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Biblioteca online - sem valor comercial, proibida a reprodução e venda GESTÃO DE PESSOAS NAS ORGANIZAÇÕES PRÁTICAS ATUAIS SOBRE O RH ESTRATÉGICO SÉRIE: GESTÃO Textos extraídos Do Livro Gestão de Pessoas nas Organizações de Ugo Franco Barbieri 1 Biblioteca online - sem valor comercial, proibida a reprodução e venda SUMÁRIO UNIDADE 1……………………………………………………………………………3 Texto 1: A Relação e a História da Gestão de Pessoas (ou Gestão de Recursos Humanos) com a Economia, a Estratégia e a Gestão das Empresas…………………….3 Texto 2: A Estrutura e a Cultura Organizacionais, Conflitos Organizacionais e Ética Empresarial……………………………………………………………………………..19 UNIDADE 2……………………………………………………………………………30 Texto 3: Desenvolvimento na Carreira Implica em Análise de Competências, de Potencial e Desempenho, de Talento e de uma Boa Seleção de Pessoas………………30 Texto 4: Correlação entre a Administração de Cargos e Salários e Atividades como: Aprendizagem, Treinamento & Desenvolvimento, Avaliação de Desempenho Individual e Grupal, Motivação…………………………………………………………………...37 UNIDADE 3……………………………………………………………………………49 Texto 5: A Liderança e o Trabalho em Equipe Podem Ser Aperfeiçoados através de Assessment e Coaching Individual e Coletivo………………………………………….49 Texto 6: A Viabilização de uma Learning Organization (Organização de Aprendizagem) Demanda Associar Conceitos e Práticas de Comportamento Humano e Organizacional com Inteligência Emocional e Social………………………………….64 UNIDADE 4……………………………………………………………………………86 Texto 7: A Inteligência e a Intuição Humanas são Geradoras do Capital Intelectual, do Conhecimento e da Inovação nas Organizações………………………………………..86 Texto 8: As Empresas Necessitam de Redes Humanas Eficazes, que São Formadas pelas suas Lideranças Competentes………………………………………………...93 Referências bibliográficas…………………………………………………………….115 Exercícios de múltipla escolha………………………………………………………..120 Textos extraídos Do Livro Gestão de Pessoas nas Organizações de Ugo Franco Barbieri 2 Biblioteca online - sem valor comercial, proibida a reprodução e venda UNIDADE 1 Texto 1: A RELAÇÃO E A HISTÓRIA DA GESTÃO DE PESSOAS(OU GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS) COM A ECONOMIA, A ESTRATÉGIA E A GESTÃO DAS EMPRESAS 1.1 A ECONOMIA GLOBAL E A NOVA ORGANIZAÇÃO Alguns fatores condicionam atualmente a gestão das empresas, obrigando-as a pensar e a agir em paradoxos. Vamos analisar primeiro quais são tais fatores e depois tentaremos mostrar a necessidade de planejar e operacionalizar ações dentro de uma lógica de paradoxos. Alguns fatores estão presentes na Economia Global. Hoje, existe uma competição global, principalmente entre EUA, Mercado Comum Europeu, Japão e China, mas que envolve inúmeros outros países, como índia, Coreia do Sul, Rússia, Brasil e ainda outras nações. Novos competidores estão entrando na cena mundial como os antigos países da Europa Oriental, que estavam na órbita da antiga União Soviética. O novo sistema financeiro, com seus mecanismos de investimento e de negociação, está presente nas inúmeras fusões e aquisições. Cada vez mais se percebe o respeito pela diversidade e pelas necessidades psi- cológicas e motivacionais dos colaboradores das grandes organizações e também dos seus clientes. Busca-se criar uma nova organização que incentive a participação em programas de responsabilidade social e que também cuide da gestão do meio ambiente. Surgiram novas redes de comunicação, como a Internet, a intranet e a video- conferência, que aproximam pessoas distantes em um tempo cada vez mais reduzido. Esta tecnologia provoca um processo decisório ágil, próximo à demanda do cliente, delegação de tarefas e empowerment e também a ocorrência de estruturas matriciais. Devido a estes fatores mencionados, a chave do sucesso empresarial está baseada numa abordagem da administração que não ignore a existência de contradições e incertezas e a existência de paradoxos. Ou seja, os executivos competentes deverão lidar com os paradoxos que influenciam o desenvolvimento, a ação e a transformação contínuas de suas empresas. Após as colocações anteriores, vamos descrever cinco paradoxos que permeiam a gestão moderna das empresas: • Primeiro Paradoxo: Mudanças positivas exigem boa dose de estabilidade; quando se realiza uma transformação, devem ser identificadas fontes críticas de estabilidade, como cultura, comunidade, visão estável, missão, estratégia e Textos extraídos Do Livro Gestão de Pessoas nas Organizações de Ugo Franco Barbieri 3 Biblioteca online - sem valor comercial, proibida a reprodução e venda competências básicas. Mudanças intensas exigem, elementos de estabilidade. Se os mesmos não existirem a mudança vira ação tumultuada e confusa. • Segundo Paradoxo: Para construir uma empresa é preciso focar o indivíduo; para criar uma organização complexa e/ou global deve-se reconhecer que o desempenho coletivo tem como base o desempenho individual. Deve-se atentar para a maioria, para o coletivo, otimizando o desempenho do conjunto, maximizando, porém, o potencial de cada elemento do todo. • Terceiro Paradoxo: A cultura deve ser focada de forma direta e não indireta; entende-se hoje a importância da cultura e a forte alavancagem obtida quando comportamentos e decisões sustentam consistentemente a estratégia da organização. A cultura de uma empresa é forte determinante do comportamento dos colaboradores e das decisões que são tomadas. A cultura, por sua vez, depende de um trabalho contínuo sobre elementos como: liderança, visão, estratégia, medidas de desempenho, estrutura, práticas adotadas e contexto competitivo. • Quarto Paradoxo: A verdadeira delegação de poderes requer liderança firme: sem liderança consistente, dirigida e objetivando um fim, o empowerment não ocorrerá. Observa-se o surgimento de um modelo interativo de liderança, que depende mais do poder de influência e da capacidade de motivar do que do comando e do controle, baseado em respeito mútuo, alicerçado numa comunicação eficaz. Assim, deve-se conciliar necessidade crescente de liderança firme com o instinto de liberdade e de iniciativa de cada pessoa. • Quinto Paradoxo: Para construir é preciso demolir: sempre imaginamos que o que construímos tem estabilidade e vai durar para sempre; no entanto, as forças que impelem as organizações a mudarem hoje são tão fortes que muitas soluções e modelos criados já não funcionam; fica claro que a organização criada, adequada para pouco tempo atrás, não irá resistir à competição crescente e terá que se adaptar e mudar. Assim, é preciso conscientizar o que é preciso demolir para construir algo novo. A conclusão possível é que, no novo cenário de negócios, a mudança contínua é uma necessidade e a melhor forma de conduzi-la passa por uma lógica de paradoxos que deve ser utilizada na análise dos elementos que compõem uma transformação organizacional. Temos que trabalhar, concomitantemente, fatores como: modelos de negócio, estilos de liderança, estrutura organizacional, delegação e empowerment, medidas de desempenho, administração de recursos humanos, cultura, tecnologia da informação, estratégia e o colaborador focado individualmente e não só como membro de uma equipe ou de uma área de trabalho. Textos extraídos Do Livro Gestão de Pessoas nas Organizações de Ugo Franco Barbieri 4 Biblioteca online - sem valor comercial, proibida a reprodução e venda 1.2 PREVER O FUTURO EXIGE AVALIAR HABILIDADES, COMPETÊNCIAS E TECNOLOGIAS As empresas lutam por resultados e pelo futuro cheio de sucessos. Essa luta não é apenas participação no mercado, mas é batalha pela liderança intelectual. Elas devem prever o futuro e dar resposta a três perguntas: • Que novos tipos de vantagens deveríamos tentar proporcionar aos clientes, daqui a cinco, dez ou quinze anos? • Que novas competências - grupos de habilidades e tecnologias - precisaremos desenvolver ou adquirir paraoferecer essas vantagens aos clientes? • Como vamos reorganizar nossa relação com o cliente ao longo dos próximos anos? Pode-se exemplificar com as atividades de algumas companhias, iniciando pelo planejamento da Motorola, a qual visualiza um mundo no qual os números telefônicos serão atribuídos às pessoas, e não aos lugares; onde pequenos aparelhos portáteis permitirão às pessoas manter contato com as outras onde quer que estejam; e onde os novos comunicadores possam transmitir imagem em vídeos e dados, além de sinais de voz. Resulta do cenário acima que a empresa sabe que deverá fortalecer suas competências em tecnologia de compactação digital, tela plana e bateria. Sabe também que, para captar uma fatia significativa de um mercado de consumo em expansão, terá que aumentar muito a divulgação de sua marca junto aos clientes em todo o mundo. Outro exemplo é o da Canon. Existe uma diferença entre os seus gerentes verem a empresa como fabricante de câmaras, copiadoras, máquinas de fax e impressoras ou uma empresa com competências em ótica, mecânica de precisão, eletrônica e produtos químicos. Mais um exemplo, ainda, seria a alternativa dos gerentes da Honda de perceberem sua organização como fabricante de motocicletas ou uma empresa com competência única na produção de motores e conjuntos de força. Em vez de pensar na empresa como um conjunto de unidades de negócios, os gerentes deveriam começar a encará-la como um conjunto de competências essenciais, ou seja, habilidades e tecnologias que permitem a uma empresa oferecer benefícios aos clientes. O primeiro enfoque é limitado e conduz a produtos e serviços bastante semelhantes aos produzidos no passado. O segundo ponto de vista pode nos levar a pensar numa gama diversificada de produtos e serviços, numa dimensão de futuro. A pergunta a ser feita pelos gerentes é: que benefícios os produtos ou serviços existentes oferecem aos clientes? Isso fará com que os executivos descubram novas possibilidades para seus negócios. Textos extraídos Do Livro Gestão de Pessoas nas Organizações de Ugo Franco Barbieri 5 Biblioteca online - sem valor comercial, proibida a reprodução e venda Esse pensamento revolucionário exige superar preconceitos, exigindo atitudes novas: uma curiosidade profunda e ilimitada; pensar negócios nos quais não se é especialista; espírito crítico e provocativo; orientação voltada para o cliente; forte empatia relativa às necessidades humanas. Os executivos de maior senioridade, mais tradicionais, não estão preparados para esta visão inovadora, por focarem muito o passado e acreditarem muito em dogmas sobre o negócio. Isso deve levar a empresa a consultar recém-admitidos e pessoas que não estão habitualmente envolvidas com o processo de elaboração da estratégia. Também devem ser consultados os mais jovens ou pessoas situadas na periferia geográfica da organização, as quais não estão contaminadas pelos dogmas da corporação. O resultado de todo esse processo é a busca do consenso e uma arquitetura estratégica que leve em consideração: competências essenciais que a organização precisa desenvolver; a funcionalidade dos produtos e serviços que a empresa pode oferecer e como ela pretende oferecê-los aos clientes; como os novos clientes podem ser melhor entendidos; quais os novos canais de vendas que devem ser explorados; quais as prioridades de desenvolvimento de ações voltado para o sucesso futuro. Concluindo, a arquitetura estratégica é uma criação de oportunidades. Não é o que fazer para maximizar nossa receita ou entrar num mercado de produtos já existente. Ela é o que devemos fazer hoje quanto à aquisição de competências, como preparação para captarmos uma parte expressiva das receitas futuras, num mercado de oportunidades emergentes. 1.3 A ESTRATÉGIA DO NEGÓCIO E A CAPACIDADE GERENCIAL Todo fim e início de ano é tempo de estratégia, tanto das organizações, quanto das suas unidades de negócio e das suas áreas de atividade. É tempo também de o governo planejar alocação de recursos, reformas e apoio político. Os empresários inovadores criam empresas e estratégias. Mesmo quando as estratégias não estão muito bem definidas, aproveitam oportunidades, agregando valor a produtos e serviços, criando diferenciais competitivos e ocupando nichos de mercado. Quando as empresas estão materializadas e já cresceram e se tornaram mais complexas, a capacidade gerencial se faz crescentemente necessária para estruturar e organizar a expansão da empresa ou administrar seus períodos de crise. Entre outras realidades, o empresário deve ser um pouco administrador e vice- - versa e ambos devem utilizar o pensamento estratégico para se posicionarem diante da competição e analisarem se a organização se dirige para os objetivos planejados. A estratégia, bem como a cultura organizacional e os seus valores, deve ser decodificada e passada do empresário, dos acionistas e do conselho, em forma diferenciada, até o chão de fábrica e do escritório. Elas devem ser objeto de um exercício coletivo, estando presentes e sendo condicionantes do sistema de admi- Textos extraídos Do Livro Gestão de Pessoas nas Organizações de Ugo Franco Barbieri 6 Biblioteca online - sem valor comercial, proibida a reprodução e venda nistração, o qual, no tempo presente, está freqüentemente alicerçado na gestão da qualidade e no atendimento do cliente. A estratégia deve ser modificada no todo ou em parte, não devendo engessar a ação gerencial e as mudanças, demandando um contínuo exercício de informação, inteligência empresarial e de criatividade organizacional, bem como a resolução dos possíveis conflitos de opinião, que são geradores de inovações, quando bem administrados. Vale dizer, a estratégia deve ser alterada, no todo ou em parte, de acordo com a intensidade das mudanças ocorridas no ambiente externo ou interno da empresa, as quais são sempre ameaças ou oportunidades. Uma estratégia bem conduzida e divulgada, nos vários estratos da organização, mostra quantos concordam sobre o rumo estratégico no nível dos acionistas, diretores, gerentes e demais colaboradores. A seguir, analisa-se a estrutura mais adequada para suportar o rumo estratégico: as grandes áreas de eficácia, os cargos- -chave, os fatores críticos de sucesso, os sistemas de informações, os processos de trabalho, o sistema de gestão e o estilo gerencial, a cultura organizacional e o desenvolvimento das partes e do todo da empresa. A etapa seguinte é a criação ou revisão de um sistema de Recursos Humanos que aprimore as competências e a motivação dos gerentes e demais colaboradores, as quais devem estar ajustadas ao negócio, à estratégia, à gestão e à cultura, a fim de que o planejado encontre pessoas adequadas à sua implementação. Para dar um colorido ao tema, seguem exemplos de perguntas que podemos fazer e que definem o rumo da empresa e mostram até onde nossa unidade ou área se situa, diante da questão colocada: em que mercado a empresa atua ou pensa atuar? qual é o seu objetivo primordial em produtos e serviços e quais são os seus valores? onde a empresa e seus clientes deram, ou não deram, certo? quais produtos/serviços e regiões foram ou não bem-sucedidos? qual é a posição da empresa diante da concorrência? quais são os pontos fortes e fracos, as ameaças e as oportunidades da empresa? O Brasil vive um grande paradoxo: como pessoas, grupos e organizações, somos criativos, pensamos mais ou menos estrategicamente e realizamos mudanças. No nível macroeconômico, do ponto de vista histórico, sociológico e antropológico, somos paternalistas, autoritários e centralizadores. Em diversas organizações falta uma estratégia criativa e muda-se para não mudar. Ou seja, a mudança é de superfície, mas não profunda, integradora e renovadora; freqüentemente ela não gera impacto significativo para resolvermos alguns problemas eternos, da nossa sociedade,que todos conhecem. Naturalmente, sem estratégia e sem medição do êxito da sua implementação seremos um avião em voo cego. Se o capital intelectual e humano não estiver adequado ao negócio, seremos uma tripulação deste avião, competente em algum ramo do conhecimento, mas não adequada para levá-lo ao aeroporto mais próximo. Textos extraídos Do Livro Gestão de Pessoas nas Organizações de Ugo Franco Barbieri 7 Biblioteca online - sem valor comercial, proibida a reprodução e venda 1.4 EMPRESAS VENCEDORAS E EMPRESAS EM FASE DE DECLÍNIO O presente capítulo toma por base a obra de Jim Collins Good to Great ou Empresas Feitas para Vencer. O autor compara a evolução, durante vários anos, de empresas que fizeram a evolução de boas para excelentes com empresas que serviram de comparação direta com elas, porém não fizeram a mencionada evolução. A pergunta que determinou uma longa pesquisa foi: o que as empresas feitas para vencer têm em comum e que as distingue das empresas do grupo de comparação direta? Os dados obtidos nesta pesquisa levaram ao perfil das empresas excelentes. Ou seja, não existia uma teoria a priori, a ser comprovada pela pesquisa. Foi a pesquisa que gerou a teoria. A transformação de boas para excelentes é comparada a um processo de cons- trução, seguido de uma ruptura, subdividido em três estágios: pessoas disciplinadas, pensamento disciplinado e ação disciplinada. Passo a expor as conclusões principais da pesquisa: 1. Liderança de nível 5: contrastando com os líderes de elevado perfil e per- sonalidade forte, que se tornam celebridades, os líderes das empresas “feitas para vencer” são reservados, às vezes até tímidos, e combinam humildade pessoal com firme vontade profissional. Estes líderes tiveram grande preocupação em preparar sucessores para o sucesso. 2. Primeiro quem, depois o quê: os líderes destas empresas não começaram a mudança pela definição de uma nova visão e uma nova estratégia. Apenas puseram as pessoas certas na empresa, tiraram as pessoas erradas e depois decidiram o rumo da organização, considerando que as pessoas certas são o ativo mais importante. Vale dizer, tiveram a habilidade de conseguir e manter as pessoas certas em número suficiente. Pessoas certas são as que discutem e debatem, mas depois ficam unidas quando uma decisão é tomada. 3. Enfrente a verdade nua e crua e nunca perca a fé: todas as empresas vencedoras mantiveram uma fé inabalável na vitória final, mantendo a disciplina para enfrentar os fatos mais duros da realidade atual, antes da mudança. 4. O conceito da simplicidade: só porque uma empresa vem fazendo algo há muitos anos não significa que ela possa ser a melhor do mundo nesta área. Assim, deve basear sua ação em conceitos simples, contidos em três círculos interdependentes: • cultura da disciplina: quando há pessoas disciplinadas e uma ética Textos extraídos Do Livro Gestão de Pessoas nas Organizações de Ugo Franco Barbieri 8 Biblioteca online - sem valor comercial, proibida a reprodução e venda empreendedora, não se precisa muito da hierarquia, da burocracia e de controles excessivos; • aceleradores tecnológicos: empresas vencedoras não usam a tecnologia excessiva, como o meio principal para alimentar a transformação. No entanto, são pioneiras na aplicação de tecnologias criteriosamente selecionadas; • o volante e o círculo da destruição: as empresas que fizeram revoluções e programas radicais de mudanças quase sempre falharam em se tornarem excelentes. As que conseguiram este estágio não iniciaram nenhum grande programa, nenhuma inovação arrasadora. Apenas utilizaram o processo que lembra o ato de rodar incansavelmente um enorme e pesado volante em uma determinada direção, volta após volta, construindo uma aceleração, até um ponto de ruptura, para depois transcendê-lo. • É importante citar uma conclusão final de Jim Collins: “todas as empresas, independentemente de quão excelentes elas sejam, enfrentam dificuldades; não há uma empresa excelente e duradoura cujo registro seja perfeito, imaculado. Todas elas passam por altos e baixos. O fator crítico não é a ausência de dificuldade, e sim a capacidade de superar e retornar mais forte”. Este capítulo está baseado no livro “How the Mighty Fali” de Jim Collins, o qual concluiu que todas as empresas que se tornaram um sucesso continuado têm algumas características comuns. No entanto, o autor teve uma grande dificuldade de encontrar explicações comuns para o fracasso das organizações. Com base na sua pesquisa da queda das empresas, as mesmas decaem numa forma muito diferenciada e individualizada. Apesar da dificuldade mencionada, Collins conseguiu encontrar cinco fases do declínio de empresas expressivas. A primeira fase é a da arrogância decorrente do sucesso: a empresa, nesta fase, começa a se isolar, aproveitando tudo o que já fez de bom e certo, continua a progredir, mesmo se seus líderes começam a evidenciar baixa disciplina e organização e tomada de decisões pouco objetivas. Os principais executivos começam a ficar arrogantes e orgulhosos do que fizeram bem feito no passado, imaginando que tudo isso constitui um direito adquirido, perdendo de vista os fatores críticos de sucesso que lhes permitiram conquistar bons resultados empresariais. Nesta fase, os líderes perdem a noção das razões mais importantes para atuarem de determinada maneira e as razões pelas quais deveriam mudar vários procedimentos e buscar novas soluções. Deixam de entender em que situações a sorte foi uma aliada do sucesso da empresa e passam a superestimar suas competências e capacidades. Numa segunda fase ocorre uma perseguição de mais e maiores objetivos: os líderes começam a pensar que são tão bem-sucedidos que podem fazer qualquer coisa; buscam Textos extraídos Do Livro Gestão de Pessoas nas Organizações de Ugo Franco Barbieri 9 Biblioteca online - sem valor comercial, proibida a reprodução e venda mais escala, maior crescimento e mais do que acreditam ser a razão do próprio sucesso. As empresas abandonam os métodos de atingir a criatividade em forma organizada, que as conduziram ao estágio da grandeza. Entram em atividades e produtos que não dominam ou procuram crescer mais rápido, sem buscar a excelência nos seus objetivos. Também perdem a habilidade de preencher corretamente as principais posições da empresa com os profissionais certos e passam a demonstrar resistência à mudança. Numa terceira fase existe a negação do risco e do perigo: à medida que as empresas entram nesta terceira fase, sinais internos de risco e perigo começam a aparecer, porém, os bons resultados externos continuam bastante fortes, servindo de desculpa para não pensar nos novos dados negativos da performance da organização. Começa-se a dizer que as dificuldades são temporárias, cíclicas, não tão negativas, ou ainda que nada está fundamentalmente errado. Os líderes começam a dar menos importância aos dados negativos, dando maior ênfase aos resultados positivos. Começam a pôr a culpa em fatores externos adversos, ao invés de assumirem as suas responsabilidades pelos problemas, e deixa de existir o diálogo baseado em fatos e dados concretos. Neste ponto, negam-se os riscos mais importantes e as suas conseqüências, o que anuncia a passagem para a quarta fase da decadência. A quarta fase evidencia a ansiedade da busca da salvação: os riscos e perigos acumulados na fase 3 lançam a empresa em uma fase de decadência que fica visível para todos os colaboradores. A pergunta crítica é se os líderes respondem com medidas que significam uma rápida mudança e salvação da empresa ou se permanecem na maneira de pensar antiga, utilizando os métodos ultrapassados que levaram a organização à sua fase de grandeza. A busca ineficiente de salvação da empresa pode abranger: o aparecimento de um líder visionário; uma forte estratégia não testada; umatransformação radical que implica uma dramática revolução cultural; o lançamento de um produto considerado excepcional; a aquisição de uma nova empresa. A quinta fase é a da capitulação, com foco no que é irrelevante, chegando até a morte da organização. Quanto mais a empresa permanecer na fase 4, mais ela entrará em uma espiral descendente. O acúmulo de soluções e dispendiosas medidas de renovação consomem as reservas financeiras e o espírito de decisão, fazendo os líderes abandonar qualquer esperança de um grande futuro. Em alguns casos, a empresa é vendida, ou sofre uma atrofia que a torna insignificante e, no extremo da queda vivenciada, ela simplesmente morre e deixa de existir. Talvez seja possível pular um destes cinco estágios, embora a pesquisa de Collins sugira que as empresas passam pelas fases em uma seqüência semelhante à descrita. Algumas passam mais rapidamente por cada uma das cinco fases, enquanto outras demoram vários anos ou décadas em cada etapa mencionada. Também é possível uma acumulação de fases, encontrando-se na empresa, ao mesmo tempo, sinais da fase anterior e sinais da etapa subseqüente. Textos extraídos Do Livro Gestão de Pessoas nas Organizações de Ugo Franco Barbieri 10 Biblioteca online - sem valor comercial, proibida a reprodução e venda 1.5 AS VÁRIAS FASES DA HISTÓRIA DE RECURSOS HUMANOS A gestão de RH encontra-se numa encruzilhada histórica. Muitos empresários, CEOs, executivos e consultores questionam até a existência da área, mencionando que sua responsabilidade talvez deva ser alocada aos gerentes de linha. Acham que os que trabalham nesta atividade só se ocupam com festas, feriados e férias e com a aposentadoria dos funcionários. Alguns julgam até que as responsabilidades da área devem passar para especialistas e consultores e serem terceirizadas. Outros ainda pensam que a área ficou muito focada em produzir administradores, empreendedores e “sócios” do negócio, deixando de se preocuparem com a defesa dos empregados. Três grandes correntes, com diferentes nomes, se misturam na evolução histórica e no presente de RH: Administração de Pessoal, Recursos Humanos e Capital Humano/Capital Intelectual. O Gestor de Pessoal (Administração de Pessoal) significa um executivo que é um “advogado” dos empregados e tem relação histórica com todas as correntes de pensamento e de ação social e com todos os movimentos sindicais trabalhistas, os quais deram origem à legislação atual que rege as relações de trabalho, garantindo direitos que se materializam em vantagens presentes na folha de pagamento. O Gestor de Pessoal está preocupado com que o empregado seja bem assistido e tenha um bom tratamento. O Gerente de RH (Administrador de Recursos Humanos), por outro lado, é visto como um sócio do negócio, um empreendedor, o qual deve cuidar dos ativos humanos da empresa. Está mais voltado para reestruturar e obter resultados, realizando mudanças, downsizing, outsourcing, utilizando TI para racionalizar e simplificar. Provavelmente, o enfoque mais recente de Capital Humano (Administração do Capital Intelectual) combina as duas correntes: a que tem foco na vida sindical trabalhista, com a visão do negócio do empresário, que vê as pessoas como um ativo da empresa; no entanto, Capital Humano acrescenta ainda, às duas correntes, uma visão estratégica, cultural e comportamental mais acentuada da empresa e do negócio, que se traduz em envolver-se também com planejamento, cultura organizacional, motivação, comunicação, potencial, desempenho e desenvolvimento das pessoas. Seguramente, a melhor área de RH, a mais produtiva e bem-sucedida, deve ter o tamanho e os meios adequados à realidade do negócio e é importante que combine os três papéis descritos. Para o RH ter uma visão estratégica e abrangente do negócio e da sua atividade, ele deve procurar implementar, entre outras ações: 1. A adequação entre visão de futuro, sistema de gestão, cultura e a realidade do negócio. 2. Colocar a pessoa, certa, no lugar certo, com as competências necessárias, no prazo que foi solicitado pelos seus clientes internos. 3. Priorizar a avaliação de potencial e desempenho e a educação continuada e o Textos extraídos Do Livro Gestão de Pessoas nas Organizações de Ugo Franco Barbieri 11 Biblioteca online - sem valor comercial, proibida a reprodução e venda desenvolvimento das competências das pessoas. 4. Priorizar ações de qualidade, produtividade, de inovação e criatividade. 5. Facilitar o empowerment dos empregados, no acesso dos mesmos à infor- mação e ao conhecimento do negócio. Para tanto o RH precisa conhecer o negócio e a realidade demandada pelo cliente externo: o que produzimos? quem são nossos clientes? o que eles necessitam de nós? quem são nossos fornecedores? quem são nossos concorrentes? quais são nossas ameaças e oportunidades? Para vivenciar estas realidades, o RH precisa estagiar ou conviver e sair com os gerentes da linha, conhecendo melhor o Marketing e Vendas, a Produção e o Supply Chain, Finanças e Tecnologia da Informação. Ao mesmo tempo, precisa fazer os gerentes de linha conhecerem mais planos, políticas, procedimentos, metodologias e instrumentos de RH. RHs bem assessorados por grandes consultorias implantam sistemas necessários, como planos de cargos e salários ou boas políticas e procedimentos de contratação, avaliação e desenvolvimento de empregados, por exemplo. Após tal implantação, deparam com o problema de como conscientizar e instrumentalizar os gerentes de linha para usarem tais recursos na administração de suas equipes de trabalho. Neste ponto, o desafio passa a ser como passar conceitos e atitudes para realizar mudança organizacional, avaliação de potencial e desempenho para estes gerentes e seus colaboradores. O passo seguinte é concluir que este desafio exige desenvolver as competências das pessoas, associadas às competências do negócio, tais como: visão estratégica e de futuro; liderança e trabalho em equipe; boa comunicação, habilidade de negociação e persuasão; inovação e criatividade; empreendedorismo, pragmatismo e espírito hands on; capacidade de implementar mudanças. A soma de ações e instrumentos do RH moderno demanda do seu gestor que trabalhe com conceitos de Capital Humano/Intelectual, passando-os através do Coaching, para os gerentes de linha, ajudando-os a fazerem o mesmo com suas equipes, para que as mesmas tenham elevado desempenho. Pesquisas apontam que o treinamento grupai, em sala de aula, não é tão eficaz quanto um Coaching individualizado e personalizado. O treinamento dá informação e possibilita uma sensibilização para a mudança na direção do RH moderno. O Coaching, porém, aprofunda conceitos, modifica atitudes e desenvolve as competências necessárias para que a mudança organizacional ocorra. 1.6 ESTUDO DA DELOITTE SOBRE A “IMPORTÂNCIA DE RH PARA OS NEGÓCIOS” O título acima foi dado pela Deloitte para um estudo produzido pela área global de Consultoria em Gestão de Capital Humano, que contou com a participação de 468 empresas e 591 executivos de todos os continentes. Os participantes foram divididos em duas amostras: líderes das áreas de negócio e líderes de RH. Textos extraídos Do Livro Gestão de Pessoas nas Organizações de Ugo Franco Barbieri 12 Biblioteca online - sem valor comercial, proibida a reprodução e venda O faturamento das empresas consultadas abrangeu desde 125 milhões de dólares até valores acima de 10 bilhões de dólares, em segmentos os mais diversos, como: telecom, energia e recursos globais, saúde, serviços financeiros, manufatura, setor público, setor imobiliário, bens de consumo e serviços profissionais. A pesquisa abordou o novo papel estratégico da área de Recursos Humanos nas grandes corporações. Para isso, contou com as opiniões de executivos da alta administração e dos responsáveis pela gestão de pessoas na organização. O objetivofoi levantar e analisar as respostas dos executivos líderes das áreas de negócios, e também da área de Recursos Humanos, sobre as práticas adotadas de gestão de pessoas em suas organizações. Passamos a citar alguns dos principais resultados presentes no referido estudo: • 88% dos entrevistados consideram que os assuntos relacionados às pessoas se tornarão mais importantes no futuro; • 60% consideram os assuntos relacionados às pessoas “altamente importantes” para a tomada de decisão; • 90% avaliam que as pessoas serão ainda mais importantes nas tomadas de decisão nos próximos três a cinco anos. Aqui cabe uma primeira interpretação dos dados. Vivemos numa Economia Global e numa Sociedade do Conhecimento e as mudanças rápidas, as fusões e aquisições e outros fatores determinam, cada vez mais, que se contratem profissionais que pensem estrategicamente, saibam visualizar o futuro e sejam capazes de implementar as ações planejadas, obtendo produtividade, lucro e rentabilidade. Sem dúvida esta é uma missão fundamental e uma contribuição que o RH pode implementar com o apoio das áreas de negócio. As principais preocupações dos líderes, segundo o estudo, são: desenvolvimento de liderança (76%); gestão de talentos (72%); criação de uma cultura de alta performance (71%); treinamento (66%). A pesquisa sugere que não obteremos uma cultura de alta performance sem termos uma gestão que busque continuadamente a avaliação do potencial e do desempenho dos talentos, sem treiná-los e desenvolvê-los. O estudo conclui que as pessoas têm uma importância primordial que se reflete em atingir os objetivos e buscar uma alta performance da organização, podendo-se dar destaque aos seguintes pontos: 1. aumentar ou manter as margens; 2. aumentar ou manter os lucros; 3. aumentar a fidelidade dos clientes; 4. aumentar a satisfação dos clientes; Textos extraídos Do Livro Gestão de Pessoas nas Organizações de Ugo Franco Barbieri 13 Biblioteca online - sem valor comercial, proibida a reprodução e venda 5. inovação em produtos e serviços. Esta relação entre o desenvolvimento do capital humano, que impacta na performance das organizações, tem muito foco em estratégias, cujas mais importantes são: 1. aumentar a competividade; 2. obter mais qualidade em produtos e serviços; 3. conseguir mais inovação tecnológica. Curiosa é a distinção entre os principais desafios apontados pelos executivos de negócios e pelos RHs das empresas. Os principais desafios apontados pelos dois grupos são os mesmos, porém para o grupo dos executivos de RH predomina o desejo de melhorar a eficiência operacional da própria área. Já os homens de negócio destacam que é preciso que o RH busque uma atuação mais estratégica dentro dos objetivos das organizações. Outra conclusão da pesquisa “Aligned to the Top” é o tema da liderança. Em resumo, diz a mesma que identificar e desenvolver líderes é hoje uma responsabilidade que cabe a todos os executivos das organizações. Além disso, afirma que as experiências das empresas mais bem-sucedidas do mundo indicam um envolvimento direto dos executivos seniores no processo de desenvolvimento de lideranças. Na seqüência, está explicado também que atrair, identificar e reter talentos está entre as maiores preocupações das empresas. Do ponto de vista da montagem de estratégias de gestão de pessoas, alguns pontos ganham destaque: a figura do CEO e sua capacidade de influenciar a cultura e os valores das organizações para se obter alta performance; a atuação do RH como agente de transformação e criador de modelos para alinhar a organização com os objetivos do negócio; a ação de encurtar as distâncias entre os resultados a serem alcançados pelas empresas e a forma como as pessoas atuam na concretização das metas. Digna de nota é a opinião dos executivos sobre a relação entre a ação do RH e viabilização das estratégias das empresas: 1. o RH é importante na implementação das estratégias; 2. é essencial na definição da estratégia e do sucesso das operações; 3. é importante nas operações e nos negócios. Apesar do acima exposto, ainda 60% dos executivos de negócios afirmam que não consultam o principal executivo de RH ao longo de processos de fusão e aquisição. Algumas conclusões finais deste estudo: a gestão de pessoas é percebida cada vez mais como estratégica e não como um centro de custos; a gestão de RH ainda é uma função em consolidação; o RH deve gerar valor à organização por meio da gestão de Textos extraídos Do Livro Gestão de Pessoas nas Organizações de Ugo Franco Barbieri 14 Biblioteca online - sem valor comercial, proibida a reprodução e venda pessoas; os executivos do negócio devem compreender as demandas do RH e devem oferecer recursos para a concretização das estratégias. 1.7 A ORGANIZAÇÃO ELETRÔNICA A Internet está mudando o mundo dos negócios, com impacto na nossa vida pessoal. O novo mundo digital criou o comércio eletrônico, o e-commerce, e também afeta o comportamento organizacional. Neste mundo novo, o e-business abrange o e-commerce, incluindo o primeiro todas as diversas atividades de uma empresa, que são baseadas na utilização da Internet: estratégias; melhoria da comunicação com fornecedores e clientes; colaboração com parceiros para coordenar o planejamento e a produção; identificação de liderança para dirigir um negócio virtual; a localização de profissionais adequados para construir e operar intranets e websites; administração do negócio. O e-business compreende a criação de novos mercados e clientes, mas também se ocupa da otimização das formas de combinar computadores, a Web e os aplicativos de software. Uma empresa de e-business utiliza a Internet, a intranet e a extranet para criar um canal de comunicação organizacional, tornando possíveis a integração e o compartilhamento de informações, permitindo que clientes, fornecedores, funcionários e outras pessoas se comuniquem com a organização e através dela em tempo real. Outra utilização da Internet é a melhoria da gestão de um negócio tradicional, que não pertence ao mundo virtual. Muitas empresas não vendem nada pela Internet, mas utilizam aplicativos de e-business para melhor desempenhar suas funções tradicionais. A terminologia e-organization (e-org) para estas organizações que utilizam a Internet mostra que o mundo eletrônico não se restringe às empresas comerciais, abrangendo as indústrias, as instituições sem fim lucrativo e as governamentais. Quais são as características que diferenciam as e-orgs? • Nelas não existem regras gerais aceitas, modelos estabelecidos e com- provados, nem planos estratégicos predefinidos, prevalecendo a experi- mentação e a inovação. • As mais bem-sucedidas são as mais rápidas no desenvolvimento de novos produtos e serviços, entrando rapidamente nos mercados e enfrentando com agilidade os concorrentes. • Não estão presas a uma localização geográfica; por meio das conexões digitais, todos os empregadores podem ter acesso aos melhores e mais brilhantes colaboradores, os quais não precisam mudar de residência para ir atrás de boas oportunidades de trabalho. • Nas referidas empresas tudo gira sobre um sistema aberto de informações integradas, que inviabilizam as estruturas hierárquicas tradicionais, facilitam o acompanhamento dos projetos, democratizam o processo decisório e integram a organização com seus fornecedores, parceiros e clientes. • Elas vivenciam um paradoxo: aumentam o isolamento do funcionário, mas também criam comunidades de pessoas que pensam da mesma forma. Textos extraídos Do Livro Gestão de Pessoas nas Organizações de Ugo Franco Barbieri 15 Biblioteca online - sem valor comercial, proibida a reprodução e venda Com base no acima exposto arriscamos que a compreensão das emoções das pessoas talvez seja mais importante nas e-orgs do que nas empresas tradicionais. As primeiras permitem queas pessoas trabalhem juntas, estando separadas pelo tempo e pelo espaço, gerando o isolamento social. Caracterizam-se por mudança e instabilidade, o que gera uma necessidade entre os colaboradores de pertencerem a uma comunidade, desenvolvendo fortes laços emocionais. A supervisão eletrônica dos funcionários pela administração coloca em risco a privacidade dos primeiros. A motivação das pessoas é ameaçada pelas distrações causadas pela visita a sites da Internet não relacionados com o trabalho (jogos, compras, busca de um novo emprego). O processo decisório e a comunicação das e-orgs mostram algumas características típicas das mesmas: • a decisão em grupo é mais importante do que a individual; • a decisão está mais ligada à ação e à experimentação e não a modelos reflexivos e racionais; • as decisões são rápidas, não contando com muita experiência anterior; • as pessoas se comunicam com qualquer um, a qualquer hora, em qualquer lugar; • a comunicação interpessoal não é a habitual das empresas tradicionais. Não existe diferença entre redes formais e informais, a comunicação não verbal perde o valor e são diferentes as negociações, as reuniões e o estilo de supervisão. As regras, as políticas e os regulamentos que caracterizam as organizações tradicionais oferecem uma orientação e reduzem as incertezas dos funcionários. Estas realidades formais não existem nas e-orgs, o que força o líder a fornecer uma direção por meio de uma visão de futuro. Ou seja, é vital uma liderança visionária e um profundo entendimento de como a tecnologia vai mudar o negócio. Sintetizando, acho que todos devem tentar olhar a sua empresa e responder a algumas questões: • Qual o impacto direto da Internet, Intranet e Extranet no seu negócio? • Em que proporção a própria empresa já é mais ou menos uma e-org? • Como a própria empresa se relaciona com as típicas e-orgs? • Como o mundo virtual afeta planejamento, estrutura, gestão, liderança, comunicação e motivação? • Como estes temas afetam o capital humano e intelectual de uma empresa? Textos extraídos Do Livro Gestão de Pessoas nas Organizações de Ugo Franco Barbieri 16 Biblioteca online - sem valor comercial, proibida a reprodução e venda EXERCÍCIOS DE REFLEXÃO: Após os estudos da Unidade 1, responda às questões abaixo: 1. Quais as características principais da Economia Global da atualidade? 2. Qual é o diferencial competitivo do Brasil? Quais são os pontos fortes de nossa Economia? 3. O significado do tempo e da distância, na vida humana e empresarial, mudou, com a evolução da informática e das telecomunicações, da Internet e Intranet e da videoconferência? 4. Como pode-se descrever a relação entre previsão do futuro, nas organizações, e a avaliação de habilidades, competências e tecnologias? 5. Qual a importância de uma arquitetura estratégica para a aquisição de competências do negócio e da gestão, para criarmos receitas e lucros futuros e para obtermos a participação diferenciada da empresa no seu mercado? 6. Quais são os três estágios pelos quais passam as empresas, quando se transformam de boas em excelentes organizações, segundo a pesquisa de Jim Collins? Quais são as principais conclusões desta pesquisa? 7. Quais são as várias fases da história de Recursos Humanos e da Gestão de Pessoas? 8. Quais são as características principais de uma organização eletrônica? 9. O e-business utiliza a Internet, a Intranet e a Extranet? ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ Textos extraídos Do Livro Gestão de Pessoas nas Organizações de Ugo Franco Barbieri 17 Biblioteca online - sem valor comercial, proibida a reprodução e venda ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ Textos extraídos Do Livro Gestão de Pessoas nas Organizações de Ugo Franco Barbieri 18 Biblioteca online - sem valor comercial, proibida a reprodução e venda Texto 2 A ESTRUTURA E A CULTURA ORGANIZACIONAIS, CONFLITOS ORGANIZACIONAIS E ÉTICA EMPRESARIAL 2.1 O SIGNIFICADO DA ESTRUTURA ORGANIZACIONALNão pretendemos esgotar o assunto, mas sim mostrar que existe uma relação entre a Estrutura Organizacional e todos os subsistemas da Gestão de Pessoas, principalmente os de recrutamento e seleção, avaliação de cargos e administração salarial, avaliação de potencial e desempenho, treinamento e desenvolvimento e plano de carreira. Uma estrutura organizacional define como as tarefas são alocadas, agrupadas e coordenadas. Leva em conta a especialização do trabalho, a departamentalização, a cadeia de comando, a amplitude de controle, a centralização, a descentralização e a formalização. A especialização avalia o grau em que as tarefas na organização são subdivididas em funções separadas. A departamentalização agrupa as atividades para que as tarefas possam ser coordenadas. A cadeia de comando é uma linha de autoridade que vai do topo da organização até o nível mais baixo, especificando quem se reporta a quem na organização. A amplitude de controle, na prática, determina o número de níveis de chefia que a organização terá, permitindo que o administrador mais elevado consiga gerenciar os níveis mais baixos sob seu comando. Na empresa centralizada, as decisões são sempre tomadas nos níveis mais altos e, na empresa descentralizada, os gestores da base da estrutura, mais próximos da ação, são os que tomam as decisões. A formalização se refere ao grau em que as tarefas dentro da organização são padronizadas. Quando uma tarefa é muito padronizada, seu responsável tem pouca autonomia para tomar decisões. De acordo com as características de uma estrutura, por exemplo, vamos ter profissionais mais ou menos especializados, ou generalistas, com maiores ou menores salários e benefícios, com treinamento e desenvolvimento mais ou menos sofisticado, sucessores das maiores ou menores posições na cadeia de comando. Quando a empresa utiliza equipes como seu meio básico de coordenação, existe uma estrutura de equipe. Ela desestrutura as barreiras departamentais e descentraliza o processo decisório, que passa a ocorrer nas equipes de trabalho. Nesta estrutura, os funcionários devem ser generalistas e especialistas. A organização virtual, ou organização em rede, é encontrada numa organização, a qual terceiriza a maior parte das suas funções de negócio. Ela é muito centralizada, com pouca ou nenhuma departamentalização. A organização matricial é típica de multinacionais, com unidades em vários países, na qual o executivo tem um reporte imediato a uma ou mais chefias locais e outros reportes a executivos da matriz. Textos extraídos Do Livro Gestão de Pessoas nas Organizações de Ugo Franco Barbieri 19 Biblioteca online - sem valor comercial, proibida a reprodução e venda 2.2 CULTURA ORGANIZACIONAL E SUCESSO EMPRESARIAL Todos nós que vivemos ligados às organizações devemos analisar a cultura de uma ou várias empresas, para termos bom desempenho individual e grupai, o que resulta em sucesso empresarial, pois ela afeta a estratégia, a gestão e o capital humano. A cultura é uma percepção comum, compartilhada pelos membros de uma organização; um sistema de valores compartilhado. É uma compreensão clara, ou deveria ser, de “como as coisas são feitas aqui”. Ela tem relação com a origem da empresa e com as crenças que lhe foram transmitidas pelos seus fundadores. A mesma se institucionaliza, ao longo do tempo, quando uma organização adquire uma permanência institucional, quando os modos aceitáveis de comportamento se tornam amplamente autoevidentes para seus membros. Dessa forma, compreender em que consiste a cultura de uma organização, como ela é criada, sustentada e aprendida, pode melhorar nossa capacidade de explicar e prever o comportamento das pessoas no trabalho. Pesquisas sugerem que algumas características positivas ou negativas diferenciam a cultura de uma organização bem-sucedida de outra não muito competente: inovação e liberdade para correr riscos; atenção aos detalhes; orientação para os resultados; orientação para as pessoas; orientação para a equipe; agressividade, e não acomodação; estabilidade ou manutenção do status quo, em oposição à mudança e ao crescimento. Em toda a empresa existe uma cultura dominante e subculturas. A primeira expressa os valores essenciais compartilhados pela maioria dos membros da organi- zação. As subculturas são miniculturas dentro da organização, geralmente relacionadas com departamentos, unidades de negócio e localização geográfica. Os valores essenciais são os valores básicos e dominantes, compartilhados por toda a organização. Quando dizemos que uma empresa tem uma cultura forte, estamos mencionando qu e nela os valores essenciais são intensamente acatados e amplamente compartilhados. Outras pesquisas também indicam que temos que levar em consideração a cultura de cada país para que se possa prever mais precisamente o comportamento organizacional nas diversas nações. Se uma empresa tem origem alemã, americana ou japonesa, na sua filial localizada em outro país, sua cultura de origem provavelmente não irá predominar, pelo menos não na sua forma mais pura. A cultura da filial de uma multinacional estrangeira no Brasil, por exemplo, irá ser influenciada pelo nosso jeito de fazer as coisas e nossa flexibilidade e nossa capacidade de inovar e improvisar. A cultura desempenha diversas funções dentro de uma organização: é definidora de fronteiras, criando distinções entre uma organização e outras; proporciona um senso de identidade aos membros da organização; facilita o comprometimento com a empresa, algo maior do que os interesses individuais de cada um; estimula a estabilidade do sistema social da organização, mantendo-a coesa; serve como sinalizador de sentido e Textos extraídos Do Livro Gestão de Pessoas nas Organizações de Ugo Franco Barbieri 20 Biblioteca online - sem valor comercial, proibida a reprodução e venda mecanismo de controle que orienta e dá forma às atitudes e comportamentos dos funcionários. O papel da cultura na influência do comportamento dos funcionários parece ganhar uma importância cada vez maior no atual ambiente de trabalho. As organizações expandiram a amplitude de controle, achataram a estrutura, introduziram o trabalho em equipe e as estruturas matriciais, reduziram a formalização e deram mais autonomia aos funcionários. Assim, os valores compartilhados asseguram que todas as pessoas estejam caminhando na mesma direção. A existência de uma forte cultura se torna um obstáculo quando os valores compartilhados não estão de acordo com aqueles que podem melhorar a eficácia de uma organização. A prática da diversidade e do respeito às minorias cria um paradoxo: a empresa quer que os novos funcionários aceitem os valores essenciais da cultura orga- nizacional; ao mesmo tempo, tenta reconhecer e apoiar as diferenças que estes colaboradores levam para dentro da empresa. Muitas das aquisições e fusões, historicamente, têm levado em conta vantagens financeiras ou sinergia de produtos. Atualmente, examina-se também a compatibilidade cultural na união de duas empresas. E entendido como socialização o processo que adapta os funcionários à cultura organizacional, o qual tem três estágios: o anterior, da chegada do colaborador, que consiste na aprendizagem que acontece antes que o novo funcionário entre para a organização, fazendo-o passar por uma socialização prévia na universidade e no treinamento. Também o processo de seleção é utilizado para informar sobre a organização como um todo; o do encontro com a realidade, no qual o funcionário vê o que a empresa é, de fato, confrontando suas expectativas com a realidade prática do dia a dia; o da mudança, quando o novo funcionário muda e se ajusta às tarefas, ao grupo de trabalho e à organização. Outro aspecto da assimilação e consolidação de uma cultura são os denominados rituais e cerimônias de homenagem, premiação ou reforço dosvalores e costumes, individuais e grupais. Por exemplo, trabalho duro e inovador da área comercial podem ser recompensados com festa e premiação. Muitas práticas de Recursos Humanos reforçam a cultura organizacional: o processo de seleção, os critérios de avaliação de desempenho, as atividades de treinamento e desenvolvimento de carreira e os procedimentos de promoção. A conclusão das ideias anteriores é a de que os colaboradores formam uma percepção geral subjetiva da organização com base em fatores como o grau de tolerância aos riscos, a ênfase no trabalho de equipe e no apoio à criatividade das pessoas. Textos extraídos Do Livro Gestão de Pessoas nas Organizações de Ugo Franco Barbieri 21 Biblioteca online - sem valor comercial, proibida a reprodução e venda Essa percepção genérica torna-se, de fato, a cultura ou a personalidade da organização. Em conseqüência, essas percepções favoráveis ou desfavoráveis afetam, então, o desempenho e a satisfação dos funcionários, bem como o sucesso empresarial, sendo o impacto maior quanto mais forte e positiva for a cultura. 2.3 O CONFLITO NAS ORGANIZAÇÕES Existe um conflito nas organizações quando um indivíduo ou um grupo perceber um ao outro como um obstáculo à satisfação de suas realizações, o que provocará um sentimento de frustração, que poderá levar uma ou mais pessoas a reagir à ameaça representada pela outra parte. Naturalmente, esta percepção pressupõe: uma interdependência entre as partes, as quais estão associadas na busca de realizações semelhantes; uma incompatibilidade percebida por uma delas, com relação aos objetivos e ao comportamento do outro, sendo ela, na prática, a originadora do conflito. Existem alguns modelos principais que nos permitem estudar o conflito nas organizações: o Modelo Racional, o Modelo das Relações Humanas, o Modelo Político e o Modelo Sistêmico. Os primeiros teóricos da gestão (Taylor, Fayol, Gulick, Urwick) priorizaram a racionalização da organização do trabalho e trataram pouco da questão do conflito. Apenas colocaram que o conflito é negativo porque afeta a eficiência organizacional, o que também se encontra, em Max Weber e Michel Crozier, no desenvolvimento das teorias sobre a organização burocrática. O Modelo Racional coloca como os principais mecanismos de solução de con- flitos: • a definição das tarefas, das regras e dos métodos, que prescrevem claramente os papéis e as responsabilidades de cada um e que despersonalizam a execução dos trabalhos; • a redução das interfaces entre as tarefas, que tem por objetivo eliminar a própria fonte de frustração na origem dos conflitos, diminuindo a depen- dência de umas tarefas em relação às outras; • a concentração do poder em uma hierarquia e em uma cadeia de comando que tem como objetivo reduzir o nível de ambigüidade e de incerteza vividas pela base da organização. No entanto, após a Segunda Guerra Mundial, os teóricos do neorracionalismo (Drucker, March, Odiorne e Simon) reconheceram que existe uma racionalidade limitada na tomada de decisões, pela capacidade do gestor, pela existência de contradições nos objetivos perseguidos e pela maior ou menor possibilidade di acesso aos recursos e à informação necessária, entre outras razões. Ou seja, a organização consegue soluções satisfatórias e não ótimas, como recomendara Taylor. Textos extraídos Do Livro Gestão de Pessoas nas Organizações de Ugo Franco Barbieri 22 Biblioteca online - sem valor comercial, proibida a reprodução e venda Começa a aparecer o que hoje se define como Inteligência Emocional, e o fatores subjetivos da questão. Para reduzir o conflito é preciso melhorar a identificação das escolhas organizacionais, acentuando a participação no processo d decisão ou o comprometimento em relação aos objetivos da organização, por método dos como a Administração por Objetivos de Odiorne. Surge no contexto acima o Modelo de Relações Humanas. O comportamento humano no trabalho não tem sua origem apenas em uma lógica econômica e racional. A própria dimensão psicossocial impõe suas leis às relações organizacionais Coloca-se em evidência a Dinâmica de Grupo, toma-se consciência das normas e valores sociais e do processo de socialização que influencia o comportamento individual nas organizações. Passa-se a reconhecer o poder das atitudes individuais no trabalho, chegando -se a valorizar um ambiente mais humano, associando-se satisfação individual produtividade organizacional. Argyris, por exemplo, reconhece a possibilidade de divergência entre os objetivos individuais e os organizacionais. Assim, os adeptos do modelo institucional (Selznick) e os do modelo cultural (Deal Kennedy) tentam reduzir os conflitos pela implementação de mecanismos que favorecem a adesão e a identificação dos indivíduos com o sistema de valores e da cultura das organizações. Nesta escola temos desde os adeptos do Modelo Participativo (Argyris) até as correntes mais recentes de Qualidade e Vida no Trabalho ou de Mobilização do Pessoal (Mohrman Lawler). Em geral, consideram que o conflito se reduzirá à medida que a organização conseguir implementar mecanismos que permitam a cada um veicular suas preocupações e influenciar as decisões com as quais está relacionado. O terceiro Modelo é o Político. É feita uma análise sociopolítica das organizações (Blau, Croizier, Etzioni) e se começa a reconhecer a natureza estratégica das relações entre os diversos grupos que compõem a organização. Cada grupo tenta dominar uma dimensão essencial do trabalho, ampliando as incertezas, fazendo conhecer ao outro suas exigências, exigindo regras e respeito às mesmas, tentando manter sua autonomia e seu poder sobre o ambiente organizacional. Nesta escola, o conflito aparece, pela primeira vez, como uma coisa natural nas organizações, com a conseqüente necessidade da gestão dos conflitos. O conflito passa a pressupor foros de negociação permanente ou fórmulas de arbitragem para resolver questões litigiosas. Finalmente, chega-se ao Modelo Sistêmico, o qual define a organização como um conjunto de partes em interação, entre si e com o meio ambiente (Katz Kahn, Thompson). Cada sistema e subsistema dependem, para sua sobrevivência, de sua permuta com o ambiente, devendo diferenciar-se dos outros sistemas por sua con- tribuição distinta, conseguindo ao mesmo tempo integrar-se ao referido ambiente. Textos extraídos Do Livro Gestão de Pessoas nas Organizações de Ugo Franco Barbieri 23 Biblioteca online - sem valor comercial, proibida a reprodução e venda Nesse esforço de diferenciação funcional, a organização terá necessidade de desenvolver mecanismos para tratar a informação que lhe chega do ambiente e que também lhe permite fazer adaptações. Uma organização submetida a um ambiente turbulento, por exemplo, precisará desenvolver mecanismos de gestão de caráter orgânico, permitindo adequar-se às inconsistências e às contradições com as quais deve conviver. Nesta perspectiva, o conflito aparece como inevitável e funcional, pois a orga- nização é submetida a um processo constante de adaptação. Segundo o nível de incerteza a tratar, pode-se revelar eficaz aplainar as diferenças ou encorajar as divergências, suscetíveis de melhorar a solução final. Parece-nos que estas breves recordações do Conflito nas Organizações possam nos fazer refletir sobre o tipo e a gestão dos conflitos nas nossas empresas, tentando associar, cada vez mais e melhor, o fator humano ao organizacional, considerando que fatores mais objetivos ou mais subjetivos sempre criarão impasses que deverão ser resolvidos. Ou seja, o conflito não é uma patologia, mas uma realidade da evolução humana e organizacional. 2.4 ÉTICA ORGANIZACIONAL E GESTÃO DAS EMPRESAS Weber deu o nome de Ética Protestante à análise socioeconômica que fez das origens do Capitalismo, associando-o ao Calvinismo e às seitas religiosas ligadasao mesmo. Na mesma, cada um é responsável, perante Deus, pelas suas atividades neste mundo. Um indício de sua posição no outro mundo, na vida espiritual, são as suas realizações econômicas nesta vida. Ele enfatiza o valor, para esta ética, do trabalho árduo, decorrente da iniciativa própria, autodisciplina e competição com os demais. A marca da predestinação celeste residiria na crescente solidez do comerciante, o qual, desde o início do Capitalismo, trabalhava muitas horas, era econômico, e não tinha tempo para ociosidades e frivolidades. Weber, como outros autores, sugeriu que esses valores permitiram o desenvolvimento de uma classe empreendedora, criando-se os alicerces para o Capitalismo e uma sociedade industrializada. Historicamente, mudanças científicas e tecnológicas ocorreram concomitan- temente ao surgimento dos empresários e de uma classe trabalhadora. A mão de obra foi cada vez mais utilizada para transformar a matéria-prima em produto acabado; foram feitos elevados investimentos de capitais; ampliaram-se as atividades de Marketing e de logística e distribuição de produtos, num mercado cada vez mais livre e competitivo, chegando-se até os dias atuais e à Economia Global. A industrialização e o Capitalismo impactaram fortemente nos costumes e na estrutura social, bem como nos valores éticos da sociedade e das organizações. Houve uma mudança nas relações e papéis familiares, criou-se maior igualdade entre os dois sexos, grandes empreendimentos industriais e corporações foram materializados e os trabalhadores se organizaram em sindicatos, tendo mais força nas suas relações com as empresas e com o poder político. Qualquer priorização de fatores na gestão de uma organização tem implicações Textos extraídos Do Livro Gestão de Pessoas nas Organizações de Ugo Franco Barbieri 24 Biblioteca online - sem valor comercial, proibida a reprodução e venda práticas e éticas. Se a empresa é por demais utilitarista e pragmática, pode promover a eficácia, a produtividade e o lucro, mas pode também não cuidar dos direitos de alguns indivíduos, especialmente daqueles pertencentes às minorias dentro da organização. Nesta linha de raciocínio vemos excessos ocorrerem nas fusões e aquisições, quando alguns erros são cometidos no enxugamento das estruturas. Enfatizar o respeito ao colaborador protege o indivíduo, respeitando sua priva- cidade e sua liberdade, por exemplo, mas pode-se correr o risco de prejudicar a eficácia, a produtividade e o lucro, por não se tomarem medidas que priorizam o sucesso da empresa. O enfoque na justiça protege os interesses dos menos poderosos e mal representados, como está previsto no Direito Trabalhista e Sindical, mas pode-se estimular um espírito de acomodação, que reduz a propensão aos riscos, à inovação e à produtividade. A crescente preocupação da sociedade com os direitos humanos e com a justiça social mostra a necessidade de as empresas desenvolverem padrões éticos não baseados apenas em critérios utilitaristas. Aumento de preços, venda de produtos que colocam em risco a saúde dos consumidores, fechamento de fábricas, demissões em massa, mudança do centro de produção para outro país, alteração do meio ambiente, podem ser justificados pela ótica utilitarista. No entanto, a sociedade cada vez mais se opõe às decisões baseadas apenas em critérios dessa natureza. Tudo isso nos leva à afirmação de que “pessoas éticas não fazem coisas antié- ticas”. Sem dúvidas pessoas que possuem padrões éticos estão menos propensas a se envolver em práticas antiéticas. Resta saber se o comportamento ético é mais do indivíduo ou do seu contexto situacional e organizacional. As evidências sugerem que as pessoas com elevados princípios éticos vão permanecer fiéis a eles, apesar das atitudes dos outros ou da orientação das normas da organização em sentido contrário. Em forma diferente, quando o desenvolvimento moral e ético de um indivíduo não possui um padrão muito elevado, ele pode ser mais facilmente influenciado a praticar atos antiéticos. Como as empresas atualmente debatem muito a questão ética, sempre vale recordar: • os executivos devem ser estimulados a identificar os padrões éticos dos candidatos a empregos; • deve-se ter uma descrição clara das tarefas e um código de ética formalmente redigido; • a organização deve praticar modelos positivos de gerenciamento, avaliação e recompensa, tanto dos meios como dos fins buscados e praticados no atingimento das metas e dos resultados; • deve-se criar uma cultura que estimule as pessoas a desafiar abertamente quaisquer práticas questionáveis. Ao terminar a seção, deixo as perguntas para o leitor responder: quais são os valores e princípios éticos da sua organização? Estão bem alinhados com os seus Textos extraídos Do Livro Gestão de Pessoas nas Organizações de Ugo Franco Barbieri 25 Biblioteca online - sem valor comercial, proibida a reprodução e venda princípios pessoais, crenças e valores? Conflitam com os princípios e valores da cultura do país? 2.5 A ÉTICA EMPRESARIAL NUMA VISÃO ABRANGENTE Muitos pensadores já disseram que a Democracia Capitalista tem muitos defeitos, mas que ninguém inventou um sistema melhor, até agora, que combine empreendedorismo com a livre expressão das ideias. O defeito do regime político mencionado ficou evidente na crise financeira mundial ocorrida em 2008. Um dos motivos desta crise foi, em parte, a falta de regulamentação de algumas instituições por órgãos governamentais e a excessiva ambição pelo lucro não baseado em uma produtividade real. No entanto, em vários países existe esta regulamentação, como também existem as auditorias internas e externas nas organizações, e problemas de ética empresarial continuam ocorrendo. A lei Sarbanes Oxley é suficientemente conhecida, bem como todos os temas da Governança Corporativa, o que me dispensa de fazer comentários a respeito. Apesar das regulamentações e controles, os excessos e os desvios de uma conduta prudente ou ética continuam ocorrendo dentro das empresas, em várias partes do mundo. Este quadro está bem presente na mente de líderes empresariais como Stephen Green, Presidente mundial do HSBC, o qual, além de banqueiro, é pastor anglicano e que afirma: “as regras nunca serão suficientes para fazer com que a moralidade prevaleça. O valor para o acionista é um subproduto e não deve ser privilegiado com exclusividade de tudo mais”. Voltando ao tema da Governança Corporativa, profundamente vinculado ao assunto da ética empresarial, recordamos que começa a surgir no mundo a presença de especialistas em Capital Humano dentro dos Conselhos de empresa. Naturalmente, este conselheiro especializado na área humana vai cuidar do Capital Intelectual da própria organização, mantendo o foco em assuntos que podem abranger: remuneração e avaliação da performance dos conselheiros, do CEO e dos Diretores e principais executivos da organização, dialogando a respeito com o Diretor de Recursos Humanos; também deverá ser ocupar com políticas de motivação, retenção e desenvolvimento dos colaboradores. Além disso, pode-se imaginar que, gradualmente, este conselheiro da área humana também se preocupe com o bem-estar de clientes, fornecedores e das comunidades com as quais a empresa interage, numa ótica social e ambiental. Parece que na mente de alguns líderes como Stephen Green começa a surgir a preocupação com valores, com a ética empresarial, a qual não pode ser dissociada da Filosofia e da Religião. Se investigarmos os acionistas, os CEOs e os “key people” de uma empresa, ainda vamos ver uma certa timidez em expressarem seus pontos de vista filosóficos e sua espiritualidade. Fora das empresas freqüentam seus templos, igrejas, sinagogas, mesquitas, centros espíritas e seus centros de estudos de Filosofia e outros movimentos que podemos classificar como escolas de sabedoria. Na empresa, porém, estas vivênciasnão são suficientemente discutidas. Acho que todos os seres humanos acreditam que a razão de tantos conflitos e Textos extraídos Do Livro Gestão de Pessoas nas Organizações de Ugo Franco Barbieri 26 Biblioteca online - sem valor comercial, proibida a reprodução e venda desigualdades ao longo da história, entre os indivíduos e os povos, tem sua origem numa falta de ética e de amor em relação ao próximo. Imensas somas de dinheiro foram gastas e são gastas em guerras ou em atividades que não beneficiam o ser humano. Não adotamos ainda os conceitos da “Ética de Respeito à vida” de Albert Schweitzer ou os conceitos éticos de Platão e Aristóteles, ou ainda as afirmações de grandes espíritos como Buda (reto pensar, reto falar e reto agir) ou Jesus (ama a teu próximo como a ti mesmo). Saindo de uma visão espiritual e filosófica e voltando para o mundo empresarial, cabe recordar que uma boa maneira de analisar desempenho e evitar ações antiéticas é ter um sistema permanente de Avaliação de Competências e de Coaching Individual e Coletivo. Um Management Assessment irá observar, por exemplo, se além de potencial para crescer numa organização, um executivo tem uma liderança que permita uma competição positiva e não destrutiva e um trabalho em equipe no grupo de colaboradores por ele coordenado. Um Coaching Individual e Coletivo irá desenvolver e refinar, além de liderança e trabalho em equipe, outras habilidades como: pensamento estratégico e visão de futuro; inovação e criatividade; comunicação e negociação; resistência à frustração e persistência; inteligência emocional e social; atitude hands on, pragmatismo e capacidade de implementar mudanças. Também serão evitadas ações antiéticas se fizermos um bom recrutamento e seleção de executivos onde, entre outras análises, são tomadas referências profissionais de um profissional e feito um acompanhamento do tipo coaching, durante um ano, por uma boa empresa de Executive Search. A conclusão é que ética empresarial não surge apenas a partir de controles externos, e demanda o trabalho de desenvolvimento continuado do pensamento e das atitudes dos executivos e conselheiros de uma organização. EXERCÍIOS DE ESTUDO: Após os estudos da unidade 2, responda sinteticamente as questões a seguir: 1. O que significam os conceitos de especialização do trabalho, departamentalização, cadeia de comando, amplitude de controle e centralização, descentralização e formalização? 2. Qual a relação entre estrutura e coordenação de equipe? 3. A cultura organizacional é uma percepção comum, coletiva, sobre a empresa, ou é uma avaliação predominantemente individual? 4. Os fundadores e os empreendedores de uma organização têm a ver com a forma final de uma cultura organizacional? 5. Quais as características da cultura de uma organização bem-sucedida? Textos extraídos Do Livro Gestão de Pessoas nas Organizações de Ugo Franco Barbieri 27 Biblioteca online - sem valor comercial, proibida a reprodução e venda 6. A cultura de uma empresa tem a ver com a cultura da região ou do país onde ela atua? 7. A que você associa o sentimento de identidade e o comprometimento com a empresa? 8. Quais as práticas de Recursos Humanos, ou de Gestão de Pessoas, que reforçam a cultura organizacional? 9. O que ocorre quando um grupo vê no outro grupo, dentro de uma empresa, a razão da não satisfação de suas realizações? 10. Quais são os modelos e teorias que estudam o conflito nas organizações? 11. O que diz o Modelo das Relações Humanas sobre o impacto do comportamento humano nas organizações? 12. A Ética está correlacionada somente aos controles financeiros e de auditoria, às normas de governança corporativa e aos aspectos legais que impactam na vida empresarial? ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ Textos extraídos Do Livro Gestão de Pessoas nas Organizações de Ugo Franco Barbieri 28 Biblioteca online - sem valor comercial, proibida a reprodução e venda ______________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ Textos extraídos Do Livro Gestão de Pessoas nas Organizações de Ugo Franco Barbieri 29 Biblioteca online - sem valor comercial, proibida a reprodução e venda UNIDADE 2 Texto 3: DESENVOLVIMENTO NA CARREIRA IMPLICA EM ANÁLISE DE COMPETÊNCIAS, DE POTENCIAL E DESEMPENHO, DE TALENTO E DE UMA BOA SELEÇÃO DE PESSOAS 3.1 O SIGNIFICADO DE POTENCIAL, DE DESEMPENHO E DE TALENTO Potencial é um traço psicológico, um nível de inteligência, uma probabilidade de realizar, os quais ainda não foram bem desenvolvidos e/ou que podem ser aproveitados em forma melhor, mais intensa e rapidamente. Potencial é também a soma dos fatores genéticos presentes num indivíduo com a influência da cultura e do meio social, da educação e do ambiente familiar. Bem cedo, até num recém-nascido, pesquisas revelam reações diferenciadas a estímulos do meio ambiente, ou relativas às necessidades de alimentação ou sono, por exemplo. E muito difícil a verificação de um potencial puro, não afetado pela influência da cultura e do meio ambiente. A aprendizagem, a experiência e o desempenho desenvolvem o potencial. O desempenho é a execução de um trabalho, atividade, empreendimento, que exige competência, eficiência e eficácia. Vale dizer, é o potencial que se transforma em realizações concretas. O conceito de talento já abrange a conjugação de uma inteligência excepcional e de habilidades e competências diferenciadas. 3.2 RELAÇÃO ENTRE AS COMPETÊNCIAS, A GESTÃO DE PESSOAS E A GESTÃO MODERNA No passado realizei uma Pesquisa dos Fatores de Avaliação de Executivos utilizados pelas empresas, a qual foi publicada pela revista Exame. Naturalmente, existem outros fatores, os quais são as competências exigidas dos executivos e profissionais, por parte das organizações. Na relação abaixo, acompanhada de uma explicação das mesmas, podem ser encontradas as competências mais utilizadas: • Capacidade para realizar, capacidade para assumir riscos: o executivo que demonstra ter um perfil de empreendedor, vendo oportunidades onde ninguém as percebe e que consegue materializar produtos, serviços e estilos de gestão diferenciados. • Visão de futuro, capacidade de planejamento: os estudos sobre visão de futuro, Textos extraídos Do Livro Gestão de Pessoas nas Organizações de Ugo Franco Barbieri 30 Biblioteca online - sem valor comercial, proibida a reprodução e venda de inovação e criatividade e de estratégia empresarial, essenciais para que se estabeleçam objetivos estratégicos e do futuro de uma empresa. Permite ainda que se avaliem os resultados obtidos pela organização e a sua atuação diante de competidores ou junto com eventuais aliados estratégicos, clientes e fornecedores. • Orientação para processos, pessoas e resultados: esta correlação entre estes três fatores foi principalmente provocada pelas metodologias de Gestão da Qualidade. Esta conceituação viabiliza a busca de um aperfeiçoamento contínuo e a obtenção da qualidade desejada pelo cliente. Também diz respeito às quebras de paradigmas e grandes saltos quantitativos e qualitativos, ou ainda nos remete à obtenção de resultados, na ótica da Administração Financeira, ou à obtenção de Sustentabilidade econômica, social e ecológica, por parte de uma empresa. • Habilidades em negociação e flexibilidade para mudança: nos fala das habilidades de vendedor ou negociador que todos os profissionais, de várias áreas, devem possuir ao expor suas ideias e objetivos. A flexibilidade para mudança relaciona-se também com o Change Management e todas as etapas de transformação e mudança de uma organização. • Espírito Inovador e Criativo: diz respeito aos estudos e ações relacionados com a moderna criatividade e inovação tecnológica e de gestão praticadas pelas empresas. Na década de 1990 pude visitar o Center for Creative Leadership localizado em Greensboro, North Caroline, EUA, quando então comecei a estudar mais e melhor este assunto. • Boa liderança: fator de importância vital e transcendente em toda e qualquer organização. São os líderes que inspiram e realizam as mudanças, são eles que atuam como mentores e coachs, são os líderes que coordenam equipes e até empresas baseados principalmente no exemplo e na inspiração que dão aos subordinados. • Energia e Dinamismo: abrange o conceito de saúde, de hábitos corretos de alimentação e de exercício e até diz respeito à genética e à responsabilidade pessoal e à capacidade de se comprometer com a missão do cargo e da empresa. Neste fator existe também a realidade forte da motivação pelo trabalho e pela realização dos objetivos do cargo e da área onde um profissional atua. São as pessoas mais felizes e sadias que em geral dão as melhores contribuições para o progresso das organizações. • Habilidade de Solucionar Problemas: nos fala do potencial, das habilidades e competências, da inteligência e do desempenho voltados para fazer as coisas cada vez melhor, atingindo bons resultados no trabalho. Como o leitor certamente percebeu, estes Fatores de Avaliação de Executivos, e estas Habilidades e Competências, têm tudo a ver com a atual Gestão de Pessoas e com a moderna Administração. Conceitos como os descritos e ainda outros semelhantes são usados na Avaliação de Potencial e na Avaliação de Desempenho. 3.3 A MODERNA CONCEITUAÇÃO DE CARREIRA Um dos conceitos básicos de carreira na Sociedade do Conhecimento e da Infor- mação, inserida na Economia Global, é de autogestão da própria carreira, feita pelo Textos extraídos Do Livro Gestão de Pessoas nas Organizações de Ugo Franco Barbieri 31 Biblioteca online - sem valor comercial, proibida a reprodução e venda executivo ou profissional. Neste enfoque atual a empresa ajuda o colaborador a ficar bem motivado, remunerado e preparado. No entanto, ainda que com a ajuda da organização, o profissional deve procurar avaliar quais são suas habilidades e competências, buscando desenvolvê-las, não somente para a empresa onde atua, mas também para outras possíveis organizações, nas quais poderá trabalhar, no futuro. Ou seja, em geral não existe mais o tipo de carreira onde a pessoa inicia seu trabalho e se aposenta na mesma empresa. Em função deste novo paradigma de carreira, a relação entre o empregado e o empregador é uma troca de interesse e uma soma dos objetivos pessoais com os organizacionais, a qual tem implicação nos seguintes pressupostos: • existem recompensas materiais, morais e de facilitação de educação continuada e de treinamento e desenvolvimento, por parte da empresa, em troca de um bom desempenho e atingimento de objetivos e de bons resultados, por parte do empregado; • toda a remuneração (salários, bônus e remuneração variável e benefícios) é baseada no valor do cargo, comparado ao mercado de trabalho, levando em consideração ainda a performance do colaborador e os resultados atingidos pela empresa; • muitas empresas também baseiam a remuneração no desenvolvimento continuado de habilidades e competências, por parte do empregador; • no desenvolvimento das relações entre os empregados e a empresa sempre existe flexibilidade de negociações sobre a carreira, à medida que ocorrem mudanças econômicas no mercado e mudanças organizacionais na empresa. O moderno paradigma de carreira também leva em consideração as mudanças da empresa e da economia globalizada e competitiva do mundo atual: • dependendo do produto ou serviço e do perfil do cliente, criam-se diferentes unidades de negócios, com posicionamento estratégicodiverso de outras unidades da empresa. Isso implica no desenvolvimento de diferentes habilidades e competências dos profissionais das diferentes unidades de negócio; • todos os profissionais de uma empresa são responsáveis por agregar valor aos produtos e serviços e por melhorar a competitividade da organização; • em conseqüência do anteriormente exposto, as unidades de negócio são livres para cultivar seus próprios mercados e são encorajadas a realizarem novos empreendimentos, viabilizando visão de futuro, estratégia e sucesso das operações de uma organização. O significado da excelência profissional, e da boa performance de um colaborador, dentro do moderno paradigma de carreira, pode ser sintetizado como segue: • o funcionário, ao desempenhar-se bem num cargo e numa área de trabalho, pode esperar apoio para se desenvolver em novas habilidades e competências, exigidas na mesma área ou em outras áreas ou unidades da empresa; Textos extraídos Do Livro Gestão de Pessoas nas Organizações de Ugo Franco Barbieri 32 Biblioteca online - sem valor comercial, proibida a reprodução e venda • atualmente, os profissionais são focados e centrados no que acontece na sua profissão ou área de especialização, dentro e fora de sua empresa; • existe ênfase no desenvolvimento de habilidades e competências, não necessárias à empresa onde atua, mas voltadas para o progresso da própria carreira, a qual também, idealmente, deve incluir qualidade de vida e realização pessoal; • é necessário buscar e receber educação e treinamento antes de atuar em determinada área; o treinamento e a educação precedem o exercício de uma função; o empregado moderno também busca se aprimorar como líder, desenvolvendo sua capacidade de mentoring e coaching de pessoas, já que a aprendizagem individual e grupai, e o relacionamento interpessoal, são características presentes na Gestão de Pessoas e na Administração moderna. Para concluir este tema da empregabilidade e dos novos paradigmas de carreira, assunto relacionado à Gestão das Competências, pode-se ainda recordar: • que a empregabilidade aumenta na medida em que as pessoas desenvolvem habilidades e competências humanas e organizacionais, dentro dos novos paradigmas de carreira exigidos pela Sociedade da Informação e do Conhecimento e pela Economia Global; • muito da empregabilidade vem de um bom sistema de educação, o que inclui também conhecimento de idiomas e de informática; • a empregabilidade também depende de uma correlação, sintonia e atualização do sistema de educação de um país que levem em consideração as características de sua economia, de seu mercado de trabalho e da Economia Global; • a empregabilidade futura também exige um acompanhamento psico- pedagógico do aluno no primeiro e segundo graus, que levem em consi- deração seu potencial, talentos, habilidades e competências, que o qualificam para determinados estudos e carreiras. Este esforço deve prosseguir dentro das empresas, as quais precisam patrocinar avaliação e aconselhamento de potencial e desempenho, educação continuada e treinamento e desenvolvimento. 3.4 O QUE É SELEÇÃO ESTRATÉGICA Pode-se iniciar o tema dizendo que seleção, principalmente de um key people, consiste na escolha de um candidato adequado para uma posição em aberto, podendo vir de fora da organização, ou do seu quadro de pessoal. A segunda pergunta vai requerer uma resposta mais analítica: o que antecede uma boa seleção de um executivo? Existem ações e práticas que antecedem uma seleção de um profissional, fazendo com que ela seja bem-sucedida. Textos extraídos Do Livro Gestão de Pessoas nas Organizações de Ugo Franco Barbieri 33 Biblioteca online - sem valor comercial, proibida a reprodução e venda Deve ocorrer o envolvimento do Presidente e dos Diretores, na busca de capital intelectual. Neste nível e no dos acionistas, surge a estratégia do negócio, o sistema de gestão e a cultura e os valores da organização. Como conseqüência, a seleção sofre o impacto destes fatores, seja para se recrutar um Diretor ou Gerente, seja na busca de trainees. Um dos exemplos de minha carreira de headhunter é o do Presidente de uma empresa cliente que sempre entrevista candidatos do nível de Gerência e de Diretoria, faz comentários, dáfeedbacks para o consultor e para seus Diretores. Ou seja, envolve- se totalmente na contratação dos key people. É importante que seja feito um levantamento das competências do negócio, das áreas e dos cargos; ele serve para avaliar se os candidatos estão adequados às competências exigidas pela posição; as mesmas não são palavras apenas, pois devem representar tudo o que se exige para o sucesso do executivo no desempenho do cargo e têm correlação com estratégia, gestão, cultura e capital humano e intelectual da empresa. A estrutura organizacional não deve permitir a criação de personogramas, ou adaptações excessivas das pessoas à mesma, porém a estrutura também não deve ser rígida e artificial, não levando em conta habilidades, conhecimentos e experiência dos colaboradores. A avaliação dos cargos deve considerar missão, Accountability, fatores críticos de sucesso, entre outras realidades. Estas considerações nos levam a uma reflexão: a seleção não é uma ação pontual, mas sim uma atividade contínua; deve ser correlacionada com outros sistemas; ela não termina quando alguém é aceito para um cargo. A garantia do sucesso da seleção vai demandar o acompanhamento da pessoa admitida ou promovida. Um bom sistema de RH deve garantir: uma remuneração justa, que abranja um salário variável para premiar pessoas e equipes que se destacam; ações de comu- nicação, motivação e retenção de pessoal; avaliações de potencial e desempenho, visando o progresso futuro do profissional na carreira, como eventual sucessor de outro executivo; uma liderança eficaz que dêfeedbacks e cuide da aprendizagem do liderado, inclusive através de coaching; atividades relacionadas com qualidade de vida, aliadas às que dizem respeito à carreira. A próxima reflexão refere-se ao mercado de trabalho onde se pode pesquisar o candidato. Ela demanda a análise de múltiplos fatores, tais como: a maior ou menor oferta de uma experiência profissional específica existente no mercado; a qualidade e a quantidade de recursos humanos formados pelas universidades e escolas da região e do país; a necessidade ou não de apoio externo de uma empresa de Executive Search, para ajudar a localizar os candidatos. Outro estudo a ser feito diz respeito a quais são as universidades e escolas que formam profissionais competentes para uma área específica e/ou para o negócio da organização. Temos que ter um levantamento dos centros educacionais que formam, por exemplo, os melhores profissionais financeiros, ou de Informática ou Marketing, Textos extraídos Do Livro Gestão de Pessoas nas Organizações de Ugo Franco Barbieri 34 Biblioteca online - sem valor comercial, proibida a reprodução e venda ou os que preparam pessoas para o agribusiness, a siderurgia, ou para a indústria automotiva. O próximo ponto do roteiro de uma boa seleção é saber se a relação da empresa com os centros educacionais deve ser total e permanente ou parcial e esporádica; deve ser cogitada sua maior ou menor necessidade de qualidade e quantidade de talentos, o que implica uma interação permanente ou menos freqüente, com universidades e escolas. Outra solução pode ser a criação de uma universidade corporativa, apoiada na ferramenta do e-learning, para a formação e desenvolvimento de profissionais adequados ao negócio da empresa. Hoje vivemos num mundo organizacional no qual o management norte-americano é um paradigma a ser seguido, sendo sempre citado. Uma visão ampla da seleção estratégica de talentos nos diz que a competência das organizações e a riqueza de um país exigem a combinação de políticas públicas e privadas, nas áreasde educação e pesquisa. Isto gera profissionais bem formados e inovações tecnológicas. Depois da admissão de um executivo numa empresa é importante cuidar do desenvolvimento do comportamento humano e organizacional. O mesmo condiciona ações exitosas de liderança e de trabalho em equipe, fundamentais para as operações bem-sucedidas de uma empresa. EXERCÍCIOS DE ESTUDO: Responda as questões a seguir, conforme os estudos desta unidade: 1. Quais são as definições possíveis de potencial, desempenho e talento? 2. Qual o conceito básico da moderna conceituação de carreira? 3. Quais os pressupostos da relação entre empregado e empregador, no moderno paradigma de carreira? 4. Como os profissionais podem aumentar sua empregabilidade? 5. Qual a definição possível de seleção estratégica? 6. O que deve ser avaliado numa seleção estratégica? 7. Numa seleção estratégica, devemos pensar na estrutura organizacional, nos personogramas e na descrição e avaliação dos cargos? 8. A seleção estratégica é pontual ou demanda uma atividade contínua? 9. Que fatores devem ser analisados para se realizar uma boa seleção estra- tégica? ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ Textos extraídos Do Livro Gestão de Pessoas nas Organizações de Ugo Franco Barbieri 35 Biblioteca online - sem valor comercial, proibida a reprodução e venda ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ Textos extraídos Do Livro Gestão de Pessoas nas Organizações de Ugo Franco Barbieri 36 Biblioteca online - sem valor comercial, proibida a reprodução e venda Texto 4 CORRELAÇÃO ENTRE A ADMINISTRAÇÃO DE CARGOS E SALÁRIOS E ATIVIDADES COMO: APRENDIZAGEM, TREINAMENTO & DESENVOLVIMENTO, AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO INDIVIDUAL E GRUPAL, MOTIVAÇÃO 4.1 ADMINISTRAÇÃO DE CARGOS, SALÁRIOS E BENEFÍCIOS E DESCRIÇÃO E AVALIAÇÃO DE CARGOS Este capítulo não visa ensinar, passo a passo, o que é uma Administração de Cargos, Salários e Benefícios, porém pretende demonstrar pontos relevantes deste subsistema da Gestão de Pessoas. Existem livros sobre o assunto, como o livro A Remuneração Estratégica, A Nova Vantagem Competitiva, de Thomaz Wood Jr. e Vicente Picarelli Filho, publicado pela Editora Atlas. Todos os cargos devem ser descritos com base nas funções e tarefas exercidas; deve-se definir a missão dos mesmos dentro da organização, a responsabilidade por produzir resultados, e também o nível de reporte e relacionamento da posição com outros cargos na estrutura organizacional. Feita a descrição do cargo, este deve ser avaliado, gerando-se um ranking, numa organização, do cargo de maior valor até o cargo de menor valor. 4.2 RELAÇÃO ENTRE DESCRIÇÃO E AVALIAÇÃO DE CARGOS E COMPETÊNCIAS Vamos abordar sucintamente o tema, exemplificando: uma competência pos- sível de ser citada é o pensamento estratégico. Naturalmente, esta competência é necessária, num grau maior, em cargos de Diretoria e Gerência Sênior, embora deva existir, em menor grau, em gerências médias e em outras posições. Outro exemplo é a capacidade de liderança e de coordenação de equipes. Esta competência tem que estar presente em todo ocupante de posição de chefia, naturalmente em graus diferenciados. Dependendo do nível do líder na organização, ele deverá chefiar equipes maiores ou menores, mais ou menos complexas. O conceito de liderança também abrange ser eficaz em reuniões fora da empresa, com clientes, fornecedores e acionistas. Mais ainda, outro exemplo é o da capacidade de comunicação e negociação. Todos devem ter estas habilidades. Elas são um pouco mais necessárias para colaboradores de Vendas e Marketing e menos para a área Financeira. Ou seja, existe uma relação entre cargos e competências, do ponto de vista da posição na estrutura organizacional, e também existe uma correlação entre maior ou menor necessidade de uma competência, Textos extraídos Do Livro Gestão de Pessoas nas Organizações de Ugo Franco Barbieri 37 Biblioteca online - sem valor comercial, proibida a reprodução e venda considerando-se também o nível de especialização de um profissional (Marketing, Vendas, Finanças, Recursos Humanos, Gestão Industrial e Logística). Por outro lado, se pensarmos na competência rigor e precisão de análise (raciocínio lógico e matemático), ela deve ser maior num profissional de Finanças do que num profissional de Recursos Humanos. 4.3 SALÁRIO-BASE, REMUNERAÇÃO GLOBAL E POLÍTICA SALARIAL O salário mensal é o salário-base, o salário total é a soma do salário mensal mais o bônus ou salário variável, enquanto a remuneração global é a soma do salário-base, do salário total e dos benefícios. 4.4 PESQUISA DE SALÁRIOS E POLÍTICA SALARIAL Após os cargos terem sido descritos e avaliados, surge a questão da política salarial que a empresa quer utilizar. Ou seja, a que universo salarial a empresa quer se comparar. Existem cargos de âmbito nacional, regional ou local. Vale dizer, a empresa pode recrutar ou perder colaboradores em nível nacional, principalmente nas posições de Diretoria e Gerência Sênior. Pode ocorrer o mesmoa nível regional, com posições de média gerência, ou com posições técnicas, de alta especialização. Estes últimos dizem respeito à carreira em Y. Nem todos podem ser promovidos a posições gerenciais e de diretoria, que são uma das pernas do Y. Alguns colaboradores sempre serão técnicos (a outra perna do Y), muito especializados, sem a necessidade de terem a liderança de equipes. Finalmente, a empresa pode recrutar ou perder colaboradores em nível local, na cidade onde está situada, quando se trata de cargos operacionais, de escritório ou chão de fábrica. O próximo passo é comparar os cargos já avaliados da empresa com os cargos e salários existentes no mercado ao qual a empresa quer se comparar. Ela pode atuar num mercado muito competitivo, no qual a perda de colaboradores é um sério prejuízo. Sendo assim, vai querer ter uma política de salários acima da média do mercado ao qual se quer comparar. Este mercado pode ser definido como 15 a 20 empresas que a empresa escolhe para comparar seus cargos e níveis salarial com os cargos e níveis salariais destas organizações... A Pesquisa Salarial pode ser feita por uma consultoria, que vai comparar cargos do mesmo valor da empresa que patrocina a pesquisa com cargos do mesmo valor das empresas que concordarem em participar da referida pesquisa. Os resultados serão oferecidos pela consultoria, para todas as empresas participantes da pesquisa, mantendo-se o sigilo do nome das empresas que forneceram os níveis salariais pagos a cargos semelhantes. Textos extraídos Do Livro Gestão de Pessoas nas Organizações de Ugo Franco Barbieri 38 Biblioteca online - sem valor comercial, proibida a reprodução e venda Outra decisão possível sobre uma política salarial é definir se a empresa quer pagar um salário-base conservador e um salário total mais agressivo ou um salá- rio-base mais agressivo e um salário total mais conservador. Ambas as políticas podem resultar numa remuneração global agressiva, acima da média de mercado. 4.5 PLANO DE REMUNERAÇÃO POR HABILIDADES Nestes planos, o nível salarial é estabelecido com base na quantidade de habili- dades do funcionário ou na variedade de funções que ele é capaz de desempenhar. O sistema surgiu de uma pergunta: se as empresas contratam as pessoas em função de suas competências, por que não usam este mesmo critério para remunerá-las? A remuneração por habilidades é uma alternativa à remuneração com base no cargo. Numa empresa pode existir o cargo de operador de máquina e também a remu- neração por habilidades; se este operador expandir suas competências, incluindo conhecimento de outras atividades na sua competência, poderá receber até 10% a mais de salário. Se for capaz de aprender algumas das habilidades de seu chefe, poderá ganhar mais ainda. Este sistema tem por base a característica da flexibilidade; numa gestão moderna, os colaboradores trabalham em células e equipes e são polivalentes. As organizações que fizeram downsizing precisam de mais generalistas e de menos especialistas. A Gestão da Qualidade (sistemas Lean Manufacturing e 6 Sigma), no chão de fábrica, organiza células, nas quais os trabalhadores são polivalentes. O sistema também facilita a comunicação dentro das organizações, já que os funcionários entendem melhor o trabalho dos colegas. Os colaboradores ficam mais solidários, tentando entender o serviço dos outros funcionários. O sistema facilita ainda a carreira dos empregados mais motivados e ambiciosos, que de outra maneira não teriam possibilidade de melhoria salarial. A remuneração por habilidades está inserida na realidade da Sociedade da Informação e do Conhecimento, onde a evolução numa empresa depende de conhecer mais e realizar melhor. Em pesquisas realizadas pela revista Fortune, 60% das empresas que adotaram este tipo de remuneração consideraram que o mesmo aumentava mais o bom desempenho das pessoas. O risco deste sistema pode ser o das pessoas atingirem seu limite de progresso, aprendendo todas as habilidades possíveis. O progresso contínuo e a melhoria progressiva de remuneração, neste ponto, podem chegar ao fim. Também muitas habilidades adquiridas podem não mais ser necessárias, devido a mudanças ocorridas na organização. De maneira geral, entre 1987 e 1993, nos Estados Unidos, entre as 1.000 mais Textos extraídos Do Livro Gestão de Pessoas nas Organizações de Ugo Franco Barbieri 39 Biblioteca online - sem valor comercial, proibida a reprodução e venda importantes empresas da lista da revista Fortune, houve um aumento de 40 para 60% nas organizações que passaram a adotar este sistema de remuneração. 4.6 BENEFÍCIOS FLEXÍVEIS Basicamente significam a possibilidade dos funcionários de criarem seu próprio programa de benefícios, de maneira a atenderem suas necessidades pessoais, fazendo escolhas entre os diversos itens de um cardápio de opções. A empresa estabelece uma conta ou valor monetário flexível para cada funcionário, geralmente com base num porcentual de seu salário e um preço determinado para cada item desta conta. As opções podem incluir, por exemplo, planos de saúde caros ou baratos, com ou sem deduções; podem ter planos de saúde que incluam atendimento dentário ou não; diferentes planos de seguro de vida ou previdência privada ou ainda de financiamento da educação. Os funcionários escolhem as opções de seu interesse, dentro da quantia disponível na sua conta. 4.7 PLANO DE REMUNERAÇÃO VARIÁVEL Uma parte da remuneração do funcionário se baseia em alguma medida de desempenho, individual e/ou organizacional. Planos de remuneração por unidades produzidas, incentivos salariais, participação nos lucros e participação nos ganhos são algumas das formas possíveis de programas de remuneração variável. O que diferencia esta forma de remuneração daquelas mais tradicionais é que, em vez de pagar o funcionário apenas por seu tempo de trabalho, ou cargo exercido, uma parte da remuneração se baseia em alguma medida de desempenho, individual e/ou organizacional. Diferentemente dos programas mais tradicionais, a remuneração variável não garante uma quantia anual fixa, pois é devida em função da avaliação de desempenho e dos resultados da empresa. Ela transforma parte dos custos fixos com a força de trabalho em custos variáveis, reduzindo as despesas quando não há bom desempenho do profissional e/ou da empresa. A participação nos lucros reduz-se a programas que envolvem toda a organização, distribuindo um pagamento baseado em alguma fórmula de cálculo da lucratividade da empresa. Pode ser feito em dinheiro, ou no caso particular dos administradores de nível mais elevado, do key people, pode ser feito em ações da empresa. A remuneração variável mais comum é a participação nos resultados. É um plano de incentivo grupai também baseado em uma fórmula. A melhoria na produtividade do grupo, durante certo período, determina a quantia em dinheiro a ser alocada. 4.8 PLANO DE PARTICIPAÇÃO ACIONÁRIA A copropriedade da organização, por parte dos funcionários, pode significar uma série de coisas, desde a participação acionária na empresa até indivíduos que trabalham Textos extraídos Do Livro Gestão de Pessoas nas Organizações de Ugo Franco Barbieri 40 Biblioteca online - sem valor comercial, proibida a reprodução e venda na própria empresa, da qual são donos. Os planos de participação acionária são planos de benefícios estabelecidos pela empresa, nos quais os funcionários compram ações da companhia como parte de seu plano de benefícios. Em um programa deste tipo é criado um fundo de ações para os funcionários. As empresas contribuem com ações ou dinheiro para com- prá-las. Embora os funcionários tenham as ações, geralmente não podem dispor delas enquanto ainda trabalham na empresa. 4.9 APRENDIZAGEM, TREINAMENTO E DESENVOLVIMENTO Este tema também não será relatado na maneira tradicional, explicando o que étreinamento, seus diferentes tipos e como ele é implementado. Acho mais importante focar o que está por trás do tema Aprendizagem e Treinamento, indagando: o que significa aprender numa organização? A resposta é que a aprendizagem é um processo através do qual as pessoas adquirem novo conhecimento e insights, que mudam seus comportamentos e ações. Geralmente, o processo é dividido em três tipos diferentes: cognitivo ou intelectual; afetivo ou emocional; psicomotor ou físico. As organizações podem aprender melhor e mais rápido se entenderem que aprendizagem não é um conceito único, já que existem vários tipos de aprendizagem, com várias dimensões de tempo associadas ao ato de aprender, e que se aplicam aos diferentes estágios dos processos de aprendizagem e mudança. A aquisição de conhecimento e insight, também é conhecida como aprendizagem cognitiva. Ela pressupõe que a essência da aprendizagem seja a aquisição de informação e conhecimento, através de vários tipos de atividades cognitivas. Podem ocorrer dois problemas: a aprendizagem só ocorre se o aprendiz identifica o problema e está motivado a aprender; mesmo ocorrendo o insight, o aprendiz frequentemente não consegue produzir o tipo certo de comportamento ou de com- petência adequados à solução do problema. O insight não muda, automaticamente, um comportamento; antes que o comportamento haja mudado e novos resultados tenham sido obtidos, não se pode saber se é válido o conhecimento adquirido cognitivamente. Algumas outras considerações podem ser feitas sobre o processo de aprendizagem: • a aprendizagem de hábitos e habilidades é lenta, já que exige prática e paciência, por parte do aprendiz, em ser temporariamente incompetente. Ela exige oportunidade de praticar, de cometer erros, e supõe recompensas pela aquisição dos referidos hábitos ou habilidades; • existe também o condicionamento comportamental, que é o mais forte tipo de aprendizagem. Desde os estudos de Pavlov sobre o condicionamento de animais sabe-se que este tipo de aprendizagem, através do condicionamento do comportamento, sempre irá continuar, mesmo depois que as causas que a Textos extraídos Do Livro Gestão de Pessoas nas Organizações de Ugo Franco Barbieri 41 Biblioteca online - sem valor comercial, proibida a reprodução e venda originaram não mais existam. Um funcionário submetido à orientação de um chefe autoritário, por muito tempo, sempre irá demonstrar um comportamento medroso ou cauteloso, mesmo após este chefe ter saído da organização. O contrário também é verdadeiro. Um chefe inspirador e delegador criará um comportamento criativo e inovador nos seus subordinados; • podem-se distinguir outras aprendizagens possíveis: aprendizagem que permite adequação à realidade e aprendizagem proativa; a primeira mostra como o indivíduo e a organização aprendem a partir de experiência e da reflexão e a segunda evidencia como o indivíduo e a organização aprendem a partir de uma visão antecipadora de cenários futuros. A aprendizagem organizacional difere da individual. Ela ocorre através de insights, aquisição de conhecimentos e modelos mentais que são compartilhados entre os membros de uma organização. Toma por base o conhecimento e a experiência de toda a organização e depende de mecanismos institucionais (políticas, estratégias, sistemas de informação) usados para estocar conhecimento. Existem diferenças entre a realidade do Treinamento e a realidade da Apren- dizagem: • o treinamento é predominantemente exterior à organização, principalmente feito por terceiros; a aprendizagem é interna à organização; em geral, feita por pessoas da empresa, mesmo que tenham ajuda de consultoria; • o primeiro pressupõe uma relativa estabilidade da organização; a segunda pressupõe uma mudança organizacional contínua, adaptando-se ao mercado e à competição; • um (o treinamento) é focado em conhecimentos, habilidades, competência e performance no exercício do cargo; a outra (aprendizagem) é focada em valores, atitudes, inovação e realizações; • uma é apropriada para desenvolver competências básicas; a outra ajuda as pessoas e as organizações a aprender a aprender e a criar suas próprias soluções; • uma enfatiza melhorias; outra enfatiza ruptura de paradigmas; • o treinamento não é necessariamente ligado à missão e à estratégia da organização; a aprendizagem deve estar alinhada com a visão da organização e com os seus requisitos de sucesso; • o primeiro tem foco em experiências de aprendizagem relacionadas com ações de curto ou médio prazos; a segunda tem foco em aspectos formais e informais e é mais centrada no longo prazo. No entanto, também se podem citar pontos comuns entre o Treinamento e a Aprendizagem. O treinamento prepara mais as pessoas para um sistema de gestão no qual o exercício e o conhecimento de habilidades e competências (de pessoas, do cargo e da organização) são essenciais. A aprendizagem, por outro lado, prepara as pessoas para o desenvolvimento de líderes e agentes de mudança de uma organização que quer mudar e que precisa iniciar um processo criativo de aprendizagem coletiva. Textos extraídos Do Livro Gestão de Pessoas nas Organizações de Ugo Franco Barbieri 42 Biblioteca online - sem valor comercial, proibida a reprodução e venda De certa forma, o treinamento prepara as pessoas para o processo de aprendizagem, desde que ele faça as pessoas aprenderem a pensar, a trabalhar em grupo e a mudar. Naturalmente, no treinamento existe aprendizagem e esta também é um treinamento no trabalho. Vamos agora abordar várias etapas e realidades de uma aprendizagem corporativa. Ela deve criar oportunidades de negócios. Toda aprendizagem deve contribuir diretamente para o bottom line (o resultado final) e a performance da organização. Deve propiciar o desenvolvimento de campeões responsáveis pelos objetivos dos projetos, pela geração de padrões e sistemas de trabalho; deve iniciar ações e abrir portas e deve ainda coordenar os key players e os expert groups. Os atores principais dos sistemas e arquiteturas organizacionais são os key players, são os especialistas de dentro e de fora da organização que operam em redes e networks. A aprendizagem supõe especificações detalhadas de intenções e objetivos, desenho de processos e métodos de aprendizagem, definição de lugar, tempo e medidas de sucesso. Deve ocorrer o preparo do processo e do plano de trabalho; esta etapa enumera todos os grandes passos que vão demandar tempo, definindo-se o líder de cada etapa (as colideranças), cada ponto de atenção e referência e o respectivo recurso necessário para que o objetivo final seja atingido. A seguir devem-se preparar os coachs e os aprendizes, descrevendo o projeto para os colaboradores (aprendizes) e para os especialistas (coachs e líderes), para motivá-los para a formação da organização inteligente (learning organizatiorí). Mais adiante se busca criar o material necessário à aprendizagem, desenvolvendo materiais de qualidade para a redução de prazos e para que o projeto seja bem-sucedido (audiovisuais e comunicação especial, por exemplo). A outra etapa é o estabelecimento de quais serão os ambientes adequados ao processo de aprendizagem, já que os mesmos deverão estar o mais possível próximos do ambiente de trabalho, quando se treinam colaboradores de vários níveis. Existe também uma aprendizagem feita através de treinamento on thejob. É típico, por exemplo, da Gestão da Qualidade aplicada na área industrial, quando se treina o funcionário em assuntos da sua linha de produção e nas suas células de trabalho. Existe ainda a implementação do processo de aprendizagem; esta etapa envolve uma associação de treinamento no trabalho (on thejob) e fora do mesmo, para que a Textos extraídos Do Livro Gestão de Pessoas nas Organizações de Ugo Franco Barbieri 43 Biblioteca online - sem valor comercial,proibida a reprodução e venda aprendizagem seja viabilizada. A mensuração é outra etapa importante. Exige medidas dos efeitos da apren- dizagem do processo de mudança contra os objetivos iniciais propostos. Os benefícios finais atingidos por um processo bem descrito vão reforçar o valor da aprendizagem sistemática para a organização. Vem a seguir o registro da experiência: a aprendizagem é registrada num banco de dados para se ter informações sobre o desenvolvimento individual e organizacional das pessoas, grupos e projetos. Outro ponto a ser implementado é o preparo de material de aprendizagem sobre experiências bem-sucedidas, que servirão de modelo para uso futuro da organização. Finalmente, todo este esforço visa se obterem novas e melhores práticas, esta- belecendo padrões de práticas organizacionais que permitam compartilhar estas experiências com todas as áreas de uma empresa. Através do processo de aprendizagem corporativa os principais participantes e os aprendizes poderão estabelecer as melhores práticas, o que criará uma fonte de informações e de benchmarking. 4.10 O OBJETIVO DA AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO As avaliações oferecem informações para decisões importantes, como promoções, transferências e demissões. Elas identificam as habilidades e competências dos funcionários e necessidades de treinamento e desenvolvimento. Podem ser utilizadas como critério de validação de programas de seleção e desenvolvimento. Além disso, a eficácia dos programas de treinamento pode ser mensurada através das avaliações de desempenho dos funcionários. As avaliações também atendem ao propósito de fornecer feedback aos funcionários sobre a opinião da organização sobre o trabalho deles. Elas ainda podem ser utilizadas para a concessão de recompensas, como aumento de remuneração por mérito. 4.11 A AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO E A MOTIVAÇÃO O colaborador sempre tem a expectativa de ser avaliado para saber como melhorar seu desempenho, obtendo feedback através de uma avaliação individual. Para maximizar a sua motivação, as pessoas querem notar que seu empenho no trabalho leva a uma avaliação de desempenho positiva. Muitas vezes, uma pessoa, com bom potencial em termos de habilidade e competências, pode apresentar um desempenho fraco, se não tiver boa liderança, objetivos claros a serem atingidos, se não acreditar no sistema de avaliação ou se perceber que a recompensa dos seus esforços será insatisfatória. Sem dúvida uma avaliação de desempenho deve ter critérios claros de men- Textos extraídos Do Livro Gestão de Pessoas nas Organizações de Ugo Franco Barbieri 44 Biblioteca online - sem valor comercial, proibida a reprodução e venda suração do comportamento do funcionário. Exemplificando, o Gerente de uma fábrica poderá ser avaliado por fatores como quantidade produzida, volume de rejeições e custo unitário de produção; um vendedor poderá ser avaliado pelo volume total de vendas do seu território, pelo aumento da receita de vendas e pelo número de novos clientes. Alguns comportamentos não precisam estar relacionados com a produtividade individual. Ajudar os outros, fazer sugestões de melhorias e ser voluntário para alguns trabalhos diferenciados são ações empreendidas pelos grupos de trabalho, nas organizações mais eficazes. Desta forma, uma avaliação de desempenho também pode ter fatores objetivos ao lado de outros fatores subjetivos. Estes fatores subjetivos também colaboram com a melhoria do trabalho de equipe e com os resultados gerais da empresa. No passado, a avaliação mais importante era apenas a da chefia imediata. Atualmente, é feita uma avaliação 360°, a qual, além do chefe, tem outros avaliadores, como pares ou colegas, subordinados imediatos, clientes, sendo até feita uma autoavaliação por parte do funcionário. Na maioria das organizações os avaliadores são 5 a 10 pessoas por funcionário. Este tipo de avaliação é adequado para organizações que valorizam o trabalho em equipe, envolvimento dos funcionários e programas de gestão da qualidade e de criatividade e inovação. 4.12 O FEEDBACK Os administradores sentem dificuldade em dar feedbacks negativos; muitos funcionários se tornam resistentes quando seu desempenho não é bem avaliado; os funcionários têm a tendência de valorizar seu desempenho, o que também atrapalha o processo de feedback quando o desempenho não é muito positivo. Naturalmente, a solução é treinar os administradores para darem feedbacks aos funcionários. 4.13 A AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO GRUPAI Não se deve fazer apenas a avaliação individual. Algumas razões para tal procedimento: • devem-se relacionar os resultados da equipe com as metas da organização; • os clientes da equipe, e a satisfação das suas necessidades pela equipe, também devem fazer parte da avaliação; • deve ser medido o desempenho do indivíduo e da equipe; • a equipe deve ser treinada para criar medidas que avaliem seus objetivos e metas. Isso aumenta a conscientização do que seja um bom desempenho e o comprometimento da equipe. Textos extraídos Do Livro Gestão de Pessoas nas Organizações de Ugo Franco Barbieri 45 Biblioteca online - sem valor comercial, proibida a reprodução e venda 4.14 TREINAMENTO & DESENVOLVIMENTO E EDUCAÇÃO CONTINUADA Cabe recordar que o treinamento sempre se realiza através de cursos, seminários, workshops mais rápidos, e a Educação Continuada deve focar mais cursos universitários, embora também possa também se materializar em cursos que aprofundam alguns aspectos de qualquer área da Administração, e que não são necessariamente acadêmicos. O fundamental é que as pessoas sempre atualizem seus conhecimentos, pois a empresa hoje está inserida numa Sociedade da Informação e do Conhecimento e numa Economia Global, a qual está em contínua mudança; a competição e a competitividade sempre estão presentes na tomada de decisões, na estratégia e na gestão das organizações, o que demanda aperfeiçoamento contínuo dos executivos. Além do treinamento mais técnico ou formal existem cursos voltados para aprimorar as habilidades comportamentais e de liderança, dentro dos conceitos de uma metodologia específica a ser passada ao executivo, como por exemplo a metodologia da Liderança Situacional. Um preparo e desenvolvimento eficaz de comportamento e liderança é realizado na metodologia do Coaching, precedida de um Assessment, os quais são descritos em outra parte do livro. Todo treinamento e toda Educação Continuada deve levar em consideração o indivíduo e o grupo e todo este esforço de preparar e desenvolver pessoas deve focar também o segmento de negócios da empresa e a capacidade de aprendizagem do aluno. Ou seja, treinamento e educação devem ser customizados e adaptados às necessidades da empresa e do colaborador. Neste item apenas foi exposto um conceito geral, já que os conceitos mais aprofundados sobre o assunto estão descritos neste livro em vários capítulos. EXERCÍCIOS DE REFLEXÃO Responda as questões que se seguem tomando por base os estudos realizados no texto 4: 1. O que uma boa descrição de cargo deve conter? 2. Qual o método mais usual utilizado para se avaliar cargos? 3. O que é Pesquisa Salarial e o que é Política Salarial? 4. Quais são as etapas possíveis de uma Pesquisa Salarial? Textos extraídos Do Livro Gestão de Pessoas nas Organizações de Ugo Franco Barbieri 46 Biblioteca online - sem valor comercial, proibida a reprodução e venda 5. O que é um Plano de Remuneração por Habilidades? 6. O que é um plano de Benefícios Flexíveis? 7. O que é Participação nos Lucros? 8 . 0 que significa um Plano de Participação Acionária? 9. O que significa aprender numa organização? 10. Cite dois problemas que podem ocorrer na aprendizagem e na aquisição de conhecimento. 11. A aprendizagem de hábitos e habilidades é rápida? 12. O que é condicionamento comportamental? 13. Cite outros tipos possíveis deaprendizagem? 14. A aprendizagem organizacional é igual à individual? 15. Quais são as diferenças e semelhanças entre Treinamento e Aprendizagem? 16. Quais são as etapas e realidades que ocorrem numa aprendizagem corporativa? 17. São importantes a mensuração e o registro da aprendizagem? 18. O desempenho tem impacto na motivação? 19. Qual a importância do feedback? ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ Textos extraídos Do Livro Gestão de Pessoas nas Organizações de Ugo Franco Barbieri 47 Biblioteca online - sem valor comercial, proibida a reprodução e venda ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ Textos extraídos Do Livro Gestão de Pessoas nas Organizações de Ugo Franco Barbieri 48 Biblioteca online - sem valor comercial, proibida a reprodução e venda UNIDADE 3 Texto 5: A LIDERANÇA E O TRABALHO EM EQUIPE PODEM SER APERFEIÇOADOS ATRAVÉS DE ASSESSMENT E COACHING INDIVIDUAL E COLETIVO 5.1 O PENSAMENTO DE RAM CHARAM SOBRE POTENCIAL E LIDERANÇA O RH no Brasil e no mundo ganha novo aspecto, forçado por forças ambivalentes: • muitas das suas responsabilidades estão sendo terceirizadas; • por outro lado, cada vez mais é valorizada sua missão de prover capital humano competente, motivado e flexível nas suas adaptações às flutuações de um negócio. O RH pode mudar sua crise de transformação em uma oportunidade de melhoria. Contudo, necessita ver sua área com a visão do CEO e do acionista. Deve focar problemas que impedem o crescimento do negócio, como por exemplo uma baixa rentabilidade, a qual diminui o valor do capital investido pelo acionista. As condições empresariais que permitiam sucesso no mercado há poucos anos atrás eram as seguintes: • ter um bom número de patentes; • economias de escala; • acesso ao capital; • regulamentação do mercado. Estas características mantêm seu valor, porém a Economia Global demanda inovação, velocidade de atuação, capacidade de adaptação a novos cenários, custos mantidos sob controle. Por isso, as competências do negócio, presentes no seu capital intelectual, permitem agregar valor ao mesmo, no desenvolvimento de novos produtos, provendo serviço ao cliente de acordo com padrões mundiais de excelência, viabilizando também a estratégia planejada. Os sistemas de capital humano são uma fonte geradora de competências organizacionais que permitem à empresa aprender e capitalizar-se, gerindo melhor suas oportunidades de negócio. Os sistemas tradicionais de RH focam práticas e procedimentos e compliance e são vistos como um centro de custo. Em contrapartida, os sistemas de RH que desenvolvem e mantêm o capital inte- lectual como ativos estratégicos são vistos como investimentos que agregam valor. Pesquisas indicam que um sistema de capital humano, eficiente e customizado ao negócio, se torna um diferencial competitivo por ser dificilmente imitável. Por isso, Textos extraídos Do Livro Gestão de Pessoas nas Organizações de Ugo Franco Barbieri 49 Biblioteca online - sem valor comercial, proibida a reprodução e venda excessiva utilização do benchmarking, estudando-se as melhores práticas de gestão, pode ser útil como um ponto de partida. No entanto, só isso não é suficiente, já que por vezes este caminho leva à imitação do que não traz benefício para o próprio negócio. As core competences devem ser buscadas e o capital intelectual deve ser contratado e desenvolvido em função das mesmas, gerando diferenciação do próprio produto e serviço em comparação à concorrência. Assim procedendo obtém-se impacto no bottom line, redução do ciclo de desenvolvimento do produto, aperfeiçoamento do serviço oferecido ao cliente, diminuindo-se o turnover e a perda do capital intelectual da empresa. O RH moderno tem impactodireto ou contributivo no negócio quando consegue: • aumentar a capacidade de aprendizagem e conhecimento dos colaboradores; • desenvolver as competências do negócio e da gestão, necessárias a cada área da organização; • compreensão e aperfeiçoamento e integração dos sistemas da empresa.; • gerar criatividade, inovação, automotivação e aperfeiçoamento contínuo nos funcionários. Concluindo o tema, não é demais enfatizar e repetir que tornar-se uma empresa best in class não é suficiente para contribuir para o êxito do negócio. O que mais importa é ter a certeza de que o sistema de RH da empresa foi formatado para atender à visão do acionista, aumentando o valor de mercado da organização, viabilizando o retorno sobre o investimento que foi planejado. 5.2 OS PONTOS FORTES DOS COLABORADORES Este tema está baseado num estudo do Instituto Gallup, envolvendo mais de 2 milhões de pessoas, e também no livro Descubra seus Pontos Fortes, de Marcus Buckingham e Donald O. Clifton. A tese básica dos autores é que as organizações devem atentar para as diferenças existentes entre os colaboradores, tirando proveito das mesmas. Devem perceber os talentos naturais de cada pessoa, transformando-os em pontos fortes. Assim procedendo, a empresa deverá alterar o modo como seleciona, avalia, desenvolve e cuida da carreira dos seus profissionais. O Instituto Gallup fez uma pergunta a vários funcionários de 36 empresas: em seu trabalho você tem a oportunidade de fazer todos os dias o que faz de melhor? Os empregados que responderam afirmativamente mostraram o seguinte perfil: 50% trabalhavam num setor com menor rotatividade de pessoal; 38% atuavam em unidades mais produtivas; 44% atuavam em um segmento com melhores índices de satisfação dos clientes. O estudo concluiu que a empresa é mais bem-sucedida quando aproveita os pontos Textos extraídos Do Livro Gestão de Pessoas nas Organizações de Ugo Franco Barbieri 50 Biblioteca online - sem valor comercial, proibida a reprodução e venda fortes dos colaboradores. Em contrapartida, o mesmo estudo demonstrou que somente 20% das pessoas afirmaram que usam seus pontos fortes de forma sistemática. O mais assustador é que, quanto maior o tempo de empresa, e quanto mais alta a posição na hierarquia, menos o funcionário concorda estar usando plenamente seus pontos fortes. Os autores indicam que as empresas partem de duas premissas erradas: • uma pessoa pode aprender a ser competente em quase tudo; • o maior potencial de crescimento de cada pessoa está nas áreas onde ela tem seu ponto mais fraco. Segundo o estudo, as empresas cometem os seguintes erros: • gastam mais dinheiro em treinamento após a contratação do que selecionando adequadamente as pessoas; • avaliam o desempenho com forte ênfase em regras, políticas, procedimentos, ou seja, investem demais na normatização do estilo de trabalho; • gastam mais tempo e recurso de treinamento tentando aperfeiçoar os gaps ou pontos menos fortes das pessoas; • promovem aqueles que mais desenvolveram pontos fortes e gaps, partindo da premissa que os colaboradores podem ser competentes em quase tudo. As conclusões principais da tese dos autores podem ser assim sintetizadas: os talentos de cada pessoa são permanentes e únicos; o maior potencial de crescimento de cada pessoa está nas áreas onde se situam seus pontos fortes. As perguntas fundamentais que ficam para o leitor são: • Quais são seus pontos fortes? • Como você pode tirar proveito deles? • Até onde os pontos fortes podem fazer você progredir na carreira? Quem trabalha com Executive Search, Management Assessment e Coaching per- cebe que o potencial e o desempenho estão presentes na identificação e desen- volvimento dos pontos fortes e no sucesso do executivo na carreira. Percebe também que os gaps são pontos de atenção, para buscar uma melhoria que não prejudique o desenvolvimento dos pontos fortes. Conclui ainda que, sem o auxílio destas metodologias, fica mais difícil tirar o melhor proveito do Capital Humano e Intelectual das organizações. Vale dizer, se os executivos não se conhecem e se seus líderes não lhe dão feedbacks a respeito dos seus pontos fortes e gaps, eles terão que enfrentar mais dificuldades e conflitos ao longo de suas carreiras. Textos extraídos Do Livro Gestão de Pessoas nas Organizações de Ugo Franco Barbieri 51 Biblioteca online - sem valor comercial, proibida a reprodução e venda 5.3 METODOLOGIAS DE ASSESSMENT E COACHING Acho estas metodologias fundamentais, se bem conduzidas e praticadas, para o conhecimento e a gestão do Capital Humano e Intelectual das empresas. Não realizá-las eqüivale a não conhecer, por exemplo, os ativos da empresa ou desconhecer o perfil dos clientes, ou até ignorar quais são as melhores máquinas e equipamentos que devem ser utilizados por uma indústria. O problema básico em qualquer tipo de negócio sempre é o mesmo: podemos ter uma visão do futuro, uma estratégia, um planejamento e um sistema de gestão. No entanto, na hora de operacionalizar a estratégia, melhorar processos e sistemas e realizar tudo o que se precisa implementar, sempre se esbarra na competência e na motivação dos profissionais que temos na organização. A dúvida sempre será se eles podem levar a bom termo suas missões e suas metas. Passo a resumir o que aprendi e pratiquei como consultor: • O Assessment Center avalia melhor o potencial, sem deixar de observar o desempenho, e a metodologia 360° avalia melhor o desempenho sem grande precisão na observação do potencial. • A avaliação com foco no potencial (Assessment) tem grande valor predi- tivo do desenvolvimento futuro de um profissional na sua carreira, compatível com a complexidade maior ou menor do cargo que ocupa no presente. • O produto final é um mapeamento das competências exigidas pelo negócio da empresa e pela área de trabalho e missão do cargo do executivo ou consultor. • A avaliação de potencial fornece os pontos fortes, os gaps, e sugere um plano de desenvolvimento para maximização dos primeiros itens e aperfeiçoamento e refinamento dos segundos. • O processo envolve etapas como: apresentação da metodologia para os avaliados; entrevista sobre vida, carreira e realizações; aplicação de perfil atitudinal; autoavaliação do executivo; feedback do relatório final para a chefia imediata; feedback do relatório final, dado pelo consultor, para o avaliado, com o auxílio da chefia imediata. • O Assessment Center exige um consultor sênior e tem a vantagem de ter maior independência e neutralidade de avaliação comportamental quando comparado ao sistema 360° e também solicita uma grande participação da chefia imediata do avaliado. • Não existe um Assessment igual ao outro. A metodologia tem que ser customizada ao cliente: negócio; estratégia, cultura, sistema de gestão, valores, estrutura. • O Assessment praticado por um consultor de empresa de Executive Search leva em consideração as competências exigidas pelo mercado e não somente pela empresa dos avaliados. • São feitas avaliações das competências individuais e grupais. Se o cliente aceitar, também se inclui um resumo dos feedback dos avaliados sobre a empresa. • O feedback final para o avaliado é o início de um Coaching. Textos extraídos Do Livro Gestão de Pessoas nas Organizações de Ugo Franco Barbieri 52 Biblioteca online - sem valor comercial, proibida a reprodução e venda A continuidade ideal do Assessment é o Coaching, metodologia universalmente considerada hoje como a melhor para desenvolver liderança, trabalho em equipe e competências comportamentais. Vejo o Coaching como está abaixo descrito: • Como aconselhamento de vida e carreira do executivo, buscando desenvolver e refinar as competências e os comportamentos observados no mapeamento do Assessment. • Julgo importante dar ao Coachee artigos sobre temas de gestão, capital intelectuale comportamento organizacional antes de cada sessão de Coaching, para o avaliado ter subsídios para se autoavaliar. Para ter um vocabulário e mapa mental sobre o assunto. • O aconselhado é solicitado a aplicar os temas fornecidos à sua empresa, ao seu cargo e carreira, para depois conversar sobre os mesmos com o Coach. • Este trabalho provoca no aconselhado uma grande conscientização de facilidades e dificuldades de liderança e de relacionamento humano e de modos e ações para maximizá-las ou superá-las. • O êxito de um profissional é um somatório de seus estudos, sua vivência profissional e realizações, sua motivação, suas competências e sua maturidade emocional e social. • O Coaching colabora para aumentar o manejo das competências, a motivação e a maturidade emocional e social e tem impacto direto em liderança e trabalho em equipe. • Uma das grandes vantagens do Coaching é a neutralidade do Coach. As pessoas não conseguem se conhecer e se autoavaliarem sem a ajuda de um observador externo. Alguns temas comportamentais e organizacionais não são mencionados ou discutidos pelos profissionais com suas chefias imediatas e são mais facilmente conversados com o Coach. • Algumas sessões de Coaching são coletivas, para desenvolvimento de competências como trabalho em equipe e inovação e criatividade. • Assessment sem Coaching eqüivale a diagnóstico médico sem a imple- mentação do tratamento. 5.4 A RELAÇÃO ENTRE BUSINESS E MANAGEMENT ASSESSMENT Management Assessment é uma metodologia profundamente útil e ligada ao negócio quando se relaciona o mesmo com o Capital Humano e Intelectual. Mudança Organizacional é algo concreto e não pode prescindir da ajuda de um Management Assessment para se mapear os talentos de uma organização, para se prepararem e desenvolverem principalmente os colaboradores de melhor potencial, candidatos a ocuparem as key positions. Os resultados de uma assessoria ficarão prejudicados se o consultor não tiver vivenciado mudanças, como consultor e/ou executivo, ou se a empresa-cliente não Textos extraídos Do Livro Gestão de Pessoas nas Organizações de Ugo Franco Barbieri 53 Biblioteca online - sem valor comercial, proibida a reprodução e venda conduzir bem o processo de mudança, ou ainda, se a mesma deixar de fornecer dados relevantes ao consultor. Ou seja, a experiência das pessoas envolvidas é fundamental, assim como as informações e a infraestrutura de apoio ao Assessment. Ocorrem mudanças organizacionais importantes nas fusões e aquisições, na entrada em novos mercados, no lançamento de novos produtos, na realização de alianças estratégicas e outros fatos semelhantes da vida empresarial; todos eles caracterizam o Change Management, tendo-se que reanalisar as competências do negócio e da gestão e fazer a adequação do capital humano à estrutura organizacional e às transformações em curso. As mudanças são contínuas e permanentes na Economia Global, na qual a competição aumentou, bem como a velocidade das ações, no ritmo propiciado pelas telecomunicações e pela informática. O Management Assessment viabiliza a adequação do capital humano à estratégia e à gestão do negócio, correlacionando aspectos importantes da gestão: definição de habilidades e competências; avaliação de potencial; plano de desenvolvimento de competências, através de feedback e coaching/mentoring, e avaliação do desempenho no atingimento de metas. A definição de Habilidades e Competências é importante para a gestão do Capital Humano e Intelectual e elas eqüivalem também a um manual da gestão moderna. Principalmente nas key positions, devemos ter titulares das mesmas que tenham, em maior ou menor grau, habilidades e competências, e vivência gerencial e de liderança, tais como: pensamento estratégico e visão de futuro; capacidade de realização, de correr riscos, de fazer acontecer (doer); liderança, capacidade de trabalhar em equipe; boa comunicação e assertividade; empatia e bom relacionamento interpessoal; capacidade de feedback e defollow-up; espírito ético e integridade, com relação à empresa, clientes e fornecedores; inovação e criatividade organizacional, agregando valor a produtos e a serviços; flexibilidade para realizar mudanças; atenção aos grandes fatos e números, bem como a detalhes; capacidade de síntese e análise (saber olhar de cima a floresta, e ainda saber percorrer seus caminhos e olhar as suas árvores). Num Assessment é importante a parceria da empresa com a consultoria externa, já que a consultoria conhece bem as competências exigidas pelo mercado e as diferentes metodologias, tendo também vivências acumuladas de outros projetos. Somando-se estes conhecimentos ao domínio do cliente sobre a estratégia e a gestão do seu negócio, obteremos melhores resultados no Assessment. A neutralidade do consultor é algo importante para o sucesso do Assessment. Numa empresa familiar, em que trabalham vários primos, irmãos e tios dos diretores e gerentes, o RH e as chefias imediatas não vão ter isenção na avaliação dos parentes, bem como vai ser difícil comparar o potencial deles com os de outros colaboradores, candidatos a serem sucessores de várias posições. Não é uma realidade diferente a avaliação ser feita por RH e chefias imediatas, sem o auxílio de consultoria externa. Os avaliadores internos de uma empresa Textos extraídos Do Livro Gestão de Pessoas nas Organizações de Ugo Franco Barbieri 54 Biblioteca online - sem valor comercial, proibida a reprodução e venda profissionalizada, brasileira ou multinacional, não vão ter neutralidade em relação aos “primos”, “irmãos” e “tios” da sua família organizacional. Esta neutralidade pesa mais no processo de avaliar o potencial para ocupar cargos futuros e menos no de avaliar o desempenho, sem ajuda externa. As competências têm tudo a ver com Psicologia e comportamento humano e organizacional. Competências são conceitos e práticas atitudinais e comporta- mentais. Do mesmo jeito que feedback, coaching e mentoring. As grandes teorias e sistemas do Management, na sua origem, são um fenômeno norte-americano, o qual aproveita talentos do mundo inteiro. O diferencial da gestão nos Estados Unidos está no uso intensivo de teorias comportamentais e da Psicologia, aplicados à administração das empresas. Existe diferença entre o Management Assessment e a Metodologia 360°. Vejo o 360° como uma avaliação de desempenho que capta em forma incompleta o potencial, enquanto o Assessment registra o potencial, as opiniões do grupo analisado, sua aprendizagem, e também não deixa de contribuir para a avaliação do desempenho. As avaliações 360° são realizadas por pessoas que não são especialistas em questões comportamentais e atitudinais, ocorrendo o inverso no Assessment. Na negociação de um projeto de Management Assessment deve ocorrer uma interação entre a consultoria e a área de RH da empresa; também deve ocorrer uma interação da consultoria com os Diretores e até com o Presidente, pois se trata de adequar o Capital Humano ao negócio. Ou seja, o Assessment é um projeto que impacta na gestão do negócio. Para concluir, é importante recordar que a metodologia é muito customizada ao negócio e à realidade do cliente e muitas questões vão surgir na prática da assessoria, já que não existem dois negócios ou duas empresas iguais, da mesma forma que não existem dois projetos iguais de Assessment. 5.5 O COACHING NAS ORGANIZAÇÕES O Coaching se insere na era do conhecimento, das fusões e aquisições e das grandes mudanças organizacionais. Um dos impactos deste cenário na gestão das empresas é a busca, cada vez maior, de talentos e a adequação das competências do negócio com as da gestão das áreas e das pessoas. Além disso, busca-se a motivação e o retorno do investimento feito sobre o Capital Intelectual e Humano, os quais são, cada vez mais, um diferencial competitivo. As empresas estão se adaptando àvelocidade das mudanças, tornando-se lear- ning organizations, disseminando o conhecimento, criando universidades corporativas, pedindo a todos que sejam melhores líderes e coachs, buscando o trabalho em equipe, entre áreas, e a colaboração com os clientes, fornecedores e governo. Textos extraídos Do Livro Gestão de Pessoas nas Organizações de Ugo Franco Barbieri 55 Biblioteca online - sem valor comercial, proibida a reprodução e venda Não tem muito valor realizar benchmarking e copiar boas práticas de outras empresas, pois as empresas que praticam a excelência estão sempre se renovando porque treinaram as pessoas a pensar, a serem criativas e a realizarem mudanças. Ou seja, por detrás das boas práticas estão pessoas bem preparadas para pensar e agir rapidamente. O Coaching está muito associado ao desenvolvimento da liderança. O mesmo facilita o desenvolvimento do talento, das competências e do desempenho dos colaboradores, tendo inter-relação com educação, treinamento, ações de benchmarking, leituras, experiências diversas, vinculadas ao negócio da empresa. Um dos princípios básicos no qual o Coaching se baseia é o de que todo ser humano tem dificuldade de se autoavaliar, ou de aprender e se desenvolver inteiramente sozinho. É o outro que nos faz ver melhor aspectos de vida e carreira, que se correlacionam e têm impacto no nosso desempenho, nos resultados de nossa área de trabalho e no alcance das metas da empresa. Nem todas as pessoas podem ser um Coach. O praticante da metodologia tem de ter experiência para passar conhecimentos, experiência, tendo maturidade para saber ouvir, refletir e ajudar a pessoa assessorada. O Coachee vai ganhar tempo, abreviando seu desenvolvimento, não repetindo erros e experiências antigas, sendo ajudado a criar e inovar no seu campo de trabalho. Tem sido discutido se treinamento é uma prática melhor do que o Coaching. Pesquisas já mostraram que só 30% do treinamento é memorizado e aplicado ao trabalho, após um ano de sua realização. O Coaching trabalha com vida e carreira, educação e treinamento, benchmarking, leituras e experiências diversas, correlacionando todas estas realidades com o acompanhamento do assessorado pelo coach. A retenção e a aplicação do somatório destas vivências ao trabalho são de mais ou menos 80% Existe algo em comum entre o Coaching, a psicoterapia e o processo de apren- dizagem. Não se aprende somente pelo uso da lógica, da racionalidade e da memória. Aprende-se muito pela emoção e motivação e pelo exemplo e experiência e ainda pelos valores percebidos e sentidos e pelo relacionamento interpessoal. Principalmente aprende-se através de pessoas que elegemos como modelos e que nos fazem pensar, sentir, sonhar e criar. Estas realidades aproximam o Coaching da Psicoterapia e da Aprendizagem. O Coaching busca ensinar a pessoa a pensar e a aprender, em vez de ensinar algo concreto e específico. Busca ainda desenvolver o potencial da pessoa assessorada, passando a ideia de um aprendizado constante e de que os processos de mudança Textos extraídos Do Livro Gestão de Pessoas nas Organizações de Ugo Franco Barbieri 56 Biblioteca online - sem valor comercial, proibida a reprodução e venda exigem acompanhamento e diálogo e não solidão e isolamento. O Coaching possibilita obter-se nos indivíduos: melhoria do relacionamento; gestão do stress; aperfeiçoamento da concentração; tomada de consciência dos problemas; clarificação dos valores profissionais; desenvolvimento da autoima- gem; melhoria da liderança e da tomada de decisão; liberação da criatividade; equilíbrio e flexibilidade na gestão de conflitos e nas mudanças organizacionais. Nas organizações, o Coaching viabiliza: redefinição da organização, seu rumo, valores, visão de futuro, estratégia, cultura, valores e sistema de gestão; coordenação da administração de projetos; melhoria da gestão dos conflitos institucionais; otimização da administração da empresa; desenvolvimento de equipes; auxílio na mudança organizacional. E importante que se diga que o Coach é um facilitador e inspirador, que ajuda o Coachee a pensar e a mudar. Ele não faz consultoria estratégica, organizacional e de gestão. São os assessorados que recebem metodologias e conseguem conscientizar realidades que depois utilizam no processo decisório das empresas, realizando tudo o que foi mencionado. O Coaching não foca somente comportamento humano organizacional. Ele busca alinhar as pessoas com os objetivos da organização, ambiente de negócios, tecnologia, processos de trabalho, produtos e serviços oferecidos. Não julgo adequada e produtiva a realização de um projeto de Coaching numa empresa apenas com recursos internos. O Coaching interno deve ser combinado com o externo. Os dois se complementam. O externo vê a inserção das pessoas e da empresa na competição e competitividade do mercado. No interno existe uma cegueira parcial, sobre valores, cultura, metas e inovações necessárias, diante da competição e mudanças do mercado. Alguns estereó" tipos e modelos mentais internos existentes nas organizações dificultam ver a realidade individual e organizacional e dificultam a implementação das mudanças e o aumento da competitividade. É fácil fazer benchmarking interno, na própria empresa; difícil é o benchmarking externo, quando nos comparamos ao mercado. Na história do planeta foi um choque descobrir que a Terra não era o centro do Sistema Solar. O Coaching, no Brasil e no mundo, é uma onda avassaladora e contributiva para o desenvolvimento das pessoas e organizações. No Brasil, já vem sendo bastante praticado, tendo aumentado muito a busca e a prática desta metodologia. Textos extraídos Do Livro Gestão de Pessoas nas Organizações de Ugo Franco Barbieri 57 Biblioteca online - sem valor comercial, proibida a reprodução e venda 5.6 COACHING E TEAM BUILDING O trabalho em equipe, e o desenvolvimento de seus membros, são cada vez mais importantes na gestão moderna. Os líderes trabalham em estruturas matriciais e têm que pertencer a várias equipes de trabalho: virtuais, autônomas, multifuncionais e de aprendizagem. Cada vez mais está sendo reduzido o tempo de formação destas equipes. Isto exige freqüentes inputs, sugestões, feedbacks e uma estratégia de mudança de comportamento e cultura. Para implementar uma ação de team building com sucesso um líder deve usar a metodologia do Coaching Coletivo, o qual é menos conhecido e praticado que o Coaching Individual. No Coletivo busca-se a opinião dos membros do grupo sobre melhorias comportamentais, visando aperfeiçoamento da gestão da organização. O Coaching coletivo pode se somar ao Coaching individual. O processo de team building, através de metodologia de Coaching, não é receita de bolo e deve ser customizado às necessidades de cada organização. Assim sendo, o que segue são sugestões e exemplos de um processo possível de Coaching coletivo, com algumas possíveis etapas a serem percorridas: • comece por solicitar aos participantes do grupo para responderem confi- dencialmente a duas questões: (1) numa escala de 1 a 10, como o grupo está atuando em conjunto, como um time; (2) numa escala de 1 a 10, quanto o grupo deve melhorar para atuar como um time; • solicite a um membro do grupo para calcular os resultados, discutindo- -os com o time. Caso os participantes concluam que existe uma necessidade de aumento de eficácia no trabalho grupai e de um team building associado a Coaching Individual, deve-se passar para a próxima etapa do processo; • pergunte aos participantes do projeto: se cada membro do grupo tivesse que mudar dois comportamentos chave para diminuir o gap entre o que cada um é e o que gostaria de ser, quais seriam os dois comportamentos que as pessoas deveriam mudar; • ajude os membros do grupo a priorizarem os principais comportamentos, evitando repetições, e procure chegara um consenso definindo os dois comportamentos mais importantes para todos os participantes; • a seguir, cada participante deve manter um diálogo individualizado, com outro membro da equipe. Durante os diálogos cada membro vai solicitar a seu colega que mencione duas áreas de mudança comportamental, além das outras duas já sugeridas, para se diminuir o gap entre onde o grupo está e aonde o grupo quer chegar; • deixe cada participante revisar a sua lista de mudanças comportamentais e escolha as duas que parecem mais importantes. Permita que cada pessoa informe ao grupo as suas duas sugestões de mudança comportamental; • anime os participantes para solicitarem dos outros colegas informes sobre o progresso na melhoria dos dois comportamentos comuns e necessários à mudança do grupo; faça o mesmo com relação aos dois comportamentos mais individualizados e necessários à mudança de cada pessoa. Devem ser feitas Textos extraídos Do Livro Gestão de Pessoas nas Organizações de Ugo Franco Barbieri 58 Biblioteca online - sem valor comercial, proibida a reprodução e venda solicitações específicas de sugestões de aperfeiçoamento em áreas onde os comportamentos não atingem as expectativas projetadas; • conduza uma minipesquisa sobre as mudanças e um processo defollow up sobre as mesmas, durante um período aproximado de quatro meses. A respeito da minipesquisa, cada membro do grupo irá receber um feedback confidencial dos outros participantes sobre a presença ou ausência de eficácia na mudança comportamental. Esta pesquisa irá incluir os dois itens comuns ao grupo, os dois itens pessoais e um item que avalia quanto cada indivíduo está fazendo d efollow up com os outros participantes do time; • um coordenador deve calcular o resultado para cada indivíduo, em todos os itens individuais de mudança, e avaliar o resultado para todos os membros do grupo relativamente aos itens de comportamento comuns ao grupo, necessários à sua evolução como ente coletivo; • numa reunião grupai, o Coach deve agir como facilitador para que cada indivíduo discuta suas experiências principais de aprendizagem e mudança derivadas dos informes da breve pesquisa, solicitando sugestões adicionais em diálogos individuais com cada membro do time; • faça a revisão do sumário dos resultados com o grupo. Viabilize uma troca de ideias sobre os progressos do time relacionados com comportamentos grupais. Mostre reconhecimento pelas melhorias obtidas e ajude os indivíduos a se manterem focados nos comportamentos que eles estão tentando desenvolver; • estimule cada participante do processo a fornecer um relatório mensal dos progressos obtidos em reuniões com os demais membros do team building associado a Coaching. Refaça a breve pesquisa seis meses após o início do projeto e novamente um ano após a mesma data; • conduza uma sessão de síntese das melhorias e mudanças um pouco depois de completado o período de 12 meses de trabalho. Faça a revisão da breve pesquisa final e peça para o time avaliar a eficácia do time entre onde nós estamos e onde nós precisamos chegar, em termos de trabalho grupaL eficaz. Compare estes números com a avaliação feita um ano antes, no início do processo; • reconheça os esforços feitos pelo grupo e peça que cada participante mencione os progressos feitos por alguns colegas; • pergunte aos participantes se julgam que mais trabalho de team building deve ser feito no próximo ano. Se responderem afirmativamente, o processo deve continuar, e naturalmente, se a resposta for negativa, o projeto deve ser encerrado. Processos relacionados com Coaching Coletivo também ajudam a aumentar a eficácia das equipes, diminuindo conflitos que podem causar perda de produtividade, dinheiro e redução da qualidade de vida, devido ao aumento do stress. 5.7 COACHING NO DESENVOLVIMENTO DE EQUIPES DE ALTA PERFORMANCE Para se desenvolver um time de executivos numa organização devem-se conhecer suas competências, pontos fortes e pontos a desenvolver e também é necessário analisar se a equipe tem pessoas com habilidades complementares, estando compromissadas com um objetivo comum, buscando melhorar a performance de cada um e do grupo. Textos extraídos Do Livro Gestão de Pessoas nas Organizações de Ugo Franco Barbieri 59 Biblioteca online - sem valor comercial, proibida a reprodução e venda Tudo isso tem que estar relacionado com a especialização da área (Marketing, Vendas, Finanças, RH, Produção, Supply Chain) e com o negócio da empresa (Siderurgia, Agronegócio, Indústria Alimentícia, ou outro qualquer). Podemos ajudar uma equipe a melhorar sua performance, atuando através de Coaching Individual e Coletivo, utilizando um modelo de três estágios. Para tanto se devem verificar as competências a serem desenvolvidas, as quais em geral se resumem em liderança, trabalho em equipe, inovação e criatividade, comunicação e negociação e capacidade de implementar mudanças. Outro ponto a se observar é se algumas características humanas e de personalidade existem nas pessoas do grupo, como facilitadoras do trabalho de Coaching: apoio e confiança, paciência e comprometimento, senso de humor, flexibilidade para cooperar e se adaptar, amizade e coragem e entusiasmo e generosidade. Uma equipe que puder ser muito bem avaliada em tais características sem dúvida é ou vai se tornar uma equipe de alta performance. Equipes de alta performance se desenvolvem por meio da compreensão e do trabalho de seus participantes. Quando encontramos um time com tal avaliação verificamos que as pessoas criaram um ambiente harmonioso, um senso de unidade e dinamismo, sem coibir os talentos individuais de cada participante do grupo. O líder de uma equipe deve entender os vários estágios pelos quais o grupo deve passar, no desenvolvimento de suas características humanas e de suas competências, para que possa acelerar o processo de aperfeiçoamento do mesmo. O estágio ideal é o de cooperação madura, no qual pode ser aceita uma competição construtiva, a qual pressupõe que cada um faça o melhor que puder, desde que se preste a ensinar e também a ouvir e aprender com seus colegas de equipe. O primeiro estágio a ser trabalho no Coaching Individual e Coletivo é o de inclu- são, que determina se as pessoas se sentem membros de uma equipe. Alguns traços de personalidade devem ser mais bem equilibrados e algumas barreiras devem ser vencidas: ansiedade e introversão; necessidade de aceitação; medo de rejeição. Os membros do grupo irão buscar aceitação e orientação no líder do grupo e no consultor externo que estiver coordenando o Coaching. Se os dois demonstrarem abertura e honestidade e até revelarem sentimentos e fraquezas, com transparência e senso de humor, todos tenderão a seguir estes exemplos e a busca sincera de verdades passará a ser uma norma do grupo. Dependendo da maturidade da equipe esta fase da inclusão pode demorar semanas ou meses para ser bem elaborada. Nesta fase deve-se ter um embasamento psicológico, pois a origem destes traços de personalidade tem raízes na personalidade profunda e até na infância e adolescência das pessoas. Não se deve fazer uma psicoterapia, mas não se deve desconhecer como trabalhar com questões comportamentais e humanas mais intensas que podem surgir. Textos extraídos Do Livro Gestão de Pessoas nas Organizações de Ugo Franco Barbieri 60 Biblioteca online - sem valor comercial, proibida a reprodução e venda A segunda fase é a de estruturação de papéis e funções, de delimitar e reconhecer o território e a competência de cada um. E uma fase na qual as pessoas descobrem seus pontos fortes e a equipe compensa em produtividade o que falta em coesão. Ocorrerão desafios para o líder e para o consultor do Coaching. Os participantes devem ser estimulados a pensar e a discordar dos dois, precisam assumir suas responsabilidades, testar suas habilidades, e necessitam aceitar desafios. Os coordenadoresdo grupo (o Coach e as colideranças) não devem exercer autoridade para controlar este processo de estruturação de papéis e funções. Devem dar suporte, fazer análise e comentários e sugerir eventuais correções de rumo. Finalmente, chega-se à fase de cooperação, o que não significa apenas atitudes do tipo paz e amor. Existe o risco de se dar muita ênfase à harmonia da equipe, ficando-se numa zona de conforto, o que impede que surjam críticas positivas e discordâncias e até a gestão de conflitos. As equipes mais produtivas serão altamente cooperativas, mas manterão o hábito da análise, da crítica e uma tensão dinâmica criativa e inovadora, sem perder a capacidade de colaboração e o reconhecimento do mérito das outras pessoas. Se fizermos uma relação entre a hierarquia das necessidades de Maslow e as três fases citadas, teremos o seguinte esquema: • inclusão: supõe a energia das pessoas voltada internamente para dentro do grupo e para cada membro da equipe e significa a necessidade de fazer parte de um grupo; • estruturação de papéis e funções: refere-se à energia dos membros do grupo concentrada na competição interna e diz respeito à necessidade de autoestima e consideração pelos outros; • cooperação: surge quando a energia dos participantes de um time é dirigida externamente para um objetivo comum e correlaciona-se com a necessidade de autorrealização. Estas reflexões são um caminho possível para se desenvolver uma equipe de alta performance, através do Coaching individual associado ao Coaching Coletivo, o qual, idealmente, deve ser precedido de um Assessment. Cada grupo e cada empresa poderá seguir este caminho ou outro a ser formatado, dependendo de onde se parte e de onde se quer chegar. EXERCÍCIOS DE REFLEXÃO Após os estudos desta unidade responda as questões a seguir: 1. Que impactos tem a moderna Gestão de Pessoas sobre o desempenho de uma empresa? 2. As organizações devem prestar atenção às diferenças de habilidades existentes entre os seus colaboradores? 3. As empresas que não aproveitam sistematicamente os pontos fortes dos Textos extraídos Do Livro Gestão de Pessoas nas Organizações de Ugo Franco Barbieri 61 Biblioteca online - sem valor comercial, proibida a reprodução e venda colaboradores adotam duas premissas erradas. Quais são elas? 4. O que é Assessment e o que é Coaching? 5. O feedback para o avaliado é um início de Coaching? 6. Qual pode ser uma forma possível de se praticar o Coaching? 7. Existe relação entre Business Assessment (ou Management Assessment) e Coaching? 1 5 .0 que a realização do Management Assessment viabiliza numa empresa? 16. Qual a importância da definição das Habilidades e Competências a serem avaliadas num Assessment? 17. Existem pontos comuns entre Coaching, Aprendizagem, Aconselhamento e Psicoterapia? 18. Quais são os impactos do Coaching na organização? 19. O que significa o estágio da inclusão ou a fase da estruturação de papéis e funções? 20. O que significa a fase da cooperação? ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ Textos extraídos Do Livro Gestão de Pessoas nas Organizações de Ugo Franco Barbieri 62 Biblioteca online - sem valor comercial, proibida a reprodução e venda _____________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ Textos extraídos Do Livro Gestão de Pessoas nas Organizações de Ugo Franco Barbieri 63 Biblioteca online - sem valor comercial, proibida a reprodução e venda Texto 6 A VIABILIZAÇÃO DE UMA LEARNING ORGANIZATION (ORGANIZAÇÃO DE APRENDIZAGEM) DEMANDA ASSOCIARCONCEITOS E PRÁTICAS DE COMPORTAMENTO HUMANO E ORGANIZACIONAL COM INTELIGÊNCIA EMOCIONAL E SOCIAL 6.1 A LEARNING ORGANIZATION E O AUMENTO DA COMPETITIVIDADE Tornar-se uma Learning Organization eqüivale a ser mais competitivo, porque a LO diz respeito a aprender, inovar e mudar. O mundo está se tornando um grande mercado, o que não só afeta as multinacionais, mas também as empresas locais, regionais e nacionais, quando estas fornecem para as primeiras, ou exportam ou ainda sofrem a concorrência das internacionais. Devido a isso a aprendizagem e a mudança devem ser mais rápidas. A empresa é uma LO quando ensina os colaboradores de vários níveis a aprender, o que eqüivale a reciclá-los em como pensar e agir melhor, fazendo com que aprendam não só individualmente, mas também em grupo. Para tanto ela transmite o conhecimento de que a aprendizagem não é possível se não é aplicada à ação; se não se testa o conhecimento, tomando decisões e correndo riscos, gerando novas ideias e situações e melhorando processos e sistemas de trabalho. Estamos na Era do Conhecimento e a informação criada continuadamente, em várias partes do planeta, dobra de tamanho a cada três ou quatro anos. Por isso, são a criação e a disseminação do conhecimento que farão as empresas sobreviverem, competindo por mais qualidade, velocidade, inovação e preço. Assim, o brainpower significa patentes, processos, competências gerenciais e do negócio, tecnologias e informações relacionadas com clientes e fornecedores. O conhecimento é necessário para atualizar produtos e serviços, mudar sistemas e estruturas e comunicar as soluções obtidas para os problemas que tenham surgido. Nesta nova era da Economia, indivíduos de vários níveis serão desafiados a desenvolverem novos conhecimentos, deverão assumir responsabilidade pelas suas novas ideias e habilidades. O gerente e o líder deverão criar um ambiente e uma cultura que permita aos colaboradores aumentar seu conhecimento, melhorando sua aprendizagem e competências. Também podemos dizer que uma empresa é uma LO quando consegue localizar os seus ativos intelectuais, compatibilizar o capital intelectual com o planejamento estratégico e alocar rapidamente o capital intelectual onde se faz mais necessário. Atualmente surgem novas competências exigidas pelos cargos e pelo negócio, bem Textos extraídos Do Livro Gestão de Pessoas nas Organizações de Ugo Franco Barbieri 64 Biblioteca online - sem valor comercial, proibida a reprodução e venda como novas expectativas e demandas dos colaboradores. Os empregados estão deixando de lado operações que demandavam habilidades repetitivas e participando de processos de trabalho onde aprendem a conhecer e lidar com exceções e surpresas. Ou então aprendem diversas tarefas, que exigem habilidades diferenciadas. Também no chão de fábrica, ou no chão do escritório, operários ou colaboradores devem compreender que seu trabalho é parte de um todo muito maior. Os trabalhadores, para se adequarem às mudanças em curso, precisam: • ter a habilidade de identificar problemas para auxiliarem os clientes a entenderem e satisfazerem melhor suas necessidades de produtos e serviços; • possuir a habilidade de solucionar problemas, relacionando coisas e fatos em forma diferenciada e criativa; • desenvolver a habilidade de associar competências de identificação de problemas com a solução de problemas. Cada vez mais, as empresas estão se dando conta que o recurso principal do negócio não é capital, ou pessoal de pouca qualificação ou instalações e ativos, mas sim conhecimento, informações e ideias. Em conseqüência, vemos várias empresas que se reestruturam, criando organizações integradas, networks globais, ficando mais leves, menores, facilitando um maior fluxo de processos, informações e pessoas, as quais estão se relacionando independentemente da hierarquia, o que se traduz nas seguintes realidades: • autonomia de áreas e unidades liberando energia criativa e espírito empreendedor, permitindo que as pessoas estejam bem informadas; • unidades de negócios que se associam em face de objetivos comuns e de recíproca confiança, não existindo controle rígido das suas atividades; • o poder é delegado até o nível mais baixo; • a estrutura descentralizada e a interdependência das pessoas disseminam o poder e evitam o risco de uma burocracia central; • a autoridade deve ser obtida das pessoas sobre as quais é exercida; • as pessoas têm o direito e o dever de serem responsáveis e serem reconhecidas pelo seu trabalho; • a ocorrência da organização virtual, que consiste numa rede temporária de empresas independentes, fornecedores e clientes, e até de competidores, que se ligam através de tecnologia da informação, para compartilhar competências, reduzir custos e ter acesso recíproco aos mercados de cada parceiro. 6.2 O COMPORTAMENTO HUMANO E ORGANIZACIONAL Sem dúvida existe correlação entre personalidade e sucesso no trabalho. As organizações buscam comportamentos direcionados à liderança, ao bom relacionamento interpessoal, à correta comunicação e persuasão. Buscam-se colaboradores com perfil empreendedor, criativos, capazes de correrem riscos e tomarem decisões, para somente citar algumas competências usadas na avaliação de executivos. Afirma-se também que a personalidade de um indivíduo é algo concreto, que Textos extraídos Do Livro Gestão de Pessoas nas Organizações de Ugo Franco Barbieri 65 Biblioteca online - sem valor comercial, proibida a reprodução e venda produz efeitos no desempenho dos grupos e organizações; também é dito que a personalidade deve ser relativamente equilibrada, sem grandes problemas ou conflitos emocionais. A pessoa deve, por exemplo, revelar um bom manejo da agressividade, buscando ser espontânea com o próximo; necessita ainda desenvolver capacidade de empatia e simpatia, sabendo colocar-se no lugar do outro. Cabe então citar a definição de personalidade segundo Gordon W. Allport, explicando depois o significado das suas partes: “é a organização dinâmica dentro de um indivíduo, daqueles sistemas psicofísicos que determinam seus ajustes únicos ao seu ambiente”. A seguir, explicamos os diversos conceitos contidos na definição: • organização dinâmica: tanto os nossos pensamentos e emoções (fatores psicológicos) como as células e a circulação sanguínea (exemplo de fatores orgânicos, fisiológicos) possuem leis e dinamismo. A aplicação do pensamento a um assunto está condicionada às leis da aprendizagem. A reprodução celular nos mostra uma ordem no plano biológico. Tanto os pensamentos como as células possuem um dinamismo, estão sempre em movimento. Esta organização dinâmica gerou todos os estudos da Medicina e da Psicologia; • sistemas psicofísicos: os hábitos, as atitudes, os sentimentos. O termo sistema significa traço ou grupo de traços psicológicos, como quando dizemos que fulano é muito agressivo; • determina: a personalidade é algo e faz algo. Nós modificamos nosso ambiente e nosso destino; nós influenciamos os outros, de alguma maneira; • únicos: cada ser humano é um ser diferente de qualquer outro; podem existir pessoas semelhantes, mas não totalmente idênticas; • ajustes ao seu ambiente: pode ser no sentido de ambiente comportamen- tal (ambiente social, psicológico) ou ambiente geográfico (clima, por exemplo). O ajuste humano exige domínio, criatividade, e não apenas adaptação passiva. Também podemos definir personalidade dizendo que é a soma das características hereditárias e dos fatores ambientais. A primeira (hereditariedade) diz respeito à constituição física e genética, da qual se derivam as tendências temperamentais e nossos impulsos e necessidades biológicas. A segunda (ambiente) refere-se ao conjunto da geografia, clima, alimentação, pais e família, instituições, valores, usos e costumes que exercem uma influência ativa ou passiva na formação ou no desenvolvimentodo indivíduo. Algumas teorias que explicam o comportamento humano e organizacional podem a seguir ser resumidamente expostas: • McGregor: formulou a teoria X e a teoria Y. A primeira afirma que os indivíduos não gostam de trabalhar e devem ser coagidos a fazê-lo. Não tomam iniciativas, não têm grandes ambições e só o que querem é segurança. A teoria Y baseia-se no autogoverno individual e na responsabilidade da pessoa, ao se comprometer com as metas da organização. Enquanto, no presente, as potencialidades do indivíduo são parcialmente utilizadas, uma participação maior nas atividades da empresa pode favorecer o atingimento de metas individuais e de grupo. McGregor mostrou que as competências Textos extraídos Do Livro Gestão de Pessoas nas Organizações de Ugo Franco Barbieri 66 Biblioteca online - sem valor comercial, proibida a reprodução e venda gerenciais positivas necessitam dos conceitos da teoria Y. • Blake e Mouton: parcialmente inspirada em McGregor, a metodologia criou um sistema chamado de Managerial Grid, voltado para registrar, numa escala numérica, os estilos de liderança. Assim, por exemplo, um Gerente 9.1 é o que dá ênfase à produção e não considera muito as pessoas, enquanto o Gerente 1.9 adota atitude inversa. Aquele que for 9.9 tem performance elevada, é alto tanto em relação às pessoas quanto à produção, conseguindo pela sua habilidade levar os colaboradores a participarem num esforço construtivo que atenda tanto às suas necessidades quanto às da organização. • Herzberg: salienta a importância dos fatores de desenvolvimento no trabalho, como fizeram Maslow e McGregor. A sua teoria de motivação está calcada nestes citados fatores de desenvolvimento e também nos fatores higiênicos. Coloca que a existência de alguns fatores, num trabalho, permite o desenvolvimento do empregado e sua motivação. Fatores típicos de desenvolvimento seriam: realização, responsabilidade, progresso, interesse e possibilidade de melhoria. As necessidades higiênicas são as mais limitadas e são aquelas obtidas pelo salário e condições físicas adequadas de trabalho, as quais geram conforto e segurança. • Chris Argyris: examinou como práticas de direção afetam maturidade, comportamento individual e crescimento dos elementos humanos na situação de trabalho. Mencionou que os indivíduos são encorajadas a se manterem passivos, dependentes e subordinados. Dá exemplo de pessoas com retardo mental que trabalham melhor do que pessoas normais, em trabalhos não especializados e repetitivos. O autor propôs redesenho das funções, da mesma forma que Herzberg, a fim de que o ambiente do trabalho se modifique, para permitir uma personalidade madura no cenário do trabalho. Ou seja, advogou o moderno empowerment. Acha que as tarefas normais e rotineiras, sem desafios e incentivos à tomada de decisão, colocam o empregado no papel de criança, frustrando suas motivações normais de adulto. Na frustração surge a reação de desinteresse pelo trabalho e também atitudes de defesa que permitem ao indivíduo manter o respeito próprio. Em conseqüência, o custo para a empresa é baixa qualidade e produtividade, desperdícios e perdas. • Likert: através da análise de caos chega a uma teoria que focaliza as relações entre setores interdependentes de uma organização. Ele acentua a existência, nas organizações, de muitos grupos que se superpõem parcialmente e mostra que existem indivíduos que pertencem a mais de dois grupos, podendo assim desempenhar um papel-chave na comunicação e na influência dentro da organização. Nesta teoria, encontra-se o embrião de muitas dissertações sobre a organização formal e a informal; ou ainda sobre os trabalhos em grupos, dentro das organizações modernas, os quais são virtuais e temporários, dissolvendo-se após tarefas ou problemas terem sido realizados ou resolvidos. Geralmente, várias competências técnicas, humanas e comportamentais, de diversas Textos extraídos Do Livro Gestão de Pessoas nas Organizações de Ugo Franco Barbieri 67 Biblioteca online - sem valor comercial, proibida a reprodução e venda áreas de uma empresa, estão associadas dentro de um grupo deste tipo. No entanto, existe o risco de que muitos destes grupos sejam informais, dentro de empresas centralizadoras e não modernas. Em tal caso eles não serão colaboradores ou agentes de mudança planejada, mas sim críticos e opositores dos pontos fracos da organização. • Schein: defende o que ele designou como o homem complexo. Enfatiza o fato de que o ser humano possui motivações diversas e pode reagir diferentemente a situações diversas de trabalho. A teoria do homem complexo tem implicações no comportamento do gerente. O gerente bem-sucedido deve ser capaz de diagnosticar e dar valor ao espírito de investigação. Deve estar alerta para a multiplicidade dos motivos do homem com quem trabalha e tem que ser capaz de identificar as diferenças de potencial e de competências dos que integram a organização. O desenvolvimento das suas próprias capacidades, e das de outras pessoas, é realmente um desafio para os que põem em prática os conhecimentos da ciência do comportamento. 6.3 AS EMOÇÕES NO AMBIENTE DE TRABALHO Não se tem estudado suficientemente o impacto das motivações no ambiente das organizações. Isso se deve ao mito da racionalidade. Desde o século XIX estamos construindo uma administração científica e as organizações vêm sendo desenhadas para enfatizar o lógico e controlar o emocional. Também colaborou para isso a suposição de que as emoções são destruidoras, pois interferem na capacidade de um colaborador realizar seu trabalho em forma produtiva e eficaz. Vale recordar que as emoções são sentimentos intensos direcionados a alguém ou alguma coisa. Uma pessoa fica feliz com alguma coisa, bravo com alguém ou com medo de algo. Muitos trabalhos demandam um esforço emocional, ou seja, demandam expressar emoções organizacionalmente desejáveis durante as relações interpessoais com colegas, clientes e fornecedores. Exemplos dessa afirmação: os comissários de bordo devem ser alegres; os agentes funerários devem aparentar tristeza; e os médicos devem ser emocionalmente neutros. Existe um dilema quando o papel organizacional demanda emoções positivas de um colaborador em relação a outro, enquanto os verdadeiros e mais profundos sentimentos do primeiro são negativos em relação ao segundo. É aquela situação que nos exige mostrar um sorriso e um bom relacionamento social com uma pessoa com a qual julgamos ser difícil conviver. As emoções sentidas são aquelas genuínas para um indivíduo. Ao contrário, as emoções demonstradas são as requeridas pela organização e consideradas apropriadas para uma determinada tarefa. Em muitas situações, as emoções sentidas são diferentes das demonstradas, quando por exemplo, é esperado que cumprimentemos com alegria alguém que recebet promoção para o cargo que desejávamos intensamente. Textos extraídos Do Livro Gestão de Pessoas nas Organizações de Ugo Franco Barbieri 68 Biblioteca online - sem valor comercial, proibida a reprodução e venda Pesquisas identificaram seis emoções universais: raiva, medo, tristeza, felicidade, desagrado e surpresa. Podem-se confundir as emoções: felicidade e surpresa frequentemente se confundem, enquanto felicidade e desgosto são sempre reco- nhecidas. As pessoas podem dar respostas diferentes a estímulos emocionai: idênticos, talvez em função de terem diferentes personalidades. Também existem diferenças na vivência da intensidade das emoções. Percebemos que algumas pessoas quase nunca mostram sentimentos como raiva ou frustração. Por outro lado outras deixam transparecer suas emoções e sua emotividade, ou ficando muito alegres ou muito tristes e deprimidas. Algumas pessoas têm extrema dificuldade em demonstrar suas emoções ou compreender as emoções dos outros, o que é denominado de alexitimia, em Psicologia. Elasraramente choram e são vistas pelos outros como frias e indiferentes Podem ter bom desempenho se corretamente alocadas, em programação de software, por exemplo. As mulheres mostram maior emoção quando comparadas aos homens, demons- trando com mais frequência tanto as emoções positivas como as negativas. Os homens são educados para serem durões e corajosos e as mulheres para criarem e protegerem outros seres. Deve-se também ficar atento não só para as respostas verbais, mas também para as não verbais. Numa conversa com um colega de trabalho podem-se percebei costas rígidas, dentes apertados e músculos do rosto tensos. Provavelmente isso revela algo, dentro do contexto de uma situação concreta. As expressões faciais os gestos, os movimentos do corpo e a distância física são indícios não verbais que podem trazer algum entendimento sobre o que a pessoa está sentindo. Existe também a paralinguagem, ou a comunicação que vai além das palavras que são ditas. Ela inclui a amplitude, o volume, a velocidade e a qualidade da voz de quem fala. Ou seja, nos revelamos não apenas no que dizemos, mas também em como dizemos algo. As diferentes culturas também impactam o emocional: nos Estados Unidos é esperado que as emoções não sejam mostradas e que se tenha um grande controle emocional; no Brasil, sempre se espera um calor emocional, uma alegria € uma afetividade, na média, maior do que a norte-americana; em Israel, empregados do comércio varejista devem ser sisudos para demonstrar experiência; na cultura muçulmana, as mulheres não devem sorrir para os homens, já que isso pode significar um interesse afetivo e sexual. Tudo isso nos leva à constatação da existência de uma Inteligência Emocional. A mesma refere-se a uma série de capacidades, habilidades e competências não cognitivas, que influenciam na capacitação de uma pessoa em lidar com as pressões e demandas do seu ambiente. Esta inteligência tem cinco dimensões: Textos extraídos Do Livro Gestão de Pessoas nas Organizações de Ugo Franco Barbieri 69 Biblioteca online - sem valor comercial, proibida a reprodução e venda • autoconsciência: capacidade de ter consciência dos próprios sentimentos; • autogerenciamento: capacidade de administrar as próprias emoções e impulsos; • automotivação: capacidade de persistir diante de fracassos e dificuldades; • empatia: capacidade de perceber o que as outras pessoas estão sentindo; • habilidades sociais: capacidade de lidar com as emoções de outras pessoas. Vários estudos evidenciam maior correlação positiva da IE com bom desempenho no trabalho do que com a correlação do QI (quociente intelectual) com sucesso na atividade organizacional. Na tomada de decisões sempre se enfatiza a racionalidade e nos esquecemos da influência do medo, das frustrações, das dúvidas, da felicidade e de outras emoções semelhantes. Não prestamos atenção ao fato de que a decisão inclui o coração e a mente. As pessoas podem fazer escolhas bem diferentes quando estão estressadas e irritadas e quando estão calmas e felizes. A motivação supõe pessoas emocionalmente comprometidas e os líderes eficazes quase sempre confiam na expressão de seus sentimentos como meio de transmitir suas mensagens. Assim, quando os líderes pretendem implementar mudanças significativas, eles apelam para a evocação, projeção e mobilização das emoções dos colaboradores. Tudo o que analisamos nas linhas acima nos leva a concluir que devemos nos conhecer melhor do ponto de vista emocional e atentarmos mais para as emoções e os sentimentos dos que nos cercam para podermos liderar melhor ou sermos bem aceitos num grupo social ou de trabalho. Portanto, fica a mensagem e a reflexão: emoções impactam muito os relaciona- mentos, decisões e o desempenho e o sucesso profissional. Assim, emoções são aquele algo aparentemente abstrato que produz resultados e conseqüências absolutamente concretas. 6.4 A ORGANIZAÇÃO EMOCIONALMENTE INTELIGENTE A presente seção refere-se à contribuição de Daniel Goleman e à sua visão da inteligência emocional aplicada às equipes e à organização como um todo e não tanto ao indivíduo, considerado isoladamente. Sem dúvida, a organização emocionalmente inteligente precisa superar as disparidades entre os valores que proclama e aqueles que pratica. A clareza a respeito dos valores do espírito, e da missão de uma organização, conduz a uma autoconfiança decisiva nas tomadas de decisões empresariais. Saber quais são esses valores compartilhados requer, no nível organizacional, o equivalente à autopercepção Textos extraídos Do Livro Gestão de Pessoas nas Organizações de Ugo Franco Barbieri 70 Biblioteca online - sem valor comercial, proibida a reprodução e venda emocional, no nível individual. A organização, assim como cada indivíduo, possui um perfil de pontos fortes e pontos fracos, nas diferentes áreas de suas competências, sobre os quais tem um certo grau de consciência. Qualquer competência organizacional pode ser mapeada nestes perfis, divisão por divisão, descendo através de cada unidade, até as equipes de trabalho. Medições organizacionais, amplamente utilizadas, mostraram lacunas importantes entre o diagnóstico de eficácia organizacional e o desempenho e os resultados da empresa, efetivamente constatados. Segue uma lista dos pontos que deveriam ser melhorados em várias organizações: 1. autopercepção emocional: leitura do efeito do clima emocional no trabalho; 2. desempenho: avaliação de como o colaborador atinge os resultados; 3. realização: busca de oportunidades para a ação empreendedora; 4. adaptabilidade: flexibilidade diante de desafios e obstáculos; 5. autocontrole: evitar pânico, raiva ou susto em situações de pressão; 6. integridade: a credibilidade que gera confiança; 7. otimismo: espírito positivo de reação diante de reveses; 8. empatia: compreensão dos sentimentos dos colegas, clientes e fornecedores; 9. conviver com a diversidade: ver as diferenças como oportunidades; 10. percepção política: análise do impacto das tendências econômicas, poli ticas e sociais no ambiente de trabalho; 11. influência: capacidade para utilizar a persuasão; 12. formação de vínculos: formar parcerias entre pessoas e segmentos da empresa; 13. organização: como a cultura e o manejo das emoções facilitam ou dificultam a gestão das pessoas. A falta de aperfeiçoamento nos pontos referidos traduz-se em pontos cegos organizacionais. Em função deles ocorre uma experiência coletiva represada de sentimentos e informações compartilhadas que não é claramente expressada, transformando-se em vários pontos cegos da empresa. Quando pertencemos a uma empresa, somos membros de uma mesma família organizacional e existem então normas objetivas ou subjetivas que estamos obrigados a seguir. Respeitar estas normas é o preço que se paga para ser parte desta família organizacional; em muitas situações, as pessoas não se manifestam em forma sincera e transparente, por medo de serem consideradas um membro desagregador das normas aceitas por todos os colegas de trabalho. Em estudos feitos em algumas empresas, principalmente no nível dos gerentes médios, mais próximos dos acontecimentos, foi constatado que os portadores de más notícias são mal vistos. Eles são aqueles que conseguem ver que “o rei está nu”, na célebre história que todos conhecem. Naturalmente, do ponto de vista da produtividade no trabalho, os sentimentos têm Textos extraídos Do Livro Gestão de Pessoas nas Organizações de Ugo Franco Barbieri 71 Biblioteca online - sem valor comercial, proibida a reprodução e venda importância na medida em que facilitam a meta comum ou interferem com ela. Nossos relacionamentos no trabalho são relacionamentos como quaisquer outros, afetados por nossas emoções e paixões, apesar de sempre ser destacado apenas o lado lógico de todas as ações e realizações que empreendemos numa organização.Um estudo realizado identificou sete pontos que desmotivam os empregados: 1. excesso de trabalho: muita exigência de resultados, com prazos reduzidos; 2. falta de apoio; 3. falta de autonomia: cobrança de responsabilidade sem a oportunidade de contribuir para a realização das metas, que são impostas, de cima para baixo, na hierarquia; 4. remuneração inadequada: congelamento de salários, cortes de benefícios, desempenho individual e de equipe mal avaliados e ações semelhantes; 5. perda de vínculos: quando as atribuições são mal definidas ocorre crescente isolamento no trabalho, redução do comprometimento, gerando baixos vínculos emocionais e maiores conflitos; 6. falta de equanimidade: desigualdade na forma como as diferentes pessoas e equipes são tratadas, provocando cinismo e alienação; 7. conflitos de valores: disparidade entre os princípios de uma pessoa e as exigências do trabalho, causando questionamento dos empregados sobre as tarefas que realizam. Frequentemente ignoramos que existem os diálogos interiores, de uma pessoa consigo mesma, que não são expressos. Somente quando o diálogo interior é emocionalmente turbulento, ele transparece num tom de voz nervoso ou elevado e num olhar mais agressivo. No entanto, quando as reuniões e ações empresariais estão ocorrendo depressa demais, ou quando as pessoas estão sob pressão, podemos deixar de perceber estes sinais em nós e nos outros. Assim, o diálogo interior é ignorado, embora contenha informações importantes que se referem a dúvidas, ressentimentos, temores e esperanças não compartilhadas. Quando nos confrontamos com uma pessoa, ela ergue suas defesas e por isso as ações e conversas do trabalho prosseguem como se não existisse nenhum diálogo interior. As raízes dos conflitos, bem como o começo de uma colaboração positiva, vão ser encontrados neste nível profundo do discurso pessoal, não manifestado, e portanto não resolvido e assimilado. Num estudo que examinou estas questões e o impacto que tinham na realização de um projeto concreto, concluiu-se que sentimentos e suposições ocultas estavam inviabilizando a finalização do mesmo. As questões emocionais centrais eram: 1. as pessoas retinham informações por medo de estarem erradas; 2. os membros da equipe não utilizavam suas competências devido ao excessivo receio de não serem aprovadas; Textos extraídos Do Livro Gestão de Pessoas nas Organizações de Ugo Franco Barbieri 72 Biblioteca online - sem valor comercial, proibida a reprodução e venda 3. controle excessivo exercido pelas chefias; 4. as suspeitas eram generalizadas. As pessoas se viam como pouco colabo- radoras e indignas de confiança. Todo o exposto pode parecer simples de se observar ou comentar, mas todas as experiências de vida executiva e de consultoria demonstram que são difíceis de se gerenciar. A pergunta final aos amigos e leitores: sua organização é emocionalmente inteligente? 6.5 FUNDAMENTOS DA INTELIGÊNCIA EMOCIONAL A entidade “Colaboração para o Aprendizado Social e Emocional da Universidade de Illinois”, sediada em Chicago, informa que mais de 150 programas diferentes de alfabetização emocional estão sendo utilizados atualmente por milhares de escolas norte-americanas. Chegam notícias da Ásia, Europa, Oriente Médio, América e Austrália de que nestas regiões, em vários países, também estão ocorrendo programas análogos. Infere-se do exposto que o mundo começa a trabalhar com o conceito de Inte- ligência Emocional também na educação, como já havia começado a fazer nas organizações. Num mundo de comunicações rápidas e frequentemente virtuais, de estruturas matriciais, também ocorrem equipes temporárias, formadas para desenvolverem projetos específicos, dissolvendo-se as mesmas quando os objetivos são alcançados. Todas estas equipes são constituídas por estilos de personalidade e liderança diferentes, especializações diversas, e as pessoas frequentemente são originárias de várias culturas. Assim sendo, se não se desenvolve a Inteligência Emocional e a Social e a maturidade das pessoas, é previsível a eclosão de conflitos e de competição destrutiva. A empresa irá sofrer com estas reações imaturas, por mais que tenha se organizado em termos de estratégia, gestão, estrutura, processos e sistemas integrados. Aliás, para ter tudo isso bem desenvolvido, precisa de pessoas bem amadurecidas, que se entendam e colaborem, para desenhar e implementar estas ferramentas e metodologias. No mundo de hoje existe abundância de tecnologia, de candidatos a empresários e de dinheiro e capital para novos empreendimentos. Uma empresa de investidores costuma não só analisar a viabilidade de um projeto, mas também quem são os empreendedores que buscam receber capital para os seus projetos. Principalmente na área internacional, os investidores querem também conhecer o estilo e a liderança dos empreendedores, qual o perfil de seu capital intelectual e emocional e como os mesmos trabalham juntos, em equipe. Para tanto, fazem encontros e dinâmicas de grupo com os candidatos a empresários para avaliarem se vão atuar bem em grupo; procuram ver se eles definem prioridades em forma harmoniosa, analisando se vão lidar com fatos e pessoas em forma construtiva, em momentos de crise. Textos extraídos Do Livro Gestão de Pessoas nas Organizações de Ugo Franco Barbieri 73 Biblioteca online - sem valor comercial, proibida a reprodução e venda Existe um fundamento da Inteligência Emocional e Social na teoria evolucionista e no desenvolvimento cerebral. Numa ótica evolucionista, hoje a ciência acredita que os grupos e comunidades foram tanto mais exitosos, ao longo da história, quanto mais souberam trabalhar em conjunto; quanto mais souberam buscar alimentos e defender-se dos predadores. Aliás, o próprio Darwin foi o primeiro a dizer que os grupos humanos cujos membros eram capazes de trabalhar bem em conjunto, em prol do bem comum, sobreviviam melhor e tinham mais descendentes do que aqueles cujos membros agiam em benéfico próprio, ou do que os indivíduos que não faziam parte de nenhum grupo. A maioria de nós possui uma herança moderna deste passado: uma percepção para detectar na atitude do outro a amizade e a cooperação. Por isso as pessoas são atraídas por quem mostra sinais de possuir estas qualidades. Possuímos também um sistema de alerta que nos previne contra alguém que possa ser por demais egoísta ou não confiável. Entre os primatas (inclusive na espécie humana), a proporção do neocórtex para o volume total do cérebro aumenta na razão direta do grupo típico da respectiva espécie. Segundo os pontos de vista evolucionista e de desenvolvimento do cérebro, a Inteligência Emocional surgiu muito antes do pensamento racional. As capacidades de pensamento abstrato da espécie humana se instalaram mais tarde, num neocórtex que havia inicialmente se expandido para lidar com o mundo interpessoal próximo. O neocórtex, porém, evoluiu a partir de estruturas mais antigas do cérebro emocional e por isso está amplamente entremeado de circuitos de emoção. Daniel Goleman, no seu livro Trabalhando com a Inteligência Emocional, nos diz: o neocórtex, com sua compreensão sofisticada da dinâmica e interação de grupo tem de interpretar seus dados em sintonia com os sinais emocionais. De fato, cada ato mental de identificação (“isto é uma cadeira”) possui embutido em si uma reação emocional (“... e não gosto dela”). Enfim, a Inteligência Emocional tem imensa importância num mundo em que o trabalho, principalmente de pesquisa e desenvolvimento, é realizado cada vez mais através de equipes que interagem. 6.6 A INTELIGÊNCIA SOCIAL SEGUNDO KARL ALBRECHT Karl Albrecht ressalta que Howard Gardner nos ensinou que a inteligência humana não consiste num único traço, como os cultores do QI ainda insistem em pensar, pois o mesmo se relaciona com a capacidade de desenvolver um raciocínio lógico. Gardnernos fala das múltiplas inteligências, como um conceito que vai além do QI, as quais podem ser citadas, numa forma simples, da seguinte maneira: • inteligência abstrata (raciocínio simbólico do tipo QI); • inteligência social (a habilidade de se relacionar e obter cooperação); • inteligência prática (como fazer as coisas acontecerem); Textos extraídos Do Livro Gestão de Pessoas nas Organizações de Ugo Franco Barbieri 74 Biblioteca online - sem valor comercial, proibida a reprodução e venda • inteligência emocional (autoconsciência e foco na vida interior); • inteligência estética (capacidade para desenho, literatura, artes plásticas, música); • inteligência sinestésica (domínio do corpo nos esportes, na dança, ou no comando de carro ou avião). Após Gardner surgiu o conceito da inteligência emocional desenvolvido por Daniel Goleman e, na seqüência, Karl Albrecht introduz a questão da inteligência social, definida como uma compreensão básica das pessoas, uma espécie de consciência social estratégica, e um conjunto de técnicas para bem interagir com elas. Em face da definição, Albrecht diz que podemos pensar nos extremos baixo e alto da inteligência social, sendo evidente que algumas pessoas têm um relacionamento “tóxico” ou “salutar”. As atitudes tóxicas fazem os outros se sentirem desvalorizados, frustrados, raivosos, incompetentes, culpados. As atitudes salutares fazem com que se sintam valorizados, capazes, amados, respeitados e apreciados. As pessoas com elevada inteligência social são magnéticas e as que não a possuem em forma significativa são mais frias e afastam os outros indivíduos com os quais se relacionam. Albretch menciona que a inteligência social tem cinco dimensões distintas: • consciência situacional: uma espécie de radar social, ou a habilidade de ler situações e interpretar o comportamento de pessoas em momentos importantes, no tocante às suas intenções, estados emocionais e propensão a interagir; • presença: chamada muitas vezes de porte, a presença incorpora toda uma gama de padrões verbais e não verbais, como a aparência, a postura, a qualidade de voz e os movimentos sutis, os quais são uma coleção de impressões que as pessoas têm de um determinado indivíduo; • autenticidade: os radares sociais das outras pessoas captam vários sinais do nosso comportamento, o que as leva a julgar-nos, por exemplo, honestos, abertos, éticos, confiáveis e bem intencionados, ou o contrário de tudo isso; • clareza: nossa habilidade de nos explicarmos, esclarecer ideias, transmitir dados clara e acuradamente e articular nossas visões e nossos cursos de ação, permitindo-nos conquistar a cooperação alheia; • empatia: um sentimento compartilhado por duas pessoas, um estado de vinculação com outra pessoa, que permite a interação e a cooperação em forma positiva. Albretch diz ainda que a energia social reflete o impulso ou a tendência de se envolver, interagir ou influenciar as pessoas. Diz ainda que o enfoque nos resultados mostra que temos uma visão de nós mesmos como mais centrados em tarefas ou mais centrados em pessoas, ao tentar realizar um determinado trabalho. Indivíduos mais centrados em tarefas tendem a contar mais consigo mesmos do que com os outros, vendo a preocupação com o fator humano como algo que os afasta de uma meta. Textos extraídos Do Livro Gestão de Pessoas nas Organizações de Ugo Franco Barbieri 75 Biblioteca online - sem valor comercial, proibida a reprodução e venda Combinando-se as duas dimensões (energia social e enfoque nos resultados) obtêm- se quatro combinações primárias ou estilos de interação: • o padrão do Condutor, que combina alta energia social com um forte enfoque nas tarefas. A pessoa tende a assumir o comando de muitas situações e a impor sua visão de como as coisas devem ser feitas. Não enfatiza muito os relacionamentos pessoais e o espírito de equipe e possui uma liderança mais diretiva; • o padrão do Motivador revela elevada energia social, mas tende a influenciar pessoas focando mais as relações pessoais. Procura reunir as pessoas, tenta motivar o grupo a trabalhar na duração de metas comuns; • o padrão do Diplomata demonstra menos energia social, embora busque realizar tarefas, dando enfoque ao relacionamento com as pessoas, enfatizando a colaboração e a cooperação. E menos diretivo e assertivo e procura ajudar as pessoas a chegarem a um consenso; • o padrão do Solitário combina a baixa energia social com a inclinação primária por tarefas, contando consigo mesmo na realização de um trabalho. Sente uma fadiga nos contatos sociais, busca a privacidade, concentra a atenção no trabalho, vendo os problemas humanos como distrações que o impedem de concluir uma tarefa; Evidentemente, o espaço dedicado ao tema neste livro só permite um resumo das idéias de Albrecht, porém parece absolutamente certo que a inteligência social, bem como a emocional, são as responsáveis pelo sucesso ou fracasso de muitos executivos e empresários, quando a presença ou a ausência dela, em momentos críticos, pode impedir o fechamento de um negócio ou convencer um grupo de pessoas importantes a tomar uma grande decisão. A inteligência social é bastante observada, através das entrevistas: em situações de Executive Search, quando se busca um executivo adequado para um cargo de Diretoria ou Gerência. Também ela é muito analisada em projetos de Management Assessment, quando se avaliam as competências exigidas pela empresa em processos de Change Management, de fusões e aquisições e de implantação de nova estratégia e de nova estrutura organizacional. Especialmente nas situações mencionadas, devem-se combinar uma entrevista com testes psicológicos. É a interação humana durante a entrevista que nos fala da inteligência emocional e da social do avaliado e é ela que nos esclarece como o perfil psicológico do indivíduo impacta nas situações concretas de trabalho individual e de trabalho em equipe. Naturalmente, existem formas de se desenvolver a inteligência emocional e a social, sendo o Coaching uma das formas mais indicadas para tanto. E também no Coaching haverá, por definição, a primazia do diálogo, da compreensão, da empatia e do aconselhamento, sobre qualquer perfil obtido através dos testes psicológicos. Vale dizer, é a interação humana (que abrange a experiência de vida, a lógica e a intuição do Coach) que será a palavra inspiradora e o fio condutor do Coaching, possibilitando o Textos extraídos Do Livro Gestão de Pessoas nas Organizações de Ugo Franco Barbieri 76 Biblioteca online - sem valor comercial, proibida a reprodução e venda desenvolvimento do aconselhado e o seu crescimento emocional e social. Finalizando, acho que nenhuma teoria ou técnica psicológica até hoje esgotou a compreensão do fenômeno humano e acho que existe um grande risco em se rotular pessoas apenas com base em perfis psicológicos e avaliações 360°, pois esta atitude, no fundo, é uma tentativa de se evitar o diálogo e o conhecimento mais profundo de si mesmo e do outro, o qual, por sua vez, numa interação humana, também nos ajuda a saber quem somos. 6.7 PERCEPÇÃO E DECISÃO NAS RELAÇÕES HUMANAS As pessoas dentro das organizações estão sempre julgando umas às outras. Os administradores precisam avaliar o desempenho de seus subordinados. Também julgamos o quanto nossos colegas se dedicam ao trabalho deles. Quando um novo membro entra para uma equipe, ele é imediatamente rotulado pelos demais. Muitas vezes esses julgamentos têm conseqüências importantes para as pessoas e as organizações. Infelizmente, nossa percepção é seletiva. Todas as características que fazem com que uma pessoa, um objeto ou um evento sobressaiam ganharão destaque e serão percebidas como atributos importantes desta mesma pessoa. Linha abaixo vale recordar algumas características e efeitos das nossas percepções no processo de tomada de decisão: • o efeitode halo: imagine um chefe e colegas avaliando um subordinado, com base em um único traço do desempenho da pessoa, ou seja, do seu entusiasmo. Assim, outro colaborador pode ser calmo, seguro, competente e altamente qualificado, mas se seu estilo de comportamento não tiver entusiasmo, o chefe e os colegas podem lhe dar uma nota baixa na avaliação; • efeito de contraste: não avaliamos as pessoas isoladamente. Nossa reação a uma pessoa é sempre influenciada pelas outras pessoas que encontramos recentemente. Se estivermos entrevistando candidatos a um emprego, o entusiasmo do candidato anteriormente entrevistado pode parecer uma qualidade superior à capacidade de reflexão e introspecção de um candidato que é entrevistado logo após. Na realidade, uma equipe pode precisar de ambas as características. Sem dúvida uma pessoa pode ter bom desempenho, mesmo sendo introspectiva e reflexiva; • efeito de projeção: tendência de atribuir às outras pessoas as nossas próprias características, não conseguindo vê-las como realmente são. Deixamos então de perceber as diferenças individuais. • efeito da estereotipagem e da generalização: quando julgamos alguém com base na nossa percepção do grupo do qual ele faz parte. Se alguém teve sucesso contratando indivíduos que praticaram ou praticam esportes, percebeu que alguns atletas costumam ser ambiciosos, dedicados, e lidam bem com as adversidades. Naturalmente, nem todos os atletas têm tais características e podemos tomar uma decisão errada de contratação. Textos extraídos Do Livro Gestão de Pessoas nas Organizações de Ugo Franco Barbieri 77 Biblioteca online - sem valor comercial, proibida a reprodução e venda Nas organizações, freqüentemente ouvimos comentários que representam estereótipos baseados em sexo, idade, raça, cultura, ou até no peso das pessoas. A Teoria da Atribuição tenta explicar como julgamos diferentemente as pessoas, dependendo do sentido que atribuímos a um determinado comportamento. A teoria sugere que quando observamos o comportamento de alguém, tentamos determinar se sua causa é interna ou externa. As causas internas são consideradas como aquelas que estão sob o controle do indivíduo (manter a calma em situações difíceis). As causas externas são as resultantes de estímulos externos e a pessoa é vista como se tivesse sido forçada a um comportamento determinado pela situação que viveu (reação descontrolada a uma agressão sofrida pela pessoa). Outros aspectos abordados pela Teoria da Atribuição: • diferenciação: refere-se ao indivíduo mostrar ou não comportamentos diferentes em situações diversas. Se o funcionário chega atrasado, queremos saber se este comportamento não é usual. Se não for, o observador optará por uma causa externa (tráfego difícil). Se o comportamento é usual, o mesmo observador optará por uma causa interna (pessoa displicente, que não se esforça para ser pontual); • consenso: no exemplo anterior vamos examinar se todas as pessoas que enfrentam uma mesma situação (tráfego difícil) respondem de maneira semelhante (chegam atrasados). Neste caso, a avaliação de todas as pessoas que chegaram tarde é por consenso: todos se atrasaram devido ao tráfego difícil; • coerência: a qual é buscada na ação das pessoas. Chegar atrasado não é um comportamento visto da mesma maneira para um funcionário que não costuma fazer isso (ele não se atrasa há meses). A avaliação é diferente para aquele cujo atraso faz parte de sua rotina (chega tarde duas ou três vezes por semana). Quando mais coerente o comportamento (chega atrasado várias vezes), mais inclinado fica o observador a atribuí-lo a causas internas (a pessoa é displicente, não pontual). Estas características relatadas, das percepções humanas, nos mostram o impacto das mesmas na contratação de pessoas, na avaliação do desempenho, na motivação, retenção e promoção de colaboradores e em todas as avaliações de potencial e nos processos de coaching e desenvolvimento dos indivíduos. Acho que as organizações têm que ter o auxílio de Psicólogos internos e externos (consultores) nestas atividades, as quais devem ser desenvolvidas por uma equipe multidisciplinar. Avaliações mal feitas, em todos os processos mencionados, causam conflitos e decisões erradas, as quais têm elevado custo moral e monetário. Também cabe recordar que a distorção das percepções individuais e coletivas também tem um alto preço quando a tomada de uma decisão diz respeito a decisões Textos extraídos Do Livro Gestão de Pessoas nas Organizações de Ugo Franco Barbieri 78 Biblioteca online - sem valor comercial, proibida a reprodução e venda estratégicas como fusões e aquisições, inovações e lançamento de novos produtos e entrada em novos mercados, entre outras realidades. 6.8 PREOCUPAÇÕES E TENSÕES NA VIDA PROFISSIONAL O estereótipo do executivo o apresenta com úlcera, cheio de preocupações e tensões, obcecado com a ideia de sucesso e sobrecarregado com uma imensa carga de trabalho. Embora esse perfil seja um tanto exagerado, não se pode negar que muitos executivos sofrem com as exigências dos cargos que ocupam e também sofrem com as tensões que diminuem sua eficiência e eficácia. Pesquisas e observações levam a concluir que a excessiva tensão prejudica em até 50% a eficiência e a eficácia, podendo causar problemas maiores e mais sérios, quando se torna permanente na vida de um profissional ou empresário. A tensão custa dinheiro e uma redução razoável da mesma melhora o processo decisório, a criatividade e a produtividade. Algumas pessoas são mais suscetíveis do que outras às tensões da vida empresarial e criam um estado de alerta permanente, e para estas pessoas o estado de exaustão é algo constante. Certa tensão, para quem escolheu a vida de empresa, é normal e necessária. O executivo vive em evidência, “sob a luz de holofotes”, não pode viver no anonimato como seus subordinados e sabe que será avaliado pelas operações que coordena. A essa tensão organizacional somam-se problemas da vida social e familiar, o que resulta numa tensão média maior do que um não executivo experimenta. O lado oposto do problema é que o executivo na zona de conforto, sem pressão, não consegue se adequar ao ambiente competitivo interno e externo e às constantes mudanças de cenário na empresa e no mercado. A tensão é perigosa quando excede nossa natural tolerância à mesma, ou quando se torna mais inconsciente, na fase em que a pessoa cria um senso de perigo permanente sem relação com as ameaças que cercam o indivíduo. Tensões emocionais fortes podem ter conseqüências negativas: • prejudicar o julgamento, adiando decisões a serem tomadas, as quais talvez nunca sejam concretizadas; • dificultar a análise fria de um problema, que não é analisado objetivamente, mas sim através de um filtro de crenças pessoais; Textos extraídos Do Livro Gestão de Pessoas nas Organizações de Ugo Franco Barbieri 79 Biblioteca online - sem valor comercial, proibida a reprodução e venda • priorizar, obsessivamente, uma parte de um problema, ao invés de viabilizar a análise do conjunto. Tudo isso nos mostra que a tensão excessiva fragmenta nossos pensamentos e a percepção do real. O que, de fato, é o contrário da ação executiva normal, a qual integra diversos fatos, analisando-os, para tirar conclusões e tomar decisões. Naturalmente, na vida de empresa, muitos pensamentos e pontos de vistas solicitam nossa atenção e temos que focar a visão do todo, do conjunto, sem deixar de entrar na observação dos detalhes que compõem o todo. Quando a tolerância emocional das tensões é superada pelo medo e intranqüilidade, o executivo perde seu equilíbrio e a noção de conjunto transforma-se em inúmeras partes desconectadas. Em decorrência, grandes conjuntos de ideias são fragmentados em forma descontrolada e a mente estabelece maior afinidade com as partes que têm significado emocional parao indivíduo. Priorizam-se as ideias que podem afetar a segurança ou a reputação e tenta-se proteger o ego, o que cria as personalidades excessivamente “egocentradas”. Dá-se maior valor “a quem está competindo conosco pela nossa posição” ou ainda “qual a opinião de nossa chefia sobre nossa performance". Perde-se a objetividade do julgamento e se cai na subjetividade. Algumas razões que explicam a tensão emocional de um executivo: • baixa autoestima: a pessoa não se vê como capaz para resolver alguns problemas que enfrenta; • o excesso de cautela na tomada de decisão, revendo sempre as várias partes do problema, sem ir a campo, sem usar a intuição ou sem ousar algo novo para fazer algo acontecer; • a incapacidade de acreditar no valor e na lealdade dos subordinados, não delegando e não praticando o empowerment. • sensação de culpa por possuir autoridade e ter que usar da mesma para tomar decisões difíceis. • Como tentativa de se superarem as tensões emocionais excessivas, baseadas em medos e preocupações não totalmente baseadas na realidade, deve-se tentar a conscientização dos seguintes passos: • reconhecer as tensões e verificar até onde são decorrentes de razões emo- cionais não necessariamente causadas por fatores objetivos e externos; • procurar a opinião de pessoas nas quais se confia para ter uma visão neutra dos problemas enfrentados. Fica a pergunta final: como estão suas tensões na sua vida empresarial? Estão sob controle, gerenciadas e reconhecidas? Textos extraídos Do Livro Gestão de Pessoas nas Organizações de Ugo Franco Barbieri 80 Biblioteca online - sem valor comercial, proibida a reprodução e venda 6.9 O ESTRESSE E O PROCESSO DECISÓRIO O estresse está associado aos limites e às demandas que enfrentamos na vida e no trabalho. Os limites podem ser nossas competências ou recursos financeiros, entre outros, e as demandas podem significar a necessidade de um bom desempenho para uma promoção ou o pedido de um filho para cursar uma universidade cara e que vai exigir uma logística familiar em matéria de tempo e dinheiro para atender à sua solicitação. A demanda não satisfeita (não atingir o desempenho) nos faz perder a coisa desejada (a promoção). O limite (recurso financeiro e/ou tempo) pode ser uma força que nos impede, por exemplo, de tirar férias na Europa. Só existe estresse quando há incerteza ou dúvida quanto à ocorrência e ao resultado de um evento: quanto à oportunidade a ser aproveitada, às limitações a serem superadas ou à perda ser evitada. O estresse é maior para as pessoas que não sabem se vão perder ou ganhar algo e menor para aqueles que têm a certeza da perda ou ganho. A importância do resultado também é critica: se perder ou ganhar não for relevante para a pessoa, não haverá estresse. Se manter o emprego ou ganhar uma promoção não importam para o indivíduo, também a pessoa não ficará estressada. Existem fontes potenciais de estresse como os fatores ambientais, os organi- zacionais e os individuais. Os ambientais podem ser a incerteza de uma economia em recessão; podem ainda estar ligados a uma situação política, à instabilidade de um governo de um país; significam também uma incerteza tecnológica: a evolução dos robôs pode gerar desemprego nas fábricas. Os organizacionais são vários: uma chefia autocrática e autoritária; excesso de metas em curto prazo, excesso de horas de trabalho e colegas difíceis no relacionamento interpessoal. Os fatores individuais são originados pelas dificuldades que ocorrem nos rela- cionamentos familiares e com amigos; ou na própria personalidade do indivíduo (mais ou menos ansioso); ou ainda por razões econômicas, como não conseguir nunca viver dentro do orçamento pessoal: quanto mais ganha, mais gasta. Existem sintomas físicos, psicológicos e comportamentais do estresse. No físico, pode ser a causa de mudanças no metabolismo, do ritmo cardíaco e respiratório, aumento de pressão sanguínea, dores de cabeça e até ataques do coração. Textos extraídos Do Livro Gestão de Pessoas nas Organizações de Ugo Franco Barbieri 81 Biblioteca online - sem valor comercial, proibida a reprodução e venda Sintomas psicológicos podem causar insatisfação com o trabalho: tensão, ansiedade, irritabilidade, tédio e adiamento de tarefas. Quando existem demandas múltiplas e conflitantes, ou quando não há certeza quanto aos deveres, responsa- bilidades e a autoridade de cada membro de uma equipe. Trabalhos que oferecem baixos níveis de variedade, significância, autonomia, feedback e de valorização da identidade pessoal geram estresse e reduzem o envolvimento e a satisfação do colaborador. Problemas comportamentais geram mudanças na produtividade: absenteísmo, rotatividade e mudanças no hábito de alimentação, aumento do consumo de álcool, fumo, droga. Podem causar uma fala mais rápida, ansiedade e distúrbios do sono, entre outras conseqüências. Existem estratégias individuais e organizacionais voltadas para a diminuição dos níveis de estresse das pessoas e dos times de trabalho: aperfeiçoamento do estilo de liderança e da comunicação; administração do tempo; exercícios físicos, técnicas de relaxamento e apoio social e psicológico. Vamos aprofundar os fatores organizacionais causadores de estresse, citando fatos e pesquisas: • grande demanda e baixo empowerment são geradores de estresse; • seleção e admissão de pessoas experientes e maduras diminuem o estresse de um grupo de trabalho; • objetivos bem definidos, metas específicas e desafiadoras e feedback e coa- ching reduzem o estresse; • o replanejamento do trabalho, ocasionando tarefas mais significativas e com maior autonomia, também gera um bom resultado na ansiedade das pessoas e das equipes. Tudo isso nos leva a associar estes fatos e conclusões sobre o estresse com eventos de uma realidade que está no nosso cotidiano: houve aumento da rapidez da comunicação devido ao avanço das telecomunicações e da informática e ao enxugamento das estruturas organizacionais. O resultado foi a necessidade de um profissional fazer o trabalho de duas ou três pessoas, aumentando sua carga horária, causando impacto nos seus ritmos biológicos e psicológicos. Alguns executivos e profissionais não conseguem conviver suficientemente com a família, não descansam bem à noite ou no fim de semana e às vezes não conseguem tirar férias. Além disso, freqüentemente não praticam exercícios, fazem muitas viagens de avião, locais ou internacionais, não conseguem manter seu net- working profissional e não conseguem se atualizar em cursos e leituras. O resultado é a manifestação de vários sintomas de estresse, que nas suas fases mais agudas leva a uma estafa e depressão ou à ansiedade e aos problemas circulatórios, nos casos mais graves. Em paralelo, as metas são cada vez mais ambiciosas e os recursos e os resultados são cada vez mais analisados com olhar crítico, o que pode significar promoção ou demissão, em alguns casos. Textos extraídos Do Livro Gestão de Pessoas nas Organizações de Ugo Franco Barbieri 82 Biblioteca online - sem valor comercial, proibida a reprodução e venda Dentro deste cenário, surge o paradoxo de que pessoas cada vez mais ocupadas e estressadas são chamadas a decidir, com menos recursos de tempo e equipe, sobre assuntos e áreas de maior responsabilidade. Estamos dentro de um cenário ainda não muito testado e conhecido da Economia Global, no qual ocorrem rapidamente muitas fusões e aquisições, no qual executivos cada vez mais jovens são promovidos mais rapidamente. Para mim fica uma pergunta não respondida, que passo aos leitores: - Nossos executivos e profissionais estão tendo sucesso no processo deci- sório? - As decisões sobre áreas e negócios estão obtendo sucesso, a curto, médio e longo prazo? - Qual o impacto destas realidades na saúde física e mental das pessoas e no sucesso da empresa?- Que riscos estamos correndo tanto na administração privada quanto na pública? EXERCÍCIOS DE ESTUDO Após os estudos desta unidade responda resumidamente as questões a seguir: 1. Qual é a teoria de McGregor? 2. Qual é a teoria de Blake Mouton? 3. Qual é a teoria de Herzberg? 4. Qual é a teoria de Chris Argyris? 5. Qual é a teoria de Likert? 6. Qual é a teoria de Schein? 7. Qual é uma definição possível das emoções e qual o impacto delas na vida do trabalho? 8. Tipos de trabalho diferentes e papéis organizacionais diferenciados exigem um esforço de adaptação emocional? 9. Existe impacto da cultura de um país na demonstração das emoções? 10. Qual é a definição de Inteligência Emocional? 11. Quais são as cinco dimensões da Inteligência Emocional? 12. Existe correlação entre Inteligência Emocional e desempenho no trabalho? 13. As emoções impactam na tomada de decisões? 14. O que uma empresa precisa para se tornar Emocionalmente Inteligente, do ponto de vista de Daniel Goleman? 15. Quais as práticas e ações, objeto de medições organizacionais, que podem ser aperfeiçoados, em todas as empresas? 16. Quais são os seis pontos ou razões de desmotivação dos empregados? 17. Quais são as questões emocionais centrais, que têm impacto negativo na realização de um projeto concreto? Textos extraídos Do Livro Gestão de Pessoas nas Organizações de Ugo Franco Barbieri 83 Biblioteca online - sem valor comercial, proibida a reprodução e venda 18. Como atualmente o mundo começa a trabalhar com a Inteligência Emocional? 19. Como a Inteligência Emocional afeta a realidade organizacional atual? 20. Investidores analisam a personalidade e a Inteligência Emocional de em- preendedores que buscam capital para seus negócios? 21. Existe alguma relação entre Inteligência Emocional e Social e as teorias evolucionistas? 22. É possível desenvolver a Inteligência Social? 23. Nossa percepção é seletiva quando julgamos as outras pessoas? 24. Quais são os efeitos e as características de nossas percepções na tomada de decisões? 25. Como pode ser descrita a Teoria da Atribuição? 26. Quais as razões que explicam a vida emocional de um executivo? 27. Como pode ser definido o que é o estresse? 28. O que é um estresse causado por fatores ambientais, fatores organizacionais ou fatores individuais? 29. Quais são os fatores organizacionais causadores de estresse? ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ Textos extraídos Do Livro Gestão de Pessoas nas Organizações de Ugo Franco Barbieri 84 Biblioteca online - sem valor comercial, proibida a reprodução e venda ______________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ Textos extraídos Do Livro Gestão de Pessoas nas Organizações de Ugo Franco Barbieri 85 Biblioteca online - sem valor comercial, proibida a reprodução e venda UNIDADE 4 Texto 8: A INTELIGÊNCIA E A INTUIÇÃO HUMANAS SÃO GERADORAS DO CAPITAL INTELECTUAL, DO CONHECIMENTO E DA INOVAÇÃO NAS ORGANIZAÇÕES 7.1 COMO A INTELIGÊNCIA AFETA VIDA E CARREIRA E OS VÁRIOS TIPOS DE INTELIGÊNCIA O presente artigo parte do pressuposto de que existem vários tipos de inteligência. A predominância de alguns tipos mais bem desenvolvidos numa determinada pessoa condiciona suas atitudes e personalidade e tem impacto na vida, no casamento e na relação com os amigos, e na carreira, no sucesso e na obtenção de resultados junto a clientes, colaboradores ou junto ao seu público alvo. Vale dizer, a inteligência e a personalidade não são abstrações, podendo-se obter um perfil delas e mostrar a correlação com sucesso e fracasso nas atividades da existênciae do trabalho. Pode-se também demonstrar o excesso ou a falta de tipos de inteligência e de personalidades em áreas de uma organização e nas suas equipes de trabalho. Tudo isso faz parte do cotidiano de vida dos países desenvolvidos e está medianamente presente em algumas áreas mais cultas e progressistas do Brasil, país no qual não se avalia, desenvolve e aproveita o talento humano, em forma intensa, com preocupação obsessiva, como é feito em outras nações. Dentro do conceito de Personalidade, cabe agora explicitar o impacto que a inteligência tem na mesma, citando a teoria das Inteligências Múltiplas de Gardner, que nos remetem a sete tipos principais de inteligência: 1. Lingüística: a do manejo do verbal e das palavras, necessária para o jornalista, para o poeta, advogado ou professor. 2. Lógico-matemática: a dos números e da lógica, presente no cientista, no auditor e no programador de computador. 3. Espacial: capacidade de pensar em imagens e cenas, no universo visual- - espacial, típica do arquiteto, engenheiro, piloto e fotógrafo. 4. Musical: aptidão para perceber, apreciar, produzir ritmos e melodias, como as que nos legaram Bach, Beethoven e Mozart, para só falar dos clássicos. 5. Corporal-cinestésica: a inteligência do ser físico, para lidar com os movi- mentos do corpo e para manipular objetos, com grande coordenação, existente em atletas, artesãos, mecânicos e cirurgiões. 6. Interpessoal: possibilidade de trabalhar e compreender bem as outras pessoas, como é necessário para o executivo, para negociadores ou para o assistente social. 7. Subjetiva: a inteligência do eu interior, do eu profundo, que leva uma pessoa a Textos extraídos Do Livro Gestão de Pessoas nas Organizações de Ugo Franco Barbieri 86 Biblioteca online - sem valor comercial, proibida a reprodução e venda perceber melhor seus próprios sentimentos, discriminando entre muitos tipos diferentes de estados emocionais e lógicos interiores, usando a reflexão para enriquecer e guiar sua vida, como no caso de psicólogos, teólogos, filósofos. Um grande número dos seres humanos se enquadra em algum ponto entre a normalidade e a genialidade. Temos algumas inteligências nas quais nos destacamos, algumas que dominamos medianamente e outras que sentimos muita dificuldade em dominar, ou até que não possuímos. No entanto, todos podem desenvolver cada uma das 7 inteligências até um nível razoável. Tudo o que conhecemos cientificamente ou por observação empírica nos leva a entender que é possível despertarmos nossas inteligências adormecidas. Emst Kretschmer, autor de The Psychology o f M e n and Genius, escreveu sobre Conrad Meyer, grande poeta suíço: “Quando adulto, vagou de emprego em emprego, sem foco ou direção, e aos 27 anos foi internado num sanatório. Aos 40 anos tudo mudou, quando publicou uma coletânea de poemas, continuando a escrever nos 27 anos seguintes, tornando-se um dos maiores poetas suíços.” No caso de Meyer a crise parece ter despertado a Inteligência Subjetiva, levando- o a escrever poesia. Jung, aos 30 anos, viveu uma crise depressiva por ter brigado com seu mestre, Freud, e lembrou-se de procurar distração recordando seu lado infantil, começando a fazer castelos e construções com lama, como fazia quando criança; fazendo isso misturou Inteligência Subjetiva com Corporal-Cinestésica, partindo daí para criar a parte mais importante de sua obra. Se o leitor quer desenvolver suas inteligências, irá passar, seguramente, pelas seguintes experiências e estágios: • um período de paixão e empolgação com uma experiência culminante; • um período de focalização e experimentação no qual as habilidades espe- cíficas relacionadas a uma inteligência são voltadas para o domínio de um campo do fazer e do saber; • uma fase de generalização em que as habilidades e competências podem ser aplicadas diretamente a situações práticas de vida. Para estimular o leitor a desenvolver uma ou mais inteligências, recomendo que escreva sua autobiografia, prestando atenção nos fatos da infância e adolescência e quais fatores intelectuais desenvolveu melhor e quais ainda pretende aprimorar. A seguir escreva em termos específicos cinco coisas que pretende fazer nos próximos meses e anos para apressar o desenvolvimento dessa ou dessas inteligências, incluindo no plano elementos como: cursos e seminários; pessoas que possam ajudá-lo; coaching e mentoring; livros a serem lidos sobre o assunto; organizações a que se possa filiar para colher conhecimento e experiência; softwares que possa usar; ferramentas de aprendizado que possa adquirir. Textos extraídos Do Livro Gestão de Pessoas nas Organizações de Ugo Franco Barbieri 87 Biblioteca online - sem valor comercial, proibida a reprodução e venda 7.2 A INTELIGÊNCIA DOS EXECUTIVOS BEM-SUCEDIDOS Podemos constatar uma inteligência diferenciada na ação empresarial dos executivos bem-sucedidos, a qual é percebida na performance e nos atributos pessoais dos mesmos. Estas características não são percebidas por testes e avaliações convencionais. Por isso, é necessário um executivo experiente interagir com seus subordinados ou um consultor, nas ações que envolvem contratação de executivos, avaliação de potencial ou coaching. O que origina o sucesso de um executivo é uma inteligência aplicada à busca de resultados e que combina pensamento analítico, criatividade e pensamento prático. Esta inteligência voltada para o sucesso pode ser desenvolvida nas escolas, nas universidades e nas empresas. Em geral, na educação desenvolvem-se mais o pensamento analítico e não a criatividade e o pragmatismo. O desenvolvimento da inteligência voltada para o sucesso eqüivale ao desen- volvimento do potencial intelectual, segundo Robert Sternberg, conforme seu livro Successful Intelligence. Para demonstrar as afirmações anteriores podem-se resumir as características da inteligência dos executivos bem-sucedidos, como segue: • são automotivados; não dependem apenas da motivação externa. A combinação da motivação interna e externa é essencial para o sucesso. No entanto, a criatividade depende muito da automotivação. Líderes e pessoas criativas sempre amam o que estão realizando; • conseguem controlar bem seus impulsos. O descontrole nesta área dificulta a manifestação do potencial do executivo. Não se deve aceitar a primeira solução que aparece para um problema, mas sim é importante realizar uma segunda ou terceira reflexão, dando-se intervalos entre cada uma das etapas; • sabem quando é necessário perseverar e mostrar obstinação. Têm resistência à frustração e não desanimam facilmente; • aprenderam a maximizar suas competências e habilidades, e isso por vezes os força a mudarem a linha de carreira ou a empresa onde atuam; • materializam planos e pensamentos em ações concretas. Não deixam de realizar as ações que planejaram. Frequentemente, segundos pesquisas, em decisões sob pressão, pessoas de alto QI tendem a ser mais analíticas, examinando vários aspectos da questão, e adiam a decisão a ser tomada. Nestes momentos, pessoas mais pragmáticas, embora não brilhantes, tendem a ter mais sucesso, ou seja, “vão lá e fazem acontecer”; • estão mais voltadas para resultados e para o produto final, não perdendo tempo com análise exaustiva do processo; • completam suas tarefas e logo depois fazem um acompanhamento das etapas que se sucedem ao objetivo atingido; • usualmente são os que tomam as iniciativas e não esperam que lhes seja dito o que fazer; • não temem correr riscos. O medo de falhar tem correlação com baixa motivação para realizar e inovar. Também cometem erros, mas nunca Textos extraídos Do Livro Gestão de Pessoas nas Organizações de Ugo Franco Barbieri 88 Biblioteca online - sem valor comercial, proibida a reprodução e venda incorrem no mesmo erro uma segunda vez, pois aprendem com as suas falhas; • nunca adiam suas ações. Se algotem de ser feito, colocam foco e energia no atingimento de objetivos e metas. O contrário desta habilidade é se importar com detalhes e evitar as prioridades; • sempre aceitam as críticas e tentam corrigir o rumo das suas ações. Pessoas que não tem esta habilidade sempre se culpam ou culpam os outros pelos fatos negativos da vida e da carreira, mas não aprendem a mudar a rota das suas realizações; • são executivos independentes, quando necessário, mas também apreciam trabalhar em equipe; • não esperam ser avaliados e remunerados por ações de curto prazo e não perdem de vista atos de médio e longo prazo; • conseguem ver a floresta e também as árvores. São competentes em habilidade de síntese e de análise e as combinam com criatividade, pragmatismo e ações do tipo hands-on. Para o leitor amigo ficam algumas perguntas: como se descobrem na sua empresa as pessoas com grande potencial para serem bem-sucedidas? Como suas competências são avaliadas e desenvolvidas? 7.3 COMO DESCOBRIR O SEU TALENTO A presente seção está baseada no livro de Michael J. Gelb, Discover Your Genius. Na realidade, o conteúdo do livro mostra que o autor nos pede para nos identificarmos com um dos gênios que ele estudou, cuja vida e obra, em essência, pode nos ensinar como aprender com as ideias e realizações dos mesmos. Também o conteúdo da obra nos remete a nos identificarmos com um dos gênios mencionados pelo autor, motivando-nos a desenvolvermos mais e melhor nossos talentos. Os gênios estudados por Gelb foram: Platão, Brunelleschi, Cristovão Colombo, Copérnico, Elizabeth I, Shakespeare, Jefferson, Darwin, Ghandi e Einstein. Pode-se observar que grandes figuras, pensadores e homens de ação ou artistas da humanidade estão fora da lista de Gelb. No seu livro, quando ele fala de Jefferson, também fala de Benjamin Franklin. Ou seja, inclui outros gênios dentro do autor que é prioritariamente focado no seu texto. Em outro livro ele aborda a vida e obra de Leonardo da Vinci, e por isso não o inclui no livro já citado. Em resumo, Gelb dá seus critérios para a inclusão no seu livro destas dez notáveis personalidades: • universalidade do impacto do gênio na história da humanidade; • descoberta ou obra que permitiu um avanço notável e revolucionário na civilização terrena, por obra de um único indivíduo; • utilidade da vida e obra do gênio para que o leitor possa utilizá-lo como modelo para o desenvolvimento do seu próprio talento. Textos extraídos Do Livro Gestão de Pessoas nas Organizações de Ugo Franco Barbieri 89 Biblioteca online - sem valor comercial, proibida a reprodução e venda Como é impossível em um item sintetizar o pensamento de cada um dos dez gênios e suas contribuições mais importantes para o progresso do talento humano, vou tentar resumir um pouco do que cada um representa na história do planeta. O primeiro gênio é Platão, discípulo de Sócrates e mestre de Aristóteles. Ele procurou a sabedoria através da Filosofia, buscando também teorizar sobre a verdade, a beleza e a bondade. Sempre que alguém indaga a respeito da definição ou da essência de alguma coisa, estará usando da contribuição lógica de Platão. Vem deste filósofo o ponto de partida racional e filosófico para aprender a aprender. Mas ele vai além, não somente almejando o nosso desenvolvimento individual, mas também buscando como criar um mundo melhor. Devemos à tradição do pensamento platônico ficar incomodados com a moral relativa de nossa cultura e de nossos líderes. O filósofo preconiza a busca do progresso através da prática da bondade e da justiça, acreditando na importância da educação para criar uma sociedade melhor. Outra personalidade genial, abordada pelo autor, é a de Cristovão Colombo, o qual desbravou oceanos desconhecidos, num tempo em que os navegadores não se afastavam da costa, tendo colocado sua expedição na direção de um ângulo reto em relação à margem. Por isso ele nos reforça nossas atitudes de visão, otimismo e coragem. A seguir podemos citar Filippo Brunelleschi, arquiteto do domo da catedral de Florença, o qual contribuiu para uma nova visão do homem na Renascença. Seu domo foi uma antítese do estilo gótico, que apontava para o céu e para um poder superior dirigindo a humanidade, enquanto que sua nova perspectiva visual e obra arquitetônica recordam ao ser humano a sua força e o seu potencial inseridos na sua própria individualidade. Outro gênio é Nicolau Copérnico, que provocou uma das maiores mudanças de paradigma da história, tirando a Terra do centro do Universo, colocando-a numa órbita ao redor do sol, revolucionando nossa visão de mundo. Na história do pensamento humano, abriu uma imensa via de acesso ao futuro. A próxima figura genial é a de uma mulher, a Rainha Elizabeth I, a qual o autor vê como uma precursora dos direitos femininos; ela teve um equilíbrio entre as características masculinas (capacidade de influenciar o ambiente, fazendo coisas acontecerem, atuando agressivamente, quanto necessário) em contraposição às características femininas (receptividade para ser aconselhada, empatia para com seus rivais e sensibilidade para com seu povo). Assim, ela é um modelo de ação que combina poder com equilíbrio e eficácia. Ainda outra personalidade, citada no livro, é a de William Shakespeare. Na sua obra ele captou o amplo espectro da experiência humana e do autoconhecimento, descrevendo elementos do psiquismo humano em forma universal e eterna. Para Gelb, o estudo dos textos de Shakespeare cultiva nossa inteligência emocional, tornando-nos conhecedores de nós mesmos e dos outros. Alguns outros autores são citados e vamos sintetizar suas contribuições ao Textos extraídos Do Livro Gestão de Pessoas nas Organizações de Ugo Franco Barbieri 90 Biblioteca online - sem valor comercial, proibida a reprodução e venda desenvolvimento do talento e do potencial humanos, segundo Gelb: • Thomas Jefferson, que celebrou a liberdade, com o objetivo de se atingir mais felicidade, através da primeira; • Charles Darwin, que desenvolveu nosso poder de observação e abriu nossa mente para aspectos da evolução e da adaptação das espécies; • Mahatma Gandhi, o qual aplicou princípios da inteligência espiritual para harmonizar espírito, mente e corpo; • Albert Einstein, o qual assegurava que o segredo do seu gênio residia no fato de olhar para um problema como uma criança, usando a capacidade imaginativa típica desta fase de vida, o que ele chamava de jogo de combinações. Todo o exposto é mais amplamente discutido pelo autor, focando cada uma destas personalidades geniais, que podem servir de modelo para o desenvolvimento de nosso talento e do nosso potencial. Sem dúvida, a obra nos mostra a importância do Capital Intelectual das orga- nizações e nos abre um método de desenvolvimento de talentos, dentro de uma ótica pouco abordada por outros autores, o que, por si só, nos recomenda a sua leitura, meditação e aplicação na vida das empresas. 7.4 O IMPACTO DO CAPITAL INTELECTUAL NOS NEGÓCIOS A abordagem patrimonial da análise de uma empresa ignora a existência de valiosos ativos intangíveis, como marcas, redes de relacionamentos, carteira de clientes, recursos humanos, capital intelectual dos funcionários, reputação da empresa, entre outros itens que não são refletidos no balanço patrimonial de uma organização. O valor dos resultados financeiros, que uma empresa apresenta em seus relatórios contábeis, também apresenta diferença quando comparado ao seu valor de mercado, principalmente em função do que se chama goodwill, na linguagem contábil. O goodwill corresponde à diferença entre o valor da empresa, em termos de geração de lucros futuros, e o valor de seus ativos. Alguns fatores podem ser citados como integrando a formação e a definição do goodwill: • uma forma de gestão superior à média de mercado; • propaganda eficaz; • processos diferenciados de fabricação deprodutos; • bom ambiente de trabalho e boas relações com empregados; • participação na preservação do meio ambiente e em projetos de respon- sabilidade social; • bom relacionamento com clientes e fornecedores. É importante que se pense na mensuração do conhecimento, já que vivemos numa era de globalização e numa sociedade do conhecimento. O capital intelectual representa o valor das marcas, patentes e copyrights de uma organização, uma coletânea do cérebro de uma empresa, que é composto por seus conhecimentos, informações, experiências e propriedades intelectuais. A gestão do conhecimento é conseqüência das ações e interações das pessoas com as informações e conhecimentos trocados, de acordo com as Textos extraídos Do Livro Gestão de Pessoas nas Organizações de Ugo Franco Barbieri 91 Biblioteca online - sem valor comercial, proibida a reprodução e venda experiências adquiridas ao longo do tempo. Todo o tema exposto nos leva a focar o capital humano, que se conceitua como os fatores relacionados com todas as capacidades, conhecimentos, habilidades e experiências individuais dos colaboradores de uma organização, para realizarem as atividades da mesma. Estas características do capital intelectual e do capital humano de uma organização podem ser bem definidas num projeto de Assessment se são estabelecidos e avaliados fatores e realidades organizacionais tais como: • estratégia da empresa e sua visão de futuro, sua cultura e sistema de gestão, na visão de acionistas, do Conselho da Empresa e de seu Presidente e Diretores; • competências exigidas pelo negócio e pelas áreas onde atuam as pessoas avaliadas. • avaliação com foco em desenvolvimento, considerando-se que as pessoas evoluem em termos de pontos fortes e gaps e que uma avaliação do presente pode sofrer alterações no futuro; • testes atitudinais e/ou dinâmicas de grupo para se avaliarem as competências dos participantes; • autoavaliação dos participantes, que leve em consideração a visão que possuem da empresa e da linha de carreira na qual atuam, bem como sugestões de melhorias organizacionais. Posteriormente, deve-se elaborar um plano de aperfeiçoamento dos gaps e de maximização dos pontos fortes dos avaliados, com a participação das chefias ime- diatas e da área de Recursos Humanos, através de metodologias ou ações como: • coaching/mentoring, individual e grupai; • auto-observação da própria liderança em reuniões com colaboradores, clientes e fornecedores; • desenvolvimento dos avaliados dentro dos conceitos de uma learning organization, buscando aprender a aprender no trabalho grupai, inovando e realizando ações de change management; • leitura de textos sobre gestão e capital intelectual; • participação em associações empresariais; • participação em cursos de especialização, pós-graduação, dentro de um conceito de educação continuada; • preparo de líderes que irão realizar um coaching interno, acompanhando a evolução dos colaboradores e de seus gaps e pontos fortes. 7.5 AQUISIÇÃO DE CONHECIMENTO NA ORGANIZAÇÃO Esta seção tem por inspiração o livro O Verdadeiro Poder, de Vicente Falconi, e mostra como uma organização pode se tornar uma learning organization. O autor destaca que o conhecimento participa do método gerencial e que ele pode ser adquirido e difundido na organização. Além disso, comenta a participação do ser humano no método e mostra os fundamentos da aprendizagem. Falconi cita Maslow e dois conceitos fundamentais deste autor sobre o assunto. O primeiro é o conceito de potencial mental, que afirma que qualquer ser humano nasce com um potencial mental, totalmente aleatório, e tem um ritmo de aprendi- zado, em termos de conhecimento diariamente adquirido. Assim, cada dia perdido é Textos extraídos Do Livro Gestão de Pessoas nas Organizações de Ugo Franco Barbieri 92 Biblioteca online - sem valor comercial, proibida a reprodução e venda irrecuperável: cada pessoa consegue aprender certo número de coisas por dia e nada mais. No entanto, muitos são prejudicados por escolas ruins, pais desinteressados, empregos rotineiros. A afirmação anterior permite algumas conclusões: • o treinamento deve ser diário e contínuo e a pessoa deve buscá-lo; • uma pessoa de potencial médio, mais esforçada, depois de alguns anos, pode saber mais do que uma pessoa de elevado potencial; • cargos que exigem grande absorção de conhecimento devem ser preen- chidos com pessoas de alto potencial mental. Tudo isso faz Falconi afirmar que “dentro de uma organização, uma pessoa dever ser constantemente desafiada a buscar conhecimento novo e isto é feito por meio da meta ou mudando-se o cargo da pessoa de forma a criar o desconforto”. O segundo conceito de Maslow é o de motivação, que para ele eqüivale à saúde mental. Conhecemos o que Maslow diz serem os fatores que impactam na motivação: fisiológicos, segurança, sociais, estima e autorrealização. Os líderes devem prestar atenção a estes fatores no trabalho com suas equipes. Maslow destaca, na realidade, que não é uma escala de necessidades, propondo que as mesmas sejam atendidas simultaneamente. Naturalmente, quando o indivíduo passa fome, deve priorizar esta necessidade e à medida que cresce o seu conhecimento, vai dar mais importância à segurança do que as necessidades fisiológicas, mais importância às sociais do que à segurança, à estima mais do que às sociais, e assim por diante. Outro ponto essencial da abordagem de Maslow é a busca preventiva da saúde mental, o que exige esforço direcionado a um grupo de pessoas, pois uma das necessidades do ser humano é pertencer e aprender dentro de um grupo social. O indivíduo se descobre e aprende através das suas relações com os outros seres humanos. Concluindo, se queremos uma organização eficaz, devemos buscar: • meta, rotação de função e mudança de cargo; • disponibilidade da fonte de conhecimento; • potencial mental exigido pela missão do cargo; • motivação ou saúde mental. Principalmente os CEOs e os Conselhos devem ficar atentos ao assunto, envol- vendo-se sempre em ações de recrutamento, avaliação de potencial, motivação, desenvolvimento e coaching dos key people das suas organizações. Vale dizer: Governança Corporativa deve incluir preocupação com o Capital Humano e o Capital Intelectual. 7.6 CONHECIMENTO E INOVAÇÃO As organizações buscam inovar e dependem cada vez mais da gestão do conhe- cimento e do capital intelectual para conduzirem eficazmente sua estratégia com- petitiva. Para tanto, devemos distinguir dados e informações de conhecimento. Frequentemente, a empresa investe pesadamente em tecnologias, sem definir exatamente quais problemas ela tem que resolver. Cabe definir dados, informações e conhecimento, o que faremos a seguir: Textos extraídos Do Livro Gestão de Pessoas nas Organizações de Ugo Franco Barbieri 93 Biblioteca online - sem valor comercial, proibida a reprodução e venda • Dados: conjunto de fatos distintos e objetivos, relativos a eventos. São armazenados com a ajuda da tecnologia da informação, e a gestão dos mesmos pressupõe a avaliação de custo, a velocidade da resposta e a capacidade de armazenamento do sistema. Os dados descrevem apenas parte daquilo que aconteceu. Não fornecem julgamento nem interpretação. • Informação: visa modelar a pessoa que a recebe, no sentido de fazer alguma diferença em sua decisão ou no seu insight sobre um problema que busca resolver. Dados tornam-se informação quando o seu criador lhes acrescenta significado. • Conhecimento: combinação de experiência, valores, informação e insights que viabilizam a avaliação de novas experiências e informações. Para que a informação se transforme em conhecimento, temos que dar os seguintes passos: • comparação de informações sobre uma situação nova com outras situações conhecidas; • conseqüências que estas informações trazem para a tomada de decisão; • conexões do novo conhecimento com o conhecimentojá acumulado; • troca de opiniões entre as pessoas mais envolvidas com o problema e outras pessoas que são chamadas a opinar sobre o mesmo, com maior neutralidade. O conhecimento tem mais valor que os dados e as informações por estar mais próximo da ação e da tomada de decisão. Podemos usá-lo para tomar decisões com relação à estratégia, concorrentes, clientes, canais de distribuição e ciclos de vida de produto e serviço. O conhecimento é complexo e envolve conceitos como experiência, a busca da verdade, o discernimento e as normas práticas. Ele se desenvolve ao longo do tempo através da experiência, a qual abrange o que absorvemos de cursos, livros, mentores, coachs e do aprendizado informal. A experiência refere-se àquilo que fizemos no passado. Quando as empresas contratam especialistas, elas estão comprando insights baseados na experiência. A experiência transforma as ideias sobre o que deve acontecer em conhecimento daquilo que efetivamente acontece. A importância da experiência e da busca da verdade no conhecimento é indicar a capacidade do conhecimento de lidar com a complexidade. Se não fazemos comparações entre experiências concretas e opiniões, cria-se uma ilusão de exatidão. Num ambiente dinâmico e competitivo, em contínua mudança, estas ilusões têm vida curta. Quando o que não se sabe pode prejudicar a empresa, este conhecimento é extremamente importante. Por isso, o conhecimento que para de evoluir se transforma numa opinião ou num dogma. Normas práticas são atalhos para solucionar novos problemas que relembram problemas previamente solucionados por pessoas experientes.Para concluir, recordamos que valores e crenças impactam o conhecimento organizacional e até o distorcem. As pessoas adquirem conhecimento de diferentes maneiras: • os gerentes adquirem dois terços de informações e conhecimento em reuniões ou conversas telefônicas; • apenas um terço de informações e conhecimento vem da análise da documentação. Textos extraídos Do Livro Gestão de Pessoas nas Organizações de Ugo Franco Barbieri 94 Biblioteca online - sem valor comercial, proibida a reprodução e venda Naturalmente, o conhecimento é a base lógica da criação, a qual ainda tem que ser mais bem analisada e compreendida, quando falamos de genialidade e de grandes insights, os quais permitem grandes saltos quantitativos e qualitativos na ciência, na tecnologia e no progresso das organizações. EXERCÍCIO SÍNTESE Após os estudos desta unidade responda as questões abaixo: 1. Existe um só tipo de inteligência, avaliado pelo Quociente Intelectual (QI), ou existem vários tipos de inteligência? 2. Como podem ser descritos os tipos de inteligência enunciados pela Teoria das Inteligências Múltiplas de Gardner? 3. Quais os estágios e experiências que devemos vivenciar, se queremos desenvolver nossas inteligências? 4. Quais são os conceitos de Maslow sobre potencial mental e motivação? 5. O que devemos buscar para termos uma organização eficaz? 6. Quais são as diferenças existentes entre dados, informações e conhecimento? 7. O conhecimento envolve conceitos como experiência, a busca da verdade, o discernimento e normas práticas? ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ Textos extraídos Do Livro Gestão de Pessoas nas Organizações de Ugo Franco Barbieri 95 Biblioteca online - sem valor comercial, proibida a reprodução e venda Texto 8 AS EMPRESAS NECESSITAM DE REDES HUMANAS EFICAZES, QUE SÃO FORMADAS PELAS SUAS LIDERANÇAS COMPETENTES 8.1 REDES HUMANAS EFICAZES Na Economia Global, as empresas estão sujeitas às oportunidades e vulnera- bilidades internas, no próprio país, e externas, resultantes de crescimento ou crises que estejam ocorrendo em outros países. Neste quadro, as pessoas fazem a diferença, se estão bem treinadas e motivadas e se sabem agir com rapidez, de forma criativa, fornecendo informações e tomando decisões que implicam produtividade e rentabilidade. Os Gestores de vários níveis devem responder a várias questões: como construir um clima de confiança e abertura; como descobrir o potencial dos colaboradores; como treinar e desenvolver as pessoas. Uma gestão moderna não resulta apenas de aprendizagem no trabalho ou no treinamento e na educação. Tem a ver também com nossos próprios insights, percepção das próprias emoções, habilidade de rever padrões de comportamento e tomar decisões bem embasadas. Isso porque existe uma nova fonte de riqueza na Economia Global, o conhecimento, que deve ajudar a criar empresas com redes humanas eficientes, já que hoje é comum a estrutura matricial onde cada key people interage com inúmeras outras pessoas. Naturalmente, deve-se entender conhecimento como uma somatória de várias atividades e atitudes: educação e treinamento; aprendizagem no trabalho; capacidade de assimilar know-how de outras áreas da empresa e do mercado; capacidade de trabalhar em equipe, ouvindo, aprendendo, desenvolvendo a criatividade individual e a coletiva. Deve-se gerenciar fazendo perguntas objetivas e provocadoras, onde fica menos importante o poder da hierarquia e mais útil a nossa visão e o nosso conhecimento a serviço da geração de crescimento, os insights positivos, a colaboração, a motivação e o desenvolvimento dos colaboradores. É importante que se usem a rotina diária e as equipes de trabalho para se fazer análises não rotineiras e criativas, quebrando paradigmas, encontrando novos processos e sistemas de trabalho e novos produtos ou serviços adequados às demandas dos clientes. As organizações foram achatadas, estão constituídas em redes e formam e desfazem grupos de trabalho, após a solução de alguns problemas que demandam expertise de várias áreas. Torna-se cada vez mais importante a interação humana, a maturidade social e emocional neste trabalho em redes, típico da gestão atual. Precisamos cada vez Textos extraídos Do Livro Gestão de Pessoas nas Organizações de Ugo Franco Barbieri 96 Biblioteca online - sem valor comercial, proibida a reprodução e venda mais de Mentores, Coachs e Treinadores de pessoal. As empresas devem ser learning organizations para poderem praticar a aprendizagem e a mudança contínua. As pessoas devem aprender umas com as outras, independentemente do nível que ocupam na hierarquia. Devem ainda ouvir, ensinar e aprender também na relação com fornecedores e com clientes. A capacidade de gerar riqueza da empresa tem por base o conhecimento das pessoas sobre o mercado e sobre os clientes. A criatividade da organização e sua capacidade de agregar valor aos produtos e serviços resultam da combinação de sua visão do futuro, sua prontidão no presente e sua capacidade de analisar o passado, em funçãodo presente e do futuro. Deve ocorrer uma conscientização, em vários níveis da estrutura, da visão de futuro da empresa, da estratégia que ela está seguindo, seus sistemas de valores, sua cultura e seu sistema de gestão. Existem dez itens que devem ser considerados para que as redes humanas sejam eficazes e contribuam para a atualização e o progresso da organização: • desenvolver visão de futuro para que equipes dinâmicas trabalhem seus objetivos e tarefas, sem perder a percepção de onde se quer chegar; • desenvolver centros funcionais de excelência ligados às competências do negócio, que monitorem os resultados obtidos e o desempenho das áreas e da organização; • desenvolver uma infraestrutura de informações e de análise estratégica, como suporte às redes humanas, que seja facilmente reconfigurável. Sempre que houver mudanças na competição, ou na economia do país, ou do mundo, que possam afetar o negócio, deve existir um sistema de informações e de inteligência estratégica, constantemente atualizado, que oriente a mudança e a criação de novos padrões de ação; • materializar uma estratégia de integração de dados, entre as diversas áreas e unidades da empresa, que forneça informações precisas, em tempo real, para a tomada de decisões; • preparar equipes habilitadas a operarem tarefas múltiplas, fugindo da excessiva especialização. A velocidade da mudança das empresas exige a criação de equipes multifuncionais; • incentivar a capacidade de aprender, desaprender e reaprender e a capacidade de efetuar mudanças, sempre enfrentando fatores econômicos novos e a movimentação dos competidores. A mudança freqüente hoje é a rotina das empresas inseridas na Economia Global; • criar normas, valores, recompensas e medidas para avaliar as equipes de trabalho. O capital humano deve ter métricas para aferir seu próprio desempenho e o da empresa e perceber que parte da produtividade obtida resultará em participação nos resultados da organização; • aperfeiçoar a geração do conhecimento aplicado ao negócio da empresa, bem como o registro do mesmo, disponibilizando-o, para que possa ser acessado a qualquer momento pelos colaboradores; • dar os recursos humanos e tecnológicos necessários ao trabalho das equipes; • integrar as equipes internas com fornecedores, parceiros, distribuidores e clientes. Textos extraídos Do Livro Gestão de Pessoas nas Organizações de Ugo Franco Barbieri 97 Biblioteca online - sem valor comercial, proibida a reprodução e venda A prática destes itens acima, e a capacidade das pessoas de ouvirem umas às outras, irá gerar aprendizagem contínua e o aperfeiçoamento do trabalho das equipes interfuncionais. Irá gerar também uma empresa considerada um bom lugar para se trabalhar, na avaliação de seus colaboradores. Este ambiente ideal é aquele que envolve a pessoa por inteiro, levando em consideração pensamentos, sentimentos e aspirações das pessoas. E um lugar que dá valor à diversidade e leva em conta as particularidades das pessoas como sementes de novas ideias e de possibilidade de inovações. É ainda um lugar onde os colaboradores sentem-se confortáveis em colaborar em redes e sentem-se com poderes para tomar as decisões certas para a organização. Em resumo, é um lugar onde a gestão das redes humanas gera conhecimento, integração e bons resultados para o negócio, além da satisfação e felicidade dos colaboradores. 8.2 AS CINCO VIAS DA LIDERANÇA Pesquisas e observações nos levam aos cinco caminhos que explicam as notáveis realizações de líderes que se destacaram em vários segmentos de negócios: • a aceitação do desafio; • a capacidade de inspirar uma visão compartilhada; • o apoio e o empowerment dos colaboradores para que ajam, experimentem e decidam; • a habilidade de indicar o caminho através do exemplo; • a motivação através do cuidado e do conhecimento dos colaboradores. Vamos então percorrer as cinco vias que caracterizam a busca da excelência na liderança: 1. A aceitação do desafio Todos os que lideram pessoas e equipes costumam ser pioneiros e aceitam desafios. Mais do que isso, buscam realizações que extrapolam a tarefa normal e rotineira. A conseqüência é que todo desafio significa mudança do status quo. A inovação em produtos e serviços procede dos clientes, vendedores, pesquisadores e de todos os que atuam na operação, na linha de frente da organização. A inovação em processos tende a vir das pessoas que executam o trabalho. Por vezes, também ocorre em função de um evento extraordinário procedente do exterior. A principal contribuição do líder centra-se no reconhecimento das boas ideias, no apoio às mesmas, na decisão de desafiar o sistema para que os novos produtos, serviços e processos sejam adotados. Os líderes se antecipam na aceitação das inovações, através de uma aprendizagem centrada na superação dos obstáculos. Eles aprendem com os fracassos e com os sucessos. 2. A capacidade de inspirar uma visão compartilhada As melhores descrições de experiências de liderança procedem de uma motivação, de um sonho sobre o futuro de uma organização. Os líderes evidenciam total confiança no seu sonho e na sua capacidade de materializá-lo. Assim, o sonho e a visão representam a força que materializa o futuro. Textos extraídos Do Livro Gestão de Pessoas nas Organizações de Ugo Franco Barbieri 98 Biblioteca online - sem valor comercial, proibida a reprodução e venda Os líderes são capazes de partilhar sua visão com os colaboradores para que se crie algo novo. Os funcionários só seguirão esta liderança quando julgarem, no fundo de seus corações, que aceitaram a visão como algo seu. Para tanto, o líder deve ter profundo conhecimento dos sonhos, esperanças, aspirações e visões de seus seguidores. 3. O apoio e o empowerment dos colaboradores para que ajam, experimentem e decidam A liderança é um trabalho de equipe e supõe a utilização da palavra “nós”. O líder envolve, na inovação e no processo de trabalho, todos os que vão conviver com o resultado da mudança, preparando as pessoas para a ação. Vale dizer, trabalho de equipe, confiança e empowerment são vitais para pre- pararmos os membros de uma organização para mudanças e melhores resultados. Sem a confiança das pessoas que não querem correr riscos, e sem estas pessoas, a mudança não se viabiliza e a organização sofre crises ou até desaparece. Portanto, das cinco vias, esta é a mais importante. 4. A habilidade de indicar o caminho através do exemplo Sempre é o comportamento, o exemplo, que gera respeito pelo líder. Este deve utilizar princípios claros, acreditando que todas as tarefas e esforços são importantes na busca da excelência. O amanhã organizacional só chega através do trabalho árduo e da persistência. Naturalmente, o líder precisa de um plano operacional, porém, os casos mais bem- sucedidos de inovação e mudança não gastam demasiado tempo em planejamento estratégico, sem deixar de realizá-lo. Parecem mais um conjunto de intui- ções, de narrativas de aventuras ou de pequenas ações e vitórias que se somam e mostram, posteriormente, o atingimento de uma meta de sucesso. Estas pequenas ações e vitórias sinalizam que até os maiores desafios podem ser alcançados. E preciso experimentação e erro e correr riscos, para conhecer a geografia do caminho que leva até a vitória final. 5. A motivação através do cuidado e do conhecimento dos colaboradores Os líderes conseguem chegar até o coração dos seguidores, animando-os a prosseguirem nas suas tarefas. O cuidado com as pessoas, o encorajamento, os mais simples, ou os maiores gestos e ações sempre motivam as pessoas. E importante relacionar a performance da pessoa com celebrações ou premiações, monetárias ou não. O amor e a atenção aos produtos e serviços da organização, aos colaboradores, clientes e fornecedores é uma das características mais importantes do líder. Podemos também apontar algumas diferençasentre a liderança tradicional e a inovadora: • uma visa à organização ordeira, estável; a outra aponta para desafios e mudanças; • uma olha o curto prazo, o resultado do trimestre e o anual; a outra olha para o longo prazo e o futuro; Textos extraídos Do Livro Gestão de Pessoas nas Organizações de Ugo Franco Barbieri 99 Biblioteca online - sem valor comercial, proibida a reprodução e venda • a gestão tradicional é mais fria, analítica, mas a gestão inspiradora não separa a emoção do trabalho. O líder inovador fala em inspiração, paixão, desafio, carinho e até em amor; • a primeira é controladora de recursos, de tempo, dinheiro, materiais, e de pessoas; a segunda acredita que quanto menos houver controle sobre as pessoas, mais elas vão se superar. A tradição nos aponta um líder solitário, no topo da organização; a modernidade nos mostra líderes envolvidos com todas as situações, em contato permanente com as pessoas. Uma acha que a liderança é uma característica de uns poucos; a outra vê a liderança como algo que se aprende e que deve ser compartilhado em diferentes níveis e situações. 8.3A LIDERANÇA DOS MOST VALUABLE PERFORMERS Atuando com empresas multinacionais, percebemos que as mesmas possuem o conceito dos líderes, que são os Most Valuable Performers (MVPs). Num texto americano pode ser encontrada uma definição de Bill Gates da Microsoft: “perca os vinte colaboradores mais importantes e eu asseguro que vamos nos tornar uma empresa sem importância”. Podemos ter certeza de que 80% do trabalho mais importante é feito por 20% das pessoas que mais se destacam numa organização. Uma pergunta freqüente é se os high potential já nascem assim ou se podemos desenvolver executivos para que se tornem MVPs. Vale a pena recordar como muitos consultores e especialistas, que trabalham com executive assessment, conceituam potencial para crescer na carreira e evoluir na empresa: significa a soma total de fatores genéticos, de saúde e energia, inteligência, mais uma boa educação e uma carreira bem desenvolvida, na qual a pessoa adquiriu expressiva experiência, e tendo bons mentores e coachs, bem como boas oportunidades para desenvolver e aperfeiçoar suas competências, como por exemplo as de liderança, trabalho em equipe, comunicação, negociação, criatividade, inovação, habilidades de implementação de mudanças. A definição acima implica que potencial é a soma da genética e do esforço de aperfeiçoamento das competências. Também supõe que o potencial de um indivíduo seja pesquisado contra seu cargo e missão atuais ou futuros, dentro do negócio específico de sua empresa. Assim sendo, não existe um potencial abstrato e genérico, difuso e sem uma vinculação às realidades concretas do exercício de uma função. Como podemos reconhecer os executivos que são os MVPs de uma empresa? Seguem comentários sobre as características de tais colaboradores: • São motivados por uma força ou paixão interior: são apaixonados pela criação de valor agregado aos processos, ações e projetos. Quando realizam alguma coisa, querem fazer de novo aquilo que deu certo, porém tentam realizar de maneira muito melhor, na segunda tentativa. • Sempre buscam ser bem-sucedidos e não gostam de falhar: buscam desafios acreditando que vão ser bem-sucedidos e fazem o que for necessário para Textos extraídos Do Livro Gestão de Pessoas nas Organizações de Ugo Franco Barbieri 100 Biblioteca online - sem valor comercial, proibida a reprodução e venda terem êxito. Não acreditam que o sucesso é algo fácil e automático e acreditam na possibilidade do fracasso. Usam então esta possibilidade do erro para se esforçar ao máximo, motivando-se para continuar a trabalhar na perseguição do objetivo. • Mostram coragem moral e integridade e enfrentam o risco de tomarem difíceis decisões diante de desafios novos e inesperados. • São comprometidos com a visão e os valores da organização: fazem reflexões, em forma independente, sempre questionando e levantando dúvidas quando as circunstâncias assim o exigem. Tendem a compartilhar com os colegas a visão e os valores da empresa. Seu comprometimento com as diretrizes e objetivos da organização produz uma ação que impacta além do escopo da sua responsabilidade imediata. Quando um destes high potendals está na equipe, o negócio tende a orbitar em torno dele. • Contribuem para o crescimento da reputação da empresa: atraem mais negócios para as companhias onde atuam, devido à sua credibilidade pessoal. Clientes, fornecedores e colegas em posições semelhantes, em outras empresas, costumam tecer elogios sobre eles, divulgando as suas performances. Os elogios falam sempre, concretamente, sobre os resultados que produzem e sobre suas imagens positivas e presenças carismáticas. Sempre serão referidos como as melhores pessoas com as quais se pode ter um relacionamento, sendo capazes de serem competitivos e ao mesmo tempo agradáveis, assertivos e honestos, exemplificando ainda os valores da organização onde atuam. • Conquistam o respeito dos colegas, os quais os acham confiáveis, apaixonados pelo que fazem, revelando dedicação total aos projetos nos quais se envolvem, sendo questionadores dos projetos duvidosos, sempre cumprindo e entregando o que prometem. Refletindo sobre o assunto, tendo-se por base a experiência e opiniões de exe- cutivos brasileiros e estrangeiros, bem como a vivência da participação em Mana- gement Assessment, chega-se a algumas conclusões que definem os high potentials que ocupam posições de liderança: • cada MVP é uma mistura única de talento natural e de uma bem conduzida aprendizagem; • nem todas as pessoas têm a habilidade ou o desejo de se tornarem um MVP; • indivíduos considerados MVP são assim denominados e escolhidos em função da capacidade de trabalho e sua produtiva participação na organização, o que é percebido e comentado pelas pessoas formadoras de opinião, dentro da empresa; • as pessoas que possuem a habilidade e o desejo de se tornarem MVPs procuram aprender o que é importante fazer, conversando com outros MVPs e analisando-os. Daí a importância do exemplo dos líderes. A formação dos high potentials não se realiza ouvindo discursos, mas sim observando e participando de ações de líderes que são realizadores e coerentes na fala e na ação; • para se tornar um MVP é necessário atitudes e ações como: correr riscos Textos extraídos Do Livro Gestão de Pessoas nas Organizações de Ugo Franco Barbieri 101 Biblioteca online - sem valor comercial, proibida a reprodução e venda calculados; tirar vantagem da oportunidade e da sorte, quando elas ocorrem; aceitar desafios; buscar projetos que tenham valor; ser capaz de diálogo transparente e honesto; reconhecer que atitudes positivas fazem a diferença na vida organizacional; aprender a aprender em forma continuada, buscando sempre o aperfeiçoamento e o crescimento. Quando combinamos observações das chefias, avaliações de desempenho, entrevistas e instrumentos de Management Assessment, podemos registrar os líderes considerados MVPs de uma empresa, traçando o perfil dos mesmos, seus pontos fortes e gaps, produzindo um mapa do capital intelectual a ser utilizado sempre que a organização precisa alocar melhor estes recursos em movimentações laterais ou promoções. Para tanto podemos combinar metodologias de Executive Search e Management Assessment para se chegar a uma análise dos perfis dos líderes e dos executivos high potential, o que dará origem a ações de mentoring, coaching e desenvolvimento humano e de aperfeiçoamento da gestão. 8.4 MASLOW E A LIDERANÇA O aspecto mais conhecido da obra de Maslow é o da sua teoria da hierarquia das necessidades básicas, a qual pressupõe uma visão humanista e filosófica da vida. O autor, sem dúvida, influenciou outros gurus da gestão e do comportamento, como Drucker, McGregor, Rogers e Likert. Menos conhecida é a maneira de Maslow tratar temascomo o de liderança, com base na sua visão profundamente humana, filosófica e “religiosa”, se por religião entendemos um grande respeito pelo potencial criativo e ético do ser humano. Por isso, vamos tentar ver suas opiniões sobre o que seja assumir uma posição de líder. Ele destaca que numa situação objetiva, que demanda realizar uma tarefa e resolver um problema, existe a necessidade de um conjunto de habilidades, talentos e capacidades de todas as pessoas de um grupo e também das pessoas que o compõem, nas suas atuações individuais. Numa situação de um grupo diante de um problema, Maslow fala numa situação ideal hipotética, na qual todos os membros da equipe demonstrassem possuir personalidades saudáveis e maduras. Esta maturidade é definida por ele pela não existência de excesso de sensibilidade, de se magoar ou de ter ego ou autoestimas fracas, o que sempre exige um grande dispêndio de polidez e diplomacia para equilibrar as relações interpessoais. Nesta situação perfeita (personalidades saudáveis e maduras), um problema seria totalmente introjetado por todos os envolvidos na situação; a tarefa ou a solução do problema não seria algo diferente e separado das pessoas. Assim, ocorreria total identificação entre a tarefa e as pessoas, entre o eu das mesmas e a tarefa. Um bom exemplo é o de uma pessoa que ama tanto seu trabalho que não consegue pensar em si mesma sem deixar de considerar aquilo que faz para ganhar seu sustento na organização Textos extraídos Do Livro Gestão de Pessoas nas Organizações de Ugo Franco Barbieri 102 Biblioteca online - sem valor comercial, proibida a reprodução e venda ou sociedade onde atua. Este estado de espírito supera a dicotomia entre trabalho e diversão, entre uma pessoa e o seu trabalho, entre o eu e a realidade não psicológica. A vocação e o trabalho, como parte do eu, pode ser difícil de ser compreendida em alguma cultura que separa estas coisas e as torna dicotômicas. Maslow recorda que os índios Blackfoot não tinham um líder geral, como é o papel de um Presidente dos Estados Unidos, mantendo líderes diferentes para diferentes funções. Existiam, por exemplo, líderes para uma festa de guerra, ou líderes para a criação de animais. O autor cita que um líder de uma dança indígena de homenagem ao Sol não pode ser o mesmo líder que representa politicamente o governo canadense, por exemplo. A essa realidade ele chama de liderança funcional ou liderança B, combinando exigências objetivas da situação com a realidade natural e psicológica. Outro aspecto da liderança entre os Blackfoot era o de que nenhum líder tinha poder que não tivesse sido delegado a ele deliberada ou voluntariamente pelas pessoas envolvidas numa determinada situação. O pressuposto era o de que todos tinham os mesmos objetivos e que o líder coordenava o grupo em direção a objetivos comuns e não era alguém que dava ordens, ou que tentava influenciar ou controlar excessivamente as pessoas sob sua liderança. Os Blackfoots não incomodavam os líderes quando não havia necessidade, e em algumas situações existiam grupos amorfos, desorganizados, desestruturados, e que apesar disso funcionavam bem. O autor menciona que na política dita civilizada, os líderes escolhem a si mesmos, eles se candidatam a funções de comando no governo de um país, realizando uma campanha política que eqüivale a uma competição e a uma guerra contra os rivais. Maslow acha esta ação perigosa porque deixa a seleção dos candidatos nas mãos dos que neuroticamente precisam ter poder, no sentido de autoafirmação sobre as outras pessoas, ao invés de serem indicadas as pessoas mais adequadas para as tarefas. Continuando, ele comenta que é mais seguro dar o poder para pessoas que não gostam excessivamente do mesmo e que não vão utilizá-lo para propósitos egoístas, neuróticos ou sádicos. A conclusão de Maslow é a de que o poder B é o poder para realizar aquilo que precisa ser feito, é o poder para servir, é a capacidade de fomentar valores como a busca da verdade da beleza, da justiça e da perfeição, é o poder para tornar o mundo melhor. Pitorescamente, acrescenta que eu posso desejar receber ordens de um líder funcional para me conduzir num safári, numa situação de caça, mas eu não posso receber ordens da mesma pessoa numa situação completamente diferente quando a tarefa envolve a publicação de um livro. Se o mesmo líder pode me controlar nas duas situações, então julga o autor que existe algo doente e neurótico nesta indiferenciação da liderança em situações diametralmente opostas. Textos extraídos Do Livro Gestão de Pessoas nas Organizações de Ugo Franco Barbieri 103 Biblioteca online - sem valor comercial, proibida a reprodução e venda Todas estas colocações nos remetem aos aspectos emocionais e psicológicos subjacentes ao exercício da liderança. Muitos líderes querem controlar tudo, não querem delegar e querem que todos sejam iguais a si mesmos, criando-se um ambiente autoritário e monocromático que elimina a multiplicidade das competências dos colaboradores de um grupo, que devem ser combinadas harmonica- mente. O oposto é o exercício de uma gerência como conquista amistosa da colaboração das pessoas, não as vendo apenas como subordinados ou especialistas e técnicos em alguma área. Os colaboradores devem ser estimulados a expressar suas opiniões, a liberarem sua criatividade, prescindindo o trabalho em equipe das pessoas altamente egocen- tradas, competitivas e vaidosas. Ao mesmo tempo não devem ser subservientes, já que o ideal é uma boa combinação de força de vontade, abertura e vontade de ouvir e de colaborar, ao invés de buscar estar sempre certo ou competir o tempo todos com os colegas. No passado das empresas conhecimento era poder, porém hoje o conhecimento está disseminado. Se quisermos ser os donos do poder centrado na retenção do conhecimento, vamos sempre criar conflitos. Assim, considerando-se as diversas tarefas, e a multiplicidade das competências, numa hora alguém tem que falar e coordenar, e em outro momento esta mesma pessoa deve ouvir e ser coordenada. Paradoxalmente, segundo Maslow, e de acordo com o conhecimento que hoje temos de liderança, em certas situações o líder também tem que ser forte e autoritário, para poder ajudar um grupo, sendo capaz de suportar a hostilidade, de ser impopular sem se descontrolar. Deve ser capaz de dizer não, de tomar decisões, de ser forte para travar uma batalha, quando isso beneficia sua equipe. De forma ideal, o chefe forte, portanto, seria aquele que tem todas as necessidades básicas satisfeitas, ou seja, as necessidades de segurança, de pertence, de amar e de ser amado, de prestígio e respeito, e por fim, de autoconfiança e auto- estima. Isso eqüivale a dizer que quanto mais a pessoa se aproxima da autorreali- zação, melhor líder ou chefe ela está apta a ser, de maneira geral. Outro corolário da observação é o de que o bom chefe ou o bom líder, na maioria das situações, deve ter como pré-requisito psicológico a capacidade de sentir prazer no crescimento e na autorrealização de outras pessoas. Por tudo o que foi comentado, percebe-se a complexidade de se desenvolverem pessoas no tema liderança, já que não bastam fórmulas de como proceder em determinadas situações ou de como interagir com diferentes personalidades. Existem problemas de maturidade: satisfação de necessidades básicas, de saúde mental e emocional envolvidos no desenvolvimento da liderança. 8.5 EQUIPES AUTOGERENCIÁVEIS Sei que o tema é polêmico e por isso vale a pena trocar informações com os leitores. Isso porque os sistemas e processos organizacionais estão mudando rapi- damente. A estrutura organizacional clássica, que funcionou bem nos anos 1960 e 1970, ficou pouco adequada nos anos 1980 e 1990, já que a crescente competição global é Textos extraídos Do Livro Gestão de Pessoas nas Organizações de Ugo Franco Barbieri 104 Bibliotecaonline - sem valor comercial, proibida a reprodução e venda cada vez mais rápida, flexível e inovativa, exigindo estruturas matriciais, equipes autogerenciáveis (ou semiautônomas), gestão do conhecimento e mudanças contínuas. A veloz introdução de modernas tecnologias de TI e Telecomunicações, novas demandas dos consumidores e expectativas dos colaboradores tornaram ultrapassadas estruturas rígidas, excessiva hierarquia e funções engessadas nas descrições tradicionais e cargos. Algumas empresas desarmaram suas burocracias, obtendo resultados com mais qualidade, rapidez e controle dos custos, maximizando lucro e rentabilidade. Nos últimos anos, a gestão da qualidade, numa forma ampla, provocou a redução de tempo entre a ideia de um produto ou serviço e a sua chegada ao mercado, buscando ojust in time, o controle de estoques e a melhoria contínua. Uma lição foi tirada dessas mudanças: as pessoas, mais do que os programas e sistemas, são o fator determinante dos cenários do trabalho e da competição pelos mercados. Aprendemos que se não prestarmos atenção ao fator humano, como diferencial competitivo, podem-se conseguir apenas 50% de resultados de uma reorganização. Hoje lutamos pela multifuncionalidade, por tornar melhor o produto e o serviço, com foco no cliente. Temos que trabalhar em equipe, não transferindo responsabilidades para os Gerentes das áreas envolvidas na melhoria contínua. Quase todas as empresas grandes têm os mesmos recursos de dinheiro, tecnologia e capital humano, na competição que enfrentam, quando pertencem a um mesmo segmento de negócio. Disponibilidade de instrumentos, máquinas, tecnologias e de projetos modernos são exigências de uma boa gestão. No entanto, são insuficientes se as pessoas não os usam corretamente e se não colaboram entre si e com as outras áreas da organização. O esforço de melhoria e integração provém do compromisso e este vem do empowerment. Este último dá resultado porque as pessoas não resistem às próprias ideias. Se estão preparadas para pensar, com permissão para agir, é mais fácil fazer o que elas mesmas concluíram ser melhor implantar ou mudar do que gastar muita energia da hierarquia em longas comunicações e no controle rígido e autoritário. Cada vez fica mais clara a importância do fator humano para o desenvolvimento de novos produtos e serviços, projetos interfuncionais, avanço da tecnologia e gestão da qualidade, bem como para a criação de Gerências de Projetos, as quais devem interagir entre si, facilitando a ação dos times de trabalho. Para que ocorra o empowerment as pessoas precisam de autoridade formal, responsabilidade por resultados e todos os recursos: orçamento, equipamento, tempo e treinamento e ainda a correlata informação que permite a tomada de decisões. Existe um trabalho continuado que se inicia nas sugestões de melhoria dos colaboradores, prossegue nas forças-tarefa e nos círculos de qualidade e chega às equipes de trabalho autogerenciáveis (ETAG). Resumindo, estas ETAGs são um grupo de empregados que podem gerenciar a si mesmos com um mínimo de supervisão direta. Estes times são solidários entre si na responsabilidade do conjunto do processo de Textos extraídos Do Livro Gestão de Pessoas nas Organizações de Ugo Franco Barbieri 105 Biblioteca online - sem valor comercial, proibida a reprodução e venda trabalho, cada pessoa realizando diversas tarefas. Podem ficar a cargo de produtos, serviços, áreas geográficas e clientes. Uma armadilha a evitar é concentrar-se mais na forma do grupo do que no processo de empowerment. Não se podem pedir desculpas a um cliente por não ser possível resolver algum problema dele “porque o time está ocupado numa importante reunião”. Outro erro comum é imaginar que a Gerência e a hierarquia desaparecem e as equipes assumem o poder na organização, podendo fazer e decidir tudo o que quiserem. Na Procter & Gamble americana, após duas décadas de observação de resultados obtidos pelos grupos autogerenciáveis (ou semiautônomos), que sempre trabalham numa estrutura matricial, junto com Gerentes de Projetos, obteve-se 30% a 50% de redução nos custos de produção. Ocorreram melhorias em custo, qualidade, satisfação do cliente, maior confiabilidade. As pessoas também ficaram mais confiantes no seu valor e na empresa e menos dependentes dos sistemas de controle e da hierarquia. Vamos tentar dar um fecho ao tema, expondo um pouco as principais características de uma organização tradicional e uma organização direcionada para equipes autogerenciáveis, estruturas matriciais e para Gerências de Projetos: 1. Organização tradicional: • direcionada para a gestão mais hierárquica e centralizada; • força de trabalho de especialistas isolados; • muitas descrições de cargos; • informação limitada; • muitos níveis de Gerência; • foco na função e no departamento; • metas segregadas; • aparência organizada; • ênfase na solução de problemas; • alta Gerência compromissada; • melhorias incrementais; • controle gerencial; • baseada em políticas e procedimentos. 2. Organização direcionada para equipes autogerenciáveis: • direcionada para o cliente; • força de trabalho multifuncional; • poucas descrições de cargo; • informação amplamente compartilhada; • poucos níveis de Gerência; • foco no negócio, como um todo; Textos extraídos Do Livro Gestão de Pessoas nas Organizações de Ugo Franco Barbieri 106 Biblioteca online - sem valor comercial, proibida a reprodução e venda • metas compartilhadas; • aparência caótica; • foco no escopo do projeto; • colaboradores altamente compromissados; • melhoria contínua; • autogerenciável; • baseada em valores e princípios. Sem dúvida, as organizações que instalam times autogerenciáveis e Gerências de Projetos precisam cuidar do aspecto comportamental e cultural e dos valores e princípios que embasam tal tipo de estrutura e de gestão e precisam saber qual o tipo e a qualidade do seu capital intelectual/humano. 8.6 OUTRAS TEORIAS SOBRE LIDERANÇA: TEORIAS DOS TRAÇOS, TEORIAS COMPORTAMENTAIS, O GRID GERENCIAL, TEORIA SITUACIONAL, TEORIAS NEOCARISMÁTICAS, A LIDERANÇA VISIONÁRIA Este tema não será uma apresentação completa e exaustiva das teorias sobre Liderança. Apenas visa indicar caminhos para o leitor prosseguir sozinho na sua pesquisa, verificando que o tema exige teoria e prática, até que a pessoa se torne um líder competente. A teoria dos Traços sempre buscou identificar pessoas famosas e analisar os traços principais do seu comportamento e liderança: traços sociais, físicos, intelectuais, ou de personalidade. Assim, estas pessoas foram descritas como carismáticas, entusiastas e corajosas, por exemplo. Muitas destas observações, no entanto, não foram comprovadas. Uma revisão de vários trabalhos nesta linha de pesquisa identificou ao redor de 80 traços de liderança. Um dos objetivos dos estudos era identificar traços que poderiam sempre diferenciar líderes de liderados e líderes eficazes de líderes ineficazes. Ou seja, atualmente a conclusão é que é impossível encontrar traços universalmente aplicáveis a líderes eficazes de indústrias, organizações financeiras, religiosas, universitárias ou de qualquer outra natureza. No entanto, por outro lado existem alguns traços que foram detectados como associados à liderança, os quais distinguem líderes de liderados: ambição e energia, desejo de liderar, honestidade e integridade, autoconfiança, flexibilidade para se adaptar a diferentes situações, inteligência e conhecimentos relevantes para o trabalho a ser executado. Alguns destes traços aumentam a probabilidade de sucesso de um líder, mas nenhum deles é garantia de sucesso de qualquer pessoa que aspire a ser um líder. Passamos a expor algumas Teorias Comportamentais: Textos extraídos Do Livro Gestão de Pessoas nas Organizações de Ugo Franco Barbieri 107 Biblioteca online - sem valor comercial,proibida a reprodução e venda Na Universidade de Ohio, no passado (década de 1940), tentou-se identificar dimensões independentes do comportamento do líder. Examinaram-se várias dimensões, até chegar às dimensões de Estrutura de Iniciação e Consideração. A Estrutura de Iniciação menciona até onde um profissional consegue definir e estruturar seu próprio papel, e o dos subordinados, na busca dos objetivos do seu trabalho. Busca definir se o profissional delega atividades, avalia padrões de desempenho e busca cumprir os prazos. A Consideração diz respeito a manter relacionamentos de trabalho com confiança mútua, respeito para com as ideias e sentimentos das outras pessoas, buscando o bem- estar e a satisfação dos liderados. As pesquisas de Ohio evidenciam que um líder que tenha, em alto nível, as duas características costuma obter alto índice de desempenho e satisfação dos funcionários. A Universidade de Michigan, na mesma época da Universidade de Ohio (década de 1940), também realizou pesquisas comportamentais, chegando a isolar dois fatores predominantes: Orientação para o Funcionário e Orientação para a Produção. Os líderes voltados para os funcionários focam mais as relações interpessoais e aceitam as diferenças entre os membros do grupo. Os líderes orientados para a produção focam mais os aspectos técnicos e práticos do trabalho e as tarefas, deixando as pessoas em segundo plano. Os primeiros, segundo as pesquisas, tinham um desempenho melhor do que os segundos; eles obtinham maior produtividade e maior satisfação dos funcionários. O Grid Gerencial, outra teoria comportamental, de Blake e Mouton, utiliza os estilos de liderança “Preocupados com as Pessoas” e “Preocupados com a Produção”, chegando a conclusões semelhantes às das Universidades de Ohio e Michigan. O Grid tem nove posições possíveis em dois eixos (vertical e horizontal), o que permite analisar 81 combinações diferentes de fatores, nas quais se pode incluir o estilo de liderança. A metodologia não mostra os resultados produzidos pelo líder, mas sim os fatores dominantes na forma de pensar do líder, em relação à obtenção de resultados no trabalho. Os administradores mais bem avaliados pelo Grid têm uma pontuação 9.9, em comparação, por exemplo, com o estilo 1.9, diametralmente oposto ao primeiro, que é o tipo “deixar acontecer”, sem treinar, acompanhar, avaliar desempenho, ou ainda, sem ser mentor ou coach do subordinado. Posteriormente, pesquisadores da Finlândia e da Suécia levantaram dúvidas sobre teorias baseadas nestas dimensões e fatores anteriormente expostos, nos estudos realizados pelas universidades norte-americanas citadas, entre 1940 e 1960. Concluíram que, num mundo em mudanças, os líderes eficazes devem ter um comportamento orientado para o desenvolvimento, buscando a experimentação, gerando novas ideias e inovações e implementando mudanças. Textos extraídos Do Livro Gestão de Pessoas nas Organizações de Ugo Franco Barbieri 108 Biblioteca online - sem valor comercial, proibida a reprodução e venda Outro modelo é o da Contingência, de Fiedler. Sua teoria estabelece que os grupos eficazes dependem da adequação entre o estilo do líder, na interação com os subordinados, e quanto o líder pode exercer controle e influência sobre a tarefa e os objetivos a serem alcançados. Mais tarde Fiedler e um outro pesquisador, Garcia, fizeram uma revisão da teoria original, dando-lhe o nome de Teoria do Recurso Cognitivo. Registraram o papel do estresse como forma de desvantagem situacional. Mencionaram como a inteligência e a experiência de um líder influenciam sua reação ao estresse. Em resumo, eles dizem que o estresse atrapalha a racionalidade das decisões, sendo difícil para o líder pensar em forma lógica e analítica em situações de elevada tensão. A inteligência e a experiência do líder interferem favoravelmente nas situações de alta tensão, diminuindo a influência negativa do estresse na tomada de decisões. Posteriormente, Fiedler concluiu que os líderes orientados para a tarefa têm melhor desempenho em situações de alto e baixo controle, enquanto os líderes voltados para o relacionamento têm melhor desempenho nas situações de controle moderado. Outro estudo é a Teoria Situacional de Hersey e Blanchard. A mesma focaliza mais o papel dos liderados no comportamento dos líderes, dimensão que até então não havia sido mencionada. O êxito da liderança depende da prontidão dos liderados. A prontidão significa a habilidade e a disposição e motivação mostradas pelos colaboradores para a realização de determinada tarefa. Enfatiza que os líderes devem reduzir ou aumentar o controle sobre os liderados, conforme o grau maior ou menor de maturidade dos mesmos. Se os liderados forem incapazes, ou estiverem desmotivados para executarem uma tarefa, o líder precisará dar informações claras e precisas. Se os liderados forem incapazes, mas estiverem motivados, o líder precisará fornecer muita orientação para a tarefa, para compensar a falta de habilidade dos liderados, além de enfatizar mais o relacionamento para poder motivá-los. Se os liderados forem capazes, mas estiverem desmotivados, o líder precisará utilizar um estilo apoiador e participativo. E ainda, se os liderados forem capazes e estiverem motivados, o líder não precisará fazer quase nada. A Teoria da Troca entre o líder e os liderados conceitua que os líderes criam grupos de pessoas que estão no “lado de dentro” e de pessoas que estão no “lado de fora”. Os liderados do “grupo de dentro” recebem avaliações melhores e apresentam menor rotatividade e estão mais satisfeitos com os seus superiores. A Teoria da Meta e do Caminho sustenta que o comportamento do líder é aceitável pelos liderados quando estes o percebem como uma fonte de satisfação imediata ou futura. Teorias Neocarismáticas sobre a liderança enfatizam o simbolismo, o apelo emocional e a importância do compromisso por parte dos liderados. Textos extraídos Do Livro Gestão de Pessoas nas Organizações de Ugo Franco Barbieri 109 Biblioteca online - sem valor comercial, proibida a reprodução e venda Na Teoria de Liderança Carismática afirma-se que os liderados atribuem ao líder capacidades heróicas ou extraordinárias, em determinadas situações. Busca encontrar os traços encontrados nos líderes carismáticos. A Liderança Carismática se instala num processo de quatro etapas: o líder enuncia uma visão norteadora para um grupo de pessoas; esta visão faz com que os liderados relacionem o presente com um futuro melhor para a organização; mais tarde o líder comunica a expectativa de que os liderados tenham alto desempenho e mostra sua convicção de que eles vão alcançá-la, despertando a autoestima e autoconfiança dos liderados; a seguir, o líder dá exemplo de que acredita profundamente na sua visão, ou seja, age coerentemente com sua pregação. Outra pesquisa tenta diferenciar os Líderes Transformacionais dos Transacionais. Os primeiros oferecem consideração individualizada e estímulo intelectual aos seus liderados, além de demonstrarem forte carisma. Os segundos são os que conduzem e motivam seus seguidores na direção das metas estabelecidas por meio do esclarecimento dos papéis e das exigências das tarefas. Finalmente, voltamos à Liderança Visionária, sobre a qual já comentamos quando falamos na Liderança Carismática. No entanto, a Visionária vai além do Carisma. É a capacidade de criar e articular uma visão de futuro realista, atrativa e que seja comprada por parte ou pelo todo de uma organização. Parte da análise da situação presente da empresa e busca uma implementação de mudanças e uma melhoria contínua. A visão trabalha com a energia e as emoções positivas dos colaboradores, gerando compromisso com o trabalho, com o presente e o futuro. Uma visão não terá sucesso se não for capaz de oferecer à empresa e aos cola- boradoresuma imagem clara e melhor do futuro. Ela deve ser desafiadora, mas não impossível. O líder deve saber explicar a sua visão; depois deve não apenas falar sobre a visão, mas deve agir e mostrar que a segue, nas suas ações; deve ainda estender a visão para diferentes níveis de liderança, aplicando a visão a uma gama ampla de situações. 8.7 O TRABALHO GRUPAL Este tema nos permite misturar nossa vivência como executivo e consultor com as ideias de Dennis A. Romig e seus conceitos sobre trabalho grupai. Este é um dos temas mais difíceis da organização moderna; diz respeito a como é instalada uma cultura e uma gestão que viabiliza o trabalho em equipe e que admite a delegação das decisões e a existência da coliderança, nas várias áreas de trabalho. Isso ocorrendo, a organização se torna uma learning organization, onde existe o espírito de aprender a aprender, para realizar ações em grupo, ocasionando mudanças positivas. No tema de trabalho de equipe vale citar Dennis A. Romig e a sua obra Break- through Team Work, a qual contém experiência de consultoria e também uma pesquisa quantitativa e qualitativa em relação ao tema. Textos extraídos Do Livro Gestão de Pessoas nas Organizações de Ugo Franco Barbieri 110 Biblioteca online - sem valor comercial, proibida a reprodução e venda No prefácio da obra citada Romig nos assegura: “pessoas comuns podem realizar ações surpreendentes, quando organizadas em grupos de trabalhos bem estruturados”. Ele nos afirma que começou na década de 1970 com um resumo de uma pesquisa sobre 200 grupos de trabalho, em diversas partes do mundo. Posteriormente, adicionou ao seu banco de dados, ao longo dos anos, 1.200 estudos relativos ao tema, tirando conclusões que aplicou em empresas como Motorola, Texas Instruments, Westinghouse, Amoco e Johnson & Johnson, entre outras empresas. O resultado deste trabalho foi maior produtividade e melhores resultados financeiros nestas organizações. Na Texas Instruments de Portugal, e na mesma empresa em Singapura, o trabalho realizado permitiu que as mesmas ganhassem prêmios nacionais de qualidade. Vale recordar que a Gestão da Qualidade não se instala numa empresa sem que haja trabalho em equipe, aliás necessário para o sucesso de qualquer outra metodologia ou área de trabalho. Na minha vivência como executivo e consultor pude constatar o imenso des- perdício de tempo e dinheiro que representam as reuniões mal organizadas, onde todos competem por falar e expor seus pontos de vista, ou falam ao mesmo tempo. Quando isso ocorre, o grupo não se estrutura e não sabe onde quer chegar. Também sou testemunha do que Romig diz ser uma definição imperfeita do trabalho grupai: “quando os gerentes são educados e não atacam ninguém pessoalmente, é criado um ambiente seguro e cordial onde as pessoas podem falar à vontade”. Embora as regras de cortesia possibilitem os pré-requisitos para a quebra de paradigmas, esta definição não define o que seja o trabalho eficaz de grupo, já que um ambiente seguro e agradável não garante a quebra de paradigmas e as mudanças organizacionais. Romig menciona cinco níveis de excelência ou de maiores e melhores habilidades de performance para se obter trabalho coletivo eficaz. O primeiro nível é o da comunicação, que tem três pressupostos básicos: • comunicar as informações essenciais e importantes entre os participantes de um grupo; • compartilhar os problemas, sem ocultá-los; • ouvir e entender mais do que falar. Romig cita outro estudo que comprovou que sete entre dez empregados constatam problemas no trabalho que não informam a ninguém. Eu acrescentaria que, quando resolvem informar ou discutir os mesmos problemas, frequentemente as suas informações ou ideias inovadoras não são levadas em consideração. O segundo nível é o da cooperação, que tem dois pressupostos: • que as pessoas se ajudem na resolução de problemas comuns; • que elas sejam capazes de apoiar seus colegas de trabalho. Textos extraídos Do Livro Gestão de Pessoas nas Organizações de Ugo Franco Barbieri 111 Biblioteca online - sem valor comercial, proibida a reprodução e venda O acima mencionado significa solicitar e oferecer ajuda aos colegas e às chefias para que sejam atingidas as metas programadas, sem a preocupação de se encontrarem culpados, mas sim buscando a causa dos erros e das falhas detectadas. Jack Welch, que foi CEO da General Electric, costumava fazer três perguntas nas reuniões que conduzia: • O que você fez no último trimestre? • Quais são suas metas e estratégias para o próximo trimestre? • Que ocorrência de problemas e oportunidades de negócios está prevendo? O terceiro nível é o da coordenação, que se define como: • coordenação das responsabilidades e ações específicas, no desempenho da missão de um cargo, para o atingimento de metas que o grupo ajudou a estabelecer; • coordenação utilizada no desempenho do cargo e nas reuniões grupais; • ação pragmática, que evita toda duplicação de esforços, evitando formas de reunião confusas e que escapam ao controle. Pode-se indagar, a respeito desta habilidade de cooperação grupai: “Como os novos produtos são criados?” A resposta é que as empresas podem viver ou morrer por ações que em última análise traduzem quão rapidamente e exitosamente pre- veem as tendências futuras e o que os clientes atuais e potenciais querem comprar. O projeto e o planejamento do produto podem levar de 18 a 24 meses, até a sua materialização; a razão disso é que vários especialistas e áreas devem colaborar entre si, desde o início do projeto (Vendas, Marketing, Finanças, Recursos Humanos, Supply Chain, Pesquisa & Desenvolvimento, Gerentes e até clientes e fornecedores). Muitas organizações não podem esperar até 24 meses para atingir o máximo da sua performance nesta área. Romig cita o caso de uma empresa que perdeu dois anos e US$ 50 milhões de vendas, discutindo a respeito de um produto, sem objetividade e sem um prazo para passar do debate à ação. O quarto nível se relaciona com uma quebra criativa de paradigmas, a qual, quando explicada para os Gerentes, gera uma grande curiosidade e excitação a respeito do tema. A razão é que mostra a eles que existe um imenso potencial de criação e motivação nas pessoas e nos grupos de trabalho. Até é possível afirmar que a criatividade é algo inerente à natureza humana, mas que se deve superar a inércia e barreiras que a impedem de surgir. Para tanto, as pessoas devem procurar sair da rotina e fazer coisas diferentes. Os grupos vão ser criativos sempre que eles participem na ocorrência e na implementação de ações relacionadas com a quebra de paradigmas. A quebra de paradigmas, em resumo, nos assegura duas necessidades: • realizar uma grande inovação na forma de realizar o trabalho ou de resolver um problema; • usar a inovação para ganhar dinheiro ou evitar grandes prejuízos. Textos extraídos Do Livro Gestão de Pessoas nas Organizações de Ugo Franco Barbieri 112 Biblioteca online - sem valor comercial, proibida a reprodução e venda O quinto nível, o de excelência do trabalho grupai, é a contínua ruptura de paradigmas. Ou seja, é a repetição e a sustentação do nível quatro, que tem por objetivo: • obter melhorias continuadas e significativas nos processos de trabalho e no redesenho dos cargos e das suas missões e responsabilidades por resultados; • comunicar as melhorias de performance e os ganhos de produtividade obtidos a toda a organização. Para concluir a exposição sobre o tema, podemos citar os dez itens que carac- terizam um team work bem estruturado: • o primeiro e principal fator: a criatividade do grupo; • a comunicação e a cooperação dizem respeito ao segundo, terceiro e quarto fatores: a comunicação do grupo, a organização das reuniões, o manejo dos conflitos; • a coordenação se refere aos quinto, sexto e sétimo fatores: a visão, a missão e os valoresdo grupo; o estabelecimento de metas; a distribuição das responsabilidades e funções e a organização do grupo; • o processo de inovação e mudança continuada, com a ruptura de paradigmas, estereótipos e resistências, nos falam do oitavo, nono e décimo fatores: a solução de problemas em grupo; a tomada de decisões; a melhora de processos de trabalho. O assunto exposto pode parecer óbvio e fácil de entender e realizar. No entanto, qualquer líder experiente em coordenação de grupos, em qualquer organização, sabe como o tema é difícil. O mérito de Romig, e de outros pesquisadores, é nos dar uma metodologia relativa a estes cinco níveis de excelência na performance do trabalho de um grupo. EXERCÍCIOS DE ESTUDO: Responda as questões a segui, tomando por base os estudo desta unidade: 1. Existe uma relação entre oportunidades e vulnerabilidades internas de uma empresa e a capacidade e competências das pessoas? Elas fazem a diferença em situações importantes? 2. Quais são as características e habilidades comportamentais presentes numa gestão moderna? 3. Qual o significado amplo de conhecimento? 4. Quais são as características das organizações em rede? 5. Quais são as cinco vias que caracterizam a busca da excelência na liderança? 6. Existem diferenças entre a liderança tradicional e a inovadora? 7. Segundo Maslow, qual é a característica comportamental fundamental para que a realização de uma tarefa ou a solução de um problema ocorra? 8. Quais são as diferenças entre equipes autogerenciáveis e uma organização Textos extraídos Do Livro Gestão de Pessoas nas Organizações de Ugo Franco Barbieri 113 Biblioteca online - sem valor comercial, proibida a reprodução e venda tradicional? 9. O líder é aceitável pelos liderados quando estes o percebem como uma fonte de satisfação imediata e futura. Esta afirmação pertence a que tipo de teoria da liderança? 10. Outra teoria da liderança afirma que os liderados atribuem ao líder capacidades heróicas ou extraordinárias. Qual é esta teoria? 11. Quais são os cinco níveis de excelência colocados por Romig, para se obter um trabalho coletivo eficaz? ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ Textos extraídos Do Livro Gestão de Pessoas nas Organizações de Ugo Franco Barbieri 114 Biblioteca online - sem valor comercial, proibida a reprodução e venda REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ADLER, Nancy (Ed.). 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Textos extraídos Do Livro Gestão de Pessoas nas Organizações de Ugo Franco Barbieri 119 Biblioteca online - sem valor comercial, proibida a reprodução e venda EXERCÍCIOS AVALIATIVOS Como você deve ter observado, os estudos deste livro são amplo e bastante aprofundado. A atuação no mercado de trabalho exige atualização constante do profissional bem como capacidade de tomar decisões de maneira proativa. Para exercitar seus conhecimentos selecionamos algumas questões da prova do exame nacional de cursos de Administração, que seguem abaixo. Bons estudos e sucesso! 1. A equipe de reengenharia, após a realização de um diagnóstico preliminar, identificou um processo problemático na área de produção de uma empresa: o excesso de controles operacionais, gerando custos relativamente elevados, considerados os demais custos de produção. Assinale a opção que NÃO deverá ser incluída no relatório, a ser encaminhado à Diretoria Executiva, com sugestões sobre um futuro programa de Reengenharia de Processos na área de produção da empresa. (A) Identificar e mapear os processos relacionados com os controles operacionais na área de produção. (B) Eliminar, na medida do possível, os processos que não adicionam valor para o cliente (análise de valor). (C) Ordenar os processos problemáticos, identificados na área de produção, segundo o grau de disfunção apresentado. (D) Relacionar os processos referentes a controles operacionais mais suscetíveis de serem redefinidos com sucesso. (E) Tornar os controles operacionais mais presentes no processo produtivo da empresa. 2. Segundo Paulo Roberto Motta, ”as organizações inovadoras possuem maior flexibilidade na sua estrutura: as fronteiras administrativas e as divisões internas são mais ambíguas e fluidas, permitindo a livre circulação de idéias e encorajando iniciativas individuais; constroem uma nova cultura em que a unidade e a diversidade convivem simultaneamente como forças de agregação.” (Fonte: Transformação Organizacional: a teoria e a prática de inovar). Assim, pode-se afirmar que as organizações que buscam estruturas organizacionais flexíveis devem ser: (A) atomizadas e holográficas. (B) burocráticas e mecanicistas. (C) mecanicistas e atomizadas. (D) tayloristas e holográficas. (E) tayloristas e burocráticas. Textos extraídos Do Livro Gestão de Pessoas nas Organizações de Ugo Franco Barbieri 120 Biblioteca online - sem valor comercial, proibida a reprodução e venda 3. Observe o gráfico abaixo: Na representação gráfica acima as setas indicam a existência de interações intra- organizacionais. Nesse mesmo gráfico, as interações intradepartamentais retratadas mostram: (A) um Sistema-Empresa com seus subsistemas componentes. (B) uma loja de departamentos. (C) uma empresa produtora de mercadorias e / ou serviços. (D) as relações de uma empresa com o ambiente de tarefa. (E) as relações de uma empresa com o macroambiente. 4. A concepção qualitativa do homem no contexto das organizações enseja uma associação entre o comportamento organizacional do indivíduo, o sistema de incentivos e a relação entre os objetivos organizacionais e os individuais com cada uma das teorias administrativas. A teoria dos sistemas, que enfatiza o desempenho de papéis, incentivos mistos e conflitos, está relacionada com o indivíduo organizacional do tipo Homem: (A) Econômico. (B) Funcional. (C) Social. (D) Organizacional. (E) Administrativo. 5. Observe o gráfico abaixo: Textos extraídos Do Livro Gestão de Pessoas nas Organizações de Ugo Franco Barbieri 121 Biblioteca online - sem valor comercial, proibida a reprodução e venda Analise os fatores condicionantes do Desenho Organizacional acima e identifique aquele cujo enfoque parte simultaneamente da análise e mapeamento ambiental (avaliação externa) e das decisões tomadas. (A) Objetivos. (B) Estratégia. (C) Tecnologia. (D) Ambiente Geral. (E) Ambiente de Tarefa. 6. Ken Blanchard enfatiza: “Feedback é o café da manhã dos campeões. Dá aos empregados uma medida do próprio desempenho”. Você, como bom administrador, está preocupado em avaliar corretamente o seu pessoal, e tem consciência das dificuldades inerentes a esse processo. Para que o efeitohalo não distorça seu julgamento, você: (A) tende a ser muito rigoroso ao avaliar o desempenho do seu subordinado. (B) evita que a sua opinião pessoal a respeito do subordinado influa na mensuração do desempenho. (C) busca situar todos os subordinados em uma média, evitando colocá-los em posições extremas. (D) considera prioritariamente como fonte de classificação para a sua avaliação as ações mais recentes do subordinado. (E) estabelece padrões de desempenho amplos que permitam flexibilidade nas avaliações. 7. Jairo Magalhães é diretor de Recursos Humanos de uma empresa multinacional e percebe que muitos funcionários que acabam de ser contratados não têm um desempenho eficaz porque não estão integrados na organização. Para tentar resolver esse problema, Jairo introduz na empresa programas de orientação/integração. Este tipo de programa traz o benefício de: (A) treinar os empregados nas obrigações que devem cumprir. (B) melhorar o coeficiente de inteligência emocional dos funcionários. (C) melhorar o conhecimento e as aptidões do cargo em todos os níveis da organização.(D) ajudar os empregados a compreender os aspectos sociais, técnicos e culturais do local de trabalho. (E) reduzir os custos de consultoria externa por utilizar consultoria interna competente. 8. Segundo William J. O’Brien, ex- presidente da Hanover Insurance, EUA, “o motor da mudança não é tecnológico, mas humano. Assim, a organização do futuro deverá ser coerente com a aspiração das pessoas por auto-respeito e auto-realização”. Para gerenciar esta realidade, as organizações têm criado sistemas inovadores de recompensa e distribuição de lucros, compostos de três elementos básicos: o pagamento em termos de salário, benefícios tais como seguro, assistência médica, férias etc, e recompensas não monetárias tais como reconhecimento, condições de trabalho e elogios. A satisfação com essas recompensas é parte de uma reação complexa a uma certa situação influenciada por diversos fatores. Qual das afirmações abaixo CONTRADIZ os resultados das pesquisas sobre o tema? (A) A satisfação com uma recompensa é uma função de quanto se recebe e quanto a pessoa acha que deveria ter recebido. Textos extraídos Do Livro Gestão de Pessoas nas Organizações de Ugo Franco Barbieri 122 Biblioteca online - sem valor comercial, proibida a reprodução e venda (B) A satisfação geral com o trabalho é influenciada principalmente pela satisfação com as recompensas extrínsecas que os empregados recebem. (C) A sensação de satisfação das pessoas é influenciada por comparações com o que aconteceu a outras. (D) As pessoas variam muito em relação às recompensas que desejam e à importância que atribuem a cada uma. (E) Muitas recompensas extrínsecas são importantes e gratificantes porque levam a outras recompensas (tais como poder e status). 9. “As empresas gastam mais tempo preocupando-se com os produtos do que com as pessoas. Os presidentes do futuro entenderão que os empregados são o cerne da questão. As pessoas trarão bons resultados se a visão, os valores e o sistema de gestão permitirem que dêem suas contribuições” . (Edgar Bronfman Jr., presidente da Seagram Company Ltda., EUA.) Vários executivos apresentam discurso semelhante e enfatizam as vantagens da gestão participativa. De fato, embora haja vários benefícios em se ter a participação no local de trabalho, há, também, diversas barreiras que precisam ser vencidas. Assinale a opção que NÃO constitui uma barreira a ser vencida. (A) Filosofias autoritárias. (B) Falta de vontade de participar. (C) Limitações de tarefa e de tempo. (D) Medo de os gerentes perderem o poder e o controle. (E) Grande nível de interdependência entre cargos diferentes. 10. O título impresso no cartão de visitas de Joel Silva era “gerente de produção”, cargo no qual ele tinha mais de 30 subordinados, que comandava em um amplo escritório. O rapaz, de 29 anos, tinha grandes ambições de progredir na organização, motivado pela perspectiva de promoções e melhoria de status. Isto foi há dois anos, antes de a empresa ser fundida com uma concorrente. Hoje Joel trabalha num espaço comum a outros vinte gerentes e o número de pessoas diretamente subordinadas a ele foi cortado para apenas cinco. Você é o diretor de Recursos Humanos desta empresa e deve enfrentar o desafio da motivação de uma força de trabalho que, como Joel, está entediada. Qual seria, nesse caso, a atitude correta e adequada que você tomaria? (A) Estabeleceria um programa contínuo que buscasse identificar e satisfazer as necessidades, os desejos e as expectativas dos empregados. (B) Estabeleceria um modelo de modificação de comportamento embasado num esquema de reforço intermitente. (C) Estabeleceria um sistema de ameaças ou coação para que o trabalho fosse realizado acoplado a um sistema de recompensas a todos no fim do ano. (D) Implementaria uma política de elogios e reforço contínuo embasada na teoria de condicionamento. (E) Permitiria que os empregados definissem a sua política de recompensas e punições segundo os seus valores e suas prioridades. Textos extraídos Do Livro Gestão de Pessoas nas Organizações de Ugo Franco Barbieri 123 UNIDADE 2……………………………………………………………………………30 Texto 3: Desenvolvimento na Carreira Implica em Análise de Competências, de Potencial e Desempenho, de Talento e de uma Boa Seleção de Pessoas………………30 Texto 6: A Viabilização de uma Learning Organization (Organização de Aprendizagem) Demanda Associar Conceitos e Práticas de Comportamento Humano e Organizacional com Inteligência Emocional e Social………………………………….64 UNIDADE 1 A RELAÇÃO E A HISTÓRIA DA GESTÃO DE PESSOAS(OU GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS) COM A ECONOMIA, A ESTRATÉGIA E A GESTÃO DAS EMPRESAS 1.1 A ECONOMIA GLOBAL E A NOVA ORGANIZAÇÃO 1.2 PREVER O FUTURO EXIGE AVALIAR HABILIDADES, COMPETÊNCIAS E TECNOLOGIAS 1.3 A ESTRATÉGIA DO NEGÓCIO E A CAPACIDADE GERENCIAL 1.4 EMPRESAS VENCEDORAS E EMPRESAS EM FASE DE DECLÍNIO 1.5 AS VÁRIAS FASES DA HISTÓRIA DE RECURSOS HUMANOS 1.6 ESTUDO DA DELOITTE SOBRE A “IMPORTÂNCIA DE RH PARA OS NEGÓCIOS” 1.7 A ORGANIZAÇÃO ELETRÔNICA EXERCÍCIOS DE REFLEXÃO: Após os estudos da Unidade 1, responda às questões abaixo: Texto 2 A ESTRUTURA E A CULTURA ORGANIZACIONAIS, CONFLITOS ORGANIZACIONAIS E ÉTICA EMPRESARIAL 2.1 O SIGNIFICADO DA ESTRUTURA ORGANIZACIONAL 2.2 CULTURA ORGANIZACIONAL E SUCESSO EMPRESARIAL 2.3 O CONFLITO NAS ORGANIZAÇÕES 2.4 ÉTICA ORGANIZACIONAL E GESTÃO DAS EMPRESAS 2.5 A ÉTICA EMPRESARIAL NUMA VISÃO ABRANGENTE EXERCÍIOS DE ESTUDO: Após os estudos da unidade 2, responda sinteticamente as questões a seguir: UNIDADE 2 DESENVOLVIMENTO NA CARREIRA IMPLICA EM ANÁLISE DE COMPETÊNCIAS, DE POTENCIAL E DESEMPENHO, DE TALENTO E DE UMA BOA SELEÇÃO DE PESSOAS 3.1 O SIGNIFICADO DE POTENCIAL, DE DESEMPENHO E DE TALENTO 3.2 RELAÇÃO ENTRE AS COMPETÊNCIAS, A GESTÃO DE PESSOAS E A GESTÃO MODERNA 3.3 A MODERNA CONCEITUAÇÃO DE CARREIRA 3.4 O QUE É SELEÇÃO ESTRATÉGICA EXERCÍCIOS DE ESTUDO: Responda as questões a seguir, conforme os estudos desta unidade: Texto 4 CORRELAÇÃO ENTRE A ADMINISTRAÇÃO DE CARGOS E SALÁRIOS E ATIVIDADES COMO: APRENDIZAGEM, TREINAMENTO & DESENVOLVIMENTO, AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO INDIVIDUAL E GRUPAL, MOTIVAÇÃO 4.1 ADMINISTRAÇÃO DE CARGOS, SALÁRIOS E BENEFÍCIOS E DESCRIÇÃO E AVALIAÇÃO DE CARGOS 4.2 RELAÇÃO ENTRE DESCRIÇÃO E AVALIAÇÃO DE CARGOS E COMPETÊNCIAS 4.3 SALÁRIO-BASE, REMUNERAÇÃO GLOBAL E POLÍTICA SALARIAL 4.4 PESQUISA DE SALÁRIOS E POLÍTICA SALARIAL 4.5 PLANO DE REMUNERAÇÃO POR HABILIDADES 4.6 BENEFÍCIOS FLEXÍVEIS 4.7 PLANO DE REMUNERAÇÃO VARIÁVEL 4.8 PLANO DE PARTICIPAÇÃO ACIONÁRIA 4.9 APRENDIZAGEM, TREINAMENTO E DESENVOLVIMENTO 4.10 O OBJETIVO DA AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO 4.11 A AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO E A MOTIVAÇÃO 4.12 O FEEDBACK 4.13 A AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO GRUPAI 4.14 TREINAMENTO & DESENVOLVIMENTO E EDUCAÇÃO CONTINUADA EXERCÍCIOS DE REFLEXÃO Responda as questões que se seguem tomando por base os estudos realizados no texto 4: UNIDADE 3 A LIDERANÇA E O TRABALHO EM EQUIPE PODEM SER APERFEIÇOADOS ATRAVÉS DE ASSESSMENT E COACHING INDIVIDUAL E COLETIVO 5.1 O PENSAMENTO DE RAM CHARAM SOBRE POTENCIAL E LIDERANÇA 5.2 OS PONTOS FORTES DOS COLABORADORES 5.3 METODOLOGIAS DE ASSESSMENT E COACHING 5.4 A RELAÇÃO ENTRE BUSINESS E MANAGEMENT ASSESSMENT 5.5 O COACHING NAS ORGANIZAÇÕES 5.6 COACHING E TEAM BUILDING 5.7 COACHING NO DESENVOLVIMENTO DE EQUIPES DE ALTA PERFORMANCE EXERCÍCIOS DE REFLEXÃO Após os estudos desta unidade responda as questões a seguir: Texto 6 A VIABILIZAÇÃO DE UMA LEARNING ORGANIZATION (ORGANIZAÇÃO DE APRENDIZAGEM) DEMANDA ASSOCIAR CONCEITOS E PRÁTICAS DE COMPORTAMENTO HUMANO E ORGANIZACIONAL COM INTELIGÊNCIA EMOCIONAL E SOCIAL 6.1 A LEARNING ORGANIZATION E O AUMENTO DA COMPETITIVIDADE 6.2 O COMPORTAMENTO HUMANO E ORGANIZACIONAL 6.3 AS EMOÇÕES NO AMBIENTE DE TRABALHO 6.4 A ORGANIZAÇÃO EMOCIONALMENTE INTELIGENTE 6.5 FUNDAMENTOS DA INTELIGÊNCIA EMOCIONAL 6.6 A INTELIGÊNCIA SOCIAL SEGUNDO KARL ALBRECHT 6.7 PERCEPÇÃO E DECISÃO NAS RELAÇÕES HUMANAS 6.8 PREOCUPAÇÕESE TENSÕES NA VIDA PROFISSIONAL 6.9 O ESTRESSE E O PROCESSO DECISÓRIO EXERCÍCIOS DE ESTUDO Após os estudos desta unidade responda resumidamente as questões a seguir: UNIDADE 4 A INTELIGÊNCIA E A INTUIÇÃO HUMANAS SÃO GERADORAS DO CAPITAL INTELECTUAL, DO CONHECIMENTO E DA INOVAÇÃO NAS ORGANIZAÇÕES 7.1 COMO A INTELIGÊNCIA AFETA VIDA E CARREIRA E OS VÁRIOS TIPOS DE INTELIGÊNCIA 7.2 A INTELIGÊNCIA DOS EXECUTIVOS BEM-SUCEDIDOS 7.3 COMO DESCOBRIR O SEU TALENTO 7.4 O IMPACTO DO CAPITAL INTELECTUAL NOS NEGÓCIOS 7.5 AQUISIÇÃO DE CONHECIMENTO NA ORGANIZAÇÃO 7.6 CONHECIMENTO E INOVAÇÃO EXERCÍCIO SÍNTESE Após os estudos desta unidade responda as questões abaixo: Texto 8 AS EMPRESAS NECESSITAM DE REDES HUMANAS EFICAZES, QUE SÃO FORMADAS PELAS SUAS LIDERANÇAS COMPETENTES 8.1 REDES HUMANAS EFICAZES 8.2 AS CINCO VIAS DA LIDERANÇA 8.3A LIDERANÇA DOS MOST VALUABLE PERFORMERS 8.4 MASLOW E A LIDERANÇA 8.5 EQUIPES AUTOGERENCIÁVEIS 8.6 OUTRAS TEORIAS SOBRE LIDERANÇA: TEORIAS DOS TRAÇOS, TEORIAS COMPORTAMENTAIS, O GRID GERENCIAL, TEORIA SITUACIONAL, TEORIAS NEOCARISMÁTICAS, A LIDERANÇA VISIONÁRIA 8.7 O TRABALHO GRUPAL EXERCÍCIOS DE ESTUDO: Responda as questões a segui, tomando por base os estudo desta unidade: REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS EXERCÍCIOS AVALIATIVOS