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Violência Doméstica e o Papel do Psicólogo Jurídico

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VIOLÊNCIA DOMÉSTICA CONTRA A MULHER E O PAPEL DO PSICÓLOGO JURÍDICO
Maria Josenara Bezerra Da Silva 1
Raquel Maria Da Silva 2
Resumo:
O presente artigo tem como objetivo especificar a atuação do psicólogo jurídico no âmbito da lei Maria da Penha. Assim como, expor a relação entre a psicologia e o direito, como também realçar a função do psicólogo jurídico, algumas condutas respectivas de sua atuação e da tarefa desempenhada Antes do aprofundamento no papel e na atuação do psicólogo, propriamente dito, serão apresentados alguns conceitos e referenciais teóricos, baseados em variadas consultas bibliográficas, a fim de delimitar o tipo específico de violência que o referido profissional desta pesquisa irá atender. O atual trabalho não tem como intenção de se estender de modo profundo, mas de contribuir para o conhecimento e reconhecimento desse profissional nos casos de mulheres vítimas de violência, e também servir de subsídios para posteriores pesquisas nesse mesmo campo.
Palavras-chave: Atuação do psicólogo jurídico; lei maria da penha; psicologia e o direito; violência doméstica; mulher.
Abstract: 
This article aims to specify the role of the legal psychologist under the Maria da Penha law. As well as exposing the relationship between psychology and law, as well as highlighting the role of the legal psychologist, some of the respective behaviors of his / her performance and the task performed. Before going deeper into the role and performance of the psychologist, properly speaking, some concepts will be presented and theoretical references, based on various bibliographic consultations, in order to delimit the specific type of violence that this research professional will attend. The current work does not intend to extend in a profound way, but to contribute to the knowledge and recognition of this professional in cases of women victims of violence, and also to serve as subsidies for further research in the same field.	
Keywords: Practice of the legal psychologist; Maria da Penha Law; psychology and law; domestic violence; woman.
VIOLÊNCIA DOMÉSTICA CONTRA A MULHER E O PAPEL DO PSICÓLOGO JURÍDICO
Maria Josenara Bezerra Da Silva 1
Raquel Maria Da Silva 2
1 Aluna do 7° período do Curso de Psicologia da Faculdade Mauricio de Nassau, Uninassau Caruaru -Pe – e-mail: josenarasilva18@gmail.com
2 Aluna do 7° período do Curso de Psicologia da Faculdade Mauricio de Nassau, Uninassau Caruaru -Pe – e-mail: raquelsilva.com@hotmail.com 
. 
· Relação Psicologia X Direito
 A relação psicologia e direito existe desde os primórdios, onde os psicólogos brasileiros que atuavam na psicologia jurídica de modo informal e voluntario, foram reconhecidos, na década de 1960. Essa vinculação se deu de forma gradativa. Do mesmo modo a inserção do psicólogo dentro do direito se deu por forma gradual e lenta. 
Foi a partir da promulgação da Lei de Execução Penal (Lei Federal n°7.210/84) Brasil (1984), que o psicólogo passou a ser reconhecido legalmente pela instituição penitenciária (Fernandes,1998).
Anos depois, os psicólogos clínicos começaram a contribuir com os psiquiatras na realização dos exames psicológicos legais e em sistema de justiça juvenil. 
A entrada oficial da psicologia jurídica se deu em 1985, quando ocorreu o primeiro concurso público para admissão de psicólogos (LAGO; AMATO; TEIXEIRA; ROVINSKI; BANDEIRA, 2009).
 A inclusão do psicólogo nesse âmbito se deu na sua atuação dentro do Juizado de Menores. Logo após, o trabalho do psicólogo foi ampliado envolvendo-os na área pericial, acompanhamentos e aplicação de medidas socioeducativas. Tornado o papel do psicólogo jurídico crescente, tanto nas instituições judiciárias, após a legalização dos cargos pelos concursos, quanto nos âmbitos que foram criados após; como o: Núcleo de atendimento à família (NAF), criado em 1997. A extinta Fundação Estadual do Bem-estar do Menor (FEBEM), Fundação do Atendimento Socioeducativo (FASE) e a Fundação de Proteção Especial (FPE).
 É de extrema importância observar esses marcos, para entender um pouco de como a psicologia passou a atuar em conjunto ao direito.
Lei 4.119 (1962): “Art.13 §2° é da competência do psicólogo a colaboração em assuntos psicológicos ligados a outras ciências” (Brasil,1999, P16).
A ligação direito e psicologia, foi designada através da Resolução N.°014/00 do Conselho Federal de Psicologia.
O direito e a psicologia são áreas distintas, mas que se ligaram pois estavam preocupados com a conduta humana. A Psicologia tende a beneficiar o direito em diversas áreas, pois está ligada ao comportamento e personalidade humana, preocupada em entender o que levou o sujeito a cometer tal ato. Já o direito determina como os humanos devem se comportar diante das leis, não julgando apenas o comportamento visível, mas, a motivação e a intenção. Assim trabalhando em conjunto com o direito, tem ajudado em pontos que podem passar despercebidos pelo mesmo. 
A Psicologia Jurídica passou a ser reconhecida preferencialmente pelo saber, no psicodiagnóstico, mas atualmente não se restringe apenas a este âmbito, ou à perícia.
Os psicólogos jurídicos passaram a desenvolver diversas atividades, como: seleção e treinamento pessoal, avaliação de desempenho e acompanhamento psicológico prestados aos membros do Poder Judiciário, varas de primeira e segunda instância.
· Quem é o Psicólogo Jurídico?
O psicólogo jurídico estuda o comportamento, personalidade da pessoa natural, as leis e os efeitos causados das mesmas e se faz necessário uma inter-relação do direito com a psicologia como em casos de violência doméstica, adoções, atuação em penitenciarias, entre outros. Por meio destes se faz necessário a avaliação da saúde mental, personalidade e estudos sócio jurídicos dos crimes. Além de contribuir para a formulação, revisão e interpretação das leis. Tendo como objetivo, contribuir na melhor forma da resolução dos conflitos, mantendo sempre os valores da integridade e dignidade do ser humano. 
O psicólogo jurídico no âmbito da justiça não faz psicoterapia.
Na psicologia jurídica existe diversas áreas de atuação, bem como:
a) Psicologia Criminal- Nas series de TV como; CSI ou Criminal Minds, se vê o psicólogo atuando para desvendar crimes, mas a realidade brasileira é bastante diferente, neste âmbito o psicólogo atua em casos de: avaliação de abuso infantil ou doméstico, compreensão dos crimes, detecção de comportamento perigosos, violências...
b) Psicologia Civil- Este profissional é muito procurado, pois o mesmo atua na emissão de laudos técnicos para decisões judiciais, mediar conflitos por herança e divórcios, avalia a relação entre pessoas e as pessoas e seus bens.
c) Psicopatologia Trabalhista- Estuda as doenças psíquicas adquiridas no trabalho e busca identificar as causas e os possíveis tratamentos, junto a um médico perito. 
d) Psicologia Carcerária- O psicólogo atua no acompanhamento e aconselhamento dos detentos, podendo também realizar esse trabalho com os familiares dos presos, no intuito de reabilita-los ao convívio social e diminuir os problemas causados pelo encarceramento. 
e) Psicologia Policial e das Forças Armadas- O psicólogo jurídico atua na seleção, treinamento dos profissionais na formação geral ou especifica. Realiza acompanhamento psicológico, lhes ajudando a lidar com a pressão e estresse do trabalho. 
· VIOLÊNCIA DOMÉSTICA CONTRA AS MULHERES
A palavra violência vem do latim “violentia; violentus; violare”, com o significado “impetuosidade; o que age pela força; tratar com brutalidade; desonrar; ultrajar” (HENRIQUE, 2010).
Portanto:
· Impetuosidade contra a mulher;
· O que age pela força contra a mulher:
· Tratar com brutalidade a mulher;
· Desonrar a mulher;
· Ultrajar a mulher.
- O Que é a Violência Doméstica?
Pode parecer uma pergunta retórica, ou até mesmo uma indagação simplista e clara. Entretanto é uma forma necessária de nos colocar nesse contexto de violência que virou tão familiar e que por muitas vezes passa despercebida, de tal modo, que esse fato vem acontecendo desde os primórdiose ataca todas as classes sociais. Porém, os índices de mulheres espancadas, estupradas, maltratadas, mortas... Só aumentam. Todavia, a sociedade implica que esse assunto é sem tanta importância.
Vivemos em um cenário de uma grande EPIDEMIA de violência contra as mulheres, de acordo com o Mapa da Violência de 2015, o Brasil é o 5º país no mundo em que se matam mais mulheres, sob o mesmo ponto de vista , a cada sete minutos uma mulher é vítima de violência doméstica no Brasil. A Organização Mundial da Saúde fez um levantamento quantitativo e obteve como resultado que 106.093 mulheres foram assassinadas no Brasil entre 1980 e 2013, assim sendo, um dado crescente. Um número significativo de mulheres sofre violência diariamente no local onde deveriam se sentir protegidas, dentro da própria casa!
[...] reside na possibilidade de desmistificação do caráter sacrossanto da
família e da intocabilidade do espaço privado. Revela que a família pode ser
uma instituição violenta, a despeito dos laços de afeto que, frequentemente,
alicerçam-na, e que a esfera privada não está isenta de regulação pelo poder
público. Ao contrário, não há uma cisão entre as esferas pública e privada, o
que pode ser valorado positivamente na perspectiva de se assegurarem
direitos. (ALMEIDA, 2007, p.25).
A violência doméstica se dá por vários fatores, assim sendo, deve ser combatida por múltiplas ferramentas. Um dos grandes provedores, é nossa cultura arraigada machista, patriarcal, hierárquica. Uma cultura que normaliza que a mulher é um objeto, que a mesma é uma propriedade do homem, assim, salientando e posicionando a mulher em um local de inferioridade e vulnerabilidade. Quem nunca escutou “em briga de marido e mulher, ninguém coloca a colher”, contudo ninguém deve ser omisso diante de tal fenômeno. FEMINICÍDIO existe sim. Ainda que, exista a mulher como a “rainha do lar, um céu de ternura”, a grandeza de seu reinado tem o limite exposto, ao se encontrar com a autoridade exercida pelo homem. Segundo Gonçalves e Brandão (2015) “Com vistas à ruptura com esta forma de compreensão, propõe-se que analisemos a violência doméstica como um fenômeno que se expressa nas relações interpessoais, diferentemente de pensa-lo como fruto das relações interpessoais.”
Em vista a lei n° 11.340/2006 popularmente conhecida como lei Maria da Penha, recebeu este nome em homenagem à Maria da Penha Maia Fernandes. Foi a história de Penha que mudou as leis de proteção às mulheres em todo o país. Em 1983, o marido de Maria tentou assassiná-la duas vezes. Somente depois de ficar paraplégica, foi lutar por seus direitos. Então, lutou por 19 anos e meio até que o país tivesse uma lei que protegesse as mulheres contra as agressões domésticas. Em 7 de agosto de 2006 a Lei Maria da Penha foi criada com o objetivo de punir com mais rigor os agressores contra a mulher no âmbito doméstico e familiar. 
A lei Maria da Penha definiu 5 modalidades de violência contra a mulher:
a) VIOLÊNCIA FÍSICA – Compreendemos como qualquer ato que ultraje a integridade e saúde carnal da mulher.
b) VIOLÊNCIA PSICOLÓGICA - Qualquer conduta que traga estrago emocional e encolhimento da autoestima, prejudicando o desenvolvimento da mulher, ou visa degradar comportamentos, crenças, decisões, escolhas... 
c) VIOLÊNCIA SEXUAL – Trata de qualquer ação que constranja a manter ou a participar de relação sexual não desejada mediante intimidação, ameaça, coação ou uso da força. 
d) VIOLÊNCIA PATRIMONIAL – Configura a retenção, subtração, destruição parcial ou total de seus objetos, instrumentos de trabalho, documentos pessoais, valores e direitos ou recursos econômicos.
e) VIOLÊNCIA MORAL - É considerada qualquer maneira que represente calúnia, difamação ou injúria.
· ATUAÇÃO DO PSICÓLOGO JURÍDICO NO ÂMBITO DA LEI MARIA DA PENHA 
A Organização Mundial de Saúde (OMS), reconhece a violência doméstica contra a mulher como uma questão de saúde pública, que afeta negativamente a integridade física e emocional da vítima, seu senso de segurança, configurada pelo círculo vicioso de “idas e vindas” aos serviços de saúde e o consequente aumento com os gastos neste âmbito (GROSSI, 1996).
A Violência doméstica vem trazendo várias consequências permanentes. Vai bem além de lesões físicas, acarretando em marcas emocionais. 
Os sintomas psicológicos frequentemente encontrados em vítimas de violência doméstica são: insônia, pesadelos, falta de concentração, irritabilidade, falta de apetite, e até o aparecimento de sérios problemas mentais como a depressão, ansiedade, síndrome do pânico, estresse pós-traumático, além de comportamentos auto-destrutivos, como o uso de álcool e drogas, ou mesmo tentativas de suicídio (KASHANI; ALLAN, 1998).
Por esta razão ela necessita de uma ajuda externa que a auxilie a criar mecanismos para mudar sua realidade e superar as sequelas deixadas pelo processo de submissão às situações de violência. (HIRIGOYEN, 2006).
Para que haja um enfrentamento dessa disfunção, é preciso uma atuação em rede. Esse problema é de todos os órgãos públicos e privados, como também, de todos os profissionais que atuam nessa temática. 
Deve-se salientar que uma mulher demora muito tempo até ir em uma delegacia registrar uma ocorrência policial, sendo mais comum, a mesma procurar o serviço de saúde. Por muitas das vezes, essas mulheres nem percebem que estão sofrendo a violência, ou também, não tem subsídios para romper esse ciclo de agressões. As vítimas podem procurar o auxílio do psicólogo na rede hospitalar, nos seus consultórios particulares e, sobretudo, aqueles que trabalham nos serviços de atenção as mulheres oferecidas pelo poder executivo nos centros especializados. Esses profissionais devem ter uma postura ativa em acolher e dar os necessários encaminhamentos. 
O atendimento psicológico tem como objetivo abordar questões como: acolher; orientar; trabalhar a rigidez da vítima; não vitimização; trabalhar autoestima; ajudar com que o cliente se conheça; trabalhar questões da identidade com a cliente; autoquestionamento; levar a reflexão dos seus pensamentos; em casos de reincidência verificar o que leva a vítima a se relacionar com homens muito parecidos; o que leva suas escolhas; fazer com que elas resgatem sua condição de sujeito; resgatar seus desejos e suas vontades, que ficaram encobertos e anulados durante todo o período em que conviveram em uma relação marcada pela violência. (COMINO,2016).
Os psicólogos que trabalham na área jurídica, acima de tudo, devem ter um olhar diferenciado diante dessas demandas, pois, testes e leis não bastam para dar conta da imensidão que é o ser humano, além do mais, a constituição da família. De modo que esse assunto traz inúmeros sentimentos, emoções e situações, que não podem ser unicamente classificadas por aplicações de normas e leis. Em virtude disso, se fazem necessárias parcerias fortalecidas, assim, promovendo profissionais que lidem com essas demandas de maneira saudável. Visto que como punimos o comportamento agressor, temos também de tratá-lo, para com isso suspendermos esse ciclo vicioso de violência contra a mulher. Segundo Cesca (2004) “Pensando no psicólogo como facilitador da promoção da saúde, ele deve procurar garantir os direitos fundamentais dos indivíduos, visando sua saúde mental e a busca da cidadania. Do contrário, será mais um agente repressor.”
Considerações finais
Este artigo buscou apontar o histórico da Psicologia e o Direito, como também principais campos de atuação. Diante do que foi evidenciado, é possível concluir que essa área da Psicologia é muito recente. 
Ficou notório, a partir desse trabalho, que a violência praticada contra as mulheres não é algo novo, já vem desde autrora. Os motivos para violência doméstica contra a mulher são vários, porem o de maior evidente é nossa cultura patriarcal. Assim, causando não apenas os danos físicos, mas principalmente os de cunho psicológico.
Por fim, visando a grande importância do psicólogo jurídico no âmbito da violência intrafamiliar, pois o profissional da psicologia possui asferramentas e os métodos para auxiliar tais indivíduos. Como também deixando claro o valor imensurável de uma equipe multidisciplinar e de parcerias, a fim de ressaltar que esse fenômeno de violência é um problema de todos. 
Referências 
Comino. Tamires Maria. A Atuação Direta do Psicólogo com Mulheres Vítimas de Violência Doméstica. Psicologado, janeiro, 2016. Disponível em: https://psicologado.com.br/atuacao/psicologia-juridica/a-atuacao-direta-do-psicologo-com-mulheres-vitimas-de-violencia-domestica. Acesso em:14 de março de 2020. JUSBRASIL. A psicologia, suas implicações no direito e a importância das duas áreas trabalhando em conjunto. Disponível em: https://eduardotebaldi7.jusbrasil.com.br/artigos/199954612/a-psicologia-suas-implicacoes-no-direito-e-a-importancia-das-duas-areas-trabalhando-em-conjunto. Acesso: 20 de março de 2020. 
JUS.COM.BR. A importância da psicologia jurídica. Disponível em:https://jus.com.br/artigos/64532/a-importancia-da-psicologia-juridica. Acesso: 01 de abril de 2020.
Lago. Vivian de Medeiros et al. Um breve histórico da psicologia jurídica no Brasil e seus campos de atuação. Scielo, 2009. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103-166X2009000400009&script=sci_arttext&tlng=pt . Acesso em: 16 de março de 2020.
MUNDO VESTIBULAR. Tudo o que você precisa saber sobre Psicologia Jurídica. Disponível em: https://www.mundovestibular.com.br/cursos/tudo-o-que-voce-precisa-saber-sobre-psicologia-juridica. Acesso: 03 de abril de 2020
PSICOLOGADO. A Psicologia Jurídica: suas interligações com o Direito e algumas especificidades. Disponível em: https://psicologado.com.br/atuacao/psicologia-juridica/a-psicologia-juridica-suas-interligacoes-com-o-direito-e-algumas-especificidades. Acesso: 27 de março de 2020.
PSICOLOGADO. Psicologia Jurídica. Disponível em: https://psicologado.com.br/atuacao/psicologia-juridica/psicologia-juridica . Acessado: 03 de abril de 2020.
 
1 Aluna do 7° período do Curso de Psicologia da Faculdade Mauricio de Nassau, Uninassau Caruaru -Pe – e-mail: josenarasilva18@gmail.com
2 Aluna do 7° período do Curso de Psicologia da Faculdade Mauricio de Nassau, Uninassau Caruaru -Pe – e-mail: raquelsilva.com@hotmail.com

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