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OS IRMÃOS NAVES

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INTRODUÇÃO
Desde muito tempo existem pessoas que cometem crimes barbaros. Também, há aquelas que não cometem crimes e, ainda assim, são julgadas e condenadas por isso.
É um absurdo mas esse tipo de erro que não passam de jugamentos cruéis, anti jurídicos e sem a devida atenção que deverá se ter nos preceitos legais.
Historicamente falando, podemos nos basear em casos como de Jesus Cristo e Sócrates, julgados, torturados e mortos por expor seus conhecimentos e ensinamentos às pessoas. Que crimes cometeram esses? Heresias? Abusos? Nos faz pensar que foram condenados e setenciados por tão pouco, mas trazendo esses fatos à atualidade vemos, diariamente, este tipo de coisa acontecendo , conosco mesmo, sendo apontados por simplesmente por compactuarmos de idéias e conhecimentos que diferem dos outros 
Mas e os crimes que nem cometemos, estamos livres de sermos julgados? A resposta certa é não. Dependendo a situação, podemos ser confundidos como um criminoso ou, simplesmente, alguém de má fé se vitimiza e nos aponta como meliante. Isso acontece e irá acontecer sempre, por falta de atenção aos fatos ou por ser mais fácil aplicar logo uma sanção, do que ouvir as partes e buscar a resposta correta do acontecido .
HISTÓRIA DOS IRMÃOS 
Um caso famoso que teve grande repercurção foi dos irmãos Naves, que aconteceu em Araguari, Minas Gerais,no ano de 1937, quando o Brasil estará sob o govero militarista de Getúlio Vargas. Época que foi implantado o " Estado Novo" e outorgada a Constituição Federal , que supriu vários direitos por conveniência do governo.
Um comerciante, Benedito Pereira Cetano, faz sociedade com seus primos Sebastião José Naves e Joaquim Rosa Naves (irmãos), apostando na compra da safra de arroz, imaginando que os preços venham a subir, o que de fato não aconteceu. Benedito então, vendeu toda safra por 90 contos de réis, que era uma quantia alta para época, mas não cobria sua dívida que o estado em torno de 136 contos. Com isso Benedito em posse desse dinheiro resolve fugir .
Os Irmãos Naves durante uns dias notaram a ausência do primo e preocupados foram até as autoridades informar o desaparescimento. Nesse momento, dava-se início a um caso de erro judicial mas hediondo da história brasileira.
O novo delegado da cidade, Tenente Chico Vieira, um homem violento, suspeitou que os irmão mataram o sócio para ficarem com dinheiro. Os Naves foram interrogados e sempre alegavam inocência, desconhecimento paradeiro do primo. Então o tenente começa sua longa saga de torturas contra os irmãos, com pauladas, pontapés, ameaças de morte, torturas também à suas esposas e familiares e inclusive a mãe (senhora de sessenta e seis anos )que fora violentada e estuprada.
Depois de quinze dias de trotura, por volta do dia 12 de janeiro de 1938, o delegado diz ter consseguido a confissão de Joaquim, e 3 de fevereiro, o irmão assume a culpa também.
Diante do caso, o Advogado Alamy Filho de forma valente, ingressa com Harbeas Corpus mostrando que havia equívocos, até mesmo tentou mostrar que os irmãos estavam sendo torturados, mas mesmo assim a prisão foi decretada.
Enviados à juri, tiveram a absolvição pela maioria do Conselho de Setença, mas não se dando por sastisfeito, o Ministério Publico apela em um segundo Juri. Obtem o mesmo resultado. No entanto o tribunal com ajuda da polaca, Constituição de 1937, usa-se do princípio da soberania dos vereditos e condenados os dois irmãos a 25 anos e seis meses de prisão, sendo reduzido para dezesseis anos .
Em 1952 a verdade veio à tona, que Benedito está vivendo em um sítio do pai, na cidade de Nova Ponte. Então em 1953, depois de 8 anos e 3 meses encarcerados, Joaquim e Sebastião ganham liberdade condicional pelo comportamento exemplar. Mas era tarde demais para Joaquim que veio a falecer.
Só depois de 12 anos foi reconhecido a inocência dos irmãos.
CONCLUSÃO
Até quando casos como esse precisam virar livros, filmes e documentários para que seja necessário ter o entendimento que erros judiciais acontecem? Assim como aconteceu com os irmãos Naves, tantas outras pessoas são julgadas injustamente, pagam por crimes que jamais cometeram e só depois de muitos anos, cumprido uma pena desumana ao lados de verdadeiros criminosos, sua inocência é provada e sua liberdade é dada como um pedido de perdão. Perdão? Indenização? Isso é o mínimo que essas pessoa merecem.O trauma que vivenciaram, sofrimento familiar, fora aquela tatuagem de "ex presidiário" estampado na testa, pois querendo ou não, muitos irão enchergar. 
Onde estão os direitos humanos, o direito à dignidade da pessoa humana, que conquistamos por anos e anos, após lutas, revoluções e sangue derramado para tê-los ressalvados em lei? Infelizmente a nossa justiça ainda é cega para quem não merece pagar preço alto, e infelizmente é cega por não enchegar quem de fato, são os verdadeiros criminosos. 
"O direito a ter direito não é só uma proposição filosófica para fundamentar uma nova concepção dos direitos humanos, mas uma sinalização política de que a humanidade, nas concepções de Kant e Arendt, não comporta os "displaced persons" e todas as formas de geração de homens supérfluos. O direito a ter direito é a negação do totalitarismo, nas suas formas clássicas do nazismo e do stalinismo, e dos seus resíduos, que ainda prevalecem nas democracias liberais contemporâneas, resistentes a uma verdadeira tutela internacional dos direitos humanos" (CANOVAN, 2000: p.39).
CENTRO UNIVERSITÁRIO FAG-CAMPUS TOLEDO
JULIANA CARLA BUENO BOIAGO YAMABE
CASO DOS IRMÃOS NAVES: O PREÇO DA INJUSTIÇA
TOLEDO-PARANÁ
2017
CENTRO UNIVERSITÁRIO FAG-CAMPUS TOLEDO
JULIANA CARLA BUENO BOIAGO YAMABE
CASO DOS IRMÃOS NAVES: O PREÇO DA INJUSTIÇA
Trabalho apresentado como requisito parcial de conclusão da disciplina de História do Direito, do curso de Direito da Faculdade Assis Gurgacz. Prof. Orientador: Marcia Demarchi.
TOLEDO-PARANÁ
2017
BIBLIOGRAFIA
CANOVAN, Margaret - "Arendt's Theory of totalitarianism: a reassessment", In: The Cambridge Companion to Hannah Arendt, 2000.
Filme: O Caso dos Irmãos Naves. Direção: Luís Sérgio Person, 5 de junho de 1967.

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