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ACIDENTES COM SERPENTES ACIDENTES OFÍDICOS Acidente Ofídico Crotalus durissus cascavella Crotalus durissus collilineatus Bothrops alternatus “Urutu cruzeiro” “Cascavel” “Cascavel” “Cotiara” Bothrops cotiara O corpo das serpentes é coberto por escamas e elas se diferenciam em peçonhentas e não-peçonhentas. As peçonhentas têm as escamas brilhantes e arredondadas. As não peçonhentas têm o corpo semelhante a um veludo e as escamas são pontiagudas (em forma de grão-de-arroz). Segundo a literatura estão catalogadas mais de 2400 espécies de serpentes e, destas em torno de 200 são consideradas perigosas. São encontradas em todos os continentes com exceção da Antártida. No Brasil, estudos informam a existência de mais de 250 espécies, das quais 71 são peçonhentas. Em Medicina Veterinária, os acidentes ofídicos mais freqüentes envolvem as serpentes dos gêneros Bothrops (jararaca) e Crotalus (cascavel). Acidentes com Micrurus (coral verdadeira) e Lachesis (surucucu, pico de jaca, surucutinga) são raros, não havendo soro específico de uso veterinário para o tratamento dos acidentes para essas duas últimas espécies. Para uso veterinário, no Brasil existe somente o soro anti-ofídico que neutraliza tanto o veneno crotálico , botrópico e lachetico (laboratório biolab). Bothrops moojeni Bothrops jararacussu Bothrops alternatus Bothrops jararaca surucucu Micrurus lemniscatus Micrurus corallinus A predominância dos acidentes com animais envolve as serpentes do gênero Bothrops, sendo entretanto o acidente crotálico que apresenta maior risco de vida para o animal. É importante que o clínico esteja preparado para realizar a identificação da serpente não somente pela observação das características da mesma, mas pela evolução dos sintomas. Com exceção do gênero Micrurus (coral) todas as serpentes peçonhentas são caracterizadas por possuírem um orifício entre o olho e as narinas conhecido como fosseta loreal ou lacrimal. É um orifício localizado de cada lado da cabeça das serpentes peçonhentas, entre os olhos e as narinas. Trata-se de um importante órgão sensitivo e está diretamente relacionado com o processo de caça das serpentes. Essa cavidade, provida de complexos nervos e células sensoriais, está especialmente adaptada para perceber as variações do calor irradiado pelos animais de sangue quente. Através desse órgão termorregulador, as serpentes percebem bem suas presas, orientando a extensão e a direção do bote. Famílias das serpentes peçonhentas Família Viperidae- possui 3 gêneros. Bothrops (jararaca) Crotalus (cascavel) Lachesis (surucucu) Família Elapidica- possui 2 gêneros Micrurus (corais verdadeiras) Naja Fosseta loreal ausente: *sem presas anteriores (serpentes não peçonhentas) Cobra cipó Chironius bicarinatus Cobra D'água Liophis miliaris COBRA VERDE Philodryas olfersii Boa constrictor Coral *com presas ateriores (gênero Micrurus) corais CONDUTAS PARA IDENTIFICAÇÃO DE SERPENTES Observar fosseta loreal Presente Família VIPERIDAE Cauda em chocalho Cauda com escamas lisas Cauda com escamas eriçadas Crotalus (Cascavel) Bothrops (Jararaca) Lachesis (Surucucu) Com guizo ou chocalho na cauda (gênero Crotalus) cascavel. Acidente Botrópico Acidente Botrópico Frações do veneno Fração hemorrágica (Hemorraginas) Fração coagulante (Tipo trombina) Fração Proteolítica (Proteases, Fosfolipases, Hialuronidases etc.) Mediadores inflamatórios Responsáveis pelos sintomas no local da picada Esgotamento do fibrinogênio Formação de fibrina instável CID IRA Ruptura da integridade vascular Hemorragias no local da picada, Gengivorragias, hematúria, hemorragias digestivas, Hematemese etc. As serpentes do gênero Bothrops são encontradas em todo o território nacional, compreendendo 20 espécies. Tem hábitos noturnos e são consideradas as serpentes mais agressivas encontradas no Brasil. Algumas espécies apresentam maior importância por sua extensa distribuição geográfica como, por exemplo : B. atrox na Amazônia, B. Erythromelas no nordeste, B. moojeni nas regiões centro oeste e sudeste e a B. jararaca na região sul, sudeste e centro oeste. Nomes populares: Jararaca, caracuçu, caiçara, cruzeira etc. A gravidade do acidente botrópico está relacionada à quantidade de veneno injetada no momento da picada e o tamanho do animal. Quanto menor o porte do animal, menor a chance de sobrevivência. Quanto maior for o intervalo entre o acidente e o tratamento, mais graves serão os sintomas e as seqüelas observadas, principalmente necroses . Variabilidade na composição do veneno: Para uma mesma espécie, a composição do veneno varia em função de , pelo menos, três fatores. Idade do animal: É demonstrado que o veneno da B. moojeni filhote possui maior atividade pró-coagulante (ativação do fator X, e protrombina) e menor atividade proteolítica em relação as serpentes adultas. Distribuição geográfica: serpentes de mesma espécie coletadas em ambientes diferentes podem apresentar variações de atividade dos venenos. Caráter individual entre serpentes: Constatada pelo encontro de frações diversas no veneno de serpentes de mesma procedência. Embora os venenos das serpentes Botrópicas brasileiras apresentem as três ações básicas (proteolítica, coagulante e hemorrágica), a nível experimental, foram identificadas frações específicas para determinados ofídios por exemplo: - Miotoxina com ação local em veneno de B. jararaca e B. moojeni . -Bothrops toxina, substância cardiotóxica presente no veneno da B. Jararacussu. -Fração anticoagulante inibidora da ativação do fator X e da trombina, no veneno da B. castelnaudi -Trombocitina, capaz de ativar o fator XIII, e aumentar a atividade do fator VIII e agregar plaquetas, isolada e purificada do veneno da B. atrox. -Fração agregante plaquetário no veneno de B. jararaca. MECANISMO DE AÇÃO DO VENENO As peçonhas de serpentes são, provavelmente, os mais complexos de todos os venenos, contendo vinte ou mais componentes diferentes. Mais de 90% do peso seco do veneno é constituído por proteínas, compreendendo grande variedade de enzimas, toxinas não enzimáticas e proteínas não tóxicas. As frações não protéica são representados por, lipídios, metais, enzimas biogênicas. & Acidente por Bothrops spp. Ação necrosante e proteolítica: Ação vasculotóxica: Hemorragias devido a lesões no endotélio, inclusive hematúria. Ação coagulante: Coagulação intravascular disseminada (CID), com formação de microtrombos na rede capilar. Insuficiência renal: só eventualmente, secundária a CID. PATOLOGIA: No local da picada:hemorragia, edema e necrose. Hemorragias sistêmicas. Trombose hialina, principalmente no pulmão. Rim: necrose tubular aguda, necrose cortical renal e ocasionalmente glomerulonefrite. Causa da morte: Insuficiência renal aguda, hemorragias incontroláveis, choque (mais frequente do que nos acidentes crotálicos e laquético. • Ação de enzimas do veneno botrópico em fosfolipídios de membranas celulares podem levar a liberação do ácido aracdônico. Uma vez liberado, este é convertido em prostaglandinas, tromboxanos e prostaciclina (através da via catalisada pela cicloxigenase), ou em leucotrienos (derivados da via catalisada pela lipoxigenase). • A patogênese do edema causado por venenos de serpentes com propriedades proteolíticas, há participação de mastócitos, neutrófilos e cininas plasmáticas. O fator de ativação plaquetária (PAF) e dos metabólitos do ácido araquidônico no edema induzido pelo veneno de espécies Bothrops adultas. • Isquemia provocada por microtrombos na circulação e/ou compressão devido ao edema. Ação do fator hemorrágico que causa necrose muscular. Com intensidade variável, as ações coagulantes e hemorrágicas também influem na evolução da atividade inflamatória. As ações coagulantes, ao formartrombos na microvasculatura provoca conseqüente hipóxia, com agravamento do edema e até necrose tecidual. Já a ação hemorrágica amplia o quadro inflamatório, particularmente na região da picada, através da lesão do endotélio vascular que propicia o extravasamento de líquido para o espaço intersticial. Fração Efeito Colagenase Degrada componentes estruturais que dependem do colágeno para a estrutura e orientação tissular. Hialuronidase Atua contra ligações glicosídeos de mucopolissacarídeos, permitindo ao veneno penetrar nos tecidos. Fosfolipase A e B Hidrolisa fosfolipídios liberados por ácidos graxos saturados e insaturados. Ribonucleases, DNA- ase e 5-nucleotidase. Atuam contra os ácidos nucléicos e monoésteres de fosfato. Polipeptídeos Podem induzir neurotoxicose, cardiotoxicidade, choque e permeabilidade vascular. Procoagulantes Estimula a atividade de fatores de coagulação. Anticoagulantes Inibe a atividade de fatores da coagulação. Frações do veneno Ação coagulante. O veneno botrópico possui capacidade de ativar fatores da ,coagulação sanguínea, ocasionando consumo de fibrinogênio e formação de fibrina intravascular, induz, freqüentemente, um estados de incoagulabilidade sangüínea. A maioria das serpentes do gênero Bothrops possui isolada ou simultaneamente, substâncias capazes de ativar fibrinogênio, protrombina e fator X. Ação coagulante do veneno Tipo trombina Fibrinogênio liberação do fibrinopeptídeo A Cadeia Não ocorre formação de dímeros de fibrina Não ocorre estabilização pelo fator XIII Coágulo sem estabilidade Coágulos Aumento no tempo de coagulação A formação de coágulos intravascular causa IRA Coágulos RIM IRA Monitorar a função renal 1 a 2 ml/Kg/hora Ação hemorrágica do veneno (vasculotóxica) do veneno HEMORRAGINAS 1% DO VENENO LESÃO DO ENDOTÉLIO VASCULAR OCASIONANDO A PERDA DE JUNÇÕES ENTRE AS CÉLULAS SINAIS CLÍNICOS LOCAL O processo inflamatório causado pelas frações “proteolíticas” do veneno caracteriza-se clinicamente, nas primeiras horas após o acidente, por edema e dor na região da picada. Edema, inicialmente circunscrito, pode em até 24 horas estender-se a todo o membro devido o extravasamento de líquido para o espaço extracelular. Em poucas horas, desenvolve-se linfadenopatia regional com gânglios aumentados e dolorosos, podendo instalar-se equimose no trajeto dos vasos que drenam a região. Após 12 horas do acidente, podem surgir, no local da picada, bolhas em quantidade e proporção variáveis, com conteúdo seroso, hemorrágico, necrótico ou mesmo purulento. É importante ser considerada para efeito de atendimento e tratamento, o local da picada e a espécie animal acidentada. Nos animais de grande porte, a picada nos membros leva à dificuldade de locomoção e muitas vezes ao decúbito prolongado, incapacitando o animal para pastar e ter acesso aos bebedouros. O acidente na região da boca e língua pode impossibilitar o animal de ingerir alimentos e água o que propicia a desidratação. Nos eqüinos dada a incapacidade desses animais respirarem pela boca, a picada no focinho pode levar a morte por insuficiência respiratória. O mesmo pode ocorrer com bovinos quando o edema atinge a região da laringe. 3.2.SISTÊMICOS: • Pequenos sangramentos podem ocorrer nos acidentes leves e moderados, sem repercussão hemodinâmica. São comum a gengivorragia, hematúria microscópica, sangramento conjuntival, hematemese. • Acidentes graves: perda de sangue, em que o indivíduo apresente anemia hipotensão. São revelados como causa de óbito, hemorragias digestivas e de sistema nervoso central. • O choque constitui uma evolução rara porém de instalação precoce. A sua presença está relacionada à quantidade e a via de inoculação do veneno na vítima. A liberação de mediadores inflamatórios e/ou de substâncias vasoativas, sangramento sistêmico abundante e/ou seqüestração de líquido para o compartimento acometido são responsáveis por esta manifestação, caracterizando o acidente como grave. 4 . COMPLICAÇÕES LOCAIS. • Uso de torniquetes: o uso de garroteamento no membro afetado pode levar à diminuição da perfusão, dependendo da intensidade com que é aplicado, e à concentração do veneno na região distal ao torniquete, contribuindo para uma maior distribuição tecidual. • Sucção: causa contaminação do local da picada com a flora bucal. • Incisão: aumenta a via de acesso dos microorganismos ao tecido sub-epitelial, favorecendo a infecção, a destruição do tecido e o sangramento local. 5.INFECÇÃO LOCAL O acidente com ofídios causa um ferimento perfurante na superfície cutânea, rompe a barreira da defesa mecânica, favorecendo a ocorrência de infecções por microorganismos provenientes da flora oral do ofídio. Entre os microorganismos encontrados na boca de serpentes predominantemente os bacilos gram-negativos e anaeróbios o que inclui o Clostidium sp. Necrose - Sua incidência tem sido relatada em porcentagem semelhante aos abscessos, usualmente, limita-se ao tecido subcutâneo, mas pode comprometer estruturas mais profundas, como tendões, músculos e ossos. A intensidade e a extensão da necrose estão fortemente relacionados ao uso de torniquetes e provavelmente à demora entre o acidente e o tratamento soroterápico (podendo ser necessário a amputação de membros devido à necrose). ACHADOS DE NECRÓPSIA: São encontrados edemas sero-hemorrágicos subcutâneos, petéquias hemorrágicas e sufusões sub-serosas no intestino grosso e rúmen. No coração e pericárdio são detectadas petéquias hemorrágicas e, às vezes, presença de líquido sero- hemorrágico na cavidade pericárdica. COMPLICAÇÕES SISTÊMICAS. INSUFICIENCIA RENAL AGUDA (IRA) A coagulação intravascular disseminada (CID) parece estar presente nos casos que evoluem para insuficiência renal aguda (IRA). Deposição intra-glomerular de fibrina tem sido relacionada à evolução para necrose tubular aguda por interrupção do suprimento sangüíneo tubular. 8. CLASSIFICAÇÃO QUANTO A GRAVIDADE DO ACIDENTE. No exame inicial do paciente picado deverão ser avaliados com cuidado alguns parâmetros clínicos no sentido de se determinar a gravidade do acidente e determinar o tratamento. Parâmetros vitais: devem ser monitorizados pressão arterial, freqüência cardíaca e respiratória. Locais de sangramento: Pesquisar hemorragias na região da picada, locais de venopunção, ferimentos pélvicos, gengivorragias, epistaxe, hematúria. Estado de hidratação, coloração e volume urinário: A função renal deve ser monitorada para se evitar insuficiência renal aguda. Intensidade do edema: A avaliação do diâmetro do membro no local da picada e regiões adjacentes, deve ser feito o controle com os membros contralateral. Presença de complicações: Bolhas, necrose abscesso etc. A classificação do acidente quanto a gravidade tem como principal objetivo orientar o tratamento com o antiveneno específico. Assim o número de ampolas utilizadas num determinado acidente depende do caso ser considerado leve, moderado ou grave. Gravidade Manifestações locais (principalmente edema) Manifestações sistêmicas: hemorragia grave e/ou hipotensão/ choque e/ou oligúria/IRA Soroterapia: (quantidade de veneno neutralizado) LEVE Ausência ou discretos ausentes 50-100mg MODERADO Moderadas ausentes 100-200mg GRAVE Moderadas ou intensas presentes 200-300mg Classificação dos acidentes Botrópico Acidente Leve •Discreto edema •Sem alteração TC Quantidade de veneno a ser neutralizado de 100mg Usar um frasco de 50ml de soro IV Tratamento inespecífico Acidente Moderado •Edema evidente •TC normal ou Alterado •Sangramento no local da picada Quantidade de veneno a ser neutralizado de 200mg Usar um frasco de 100ml de soro IV Acidente Grave • Animais com intenso edema •TC alterado ou incoagulável •Hemorragia evidente •Diminuição do V. urinário. Quantidade de veneno a ser neutralizadode 300mg Usar um frasco de 150ml de soro IV Tratamento Inespecífico Local da picada Sistêmico •Lavar o local com líquido antisséptico •Iodopovidina, permanganato •Curativos diários •Hidratar o animal parenteralmente •Soro antitetânico 5000 Unidades •Antibióticos •Antinflamatórios •Diuréticos Tempo de coagulação 5 minutos Entre 5 e 15 minutos Incoagulável Acidente leve Acidente moderado Acidente grave Classificação do acidente quanto ao tempo de coagulação TRATAMENTO: Imediatamente após o acidente, manter em repouso, evitando correr. Limpar o local com água e sabão. Fazer soroterapia antibotrópico (soro antibotrópico purificado BIO- VET). Aplicar um frasco de 50ml independentemente do porte e idade animal, pois o soro é dirigido contra o veneno. Vias SC, IM (locais diferentes) e IV. Se em três horas após a aplicação o animal não apresentar melhora. Deve-se injetar 2 a 4 frascos de 50ml de uma só vez. Fazer Antibioticoterapia Soro antitetânico (como profilaxia do tétano ) 5000UI por via SC ou IM. Hidratação com glicose a 5% + soro antibotrópico. Monitorizar os sinais vitais e o volume urinário do paciente. Embora seja um bom indicador para o prognóstico, o grau do edema pode, de acordo com a resistência do animal, ser falha, pois a ação anticoagulante do veneno botrópico precipita o fibrinogênio, tornando o sangue incoagulável, podendo produzir hemorragias intestinais, especialmente em animais com grandes infestações de vermes, o que determina a sua morte neste caso cabe lembrar que a ação antiinflamatória da medicação empregada age somente sobre o edema, sem qualquer ação sobre o efeito anticoagulante do veneno. Em Medicina Veterinária, o tratamento é feito a partir das quantidades de veneno que as serpentes podem injetar no momento da picada. Nos acidentes causados por serpentes do gênero Bothrops a quantidade de soro a ser utilizada deve ser suficiente para neutralizar no mínimo 100mg de veneno e 50mg no caso de acidentes com serpentes do gênero Crotalus. O soro antiofídico de uso comercial é padronizado de forma que 1 mililitro neutraliza 2 miligramas de veneno botrópico e 1 miligrama de veneno crotálico. Assim sendo, a quantidade mínima de soro antiofídico a ser aplicada nos acidentes crotálico ou botrópico é de 50 mililitros independente do tamanho do animal. O tratamento específico deve ser realizado com soro antiofídico ou com a fração específica do soro antiofídico, e a dose deve ser estabelecida de acordo com a gravidade clínica. Animais com discreto edema e sem alterações do tempo de coagulação apresentam quadro leve e a quantidade aproximada de veneno a ser neutralizada é de 100mg. Animais que apresentam edema evidente, com tempo de coagulação normal ou alterado devem receber soro antiofídico numa quantidade necessária para neutralizar 200mg de veneno. Animais com intenso edema, hemorragias evidentes e tempo de coagulação alterado apresentam quadro grave e a quantidade aproximada de veneno a ser neutralizada é de 300mg. Em animais de grande porte (acima de 50Kg) o volume total de soro (50ml) deve ser aplicado lentamente por via intravenosa. Nos animais de porte menor, o soro deve ser diluído em solução fisiológica e aplicado gota a gota por via intravenosa. Na impossibilidade de se utilizar a via intravenosa, o soro deve ser administrado preferencialmente pela via intra-peritoneal ou em último recurso pelas vias intramuscular e subcutânea. Em hipótese alguma o soro deve ser aplicado ou infiltrado no local da picada. Doses maiores de soro e a necessidade de repetição do tratamento devem ser consideradas em função da remissão dos sintomas. A quantidade de soro a ser utilizada deve ser aplicada independente do tempo decorrido entre o acidente e o atendimento, sendo que a eficácia do tratamento com o soro é maior quanto menor for esse tempo. O local da picada e a quantidade de veneno inoculado são fatores importantes, pois quando localizada na região da cabeça pode determinar compressão das vias respiratórias e edema de glote, trazendo grandes complicações ao quadro. Os edemas mais intensos são provocados pelas espécies Bothrops jararacussu (jararacuçu), B. atrox (jararaca ou caiçara), B. alternatus (urutus) B. moojeni (caiçara). As espécies B. jararaca e B. neuwieldi (jararaca pintada e papa-sapo) produzem um quadro mais discreto. TRATAMENTO DAS REAÇÕES ANAFILÁTICAS OU ANAFILACTÓIDES Usar: • adrenalina 1:1000 (0,01mg/kg) via subcutânea ou, em casos de para da cardíaca, via intravenosa e/ou intracardíaca • Anti-histamínico do tipo prometazina (0,1 a 0,5 mg/kg, pelas vias intramuscular e/ou intravenosa) • Aminoifilina, nos casos de bronco espasmos,na dose de 7 mg/kg intravenoso. Corticosteróides como a hidrocortizona, na dose de 7 mg/kg, diluída em 100ml de solução fisiológica glicosada a 5%, administrados por via endovenosa a cada 6 horas. •Não movimentar o animal;Administrar substância antiinflamatória inibidora de prostaglandina sintetase (flunixin meglimine) •Tratar as lesões com banhos anti-sépticos por exemplo iodopovidina a 2%; •Usar diurético osmótico (manitol a 20%) para acelerar a eliminação do veneno. •Quando houver enfartamento ganglionar, picos febris e aumento da hemossedimentação, administrar antibióticos de amplo espectro. •Drenar cirurgicamente os abscessos eventualmente formados. TESTE ALÉRGICOS AO SORO 1- Teste de escarificação Área do teste Solução fisiológica Soro Antiofídico Positivo Negativo 15 minutos depois 2- Intradérmico Tricotomia para o teste Leitura (+) Leitura (-) • Diluir 0,1 ml do soro com 0,9 ml de solução fisiológica e aplicar 0,1 ml por via intradérmica • No testemunha aplicar 0,1 ml de solução fisiológica • Fazer a leitura 15 minutos depois SA SF SA SF SA SF Procedimentos caso os teste de sensibilidade for positivo •Realizar pré-medicação 20 minutos antes da soroterapia. •Prometazina : 0,5mg/kg IM ou IV. •Hidrocortisona : 7mg/kg IV. Em caso de Processo anafilático já instalado utilizar: •Adrenalina 1:1000 (0,01mg/kg ) IV. • Monitorar funções cardíaca e respiratória. Acidente Crotálico O gênero se caracteriza por além de possuir fosseta loreal, ter a cauda terminada com um guizo ou chocalho, hábitos terrestres , vivendo em áreas mais abertas quentes e secas, distribuída ao longo do território brasileiro à exceção da mata atlântica. Possui fosseta loreal ou lacrimal, a extremidade da cauda apresenta guizo ou chocalho e cor amarelada. Nomes populares: cascavel, maracamboia etc. Acidentes por Crotalus spp Ação neurotóxica: Paralisias motora e respiratória (Pitose palpebral e perturbações da visão, em casos graves insuficiência respiratória aguda). Ação miotóxica: Rabdomiólise (dores musculares generalizadas): Mioglobinúria Ação coagulante: Consumo dos fatores de coagulação: Hemorragias discretas. 2.1.4. Ação nefrotóxica: Lesão tubular direta e indireta (Mioglobinúria): Insuficiência renal aguda (Oligúria e anúria). 2.1.5. Choque (Menos frequente que no acidente Botrópico). PATOLOGIA: Rim: necrose tubular aguda. Fígado: degeneração hidrópico-vacuolar centro-lobular. SNC: Hemorragias. Outros órgãos: raramente hemorragias. É responsável por 9% dos acidentes. Essas serpentes são menos agressivas que as jararacas, e encontram-se geralmente em locais secos. Quase não se vê o local da picada. O acidente crotálico se caracteriza por ausência de alterações no local da picada a não ser o ferimento causado pelas presas da serpente, nem sempre visível. Os sintomas mais evidentes nesse tipo de acidente são a urina de coloração escura (mioglobinúria), sinais de cegueira, dificuldade na locomoção, imobilidade total e decúbito. Nos cães, observa-se além da imobilidade, dificuldade do animal em sustentar o peso da cabeça, paralisia do globo ocular e diminuição ou ausência dos movimentos da pálpebra. O olho do animal parece estar "vidrado".Nos bovinos e eqüinos a paralisia do globo ocular pode ser observada pela rotação da cabeça do animal, sem a contrapartida da rotação do globo ocular em sentido contrário. Os cães apresentam, à medida que os sintomas evoluem, prostração total e dificuldade ou ausência de qualquer manifestação de resposta quando estimulados pelo dono. A morte do animal não tratado se dá pela paralisia respiratória e ou insuficiência renal aguda. Acidente crotálico (Cascavel) Crotoxina Crotamina Giroxina Convulxina Neurotoxicidade pré-sináptica impede a liberação de acetilcolina Bloqueio neuromuscular Parada respiratória Miotoxicidade Cilindros de mioglobina IRA Urina de coloração escura Neurotoxicidade Perturbações circulatórias Hemorragias TC Frações do veneno da Crotalus MECANISMO DE AÇÃO DO VENENO. A peçonha crotálica é um complexo tóxico-enzimático cujos efeitos biológicos variam nas diferentes espécies animais. O fracionamento do veneno crotálico tem revelado um grande números de componentes peptídeos, enzimas e toxinas. A neurotoxinas são : a Crotoxina, Crotamina, giroxina e convulxina. A crotoxina, é o principalmente responsável pela alta toxicidade do veneno. É uma neurotoxina pré-sináptica que atua nas terminações nervosas motoras inibindo a liberação da acetilcolina pelos impulsos nervosos, principal fator responsável pelo bloqueio neuromuscular e portanto pelas paralisias motoras e respiratórias observadas nos animais. A crotamina, toxina polipeptídica básica, é encontrada na peçonha das cascavéis. Atuam nas membranas das fibras musculares alterando sua permeabilidade ao sódio, produzindo espasmos musculares em alguns animais. A giroxina, é farmacologicamente pouco conhecida, produzindo síndrome convulsiva em camundongos. A convulxina produz experimentalmente perturbações respiratórias, circulatórias e atuam sobre plaquetas. Outros grupos de componentes do veneno é o das enzimas, entre as quais pela importância clínica destaca-se uma enzima tipo trombina, que provavelmente está implicada nos distúrbios da coagulação sangüínea observados em cerca de 40% dos pacientes. 2.LESÕES. AÇÃO MIOTÓXICA: Provocada pela crotoxina, fosfolipase A, degeneração (edema) mitocondrial, mioglobinúria (mioglobina na urina), degeneração muscular. AÇÃO NEUROTOXICA: ação no SNC e periférica faz bloqueio neuromuscular, provocando paralisia motora e respiratória, pelo bloqueio das junções pré-sinápticas da acetilcolina, além de vômitos, sialorreia, convulsões e albuminúria. AÇÃO NEFROTÓXICA: Obstruções tubular por cilindros de mioglobina (degeneração), desidratação, hipotensão arterial acidose metabólica (IRA) (oligúria e anúria, urina escurecida, representa a expressão clínica de (IRA) e choque. AÇÃO HEMATOLÓGICO: lesões nos eritrócitos caracterizada pelo tempo de hemosedimentação, leucócitos (desvio a esquerda com predominância de segmentados) plaquetas e esgotamento dos fatores de coagulação. AÇÃO HEPATOTÓXICO: Há necrose hepática aumento da AST (Aspartato aminotransferase) e ALT (Alanina aminotransferase) fosfatase alcalina. Ação miotóxica do veneno Ação nefrotóxica do veneno Mioglobinúria Ação Hemorrágica do veneno Ação hepatotóxica do veneno Microscopia eletrônica Sintomas clínico •Sem formação de edema no local da picada •Ptose das orelhas •Boca aberta (paralisia flácida facial) •Mialgia intensa e generalizada •Mioglobinúria em razão da miólise •Urina de coloração marrom (Cilindros de mioglobinas) •Paralisia do globo ocular •Diminuição ou ausência dos movimentosda pálpebra •Alterações na coagulação •Apatia letargia profunda, mioclonias, diminuiçãodo tônus muscular •Incoordenação motora e decúbito lateral, movimentos de pedalagem e perda da sensibilidade, paralisia flácida, dispnéia e morte Classificação do acidente crotálico Acidente leve Acidente moderado Acidente Grave •O animal não apresenta ptose de orelhas e mialgia •Tempo de coagulação normal •Urina de coloração normal Quantidade de veneno a ser neutralizado de 100mg Dose de soro 100ml •O animal apresenta ptose de orelhas • Mialgia discreta •Tempo de coagulação normal ou pouco alterado •Pupila dilatada •Letargia •Ausência de oligúria ou anúria Quantidade de veneno a ser neutralizado de 200mg Dose de soro 200ml •Ptose de orelha evidente • Mialgia (animal evita andar) •Tempo de coagulação alterado. •Urina cor de café •Pupila dilatada •Letargia (sonolência) • Oligúria ou anúria (IRA). Quantidade de veneno a ser neutralizado de 300mg Dose de soro 300ml SINTOMAS ESPECÍFICOS O envenenamento geralmente se torna evidente nas primeiras seis horas, quando se evidencia ptose palpebral uni ou bilateral e flacidez de musculatura da face caracterizando um fáceis miastênica ou “fáceis neurotóxica”, midríase (dilatação da pupila) com referência a visão turva, até cegueira, dificuldade de deglutição, alteração do olfato e do paladar. Alterações descritas evidenciam o comprometimento do III (oculomotor), IV (troclear) e VI (abducente) pares de nervos cranianos. Dores musculares, a urina de cor clara nas primeiras 6 horas e torna-se avermelhada e progressivamente marrom (eliminação de quantidades variáveis de mioglobina). • Em decorrência da atividade coagulante do veneno, em aproximadamente 40% dos pacientes comprova-se incoagulabilidade sangüínea ou aumento do tempo de coagulação, conseqüentes ao consumo de fibrinogênio promovido pela enzima tipo trombina presente no veneno. • As complicações mais graves do acidente crotálico são a insuficiência respiratória aguda, transitória e a insuficiência renal aguda (IRA), freqüentes nos casos graves, tratados tardiamente e de forma inadequada. A oligúria e anúria (geralmente com urina escurecida) representa a expressão clínica da IRA, que se desenvolve com necrose tubular aguda (NTA), de instalação nas primeiras 45 horas. Tratamento inespecífico • Super-hidratar o animal por via IV com solução fisiológica •Promover diurese com Manitol 20% na dose de 10 a 12 ml/Kg, IV. •Carnívoros usar bicarbonato de sódio 1 a 2 mEq/ Kg/hora para alcalinizar a urina e evitar as lesões renais desencadeada pelo pH ácido. •Administrar antibióticos CUIDADOS COM O PACIENTE • Não movimentar o animal •Confinamento do animal de grande porte e internação em ambiente hospitalar para os de pequeno porte •Administrar colírios para não deixar ressecar a córnea e o aparecimento de úlceras •Os sintomas de prostração, imobilidade e dificuldade de locomoção persiste por vários dias mesmo em animais tratados •Durante todo o tempo de internação, deve ser oferecido água em pequenos volumes diretamente na boca, de modo a não deixar ressecar a mucosa •No terceiro dia de tratamento oferecer alimentação Acidente Elapídico Micrurus corallinus Porte pequeno aproximadamente 60 cm de comprimento, a principal características é apresentar o anel preto margeado por branco, sendo este conjunto separado por anel vermelho bem mais largo, é encontrata principalmente no sul e sudeste, com freqüência na faixa litorânea. Micrurus frontalis Comprimento de 80 cm, anéis negros dispostos em tríades, conjunto de três anéis negros interpostos por brancos amarelado separados por faixa vermelha, quando se sente ameaçada, apresenta comportamento defensivo característico, levanta a cauda do solo e enrola em forma espiralada, enquanto a cabeça é protegida, encostada junto ao corpo, encontrada no sul, sudeste e centro oeste, não aparece na faixa litorânea. Micrurus ibiboboca Porte pequeno, aproximadamente 60 cm de comprimento, anéis negros dispostos em tríades, encontrada no nordeste. Micruros spixii Porte médio maior que as anteriores, pode ultrapassar 1m de comprimento, anéis negros dispostos em tríade, vive em solo úmido da mata primária, procurando abrigo sobre as folhagens e cavidades, encontrada na Amazônia. Não possui fosseta loreal (Atenção: ausênciade fosseta loreal é característica de não venenosas. As corais são exceção). Coloração em anéis vermelhos, pretos brancos e amarelos. Nomes populares: coral, coral verdadeira, ibiboca etc. É responsável por 1% dos acidentes, principalmente devido às pequenas dimensões da boca, e por ser encontrada em tocas (hábitos subterrâneos), essas serpentes não são agressivas. São características das peçonhas elapidicas: •Elevada toxicidade, superior à das serpentes solenóglifas. •Causa paralisia flácida e, em geral, morte por insuficiência respiratória aguda. •Exercem pequena ou nenhuma atividade proteolítica. •Não provocam hemorragias ou alterações na coagulação, com excreção de alguns elapídicos australianos. •Não liberam bradicinina. 2.MECANISMO DE AÇÃO DO VENENO: A neurotoxicidade produzida pelo veneno das corais é exclusivamente periférica, produzindo bloqueio na transmissão neuromuscular. Todas as serpentes elapídicas brasileiras conhecidas apresentam neurotoxinas pós- sinápticas, as quais se ligam, com grande afinidade, aos sítios receptores de acetilcolina na placa motora terminal produzindo efeitos semelhantes aqueles encontrados com o curare. A paralisia muscular causada pelo veneno elapídico é conseqüência à competição da toxina com o neurotransmissor (acetilcolina) pelo receptor nicotínico da placa terminal. LESÕES As lesões locais : as lesões provocadas pelas marcas do dente da serpentes são bastantes variáveis, podendo muitas vezes não ser encontrada. A dor no local da picada é uma característica inconstante; edema local quando ocorre é discreto, enquanto uma leve sensação de dormência pode acometer na região afetada. As lesões sistêmicas: Ptose palpebral bilateral, inicialmente leve, acompanhada ou não de limitação aos movimentos oculares. Constitui, em geral, o primeiro sinal de neurotoxicidade, que juntamente com a paralisia da musculatura facial, origina o fáceis miastênicos ou neurotóxico. Dificuldade de acomodação visual, devido o comprometimento da musculatura ocular intrínseca: turvação da visão, podendo evoluir para diplopia (visão dupla). Os olhos permanecem fixos e em posição central, lentificação dos reflexos, paralisia da musculatura da mastigação e deglutição, causando dificuldade para a deglutição, sialorréia e diminuição dos reflexos do vômito, Paralisia das musculaturas dos membros sendo, ocasionalmente, relatados fasciculações musculares que desaparecem em poucos dias. Paralisia da musculatura torácica podendo evoluir para insuficiência respiratória aguda. É a causa de óbito neste tipo de acidente. Por obstrução das vias aéreas por acúmulo de secreção ou comprometimento dos movimentos da língua e da glote, associada à paralisia dos músculos intercostais e da glote. TRATAMENTO O paciente que apresentar evidências clínicas de envenenamento deve receber 10 ampolas de soro antielapídico, dose capaz de neutralizar 150 mg do veneno, preferencialmente por via intravenosa. Além da soroterapia como tratamento complementar tem sido preconizado o uso de anticolinesterásicos nos acidentes elapídicos, cujo bloqueio da junção neuromuscular seja exclusivamente pós-sináptica. O objetivo desta medicação é de, ao inativar a acetilcolinesterase, provocar o aumento dos níveis de acetilcolina na sinapse, favorecendo deste modo, a competição do neurotransmissor com o veneno pelo sítio receptor muscular. Assim indica-se a administração de 5 injeção de neostigmina. Cada dose de neostigmina deve ser precedida de sulfato de atropina IV para se obter um aumento na freqüência cardíaca. Acidente Elapídico Neurotóxico Bloqueio da Transmissão neuro- muscular (pós-ganglionar) •Fraqueza muscular progressiva •Dificuldade de se movimentar •Dores musculares •Dificuldade em deglutir •Insuficiência respiratória de instalação precoce •Ptose palpebral •Dificuldade para levantar a cabeça •Boca aberta •Apnéia Utilizar soro para neutralizar 150 mg do veneno TRATAMENTO INESPECÍFICO • Manter o paciente adequandamente ventilado: Intubação traqueal e ambu ou ventilação mecânica. •Teste da neostigmina: aplicar 0,5mg/kg IV, se houver melhora imediata do quadro neurológico, continuar aplicando neostigmina. •Terapêutica de manutenção da neostigmina: 0,05mg/kg de 4 em 4 hora ou menos, IV, sempre precedido da administração de atropina 0,05mg/kg IV. Acidente Laquético Gênero Lachesis (SURUCUCU) Lachesis muta O gênero caracteriza-se por, além de apresentar a fosseta loreal, ter a porção final da cauda com escamas eriçadas, é a maior das serpentes peçonhentas do Brasil, e pode atingir mais de 3 metros de comprimento. Hábitos terrestres, vivem exclusivamente em áreas de florestas, com maior atividade noturna, encontrada na floresta Amazônica e Mata Atlântica, do Nordeste ao Rio de Janeiro. Devido às grandes proporções que o gênero Lachesis pode atingir , a quantidade de veneno obtida de uma espécime, é, em geral, bastante superior àquelas extraídas a partir de Bothrops e Crotalus em média extraída 200 a 300mg e no máximo 500mg do veneno da Lachesis muta, enquanto para B. jararaca foram obtidos 185mg respectivamente. MECANISMO DE AÇÃO DO VENENO. O veneno da Lachesis apresenta atividade proteolítica, hemorrágica e coagulante semelhante a da Bothrops. Provavelmente, os mecanismos de liberação de mediadores inflamatórios e lesão tecidual provocados pelo veneno laquético sejam os mesmos do veneno botrópico, uma vez que a atividade proteolítica pode ser comprovada, in vitro, pela presença de proteases. SINTOMAS LOCAL: caracteriza-se por dor e edema na região da picada e que progride para todo o membro picado. Podem surgir no local da picada vesículas e bolhas de conteúdo seroso ou sero-hemorrágico nas primeiras 5 horas após o acidente. As complicações locais estão descritas no acidente botrópico. HEMATOLÓGICOS: Constata-se consumo de protrombina e de fibrinogênio, que podem levar a incoagulabilidade sanguínea, sem a ocorrência de Trombocitopenia. As manifestações hemorrágicas limitam-se ao local da picada na maioria dos casos. NEUROTÓXICO: distingue o acidente laquético do botrópico, sendo os fenômenos neurotóxicos compatíveis com distúrbios do sistema nervoso autônomo parassinpático, através de estimulação vagal. Caracterizada pela instalação precoce de hipotensão arterial grave (nos primeiros minutos após o acidente), com tonturas e escurecimento da visão. Concomitantemente descrevem-se bradicardia, cólicas abdominais e diarréia ou disenteria. A intensificação destas alterações podem levar ao choque, bradicardia grave e óbito. 5.TRATAMENTO A gravidade de um acidente laquético é avaliado segundo os sintomas locais e pelas intensidade das manifestações vagais (bradicardia, hipotensão arterial, diarréia). Soro antilaquético: são preconizadas 20 ampolas de soro antilaquético por via IV. Sulfato de atropina: 0,044mg/kg, IV a cada 4 horas até obter a normalidade da freqüência cardíaca. Hidratação. Acidente laquético (Surucucu) Proteolítico Coagulante Hemorrágica Neurotóxica Mediadores inflamatórios Responsáveis pelos sintomas locais Enzima tipo trombina Esgotamento do fibrinogênio Incoagulabilidade sanguínea A manifestação hemorrágicas limitam-se no local da picada SNAP -Bradcardia - Cólicas -Diarréia - Disenteria -Choque Utilizar soro para neutralizar até 500mg do veneno. Atropina 0,044mg/kg Hidratação Antibioticoterapia
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