Buscar

Resenha do ensaio "Raça e História" - Claude Lévi-Strauss

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

LEVI-STRAUS, Claude. “Raça e História”. Antropologia Estrutural II. Rio Janeiro, Tempo 
Social, 1967. 
Sabe-se que, grande parte das comunidades, viveram por muito tempo à luz da 
ignorância, no que tange à diversidade cultural. O renomado antropólogo Claude Lévi-Strauss, 
sob essa ótica, disserta em seu livro “Antropologia Estrutural II”, mais especificamente no 
capítulo “Raça e História”, as premissas preconceituosas que sempre estiveram inerentes às 
populações. Ao ser publicado pela Unesco em 1952, esse ensaio antropológico, insere, nas 
sociedades, a visão do autor sobre a concepção de evolução cultural. Por muitos decênios, Lévi-
Strauss se dedicou ao estudo da cultura e como essa ajudou a construir as comunidades globais, 
sempre rejeitando o conceito evolucionista do Darwinismo Social. Por suas inexoráveis 
contribuições, o filósofo francês se tornou um dos mais importantes pensadores do século XX. 
Para uma melhor dissertação, o autor divide o capítulo “Raça e História” em 10 tópicos, 
discorrendo, por meio de uma sequência histórica, sobre a ideia de inferioridade cultural e o seu 
apoio na assertiva do Darwinismo Social. Assim, ele destaca o desrespeito, exercido por 
filósofos, sociólogos e antropólogos defensores da premissa darwinista, à alteridade de cada 
povo, considerado inferior. Para esses estudiosos, frente a Europa, as demais sociedades, como 
por exemplo os povos ameríndios e os africanos, estavam atrasadas, perdidas no tempo, isto é, 
eram prisioneiras de uma história estacionária, a qual não acumulou perspectiva alguma que as 
possibilitassem progredir e ascenderem a um alto grau cultural. 
 O autor discorre, também, a respeito dos percalços enfrentados, no tocante ao conceito 
de cultura, escrevendo como a marcante presença do senso comum, no que tange à diversidade 
cultural, perpetuou, em grande parte da história humana, fazendo assertivas, como o 
Eugenismo, transcorrer grande parte do globo, subjugando e escravizando, seja física ou 
psicologicamente, povos tidos como inferiores. Além disso, ele ressalta os aspectos que levaram 
a construção do preconceito e sujeição daquilo que é diferente, viabilizando a compreensão dos 
paradigmas que tornaram o etnocentrismo uma violência estrutural, utilizada por muitos como 
meio de subjugação e exploração. O antropólogo, evidencia no capítulo, a importância da 
diversidade cultural e a sua necessidade, explicando o motivo dos povos serem detentores de 
uma cultura diversificada. 
Ao ler a obra, é factual o motivo pelo qual Claude Lévi-Strauss foi nomeado secretário-
geral do Conselho Internacional de Ciências Sociais da Unesco. A sua obra é um admirável 
ensaio sobre a diversidade cultural, evidenciando, de maneira detalhada, como essa transcorreu 
a sociedade. É notório que o autor não foi o primeiro a abordar a temática da cultura, uma vez 
que outros pensadores como Turgot e Condorcet, já haviam dissertado sobre o assunto, mas 
inova ao discorrer com maestria sobre a importância da diversidade cultural e a invalidez do 
evolucionismo darwinista. Por meio de uma linguagem clara, Lévi-Strauss explicita para os 
seus leitores a necessidade da compreensão da alteridade, delineando uma obra rebuscada em 
conhecimento, mas de fácil compreensão, apresentando um conteúdo revolucionário ao 
entender a cultura pelo princípio daquilo que é do outro, isto é, pelo respeito ao diferente, 
desclassificando a ótica hierárquica. 
É inegável que “Raça e História” é um ensaio destinado a todos os públicos, de alunos 
do ensino médio a estudantes universitários, contemplando, também, professores de ambos os 
setores, além de pesquisadores e pensadores do âmbito social. Uma vez que demonstra o 
comportamento da sociedade, no tocante à cultura, e as consequências da hierarquização desse 
termo, além de contribuir com um excepcional conhecimento versado na esfera social e 
humana. Vale a pena salientar que essa é uma obra de fácil compreensão, sendo necessário para 
o seu entendimento apenas o interesse por uma sociedade melhor, menos pautada na subjugação 
e exclusão daquilo que é diferente.

Continue navegando