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1 ESTUDO RESUMIDO AV1 - FUNDAMENTO DAS CIÊNCIAS SOCIAIS Capítulo 01 1. Conceitos iniciais. O homem é o único animal que não age apenas por instinto, porque ele passa por um processo de aprendizado, de socialização e porque precisa da linguagem para se comunicar com seus semelhantes. A educação (formal e informal) é fundamental para a socialização do ser humano. A Sociologia chama de socialização o processo pelo qual o indivíduo assimila os valores, as normas e as expectativas sociais de um grupo ou de uma sociedade. Esse processo, responsável pela transmissão da cultura, é contínuo e se inicia na família, quando se realiza a chamada socialização primária. Depois é assumido pela escola, pelo grupo de referência e pelas diferentes formas de treinamento e ajuste a que o indivíduo se submete no decorrer de sua existência e que caracterizam a socialização secundária. É pela socialização que o ser humano aprende a cultura de sua época, de seu lugar. Obs: René Descartes (França) (visão mecanicista/cartesiana) é considerado o fundador da filosofia moderna, com a qual pretendia criar uma nova ciência que fosse capaz de distinguir a verdade do erro em todos os campos do saber: a ciência é o conhecimento certo, é a verdade. (Penso logo existo); Utilização do método científico: processo claro e sistematizado que busca a verdade, isto é: um resultado preciso ou próximo da realidade. 2. Conhecimento (o homem produz cultura) (não existe hierarquia entre as formas de conhecimento) Conhecimento mítico (sobrenatural): Os mitos dão forma e aparência explícita a uma realidade que as pessoas sentem intuitivamente. O mito pode também transmitir, de geração a geração, uma espécie de conhecimento. Conhecimento religioso (sagrado): É uma parte essencial da crença religiosa a fé no fato de que essa narrativa sobrenatural pode proporcionar ao homem uma garantia de salvação, bem como prescrever maneiras ou técnicas de obter e conservar essa garantia, que são os ritos, os sacramentos e as orações. Conhecimento filosófico (busca pela sabedoria): O saber filosófico como aquele que trata de compreender a realidade, os problemas mais gerais do homem e sua presença no universo. Conhecimento do senso comum versos conhecimento cientifico O Conhecimento do senso comum tem origem em juízos pessoais acerca de coisas e se baseia no aprendizado acumulado gerações anteriores. Por meio de nossos hábitos, costumes e tradições e que pode ser verdadeiro ou não. O conhecimento científico é obtido através de investigação metódica e sistemática da realidade que buscam um objeto de estudo especifico. (Método científico que busca a verdade através de processos sistematizados para obter um resultado preciso ou o mais próximo da realidade) A Sociologia é uma ciência; portanto, difere do senso comum. 3. Ciências sociais a. Definição É o conjunto de saberes relativos às áreas da Antropologia, Sociologia e Ciência Política. Assim, o objeto de estudo das Ciências Sociais é a sociedade em suas dimensões sociológicas, antropológicas e políticas. As Ciências Sociais fazem parte do grupo de saberes intitulado Ciências Humanas e apresentam métodos próprios de investigação dos fenômenos que analisam. Três principais caminhos para compreender o comportamento humano dentro das Ciências Sociais.: (1) observar o comportamento que ocorre naturalmente; (2) criar situações artificiais e observar o comportamento perante tarefas definidas; (3) perguntar às pessoas sobre o que fazem e pensam. Em suma, as técnicas são: observação, experimento e survey. Para Günter: As ciências sociais se dividem em: - Sociologia estuda as relações sociais que os homens estabelecem com outros homens por meio das instituições sociais (escola, família, Estado, igreja, sindicato, empresa etc.). 2 - Antropologia estuda mais especificamente as diferentes culturas no mundo (diferenças de costumes e valores de um lugar para outro, de um grupo para outro). - Ciência política estuda as relações de poder que se estabelecem na sociedade (sejam nas relações cotidianas, como os poderes, entre homens e mulheres, patrões e empregados, pais e filhos, ou, no nível governamental, como nos cargos políticos). b. Sociologia “É o estudo dos fenômenos sociais, da interação e da organização social. “ A Sociologia estuda o homem e o universo sociocultural, analisando as interrelações entre os diversos fenômenos sociais. A partir dessas matrizes teóricas, estudam-se os fatos sociais, as ações sociais, as classes sociais, as relações sociais, as relações de trabalho, as relações econômicas, as instituições religiosas, os movimentos sociais etc. Estuda o fato social em sua totalidade, ou seja, a visão sistêmica do pesquisador deve lhe dar condições de perceber que cada ação social não está isolada na sociedade, mas sim que faz parte de um todo interligado, interferindo e sofrendo interferências. Obs : O nascimento da Sociologia é atribuído tanto a Saint-Simon quanto a Augusto Comte , ambos franceses, que procuravam uma “física social” com métodos baseados nas ciências naturais, O pensamento positivista que atribui à ciência a capacidade de prever e de controlar a ação. A Sociologia nasce com o positivismo. c. Antropologia É uma ciência constituída por um complexo objeto de estudo, a saber, a dimensão totalizante da humanidade. Dessa maneira, ela é o estudo do homem em sua dimensão biológica, social e cultural. Centrado, sobretudo, na diversidade cultural dos povos Privilegiam-se os aspectos culturais do comportamento de grupos e comunidades. d. Ciência política Comumente, relacionamos a compreensão do Estado e do poder como foco de análise dessa ciência. Analisam-se as questões ligadas às instituições politicas. Conceitos de poder, autoridade e dominação são estudados por essa ciência. Analisam-se também as diferenças entre povo, nação e governo, bem como o papel do Estado como instituição legitimamente reconhecida como a detentora do monopólio da dominação e do controle de determinado território. 4. Comparação entre os enfoques das Ciências Naturais e das Ciências Sociais Ao contrário das Ciências Naturais, as Ciências Sociais lidam não apenas com o que se chama de realidade, com fatos exteriores aos homens, mas igualmente com as interpretações que são feitas sobre a realidade. Neste sentido, no que se refere ao objeto de estudo e, consequentemente, ao método de investigação, as Ciências Sociais diferem bastante das Ciências Naturais. As Ciências Sociais não comportam métodos ou técnicas rígidas e rigorosas, nem formulas de aplicação imediata que garantam a obtenção de resultados objetivos e exatos. Assim, o que mais importa é a interpretação dos fenômenos, ou seja, não apenas os fatos por si só, mas a forma como se constituem esses fatos. O sujeito (o pesquisador) deve ser considerado no contexto no qual estes fatos ou fenômenos se apresentam, pois ele também faz parte do objeto que investiga. 5. Problemas sociais e Problemas sociológicos a. O “problema social” designa comumente algo que atinge um grupo ou uma categoria de indivíduos; as drogas, por exemplo. Embora a classificação de um problema social possa ser subjetiva, afinal de contas, o que é um problema para nossa cultura pode não ser em outra. Em outras palavras, o problema social é uma situação que afeta um número significativo de pessoas e é julgada por estas, ou por um numero significativo de outras pessoas, como uma fonte de dificuldade ou infelicidade e considerada suscetível de melhoria. O problema social é uma dificuldade, uma infelicidade, uma situação que afeta de forma negativa um grupo ou uma categoria de indivíduos. b. Já os problemas sociológicos são o objeto de estudo da Sociologia enquanto ciência, a qual se debruça sobre esses para compreender suas características gerais. 3 O problema sociológico é uma questão de conhecimentocientífico que se suscita e resolve no âmbito da Sociologia Em outras palavras, nem todas as questões suscitadas acerca das matérias de que se ocupam as Ciências Sociais constituem problemas científicos, mas podem ser problemas sociais. Capítulo 02 1. O que é cultura Todos os seres humanos possuem cultura. Assim, não há quem tenha e quem não tenha cultura; também não se pode afirmar que alguém tenha uma cultura superior à de outra pessoa. Compreensões equivocadas de cultura geram preconceitos e etnocentrismo. *A cultura é o contexto comum em que vivem os seres humanos e engloba tanto aspectos tangíveis (objetos, tecnologia, símbolos) como intangíveis (ideias, crenças, valores). Esses aspectos culturais mudam com o tempo. Quanto ao método de pesquisa e de definição Na antropologia de gabinete o antropólogo não vai a campo para obter as informações necessárias para seu estudo. Ele envia uma equipe para coletar os dados. Na Etnografia existe a presença física do pesquisador (antropólogo) na observação. Etnocentrismo: Os antropólogos do século XIX trabalharam com hipóteses de adaptação do homem, evolução entre os grupos sociais, superioridade de raças. Portanto, na perspectiva evolucionista havia uma preocupação em categorizar estágios do desenvolvimento humano como cultura mais e menos avançadas. (O olhar eurocêntrico sobre a cultura) Visão do mundo onde o nosso próprio grupo é tomado como centro de tudo e todos os outros são pensados e sentidos através dos nossos valores, nossos modelos, nossas definições do que é a existência. Realismo cultural: Ao final do século XIX, a etnografia (presença do antropólogo na observação do fato social) se consolida como importante ferramenta metodológica para a produção de conhecimento no século XX. Dessa maneira, ocorre uma transformação que passa a considerar a singularidade das sociedades e não mais suas comparações e hierarquizações culturais, típicas dos estudos evolucionistas. a. Características comuns a muitas das definições de Cultura: A cultura é transmitida pela herança social: o indivíduo apreende a cultura no grupo social em que vive, e não por herança genética. Uma geração transmite cultura para outra por meio do processo de socialização (Uso da linguagem) Cultura compreende a totalidade das criações humanas: abrange tudo o que foi criado pela humanidade, como ideias, valores, manifestações artísticas de todo tipo, crenças, instituições sociais, conhecimentos científicos, instrumentos de trabalho, tipos de vestuário, construções etc. Cultura é uma característica exclusiva das sociedades humanas: os animais não são capazes de criar cultura. A cultura é construída e compartilhada pelos membros de uma determinada coletividade. O que caracteriza uma cultura em particular é o compartilhamento dos hábitos, valores, atitudes. b. Definição : A cultura é o contexto comum em que vivem os seres humanos, é transmitida pela herança social, uma geração transmite cultura para outra por meio do processo de socialização (Uso da linguagem), compreende a totalidade das criações humanas, é uma característica exclusiva das sociedades humanas, e é construída e compartilhada pelos membros de uma determinada coletividade Obs Idiossincrasia: maneira de ver, sentir e reagir peculiar de cada pessoa. c. De acordo com Freud: 4 A substituição do poder do individuo pelo poder de uma comunidade constitui o passo decisivo da civilização (construção da cultura). A partir desta perspectiva, podemos inferir que a vida em comunidade exige sacrifício dos indivíduos, que devem abrir mão de seus instintos primitivos e seguir o conjunto de normas e leis estabelecidas pela cultura. Assim, o desenvolvimento da civilização impõe restrições à liberdade individual. Aqueles que não acatam todas as normas sociais podem ser punidos com o isolamento (os grupos não o aceitam), com o preconceito (manifestações de repúdio por certa forma de vida) ou mesmo com punições legais, uma vez que o conjunto de leis é o principal elemento da cultura. 3. Diversidade cultural , globalização e Multiculturalismo Por diversidade cultural compreendem-se as diferenças culturais que existem entre os seres humanos. Há vários tipos, tais como: a linguagem, danças, vestuários e outras tradições como a organização da sociedade. O termo diversidade diz respeito à variedade e convivência de ideias, características ou elementos diferentes entre si, em determinado assunto, situação ou ambiente. Multiculturalismo preconiza a interação entre as diferentes culturas, sem hierarquização de saberes e modos de vida. Desta forma, o multiculturalismo pressupõe uma visão positiva da diversidade cultural, privilegiando o reconhecimento, valorização e incorporação de identidades múltiplas nas formulações de políticas públicas e nas práticas cotidianas. 4. Cultura popular e cultura erudita. - Cultura popular relaciona-se a povo e erudito, às elites (classe dominante). - A cultura erudita é comumente associada aos produtos da elite, da camada privilegiada da sociedade que teve oportunidades de acesso a livros, estudo, arte etc. Porém políticos, fazendeiros, industriais, comerciantes, possui o mesmo tipo de cultura? Os setores populares também não produzem um mesmo padrão de cultura. - É comum que os agentes da cultura erudita incorporem elementos da cultura popular. Os agentes da cultura popular também podem fazer isso, reelaborando elementos tradicionalmente conhecidos como pertencentes à cultura de elite. Assim, não é mais possível entender cultura popular e cultura de elite como puramente antagônicas. 5. Cultura e cidadania A ideia de cidadania, em nossa cultura, realmente continua a passar pela noção de hierarquia e poder calcada na exclusão e na desigualdade sociais. Reconhecer no “outro”, naquele que a princípio enxergamos por meio de “preconceito” e “pré-julgamentos”, alguém com quem podemos potencialmente aprender a nos modificar e também o transformar. 6. Indústria cultural Não se pode pensar em cultura erudita ou em cultura popular sem antes considerar a existência da indústria cultural A indústria cultural é um fenômeno histórico no qual a cultura passa a ser produzida em massa pelos meios industriais de comunicação. A indústria cultural vende cultura. Para vendê-la, deve seduzir e agradar o consumidor. A “mídia” é o senso comum cristalizado que a indústria cultural devolve com cara de coisa nova. Massificar é, assim, banalizar a expressão artística e cultural, vulgarizando as artes. A indústria cultural produz não uma mercadoria qualquer, mas, sim, uma mercadoria que possui um valor simbólico muito grande, embora ela se organize da mesma forma que uma fabrica de automóveis. Sua produção é em grande escala A alienação e a ideologia do consumo orientam a produção e a divulgação destes produtos, fazendo com que, em sua própria forma e conteúdo, conformem as mentes para a importância do ato de “consumir”, para que possam pertencer ao grupo social da elite e, ao mesmo tempo, diferenciar-se dos demais grupos existentes. Industria cultural atribui a um produto um valor simbólico (fetichização) que suplanta em muito o seu valor de uso/utilidade ou função. Com o uso dos meios de comunicação em massa, fica mais fácil que alguns países (ou grupos) incorporem culturas de outros países (ou grupos), o que se pode chamar de uma nova forma de colonialismo.
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