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Aula 04 Direito Ambiental p/ AGU - Procurador Federal Professor: Thiago Leite Prof. Thiago Leite www.estrategiaconcursos.com.br 1 de 47 DIREITO AMBIENTAL – PROCURADOR FEDERAL Teoria, jurisprudência e questões Aula 04 – Prof. Thiago Leite AULA 04 Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (SNUC), Populações Tradicionais e Compensação Ambiental Sumário 1 – Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza – SNUC: panorama geral ........................................................................................ 2 2 – Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza – SNUC: grupos e tipos de unidades ................................................................................... 6 3 – Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza – SNUC: institutos afins........................................................................................ 14 4 – Compensação Ambiental .................................................................... 21 5 – Populações Tradicionais ..................................................................... 23 6 – Jurisprudência correlata ..................................................................... 25 7 – Questões .......................................................................................... 33 8 – Resumo da aula ................................................................................ 46 Prof. Thiago Leite www.estrategiaconcursos.com.br 2 de 47 DIREITO AMBIENTAL – PROCURADOR FEDERAL Teoria, jurisprudência e questões Aula 04 – Prof. Thiago Leite AULA 04 - SISTEMA NACIONAL DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO DA NATUREZA (SNUC), POPULAÇÕES TRADICIONAIS E COMPENSAÇÃO AMBIENTAL 1 – Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza – SNUC: panorama geral O SNUC é a materialização do comando constitucional constante no artigo 225, §1º, III da Carta Magna, que obriga o Poder Público a definir, em todas as unidades da federação, espaços territoriais a serem especialmente protegidos. O Sistema Nacional de Unidade de Conservação da Natureza – SNUC é o conjunto de diretrizes e procedimentos que permite à Administração Pública federal, estadual e municipal, além da iniciativa privada, a criação, implantação e gestão de espaços protegidos denominados Unidades de Conservação – UC, com vista a uma proteção ambiental mais eficiente. O grande objetivo do SNUC foi criar uma rede integrada de Unidades de Conservação, em que são levadas em conta as peculiaridades de cada espaço, de forma a garantir a diversidade biológica, a pesquisa científica, o desenvolvimento sustentável e a proteção das populações tradicionais. O SNUC foi instituído pela Lei 9.985/2000, e regulamentado pelo Decreto 4.340/2002, e trouxe, em seu artigo 2º, importantes conceitos para o estudo do Direito Ambiental, quais sejam: I - unidade de conservação: espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo as águas jurisdicionais, com características naturais relevantes, legalmente instituído pelo Poder Público, com objetivos de conservação e limites definidos, sob regime especial de administração, ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção; II - conservação da natureza: o manejo do uso humano da natureza, compreendendo a preservação, a manutenção, a utilização sustentável, a restauração e a recuperação do ambiente natural, para que possa produzir o maior benefício, em bases sustentáveis, às atuais gerações, mantendo seu potencial de satisfazer as necessidades e aspirações das gerações futuras, e garantindo a sobrevivência dos seres vivos em geral; III - diversidade biológica: a variabilidade de organismos vivos de todas as origens, compreendendo, dentre outros, os ecossistemas Prof. Thiago Leite www.estrategiaconcursos.com.br 3 de 47 DIREITO AMBIENTAL – PROCURADOR FEDERAL Teoria, jurisprudência e questões Aula 04 – Prof. Thiago Leite terrestres, marinhos e outros ecossistemas aquáticos e os complexos ecológicos de que fazem parte; compreendendo ainda a diversidade dentro de espécies, entre espécies e de ecossistemas; IV - recurso ambiental: a atmosfera, as águas interiores, superficiais e subterrâneas, os estuários, o mar territorial, o solo, o subsolo, os elementos da biosfera, a fauna e a flora; V - preservação: conjunto de métodos, procedimentos e políticas que visem a proteção a longo prazo das espécies, habitats e ecossistemas, além da manutenção dos processos ecológicos, prevenindo a simplificação dos sistemas naturais; VI - proteção integral: manutenção dos ecossistemas livres de alterações causadas por interferência humana, admitido apenas o uso indireto dos seus atributos naturais; VII - conservação in situ: conservação de ecossistemas e habitats naturais e a manutenção e recuperação de populações viáveis de espécies em seus meios naturais e, no caso de espécies domesticadas ou cultivadas, nos meios onde tenham desenvolvido suas propriedades características; VIII - manejo: todo e qualquer procedimento que vise assegurar a conservação da diversidade biológica e dos ecossistemas; IX - uso indireto: aquele que não envolve consumo, coleta, dano ou destruição dos recursos naturais; X - uso direto: aquele que envolve coleta e uso, comercial ou não, dos recursos naturais; XI - uso sustentável: exploração do ambiente de maneira a garantir a perenidade dos recursos ambientais renováveis e dos processos ecológicos, mantendo a biodiversidade e os demais atributos ecológicos, de forma socialmente justa e economicamente viável; XII - extrativismo: sistema de exploração baseado na coleta e extração, de modo sustentável, de recursos naturais renováveis; Prof. Thiago Leite www.estrategiaconcursos.com.br 4 de 47 DIREITO AMBIENTAL – PROCURADOR FEDERAL Teoria, jurisprudência e questões Aula 04 – Prof. Thiago Leite XIII - recuperação: restituição de um ecossistema ou de uma população silvestre degradada a uma condição não degradada, que pode ser diferente de sua condição original; XIV - restauração: restituição de um ecossistema ou de uma população silvestre degradada o mais próximo possível da sua condição original; XV - (VETADO) XVI - zoneamento: definição de setores ou zonas em uma unidade de conservação com objetivos de manejo e normas específicos, com o propósito de proporcionar os meios e as condições para que todos os objetivos da unidade possam ser alcançados de forma harmônica e eficaz; XVII - plano de manejo: documento técnico mediante o qual, com fundamento nos objetivos gerais de uma unidade de conservação, se estabelece o seu zoneamento e as normas que devem presidir o uso da área e o manejo dos recursos naturais, inclusive a implantação das estruturas físicas necessárias à gestão da unidade; XVIII - zona de amortecimento: o entorno de uma unidade de conservação, onde as atividades humanas estão sujeitas a normas e restrições específicas, com o propósito de minimizar os impactos negativos sobre a unidade; e XIX - corredores ecológicos: porções de ecossistemas naturais ou seminaturais, ligando unidades de conservação, que possibilitam entre elas o fluxo de genes e o movimento da biota, facilitando a dispersão de espécies e a recolonização de áreas degradadas, bem como a manutenção de populações que demandam para sua sobrevivência áreas com extensão maior do que aquela das unidades individuais. Já os objetivos do SNUC estão elencados no artigo 4º da Lei de regência, e são: I - contribuir para a manutenção da diversidade biológica e dos recursos genéticos no território nacional e nas águas jurisdicionais; Prof. ThiagoLeite www.estrategiaconcursos.com.br 5 de 47 DIREITO AMBIENTAL – PROCURADOR FEDERAL Teoria, jurisprudência e questões Aula 04 – Prof. Thiago Leite II - proteger as espécies ameaçadas de extinção no âmbito regional e nacional; III - contribuir para a preservação e a restauração da diversidade de ecossistemas naturais; IV - promover o desenvolvimento sustentável a partir dos recursos naturais; V - promover a utilização dos princípios e práticas de conservação da natureza no processo de desenvolvimento; VI - proteger paisagens naturais e pouco alteradas de notável beleza cênica; VII - proteger as características relevantes de natureza geológica, geomorfológica, espeleológica, arqueológica, paleontológica e cultural; VIII - proteger e recuperar recursos hídricos e edáficos; IX - recuperar ou restaurar ecossistemas degradados; X - proporcionar meios e incentivos para atividades de pesquisa científica, estudos e monitoramento ambiental; XI - valorizar econômica e socialmente a diversidade biológica; XII - favorecer condições e promover a educação e interpretação ambiental, a recreação em contato com a natureza e o turismo ecológico; XIII - proteger os recursos naturais necessários à subsistência de populações tradicionais, respeitando e valorizando seu conhecimento e sua cultura e promovendo-as social e economicamente. Prof. Thiago Leite www.estrategiaconcursos.com.br 6 de 47 DIREITO AMBIENTAL – PROCURADOR FEDERAL Teoria, jurisprudência e questões Aula 04 – Prof. Thiago Leite O SNUC é gerido por todos os entes políticos (União, Estados, DF e Municípios) e está estruturado da seguinte forma (artigo 6º da Lei 9.985/2000): Órgão Central (Ministério do Meio Ambiente): tem a finalidade de coordenar o SNUC. Órgão Consultivo e Deliberativo (CONAMA): tem a finalidade de acompanhar a implantação do SNUC. Órgãos Executores (ICMBio e, supletivamente, o IBAMA, além dos órgãos estaduais, distritais e municipais): têm a finalidade de implementar o SNUC, administrando as UCs. 2 – Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza – SNUC: grupos e tipos de unidades • Podem integrar o SNUC, excepcionalmente e a critério do Conama, unidades de conservação estaduais e municipais que, concebidas para atender a peculiaridades regionais ou locais, possuam objetivos de manejo que não possam ser satisfatoriamente atendidos por nenhuma categoria prevista nesta Lei e cujas características permitam, em relação a estas, uma clara distinção. (artigo 6º, § único da Lei 9.985/2000) a Prof. Thiago Leite www.estrategiaconcursos.com.br 7 de 47 DIREITO AMBIENTAL – PROCURADOR FEDERAL Teoria, jurisprudência e questões Aula 04 – Prof. Thiago Leite O SNUC é composto, basicamente, de 02 grupos de Unidades de Conservação, e cada grupo é composto por categorias de Unidades de Conservação, a saber (artigos 7º, 8º e 14 da Lei 9.985/2000): I – Unidades de Proteção Integral (cujo objetivo principal é preservar a natureza, sendo admitido apenas o uso indireto dos recursos naturais, excetuados os casos previstos em lei), composto de: a) Estação Ecológica; b) Reserva Biológica; c) Parque Nacional (estadual e municipal); d) Monumento Natural; e e) Refúgio da Vida silvestre. II – Unidades de Uso Sustentável (cujo objetivo principal é compatibilizar a conservação da natureza com o uso sustentável de parcela dos recursos naturais), composto de: a) Área de Proteção Integral; b) Área de Relevante Interesse Ecológico; c) Floresta Nacional (estadual e municipal); d) Reserva Extrativista; e) Reserva de Fauna; f) Reserva de Desenvolvimento Sustentável; e g) Reserva Particular do Patrimônio Natural. Prof. Thiago Leite www.estrategiaconcursos.com.br 8 de 47 DIREITO AMBIENTAL – PROCURADOR FEDERAL Teoria, jurisprudência e questões Aula 04 – Prof. Thiago Leite A Lei que instituiu o SNUC traz 5 características básicas que devem estar presentes em qualquer Unidade de conservação, como bem apontou Marcelo Abelha1: 1ª) Relevância Ecológica: sua importância na manutenção do equilíbrio ecológico; 2ª) Oficialidade: a criação, alteração ou extinção de uma UC se dará sempre por meio de atos oficiais, que também servirão para instituir o regime jurídico aplicável; 3ª Delimitação territorial: os limites territoriais de todas as UC deverão estar devidamente delimitados, possibilitando assim o acompanhamento das metas e dos objetivos propostos naquele espaço. 1 Rodrigues, Marcelo Abelha. Direito Ambiental Esquematizado. 2ª ed. São Paulo: Saraiva, 2015 p. 173/174. Jardim Botânico, Jardim Zoológico e Horto Florestal NÃO são espécies de Unidade de Conservação, mas possuem uma proteção específica. Jardim Botânico: espaços fechados onde se cultivam plantas e flores seletas para estudo e exposição (José Afonso da Silva) Jardim Zoológico: qualquer coleção de animais silvestres mantidos vivos em cativeiro ou em semiliberdade e expostos à visitação pública (artigo 1º da Lei 7.173/83) Horto Florestal: unidade fechada destinada a proteger e conservar os espécimes vegetais sob sua responsabilidade, a produzir mudas de essências florestais, auxiliar os interessados nos serviços de reflorestamento, organizando planos de trabalho, oferecendo-lhes mudas, entre outros (José Afonso da Silva) Prof. Thiago Leite www.estrategiaconcursos.com.br 9 de 47 DIREITO AMBIENTAL – PROCURADOR FEDERAL Teoria, jurisprudência e questões Aula 04 – Prof. Thiago Leite 4º Escopo de proteger o meio ambiente: todas as Unidades de Conservação possuem como objetivo principal a garantia do ecossistema equilibrado (com exceção das UCs denominadas Monumento Natural que venham a ser criadas pela sua beleza cênica, pois aqui o objetivo principal é de natureza antropológica). 5ª) Regime jurídico especial e afetação: todas as UCs estão sob a influencia de um regime jurídico especial de proteção, em que haverá restrições específicas, a depender de cada tipo de unidade. Além do mais, referidos espaços, a partir de sua constituição como Unidade de Conservação, estarão afetadas ao interesse público em decorrência da proteção ambiental. Passemos agora a estudo detalhado de cada tipo de Unidade de Conservação. ESTAÇÃO ECOLÓGICA Está disciplinada no artigo 9º da Lei do SNUC, sendo uma unidade de proteção integral de posse e domínio públicos (eventuais áreas privadas deverão ser desapropriadas). Seu grande objetivo é garantir a preservação da natureza e a realização de pesquisas científicas (desde que autorizadas pelo órgão responsável pela administração da unidade). Admite-se a coleta de bens do ambiente para fins científicos, a restauração de ecossistemas e o manejo de espécies com fins preservacionistas. Em regra a visitação pública é vedada, salvo para fins educacionais. Não é necessária a consulta pública para sua criação (artigo 22, §4º da Lei 9.985/2000). Exemplo: Estação Ecológica Sítio Rangedor, no MA. RESERVA BIOLÓGICA Está disciplinada no artigo 10 da Lei do SNUC, sendo uma unidade de proteção integral de posse e domínio públicos (eventuais áreas privadas deverão ser desapropriadas). Seu grande objetivo é garantir a preservação integral da biota (fauna e flora) e demais atributos existentes em seus limites, admitindo-se as pesquisas científicas (desde que autorizadas pelo órgão responsável pela administração da unidade). É proibida a intervenção humana direta ou modificações ambientais, salvo aquelas necessárias paraa recuperação do meio ambiente e da diversidade biológica. Em regra a visitação pública é vedada, salvo para fins educacionais. Não é necessária a consulta pública para sua criação (artigo 22, §4º da Lei 9.985/2000). Exemplo: Reserva Biológica do Gurupi, no MA. Prof. Thiago Leite www.estrategiaconcursos.com.br 10 de 47 DIREITO AMBIENTAL – PROCURADOR FEDERAL Teoria, jurisprudência e questões Aula 04 – Prof. Thiago Leite PARQUE NACIONAL (ESTADUAL OU MUNICIPAL) Está disciplinado no artigo 11 da Lei do SNUC, sendo uma unidade de proteção integral de posse e domínio públicos (eventuais áreas privadas deverão ser desapropriadas). Quando criado pelos Estados será denominado Parque Estadual e quando criado pelos Municípios será denominado Parque Natural Municipal. Seu grande objetivo é a preservação de ecossistemas naturais de grande relevância ecológica e beleza cênica, possibilitando a realização de pesquisas científicas e o desenvolvimento de atividades de educação, recreação e turismo ecológico. A visitação pública é permitida, desde que respeitadas as normas regulamentares, e as pesquisas científicas dependem de prévia autorização do órgão administrador da Unidade. É necessária a consulta pública para sua criação (artigo 22, §2º da Lei 9.985/2000). O mais famoso Parque Nacional é o de Fernando de Noronha, localizado no Estado de Pernambuco. Exemplo: Parque Estadual de Mirador, no MA. MONUMENTO NATURAL Está disciplinado no artigo 12 da Lei do SNUC, sendo uma unidade de proteção integral de posse e domínio públicos ou privados (desde que haja autorização do proprietário e seja compatível com o uso da propriedade, sob pena de desapropriação). Seu grande objetivo é a preservação de sítios naturais raros, singulares ou de grande beleza cênica. A visitação pública é permitida, desde que respeitadas as normas regulamentares. É necessária a consulta pública para sua criação (artigo 22, §2º da Lei 9.985/2000). Exemplo: Monumento Natural da Pedra do Baú, em SP. REFÚGIO DA VIDA SILVESTRE (REVIS ou RVS) Está disciplinado no artigo 13 da Lei do SNUC, sendo uma unidade de proteção integral de posse e domínio públicos ou privados (desde que haja autorização do proprietário e seja compatível com o uso da propriedade, sob pena de desapropriação). Seu grande objetivo é a preservação de ambientes naturais que possibilitem a existência e a reprodução da fauna e da flora local ou migratória. A visitação pública e a pesquisa científica são permitidas, desde que respeitadas as normas regulamentares. É necessária a consulta pública para sua criação (artigo 22, §2º da Lei 9.985/2000). Exemplo: Refúgio da Vida Silvestre das Ilhas do Abrigo e Guararitama, em SP. ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL - APA Prof. Thiago Leite www.estrategiaconcursos.com.br 11 de 47 DIREITO AMBIENTAL – PROCURADOR FEDERAL Teoria, jurisprudência e questões Aula 04 – Prof. Thiago Leite Está disciplinado no artigo 15 da Lei do SNUC, sendo uma unidade de uso sustentável de posse e domínio públicos ou privados (podem ser instituídas restrições ao uso da propriedade). A APA se constitui de uma área em geral extensa, com certo grau de ocupação humana, dotada de atributos bióticos, abióticos, estéticos ou culturais importantes para o bem estar das populações humanas, e possui como objetivo proteger a diversidade biológica, assegurar a sustentabilidade do uso dos recursos naturais e disciplinar o processo de ocupação humana. A visitação pública e a pesquisa científica são permitidas: em terras públicas, desde que respeitadas as normas regulamentares; e em terras particulares, desde que respeitadas as normas regulamentares e haja autorização do proprietário. A APA disporá de um Conselho presidido pelo órgão responsável por sua administração e constituído por representantes da administração pública, da sociedade civil e de residentes do local. É necessária a consulta pública para sua criação (artigo 22, §2º da Lei 9.985/2000). Exemplo: APA Delta do Parnaíba, no MA. ÁREA DE RELEVANTE INTERESSE ECOLÓGICO (ARIE) Está disciplinado no artigo 16 da Lei do SNUC, sendo uma unidade de uso sustentável de posse e domínio públicos ou privados (podem ser instituídas restrições ao uso da propriedade). A Área de Relevante Interesse Ecológico se constitui de uma área em geral pequena, com pouca ou nenhuma ocupação humana, com características naturais extraordinárias ou que abriga exemplares raros da biota (conjunto de seres vivos de uma localidade) regional, e possui como objetivo manter ecossistemas naturais de importância local ou regional e regular o uso dessas áreas, compatibilizando-o com a preservação da natureza. A lei é omissa quanto à visitação e pesquisa científica. É necessária a consulta pública para sua criação (artigo 22, §2º da Lei 9.985/2000). Exemplo: ARIE de São Sebastião, em SP. FLORESTA NACIONAL (ESTADUAL E MUNICIPAL) Está disciplinado no artigo 17 da Lei do SNUC, sendo uma unidade de uso sustentável de posse e domínio públicos (eventuais áreas privadas deverão ser desapropriadas). A Floresta Nacional é uma área com cobertura vegetal de espécies predominantemente nativas e tem como objetivo principal o uso múltiplo sustentável dos recursos florestais e a pesquisa científica voltada para a exploração sustentável das florestas nativas. É admitida a permanência de populações tradicionais já existentes à época de sua criação, conforme dispuser no regulamento. A visitação pública é permitida, desde que respeitadas as normas regulamentares. Já a pesquisa científica não só é permitida como também incentivada, desde que haja pré- aprovação do órgão gestor e desde que respeitadas as normas regulamentares. A Floresta Nacional disporá de um Conselho Consultivo presidido pelo órgão responsável por sua administração e constituído por representantes da Prof. Thiago Leite www.estrategiaconcursos.com.br 12 de 47 DIREITO AMBIENTAL – PROCURADOR FEDERAL Teoria, jurisprudência e questões Aula 04 – Prof. Thiago Leite administração pública, da sociedade civil e das populações tradicionais residentes do local. Quando criado pelos Estados será denominado Floresta Estadual e quando criado pelos Municípios será denominado Floresta Municipal. É necessária a consulta pública para sua criação (artigo 22, §2º da Lei 9.985/2000). Exemplo: Floresta Estadual de Guarulhos, em SP. RESERVA EXTRATIVISTA Está disciplinado no artigo 18 da Lei do SNUC, sendo uma unidade de uso sustentável de posse e domínio públicos, com uso concedido às populações extrativistas tradicionais (eventuais áreas privadas deverão ser desapropriadas). A Reserva Extrativista é uma área utilizada por populações extrativistas tradicionais, cuja subsistência baseia-se no extrativismo e, complementarmente, na agricultura de subsistência e na criação de animais de pequeno porte, e tem como objetivos básicos proteger os meios de vida e a cultura dessas populações, e assegurar o uso sustentável dos recursos naturais da unidade. A visitação pública é permitida, desde que compatível com os interesses locais e respeitadas as normas regulamentares. Já a pesquisa científica não só é permitida como também incentivada, desde que haja pré- aprovação do órgão gestor e desde que respeitadas as normas regulamentares. A Reserva Extrativista será gerida por um Conselho Deliberativo, presidido pelo órgão responsável por sua administração e constituído por representantes da administração pública, da sociedade civil e das populações tradicionais residentes do local. Este Conselho aprovará o Plano de Manejo da Unidade. São proibidas a exploração da mineração e a caça (profissional ou amadora), e a exploração comercial madeireira só será permitida em bases sustentáveis, em condições especiais e desdeque seja complementar às demais atividades e prevista nas normas regulamentares. É necessária a consulta pública para sua criação (artigo 22, §2º da Lei 9.985/2000). Exemplo: Reserva Extrativista Mata Grande, no MA. RESERVA DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL (RDS) Está disciplinado no artigo 20 da Lei do SNUC, sendo uma unidade de uso sustentável de posse e domínio públicos (eventuais áreas privadas deverão ser desapropriadas, se necessário). A Reserva de Desenvolvimento Sustentável é uma área natural que abriga populações tradicionais, cuja existência baseia-se na exploração sustentável de recursos naturais, desenvolvida ao longo das gerações e adaptadas ao ecossistema local, desempenhando importante papel de proteção da natureza e garantia da diversidade biológica (se assemelha à Reserva Extrativista). O objetivo básico, portanto, é preservar o meio ambiente e, ao mesmo tempo, assegurar as condições e os meios necessários para a reprodução e a melhoria dos modos e da qualidade de vida e exploração dos recursos naturais das populações tradicionais, bem como valorizar e melhorar o conhecimento e as técnicas de manejo destas populações tradicionais. As populações tradicionais farão jus a um contrato de concessão de direito real de uso, Prof. Thiago Leite www.estrategiaconcursos.com.br 13 de 47 DIREITO AMBIENTAL – PROCURADOR FEDERAL Teoria, jurisprudência e questões Aula 04 – Prof. Thiago Leite que deve estar de acordo com o Plano de Manejo da unidade (artigo 13 do Decreto 4.340/2002). A Reserva de Desenvolvimento Sustentável será gerida por um Conselho Deliberativo, que aprovará o Plano de Manejo e será presidido pelo órgão responsável por sua administração e constituído por representantes da administração pública, da sociedade civil e das populações tradicionais residentes do local. A visitação pública é permitida e incentivada, desde que compatível com os interesses locais e respeitadas as normas regulamentares (Plano de Manejo). A pesquisa científica também é permitida e incentivada, desde que haja pré-aprovação do órgão gestor e desde que respeitadas as normas regulamentares. Deverá ser observado sempre o equilíbrio dinâmico entre o tamanho da população e a conservação. É possível a exploração da vegetação para o cultivo, bem como o manejo florestal sustentável, desde que respeitados o zoneamento, às limitações legais e o Plano de Manejo, que definirá as zonas de proteção integral, de uso sustentável e de amortecimento e corredores ecológicos. É necessária a consulta pública para sua criação (artigo 22, §2º da Lei 9.985/2000). Exemplo: RDS Barreiro Anhemas, em SP. RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL Está disciplinado no artigo 21 da Lei do SNUC, sendo uma unidade de uso sustentável de posse e domínio privados. A Reserva Particular do Patrimônio Nacional é área privada gravada de perpetuidade (o gravame constará de Termo de Compromisso assinado perante o órgão ambiental, que verificará a existência de interesse público, e será averbado na matrícula do imóvel). Seu grande objetivo é garantir a conservação da diversidade biológica. A RPPN, apesar de estar enquadrada formalmente na categoria de “uso sustentável”, submete-se ao regramento jurídico de “proteção integral”, haja vista que o Presidente da República vetou o inciso III do §2º do artigo 21 da Lei do SNUC, que previa o extrativismo. A RPPN foi regulamentada pelo Decreto 5.746/2006, e pode ser criada pelos órgãos integrantes do SNUC. No âmbito federal as RPPNs serão criadas por Portaria do IBAMA. Sempre que possível o proprietário poderá ter apoio técnico e científico dos órgãos integrantes do SNUC para a elaboração do Plano de Manejo ou do Plano de Proteção e Gestão da unidade. A pesquisa científica é permitida, desde que respeitados os regulamentos. É permitida também a visitação com objetivos turísticos, recreativos e educacionais. É permitida a moradia apenas do proprietário e dos funcionários ligados diretamente com a gestão da unidade. É necessária a consulta pública para sua criação (artigo 22, §2º da Lei 9.985/2000). Exemplo: RPPN Águas Claras, em SP. • O artigo 9º-B do Novo Código Florestal considerou que a servidão ambiental perpétua equivale à Reserva Particular do Patrimônio Nacional para fins creditícios, tributários e de acesso aos recursos de fundos públicos. a Prof. Thiago Leite www.estrategiaconcursos.com.br 14 de 47 DIREITO AMBIENTAL – PROCURADOR FEDERAL Teoria, jurisprudência e questões Aula 04 – Prof. Thiago Leite 3 – Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza – SNUC: institutos afins Nos termos do artigo 22 da Lei do SNUC a criação das unidades de conservação se dá por ato do Poder Público (Lei ou Decreto), e deve ser precedida de estudos técnicos e de consulta pública em que se permita identificar sua localização, dimensões e limites mais adequados. Para a Estação Ecológica e para a Reserva Biológica é dispensada a consulta pública, pois há uma presunção legal de interesse público. As unidades pertencentes ao grupo de “Uso Sustentável” podem ser transformadas total ou parcialmente em unidades do grupo de “Proteção Integral” por ato normativo de mesmo nível hierárquico do que criou a unidade, e isso só é permitido porque tal transformação aumenta a proteção da unidade. Portanto, o inverso, ou seja, a transformação de uma unidade do grupo “Proteção Integral” em unidade do grupo “Uso Sustentável” só pode ser feita por meio de lei. A ampliação da unidade de conservação pode ser feita por instrumento normativo de mesmo nível hierárquico do que criou a unidade. Já a desafetação (extinção) ou redução de unidade de conservação só pode ser feito por meio de lei. A ideia é dificultar ao máximo a diminuição da proteção ambiental através das unidades de conservação. Nos termos do artigo 22-A da Lei do SNUC é possível a instituição, nos termos da lei, de limitações administrativas provisórias no decorrer dos estudos técnicos para a criação de uma unidade de conservação, com prazo máximo de duração de 07 (sete) meses, improrrogável, com o objetivo de proteger cautelarmente a área em caso de risco de dano grave aos recursos naturais ali existentes, vedado o corte raso de floresta ou vegetação nativa, salvo atividades agropecuárias, obras públicas ou atividades econômicas já licenciadas. Na Reserva Extrativista e na Reserva de Desenvolvimento Sustentável a posse e o uso das áres ocupadas pelas populações tradicionais serão regulados pelo contrato de concessão de uso de área, e tais populações se obrigam a preservar, recuperar, defender e manter as respectivas unidades de conservação, sendo proibido o uso de espécies ameaçadas de extinção e a prática de atos que impeçam a regeneração natural do ecosistema (artigo 23 da Lei do SNUC). • O STJ decidiu que a formalização de qualquer das modalidades de unidade de conservação invalida as licenças ambientais anteriormente concedidas (informativo 417 do STJ e RESP 1.122.909) a Prof. Thiago Leite www.estrategiaconcursos.com.br 15 de 47 DIREITO AMBIENTAL – PROCURADOR FEDERAL Teoria, jurisprudência e questões Aula 04 – Prof. Thiago Leite A zona de amortecimento se constitui em área no entorno de uma unidade de conservação, onde as atividades humanas estarão sujeitas a limitações visando minimizar os impactos negativos sobre a unidade. Todas as unidades de conservação deverão possuir a respectiva zona de amortecimento, com exceção da Área de Proteção Ambiental e da Reserva Particular do Patrimônio Nacional. Já a existência de corredores ecológicos ligando unidades de conservação dependerá da conveniência em cada caso (não é obrigatório). O uso e a ocupação dos recursos naturais existentes na zona de amortecimentoou no corredor ecológico e a própria limitação destes [zona de amortecimento e corredor ecológico] serão disciplinados pelo órgão gestor de cada unidade no ato de criação ou posteriormente. O conjunto de unidades de conservação próximas, justapostas ou sobrepostas e outras áreas protegidas, públicas ou privadas, formam o que a Lei do SNUC dá o nome de “MOSAICO”, que nasce formalmente após o reconhecimento por meio de ato do Ministério do Meio Ambiente (portaria), a pedido dos órgãos gestores das unidades de conservação. Este Mosaico será gerido por um Conselho de Mosaico, que terá caráter consultivo e será responsável pela gestão integrada. O Mosaico se constitui como importante instrumento de gestão ambiental (ordenamento do território), de modo a compatibilizar a biodiversidade, a valorização da sociodiversidade e o desenvolvimento sustentável no contexto regional. • Caso o subloso e o espaço aéreo influemciem na estabilidade do ecossistema eles integrarão os limites da unidade de conservação (artigo 23 da Lei do SNUC). a Limites das Unidades de Conservação (art. 6º e 7º do Decreto 4.340/2002) SUBSOLO Proteção Integral: definição pelo ato de criação Uso Sustentável: definição pelo ato de criação ou pelo Plano de Manejo ESPAÇO AÉREO Proteção Integral: definição pelo Plano de Manejo Uso Sustentável: definição pelo Plano de Manejo Prof. Thiago Leite www.estrategiaconcursos.com.br 16 de 47 DIREITO AMBIENTAL – PROCURADOR FEDERAL Teoria, jurisprudência e questões Aula 04 – Prof. Thiago Leite Todas as Unidades de Conservação devem possuir seu respectivo Plano de Manejo, que deverá ser elaborado no prazo de 5 anos a partir da data de sua criação, e abrangerá a área da Unidade de Conservação, sua zona de amortecimento (se houver) e os corredores ecológicos (se houver), e deve prever as medidas necessárias para a integração socioeconômica da unidade com as comunidades vizinhas (artigo 27, caput, §1º e §3º da Lei do SNUC). O Plano de Manejo poderá dispor sobre as atividades de liberação planejada e cultivo de organismos geneticamente modificados nas Áreas de Proteção Ambiental e nas zonas de amortecimento das demais categorias de unidade de conservação, observadas as informações contidas na decisão técnica da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança – CTNBio. O Plano de Manejo, elaborado pelo órgão gestor ou pelo proprietário, será aprovado por portaria ou resolução (artigo 12 do Decreto 4.340/2002). Não são permitidas atividades, dentro das unidades de conservação, que estejam em desacordo com o Plano de Manejo ou os objetivos da unidade. Nos termos do artigo 29 da Lei 9.985/2000 “cada unidade de conservação do grupo de Proteção Integral disporá de um Conselho Consultivo, presidido pelo órgão responsável por sua administração e constituído por representantes de órgãos públicos, de organizações da sociedade civil, por proprietários de terras localizadas em Refúgio de Vida Silvestre ou Monumento Natural, quando for o caso, e, na hipótese prevista no § 2o do art. 42, das populações tradicionais residentes, conforme se dispuser em regulamento e no ato de criação da unidade”. • Na elaboração, atualização e implementação do Plano de Manejo das Reservas Extrativistas, das Reservas de Desenvolvimento Sustentável, das Áreas de Proteção Ambiental e, quando couber, das Florestas Nacionais e das Áreas de Relevante Interesse Ecológico, será assegurada a ampla participação da população residente (artigo 27, §2º da Lei do SNUC) Unidades de Conservação do grupo Proteção Integral Até que seja elaborado o Plano de Manejo só serão permitidas atividades/obras que visem garantir a integridade dos recursos que a UC visa proteger (art. 28, § único da Lei do SNUC) Prof. Thiago Leite www.estrategiaconcursos.com.br 17 de 47 DIREITO AMBIENTAL – PROCURADOR FEDERAL Teoria, jurisprudência e questões Aula 04 – Prof. Thiago Leite A lei do SNUC permite a gestão de qualquer unidade de conservação por Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público – OSCIP, pessoas jurídicas de direito privado sem fins lucrativos que celebram termo de parceria com o Poder Público (entidade integrante do terceiro setor), desde que haja afinidade dos objetivos da OSCIP com os objetivos da UC (artigo 30 da Lei do SNUC). É proibida a inserção nas UCs de espécies não nativas, salvo nas Áreas de Proteção Ambiental, nas Florestas Nacionais, nas Reservas Extrativistas e nas Reservas de Desenvolvimento Sustentável, bem como os animais e plantas necessários à administração e às atividades das demais categorias de unidades de conservação, de acordo com o que se dispuser em regulamento e no Plano de Manejo da unidade (artigo 31, caput e §1º da Lei do SNUC). Nas áreas particulares localizadas em Refúgios de Vida Silvestre e Monumentos Naturais podem ser criados animais domésticos e cultivadas plantas considerados compatíveis com as finalidades da unidade, de acordo com o que dispuser o seu Plano de Manejo (artigo 31, §2º da Lei do SNUC). Nos termos do artigo 33 da Lei 9.985/2000 “a exploração comercial de produtos, subprodutos ou serviços obtidos ou desenvolvidos a partir dos recursos naturais, biológicos, cênicos ou culturais ou da exploração da imagem de unidade de conservação, exceto Área de Proteção Ambiental e Reserva Particular do Patrimônio Natural, dependerá de prévia autorização e sujeitará o explorador a pagamento, conforme disposto em regulamento”. • A Lei do SNUC prevê a atuação conjunta do Poder Público com a comunidade científica no sentido de fomentar pesquisas voladas para a proteção do meio ambiente, pesquisas essas que dependem, todavia, de autorização prévia do órgão gestor da unidade, com exceção das unidades APA e RPPN (artigo 32 ) Prof. Thiago Leite www.estrategiaconcursos.com.br 18 de 47 DIREITO AMBIENTAL – PROCURADOR FEDERAL Teoria, jurisprudência e questões Aula 04 – Prof. Thiago Leite As Reservas da Biosfera constituem um modelo internacional de gestão ambiental da UNESCO (reconhecida pelo Programa Intergovernamental “O Homem e a Biosfera – MAB”), modelo esse caracterizado pela integração, articulação e participação entre os diversos atores sociais (governamentais ou não), voltados para a eficiência da preservação ambiental. Poderão ser constituídas por uma ou várias áreas núcleo, zonas de amortecimento, zonas de transição ou mesmo unidades, formando uma coleção representativa dos ecossistemas regionais. Podem ser formadas por áreas públicas ou privadas, e é gerida por um Conselho Deliberativo, integrado por representantes de instituições públicas, de organizações da sociedade civil e da população residente, conforme se dispuser em regulamento e no ato de constituição da unidade. A Reserva da Biosfera “Representa um forte compromisso do Governo local, perante seus cidadãos e a comunidade internacional que realizará os esforços e atos de gestão necessários para preservar essas áreas e estimular o Desenvolvimento Sustentável, dentro do espírito da solidariedade universal. Os Governos locais, espontaneamente, indicam as áreas que querem ver declaradas como Reserva da Biosfera e se dispõem a transformar sua vontade política em ações concretas para que o propósito seja alcançado. A Reserva da Biosfera não interfere na soberania e no princípio de autodeterminação, porque apenas referenda e reforça os instrumentos de proteção (códigos, leis) já consagrados a nível local”2. Ao todo são 7 Reservas da Biosfera no país: Mata Atlântica, Cinturão Verde de São Paulo, Cerrado, Pantanal, Caatinga, Amazônia Central e Serra do Espinhaço. Segue cópia do Certificado do Cinturão Verde de São Paulo como Reserva da Biosfera.2 Retirado do site http://iflorestal.sp.gov.br/o-instituto/rbcv/ Destinação da taxa de visitação nas UCs do grupo Proteção Integral Implantação, manutenção e gestão da unidade 25% a 50% Regularização fundiária das UCs do grupo 25% a 50% Implantação, manutenção e gestão de outras UCs do grupo 15% e 50% Prof. Thiago Leite www.estrategiaconcursos.com.br 19 de 47 DIREITO AMBIENTAL – PROCURADOR FEDERAL Teoria, jurisprudência e questões Aula 04 – Prof. Thiago Leite Prof. Thiago Leite www.estrategiaconcursos.com.br 20 de 47 DIREITO AMBIENTAL – PROCURADOR FEDERAL Teoria, jurisprudência e questões Aula 04 – Prof. Thiago Leite Em obediência ao artigo 50 da Lei 9.985/2000 o Ministério do Meio Ambiente mantém, com a colaboração dos órgãos federais, estaduais e municipais, o Cadastro Nacional de Unidades de Conservação – CNUC, que serve como banco de dados contendo informações detalhadas sobre todas as unidades de conservação existentes (características físicas, biológicas, turísticas, gerenciais). Importante ressaltar que os recursos provenientes da compensação ambiental serão destinados exclusivamente às unidades de conservação reconhecidas pela CNUC, nos termos do artigo 11 da Resolução CONAMA 371/2006. As ilhas oceânicas e costeiras destinam-se prioritariamente à proteção da natureza e sua destinação para fins diversos deve ser precedida de autorização do órgão ambiental competente (artigo 44 da Lei do SNUC). A área de uma unidade de conservação do Grupo de Proteção Integral, bem como sua área de amortecimento, é considerada zona rural, para os efeitos legais (artigo 49 da Lei do SNUC). A instalação de redes de abastecimento de água, esgoto, energia e infra-estrutura urbana em geral, em unidades de conservação onde estes equipamentos são admitidos, nas zonas de amortecimento das unidades do grupo Proteção Integral e nas propriedades privadas inseridas nessas unidades e ainda não indenizadas depende de prévia aprovação do órgão responsável por sua administração, sem prejuízo da necessidade de elaboração de estudos de impacto ambiental e outras exigências legais (artigo 46 da Lei do SNUC). • O IBAMA pode, excepcionalmente, permitir a captura de exemplares de espécies ameaçadas de extinção destinadas a programas de criação em cativeiro ou formação de coleções científicas (artigo 54 da Lei do SNUC) Prof. Thiago Leite www.estrategiaconcursos.com.br 21 de 47 DIREITO AMBIENTAL – PROCURADOR FEDERAL Teoria, jurisprudência e questões Aula 04 – Prof. Thiago Leite O STJ decidiu que as limitações administrativas ocorridas em propriedade privada decorrentes da criação de unidades de conservação em regra não geram direito a indenização, salvo quando houver o esvaziamento do valor econômico do bem, caso em deverá haver a justa indenização por meio de ação de direito pessoal fundada na responsabilidade aquiliana, cujo prazo prescricional será de 5 anos. Não há que se confundir com a desapropriação indireta, pois nesta é necessário o apossamento do bem pelo Poder Público, o que não ocorre no caso em comento (AgRg no REsp 155.302) 4 – Compensação Ambiental A compensação ambiental se constitui como um importante mecanismo financeiro de reparação pelos efeitos danosos não mitigáveis (não contornáveis) no meio ambiente causados pela implantação de obras/atividades de significativo impacto ambiental, e verificados no momento do licenciamento ambiental, através do EIA/RIMA. A sua origem no direito brasileiro se deu com a Resolução CONAMA 10/87, que em seu artigo 1º impunha ao empreendedor, nos casos de danos ambientais causados por obras de grande porte, a obrigação de implantar uma Estação Ecológica como forma de compensar a degradação ambiental causada. O assunto passou a ser previsto no artigo 36 da Lei 9.985/2000, nos seguintes termos: Lei 9.985/2000 Art. 36. Nos casos de licenciamento ambiental de empreendimentos de significativo impacto ambiental, assim considerado pelo órgão ambiental competente, com fundamento em estudo de impacto ambiental e respectivo relatório - EIA/RIMA, o empreendedor é obrigado a apoiar a implantação e manutenção de unidade de conservação do Grupo de Proteção Integral, de acordo com o disposto neste artigo e no regulamento desta Lei. 1o O montante de recursos a ser destinado pelo empreendedor para esta finalidade não pode ser inferior a meio por cento dos custos totais previstos para a implantação do empreendimento, sendo o percentual fixado pelo órgão ambiental licenciador, de acordo com o grau de impacto ambiental causado pelo empreendimento; [VER ADI 3.378] § 2o Ao órgão ambiental licenciador compete definir as unidades de conservação a serem beneficiadas, considerando as propostas apresentadas no EIA/RIMA e ouvido o empreendedor, podendo inclusive ser contemplada a criação de novas unidades de conservação; § 3o Quando o empreendimento afetar unidade de conservação específica ou sua zona de amortecimento, o licenciamento a que se refere o caput deste artigo só poderá ser concedido mediante autorização do órgão responsável por sua administração, e a unidade afetada, mesmo que não pertencente ao Grupo de Prof. Thiago Leite www.estrategiaconcursos.com.br 22 de 47 DIREITO AMBIENTAL – PROCURADOR FEDERAL Teoria, jurisprudência e questões Aula 04 – Prof. Thiago Leite Proteção Integral, deverá ser uma das beneficiárias da compensação definida neste artigo. E como se materializa, na prática, a compensação ambiental? A compensação ambiental se dará através do pagamento de uma quantia (porcentagem sobre o valor total do empreendimento), pelo empreendedor, a ser apurada pelo órgão licenciador conforme o grau da degradação ambiental, e tal valor será destinado à implantação ou manutenção de unidades de conservação do grupo “Proteção Integral” ou do grupo “Uso Sustentável” quando uma de suas unidades for afetada pelo empreendimento. No âmbito federal esse valor é direcionado para o fundo nacional de compensação ambiental, que é gerido pela Caixa Econômica Federal. O Decreto regulamentador da Lei do SNUC traz a previsão da criação, no âmbito dos órgãos licenciadores, de câmaras de compensação ambiental, que terá a incumbência de analisar e propor a aplicação da compensação ambiental. Importante anotar que o STF, no julgamento da ADI 3.378, considerou constitucional o instituto da compensação ambiental, mas declarou inconstitucional a fixação de um piso mínimo de 0,5% dos custos da obra para fins de compensação ambiental, haja vista que referido valor deverá ser proporcional ao impacto ambiental. A compensação ambiental densifica o princípio do poluidor-pagador, pois impõe ao agente poluidor a internalização das externalidades ambientais negativas, conforme vimos em aula passada. Portanto, antes do início da atividade que cause impacto ambiental o agente deverá assumir os custos necessários à proteção do meio ambiente. A compensação ambiental deverá ser adimplida após a expedição do EIA/RIMA e antes da emissão da licença ambiental (deverá ser prévia ao dano). Lembrando que, no licenciamento do empreendimento de significativo impacto ambiental, poderão haver impactos mitigáveis (contornáveis, neutralizáveis), caso em que não haverá necessidade da compensação ambiental (pois não há o que compensar) e impactos não mitigáveis (incontornáveis), caso em que deverá, obrigatoriamente, haver a compensação ambiental. • O artigo 2º da Resolução CONAMA 371/2006 restringe a compensação ambiental apenas à degradação relativa aos recursos ambientais, o que excluiria, em tese,o meio ambiente artificial (do trabalho, urbanístico, paisagístico). Prof. Thiago Leite www.estrategiaconcursos.com.br 23 de 47 DIREITO AMBIENTAL – PROCURADOR FEDERAL Teoria, jurisprudência e questões Aula 04 – Prof. Thiago Leite 5 – Populações Tradicionais Continuando em nosso estudo, passemos para o tema “populações tradicionais”. Mas o que significa isso? Quem são esses povos? É o que vamos descobrir a seguir. Populações tradicionais são grupos culturalmente diferenciados, por possuírem formas próprias de organização social e que ocupam e usam o território e os recursos naturais como condição para sua reprodução cultural, social, religiosa, ancestral e econômica, utilizando conhecimentos, práticas e inovações gerados e transmitidos pela tradição (conceito dado pelo Decreto 6.040/2007, que instituiu a Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais – PNPCT). POVOS TRADICIONAIS DO CERRADO POVOS CAIÇARAS INDÍGENAS QUILOMBOLAS EXTRATIVISTAS Dever jurídico na compensação ambiental Voltado ao empreendedor Reparar os danos ambientais não mitigáváveis mediante o pagamento de uma quantia Voltado ao Poder Público Investir a quantia na implantação/manutenção de UC do grupo Proteção Integral Prof. Thiago Leite www.estrategiaconcursos.com.br 24 de 47 DIREITO AMBIENTAL – PROCURADOR FEDERAL Teoria, jurisprudência e questões Aula 04 – Prof. Thiago Leite Nas Áreas de Proteção Ambiental, Áreas de Relevante Interesse Ecológico e especialmente nas Florestas Nacionais, Reservas Extrativistas e Reservas de Desenvolvimento Sustentável é permitida a permanência de populações tradicionais, desde que sejam observadas as normas aplicáveis a cada unidade no que se refere ao uso dos recursos naturais. Nas UCs que não permitam a permanência das populações tradicionais, como por exemplo, nas Estações Ecológicas e Reservas Biológicas, as populações tradicionais existentes deverão ser indenizadas ou compensadas pelas benfeitorias existentes e realocadas, de forma prioritária e adequada pelo Poder Público para um local acordado entre as partes (artigo 42 da Lei do SNUC). Ate que haja o devido reassentamento das populações tradicionais serão estabelecidas normas e ações voltadas para a compatibilização dessa presença com os objetivos da unidade. Como já visto anteriormente, a posse e o uso das áreas ocupadas pelas populações tradicionais nas Reservas Extrativistas e Reservas de Desenvolvimento Sustentável serão regulados por contrato de concessão de direito real de uso (artigo 23 da Lei do SNUC). INDÍGENAS: Primeiros habitantes e donos da terra, onde produzem seus alimentos, reproduzem sua cultura, costumes e tradições. Assim são os indígenas, povos que conhecem bem os solos, rios, lagos, animais e plantas dos locais em que vivem. Hoje, no Brasil, vivem cerca de 800 mil índios, o equivalente a 0,4% da população brasileira, segundo dados do Censo 2010. Os índios estão em 688 terras indígenas3. QUILOMBOLAS: o passado, época da escravidão no País, negros e negras se refugiavam em terras distantes a fim de se esconderem e viverem em liberdade. Essas terras ganharam o nome de quilombos. A imagem de escravidão propagada pela “história oficial” ainda permanece no imaginário das pessoas, fazendo com que a luta do povo negro e suas práticas de resistência não sejam verdadeiramente reconhecidas pela sociedade. Foi somente a partir da Constituição Federal, de 1988, que o tema quilombola entrou na pauta das políticas públicas do Governo Federal, graças à mobilização de organizações sociais. Dentre as bandeiras empunhadas pelas famílias remanescentes de quilombos, está a conquista dos títulos de posse de terra4. CAIÇARAS: Denominam-se caiçaras os habitantes tradicionais do litoral das regiões Sudeste e Sul do Brasil, formados a partir da miscigenação entre índios, brancos e negros e que vivem da pesca artesanal, da agricultura, da 3 http://www.cerratinga.org.br/populacoes/indigenas/ 4 http://www.cerratinga.org.br/populacoes/quilombolas/ Prof. Thiago Leite www.estrategiaconcursos.com.br 25 de 47 DIREITO AMBIENTAL – PROCURADOR FEDERAL Teoria, jurisprudência e questões Aula 04 – Prof. Thiago Leite caça, do extrativismo vegetal, do artesanato e, mais recentemente, do ecoturismo5. EXTRATIVISTAS: São aqueles grupos que vivem basicamente da pesca, da caça, do plantio de mandioca e da coleta de produtos da floresta, como fibras, cipós, remédios, frutas, cascas, gomas e resinas. Conhecem profundamente a natureza e a usam sem destruí-la, pois dependem dela para sobreviver6. COMUNIDADES DE FUNDO DE PASTO: Seguindo na contramão dos séculos que engessaram o sistema produtivo nacional com modelos baseados na concentração de terras, na monocultura e voltados à exportação, vivem as comunidades de fundo de pasto na Caatinga. Estas se caracterizam pela posse e uso comunitário da terra e dos seus recursos. Costuma-se afirmar que nestes espaços o bode é o rei. Isto porque, no fundo de pasto, os animais são criados livremente, sendo reconhecidos por algumas marcas feitas pelos seus donos. Tal modelo de criação facilita o acesso dos animais à água e à comida, principalmente nos períodos de estiagem severa, além de ser um exemplo de adaptação e convivência com o clima semi-árido da região7. 6 - Jurisprudência Correlata ... 2. É possível a realização de desapropriação para fins de reforma agrária em imóveis abrangidos por áreas de proteção ambiental, desde que cumprida a legislação pertinente. Precedentes. No presente caso, foi requerida licença prévia para assentamento de reforma agrária. 3. Agravo regimental ao qual se nega provimento.(STF - MS: 28406 DF, Relator: Min. DIAS TOFFOLI, Data de Julgamento: 19/12/2012, Tribunal Pleno, Data de Publicação: ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-080 DIVULG 29- 04-2013 PUBLIC 30-04-2013) Quando da edição do Decreto de 27.02.2001, a Lei nº 9.985/00 não havia sido regulamentada. A sua regulamentação só foi implementada em 22 de agosto de 2002, com a edição do Decreto nº 4.340/02. O processo de 5 https://pt.wikipedia.org/wiki/caiçara 6 http://www.amazoniabrasil.org.br/pt/povos.htm 7 http://www.cerratinga.org.br/populacoes/comunidades-de-fundos-de-pasto/ Prof. Thiago Leite www.estrategiaconcursos.com.br 26 de 47 DIREITO AMBIENTAL – PROCURADOR FEDERAL Teoria, jurisprudência e questões Aula 04 – Prof. Thiago Leite criação e ampliação das unidades de conservação deve ser precedido da regulamentação da lei, de estudos técnicos e de consulta pública. O parecer emitido pelo Conselho Consultivo do Parque não pode substituir a consulta exigida na lei. O Conselho não tem poderes para representar a população local. Concedida a segurança, ressalvada a possibilidade da edição de novo decreto. (STF, MS 24.184, de 13/08/2003) ...3. A consulta pública, que não tem natureza de plebliscito, visa a "subsidiar a definição da localização, da dimensão e dos limites mais adequados" (art. 5º do Decreto 4.340/02) para a unidade de conservação, sendo facultativa quando se tratar de proposta de criação de estação ecológica ou reserva biológica (§ 4º do art. 22 da Lei 9.985/00)... (STF, MS 25.347, de 17/02/2010) MEIO AMBIENTE. Unidade de conservação. Estação ecológica. Ampliação dos limites originais na medida do acréscimo, mediante decreto do Presidente da República. Inadmissibilidade. Falta de estudos técnicos e de consultapública. Requisitos prévios não satisfeitos. Nulidade do ato pronunciada. Ofensa a direito líquido e certo. Concessão do mandado de segurança. Inteligência do art. 66, §§ 2º e 6º, da Lei nº 9.985/2000. Votos vencidos. A ampliação dos limites de estação ecológica, sem alteração dos limites originais, exceto pelo acréscimo proposto, não pode ser feita sem observância dos requisitos prévios de estudos técnicos e consulta pública (STF, MS 24.665, de 01/12/2004) ... 3. O § 2º do art. 22 da Lei nº 9.985/2000 não exige que os estudos técnicos estejam concluídos por ocasião das consultas públicas, mas, tão somente, por ocasião da criação da própria unidade de conservação... (STF, MS 26.189, AgR, 06/06/2013) AMBIENTAL E ADMINISTRATIVO – MANDADO DE SEGURANÇA – INEXISTÊNCIA DE VIOLAÇÃO DO ART. 535, II, DO CPC – PARQUE NACIONAL DAS ARAUCÁRIAS – INVALIDAÇÃO DE LICENÇAS AMBIENTAIS PARA O APROVEITAMENTO DE ÁRVORES CAÍDAS, SECAS OU MORTAS, PELO DECRETO INSTITUIDOR DO PARQUE – POSSIBILIDADE – DEBATE QUE NÃO SE RESUME À TRANSFERÊNCIA DA PROPRIEDADE PARTICULAR PARA O DOMÍNIO PÚBLICO – DEGRADAÇÃO AMBIENTAL IMINENTE – DESNECESSIDADE DE ATO FORMAL PARA QUE A PROTEÇÂO A FAUNA, FLORA, BELEZAS NATURAIS E O EQUILÍBRIO ECOLÓGICO SEJA IMPLEMENTADA. 1. Inexiste a alegada violação do art. 535, II, pois a prestação jurisdicional foi dada na medida da pretensão deduzida, como se depreende da análise do acórdão recorrido. Prof. Thiago Leite www.estrategiaconcursos.com.br 27 de 47 DIREITO AMBIENTAL – PROCURADOR FEDERAL Teoria, jurisprudência e questões Aula 04 – Prof. Thiago Leite 2. Qualquer alteração danosa ou potencialmente danosa ao ecossistema deve ser combatida pelo Poder Público, sendo a criação de Parque Nacional mais um dos inúmeros instrumentos oferecidos pelo ordenamento jurídico à sociedade - para a preservação do meio ambiente. 3. A criação de Parque Nacional não muda a essência ecológica da área em questão; autoriza sim a alteração da natureza da propriedade, ou seja, não é a criação de tal Unidade de Conservação de Proteção Integral, ou a desapropriação em si, que vai garantir proteção ao ecossistema, pois esta proteção lhe é inerente e independe da criação de qualquer Unidade de Conservação ou de qualquer formalização pelo Poder Público, sendo essencialmente pautada na concepção fática da relevância ambiental da área, seja pública ou particular. Caso contrário, a defesa do meio ambiente somente poderia ocorrer em áreas públicas. 4. A formalização de qualquer das modalidades de Unidade de Conservação invalida as licenças ambientais anteriormente concedidas. Além disso, é patente, in casu, que a extração pretendida é danosa ao ecossistema do Parque, o que impede a concessão de novas licenças. Recurso especial provido. (STJ, REsp 1.122.909, Rel. Min. Humberto Martins, 24/11/2009) AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. ART. 36 E SEUS §§ 1º, 2º E3º DA LEI Nº 9.985, DE 18 DE JULHO DE 2000. CONSTITUCIONALIDADE DA COMPENSAÇÃO DEVIDA PELA IMPLANTAÇÃO DE EMPREENDIMENTOS DE SIGNIFICATIVO IMPACTO AMBIENTAL. INCONSTITUCIONALIDADE PARCIAL DO § 1º DO ART. 36. 1. O compartilhamento-compensação ambiental de que trata o art. 36 da Lei nº9.985/2000 não ofende o princípio da legalidade, dado haver sido a própria lei que previu o modo de financiamento dos gastos com as unidades de conservação da natureza. De igual forma, não há violação ao princípio da separação dos Poderes, por não se tratar de delegação do Poder Legislativo para o Executivo impor deveres aos administrados. 2. Compete ao órgão licenciador fixar o quantum da compensação, de acordo com a compostura do impacto ambiental a ser dimensionado no relatório - EIA/RIMA. 3. O art. 36 da Lei nº 9.985/2000 densifica o princípio usuário- pagador, este a significar um mecanismo de assunção partilhada da responsabilidade social pelos custos ambientais derivados da atividade econômica. 4. Inexistente desrespeito ao postulado da razoabilidade. Compensação ambiental que se revela como instrumento adequado à defesa e Prof. Thiago Leite www.estrategiaconcursos.com.br 28 de 47 DIREITO AMBIENTAL – PROCURADOR FEDERAL Teoria, jurisprudência e questões Aula 04 – Prof. Thiago Leite preservação do meio ambiente para as presentes e futuras gerações, não havendo outro meio eficaz para atingir essa finalidade constitucional. Medida amplamente compensada pelos benefícios que sempre resultam de um meio ambiente ecologicamente garantido em sua higidez. 5. Inconstitucionalidade da expressão "não pode ser inferior a meio por cento dos custos totais previstos para a implantação do empreendimento", no § 1º do art. 36 da Lei nº 9.985/2000. O valor da compensação-compartilhamento é de ser fixado proporcionalmente ao impacto ambiental, após estudo em que se assegurem o contraditório e a ampla defesa. Prescindibilidade da fixação de percentual sobre os custos do empreendimento.. 6. Ação parcialmente procedente. (STF, ADI 3.378, 09/04/2008) ... 2. O artigo 36 da Lei n.º9.985/2000 prevê o instituto de compensação ambiental com base em conclusão de EIA/RIMA, de que o empreendimento teria significativo impacto ambiental e mensuração do dano previsível e indispensável a sua realização. 3. A compensação tem conteúdo reparatório, em que o empreendedor destina parte considerável de seus esforços em ações que sirvam para contrabalançar o uso de recursos naturais indispensáveis à realização do empreendimento previsto no estudo de impacto ambiental e devidamente autorizados pelo órgão competente. 4. O montante da compensação deve ater-se àqueles danos inevitáveis e imprescindíveis ao empreendimento previsto no EIA/RIMA, não se incluindo aqueles que possam ser objeto de medidas mitigadoras ou preventivas. 5. A indenização por dano ambiental, por seu turno, tem assento no artigo 225, § 3º, da Carta da Republica, que cuida de hipótese de dano já ocorrido em que o autor terá obrigação de repará-lo ou indenizar a coletividade. Não há como se incluir nesse contexto aquele foi previsto e autorizado pelos órgãos ambientais já devidamente compensado. 6. Os dois institutos têm natureza distinta, não havendo bis in idem na cobrança de indenização, desde que nela não se inclua a compensação anteriormente realizada ainda na fase de implantação do projeto. 7. O pleito de compensação por meio do oferecimento de gleba feito previamente pelo Governo do Distrito Federal como meio de reparar a construção da estrada em área de conservação não pode ser acolhido, seja pela inexistência de EIA/RIMA - requisito para aplicação do artigo 36 da Lei nº9.985/2000-, seja pela existência de danos que não foram identificados nos relatórios técnicos que justificaram a dispensa do estudo... (STJ, REsp 896.863, Rel. Min. Castro Meira, 19/05/2011) Prof. Thiago Leite www.estrategiaconcursos.com.br 29 de 47 DIREITO AMBIENTAL – PROCURADOR FEDERAL Teoria, jurisprudência e questões Aula 04 – Prof. Thiago Leite ... 4) O legislador, levando em conta o conflito de interesses entre o direito à moradia e o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, procurou equaliza-los, resguardando as populações tradicionais cuja subsistência dependa da utilização de recursos naturais existentes no interior das unidades de conservação. Assim é que em relação a estes grupos humanos foi imposto ao Poder Público o dever de assegurar meios de subsistência alternativos ou, ao menos, a justa indenização pelos recursos perdidos com a instituição da unidade de conservação sobre as áreas ocupadas (art. 5º, X, Lei 9985/2000). Por outro lado, aqueles que habitavam a área previamente à instituição da unidade de conservação têm direito à indenização em decorrência da desapropriação do bem. (STJ, decisão monocrática doMin. Humberto Martins, ARESP 804.174) ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. DESAPROPRIAÇÃO INDIRETA. NÃO CONFIGURAÇÃO. NECESSIDADE DO EFETIVO APOSSAMENTO E DA IRREVERSIBILIDADE DA SITUAÇÃO. NORMAS AMBIENTAIS. LIMITAÇÃO ADMINISTRATIVA. ESVAZIAMENTO ECONÔMICO DA PROPRIEDADE. AÇÃO DE DIREITO PESSOAL. PRESCRIÇÃO QUINQUENAL. 1. A criação de áreas especiais de proteção ambiental - salvo quando tratar-se de algumas unidades de conservação de proteção integral e de uso sustentável em que a lei impõe que o domínio seja público - configura limitação administrativa, que se distingue da desapropriação. Nesta, há transferência da propriedade individual para o domínio do expropriante com integral indenização; naquela, há apenas restrição ao uso da propriedade imposta genericamente a todos os proprietários, sem qualquer indenização. 2. Se a restrição ao uso da propriedade esvaziar o seu valor econômico, deixará de ser limitação para ser interdição de uso da propriedade, e, neste caso, o Poder Público ficará obrigado a indenizar a restrição que aniquilou o direito dominial e suprimiu o valor econômico do bem. (Hely Lopes Meirelles. Direito Administrativo Brasileiro. São Paulo: Malheiros, 2009. 35ª ed., págs. 645/646.) 3. Esta indenização, todavia, não se fundará na existência de desapropriação indireta, pois, para que esta ocorra é necessário que haja o efetivo apossamento da propriedade pelo Poder Público. Desse modo, as restrições ao direito de propriedade, impostas por normas ambientais, ainda que esvaziem o conteúdo econômico, não se constituem desapropriação indireta. 4. Assim, ainda que ocorrido danos aos agravados, em face de eventual esvaziamento econômico de propriedade, tais devem ser indenizados pelo Estado, por meio de ação de direito pessoal fundada na responsabilidade aquiliana, cujo prazo prescricional é de 5 anos, nos termos do art. 10, Prof. Thiago Leite www.estrategiaconcursos.com.br 30 de 47 DIREITO AMBIENTAL – PROCURADOR FEDERAL Teoria, jurisprudência e questões Aula 04 – Prof. Thiago Leite parágrafo único, do Decreto-Lei n. 3.365/41. (STJ, AgRg no AREsp 155.302, Rel. Min. Humberto Martins, 20/11/2012) ...1. Não há desapropriação indireta sem que haja o efetivo apossamento da propriedade pelo Poder Público. Desse modo, as restrições ao direito de propriedade, impostas por normas ambientais, ainda que esvaziem o conteúdo econômico, não se constituem desapropriação indireta. 2. O que ocorre com a edição de leis ambientais que restringem o uso da propriedade é a limitação administrativa, cujos prejuízos causados devem ser indenizados por meio de uma ação de direito pessoal, e não de direito real, como é o caso da ação em face de desapropriação indireta. (STJ, AgRg no REsp 1.192.971, Rel. Min. Humberto Martins, 03/09/2010). ...ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE CILIAR 2. Primigênio e mais categórico instrumento de expressão e densificação da "efetividade" do "direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado", a Área de Preservação Permanente ciliar (= APP ripária, ripícola ou ribeirinha), pelo seu prestígio ético e indubitável mérito ecológico, corporifica verdadeira trincheira inicial e última - a bandeira mais reluzente, por assim dizer – do comando maior de "preservar e restaurar as funções ecológicas essenciais", prescrito no art. 225, caput e § 1º, I, da Constituição Federal. 3. Aferrada às margens de rios, córregos, riachos, nascentes, charcos, lagos, lagoas e estuários, intenta a APP ciliar assegurar, a um só tempo, a integridade físico-química da água, a estabilização do leito hídrico e do solo da bacia, a mitigação dos efeitos nocivos das enchentes, a barragem e filtragem de detritos, sedimentos e poluentes, a absorção de nutrientes pelo sistema radicular, o esplendor da paisagem e a própria sobrevivência da flora ribeirinha e fauna. Essas funções multifacetárias e insubstituíveis elevam-na ao status de peça fundamental na formação de corredores ecológicos, elos de conexão da biodiversidade, genuínas veias bióticas do meio ambiente. Objetivamente falando, a vegetação ripária exerce tarefas de proteção assemelhadas às da pele em relação ao corpo humano: faltando uma ou outra, a vida até pode continuar por algum tempo, mas, no cerne, muito além de trivial mutilação do sentimento de plenitude e do belo do organismo, o que sobra não passa de um ser majestoso em estado de agonia terminal. 4. Compreensível que, com base nessa ratio ético-ambiental, o legislador caucione a APP ripária de maneira quase absoluta, colocando-a no ápice do complexo e numeroso panteão dos espaços protegidos, ao prevê-la na forma de superfície intocável, elemento cardeal e estruturante no esquema maior do meio ambiente ecologicamente equilibrado. Por tudo isso, a APP Prof. Thiago Leite www.estrategiaconcursos.com.br 31 de 47 DIREITO AMBIENTAL – PROCURADOR FEDERAL Teoria, jurisprudência e questões Aula 04 – Prof. Thiago Leite ciliar qualifica-se como território non aedificandi. Não poderia ser diferente, hostil que se acha à exploração econômica direta, desmatamento ou ocupação humana (com as ressalvas previstas em lei, de caráter totalmente excepcional e em numerus clausus, v.g., utilidade pública, interesse social, intervenção de baixo impacto). 5. Causa dano ecológico in re ipsa, presunção legal definitiva que dispensa produção de prova técnica de lesividade específica, quem, fora das exceções legais, desmata, ocupa ou explora APP, ou impede sua regeneração, comportamento de que emerge obrigação propter rem de restaurar na sua plenitude e indenizar o meio ambiente degradado e terceiros afetados, sob regime de responsabilidade civil objetiva. Precedentes do STJ. LICENCIAMENTO AMBIENTAL 6. Se é certo que em licença, autorização ou Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), ao Administrador, quando implementa a legislação ambiental, incumbe agregar condicionantes, coartações e formas de mitigação do uso e exploração dos recursos naturais - o que amiúde acontece, efeito de peculiaridades concretas da biota, projeto, atividade ou empreendimento -, não é menos certo que o mesmo ordenamento jurídico não lhe faculta, em sentido inverso, ignorar, abrandar ou fantasiar prescrições legais referentes aos usos restringentes que, por exceção, sejam admitidos nos espaços protegidos, acima de tudo em APP. 7. Em respeito ao princípio da legalidade, é proibido ao órgão ambiental criar direitos de exploração onde a lei previu deveres de preservação. Pela mesma razão, mostra-se descabido, qualquer que seja o pretexto ou circunstância, falar em licença ou autorização ambiental tácita, mormente por quem nunca a solicitou ou fê-lo somente após haver iniciado, às vezes até concluído, a atividade ou o empreendimento em questão. Se, diante de pleito do particular, o Administrador permanece silente, é intolerável que a partir da omissão estatal e do nada jurídico se entreveja salvo-conduto para usar e até abusar dos recursos naturais, sem prejuízo, claro, de medidas administrativas e judiciais destinadas a obrigá-lo a se manifestar e decidir. 8. Embora o licenciamento ambiental possa, conforme a natureza do empreendimento, obra ou atividade, ser realizado, conjunta ou isoladamente, pela União, Distrito Federal e Municípios, não compete a nenhum deles - de modo direto ou indireto, muito menos com subterfúgios ou sob pretexto de medidas mitigatórias ou compensatórias vazias ou inúteis - dispensar exigências legais, regulamentares ou de pura sabedoria ecológica, sob pena de, ao assim proceder, fulminar de nulidade absoluta e insanável o ato administrativo praticado, bem como de fazer incidir, pessoalmente, sobre os servidores envolvidos, as sanções da Lei dos Crimes contra o Meio Ambiente (arts. 66, 67 e 69-A) e da Lei da Improbidade Administrativa, às Prof.Thiago Leite www.estrategiaconcursos.com.br 32 de 47 DIREITO AMBIENTAL – PROCURADOR FEDERAL Teoria, jurisprudência e questões Aula 04 – Prof. Thiago Leite quais se agrega sua responsabilização civil em regime de solidariedade com os autores diretos de eventual dano causado. (STJ, REsp 1.245.149, Rel. Min. Herman Benjamin, 13/06/2013) ... 9. O descumprimento das exigências da legislação ambiental para a hipótese de supressão da Mata Atlântica é causa de nulidade das autorizações eventualmente concedidas e dos atos praticados (art. 10 do Decreto 750/1993), sendo devida a recomposição ambiental da área afetada. (STJ, REsp 176.753, 11/11/2009/0 A Constituição do Brasil atribui ao Poder Público e à coletividade o dever de defender um meio ambiente ecologicamente equilibrado. [CB/88, art. 225, §1º, III]. A delimitação dos espaços territoriais protegidos pode ser feita por decreto ou por lei, sendo esta imprescindível apenas quando se trate de alteração ou supressão desses espaços. Precedentes." (MS 26.064, Rel. Min. Eros Grau, julgamento em 17-6-2010, Plenário, DJE de 6-8-2010.) Meio ambiente – Direito à preservação de sua integridade (CF, art. 225) – Prerrogativa qualificada por seu caráter de metaindividualidade – Direito de terceira geração (ou de novíssima dimensão) que consagra o postulado da solidariedade – Necessidade de impedir que a transgressão a esse direito faça irromper, no seio da coletividade, conflitos intergeneracionais – Espaços territoriais especialmente protegidos (CF, art. 225, § 1º, III) – Alteração e supressão do regime jurídico a eles pertinente – Medidas sujeitas ao princípio constitucional da reserva de lei – Supressão de vegetação em área de preservação permanente – Possibilidade de a administração pública, cumpridas as exigências legais, autorizar, licenciar ou permitir obras e/ou atividades nos espaços territoriais protegidos, desde que respeitada, quanto a estes, a integridade dos atributos justificadores do regime de proteção especial – Relações entre economia (CF, art. 3º, II, c/c o art. 170, VI) e ecologia (CF, art. 225) – Colisão de direitos fundamentais – Critérios de superação desse estado de tensão entre valores constitucionais relevantes – Os direitos básicos da pessoa humana e as sucessivas gerações (fases ou dimensões) de direitos (RTJ 164/158, 160-161) – A questão da precedência do direito à preservação do meio ambiente: uma limitação constitucional explícita à atividade econômica (CF, art. 170, VI) – Decisão não referendada – consequente indeferimento do pedido de medida cautelar. A preservação da integridade do meio ambiente: expressão constitucional de um direito fundamental que assiste à generalidade das pessoas." (ADI 3.540-MC, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 1º-9-2005, Plenário, DJ de 3-2-2006.) Prof. Thiago Leite www.estrategiaconcursos.com.br 33 de 47 DIREITO AMBIENTAL – PROCURADOR FEDERAL Teoria, jurisprudência e questões Aula 04 – Prof. Thiago Leite 7 - Questões Questão 01 – (FCC – 2016 – Procurador do Município de São Luiz/MA) NÃO é obrigatória a realização de consulta pública para criação de Unidade de Conservação/categoria: a) Estação Ecológica. b) Reserva Particular do Patrimônio Natural. c) Área de Preservação Permanente. d) Parque Nacional. e) Reserva Extrativista. Comentário: A Estação Ecológica e a Reserva Biológica são as únicas unidades de conservação que não necessitam da consulta pública para serem criadas, conforme artigo 22, §4º da Lei do SNUC, o que torna a letra “a” correta. Questão 02 – (FCC – 2015 – Juiz substituto do Piauí) O Refúgio de Vida Silvestre é, a) um pequeno espaço territorial, diverso de unidade de conservação, com valor ambiental, protegido nas propriedades rurais. b) uma unidade de conservação de proteção integral que tem por objetivo proteger ambientes naturais onde se asseguram condições para a existência ou reprodução de espécies ou comunidades da flora local e da fauna residente ou migratória. c) um espaço territorial, diverso de unidade de conservação, com valor ambiental, protegido, que pode ocupar até 50% de uma propriedade rural. d) uma unidade de conservação de uso sustentável que tem por objetivo proteger ambientes naturais onde se asseguram condições para a existência ou reprodução de espécies ou comunidades da flora local e da fauna residente ou migratória. e) uma área no zoneamento ecológico econômico que tem por objetivo proteger ambientes naturais onde se asseguram condições para a existência ou reprodução de espécies ou comunidades da flora local e da fauna residente ou migratória. Prof. Thiago Leite www.estrategiaconcursos.com.br 34 de 47 DIREITO AMBIENTAL – PROCURADOR FEDERAL Teoria, jurisprudência e questões Aula 04 – Prof. Thiago Leite Comentário: o Refúgio da Vida Silvestre é um tipo de unidade de conservação (o que exclui as letras “a”, “c” e “e”), pertencente ao grupo de “proteção integral” (o que exclui a letra “d”) que tem por objetivo proteger ambientes naturais onde se asseguram condições para a existência ou reprodução de espécies ou comunidades da flora local e da fauna residente ou migratória, nos termos do artigo 8º c/c 13 da Lei do SNUC, o que torna a letra “b” correta. Questão 03 – (FCC –2015– Juiz de Alagoas) A Área de Proteção Ambiental − APA é, a) um espaço territorial delimitado no interior das propriedades rurais destinado à proteção das nascentes. b) uma Unidade de Conservação de Proteção Integral formada por uma pequena área dotada de notável valor paisagístico. c) uma Unidade de Conservação de Uso Sustentável formada por uma pequena área dotada de notável valor paisagístico. d) uma Unidade de Conservação de Uso Sustentável formada por uma área em geral extensa, com um certo grau de ocupação humana, dotada de atributos ambientais relevantes. e) uma Unidade de Conservação de Proteção Integral formada por uma área em geral extensa, com um certo grau de ocupação humana, dotada de atributos ambientais relevantes. Comentário: a APA é um tipo de unidade de conservação (o que exclui a letra “a”) do grupo de “uso sustentável” (o que exclui as letras “b” e “e”) formada por uma grande área (o que exclui a letra “c”), com certo grau de ocupação humana, dotada de atributos ambientais relevantes, conforme artigos 14 e 15 da Lei do SNUC, o que torna a letra “d” correta. Questão 04 – (FCC – 2015 – Juiz substituto de Goiás) O Estado X criou por Decreto um Parque Estadual, unidade de conservação da natureza de proteção integral segundo a Lei Federal no9.985/2000. Passados 5 anos, editou-se um novo Decreto para desafetar parte da área deste Parque Estadual, reduzindo-se, assim, sua extensão territorial. O novo Decreto é: a) válido, pois não há impedimento legal para que o Ente Federativo que criou uma unidade de conservação possa alterar seus limites por meio de Decreto. Prof. Thiago Leite www.estrategiaconcursos.com.br 35 de 47 DIREITO AMBIENTAL – PROCURADOR FEDERAL Teoria, jurisprudência e questões Aula 04 – Prof. Thiago Leite b) válido, uma vez que a desafetação foi realizada pelo mesmo tipo de ato normativo que criou o Parque Estadual. c) nulo, porque há expressa proibição legal para desafetar ou reduzir limites de qualquer unidade de conservação. d) nulo, salvo se o Decreto contiver exposição de motivos. e) nulo, uma vez que a desafetação ou redução dos limites de uma unidade de conservação só pode ser feita mediante lei específica. Comentário: a desafetação ou redução de uma unidade de conservação é possível, mas deve ser efetivada por meio de lei, nos termos do artigo 22, §7º da Lei do SNUC, o que torna a letra “e” correta.
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