da mesma forma, uma gestão ambiental eficaz e eficiente também depende da ação conjunta desses diferentes atores sociais. Significa também internalizar nas políticas públicas ações que visem à redução dos impactos ambientais e ao fomento do desenvolvimento harmonizado com o ambiente. Dentre as atribuições da gestão ambiental temos aquelas voltadas para o cuidado das áreas obviamente ecológicas e de outras menos óbvias, porém muito importantes para o equilíbrio ambiental das cidades e para a qualidade de vida dos cidadãos. Esse é o caso, por exemplo, de áreas como o ordenamento do solo, o saneamento e o zoneamento, tão necessárias para fomentar o desenvolvimento sustentável de uma cidade (QUINTAS, 2003). Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 Além disso, de uma forma geral o sucesso de uma gestão ambiental local depende tanto das circunstâncias gerais políticas, socioeconômicas, culturais e psicossociais em que a administração pública é exercida, quanto da maior ou menor eficiência da máquina administrativa pública. As primeiras circunstâncias caracterizam o que é chamado pelos cientistas políticos de condições de governabilidade. Já o grau de eficiência da máquina administrativa está associado ao que se denomina condições de governança. 4.1 – Princípios que orientam o gerenciamento ambiental - Prevenção Segundo a Constituição Federal (artigo 225, parágrafo 1), é melhor prevenir a destruição e a poluição, diminuindo os riscos de degradação do meio ambiente. - Precaução Segundo Quintas (2003), quando há dúvidas sobre as consequências ambientais de uma ação, deve-se agir com cautela. Não se deve autorizar ou continuar uma atividade, ou escolher uma técnica, quando não se sabe ao certo sobre seus possíveis impactos. - Poluidor-pagador O princípio do poluidor-pagador se refere que o responsável pela poluição deve arcar com os custos para remediar o estrago causado. Precisamos ficar atentos ao fato de que a degradação também deve ser considerada como poluição. Cortar uma floresta, por exemplo, não causa poluição direta, mas degrada o meio ambiente. - Solidariedade Todas as pessoas devem estar comprometidas com um meio ambiente saudável e devem agir para prevenir danos. Os problemas ambientais não têm limites geográficos ou burocráticos. Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 - Gestão e Meio Ambiente Trabalhar dentro do ecossistema. Todo recurso ambiental tem uma capacidade de suporte, que é a velocidade máxima com que podemos explorar o recurso sem esgotá-lo ou usá-lo para absorver ou limpar poluentes sem destruí-lo. Sustentabilidade é não aumentar nossas demandas indefinidamente, mas criar políticas que mantenham o desenvolvimento dentro dos limites da capacidade de suporte. - Igualdade intra e entre gerações Ainda segundo Quintas (1993), a igualdade se refere à justiça e às oportunidades. Descreve uma relação entre pessoas, e não um padrão mínimo. É importante que a justiça social seja um dos princípios pelo qual basearemos nossas decisões. Para assegurar a igualdade entre gerações, a geração atual deve assegurar que a saúde, a diversidade e a produtividade do meio ambiente sejam mantidas ou então melhoradas, em benefício das gerações futuras. 4.2 – Gestão ambiental e conflitos A Constituição Federal, em seu artigo 225, estabelece o meio ambiente ecologicamente equilibrado como direito do povo brasileiro, bem de uso comum e, ainda, essencial à sadia qualidade de vida. Determina, também, que cabe ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. A CF, no parágrafo primeiro deste artigo, definiu sete tarefas cuja realização pelo Poder Público e somente por ele, deve assegurar a efetividade do direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, na qualidade de bem de uso comum. As sete incumbências são as seguintes: I - Preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico das espécies e ecossistemas; II - Preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País, e fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material genético; III - Definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente através de lei, vedada qualquer Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 utilização que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua proteção; IV – Exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade; V – Controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente; VI – Promover a Gestão Ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente; VII Proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoque a extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade. Nesta perspectiva, o Poder Público e consequentemente seus agentes, estarão sempre lidando com conflitos implícitos ou explícitos, institucionalizados ou não, onde de um lado está o interesse público, que obriga a defesa e preservação de uma qualidade específica de um bem (e de um direito) – o meio ambiente ecologicamente equilibrado – e de outro, o acesso e uso dos seus elementos constituintes, por um, por poucos ou por muitos, porém, não por todos os brasileiros. A existência de modo agudo e/ou latente de conflito entre o interesse público e privado institui a necessidade de o Estado assumir o papel central na gestão ambiental pública (SENAC, 2009). Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 5 – CONSUMO SUSTENTÁVEL A Agenda 21, principal documento assinado na Conferência Rio-92, propõe a incorporação do consumo sustentável pelas sociedades atuais, apontando os padrões insustentáveis de consumo e de produção como a principal causa da degradação ambiental, especialmente nos países industrializados. De acordo com as Diretrizes das Nações Unidas para a Proteção do Consumidor, o consumo sustentável significa o atendimento das necessidades das gerações presentes e futuras, no que se refere a bens e serviços, de uma forma sustentável econômica, social e ambientalmente. Algumas ações colaboram para a definição de um consumo sustentável: Ser ecologicamente seletivo nas compras; Adquirir produtos de empresas responsáveis que tenham processos de gerência ambiental; Diminuir a produção de lixo por meio do incentivo a processos produtivos mais racionais; Valorizar a reutilização e a reciclagem de produtos. Em seu capítulo 4, a Agenda 21 (1997) destaca queo recente surgimento, em muitos países, de um público consumidor mais consciente do ponto de vista ecológico, associado a um maior interesse, por parte de algumas indústrias, em fornecer bens de consumo mais saudáveis ambientalmente, constitui acontecimento significativo que deve ser estimulado em todos os países. 5.1 – Pobreza e consumo sustentável Nos países em desenvolvimento, o tema da incorporação de um consumo sustentável pela sociedade é uma questão controversa. No Brasil, por exemplo, enquanto uma pequena parcela da população consome em níveis equivalentes aos padrões europeus e norte-americanos, gerando impactos ambientais correspondentes, uma grande parte da sociedade ainda não tem suas necessidades básicas atendidas. Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 Em nível mundial, estima-se que um quinto da humanidade tem um estilo de vida que caracteriza o consumo excessivo; três quintos vivem de forma equilibrada; e o último quinto vive mal, sem atendimento das necessidades básicas. São mais de um bilhão de pessoas sem acesso à água de qualidade e um número ainda maior sem esgoto e energia. Nesse contexto, a discussão acerca da incorporação de padrões de consumo sustentável pelas sociedades em desenvolvimento pode parecer uma questão falsa. No entanto, a proposta que está sendo esboçada é a de compatibilizar desenvolvimento sustentável com qualidade ambiental e acesso de todos aos bens e serviços. A ideia de um consumo sustentável passa, necessariamente, pelo direito de acesso da população ao próprio consumo de bens e serviços, mas não dentro de um modelo já saturado. Então, cada vez mais, a sustentabilidade depende das mudanças no padrão de consumo (CANCLINI,1995). 5.2 – Consumo responsável A responsabilidade pelo consumo sustentável deve ser compartilhada por toda a sociedade, especialmente os governos, empresas, sindicatos, organizações de consumidores e organizações ambientais. Os governos, em conjunto com as empresas e as organizações da sociedade civil, devem elaborar e implementar políticas que promovam o consumo sustentável, mediante uma combinação de políticas que podem incluir regulamentos, instrumentos econômicos e sociais, políticas setoriais em relação ao uso do solo, transporte e moradia, e a eliminação de subsídios que promovam padrões insustentáveis de consumo e produção. Além da promoção de políticas públicas adequadas, os governos e os setores empresariais podem também promover o desenvolvimento e o uso de produtos e serviços eficientes em termos de consumo de energia e de recursos seguros e não tóxicos, levando em conta seu ciclo de vida integral e a extração de matérias-primas, produção, distribuição, uso e disposição final. Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 Alguns progressos já vêm acontecendo nesse sentido, como, por exemplo, a produção de geladeiras sem CFC, para diminuir a emissão de gases que aumentam o efeito estufa, ou de automóveis com nível de poluição muito mais baixo. Mas tudo isso também significa avançar na pesquisa científica para descobrir novas formas de energia, novos combustíveis, novos materiais mais adequados a um modelo produtivo mais sustentável. As organizações de consumidores e ambientalistas têm a responsabilidade de promover a participação do público no debate sobre consumo sustentável, devendo divulgar informações aos consumidores e colaborar com o governo e com as empresas no esforço de alcançar esse objetivo. Para isso, precisam adotar critérios e metodologias que permitam avaliar os impactos ambientais e também as exigências de recursos durante a totalidade dos processos e ao longo do ciclo de vida dos produtos. Os resultados de tal avaliação devem ser transformados em indicadores claros para informação dos consumidores e das pessoas responsáveis pela tomada de decisões (SEMA/SP, 1998). Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 6 – ACORDOS MUNDIAIS Um dos principais objetivos da Conferência Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (também conhecida como Eco-92 ou Rio-92) foi chegar a um equilíbrio justo entre as necessidades econômicas, sociais e ambientais das gerações atuais e futuras. Outro objetivo era estabelecer as bases para uma associação mundial entre países desenvolvidos e em desenvolvimento, e também entre governos e setores da sociedade civil, fundamentadas nas necessidades e interesses comuns. Três grandes acordos que deveriam regular os trabalhos futuros foram aprovados no Rio de Janeiro por 172 governos, incluindo 108 chefes de Estado e de Governo. Esses acordos eram: A Agenda 21, um plano de ação mundial para promover o desenvolvimento sustentável; A Declaração do Rio sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, que agrupa princípios relativos a direitos civis e obrigações dos Estados; Uma declaração de princípios relativos às florestas, que reúne indicações para um manejo mais sustentável das florestas do mundo. Também na conferência do Rio de Janeiro foram assinadas duas convenções com força jurídica: a Convenção sobre Mudanças Climáticas e a Convenção sobre Biodiversidade. Ao mesmo tempo, foram iniciadas as negociações para uma Convenção contra a Desertificação, que ficou aberta a assinaturas até outubro de 1994, passando a vigorar em dezembro de 1996. Agenda 21 A Agenda 21 não é somente uma agenda ambiental, mas uma agenda que convoca os governos a adotarem estratégias nacionais para o desenvolvimento sustentável. Ela prevê ações concretas a serem implementadas pelos governos e pela sociedade civil, em todos os níveis – federal, estadual e local. Há um papel Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 para cada um: governos, empresários, sindicatos, cientistas, professores, povos indígenas, mulheres, jovens e crianças. Declaração do Rio sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento Trata-se de uma Carta com 27 princípios que definem os direitos e as obrigações dos Estados em relação aos princípios básicos do meio ambiente e do desenvolvimento. Estabelece que os Estados-membros têm o direito soberano de aproveitar seus próprios recursos, mas sem causar danos ao meio ambiente de outros Estados. Declara que a plena participação das mulheres é imprescindível para se alcançar o desenvolvimento sustentável, e que a paz, o desenvolvimento e a proteção ambiental são interdependentes. Declaração dos Princípios para o Manejo Sustentável das Florestas Embora a declaração não tenha força jurídica obrigatória, ela se constituiu no primeiro consenso mundial sobre a questão. Ela diz, fundamentalmente, que todos os países, especialmente os desenvolvidos, deveriam esforçar-se por recuperar a Terra mediante o reflorestamento e a conservação florestal; que os Estados têm o direito de desenvolver suas florestas conforme suas necessidades socioeconômicas; e que se devem garantir aos países em desenvolvimento recursos financeiros destinados a estabelecer programas de conservação florestal. Convenção sobre Mudanças Climáticas Essa convenção fundamenta-se na necessidade de reduzir a concentração, na atmosfera, de gases que causam efeitos nocivos e adversos aos ecossistemas naturais e à humanidade. O acúmulo desses gases pode aumentar o aquecimento da superfície da Terra, causando a elevação do nível das águas dos oceanos, turbulências na atmosfera e maior ocorrência de furacões e chuvas intensas. Convenção da Biodiversidade Os objetivos desse instrumento internacional abrangem três aspectos fundamentais: a conservação da diversidade biológica; a utilização sustentável de Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 seuscomponentes e a repartição justa e equitativa dos benefícios derivados da utilização dos recursos genéticos. Comissão de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas A Comissão de Desenvolvimento Sustentável foi estabelecida depois da Rio92. Seu objetivo é apoiar, encorajar e supervisionar governos, organizações das Nações Unidas e setores, como o comercial e industrial, as organizações não governamentais e outros segmentos da sociedade civil no que diz respeito às medidas adotadas para aplicar quaisquer acordos firmados. A Comissão é formada por representantes de 53 países, eleitos entre os Estados-Membros das Nações Unidas, respeitando-se uma representação geográfica equitativa. Os relatórios apresentados anualmente pelos governos desses países são a base para a avaliação dos progressos obtidos no âmbito dos acordos ambientais. Com a colaboração da Organização Mundial do Comércio, da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento e do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, a Comissão de Desenvolvimento Sustentável vem estendendo a Agenda 21 a outras esferas e promovendo a coerência e o apoio mútuo às atividades de comércio (TRIGUEIRO, 2003). Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 REFERÊNCIAS Agenda 21 Brasileira. Bases para a discussão, da Comissão de Políticas de Desenvolvimento Sustentável e da Agenda 21 Nacional. Brasília: 2000. BORDENAVE, Juan E. Díaz. O que é participação? São Paulo: Editora Brasiliense, 1995. CANCLINI, N. G. Consumidores e cidadãos: conflitos multiculturais da globalização. Rio de Janeiro: UFRJ, 1995. CONSUMO Sustentável. São Paulo: Secretaria do Meio Ambiente de São Paulo, 1998. Convenção sobre mudança do clima, vol. 4 da “Série Entendendo o meio ambiente”. São Paulo: Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo, 1997. DAJOZ, R. Ecologia geral. Rio de janeiro: s.e. 1977. DORST, J. Antes que a natureza Morra. São Paulo: Edusp,1973. LEONARDI, M. L. A. A educação ambiental como um dos instrumentos de superação da insustentabilidade da sociedade atual. In: CAVALCANTI, C. Meio ambiente, desenvolvimento sustentável e políticas públicas. São Paulo, Cortez, 1997. MINEIRO, Procópio. A crise anunciada. Revista Senac e a Gestão Ambiental, Rio de Janeiro, nº 2, 2001. PNUD. Desenvolvimento humano e condições de vida: indicadores brasileiros. Documento. Brasília: Pnud/ Ipea/Fundação João Pinheiro, 1998. QUINTAS, J.S. Educação no processo de gestão ambiental: uma proposta de Educação Ambiental Transformadora e Emancipatória. (Texto apresentado no I Encontro Nacional de Avaliação de Políticas de Meio Ambiente, promovido pelo Núcleo de Estudos e de Políticas de Desenvolvimento Agrícola e Meio Ambiente/Universidade de Brasília, em Goiânia, 27 e 28/08/03). REIGOTA, Marcos. Meio ambiente e representação social. São Paulo: Cortez, 2001. RIBEIRO, Maurício Andrés. Ecologizar, pensando o ambiente humano. Belo Horizonte: Roma Editora, 1998. SAMPAIO, Shaula. Notas sobre a fabricação de educadores/as ambientais: identidades sob rasuras e costuras. Porto Alegre: UFRGS, 2005. Dissertação, Mestrado em Educação. Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 SOUZA, Herbert de. Democracia: cinco princípios e um fim. São Paulo: Editora Moderna, 1996. TOYNBEE, A. A humanidade e a mãe Terra. Rio de Janeiro: Ed.Jorge Zahar, 1980. TRIGUEIRO, A. Meio ambiente no século XXI. 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É um documento que estabeleceu a importância de cada país a se comprometer a refletir, global e localmente, sobre a forma pela qual governos, empresas, organizações não-governamentais e todos os setores da sociedade poderiam cooperar no estudo de soluções para os problemas sócio-ambientais. c) Agenda 21 vem se constituindo em um instrumento de fundamental importância na construção dessa nova ecocidadania, num processo social no qual os atores vão pactuando paulatinamente novos consensos e montando uma Agenda possível rumo ao futuro que se deseja sustentável. d) Agenda 21, que tem provado ser um guia eficiente para processos de união da sociedade, compreensão dos conceitos de cidadania e de sua aplicação, e é hoje um dos grandes instrumentos de formação de políticas públicas no Brasil. 2) Assinale a alternativa incorreta sobre cidadania e meio ambiente: a) O advento da crise ambiental impulsionou a necessidade de maior participação da sociedade nas esferas organizacionais do Estado para que o processo de desenvolvimento seja alcançado de forma sustentável e com maiores controles dos efeitos nocivos ao meio ambiente. b) É perceptível, que o cidadão preocupa-se com os assuntos concernentes ao meio ambiente e ao mesmo tempo, conscientiza-se da necessidade e da importância em intervir nos atos da política ambiental do Estado, por meio do instrumento da ação popular ambiental. c) A poluição de rios, a extinção de animais e a degradação da natureza despertam inquietude na sociedade. A necessidade de direcionar-se um novo rumo na conduta Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 da civilização é premente, sob pena de desencadear uma generalizada perda da qualidade de vida para todos. d) Os bens naturais, que são dispostos graciosamente pela natureza, têm sido utilizados de maneira provida de sustentabilidade e extraídos no limite do necessário, mesmo com uma busca desenfreada e inconsequente do consumo e pelo verossímil lucro, numa evidente progressão de desperdício. 3) Leia as afirmativas abaixo e assinale a alternativa correta: I – Ao envolver moradores e outros setores da sociedade organizada em parcerias com o governo local para lidar com os desafios básicos do desenvolvimento, tais como moradia, desemprego, lixo, água e poluição do ar, pode- se mobilizar novos recursos para solucionar esses problemas, criando uma cultura mais participativa, transparente e responsável. II – Um ambiente saudável diz respeito a todos e é responsabilidade de todos. Mas o processo não é automático. Todas as pessoas envolvidas têm que se esforçar, e o governo precisa reconhecer que nem todos os cidadãos são especialistas no assunto. III – Ter uma atitude ecológica é assumir essa responsabilidade, que se exerce em todo o tempo e lugar, sendo cidadão. A educação de um modo geral tem um papel fundamental na formação do sujeito cidadão, e a educação ambiental em particular, na formação de um sujeito cidadão ecologicamente orientado. a) Todas as afirmativas são erradas. b) Todas as afirmativas são corretas. c) Somente a afirmativa I é correta. d) Somente a afirmativa III é correta. 4) Dizer que uma cidade é sustentável é o mesmo que dizer que: a) não produzem tudo o que consomem, poluem o ar e não reciclam a água nem outros materiais como deveriam b) Buscam justiça social e ambiental. c) Usam com eficiência sua energia. d) usam recursos, bem como os meios tecnológicos e institucionais voltados para o atendimento das necessidades humanas. Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 5) As afirmativas abaixointerferem na qualidade de vida da sociedade, exceto: a) Aquecimento Global b) Chuva Ácida c) Desmatamento d) Consumo Consciente 6) São ações que minimizam os impactos ambientais, exceto: a) Economia de energia b) Reciclar o lixo c) Reutilizar e reciclar embalagens d) Ser consumista 7) Assinale o item que se enquadra na pegada ecológica: a) diz respeito à quantidade de recursos não renováveis, energia e terras que se pode obter da Biosfera, de maneira ambientalmente sustentável. b) se define como a área de terra e água ecologicamente produtiva que se necessita de forma contínua para proporcionar os recursos energéticos e materiais consumidos, e absorver todos os resíduos gerados por esta população. c) avalia a quantidade de seres vivos que um ecossistema pode sustentar para desenvolver sua capacidade produtiva ao máximo. d) d) n.r.a. 8) A Constituição Federal definiu sete tarefas cuja realização pelo Poder Público e somente por ele, deve assegurar a efetividade do direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, na qualidade de bem de uso comum. Assinale a alternativa que não representa objetivo da Constituição Federal: a) preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico das espécies e ecossistemas. b) preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País, e fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material genético. Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 c) controlar apenas a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias que comportem risco ao meio ambiente. d) promover a educação/gestão ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente. 9) Dentre os princípios que orientam o gerenciamento ambiental, o objetivo instituído em que os problemas ambientais não têm limites geográficos ou burocráticos, se refere: a) Prevenção b) Solidariedade c) Precaução d) Poluidor-pagador 10) São ações que colaboram para a definição de um consumo sustentável, exceto: a) ser ecologicamente seletivo nas compras. b) diminuir a produção de lixo por meio do incentivo a processos produtivos mais racionais. c) valorizar a reutilização e a reciclagem de produtos. d) adquirir produtos de qualquer empresa, mesmo daqueles que não desenvolvem uma política ambiental.
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