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PARECER JURÍDICO

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Situação Hipotética: Empresa X, pessoa jurídica de direito privado, aos 11 de março de 2020, fora surpreendida com notificação de que está sendo processada criminalmente por agressão ao meio ambiente, como tipificado na Lei 9.605/98, por conta de possíveis vazamentos de rejeitos tóxicos ao solo de um parque de preservação ambiental do DF. Ao ser citada, seu representante ficou preocupado e procurou um advogado para compreender como pode ocorrer a imputação de crimes a uma pessoa jurídica e se seria válido apresentar ao conselho da empresa a abertura de um setor para cuidar da prevenção a estes crimes. 
Dada à situação, elabore parecer jurídico esclarecendo as dúvidas do gestor e manifestando-se favorável ou não a criação de um setor de prevenção a danos ao meio ambiente. 
Resposta: 
PARECER JURÍDICO
DIREITO AMBIENTAL. DIREITO PENAL. DIREITO PROCESSUAL PENAL. DIREITO CONSTITUCIONAL. RESPONSABILIDADE PENAL DA PESSOA JURÍDICA. ART. 225, § 3º CF. LEI 9.605/98. POSSIBILIDADE. DESDOBRAMENTOS. 
RELATÓRIO:
Trata-se de consulta formulada pelo representante da Empresa X em face de uma notificação criminal de imputação de crime à aludida pessoa jurídica. 
Afirma o gestor que a empresa não sabia que poderia ser responsabilizada por danos ao meio ambiente e que fora a gestão anterior responsável pelos danos causados. 
Alega que o colegiado de pessoas físicas responsável pelos danos ainda não estão sendo processados e que a empresa desconhecia a possibilidade da imputação. 
Indaga também necessidade de criação de órgão interno para regulação de possíveis crimes ambientais praticados pela Empresa. 
É O RELATÓRIO. FUNDAMENTO E OPINO.
FUNDAMENTAÇÃO:
	O instituto da responsabilização da pessoa jurídica criminalmente é mais bem difundido nos países que adotam o “commow law” [footnoteRef:1], o que não é o caso do Estado Brasileiro. [1: “O sistema Common Law, diferentemente da Civil Law, não possui sua base em normas codificadas, mas sim em costumes e precedentes.” Resumo de Civil Law e Common Law. Disponível em: https://direito.legal/direito-privado/resumo-de-civil-law-e-common-law/. Acesso em: 31 maio 2020.] 
	O Brasil adota o “Civil Law” [footnoteRef:2], um sistema que se ampara em ordenamento jurídico escrito. Portanto, para haver responsabilidade criminal de qualquer sujeito deve haver previsão em algum diploma legal. Como preceitua o princípio da Legalidade no Direito Penal, não há crime sem lei anterior que o defina. [2: “Civil Law é um dos tipos de sistemas jurídicos. Tal sistema é adotado pelo Brasil e sua principal caraterística é a utilização pelo ordenamento jurídico de normas escritas, publicadas e documentadas em diplomas próprios.” Resumo de Civil Law e Common Law. Disponível em: https://direito.legal/direito-privado/resumo-de-civil-law-e-common-law/. Acesso em: 31 maio 2020.] 
	Porquanto, devem-se buscar no regramento jurídico brasileiro hipóteses de imputação criminal ao ente moral. Compulsando a legislação, deparamo-nos com o preceito da norma política fundamental, que serve de parâmetro a todo o ordenamento, em seu art. 225, § 3º CF de que “As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados.”.
	Do excerto supracitado, retirado da carta magna da República Federativa do Brasil, deve-se atentar a possibilidade de sanções penais acerca das condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente. Tal norma possui eficácia plena, segundo a classificação do Papa do Direito Constitucional, José Afonso da S	ilva, e não precisaria de regulamentação posterior para produzir seus efeitos. 
	Conforme ensina Lenza[footnoteRef:3], o legislador inaugural deu ao meio ambiente status de bem-jurídico autônomo e, portanto merece proteção especial. Ao imputar crimes a pessoa jurídica o legislador não visou penas de reclusão ou detenção, tão somente multas e restrições de direito. [3: Lenza, Pedro. Direito constitucional esquematizado / Pedro Lenza. – 23. ed. – São Paulo: Saraiva Educação, 2019. p. 2.265/2.267.] 
	Nos ensinamentos de Amado[footnoteRef:4], a tutela do bem penal emergiu com a CF/88, mas foi materializado consistentemente com a lei 9.605/98. Em seu artigo 3º reproduziu parte do ditame constitucional e estabeleceu dois nuances para a imputação de crimes a pessoa jurídica. (1) infração cometida por decisão do representante e (2) seja cometida por interesse da entidade. [4: Amado, Frederico Augusto Di Trindade. Direito ambiental esquematizado / Frederico Augusto Di Trindade Amado. – 5.ª ed. – Rio de Janeiro : Forense ; São Paulo : MÉTODO, 2014. p. 629/638.] 
	Precipuamente, a doutrina e a jurisprudência entendiam que era necessário o sistema da dupla imputação para que a pessoa jurídica fosse responsabilizada, tese já superada pelo STF[footnoteRef:5] hodiernamente, quando admite a instauração de processo penal contra pessoa jurídica mesmo que não haja como responsabilizar a pessoa ou colegiado que praticou o ato. [5: Calvacante, Márcio. Vade Mecum Jurisprudência. 7º edição, 2019. p. 956. ] 
	Por conseguinte, cabe salientar que é um órgão consultivo para avaliar possíveis danos ambientais e observar legislações atinentes ao tema seria de fundamental importância, pois o rol de eventuais restrições de direitos que podem ocorrer após condenação podem mitigar as atividades exercidas pela pessoa jurídica e diminuir sua rentabilidade. 
É O PARCER. 
Brasília, Maio de 2020.
Carlos Moura
OAB/DF

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