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I N F O R M A T I V O S
P O R A S S U N T O
D E 2 0 1 6 A T É O N T E M
Material elaborado por Roberto Coutinho
Instagram @robertocouttinho
ISBN: 978-85-540444-3-5 
Fechamento 19.5.2020
Atulizado até
STF - 976
STJ - 669
 
 SUMÁRIO 
DIREITO CONSTITUCIONAL ..................................................................................................................................... 3 
DIREITO ADMNISTRATIVO ..................................................................................................................................... 32 
DIREITO EMPRESARIAL ......................................................................................................................................... 87 
DIREITO CIVIL.................................................................................................................................................. 62 
DIREITO PROCESSUAL CIVIL ................................................................................................................................ 105 
DIREITO DO CONSUMIDOR ................................................................................................................................. 143 
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE ..................................................................................................... 161 
DIREITO PENAL.................................................................................................................................................... 166 
DIREITO PROCESSUAL PENAL .............................................................................................................................. 194 
EXECUÇÃO PENAL ............................................................................................................................................... 228 
 
 
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DIREITO CONSTITUCIONAL 
 
Quebra de sigilo e divulgação em site oficial 
Os dados obtidos por meio da quebra dos sigilos bancário, telefônico e fiscal devem ser mantidos sob reserva. 
Com base nesse entendimento, o Plenário concedeu mandado de segurança para determinar ao Senado Federal 
que retire de sua página na Internet os dados obtidos por meio da quebra de sigilo determinada por comissão 
parlamentar de inquérito (CPI). MS 25940, rel. Min. Marco Aurélio, julgamento em 26.4.2018. (MS-25940) 
 
Constitucionalidade do sistema de cotas raciais em concursos públicos 
O STF declarou que essa Lei é constitucional e fixou a seguinte tese de julgamento: "É constitucional a reserva de 
20% das vagas oferecidas nos concursos públicos para provimento de cargos efetivos e empregos públicos no 
âmbito da administração pública direta e indireta., sendo também legítima a utilização, além da autodeclaração, 
de critérios subsidiários de heteroidentificação, desde que respeitada a dignidade da pessoa humana e garantidos 
o contraditório e a ampla defesa". STF. Plenário. ADC 41/DF, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 8/6/2017 (Info 
868). 
A finalidade é combater condutas fraudulentas e garantir que os objetivos da política de cotas sejam efetivamente 
alcançados. Vale ressaltar que tais critérios deverão respeitar a dignidade da pessoa humana e assegurar o 
contraditório e a ampla defesa. 
 
Sistema de Ensino do Exército e possibilidade de cobrança de contribuição 
A contribuição dos alunos para o custeio das atividades do Sistema Colégio Militar do Brasil não possui natureza 
tributária, considerada a facultatividade do ingresso ao Sistema de Ensino do Exército, segundo critérios 
meritocráticos, assim como a natureza contratual do vínculo jurídico formado. ADI 5082/DF, rel. Min. Edson Fachin, 
julgamento em 24.10.2018. (ADI-5082) 
 
Lei estadual e sacrifício de animais em rituais 
É constitucional a lei de proteção animal que, a fim de resguardar a liberdade religiosa, permite o sacrifício ritual de 
animais em cultos de religiões de matriz africana. RE 494601/RS, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. 
Edson Fachin, julgamento em 28.3.2019. (RE-494601) 
 
Multa de trânsito e exercício do direito de propriedade 
O Plenário, por maioria, julgou improcedente pedido formulado em ação direta para declarar a constitucionalidade 
dos arts. 124, VIII, 128, e 131, § 2º, do Código de Trânsito Brasileiro. Além disso, deu interpretação conforme a 
Constituição ao art. 161, parágrafo único, do CTB, para afastar a possibilidade de estabelecimento de sanção por 
parte do Conselho Nacional de Trânsito (CONTRAN) e, por decisão majoritária, declarou a nulidade da expressão 
"ou das Resoluções do Contran" constante do art. 161, caput, do CTB, bem como reputou prejudicado o pleito 
referente ao art. 288, § 2º, do CTB. ADI 2998/DF, rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Ricardo Lewandowski, 
julgamento em 10.04.2019. (ADI-2998) 
 
Direito à informação 
Pesquisador tem direito de acesso aos áudios das sessões secretas de julgamento ocorridas no STM durante a 
época do regime militar 
O STF deu provimento a recurso em mandado de segurança impetrado por pesquisador que queria ter acesso aos 
áudios das sessões de julgamento do STM ocorridas na década de 1970, época do regime militar. 
Entendeu-se que a coleta de dados históricos a partir de documentos públicos e registros fonográficos, mesmo 
Direitos Fundamentais 
 
 4 
que para fins particulares, constitui-se em motivação legítima a garantir o acesso a tais informações. 
Ocorre que, mesmo com essa decisão judicial, o STM somente autorizou que o pesquisador tivesse acesso aos 
áudios das sessões públicas realizadas (na qual havia leitura do relatório e sustentação oral dos advogados). O 
Tribunal se negou, contudo, a fornecer os áudios das sessões secretas, nas quais os votos dos magistrados eram 
colhidos. 
Ao autorizar a consulta apenas dos registros relacionados com a parte pública das sessões, o STM violou a decisão 
do Supremo, que deu acesso amplo aos áudios das sessões. Além disso, a recusa do STM está em descompasso 
com a ordem constitucional vigente, que garante o acesso à informação como direito fundamental. STF. Plenário. 
Rcl 11949/RJ, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 15/3/2017 (Info 857). 
 
Publicação no jornal dos nomes dos clientes que tinham contas de poupança no banco, em determinado 
período, representa quebra do sigilo bancário 
A divulgação de elementos cadastrais dos beneficiários de decisão proferida em ação civil pública que determinou 
o pagamento dos expurgos inflacionários decorrentes de planos econômicos configura quebra de sigilo bancário. 
STJ. 3ª Turma. REsp 1.285.437-MS, Rel. Min. Moura Ribeiro, julgado em 23/5/2017 (Info 605). 
 
Censura e liberdade de expressão 
A retirada de matéria de circulação configura censura em qualquer hipótese, o que se admite apenas em 
situações extremas. Via de regra, a colisão da liberdade de expressão com os direitos da personalidade deve ser 
resolvida pela retificação, pelo direito de resposta ou pela reparação civil. Concluiu pela existência de interesse 
público presumido na livre circulação de ideias e opiniões. Ademais, a pessoa retratada se apresentou como 
pessoa pública a atuar em espaço público, sujeita, portanto, a um grau de crítica maior. Rcl 22328/RJ, rel. Min. 
Roberto Barroso, julgamento em 6.3.2018. 
 
A garantia constitucional da gratuidade de ensino não obsta a cobrança por universidades públicas de 
mensalidade em cursos de especialização. STF. Plenário. RE 597854/GO, Rel. Min. Edson Fáchin, julgádo em 
26/4/2017(repercussão o geral) (Info 862). 
 
Idade mínima para ingresso na educação infantil e no ensino fundamental 
São constitucionais a exigência de idade mínima de quatro e seis anos para ingresso, respectivamente, na 
educação infantil e no ensino fundamental, bem como a fixação da data limite de 31 de março para que referidas 
idades estejam completas. ADPF 292/DF, rel. Min. Luiz Fux, julgamento em 1º.8.2018. (ADPF-292) ADC 17/DF, rel. 
Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Roberto Barroso, julgamento em 1º.8.2018. (ADC-17) 
 
Direito à saúde 
Direito à saúde: demanda judicial e responsabilidade solidária dos entes federados 
Os entes da Federação, em decorrência da competência comum, são solidariamente responsáveis nas demandas 
prestacionais na área da saúde e, diante dos critérios constitucionais de descentralização e hierarquização, 
compete à autoridade judicial direcionar o cumprimento conforme as regras de repartição de competências e 
determinar o ressarcimento a quem suportou o ônus financeiro. RE 855178 ED/SE, rel. orig. Min. Luiz Fux, red. p/ o 
ac. Min. Edson Fachin, julgamento em 23.5.2019. (RE-855178) 
 
Possibilidade de ressarcimento dos planos de saúde pelo SUS e ofensa reflexa à constituição 
 
 5 
É constitucional o ressarcimento previsto no art. 32 da Lei 9.656/1998, o qual é aplicável aos procedimentos 
médicos, hospitalares ou ambulatoriais custeados pelo SUS e posteriores a 4.6.1998, assegurados o contraditório e 
a ampla defesa, no âmbito administrativo, em todos os marcos jurídicos. 
Com esse entendimento, o Plenário negou provimento a recurso extraordinário no qual discutida a validade de 
débitos cobrados a título de ressarcimento ao SUS em decorrência de despesas referentes a atendimentos 
prestados a beneficiários de planos de saúde. 
A Corte registrou que eventual questão envolvendo a possibilidade de fixação de tabelas de ressarcimento dentro 
dos limites mínimo e máximo instituídos pelo § 8º do art. 32 da Lei 9.656/1998 deveria ser resolvida no campo da 
análise infraconstitucional. Isso porque eventual conflito entre normas de 1º e 2º graus reflete, no máximo, ofensa 
reflexa à Constituição, impassível de análise na via do recurso extraordinário. RE 597064/RJ, rel. Min. Gilmar 
Mendes, julgamento em 7.2.2018. (RE - 597064). 
 
Direito à saúde. Medicamentos não incorporados em atos normativos do SUS. Fornecimento pelo Poder Público. 
Obrigatoriedade. Caráter excepcional. Requisitos cumulativos. 
A concessão dos medicamentos não incorporados em atos normativos do SUS exige a presença cumulativa dos 
seguintes requisitos: (I) comprovação, por meio de laudo médico fundamentado e circunstanciado expedido por 
médico que assiste o paciente, da imprescindibilidade ou necessidade do medicamento, assim como da ineficácia, 
para o tratamento da moléstia, dos fármacos fornecidos pelo SUS; (II) incapacidade financeira de arcar com o custo 
do medicamento prescrito; e (III) existência de registro na ANVISA do medicamento. REsp 1.657.156-RJ, Rel. Min. 
Benedito Gonçalves, Primeira Seção, por unanimidade, julgado em 25/04/2018, DJe 04/05/2018 
 
Organização do Estado 
Alteração dos limites de um Município exige plebiscito 
Para que sejam alterados os limites territoriais de um Município é necessária a realização de consulta 
prévia, mediante plebiscito, às populações dos Municípios envolvidos, nos termos do art. 18, § 4º da 
CF/88. STF. Plenário. ADI 2921/RJ, rel. orig. Min. Ayres Britto, red. p/ o ac. Min. Dias Toffoli, julgado em 
9/8/2017 (Info 872). 
 
COMPETÊNCIA DOS ENTES FEDERADOS E O COVID-19 
O exercício da competência constitucional para as ações na área da saúde deve seguir parâmetros materiais a 
serem observados pelas autoridades políticas. Esses agentes públicos devem sempre justificar as suas ações, e é à 
luz dessas ações que o controle dessas próprias ações pode ser exercido pelos demais Poderes e, evidentemente, 
por toda sociedade. 
É grave do ponto de vista constitucional, quer sob o manto de competência exclusiva ou privativa, que sejam 
premiadas as inações do Governo Federal, impedindo que estados e municípios, no âmbito de suas respectivas 
competências, implementem as políticas públicas essenciais. 
O Estado garantidor dos direitos fundamentais não é apenas a União, mas também os estados-membros e os 
municípios. 
Asseverou que o Congresso Nacional pode regular, de forma harmonizada e nacional, determinado tema ou 
política pública. No entanto, no seu silêncio, na ausência de manifestação legislativa, quer por iniciativa do 
Congresso Nacional, quer da chefia do Poder Executivo federal, não se pode tolher o exercício da competência dos 
demais entes federativos na promoção dos direitos fundamentais. 
Assentou que o caminho mais seguro para identificação do fundamento constitucional, no exercício da 
competência dos entes federados, é o que se depreende da própria legislação. A Lei 8.080/1990, a chamada Lei do 
SUS - Sistema Único de Saúde, dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde e 
assegura esse direito por meio da municipalização dos serviços. 
A diretriz constitucional da hierarquização, que está no caput do art. 198 da CF, não significou e nem significa 
 
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hierarquia entre os entes federados, mas comando único dentro de cada uma dessas esferas respectivas de 
governo. ADI 6341 MC-Ref/DF, rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Edson Fachin, julgamento em 15.4.2020. 
(ADI-6341) 
 
TRANSPORTE INTERMUNICIPAL E INTERESTADUAL – COVID 19 
O colegiado entendeu que a União não deve ter o monopólio de regulamentar todas as medidas que devem ser 
tomadas para o combate à pandemia. Ela tem o papel primordial de coordenação entre os entes federados, mas a 
autonomia deles deve ser respeitada. É impossível que o poder central conheça todas as particularidades regionais. 
Assim, a exclusividade da União quanto às regras de transporte intermunicipal durante a pandemia é danosa. 
Não se excluiu a possibilidade de a União atuar na questão do transporte e das rodovias intermunicipais, desde que 
haja interesse geral. Por exemplo, determinar a eventual interdição de rodovias para garantir o abastecimento mais 
rápido de medicamentos, sob a perspectiva de um interesse nacional. Todavia, os estados também devem ter o 
poder de regulamentar o transporte intermunicipal para realizar barreiras sanitárias nas rodovias, por exemplo, se 
o interesse for regional. De igual modo, o município precisa ter sua autonomia respeitada. Cada unidade a atuar no 
âmbito de sua competência. 
O Tribunal alertou que municípios e estados não podem fechar fronteiras, pois sairiam de suas competências 
constitucionais. ADI 6343 MC-Ref/DF, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, 
julgamento em 6.5.2020. (ADI-6343) 
 
 
Controle de Constitucionalidade 
Ampliação de pedido formulado por amicus curie 
O Tribunal afirmou que o amicus curie, por não ter legitimidade para propositura de ação direta, também não tem 
para pleitear medida cautelar, assim como, no controle abstrato de constitucionalidade, a causa de pedir é aberta, 
mas o pedido é específico. 
Ademais, em que pese a preocupação de todos em relação ao Covid-19 nas penitenciárias, a medida cautelar, ao 
conclamar os juízes de execução, determina, fora do objeto da ADPF, a realização de megaoperação para analisar 
detalhadamente, em um único momento, todas essas possibilidades e não caso a caso, como recomenda o 
Conselho Nacional de Justiça. ADPF 347 TPI-Ref/DF,rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de 
Moraes, julgamento em 18.3.2020. (ADPF-347) 
 
Falta de prestação de contas e suspensão automática do registro ou anotação de órgão partidário 
A suspensão do registro ou a anotação do partido como consequência imediata do julgamento das contas, violam o 
devido processo legal, assim como a legislação eleitoral prevê um procedimento específico para o cancelamento do 
registro em relação ao partido em âmbito nacional. Por questão de coerência, relativamente aos órgãos regionais 
ou municipais, consequência análoga deve ser precedida de processo específico em que se possibilite o 
contraditório e a ampla defesa. ADI 6032 MC-Ref/DF, rel. Min. Gilmar Mendes, julgamento em 5.12.2019. (ADI-
6032) 
 
Homofobia e omissão legislativa 
Em conclusão de julgamento, o Plenário, por maioria, julgou procedentes os pedidos formulados em ação direta de 
inconstitucionalidade por omissão (ADO) e em mandado de injunção (MI) para reconhecer a mora do Congresso 
Nacional em editar lei que criminalize os atos de homofobia e transfobia. Determinou, também, até que seja 
colmatada essa lacuna legislativa, a aplicação da Lei 7.716/1989 (que define os crimes resultantes de preconceito 
de raça ou de cor) às condutas de discriminação por orientação sexual ou identidade de gênero, com efeitos 
prospectivos e mediante subsunção. ADO 26/DF, rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 13.6.2019. (ADO-26), MI 
4733/DF, rel. Min. Edson Fachin, julgamento em 13.6.2019. (MI-4733) 
 
 
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Declaração de constitucionalidade sem efeito repristinatório em relação às leis anteriores de mesmo conteúdo 
Foi proposta ADI contra a Lei nº 3.041/2005, do Estado do Mato Grosso do Sul, que tratava sobre assunto de 
competência da União. Ocorre que esta Lei havia revogado outras leis estaduais de mesmo conteúdo. Desse modo, 
se a Lei nº 3.041/2005 fosse, isoladamente, declarada inconstitucional, as demais leis revogadas "voltariam" a 
vigorar mesmo padecendo de idêntico vício. 
A fim de evitar essa "eficácia repristinatória indesejada", o PGR, que ajuizou a ação, impugnou não apenas a Lei nº 
3.041/2005, mas também aquelas outras normas por ela revogadas. 
O STF concordou com o PGR e, ao declarar inconstitucional a Lei nº 3.041/2005, afirmou que não deveria 
haver o efeito repristinatório em relação às leis anteriores de mesmo conteúdo. O dispositivo do acórdão ficou, 
portanto, com a seguinte redação: "O Tribunal, por maioria e nos termos do voto do Relator, julgou procedente 
o pedido formulado para declarar a inconstitucionalidade da Lei nº 3.041/2005, do Estado de Mato Grosso do 
Sul, inexistindo efeito repristinatório em relação às leis anteriores de mesmo conteúdo, (...)" STF. Plenário. ADI 
3.735/MS, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 8/9/2016 (Info 838). 
 
Inaplicabilidade da cláusula de reserva de plenários (SV 10) para atos de efeitos concreto 
Não viola o art. 97 da CF/88 nem a SV 10 a decisão de órgão fracionário do Tribunal que declara 
inconstitucional decreto legislativo que se refira a uma situação individual e concreta. Isso porque o que se sujeita 
ao princípio da reserva de plenário é a lei ou o ato normativo. Se o decreto legislativo tinha um destinatário 
específico e referia-se a uma dada situação individual e concreta, exaurindo-se no momento de sua promulgação, 
ele não pode ser considerado como ato normativo, mas sim como ato de efeitos concretos. STF. 2ª Turma. Rcl 
18165 AgR/RR, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 18/10/2016 (Info 844). 
 
Não violação da clausula de reserva de plenário no afastamento da legislação federal para a situação analisada 
Não viola a Súmula Vinculante 10, nem a regra do art. 97 da CF/88, a decisão do órgão fracionário do Tribunal 
que deixa de aplicar a norma infraconstitucional por entender não haver subsunção aos fatos ou, ainda, que a 
incidência normativa seja resolvida mediante a sua mesma interpretação, sem potencial ofensa direta à 
Constituição. 
Além disso, a reclamação constitucional fundada em afronta à SV 10 não pode ser usada como sucedâneo 
(substituto) de recurso ou de ação própria que analise a constitucionalidade de normas que foram objeto de 
interpretação idônea e legítima pelas autoridades jurídicas competentes. STF. 1ª Turma. Rcl 24284/SP, rel. Min. 
Edson Fachin, julgado em 22/11/2016 (Info 848). 
 
Revogação do ato impugnado em ação objetiva e julgamento da ação pelo STF 
Na hipótese do objeto impugnado ter sido revogado antes do julgamento da ação objetiva, em regra, haverá 
perda superveniente do objeto e a ADI não deverá ser conhecida (STF ADI 1203). Vale mencionar as seguintes 
exceções: 
a) não haverá perda do objeto e a ADI deverá ser conhecida e julgada caso fique demonstrado que houve 
"fraude processual", ou seja, que a norma foi revogada de forma proposital a fim de evitar que o STF a declarasse 
inconstitucional e anulasse os efeitos por ela produzidos (STF ADI 3306). 
b) não haverá perda do objeto se ficar demonstrado que o conteúdo do ato impugnado foi repetido, 
em sua essência, em outro diploma normativo. Neste caso, como não houve desatualização significativa no 
conteúdo do instituto, não há obstáculo para o conhecimento da ação (ADI 2418/DF). 
 
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c) caso o STF tenha julgado o mérito da ação sem ter sido comunicado previamente que houve a 
revogação da norma atacada. Nesta hipótese, não será possível reconhecer, após o julgamento, a prejudicialidade 
da ADI já apreciada. STF. Plenário. ADI 2418/DF, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 4/5/2016 (Info 824). STF. 
Plenário. ADI 951 ED/SC, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 27/10/2016 (Info 845). 
 
Análise dos requisitos constitucionais de relevância e urgência e MP que trate sobre situação tipicamente 
financeira e tributária 
O art. 62 da CF/88 prevê que o Presidente da República somente poderá editar medidas provisórias em caso de 
relevância e urgência. A definição do que seja relevante e urgente para fins de edição de medidas provisórias 
consiste, em regra, em um juízo político (escolha política/discricionária) de competência do Presidente da 
República, controlado pelo Congresso Nacional. Desse modo, salvo em caso de notório abuso, o Poder Judiciário 
não deve se imiscuir na análise dos requisitos da MP. No caso de MP que trate sobre situação tipicamente 
financeira e tributária, deve prevalecer, em regra, o juízo do administrador público, não devendo o STF declarar a 
norma inconstitucional por afronta ao art. 62 da CF/88. STF. Plenário. ADI 1055/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, 
julgado em 15/12/2016 (Info 851). 
 
TJ pode julgar ADI contra lei municipal tendo como parâmetro norma da Constituição Federal 
Tribunais de Justiça podem exercer controle abstrato de constitucionalidade de leis municipais utilizando como 
parâmetro normas da Constituição Federal, desde que se trate de normas de reprodução obrigatória pelos 
estados. STF. Plenário. RE 650898/RS, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Roberto Barroso, julgado em 
1º/2/2017 (repercussão geral) (Info 852). 
 
Na ADI, ADC e ADPF, a causa de pedir (causa petendi) é aberta. 
O STF, ao julgar as ações de controle abstrato de constitucionalidade, não está vinculado aos fundamentos 
jurídicos invocados pelo autor. 
Isso significa que todo e qualquer dispositivo da Constituição Federal ou do restante do bloco de 
constitucionalidade poderá ser utilizado pelo STF como fundamento jurídico para declarar umalei ou ato 
normativo inconstitucional. STF. Plenário. ADI 3796/PR, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 8/3/2017 (Info 856). 
 
Modulação de efeitos em recurso extraordinário 
É possível a modulação dos efeitos da decisão proferida em sede de controle incidental de constitucionalidade. 
STF. Plenário. RE 522897/RN, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 16/3/2017 (Info 857). 
 
Cabimento de ADPF contra conjunto de decisões judiciais que determinaram a expropriação de recursos do 
Estado-membro 
O Governador do Estado ajuizou ADPF no STF com o objetivo de suspender os efeitos de todas as decisões 
judiciais do TJRJ e do TRT da 1ª Região que tenham determinado o arresto, o sequestro, o bloqueio, a penhora ou 
a liberação de valores das contas administradas pelo Estado do Rio de Janeiro. 
 
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O STF afirmou que a ADPF é instrumento processual adequado para esse pedido e deferiu a medida liminar, por 
serem as decisões questionadas são típicos do Poder Público passíveis de impugnação por meio de APDF. STF. 
Plenário. ADPF 405 MC/RJ, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 14/6/2017 (Info 869). 
 
Não se admite ADI contra lei que teria violado tratado internacional não incorporado ao ordenamento 
brasileiro na forma do art. 5º, § 3º da CF/88 
Em regra, não é cabível ADI sob o argumento de que uma lei ou ato normativo violou um tratado internacional. 
Em regra, os tratados internacionais não podem ser utilizados como parâmetro em sede de controle concentrado 
de constitucionalidade. STF. Plenário. ADI 2030/SC, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 9/8/2017 (Info 872). 
Exceção: será cabível ADI contra lei ou ato normativo que violou tratado ou convenção internacional que trate 
sobre direitos humanos e que tenha sido aprovado segundo a regra do § 3º do art. 5º, da CF/88. Isso porque neste 
caso esse tratado será incorporado ao ordenamento brasileiro como se fosse uma emenda constitucional. 
 
Inconstitucionalidade de lei que preveja a vinculação de receitas de impostos 
São inconstitucionais as normas que estabelecem vinculação de parcelas das receitas tributárias a órgãos, fundos 
ou despesas, por desrespeitarem a vedação contida no art. 167, IV, da Constituição Federal. ADI 553/RJ, rel. Min. 
Cármen Lúcia, julgamento em 13.6.2018. (ADI-553) 
 
ADI e representação de inconstitucionalidade 
Coexistindo duas ações diretas de inconstitucionalidade, uma ajuizada perante o tribunal de justiça local e outra 
perante o Supremo Tribunal Federal (STF), o julgamento da primeira – estadual – somente prejudica o da segunda 
– do STF – se preenchidas duas condições cumulativas: 1) se a decisão do tribunal de justiça for pela procedência 
da ação e 2) se a inconstitucionalidade for por incompatibilidade com preceito da Constituição do Estado sem 
correspondência na Constituição Federal. Caso o parâmetro do controle de constitucionalidade tenha 
correspondência na Constituição Federal, subsiste a jurisdição do STF para o controle abstrato de 
constitucionalidade. ADI 3659/AM, rel. Min. Alexandre de Moraes, julgamento em 13.12.2018. (ADI-3659) 
 
Competências Legislativas 
Inconstitucionalidade de lei que prevê a proibição de cobrança de taxa de religação do serviço de energia elétrica 
e relação consumerista 
O ministro Luiz Fux entendeu que a referida lei estadual invade a competência privativa da União para dispor sobre 
energia, em ofensa ao art. 22, IV, da Constituição Federal, bem como interfere na prestação de serviço público 
federal, nos termos do art. 21, XII, b, da CF, em contrariedade às normas técnicas setoriais editadas pela Agência 
Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) ADI 5610/BA, rel. Min. Luiz Fux, julgamento em 8.8.2019. (ADI-5610) 
 
Lei estadual de bloqueadores de celular é inconstitucional 
Lei estadual que disponha sobre bloqueadores de sinal de celular em presídio invade a competência da União 
para legislar sobre telecomunicações. STF. Plenário. ADI 3835/MS, Rel. Min. Marco Aurélio, ADI 5356/MS, red. 
p/ o acórdão Min. Marco Aurélio, ADI 5253/BA, Rel. Min. Dias Toffoli, ADI 5327/PR, Rel. Min Dias Toffoli, ADI 
4861/SC, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgados em 3/8/2016 (Info 833). 
 
Competência para julgamento de contas dos prefeitos 
Para os fins do artigo 1º, inciso I, alínea g, da Lei Complementar 64/1990, a apreciação das contas de Prefeito, 
 
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tanto as de governo quanto as de gestão, será exercida pelas Câmaras Municipais, com auxílio dos Tribunais de 
Contas competentes, cujo parecer prévio somente deixará de prevalecer por decisão de dois terços dos vereadores. 
STF. Plenário. RE 848826/DF, rel. orig. Min. Roberto Barroso, red. p/ o acórdão Min. Ricardo Lewandowski, julgado 
em 10/8/2016 (repercussão geral) (Info 834). 
Parecer técnico elaborado pelo Tribunal de Contas tem natureza meramente opinativa, competindo exclusivamente 
à Câmara de Vereadores o julgamento das contas anuais do chefe do Poder Executivo local, sendo incabível o 
julgamento ficto das contas por decurso de prazo. STF. Plenário. RE 729744/MG, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado 
em 10/8/2016 (repercussão geral) (Info 834). 
 
Inconstitucionalidade de lei estadual sobre cobrança em estacionamento de veículos 
É inconstitucional lei estadual que estabelece regras para a cobrança em estacionamento de veículos. STF. 
Plenário. ADI 4862/PR, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 18/8/2016 (Info 835). 
 
Inconstitucionalidade de lei estadual que interfira na autonomia universitária (plantão criminal em universidade 
estadual) 
É inconstitucional lei estadual que preveja que o escritório de prática jurídica da Universidade Estadual deverá 
manter plantão criminal nos finais de semana e feriados para atender pessoas hipossuficientes que sejam presas 
em flagrante. Esta lei viola a autonomia administrativa, financeira, didática e científica assegurada às 
universidades no art. 207 da CF/88 (inconstitucionalidade material). Além disso, contém vício de iniciativa 
(inconstitucionalidade formal), na medida em que foi usurpada a iniciativa privativa do Governador. STF. Plenário. 
ADI 3792/RN, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 22/09/2016 (Info 840). 
 
Competência privativa da União para estabelecer certidões no âmbito de licitações 
É inconstitucional lei estadual que exija Certidão negativa de Violação aos Direitos do Consumidor dos 
interessados em participar de licitações e em celebrar contratos com órgãos e entidades estaduais. Esta lei é 
inconstitucional porque compete privativamente à União legislar sobre normas gerais de licitação e contratos 
(art. 22, XXVII, da CF/88). STF. Plenário. ADI 3.735/MS, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 8/9/2016 (Info 838). 
 
Constitucionalidade de lei municipal que veda a realização de eventos patrocinados por bebidas alcoólicas e 
cigarros em imóveis municipais 
Não viola a Constituição Federal lei municipal, de iniciativa parlamentar, que veda a realização, em imóveis do 
Município, de eventos patrocinados por empresas produtoras, distribuidoras, importadoras ou representantes de 
bebidas alcoólicas ou de cigarros, com a utilização da respectiva propaganda. STF. 2ª Turma. RE 305470/SP, rel. 
orig. Min. Ellen Gracie, rel. p/ o ac. Min. Teori Zavascki, julgado em 18/10/2016 (Info 844). 
 
Inconstitucionalidade de lei estadual que verse sobre venda de títulos de capitalização 
É inconstitucional lei estadual que estabeleça normas sobre a comercialização de títulos de capitalização, 
proibindo a venda casada e prevendo regras para a publicidadedesses produtos. STF. Plenário. ADI 2905/MG, rel. 
orig. Min. Eros Grau, red. p/ o ac. Min. Marco Aurélio, julgado em 16/11/2016 (Info 847). 
 
 
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Inconstitucionalidade de norma de constituição estadual que confira competência à assembleia legislativa para 
julgar suas próprias contas 
É inconstitucional norma da Constituição Estadual que preveja que compete privativamente à Assembleia 
Legislativa julgar as contas do Poder Legislativo estadual. Seguindo o modelo federal, as contas do Poder 
Legislativo estadual deverão ser julgadas pelo TCE, nos termos do art. 71, II c/c art. 75, da CF/88. STF. Plenário. 
ADI 3077/SE, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 16/11/2016 (Info 847). 
 
Inconstitucionalidade da norma de constituição estadual que dispense o parecer prévio do TCE, se não 
apresentado o prazo legal 
Determinada Constituição Estadual prevê que, se o TCE não elaborar, no prazo de 180 dias, o parecer prévio na 
prestação de contas do Prefeito, o processo deverá ser encaminhado à Câmara Municipal e esta julgará as contas 
mesmo sem o parecer. 
Esta previsão é inconstitucional por violar o art. 31, § 2º, da CF/88. Pela leitura desse dispositivo, a elaboração 
do parecer prévio é sempre necessária e a Câmara Municipal somente poderá dele discordar se houver 
manifestação de, no mínimo, 2/3 dos Vereadores. 
Assim, a CE/SE criou uma exceção na qual a Câmara Municipal poderia julgar as contas dos Prefeitos mesmo sem 
parecer do TCE. Ocorre que esta nova situação não encontra abrigo na Constituição Federal, sendo, portanto, 
inconstitucional. STF. Plenário. ADI 3077/SE, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 16/11/2016 (Info 847). 
 
Inconstitucionalidade de dispositivo de constituição estadual que restrinja o acesso ao cargo de Chefe da Polícia 
Civil 
É inconstitucional dispositivo de CE que exija que o Superintendente da Polícia Civil seja um delegado de polícia 
integrante da classe final da carreira. STF. Plenário. ADI 3077/SE, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 16/11/2016 
(Info 847). 
 
Possibilidade de lei estadual versar sobre norma de consumo em referencia ao direito de informação 
O Plenário julgou improcedente pedido formulado em ação direta de inconstitucionalidade ajuizada em face da Lei 
3.885/2010 do Estado de Mato Grosso do Sul, que dispõe sobre a obrigatoriedade de entrega ao usuário, por escrito, 
de comprovante fundamentado com informações pertinentes a eventual negativa, parcial ou total, de cobertura de 
procedimento médico, cirúrgico ou de diagnóstico, bem como de tratamento e internação. 
O Tribunal afirmou que, ao exigir da operadora de planos privados de assistência à saúde a entrega imediata e no 
local do atendimento médico de informações e documentos, nos termos da lei impugnada, o legislador estadual 
atuou dentro da competência legislativa que lhe foi assegurada constitucionalmente. 
Salientou que a lei questionada instituiu prática essencialmente extracontratual voltada à proteção do consumidor e 
ao acesso à informação. ADI 4512/MS, rel. Min. Cármen Lúcia, julgamento em 7.2.2018. (ADI - 4512). 
 
Possibilidade de lei estadual versar sobre pagamentos de requisição de pequeno valor (RPV) 
O Tribunal afirmou que o art. 87 do ADCT não delimita um piso, irredutível, para o pagamento dos débitos dos 
estados e dos municípios por meio de requisição de pequeno valor. Portanto, é lícito aos entes federados fixar o 
valor máximo para essa especial modalidade de pagamento, desde que se obedeça ao princípio constitucional da 
proporcionalidade. 
Salientou que no julgamento da ADI 2.868/PI a Corte considerou constitucional lei do Estado do Piauí que fixou em 
 
 12 
cinco salários mínimos o valor máximo para pagamento por meio de requisição de pequeno valor. No caso em 
exame, a Lei 1.788/2007 fixa em dez salários mínimos o pagamento para essa modalidade. Como os índices de 
desenvolvimento humano desses dois Estado são muito próximos, reputou atendido o princípio constitucional da 
proporcionalidade. ADI 4332/RO, rel. Min. Alexandre de Moraes, julgamento em 7.2.2017. (ADI - 4332) 
 
Estado-membro pode legislar sobre a concessão, por empresas privadas, de bolsa de estudos para professores 
É constitucional lei estadual que preveja a possibilidade de empresas patrocinarem bolsas de estudo para 
professores em curso superior, tendo como contrapartida a obrigação de que esses docentes ministrem aula de 
alfabetização ou aperfeiçoamento para os empregados da empresa patrocinadora. Plenário. ADI 2663/RS, Rel. 
Min. Luiz Fux, julgado em 8/3/2017 (Info 856). 
 
É inconstitucional lei estadual que disponha sobre a segurança de estacionamentos e o regime de contratação 
dos funcionários 
Lei estadual que impõe a prestação de serviço de segurança em estacionamento a toda pessoa física ou jurídica 
que disponibilize local para estacionamento é inconstitucional, quer por violar a competência privativa da União 
para legislar sobre direito civil, quer por violar a livre iniciativa. 
Lei estadual que impõe a utilização de empregados próprios na entrada e saída de estacionamento, impedindo a 
terceirização, viola a competência privativa da União para legislar sobre Direito do Trabalho. STF. Plenário. ADI 
451/RJ, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 1º/8/2017 (Info 871). 
 
É inconstitucional lei estadual que exija que os supermercados do Estado ofereçam empacotadores para os 
produtos adquiridos 
O STF decidiu, em repercussão geral, que são inconstitucionais as leis que obrigam supermercados ou similares à 
prestação de serviços de acondicionamento ou embalagem das compras, por violação ao princípio da livre 
iniciativa. RE 839950/RS, rel. Min. Luiz Fux, julgamento em 24.10.2018. (RE-839950) 
 
Inconstitucionalidade de lei estadual que estabeleça exigências nos rótulos dos produtos em desconformidade 
com a legislação federal 
É inconstitucional lei estadual que estabelece a obrigatoriedade de que os rótulos ou embalagens de todos os 
produtos alimentícios comercializados no Estado contenham uma série de informações sobre a sua composição, 
que não são exigidas pela legislação federal. STF. Plenário. ADI 750/RJ, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 
3/8/2017 (Info 871). 
 
Constitucionalidade de lei municipal que verse, de modo reflexo, direito do consumidor ou comercial, mas seja 
essencialmente, de interesse local 
É constitucional lei municipal que proíbe a conferência de produtos, após o cliente efetuar o pagamento nas 
caixas registradoras em empresas, assim como prevê sanções administrativas em caso de descumprimento. Nesse 
julgado, o STF entendeu que a decisão agravada está de acordo com sua jurisprudência no sentido de que os 
municípios detêm competência para legislar sobre assuntos de interesse local, ainda que, de modo reflexo, tratem 
de direito comercial ou do consumidor. RE 1.052.719 AgR/PB, rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgamento em 
25.9.2018. (RE-1052719) 
 
 13 
 
Constitucionalidade de decreto estadual que prevê a contratação temporária de servidor em caso de greve de 
serviço essencial 
A norma previa a instauração de processo administrativo para se apurar a participação do servidor na greve e as 
condições em que ela se deu, bem como o não pagamentodos dias de paralisação, o que está em consonância 
com a orientação fixada pela Corte no julgamento do MI 708. Nele, o Plenário determinou, até a edição da 
legislação específica a que se refere o art. 37, VII, da CF, a aplicação das Leis 7.701/1988 e 7.783/1989 aos 
conflitos e às ações judiciais que envolvam a interpretação do direito de greve dos servidores públicos civis. 
No que se refere à possibilidade de contratação temporária excepcional [CF, art. 37, IX] prevista no decreto, 
concluiu que o Poder Público tem o dever constitucional de prestar serviços essenciais que não podem ser 
interrompidos, e que a contratação, no caso, foi limitada ao período de duração da greve e apenas para garantir a 
continuidade dos serviços. Ademais, a jurisprudência do STF reconhece a inconstitucionalidade da contratação 
temporária excepcional para admissão de servidores para funções burocráticas ordinárias e permanentes (ADI 
2.987 e ADI 3.430). ADI 1335/BA, rel. Min. Cármen Lúcia, julgamento em 13.6.2017. (ADI-1335) 
 
Lei estadual e fornecimento de veículo reserva no período de garantia contratual 
É inconstitucional lei estadual que impõe às montadoras, concessionárias e importadoras de veículos a obrigação 
de fornecer veículo reserva a clientes cujo automóvel fique inabilitado por mais de quinze dias por falta de peças 
originais ou por impossibilidade de realização do serviço, durante o período de garantia contratual. 
Além do vício formal de extrapolação de competência concorrente, o relator considerou existir violação aos 
princípios da isonomia, da livre iniciativa e da livre concorrência. ADI 5158/PE, rel. Min. Roberto Barroso, 
julgamento em 6.12.2018. (ADI-5158) 
 
Lei estadual e serviços públicos 
O Tribunal, por maioria, julgou improcedente pedido formulado em ação direta para declarar a constitucionalidade 
da Lei 14.040/2003 do estado do Paraná, que veda o corte do fornecimento de água e luz, em determinados dias, 
pelas empresas concessionárias, por falta de pagamento. 
Com essa lei passou a ser vedado o corte de energia às sextas-feiras, sábados, domingos, feriados e no último dia 
útil anterior a feriado sob pena do consumidor de ficar desobrigado do pagamento do débito que originou o 
referido corte, possível ainda o ressarcimento por perdas e danos. 
O Plenário entendeu que a referida lei dispõe sobre direito do consumidor, de modo que não há vício formal. ADI 
5961/PR, rel. Min. Alexandre de Moraes, red. p/ o ac. Min. Marco Aurélio, julgamento em 19.12.2018. (ADI-5961) – 
Info 928 
 
Constitucionalidade de norma estadual que visa a segurança do consumidor 
O STF decidiu pela constitucionalidade de norma estadual que determina que as empresas prestadoras de serviço 
de televisão a cabo sejam obrigadas a fornecer a identificação dos profissionais que irão prestar serviços na 
residência do consumidor, de modo que a norma não se preta a regular serviço de telecomunicação, mas sim a 
própria segurança do consumidor. ADI 5745/RJ, rel. Min. Alexandre de Moraes, red. p/ o ac. Min. Edson Fachin, 
julgamento em 7.2.2019. (ADI-5745) 
 
ADI e princípio da unicidade de representação judicial e consultoria jurídica nos estados e no Distrito Federal 
Declarou a inconstitucionalidade formal da Emenda Constitucional 42/2014, de iniciativa parlamentar, haja vista 
ser reservada ao chefe do Poder Executivo a iniciativa de lei ou emenda constitucional pela qual se discipline a 
organização e a definição de atribuições de órgãos ou entidades da Administração Pública Estadual. ADI 4449/AL, 
rel. Min. Marco Aurélio, julgamento em 27 e 28.3.2019. (ADI-4449) ADI 5215/GO, rel. Min. Roberto Barroso, 
julgamento em 27 e 28.3.2019. (ADI-5215) ADI 5262 MC/RR, rel. Min. Cármen Lúcia, julgamento em 27 e 28.3.2019. 
 
 14 
(ADI-5262) 
 
Competência para denominação de próprios, vias e logradouros públicos e suas alterações 
a competência para a denominação de vias e logradouros públicos é concorrente. De um lado, representa atos de 
gestão do Poder Executivo, por meio de decreto, para a organização administrativa e dos logradouros públicos. De 
outro, confere ao Poder Legislativo a faculdade de editar leis tanto para conceder homenagens quanto para 
valorizar o patrimônio histórico-cultural do município. RE 1151237 AgR/SP, rel. orig. Min. Alexandre de Moraes, 
red. p/ o ac. Min. Marco Aurélio, julgamento em 2.4.2019. (RE-1151237) 
 
ADI e uso de armas de menor potencial ofensivo 
Em conclusão de julgamento, o Plenário, por maioria, julgou improcedente pedido formulado em ação direta de 
inconstitucionalidade ajuizada contra a Lei 13.060/2014, que disciplina o uso de instrumentos de menor potencial 
ofensivo por agentes de segurança pública em todo o território nacional. 
O ministro Roberto Barroso registrou que a lei apenas estabelece diretrizes gerais para o uso de armas de fogo em 
âmbito nacional, de acordo com critérios razoáveis de proporcionalidade. Segundo ele, cuida-se da competência da 
União para edição de normas gerais, que podem até mesmo ser complementadas pelos estados-membros. ADI 
5243/DF, rel. orig. Min. Alexandre de Moraes, red. p/ o ac. Min. Edson Fachin, julgamento em 11.4.2019. (ADI-
5243) 
 
Investimento de percentuais mínimos de impostos em serviços de saúde 
A LC 141/2012 determina que os entes federados observem o disposto nas respectivas Constituições ou Leis 
Orgânicas sempre que os percentuais nelas estabelecidos forem superiores aos fixados no diploma federal para 
aplicação em ações e serviços públicos de saúde. Os dispositivos constitucionais estaduais estabelecem percentuais 
mínimos da arrecadação de impostos a serem investidos nas referidas ações e serviços. 
O ministro Luiz Fux (relator) entendeu estarem presentes tanto o vício formal quanto o material nas normas 
impugnadas e foi acompanhado integralmente pelos ministros Alexandre de Moraes e Ricardo Lewandowski. 
Segundo o relator, a Constituição Federal reserva ao Poder Executivo a iniciativa das leis que estabelecem o plano 
plurianual, as diretrizes orçamentárias e os orçamentos anuais, o que, em respeito à separação dos Poderes, 
consubstancia norma de observância obrigatória pelos demais entes federados. A inserção, nos textos 
constitucionais estaduais, dessas matérias, cuja veiculação por lei se submete à iniciativa privativa do chefe do 
Poder Executivo, subtrai deste último a possibilidade de manifestação. 
O art. 11 da LC 141/2012, ao atribuir ao constituinte estadual ou municipal competência legislativa para dispor 
sobre conteúdo que lhe foi delegado excepcional e expressamente pela CF, usurpou a competência reservada ao 
poder constituinte nacional, em afronta ao disposto nos arts. 167, IV, e 198, § 3º, I, da CF. ADI 5897/SC, rel. Min. 
Luz Fux, julgamento em 24.4.2019. (ADI-5897) 
 
Radiofusão e conflito de competência 
O Plenário julgou procedente pedido formulado em arguição de descumprimento de preceito fundamental para 
declarar a inconstitucionalidade de lei, que autoriza o Executivo a conceder exploração de radiodifusão, concluindo 
que o diploma legal impugnado invade a competência privativa da União para dispor sobre radiodifusão, em ofensa 
ao art. 21, XII, a, da Constituição Federal. ADPF 235/TO, rel. Min. Luiz Fux, julgamento em 14.8.2019. (ADPF-235) 
 
Resolução do Senado Federal: operação de crédito e cessão de dívida ativa a bancos 
O Plenário, por maioria, julgou procedentes os pedidos formulados em ações diretas para declarar a 
inconstitucionalidade da Resolução 33/2006 do Senado Federal, por meio da qual se autorizou estados, Distrito 
Federal e municípios a transferirem a cobrança de suas dívidas ativas, por meio de endossos-mandatos, a 
instituições financeiras. ADI 3786/DF, rel. Min. Alexandre de Moraes, julgamento em 3.10.2019. (ADI-3786),ADI 
3845/DF, rel. Min. Alexandre de Moraes, julgamento em 3.10.2019. (ADI-3845) 
 
 
 15 
Competência legislativa e denominação de próprios, vias e logradouros públicos e suas alterações 
O Plenário, por maioria, deu provimento a recurso extraordinário para declarar a constitucionalidade de artigo de 
lei orgânica municipal, concedendo-lhe interpretação conforme a Constituição Federal no sentido da existência de 
uma coabitação normativa entre os Poderes Executivo (decreto) e Legislativo (lei formal) para o exercício da 
competência destinada à denominação de próprios, vias e logradouros públicos e suas alterações, cada qual no 
âmbito de suas atribuições. RE 1151237/SP, rel. Min. Alexandre de Moraes, julgamento em 3.10.2019. (RE-
1151237) 
 
Controle de serviços jurídicos da administração pública estadual indireta 
O Plenário, por maioria, julgou procedente pedido formulado em ação direta ajuizada contra dispositivos da lei 
complementar estadual, a qual confere à Procuradoria-Geral do Estado competência para controlar os serviços 
jurídicos de entidades da administração estadual indireta, inclusive a representação judicial, com a possibilidade de 
avocação de processos e litígios judiciais, de empresas públicas e sociedades de economia mista. ADI 3536/SC, rel. 
Min. Alexandre de Moraes, julgamento em 2.10.2019. (ADI-3536) 
 
Ações constitucionais 
Recurso especial repetitivo. Controle da aplicação de entendimento firmado pelo STJ. Reclamação. Não 
cabimento. 
Não cabe reclamação para o controle da aplicação de entendimento firmado pelo STJ em recurso especial 
repetitivo. Rcl 36.476-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, Corte Especial, por maioria, julgado em 05/02/2020, DJe 
06/03/2020 
 
Impossibilidade de reexame de matéria fática por reclamação constitucional 
Não cabe reclamação para o STF contra sentença que julgou improcedente pedido de direito de resposta sob o 
fundamento de que não houve, no caso concreto, ofensa. 
Esta sentença não afronta a autoridade da decisão do STF no julgamento da ADPF 130/DF. Como a sentença não 
violou nenhuma decisão do STF proferida em sede de controle concentrado de constitucionalidade, o que se 
percebe é que o autor, por meio da reclamação, deseja que o Supremo examine se a sentença afrontou, ou não, o 
art. 5º, V, da CF/88. 
Para isso, seria necessário reexaminar matéria de fato, o que não é possível em reclamação, que se presta 
unicamente a preservar a autoridade de decisão do STF. Ademais, isso significaria o exame per saltum, ou seja, 
"pulando-se" as instâncias recursais do ato impugnado diretamente à luz do art. 5º, V, CF/88. STF. 1ª Turma. Rcl 
24459 AgR/SP, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 13/12/2016 (Info 851). 
 
Possibilidade de admissão do amicus curiae em reclamação 
É cabível a intervenção de amicus curiae em reclamação. STF. Plenário. Rcl 11949/RJ, Rel. Min. Cármen Lúcia, 
julgado em 15/3/2017 (Info 857). 
 
LEGITIMIDADE POPULAR PARA PROPOSITURA DE EMENDAS À CONSTITUIÇÃO DO ESTADO DO AMAPÁ 
O STF assentou que a iniciativa popular de emenda à Constituição do estado do Amapá é compatível com a 
Constituição da República 
Na democracia, além dos mecanismos tradicionais por meio dos representantes eleitos, há os de participação 
direta com projeto de iniciativa popular. 
Trata-se de certa democratização no processo de reforma das regras constitucionais estaduais. 
No tocante à simetria, revelou não ser obstativa ante a ausência de regra clara que afaste a faculdade de o estado 
 
 16 
aumentar os mecanismos de participação direta. ADI 825/AP, rel. Min. Alexandre de Moraes, julgamento em 
25.10.2018. (ADI-825) 
 
Ausência de prazo em dobro para a Fazendo Pública em ações objetivas 
Não se conta em dobro o prazo recursal para a Fazenda Pública em processo objetivo, mesmo que seja para 
interposição de recurso extraordinário em processo de fiscalização normativa abstrata, uma vez que o tratamento 
diferenciado diz respeito à defesa dos interesses subjetivos, e não se aplica ao processo objetivo. ADI 5814 MC-
AgR-AgR/RR, rel. Min. Roberto Barroso, julgamento em 6.2.2019. (ADI-5814) e ARE 830727 AgR/SC, rel. orig. Min. 
Presidente, red. p/ o ac. Min. Cármen Lúcia, julgamento em 6.2.2019. (ARE-830727) 
 
Na reclamação fundada no descumprimento de decisão emanada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), o ato alvo 
de controle deve ser posterior ao paradigma. Rcl 32655 AgR/PR, rel. Min. Edson Fachin, julgamento em 23.4.2019. 
(Rcl-32655) 
 
Nacionalidade e extradição 
Possibilidade de deportação de brasileiro nato que adquiriu nacionalidade secundária 
Se um brasileiro nato que mora nos EUA e possui o green card decidir adquirir a nacionalidade norte-americana, ele 
irá perdera nacionalidade brasileira. Não se pode afirmar que a presente situação se enquadre na exceção 
prevista na alínea “b” do § 4º do art. 12 da CF/88. Isso porque, como ele já tinha o green card , não havia 
necessidade de ter adquirido a nacionalidade norte- americana como condição para permanência ou para o 
exercício de direitos civis. O estrangeiro titular de green card já pode morar e trabalhar livremente nos EUA. 
Dessa forma, conclui-se que a aquisição da cidadania americana ocorreu por livre e espontânea vontade. Vale 
ressaltar que, perdendo a nacionalidade, ele perde os direitos e garantias inerentes ao brasileiro nato. Assim, se 
cometer um crime nos EUA e fugir para o Brasil, poderá ser extraditado sem que isso configure ofensa ao art. 5º, 
LI, da CF/88. 
Art. 12 (...) § 4º —Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro que: II —adquirir outra nacionalidade, 
salvo nos casos: 
a) de reconhecimento de nacionalidade originária pela lei estrangeira; 
b) de imposição de naturalização, pela norma estrangeira, ao brasileiro residente em estado estrangeiro, 
como condição para permanência em seu território ou para o exercício de direitos civis; STF. 1ª Turma. MS 
33864/DF, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em19/4/2016 (Info 822). 
 
Possibilidade de extradição de brasileiro naturalizado 
É possível conceder extradição para brasileiro naturalizado envolvido em tráfico de droga (art. 5º, LI, da CF/88). STF. 
1ª Turma. Ext 1244/República Francesa, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 9/8/2016 (Info 834). 
 
Qualificação do crime apenas no Estado requerente e inexistência de consequências práticas no Brasil (sem 
dupla imputação) 
O Brasil não deverá deferir pedido de extradição se o delito praticado pelo extraditando estiver prescrito 
segundo as leis brasileiras, considerando que deverá ser respeitado o requisito da dupla punibilidade (art. 77, VI, 
do Estatuto do Estrangeiro). O fato de o Estado requerente ter qualificado os delitos imputados ao extraditando 
como de lesa-humanidade não torna tais crimes imprescritíveis no Brasil. Isso porque: 
1) o Brasil não subscreveu a Convenção sobre a Imprescritibilidade dos Crimes de Guerra e dos Crimes 
contra a Humanidade, nem aderiu a ela; 
 
 17 
2) apenas a lei interna pode dispor sobre prescritibilidade ou imprescritibilidade de crimes no 
Brasil. STF. Plenário. Ext 1362/DF, rel. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Teori Zavascki, julgado em 
9/11/2016 (Info 846). 
Procedimento simplificado no caso de o extraditando concordar com o pedidoEm regra, o simples fato de o extraditando estar de acordo com o pedido extradicional e de declarar que 
deseja retornar ao Estado requerente a fim de se submeter ao processo criminal naquele País não 
exonera (não exime) o STF do dever de efetuar o controle da legalidade sobre a postulação formulada 
pelo Estado requerente. 
No entanto, é possível que ocorra uma peculiaridade. É possível que o tratado que rege a extradição 
entre o Brasil e o Estado estrangeiro preveja um procedimento simplificado no caso de o extraditando 
concordar com o pedido. É o caso, por exemplo, da “Convenção de Extradição entre os Estados Membros 
da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa”. Este tratado internacional estabeleceu regime 
simplificado de extradição, que autoriza a entrega imediata do extraditando às autoridades competentes 
do Estado requerente, sempre que o súdito estrangeiro manifestar, de forma livre e de modo voluntário e 
inequívoco, o seu desejo de ser extraditado. 
Nesta hipótese, a tarefa do STF será a de homologar (ou não) a declaração do extraditando de que 
concorda com a extradição. STF. 2ª Turma. Ext 1476/DF, rel. Min. Celso de Mello, julgado em 9/5/2017 
(Info 864). 
 
Dupla extradição: requisitos e competência 
Em caso de reingresso de extraditando foragido, não é necessária nova decisão jurisdicional acerca da 
entrega, basta a emissão de ordem judicial. 
Com base nesse entendimento, a Segunda Turma julgou dois agravos regimentais em extradição: negou 
provimento ao primeiro e não conheceu do segundo. Ambos foram interpostos pela Defensoria Pública 
da União contra a mesma decisão, que determinou a entrega de extraditando ao governo da Espanha. 
O caso se refere a indivíduo já extraditado que escapou à ação da justiça espanhola e reingressou em 
território brasileiro. A defesa alegou a incompetência do relator para a realização da entrega, a não 
formalização do novo pedido de extradição e a insuficiência de informações sobre o processo para a 
avaliação da dupla punibilidade. 
A Turma entendeu que, embora o art. XIX do Decreto nº 99.340/1990 e o art. 98 da Lei 13.445/2017 
tratem da nova entrega como procedimento administrativo, verifica-se a necessidade de ordem judicial 
para a prisão do estrangeiro conforme art. 5º, LXI, da Constituição. A legislação, todavia, não impõe que a 
nova entrega se dê por decisão jurisdicional ou julgamento colegiado. Desse modo, a Corte, ao avaliar 
novamente a questão, teria concedido mais garantias ao indivíduo do que a lei prevê. 
Considerou, ainda, suficiente a nota verbal do governo espanhol que postulou a detenção do fugitivo 
para fins de extradição, haja vista a dispensabilidade expressa de formalidades para a nova requisição. 
Nessa perspectiva, a Turma concluiu também pela prescindibilidade de nova demonstração acerca da 
dupla punibilidade ou outro requisito da extradição, porquanto não respaldada legalmente. Ext 1225/DF, 
rel. Min. Gilmar Mendes, julgamento em 21.11.2017. (Ext-1225) 
 
Pedido de extensão 
A Primeira Turma asseverou que a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal é pacífica quanto à possibilidade 
 
 18 
jurídica de pedido de extensão ou de ampliação nas hipóteses em que já deferida a extradição, desde que 
observadas as formalidades em respeito ao direito do súdito estrangeiro. Entendeu estarem atendidos os 
requisitos jurídicos que autorizam o deferimento do pedido suplementar. Ext 1363 Extn/DF, rel. Min. Alexandre de 
Moraes, 4.12.2018. (Ext-1363) 
 
Poder Legislativo 
Cassação de deputado federal e participação do STF 
Em se tratando de processos de cunho acentuadamente político, como é o caso da cassação de mandato 
parlamentar, o STF deve se pautar pela deferência (respeito) às decisões do Legislativo e pela autocontenção, 
somente intervindo em casos excepcionalíssimos. Dessa forma, neste caso, o STF optou pela técnica da 
autocontenção (judicial self-restraint), que é o oposto do chamado ativismo judicial. Na autocontenção, o Poder 
Judiciário deixa de atuar (interferir) em questões consideradas estritamente políticas. STF. Plenário. MS 
34.327/DF, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 8/9/2016 (Info 838). 
 
Imunidade parlamentar e pertinência temática 
A imunidade parlamentar material (art. 53 da CF/88) protege os Deputados Federais e Senadores, qualquer que 
seja o âmbito espacial (local) em que exerçam a liberdade de opinião. No entanto, para isso é necessário que as 
suas declarações tenham conexão (relação) como desempenho da função legislativa ou tenham sido proferidas 
em razão dela. Para que as afirmações feitas pelo parlamentar possam ser consideradas como "relacionadas ao 
exercício do mandato", elas devem ter, ainda de forma mínima, um teor político. STF. 1ª Turma. Inq 3932/DF e 
Pet 5243/DF, Rel. Min. Luiz Fux, julgados em21/6/2016 (Info 831). 
 
Discurso de Parlamentar e Crime Contra Honra 
O fato de o parlamentar estar na Casa legislativa no momento em que proferiu as declarações não afasta a 
possibilidade de cometimento de crimes contra a honra, nos casos em que as ofensas são divulgadas pelo próprio 
parlamentar na Internet. PET 7174/DF, rel. Min. Alexandre de Moraes, red. p/ o ac. Min. Marco Aurélio, julgamento 
em 10.3.2020. (PET-7174) 
 
Réu em processo criminal é excluído da linha de sucessão do cargo de Presidente da República 
Os substitutos eventuais do Presidente da República a que se refere o art. 80 da CF/88, caso ostentem a 
posição de réus criminais perante o STF, ficarão impossibilitados de exercer o ofício de Presidente da República. 
No entanto, mesmo sendo réus, podem continuar na chefia do Poder por eles titularizados. STF. Plenário. ADPF 
402 MC-REF/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 7/12/2016 (Info 850). 
 
Quando a condenação do Deputado Federal ou Senador ultrapassar 120 dias em regime fechado, a perda do 
mandato é consequência lógica 
Se o STF condenar um parlamentar federal e decidir que ele deverá perder o cargo, isso acontece imediatamente 
ou depende de uma deliberação da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal respectivamente? 
• Se o Deputado ou Senador for condenado a mais de 120 dias em regime fechado: a perda do cargo será uma 
consequência lógica da condenação. Neste caso, caberá à Mesa da Câmara ou do Senado apenas declarar que 
houve a perda (sem poder discordar da decisão do STF), nos termos do art. 55, III e § 3º da CF/88. 
• Se o Deputado ou Senador for condenado a uma pena em regime aberto ou semiaberto: a condenação criminal 
não gera a perda automática do cargo. O Plenário da Câmara ou do Senado irá deliberar, nos termos do art. 55, § 
 
 19 
2º, se o condenado deverá ou não perder o mandato. STF. 1ª Turma. AP 694/MT, Rel. Min. Rosa Weber, julgado 
em 2/5/2017 (Info 863). 
Obs: existem decisões em sentido diverso (AP 565/RO - Info 714 e AP 470/MG - Info 692), mas penso que, para 
fins de concurso, deve-se adotar o entendimento acima explicado (AP 694/MT). 
 
Imunidade material alcança o delito do art. 3º da Lei 7.492/86 (“divulgar informação falsa ou prejudicialmente 
incompleta sobre instituição financeira”) 
Deputado Estadual que, ao defender a privatização de banco estadual, presta declarações supostamente falsas 
sobre o montante das dívidas dessa instituição financeira não comete o delito do art. 3º da Lei nº 7.492/86, 
estando acobertado pela imunidade material. STF. 1ª Turma. HC 115397/ES, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 
16/5/2017 (Info 865). 
 
Impedimento à advocaciaenvolvendo parlamentares 
O art. 30, II, da Lei nº 8.906/94, prevê que os membros do Poder Legislativo (Vereadores, Deputados e Senadores) 
são impedidos de exercer a advocacia contra ou a favor das pessoas jurídicas de direito público, empresas 
públicas, sociedades de economia mista, fundações públicas, entidades paraestatais ou empresas concessionárias 
ou permissionárias de serviço público. Essa proibição abrange a advocacia envolvendo qualquer dos entes 
federativos (União, Estados, DF e Municípios). Assim, o desempenho de mandato eletivo no Poder Legislativo 
impede o exercício da advocacia a favor ou contra pessoa jurídica de direito público pertencente a qualquer das 
esferas de governo – municipal, estadual ou federal. STJ. 1ª Seção. EAREsp 519.194-AM, Rel. Min. Og Fernandes, 
julgado em 14/6/2017 (Info 607). 
 
Imunidade parlamentar e medidas cautelares de natureza penal 
O ministro Edson Fachin (Relator das ADI’s 5.824 e 5.825) reputou preenchidos os requisitos do “fumus boni iuris” 
e do “periculum in mora”, e deferiu a medida cautelar, para suspender as normas impugnadas e a eficácia das 
resoluções. Ele foi acompanhado pelos ministros Rosa Weber, Luiz Fux e Cármen Lúcia (Presidente). O ministro 
Fachin fixou interpretação conforme a Constituição, no sentido de assentar que as regras estaduais não vedam ao 
Poder Judiciário decretar medidas cautelares de natureza penal em desfavor de deputados estaduais, nem 
conferem poderes às assembleias legislativas para revogar ou sustar os atos judiciais respectivos. Ressaltou que a 
decretação da prisão preventiva e medidas cautelares alternativas envolve um juízo técnico-jurídico que não pode 
ser substituído pelo juízo político emitido pelo Legislativo a respeito de prisão em flagrante. ADI 5.823 MC/RN, rel. 
Min. Marco Aurélio, ADI 5.824 MC/RJ, ADI 5.825 MC/MT, rel. Min. Edson Fachin, julgamento em 6 e 7.12.2017. 
(ADI-5823) (ADI-5824) (ADI-5825) 
 
O trancamento da pauta por conta de MPs não votadas no prazo de 45 dias só alcança projetos de lei que 
versem sobre temas passíveis de serem tratados por MP 
O art. 62, § 6º da CF/88 afirma que “se a medida provisória não for apreciada em até quarenta e cinco dias 
contados de sua publicação, entrará em regime de urgência, subsequentemente, em cada uma das Casas do 
Congresso Nacional, ficando sobrestadas, até que se ultime a votação, todas as demais deliberações legislativas 
da Casa em que estiver tramitando”. 
Apesar de o dispositivo falar em “todas as demais deliberações”, o STF, ao interpretar esse § 6º, não adotou uma 
exegese literal e afirmou que ficarão sobrestadas (paralisadas) apenas as votações de projetos de leis ordinárias 
 
 20 
que versem sobre temas que possam ser tratados por medida provisória. 
Assim, por exemplo, mesmo havendo medida provisória trancando a pauta pelo fato de não ter sido apreciada no 
prazo de 45 dias (art. 62, § 6º), ainda assim a Câmara ou o Senado poderão votar normalmente propostas de 
emenda constitucional, projetos de lei complementar, projetos de resolução, projetos de decreto legislativo e até 
mesmo projetos de lei ordinária que tratem sobre um dos assuntos do art. 62, § 1º, da CF/88. 
Isso porque a MP somente pode tratar sobre assuntos próprios de lei ordinária e desde que não incida em 
nenhuma das proibições do art. 62, § 1º. STF. Plenário. MS 27931/DF, Rel. Min. Celso de Mello, julgado em 
29/6/2017 (Info 870). 
 
Inconstitucionalidade de medida provisória que verse sobre tema já rejeitado, na mesma sessão legislativa 
É inconstitucional medida provisória ou lei decorrente de conversão de medida provisória cujo conteúdo normativo 
caracterize a reedição, na mesma sessão legislativa, de medida provisória anterior rejeitada, de eficácia exaurida 
por decurso do prazo ou que ainda não tenha sido apreciada pelo Congresso Nacional dentro do prazo estabelecido 
pela Constituição Federal. ADI 5716/DF, ADI 5709/DF, ADI 5717/DF E ADI 5727/DF, rel. Min. Rosa Weber, 
julgamento em 27.3.2019. 
 
Impossibilidade de reedição de medida provisória rejeitada 
Nos termos expressos da Constituição Federal, é vedada a reedição, na mesma sessão legislativa, de medida 
provisória que tenha sido rejeitada. ADI 6062 MC-Ref/DF, rel. Min. Roberto Barroso, julgamento em 1º.8.2019. 
(ADI-6062), ADI 6172 MC-Ref/DF, rel. Min. Roberto Barroso, julgamento em 1º.8.2019. (ADI-6172), ADI 6173 MC-
Ref/DF, rel. Min. Roberto Barroso, julgamento em 1º.8.2019. (ADI-6173) e ADI 6174 MC-Ref/DF, rel. Min. Roberto 
Barroso, julgamento em 1º.8.2019. (ADI-6174) 
 
Atividade parlamentar e o direito à informação 
O Tribunal entendeu que o parlamentar, na qualidade de cidadão, não pode ter cerceado o exercício do seu direito 
de acesso, via requerimento administrativo ou judicial, a documentos e informações sobre a gestão pública, desde 
que não estejam, excepcionalmente, sob regime de sigilo ou sujeitos à aprovação de Comissão Parlamentar de 
Inquérito (CPI). O fato de as casas legislativas, em determinadas situações, agirem de forma colegiada, por 
intermédio de seus órgãos, não afasta, tampouco restringe, os direitos inerentes ao parlamentar como indivíduo. 
(RE-865401) 
 
Tribunal de Contas 
Possibilidade de indicação excepcional de ocupante de cargo no MP há menos de 10 anos 
Membro do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas de Estados ou do Distrito Federal que ocupa esse cargo 
há menos de dez anos, na existência de outro nas condições exigidas por lei, pode ser indicado para compor 
lista tríplice destinada à escolha de conselheiro da referida corte. STJ. 2ª Turma. RMS 35.403-DF, Rel. Min. 
Herman Benjamin, julgado em 3/3/2016 (Info 584) 
 
Criação de Procuradoria do Tribunal de Contas e impossibilidade de que tal órgão seja responsável pela cobrança 
das multas 
É constitucional a criação de órgãos jurídicos na estrutura de Tribunais de Contas estaduais, vedada a atribuição de 
cobrança judicial de multas aplicadas pelo próprio tribunal. É inconstitucional norma estadual que preveja que 
compete à Procuradoria do Tribunal de Contas cobrar judicialmente as multas aplicadas pela Corte de Contas. 
A Constituição Federal não outorgou aos Tribunais de Contas competência para executar suas próprias decisões. As 
decisões dos Tribunais de Contas que acarretem débito ou multa têm eficácia de título executivo, mas não podem 
 
 21 
ser executadas por iniciativa do próprio Tribunal. STF. Plenário. ADI 4070/RO, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 
19/12/2016 (Info 851). 
 
Prazo prescricional para aplicação de multa pelo TCU 
O prazo prescricional para que o TCU aplique multas é de 5 anos, aplicando-se a previsão do art. 1º da Lei nº 
9.873/99. 
Caso esteja sendo imputada ao agente público a conduta omissiva de ter deixado de tomar providências que eram 
de sua responsabilidade, tem-se que, enquanto ele permaneceu no cargo, perdurou a omissão. No momento em 
que o agente deixou o cargo, iniciou-se o fluxo do prazo prescricional. STF. 1ª Turma. MS 32201/DF, rel. Min. 
Roberto Barroso, julgado em 21/3/2017 (Info 858). 
 
Auditoria do TCU e desnecessidade de participação dos terceiros reflexamente prejudicados 
Em auditoria realizada pelo TCU para apurar a gestão administrativa do órgão, os terceiros indiretamente afetados 
pelas determinações do Tribunal (ex: pensionistas) não possuem direito de serem ouvidos no processo 
fiscalizatório. Não existe, no caso, desrespeito ao devido processo legal. 
Nessa espécie de atuação administrativa,a relação processual envolve apenas o órgão fiscalizador e o fiscalizado, 
sendo dispensável a participação dos interessados. 
O contraditório pressupõe a existência de litigantes ou acusados, o que não ocorre quando o Tribunal de Contas 
atua no campo da fiscalização de órgãos e entes administrativos. O contraditório deve ser garantido pelo órgão de 
origem, a quem cabe o cumprimento da determinação do Tribunal de Contas. 
 
Não aplicação do art. 54 da Lei nº 9.784/99 para as fiscalizações realizadas pelo TC na forma do art. 71, IV, da 
CF/88 
Em casos de “fiscalização linear exercida pelo Tribunal de Contas”, nos termos do art. 71, IV, da CF/88, não se aplica 
o prazo de decadência previsto no art. 54 da Lei nº 9.784/99. Isso porque em processos de “controle abstrato”, o 
Tribunal de Contas não faz o exame de ato específico do qual decorre efeito favorável ao administrado. 
A Corte está examinando a regularidade das contas do órgão e a repercussão sobre eventual direito individual é 
apenas indireta. STF. 1ª Turma. MS 34224/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 15/8/2017 (Info 873). 
 
Mandado de Segurança. Legitimidade do Ministério Público de Contas. Impetração contra acórdão do Tribunal 
de Contas Estadual que determinou a extinção e arquivamento de representação. 
O membro do Ministério Público que atua perante o Tribunal de Contas possui legitimidade e capacidade 
postulatória para impetrar mandado de segurança, em defesa de suas prerrogativas institucionais, contra acórdão 
prolatado pela respectiva Corte de Contas. RMS 52.741-GO, Rel. Min. Herman Benjamin, por unanimidade, julgado 
em 8/8/2017, DJe 12/9/2017. 
 
Poder Executivo 
Não há necessidade de prévia autorização da ALE para que o STJ receba denúncia criminal (por crime comum) 
contra o Governador do Estado 
Se a Constituição Estadual exigir autorização da ALE para que o Governador seja processado criminalmente, essa 
previsão é considerada inconstitucional. Assim, é vedado às unidades federativas instituir normas que condicionem 
a instauração de ação penal contra Governador por crime comum à previa autorização da Casa Legislativa. 
 
 22 
O afastamento do cargo não se dá de forma automática. O STJ, no ato de recebimento da denúncia ou queixa, irá 
decidir, de forma fundamentada, se há necessidade de o Governador do Estado ser ou não afastado do cargo. 
Vale ressaltar que, além do afastamento do cargo, o STJ poderá aplicar qualquer uma das medidas cautelares 
penais (exs: prisão preventiva, proibição de ausentar-se da comarca, fiança, monitoração eletrônica etc.). STF. 
Plenário. ADI 5540/MG, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 3/5/2017 (Info 863). STF. Plenário. ADI 4764/AC, ADI 
4797/MT e ADI 4798/PI, Rel. Min. Celso de Mello, red. p/ o ac. Min. Roberto Barroso, julgados em 4/5/2017 (Info 
863). 
 
Procedimento de identificação das comunidades dos quilombos e decreto autônomo 
Segundo o STF, o critério da autoidentificação cumpriria a tarefa de trazer à luz os destinatários do art. 68 do ADCT, 
e não se prestaria a inventar novos destinatários, de forma a ampliar indevidamente o universo daqueles a quem a 
norma fora dirigida. Para os fins específicos da incidência desse dispositivo constitucional transitório, além de uma 
dada comunidade ser qualificada como remanescente de quilombo, também se mostraria necessária a satisfação 
de um elemento objetivo, empírico: que a reprodução da unidade social, que se afirma originada de um quilombo, 
estivesse atrelada a uma ocupação continuada do espaço. ADI 3239/DF, rel. orig. Min. Cezar Peluso, red.p/ o ac. 
Min. Rosa Weber, julgamento em 8.2.2018. (ADI - 3239) 
 
Poder Judiciário 
Impossibilidade do Poder Judiciário interferir, no mérito, na elaboração das leis orçamentárias 
Salvo em situações graves e excepcionais, não cabe ao Poder Judiciário, sob pena de violação ao princípio da 
separação de Poderes, interferir na função do Poder Legislativo de definir receitas e despesas da Administração 
Pública, emendando projetos de leis orçamentárias, quando atendidas as condições previstas no art. 166, §§ 3º e 
4º, da Constituição Federal. STF. Plenário. ADI 5468/DF, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 29 e 30/6/2016 (Info 832). 
 
Não cabimento de mandado de segurança contra decisões negativas do CNJ 
Não cabe mandado de segurança contra ato de deliberação negativa do Conselho Nacional de Justiça, por não se 
tratar de ato que importe a substituição ou a revisão do ato praticado por outro órgão do Judiciário. Assim, o STF 
não tem competência para processar e julgar ações decorrentes de decisões negativas do CNMP e do CNJ. Como o 
conteúdo da decisão do CNJ/CNMP foi “negativo”, o Conselho não decidiu nada. 
Se não decidiu nada, não praticou nenhum ato. Se não praticou nenhum ato, não existe ato do CNJ/CNMP a ser 
atacado no STF. Em razão do exposto, não compete ao STF julgar MS impetrado contra decisão do CNJ que julgou 
improcedente pedido de cassação de um ato normativo editado por vara judicial. STF. 2ª Turma. MS 
33085/DF, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 20/09/2016 (Info 840). 
 
Possibilidade de se indenizar por erro judiciário condenado que teve equivocadamente reconhecida reincidência 
No caso em que o reconhecimento da reincidência tenha origem em infração anterior cuja pena tenha sido cumprida 
ou extinta há mais de 5 anos, deferido o pedido revisional para diminuir a pena equivocadamente fixada, será 
devida a indenização ao condenado que tenha sofrido prejuízos em virtude do erro judiciário. 
A defesa ingressa com revisão criminal alegando que a sentença violou o art. 64, I, do CP. O Tribunal, ao julgar 
procedente a revisão, deverá condenar o Poder Público a indenizar o réu pelos prejuízos sofridos (art. 630 do 
CPP). STJ. 5ª Turma. REsp 1.243.516-SP, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em22/9/2016 (Info 590). 
 
Análise da constitucionalidade de resolução que permite reeleição para cargos de direção no TJ 
 
 23 
É inconstitucional norma do Tribunal de Justiça que permite a reeleição de desembargadores para cargos de 
direção após o intervalo de dois mandatos. Esta previsão viola o art. 93, caput, da CF/88, segundo o qual a 
regulamentação da matéria afeta à elegibilidade para os órgãos diretivos dos tribunais está reservada a lei 
complementar de iniciativa do Supremo Tribunal Federal. Além disso, esta norma afronta o tratamento que foi 
dado à matéria pelo art. 102 da LOMAN (LC 35/79), que regulamenta o art. 93 da CF/88. STF. Plenário. ADI 
5310/RJ, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 14/12/2016 (Info 851). 
 
CNJ, no exercício de controle administrativo, pode deixar de aplicar lei inconstitucional 
CNJ pode determinar que Tribunal de Justiça exonere servidores nomeados sem concurso público para cargos em 
comissão que não se amoldam às atribuições de direção, chefia e assessoramento, contrariando o art. 37, V, da 
CF/88. Esta decisão do CNJ não configura controle de constitucionalidade, sendo exercício de controle da validade 
dos atos administrativos do Poder Judiciário. STF. Plenário. Pet 4656/PB, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 
19/12/2016 (Info 851). 
 
Competência originária e concorrente do CNJ 
A CF conferiu competência originária e concorrente ao CNJ para aplicação de medidas disciplinares. Assim, a 
competência do CNJ é autônoma (e não subsidiária). Logo, o CNJ pode atuar mesmo que não tenha sido dada 
oportunidade para que a corregedoria local pudesse investigar o caso. STF.

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