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Curso Direito do Trabalho AFT Teoria e Questões ESAF PROFESSORA: Déborah Paiva Profa. Déborah Paiva www.pontodosconcursos.com.br 1 Olá pessoal, É uma satisfação estar iniciando este curso de Direito do Trabalho (teoria e questões AFT) com vocês! Segue o novo cronograma de aulas, seguindo o conteúdo programático do edital AFT – 2010. O curso será composto de dez aulas, de acordo como cronograma abaixo: Aula 01: (10\11) Aula 06: (14\12) Aula 02: (17\11) Aula 07: (21\12) Aula 03: (24\11) Aula 08: (28\12) Aula 04: (30\11) Aula 09: (04\01) Aula 05: (07\12) Aula 10: (11\01) Aula 01: Relação de Trabalho e Relação de Emprego. A Figura Jurídica do Empregado e do Empregador. Jornada de Trabalho: Jornada Legal e Convencional, Limitação da Jornada; Formas de Prorrogação, Horário de Trabalho; Trabalho Noturno; Repouso Semanal Remunerado. Trabalho em domingos e feriados (Lei n.º 605, de 05/01/49 e Decreto n.º 27.048, de 12/08/49) Jornadas Especiais de Trabalho: Turnos Ininterruptos de Revezamento. Aula 02: Férias: Férias Individuais e Coletivas, Período Aquisitivo e Concessivo; Remuneração; Abono; Efeitos na Rescisão Contratual. Aula 03: Contrato de Trabalho: Natureza Jurídica; Elementos Essenciais, Duração; Alteração; Suspensão e Interrupção; Término do Contrato. Aula 04: Contratos Especiais de Trabalho: Trabalho Rural (Lei n.º 5.889, de 08/06/73 e Decreto n.º 73.626 de 12/02/74); Trabalho Temporário (Lei n.º 6.019, de 03/01/74 e Decreto n.º 73.841, de 13/03/74); Trabalho Portuário (Lei 9.719, de 27/11/98); Aula 05: Remuneração e Salário: Salário Normativo; Princípios de Proteção do Salário; Gratificação de Natal; Descontos Legais. Curso Direito do Trabalho AFT Teoria e Questões ESAF PROFESSORA: Déborah Paiva Profa. Déborah Paiva www.pontodosconcursos.com.br 2 Aula 06: Rescisão Contratual: Prazos de Pagamentos Rescisórios; Multas; Homologações das Rescisões Contratuais; Órgãos Competentes para Homologar as Rescisões; Formas de Pagamento. Prescrição e Decadência. Distinção entre Prescrição Total e Prescrição Parcial. Seguro-Desemprego. Fundo de Garantia do Tempo de Serviço - FGTS (Lei n.º 8.036, de 11/05/90, com as modificações posteriores e Decreto n.º 99.684, de 08/11/90). Aula 07: Direito Coletivo do Trabalho: Convenções e Acordos Coletivos do Trabalho. Terceirização no Direito do Trabalho: trabalho temporário, cooperativas e prestação de serviços. Aula 08: Direito Administrativo do Trabalho: Regulamento da Inspeção do Trabalho (Decreto n.º 4.552, de 27/12/02); Processo de Multas Administrativas. Aula 09: (10/05). Do Direito Internacional do Trabalho: Declaração Universal dos Direitos Humanos (Resolução Assembléia ONU de 10/12/1948); Convenção Americana sobre Direitos Humanos (Pacto de San José da Costa Rica, aprovada pelo Decreto Legislativo nº 27, em 25/9/1992 e promulgada pelo Decreto nº 678, de 6/11/1992); Aula 10: (17/05). Convenções da Organização Internacional do Trabalho – OIT, ratificadas pelo Brasil: 29, 81, 138, 182, 105, 111, 132, 148, 154, 155, 158, 159 e 161.12. Programa Nacional de Direitos Humanos (Decreto n.º 7.037, de 21/12/2009 – Eixo Orientador III). Vamos dar início, então à aula 01 de nosso curso! Na aula de hoje estudaremos a duração do trabalho, jornada de trabalho, bem como o trabalho noturno, o trabalho extraordinário, repouso semanal remunerado e os turnos ininterruptos de revezamento. Ao final da aula apresentarei questões de prova sem gabarito e comentários para que vocês possam avaliar os erros e acertos e detectarem qual é o ponto que precisam estudar mais! A seguir apresentarei as mesmas questões com o gabarito e comentários em cada assertiva! Curso Direito do Trabalho AFT Teoria e Questões ESAF PROFESSORA: Déborah Paiva Profa. Déborah Paiva www.pontodosconcursos.com.br 3 Vamos então dar início a nossa aula de hoje! Aula 01: Relação de Trabalho e Relação de Emprego. A Figura Jurídica do Empregado e do Empregador. Jornada de Trabalho: Jornada Legal e Convencional, Limitação da Jornada; Formas de Prorrogação, Horário de Trabalho; Trabalho Noturno; Repouso Semanal Remunerado. Trabalho em domingos e feriados (Lei n.º 605, de 05/01/49 e Decreto n.º 27.048, de 12/08/49) Jornadas Especiais de Trabalho: Turnos Ininterruptos de Revezamento. 1.1. Relação de trabalho e Relação de emprego: Relação de trabalho é toda relação jurídica na qual o objeto contratado será a prestação de um trabalho humano, independentemente de existir subordinação ou contraprestação salarial entre as partes contratantes. Assim, ela engloba não só a relação de emprego, mas também a de trabalho autônomo, eventual, avulso, estagiário, e outras modalidades de contratação de prestação de trabalho sem a configuração dos elementos caracterizadores da relação de emprego. “A relação de emprego é uma das modalidades específicas da relação de trabalho juridicamente configuradas.” (Maurício Godinho Delgado) No estágio regular, por exemplo, não há relação de emprego, uma vez que está ausente a onerosidade, ou seja, o estagiário não recebe um salário pelos serviços prestados. O mesmo ocorre no trabalho voluntário, pois os serviços são prestados gratuitamente. No trabalho autônomo, estarão ausentes a subordinação jurídica e a alteridade. Já no eventual, inexistirá a não-eventualidade. Curso Direito do Trabalho AFT Teoria e Questões ESAF PROFESSORA: Déborah Paiva Profa. Déborah Paiva www.pontodosconcursos.com.br 4 É importante lembrar que caso o estágio, seja executado em desconformidade com os requisitos legais, será considerado um estágio fraudulento e aí o vínculo de emprego irá formar-se com o tomador dos serviços do estagiário. Na relação de emprego, o trabalho deverá ser prestado pessoalmente (pessoalidade) por uma pessoa física a uma pessoa física ou jurídica, de maneira subordinada (subordinação jurídica), sendo os riscos do negócio inteiramente assumidos pelo empregador (ajenidad/alteridade). Relação de emprego Empregado doméstico Empregado rural Empregado Relação de Trabalho Relação de trabalho Trabalhador avulso Trabalhador eventual Trabalhador autônomo Trabalho voluntário Estagiário Regular ATENÇÃO: A relação de emprego é o vínculo existente entre o empregado (pessoa física) e o seu empregador (pessoa física ou jurídica), através da qual o primeiro subordina-se juridicamente às ordens do segundo, recebendo uma contraprestação salarial e não podendo fazer-se substituir, ou seja, os serviços deverão ser prestados pessoalmente. A CLT, no art. 442, ao conceituar contrato de trabalho, vinculou-se aos elementos caracterizadores da relação de emprego. Assim, podemos afirmar que todos os empregados são trabalhadores (relação de trabalho), mas nem todos os trabalhadores são empregados (relação de emprego). Curso Direito do Trabalho AFT Teoria e Questões ESAF PROFESSORA: Déborah Paiva Profa. Déborah Paiva www.pontodosconcursos.com.br 5 Para ser considerado empregado, é necessário a caracterização da relação de emprego, através da presença de seus cinco elementos constitutivos, pois a ausência de algum deles acarreta a não existência da relação de emprego e, portanto, a inexistência de vínculo empregatício e de contrato de trabalho. Vamos relembrar a nossa aula demonstrativa! Para conceituar a relação de emprego, é necessário caracterizá-la através da presença de forma concomitante dos cinco elementos fático- jurídicos, estabelecidos nos artigos 2º e 3º da CLT, que definem as figuras do empregado e do empregador, são eles: Trabalho prestado por pessoa natural ou física: O empregado será sempre pessoa física ou natural, mas o empregador poderá ser pessoa jurídica ou pessoa física ou natural. Logo, para ser considerado empregado é necessário que o trabalho seja prestado por pessoa física ou natural. Pessoalidade: O empregado não poderá fazer-se substituir por outra pessoa na prestação deseus serviços, devendo prestar as suas obrigações de forma “intuitu personae”, ou seja, de forma pessoal. A pessoalidade é um elemento que incide apenas sobre a figura do empregado, pois em relação ao empregador prevalece a despersonalização, fato que nós estudaremos mais adiante quando falarmos de sucessão. Subordinação jurídica: A subordinação é um elemento que diferencia o empregado (relação de emprego) do trabalhador autônomo (relação de trabalho), uma vez que o empregado está subordinado juridicamente ao seu empregador, devendo obedecer as suas ordens e o trabalhador autônomo presta os seus serviços de forma autônoma. Curso Direito do Trabalho AFT Teoria e Questões ESAF PROFESSORA: Déborah Paiva Profa. Déborah Paiva www.pontodosconcursos.com.br 6 Onerosidade: Na prestação de serviços deve-se haver uma contraprestação salarial, ou seja, o empregado coloca a sua força de trabalho à disposição de seu empregador e deverá receber um salário por isto. Assim, o trabalho voluntário no qual o empregado nada recebe é considerado relação de trabalho porque está ausente o requisito da onerosidade. É importante ressaltar que a alteridade é considerada um requisito da relação de emprego uma vez que os riscos do negócio são do empregador que deverá pagar os salários de seus empregados mesmo em caso de insucesso empresarial. Não-eventualidade: O princípio da continuidade da relação de emprego é um princípio peculiar do direito do trabalho. Através deste princípio, objetiva-se a permanência do empregado no emprego e o requisito da não-eventualidade caracteriza-se, exatamente, pelo modo permanente, não- eventual, não-esporádico, habitual com que o trabalho deva ser prestado. Observem o recente Julgado do TST em relação ao tema! TST: Lavador de carro consegue vínculo de emprego com locadora Data: 10/11/2011 Um lavador de carros que prestava serviços na condição de autônomo à Localiza Rent A Car S. A., em Minas Gerais, conseguiu na Justiça do Trabalho o reconhecimento de que trabalhava de fato como empregado da empresa. Além da carteira de trabalho assinada, ele vai receber as verbas pertinentes à rescisão do contrato. A empresa tentou reverter a decisão, mas seu recurso não foi conhecido pela Sexta Turma do Tribunal Superior do Trabalho. Curso Direito do Trabalho AFT Teoria e Questões ESAF PROFESSORA: Déborah Paiva Profa. Déborah Paiva www.pontodosconcursos.com.br 7 O empregado trabalhou na Localiza de fevereiro a agosto de 2009, realizando as atividades de movimentação de veículos e limpeza. Dispensado sem justa causa, entrou com ação na 28ª Vara do Trabalho de Belo Horizonte, pedindo o reconhecimento do vínculo empregatício, horas extras e adicional de insalubridade. Alegou, entre outros, que lavava os veículos em condições insalubres, sem os devidos equipamentos de proteção, como botas de borracha de cano longo, luvas de segurança e avental. A sentença lhe foi favorável. Além de manter a condenação do primeiro grau, o Tribunal Regional do Trabalho da 3ª Região (MG) multou a empresa por atrasar o pagamento das verbas ao empregado, conforme estabelece o artigo 477, parágrafo 8º, da CLT. A empresa recorreu ao TST alegando não haver provas de que o empregado lhe prestava serviços em caráter pessoal e de forma subordinada, capaz de configurar o vínculo de emprego. Ao examinar o recurso na Sexta Turma, o relator, ministro Aloysio Corrêa da Veiga, informou que, para o TRT, os requisitos necessários à configuração do vínculo de emprego, como a pessoalidade, onerosidade, habitualidade e subordinação, estavam presentes no caso. Mais ainda, que a função desempenhada pelo lavador dizia respeito à atividade-fim da empresa, que, por sua vez, não demonstrou, “por meio de prova efetiva, que o empregado poderia se fazer substituir por outro trabalhador, reforçando, assim, a existência de pessoalidade”. Segundo o relator, julgar diferentemente do que decidiu o Tribunal Regional, como pretendia a empresa, exigiria o reexame dos fatos e provas do processo e isto não é possível pelo disposto na Súmula 126 do TST. Assim, o recurso não foi conhecido, ficando inalterada a decisão regional. A decisão foi unânime. Processo: RR-153700-45.2009.5.03.0107 (Mário Correia/CF) Fonte: www.tst.jus.br Curso Direito do Trabalho AFT Teoria e Questões ESAF PROFESSORA: Déborah Paiva Profa. Déborah Paiva www.pontodosconcursos.com.br 8 Sobre a relação de emprego temos duas Súmulas do TST que sempre são cobradas nas provas de concurso público. A Súmula 386 que fala da possibilidade de reconhecimento da relação de emprego entre o policial militar e a empresa privada e a Súmula 363 que fala da impossibilidade de reconhecimento da relação de emprego com órgãos da administração direta, indireta, autárquica e fundacional. Súmula 386 do TST Preenchidos os requisitos do art. 3º da CLT, é legítimo o reconhecimento de relação de emprego entre policial militar e empresa privada, independentemente do eventual cabimento de penalidade disciplinar prevista no Estatuto do Policial Militar. Súmula 363 do TST A contratação de servidor público, após a CF/1988, sem prévia aprovação em concurso público, encontra óbice no respectivo art. 37, II e § 2º, somente lhe conferindo direito ao pagamento da contraprestação pactuada, em relação ao número de horas trabalhadas, respeitado o valor da hora do salário mínimo, e dos valores referentes aos depósitos do FGTS. A Súmula 363 do TST estabelece as verbas que serão devidas quando reconhecida a nulidade de um contrato de trabalho com a Administração sem a prévia existência de um concurso público. São elas: os depósitos do FGTS e os salários referentes às horas trabalhadas. Passaremos a analisar as modalidades de relação de trabalho: 1. Trabalho autônomo: É aquele em que a pessoa física presta serviços habitualmente por conta própria a uma ou mais de uma pessoa, assumindo os riscos de sua atividade econômica. Não há subordinação, há autonomia na prestação de serviços. Como exemplo, podemos citar o pintor, o pedreiro, o corretor de imóveis, o representante de imóveis, advogados, médicos, etc. BIZU DE PROVA Curso Direito do Trabalho AFT Teoria e Questões ESAF PROFESSORA: Déborah Paiva Profa. Déborah Paiva www.pontodosconcursos.com.br 9 Portanto, o trabalhador autônomo é aquele que correrá o risco do negócio, uma vez que desenvolverá as suas atividades, por conta própria com habitualidade. É importante analisar a presença ou não dos requisitos da relação de emprego, pois caso estejam presentes na prestação de serviços todos os requisitos, estes trabalhadores poderão ser considerados empregados. 2. Trabalho eventual: É aquele em que a pessoa física presta serviços ocasionalmente, sem relação de emprego, a uma pessoa física ou jurídica, com subordinação de curta duração. Portanto, as normas da CLT não se aplicam a ele. Como exemplo, temos os chapas, trabalhadores que ficam nas estradas para descarregarem os caminhões e que, em geral, prestam serviços de forma esporádica a vários tomadores, não sendo por isso, considerados empregados. Ainda temos como exemplos, o bóia-fria e o diarista doméstico (aquele que presta serviços de faxina, em regra de duas a três vezes por semana, conforme entendimento jurisprudencial). Há quatro teorias para explicar o que é trabalho eventual. São elas: a) Teoria do evento; b) Teoria da Descontinuidade; c) Teoria da Fixação Jurídica; d) Teoria dos Fins da Empresa. a) Teoria do Evento: Esta teoria leva em consideração o tipo de serviço para o qual o trabalhador foi contratado, se ele é ou não de curta duração para a empresa. Caso ele seja de curta duração para a empresa o trabalhador será considerado eventual e não empregado. Esta teoria não foi aceita pela doutrina brasileira. b) Teoria da Descontinuidade: Esta teoria leva em consideração o conceito temporal da prestação de serviços, ou seja, eventualseria o trabalho que não se repete para um mesmo trabalhador. Exemplo: um professor que ministre uma aula, apenas, em determinada Universidade. Curso Direito do Trabalho AFT Teoria e Questões ESAF PROFESSORA: Déborah Paiva Profa. Déborah Paiva www.pontodosconcursos.com.br 10 c) Teoria da Fixação Jurídica: por esta teoria eventual seria aquele trabalhador que presta serviços para diversos tomadores de forma simultânea sem se fixar a nenhum deles. Ex: Faxineira que cada dia da semana está em uma residência diferente. d) Teoria dos Fins da Empresa: Esta teoria destaca a natureza do serviço em relação à atividade empresarial. Assim, trabalho eventual será aquele que não estiver inserido na atividade normal da empresa. Por esta teoria a bilheteira do cinema que só funciona nos finais de semana é considerada empregada, porque a venda de ingressos está inserida na atividade normal da empresa. 3. Trabalho avulso: É aquele prestado por uma pessoa física sem vínculo empregatício, de natureza urbana ou rural, a diversas empresas, sendo sindicalizado ou não, com interferência obrigatória do sindicato profissional ou do órgão gestor de mão-de-obra. Portanto, considera-se trabalhador avulso aquele que presta os seus serviços a tomadores diversos, sem pessoalidade, em sistema de rodízio, intermediado por um Sindicato ou por um Órgão Gestor de Mão- de-obra. Estes trabalhadores não são considerados empregados, mas possuem os mesmos direitos dos trabalhadores com vínculo empregatício permanente, pois a CF/88 estabelece igualdade entre os trabalhadores avulsos e os trabalhadores com vínculo empregatício permanente (art. 7º, XXXIV da CRFB/88). Como exemplo, citamos o trabalhador portuário, que presta serviços nos portos para carregamento e descarregamento, limpeza e conservação dos navios, conferencista de carga, serviço de bloco, vigilância e limpeza, capatazia, estiva e bloco, dentre outros. Vejamos os conceitos: A capatazia distingue-se da estiva. Esta é a atividade de movimentação de mercadorias nos porões das embarcações ou no convés. Aquela é a atividade de movimentação de mercadorias nas instalações de uso público dos portos. Bloco consiste na atividade de limpeza e conservação de embarcações mercantes e de seus tanques, incluindo batimento de ferrugem, pintura, reparos de pequena monta e serviços correlatos. Curso Direito do Trabalho AFT Teoria e Questões ESAF PROFESSORA: Déborah Paiva Profa. Déborah Paiva www.pontodosconcursos.com.br 11 É importante frisar que o trabalhador avulso poderá ser portuário ou não-portuário. O trabalhador avulso portuário é aquele que presta serviços sem vínculo empregatício, intermediado por um Órgão Gestor de Mão-de-obra, a inúmeros tomadores de serviços. A lei 8630/93 regulamentou de forma definitiva os portos organizados, prevendo que caberá à União a exploração direta ou indireta dos portos organizados. Por porto organizado devemos entender aquele que é constituído e aparelhado para atender as necessidades da navegação, da movimentação de passageiros ou da movimentação e armazenagem de mercadorias, concedido ou explorado pela União, cujo tráfego e operações portuárias estejam sob a jurisdição de uma autoridade portuária. O operador portuário é a pessoa jurídica que exerce a operação portuária na área do porto por concessão pública. Cada operador portuário constituirá um órgão gestor de mão-de-obra para gerir e treinar os portuários e também para administrar o fornecimento de mão-de-obra avulsa, em sistema de rodízio. Há o trabalhador portuário avulso e o trabalhador portuário empregado. É oportuno fazer a distinção entre eles: o primeiro não terá vínculo de emprego nem com o órgão gestor de mão-de-obra e nem com o operador portuário (art. 20 da Lei 8.630/93). Ao passo que o segundo terá vínculo de emprego com o operador portuário (art. 26 d Lei 8630/93). No caso do trabalhador portuário avulso, o órgão gestor de mão-de- obra arrecada, repassa e providencia o recolhimento dos encargos trabalhistas fiscais e previdenciários, já com os percentuais referentes às férias, 13º salário e ao FGTS. Quanto ao empregado/trabalhador portuário o pagamento será feito diretamente pelo empregador. É importante mencionar que o trabalho portuário será estudado de forma mais aprofundada nas próximas aulas deste curso. Curso Direito do Trabalho AFT Teoria e Questões ESAF PROFESSORA: Déborah Paiva Profa. Déborah Paiva www.pontodosconcursos.com.br 12 4. Estágio: Não se deve confundir o estagiário com o trabalhador aprendiz. O aprendiz sempre será empregado e está regido pelos artigos 428 e seguintes da CLT. O estagiário está regido pela Lei 11.788/08 e somente será considerado empregado quando o estágio for fraudulento, ou seja, não se desenvolver de acordo com os requisitos da lei. As principais características do estágio são: ⇒ Duração não poderá passar de dois anos, salvo quando o estagiário for portador de deficiência. ⇒ A jornada será de 4 horas diárias e 20 horas semanais no caso de estudantes de educação especial e dos anos finais do ensino fundamental. ⇒ A jornada será de 6 horas diárias e 30 horas semanais no caso de estudantes do ensino superior, da educação profissional de nível médio. ⇒ O estágio poderá ser obrigatório ou não-obrigatório. Quando ele for obrigatório o estagiário poderá receber uma bolsa e quando ele for não-obrigatório o estagiário deverá receber a bolsa. ⇒ O estagiário receberá os seguintes direitos: auxílio- transporte, seguro contra acidentes pessoais, recesso de 30 dias. ⇒ Celebração de termo de compromisso de realização do estágio com o resumo das atividades desenvolvidas, dos períodos e da avaliação de desempenho a ser fornecida pela parte concedente do estágio quando do desligamento do estagiário. Curso Direito do Trabalho AFT Teoria e Questões ESAF PROFESSORA: Déborah Paiva Profa. Déborah Paiva www.pontodosconcursos.com.br 13 O estagiário não será considerado empregado, desde que cumpridas as exigências da Lei n° 11.788/08, a saber: ◆ exercício de tarefas que proporcionem aprendizado ligado à área de formação; ◆ celebração de termo de compromisso entre o estudante e a parte concedente; ◆ intervenção obrigatória da instituição de ensino. Passaremos, agora a analisar as hipóteses de Relação de emprego: 1. Empregado celetista: É aquele que presta serviços com todos os elementos definidores da relação de emprego. Como exemplo, citamos a secretária que trabalhe subordinada juridicamente ao patrão, recebendo um salário pelo serviço prestado, que será realizado pessoalmente de segunda a sábado, das oito às dezoito horas. Outro exemplo é o piloto particular de helicóptero que trabalha para o presidente de uma empresa, transportando não só o presidente, mas também os diretores, todo dia, de suas residências para o local de trabalho. É oportuno ressaltar que, neste caso, ele será empregado celetista da empresa, pois trabalha para o presidente e diretores. Caso este mesmo piloto trabalhe apenas para o presidente da empresa e para a família dele, será empregado doméstico, regido pela Lei n° 5.859/72, conforme explicado no tópico seguinte. 2. Empregado doméstico: Segundo o art. 1º da Lei n° 5.859/72, empregado doméstico é aquele que presta serviços de natureza contínua a pessoa ou a família no âmbito residencial desta. Como exemplos, temos a cozinheira, jardineiro, copeira, governanta, motorista particular, piloto particular de avião, babá, enfermeira, dentre outros. Curso Direito do Trabalho AFT Teoria e Questões ESAF PROFESSORA: Déborah Paiva Profa. Déborah Paiva www.pontodosconcursos.com.br 14 O principal requisito para que o empregado seja considerado doméstico é a ausência de lucro de seu empregador, bem como a prestação de serviços apenas para pessoa ou família no âmbito residencial destas. Além destes, também será necessária a presençados requisitos da relação de emprego, com exceção da alteridade. A enfermeira, por exemplo, será considerada empregada doméstica, caso preste serviços a pessoa ou a família, de forma não- eventual, com subordinação, horários fixos, pagamento de salário mensal, não podendo fazer-se substituir. Portanto, é importante dizer que determinado empregado poderá ser doméstico ou não, devendo ser averiguados os requisitos da relação de emprego, juntamente com a ausência de finalidade lucrativa e a prestação de serviços a pessoa ou a família no âmbito residencial desta. Observem, também, em relação à continuidade (“serviços de natureza contínua”) o que diz o recente julgado do TST: TST: Doméstica que trabalha três dias na semana vai receber mínimo proporcional Data: 08/11/2011 Empregada doméstica que trabalha três dias na semana pode receber salário mínimo proporcional à jornada reduzida. Com esse entendimento, a Sexta Turma do Tribunal Superior do Trabalho rejeitou o agravo de instrumento de uma trabalhadora que pretendia rediscutir a questão no TST por meio de um recurso de revista. Segundo o relator, ministro Maurício Godinho Delgado, a decisão do Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região (RJ) no sentido de que a patroa podia pagar à empregada salário proporcional ao tempo trabalhado está de acordo com a Orientação Jurisprudencial nº 358 da Seção Especializada em Dissídios Individuais 1 do TST. Nos termos da OJ, é legal o pagamento ao trabalhador do piso salarial da categoria ou do salário mínimo proporcional à jornada reduzida contratada. E o salário mínimo previsto no artigo 7º, inciso IV, da Constituição Federal é fixado com base na jornada de trabalho de oito horas diárias e 44 horas semanais a que se refere o inciso XIII do mesmo dispositivo. Curso Direito do Trabalho AFT Teoria e Questões ESAF PROFESSORA: Déborah Paiva Profa. Déborah Paiva www.pontodosconcursos.com.br 15 Durante o julgamento, o ministro Godinho destacou que, em relação ao tema, uma corrente considera que, como o trabalhador doméstico não tem jornada estabelecida em lei, não caberia a proporcionalidade do salário. Essa corrente defende, portanto, que o empregado doméstico tem sempre que receber o salário mínimo, não importando o número de dias trabalhados na semana. Entretanto, o relator concluiu que essa interpretação pode ocasionar distorções salariais. Formalização O ministro Maurício Godinho afirmou ainda que a possibilidade de pagar o salário proporcional a quem presta serviços com jornada reduzida pode estimular a formalização dos contratos de trabalho de empregados domésticos. Por um lado, a jurisprudência predominante no TST considera que o serviço prestado no mínimo três vezes por semana tem caráter contínuo, caracterizando a relação de emprego. Em contrapartida, a carteira pode ser assinada com salário proporcional aos dias trabalhados, sem onerar o empregador. Em pelo menos quatro ocasiões anteriores, o TST já admitiu essa possibilidade: a Segunda Turma, no RR-6700-85.2002.5.06.0371; a Sexta, no RR-3101900- 87.2002.5.04.0900; a Terceira, no AIRR-56040-65.2003.5.18.0003; e a Primeira, no AIRR-169500-15.2002.5.03.0025. O relator verificou também que a empregada confirmara, em depoimento pessoal, que prestava serviços na casa da ex-patroa três dias por semana. "Com efeito, restou incontroverso que a empregada trabalhava em jornada reduzida e que seu salário era proporcional ao piso profissional dos domésticos", assinalou. "Adotar entendimento contrário demandaria necessariamente o revolvimento dos fatos e provas do processo", observou - o que não é possível no TST (incidência da Súmula nº 126). No mais, o ministro Maurício Godinho observou que não houve desrespeito às garantias constitucionais e, assim, negou provimento ao agravo. A decisão foi unânime, com ressalva de fundamentação do ministro Augusto César Leite de Carvalho. (Lilian Fonseca/Carmem Feijó) Processo: AIRR-153400-15.2007.5.01.0041 Fonte: www.tst.jus.br Curso Direito do Trabalho AFT Teoria e Questões ESAF PROFESSORA: Déborah Paiva Profa. Déborah Paiva www.pontodosconcursos.com.br 16 3. Empregado rural: O art.2º da Lei 5.889/73 conceitua o empregado rural como sendo a pessoa física que em propriedade rural ou prédio rústico, presta serviços não eventuais, ao empregador rural, mediante dependência e salário. Art. 2º da Lei 5.889/73 “Empregado rural é toda pessoa física que, em propriedade rural ou prédio rústico, presta serviços de natureza não eventual a empregador rural, sob a dependência deste e mediante salário”. Por “prédio rústico” devemos entender o estabelecimento rudimentar que disponha de poucas máquinas, ou até mesmo de nenhuma. Exemplificando, podemos citar um terreno no qual o agricultor planta de forma rudimentar, alfaces para vender na feira da cidade. Neste caso os empregados deste agricultor serão considerados empregados rurais. Assim, num sítio em que haja plantação de alface pelo empregado e esta seja comercializada (finalidade lucrativa), ainda que em pequena quantidade, o empregado será caracterizado rural. Porém, caso não seja comercializada, mas apenas produzida para consumo do dono do sítio e seus familiares, o empregado será considerado doméstico. Art. 3º da Lei 5.889/73 “Considera-se empregador, rural, para os efeitos desta Lei, a pessoa física ou jurídica, proprietário ou não, que explore atividade agro-econômica, em caráter permanente ou temporário, diretamente ou através de prepostos e com auxílio de empregados”. § 1º Inclui-se na atividade econômica, referida no "caput" deste artigo, a exploração industrial em estabelecimento agrário não compreendido na Consolidação das Leis do Trabalho. Art. 4º da Lei 5.889/73 Equipara-se ao empregador rural, a pessoa física ou jurídica que, habitualmente, em caráter profissional, e por conta de terceiros, execute serviços de natureza agrária, mediante utilização do trabalho de outrem. Curso Direito do Trabalho AFT Teoria e Questões ESAF PROFESSORA: Déborah Paiva Profa. Déborah Paiva www.pontodosconcursos.com.br 17 Equipara-se ao empregador rural pessoa física o consórcio simplificado de produtores rurais para utilizarem-se de um mesmo empregado, sendo a responsabilidade de todos solidária. Segundo o art. 2º da Lei n° 5.889/73, é a pessoa física que, em propriedade rural ou prédio rústico, presta serviços com continuidade a empregador rural, mediante dependência e salário. Verificamos que há finalidade lucrativa. Há atividades rurais como a parceria, o meação e o arrendamento nas quais o trabalhador correrá os riscos do negócio, não possuindo vínculo com o empregador rural. Observem os conceitos abaixo: Parceria é o contrato pelo qual um indivíduo cede a outro determinado imóvel rural com o objetivo de nele desenvolver atividade de exploração agropecuária mediante participação nos lucros. Arrendamento é o contrato segundo o qual uma pessoa cede a outra o uso e gozo da propriedade rural por prazo determinado mediante o pagamento de um aluguel. Meação é um contrato segundo o qual o proprietário da terra terá direito a metade do que o parceiro produz. É importante ressaltar que caso as modalidades de contrato acima descritas, sejam falsas (falsa parceria, falso arrendamento e falsa meação) dado o princípio da primazia da realidade o vínculo irá formar- se com o empregador rural. DICA: Os empregados rurais poderão ser classificados em dois tipos: empregado rural e safrista. O parágrafo único do art. 14 da Lei 5.889/73 conceitua contrato de safra como o que tenha a sua duração dependente de variações estacionais da atividade agrária, sendo um contratado por prazo determinado. BIZU DE PROVA Curso Direito do Trabalho AFT Teoria e Questões ESAF PROFESSORA: Déborah Paiva Profa. Déborah Paiva www.pontodosconcursos.com.br 18 Expirado normalmente o contrato, a empresa pagará ao safrista, a título deindenização do tempo de serviço, importância correspondente a 1/12 (um doze avos) do salário mensal, por mês de serviço ou fração superior a 14 (quatorze) dias. DICA: O motorista de empresa cuja atividade seja preponderantemente rural é considerado empregado rural, porque não enfrenta o trânsito das cidades, sendo esta a orientação jurisprudencial do TST. OJ 315 da SDI- 1 do TST É considerado trabalhador rural o motorista que trabalha no âmbito de empresa cuja atividade é preponderantemente rural, considerando que, de modo geral, não enfrenta o trânsito das estradas e cidades. DICA: Empregado que trabalha em empresa de reflorestamento é rurícola, pois de acordo com a OJ 38 da SDI-1 do TST podemos concluir que a empresa de reflorestamento é caracterizada como empregadora rural. OJ 38 da SDI – 1 do TST EMPREGADO QUE EXERCE ATIVIDADE RURAL. EMPRESA DE REFLORESTAMENTO. PRESCRIÇÃO PRÓPRIA DO RURÍCOLA. (LEI Nº 5.889/73, ART. 10 E DECRETO Nº 73.626/74, ART. 2º, § 4º). 4. Trabalho temporário: É o trabalho realizado por uma pessoa física contratada por uma empresa de trabalho temporário, que prestará serviços no estabelecimento do tomador ou cliente, destinada a atender a necessidade transitória de substituição de pessoal regular e permanente ou a acréscimo extraordinário de serviços. O trabalho temporário é regido pela Lei n° 6.019/74, e não pela CLT. O vínculo trabalhista do trabalhador temporário, ou seja, a relação de emprego, não se forma entre o cliente tomador dos serviços e o trabalhador, mas sim entre este e a empresa de trabalho temporário, que arcará com todos os direitos trabalhistas. O art. 2º da Lei 6019/74 conceitua o trabalho temporário como aquele prestado por uma pessoa física a uma empresa, para atender a necessidade transitória de substituição de seu pessoal regular e permanente ou a acréscimo extraordinário de serviço. Curso Direito do Trabalho AFT Teoria e Questões ESAF PROFESSORA: Déborah Paiva Profa. Déborah Paiva www.pontodosconcursos.com.br 19 Art. 2º da Lei 6019/74 - Trabalho temporário é aquele prestado por pessoa física a uma empresa, para atender à necessidade transitória de substituição de seu pessoal regular e permanente ou à acréscimo extraordinário de serviços. O trabalhador temporário é empregado da empresa de trabalho temporário que pode ser física ou jurídica urbana. Compreende-se como empresa de trabalho temporário a pessoa física ou jurídica urbana, cuja atividade consiste em colocar à disposição de outras empresas, temporariamente, trabalhadores, devidamente qualificados, por elas remunerados e assistidos. O trabalhador temporário é considerado empregado da empresa prestadora de serviços e será permitida a terceirização de atividade fim sem descaracterizar a intermediação de mão-de-obra realizada através da empresa interposta (Súmula 331, I do TST.) Ressalta-se a mão de obra deverá ser contratada com remuneração equivalente à percebida pelos empregados da mesma categoria em sua totalidade. Exemplificando: uma firma de engenharia poderá contratar engenheiros para trabalhar temporariamente, somente, nas hipóteses acima descritas e a contratação desse engenheiro só poderá ser efetivada através de uma empresa e seu salário será o mesmo do engenheiro que trabalha para a firma de engenharia. Quando houver falência da empresa prestadora ou intermediadora do trabalho temporário a tomadora responderá solidariamente. Art. 16 da Lei 6019/74 - No caso de falência da empresa de trabalho temporário, a empresa tomadora ou cliente é solidariamente responsável pelo recolhimento das contribuições previdenciárias, no tocante ao tempo em que o trabalhador esteve sob suas ordens, assim como em referência ao mesmo período, pela remuneração e indenização previstas nesta Lei. Curso Direito do Trabalho AFT Teoria e Questões ESAF PROFESSORA: Déborah Paiva Profa. Déborah Paiva www.pontodosconcursos.com.br 20 Art. 18 da Lei 6019/74 É vedado à empresa do trabalho temporário cobrar do trabalhador qualquer importância, mesmo a título de mediação, podendo apenas efetuar os descontos previstos em Lei. Parágrafo único. A infração deste artigo importa no cancelamento do registro para funcionamento da empresa de trabalho temporário, sem prejuízo das sanções administrativas e penais cabíveis. Os principais requisitos para a validade do contrato de trabalho temporário são: contrato escrito entre empregado e a empresa intermediadora que é a empregadora; contrato escrito entre a empresa prestadora e a tomadora contendo o motivo da contratação; Duração máxima de 3 meses salvo autorização do Ministério do Trabalho e Emprego, desde que não exceda a 6 meses. Art. 9º da Lei 6019/74 O contrato entre a empresa de trabalho temporário e a empresa tomadora de serviço ou cliente deverá ser obrigatoriamente escrito e dele deverá constar expressamente o motivo justificador da demanda de trabalho temporário, assim como as modalidades de remuneração da prestação de serviço. Art. 11 da Lei 6019/74 - O contrato de trabalho celebrado entre empresa de trabalho temporário e cada um dos assalariados colocados à disposição de uma empresa tomadora ou cliente será, obrigatoriamente, escrito e dele deverão constar, expressamente, os direitos conferidos aos trabalhadores por esta Lei. Parágrafo único. Será nula de pleno direito qualquer cláusula de reserva, proibindo a contratação do trabalhador pela empresa tomadora ou cliente ao fim do prazo em que tenha sido colocado à sua disposição pela empresa de trabalho temporário. O trabalhador que se submete a este tipo de contrato é empregado da empresa de trabalho temporário, devendo este contrato também ser escrito. Curso Direito do Trabalho AFT Teoria e Questões ESAF PROFESSORA: Déborah Paiva Profa. Déborah Paiva www.pontodosconcursos.com.br 21 O contrato será nulo e acarretará a formação do vínculo de emprego com o tomador, quando desrespeitadas as hipóteses do art. 2º da referida lei. A lei proíbe a contratação de estrangeiro como trabalhador temporário quando portador de visto provisório. Os direitos do trabalhador temporário estão previstos no art. 12 da citada lei, além do direito ao FGTS previsto na Lei 8036/90. Não há aviso prévio quando ocorrer a terminação do contrato de trabalho temporário. Art. 12 da Lei 6019/74 Ficam assegurados ao trabalhador temporário os seguintes direitos: a) remuneração equivalente à percebida pelos empregados de mesma categoria da empresa tomadora ou cliente, calculados à base horária, garantida, em qualquer hipótese, a percepção do salário mínimo regional; b) jornada de oito horas, remuneradas as horas extraordinárias não excedentes de duas, com acréscimo de 20% (vinte por cento); Horas extras de 50% após CF/88. c) férias proporcionais, nos termos do artigo 25 da Lei nº 5107, de 13 de setembro de 1966; d) repouso semanal remunerado; e) adicional por trabalho noturno; f) indenização por dispensa sem justa causa ou término normal do contrato, correspondente a 1/12 (um doze avos) do pagamento recebido; g) seguro contra acidente do trabalho; h) proteção previdenciária nos termos do disposto na Lei Orgânica da Previdência Social, com as alterações introduzidas pela Lei nº 5.890, de 8 de junho de 1973 (art. 5º, item III, letra "c" do Decreto nº 72.771, de 6 de setembro de 1973). Curso Direito do Trabalho AFT Teoria e Questões ESAF PROFESSORA: Déborah Paiva Profa. Déborah Paiva www.pontodosconcursos.com.br 22 § 1º - Registrar-se-á na Carteira de Trabalho e Previdência Social do trabalhador sua condição de temporário. § 2º - A empresa tomadora ou cliente é obrigada a comunicar à empresa de trabalho temporário a ocorrência de todo acidente cuja vítima seja um assalariado posto à sua disposição, considerando-se local de trabalho, para efeito da legislação específica, tanto aquele onde se efetua a prestação do trabalho, quanto a sede da empresade trabalho temporário. 5. Empregado em domicílio: É aquele que executa seus serviços em sua própria residência ou em oficina de família (artigos 6º e 83 da CLT), desde que subordinado ao empregador, de quem recebe ordens e instruções, obrigando-se, por exemplo, a uma produção determinada. É considerado empregado para todos os efeitos, pois a lei não exige que a prestação de serviços realize-se no estabelecimento do empregador. Este tipo de trabalho é realizado fora do âmbito de fiscalização direta e imediata do empregador, porém, para a caracterização do vínculo empregatício, é necessário que o empregado tenha subordinação jurídica, a qual poderá ser aferida pelo controle sobre ele do empregador. Como exemplo, citamos a costureira que trabalha em sua residência e busca peças na empresa ou as recebe em sua casa, tendo metas a cumprir e recebendo instruções sobre o que costurar, sem ter autonomia em relação aos serviços realizados. Configura-se a subordinação e, conseqüentemente, a relação de emprego e o contrato de trabalho. Art. 6º Não se distingue entre o trabalho realizado no estabelecimento do empregador e o executado no domicílio do empregado, desde que esteja caracterizada a relação de emprego. (...) Curso Direito do Trabalho AFT Teoria e Questões ESAF PROFESSORA: Déborah Paiva Profa. Déborah Paiva www.pontodosconcursos.com.br 23 Art. 83 É devido o salário-mínimo ao trabalhador em domicílio, considerado este como o executado na habitação do empregado ou em oficina de família, por conta de empregador que o remunere. É importante frisar que é considerado trabalho em domicílio não só aquele realizado no domicílio do empregado ou em oficina de família, mas também em qualquer outro lugar escolhido pelo empregado fora do alcance da fiscalização do empregador. Segundo Valentin Carrion, o teletrabalho é caracterizado como trabalho em domicílio, pois é prestado pelo empregado em sua própria residência e o resultado é remetido para a empresa através de meios informatizados. Neste tipo de trabalho há subordinação, embora manifestada de forma tênue. EM RESUMO: Vamos relembrar os elementos da relação de emprego! São elementos da relação de emprego: a) trabalho prestado por pessoa natural ou física; b) pessoalidade; c) trabalho prestado em situação de subordinação jurídica; d) onerosidade; e) não-eventualidade. Trabalho prestado por pessoa natural ou física A prestação de serviços que o direito do trabalho toma em consideração é aquela pactuada por uma pessoa física ou natural. Apenas o empregador poderá ser pessoa física ou jurídica, jamais o empregado (obrigação de fazer/prestar o trabalho). Curso Direito do Trabalho AFT Teoria e Questões ESAF PROFESSORA: Déborah Paiva Profa. Déborah Paiva www.pontodosconcursos.com.br 24 Pessoalidade O trabalho prestado por pessoa física, não significa que seja prestado com pessoalidade. A pessoalidade trata-se de elemento vinculado ao anterior, mas que se distingue pelo fato de a prestação do trabalho ter caráter de infungibilidade, ou seja, o empregado não pode ser substituído por outra pessoa. Significa dizer que a relação jurídica pactuada deve ser cumprida intuitu personae, em relação ao empregado, que não pode fazer-se substituir intermitentemente por outro trabalhador, sob pena de descaracterizar-se a relação de emprego por ausência de seu elemento constitutivo. Exceções: há situações que ensejam a substituição do trabalhador, sem suprimir a pessoalidade inerente à relação de emprego. São elas: Substituição com o consentimento do tomador de serviços, por curto tempo e eventualmente. Substituição autorizada por lei ou norma autônoma, como, por exemplo, férias, licença-gestante, afastamento para cumprir mandato sindical etc. Nestes casos, haverá interrupção ou suspensão do contrato de trabalho, não acarretando a descaracterização da pessoalidade inerente à relação de emprego. Trabalho prestado em situação de subordinação jurídica O empregado exerce suas atividades com dependência ao seu empregador, por quem é dirigido. Ele exerce, então, um trabalho subordinado juridicamente, e não econômica ou tecnicamente. Curso Direito do Trabalho AFT Teoria e Questões ESAF PROFESSORA: Déborah Paiva Profa. Déborah Paiva www.pontodosconcursos.com.br 25 É importante frisar que a subordinação não é econômica e nem técnica, porque quando o empregado detiver a técnica em que o trabalho for prestado e o seu empregador a desconhecer, ainda assim poderá haver a subordinação caso ele execute os seus serviços seguindo as ordens e determinações de seu empregador. Exemplificando: A empresa Alfa contrata José para ser técnico de informática, gerenciando os programas de computador, o gerente e o empregador não conhecem nada de informática, mas José presta serviços em horários determinados por seu empregador, tendo metas de produtividade traçadas, sendo portanto subordinado juridicamente a seu empregador apesar de não ser subordinado tecnicamente ao mesmo. DICA: É importante ressaltar que algumas bancas examinadoras de concursos utilizam o termo “dependência jurídica” como sinônimo de subordinação jurídica. A subordinação jurídica poderá ser objetiva ou subjetiva. Considera-se subjetiva a subordinação quando recai sobre a pessoa do empregado e objetiva quando recai sobre os serviços executados pelo trabalhador. O ordenamento jurídico pátrio adotou a tese da subordinação subjetiva. Onerosidade A onerosidade manifesta-se através do pagamento pelo empregador de parcelas destinadas a remunerar o empregado em função do contrato empregatício pactuado. Ela é presumida, cabendo ao empregador demonstrar a sua inexistência. O empregado tem o dever de prestar serviços e o empregador tem a obrigação de pagar salários (contraprestação). Exemplo de trabalho sem onerosidade é o serviço voluntário, que não gera vínculo empregatício, pois é prestado gratuitamente (Lei n° 9.608/98). Curso Direito do Trabalho AFT Teoria e Questões ESAF PROFESSORA: Déborah Paiva Profa. Déborah Paiva www.pontodosconcursos.com.br 26 Não-eventualidade Para que haja relação empregatícia, é necessário que o trabalho prestado tenha caráter de permanência, não podendo ser esporádico. Na definição de empregado doméstico, temos a expressão serviços de natureza contínua, prestados a pessoa ou família no âmbito residencial destas. Aos empregados domésticos aplica-se a Lei nº 5.859/72. Entretanto, a teoria mais aceita pela doutrina para qualificar o que seja ou não eventual é a teoria dos fins do empreendimento, pela qual “a aferição da natureza eventual dos serviços prestados há de ser feita tendo em vista os fins normais da empresa”. Exemplos: garçom que trabalha em um restaurante que só abre nos finais de semana e bilheteira de cinema que só funciona aos sábados, domingos e feriados. Em ambos os casos o serviço prestado não é eventual. Ressalta-se que são considerados trabalhadores eventuais o chapa, aquele que descarrega caminhões nas estradas, o bóia-fria e, a princípio, a diarista doméstica. Resumindo: RELAÇÃO DE EMPREGO: ⇒ Toda relação de emprego é uma relação de trabalho, mas nem toda relação de trabalho é uma relação de emprego. ⇒ A relação de trabalho é gênero do qual a relação de emprego é uma espécie. ⇒ Para conceituar a relação de emprego é necessário caracterizá-la através da existência de cinco elementos: a) Trabalho prestado por pessoa natural ou física; b) Pessoalidade; c) Subordinação jurídica; d) Onerosidade; e) Não-eventualidade. Curso Direito do Trabalho AFT Teoria e Questões ESAF PROFESSORA: Déborah Paiva Profa. Déborah Paiva www.pontodosconcursos.com.br 27 Relação de Emprego Relação de Trabalho Empregado celetista Empregado a domicílio Trabalho Autônomo Empregado Doméstico Trabalho Eventual Empregado rural Trabalho Avulso Trabalho temporárioEstágio 1.2. Empregado e Empregador: Os sujeitos do contrato de trabalho são o empregado (sempre pessoa física/natural) e o empregador (pessoa física/natural ou jurídica). O empregado tem uma obrigação de fazer, que é prestar o trabalho, e o empregador tem uma obrigação de dar, que é pagar o salário. Em um contrato de trabalho, o empregado terá a obrigação de prestar trabalho (obrigação de fazer) e os deveres de obediência e colaboração a seu empregador. Já o empregador terá o dever de pagar o salário do empregado, tendo, portanto uma obrigação de pagar/dar. “Empregado é toda pessoa natural que contrate tácita ou expressamente a prestação de seus serviços a um tomador, a este efetuada, com pessoalidade, onerosidade, não-eventualidade e subordinação” (Maurício Godinho Delgado). Nos conceitos legais de empregado e empregador (arts. 2º e 3º da CLT, respectivamente), encontram-se presentes cinco elementos fático- jurídicos que caracterizam a relação de emprego. Curso Direito do Trabalho AFT Teoria e Questões ESAF PROFESSORA: Déborah Paiva Profa. Déborah Paiva www.pontodosconcursos.com.br 28 São eles: 1. Pessoalidade: prestar pessoalmente os serviços, não podendo fazer-se substituir. 2. Onerosidade: pagamento de salário. 3. Não-eventualidade (várias teorias/prevalece a dos fins do empreendimento). 4. Subordinação jurídica ou dependência jurídica. 5. Ser o empregado pessoa física. Art. 3º da CLT - Considera-se empregado toda pessoa física que prestar serviços de natureza não eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante salário. Parágrafo único - Não haverá distinções relativas à espécie de emprego e à condição de trabalhador, nem entre o trabalho intelectual, técnico e manual. Considera-se empregador a empresa, individual ou coletiva, que, assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assalaria e dirige a prestação pessoal de serviço. É importante lembrar, dos empregadores por equiparação (art. 2º, parágrafo 1º da CLT), uma vez que o empregador necessariamente não precisará ter finalidade lucrativa. Art. 2º da CLT - Considera-se empregador a empresa, individual ou coletiva, que, assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assalaria e dirige a prestação pessoal de serviço. § 1º - Equiparam-se ao empregador, para os efeitos exclusivos da relação de emprego, os profissionais liberais, as instituições de beneficência, as associações recreativas ou outras instituições sem fins lucrativos, que admitirem trabalhadores como empregados. Curso Direito do Trabalho AFT Teoria e Questões ESAF PROFESSORA: Déborah Paiva Profa. Déborah Paiva www.pontodosconcursos.com.br 29 Poderes Contratuais do empregador: Os poderes que o empregador possui no contrato de trabalho, segundo o jurista Maurício Godinho Delgado, são os seguintes: Poder Diretivo: Conjunto de prerrogativas concentradas nas mãos do empregador para dirigir a prestação de seus serviços. Exemplificando: o empregador é quem escolhe a época de concessão das férias do seu empregado. Outro exemplo: o empregador é quem escolhe os uniformes que serão utilizados por seus empregados. Poder Regulamentar: Conjunto de prerrogativas concentradas nas mãos do empregador para fixar regras gerais, abstratas e impessoais a serem observadas no âmbito das empresas ou estabelecimentos. Poder Fiscalizatório: Conjunto de medidas para acompanhar a prestação de trabalho. Poder Disciplinar: Conjunto de medidas que o empregador poderá adotar, para propiciar a imposição de sanções para os empregados que descumprirem as obrigações contratuais. Grupo econômico: “Sempre que uma ou mais empresas com personalidade jurídica própria estiverem sob a direção, controle ou administração de outra, constituindo grupo comercial, industrial, ou de qualquer outra atividade econômica, serão, para os efeitos da relação de emprego, solidariamente responsáveis entre si e à empresa principal’. A formação de grupo econômico depende de pelo menos duas empresas que estejam sob direção única, existindo sempre uma principal controladora das demais. Exemplo: holding. Todas as empresas do grupo devem exercer atividade econômica, mas não necessariamente a mesma atividade. A teoria do empregador único prevaleceu na doutrina para determinar a responsabilidade solidária do grupo econômico pelo adimplemento das obrigações trabalhistas (solidariedade passiva). Curso Direito do Trabalho AFT Teoria e Questões ESAF PROFESSORA: Déborah Paiva Profa. Déborah Paiva www.pontodosconcursos.com.br 30 O conceito de grupo econômico está no parágrafo segundo do art. 2º da CLT. Art. 2º da CLT - Considera-se empregador a empresa, individual ou coletiva, que, assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assalaria e dirige a prestação pessoal de serviço. § 2º - Sempre que uma ou mais empresas, tendo, embora, cada uma delas, personalidade jurídica própria, estiverem sob a direção, controle ou administração de outra, constituindo grupo industrial, comercial ou de qualquer outra atividade econômica, serão, para os efeitos da relação de emprego, solidariamente responsáveis a empresa principal e cada uma das subordinadas. Os requisitos para a caracterização do grupo econômico são: a) identidade de sócios majoritários, que se constata através dos atos constitutivos das empresas; b) quando a diretoria de uma empresa é composta por sócios de outra empresa; c) quando uma empresa é criada por outra empresa; d) quando uma empresa é a principal patrocinadora econômica de outra empresa e escolhe os seus dirigentes; e) quando uma empresa é acionista ou sócia majoritária de outra; f) quando há ingerência administrativa ou jurídica de uma pessoa física sobre outra; g) quando uma empresa possui o poder de interferir nos atos de gestão e administração de outra empresa. Para a corrente majoritária, a solidariedade decorrente do grupo econômico é a solidariedade passiva. Curso Direito do Trabalho AFT Teoria e Questões ESAF PROFESSORA: Déborah Paiva Profa. Déborah Paiva www.pontodosconcursos.com.br 31 Vamos fazer a distinção entre solidariedade ativa e solidariedade passiva: A solidariedade ativa aparece quando o grupo apresentar a figura do empregador único, ou seja, apresenta-se como se fosse uma só empresa, havendo promiscuidade nas relações trabalhistas, comerciais, fiscais. Portanto, ativa é a solidariedade que não se distingue o devedor do responsável pela dívida. A solidariedade passiva é aquela na qual as pessoas jurídicas são distintas e independentes, pertencentes a um mesmo grupo econômico, cada empresa possui atividade econômica distinta e personalidade jurídica própria. A solidariedade passiva separa o devedor dos responsáveis pela dívida, assim as empresas integrantes do mesmo grupo econômico são co-responsáveis pela dívida. É importante não esquecer a Súmula 129 do TST que estabelece que a prestação de serviços a mais de uma empresa do mesmo grupo econômico, durante a mesma jornada de trabalho não irá caracterizar a existência de dois contratos de trabalho, exceto quando houver ajuste em sentido contrário. Súmula 129 TST. A prestação de serviços a mais de uma empresa do mesmo grupo econômico, durante a mesma jornada de trabalho, não caracteriza a coexistência de mais de um contrato de trabalho, salvo ajuste em contrário. Sucessão: Sucessão de empresas ou sucessão trabalhista ou alteração subjetiva do contrato de trabalho é a figura regulada nos arts. 10 e 448 da CLT. Consiste no instituto, através do qual se opera uma completa transmissão de crédito e assunção de dívidas trabalhistas entre Curso Direito do Trabalho AFT Teoria e Questões ESAF PROFESSORA: Déborah Paiva Profa. Déborah Paiva www.pontodosconcursos.com.br 32 alienante e adquirente envolvidos, na transferência da titularidade da empresa ou do estabelecimento. Incorporação,cisão, transformação e alienação da empresa acarretam a sucessão trabalhista. Nestes casos os direitos trabalhistas serão imediatamente assumidos pelo novo proprietário ou pela nova empresa, acarretando o que se chama de sub-rogação, em que o novo titular sub-roga-se nos direitos e obrigações do antigo. Art. 10 da CLT - Qualquer alteração na estrutura jurídica da empresa não afetará os direitos adquiridos por seus empregados. Art. 448 da CLT - A mudança na propriedade ou na estrutura jurídica da empresa não afetará os contratos de trabalho dos respectivos empregados. Para que haja sucessão trabalhista, é preciso que: 1. Uma unidade econômico-jurídica seja transferida de um para outro titular. 2. Não haja solução de continuidade na prestação de serviços pelo obreiro. A compra e venda, o arrendamento e qualquer título jurídico hábil a operar a transferência de unidade econômico-jurídica caracteriza a sucessão de empregadores. Maurício Godinho Delgado aponta três questões interessantes no que se refere a este assunto: Primeira: Na alteração ocorrida na empresa concessionária de serviços públicos, prevalece o entendimento de que, assumindo a nova empresa o acervo da anterior ou mantendo parte das relações jurídicas contratadas por ela, submete-se às regras da sucessão trabalhista. Exemplo: privatizações. Curso Direito do Trabalho AFT Teoria e Questões ESAF PROFESSORA: Déborah Paiva Profa. Déborah Paiva www.pontodosconcursos.com.br 33 Segunda: No arrendamento, quanto aos efeitos trabalhistas, há sucessão em relação ao novo titular provisório e posteriormente retornará ao anterior (arrendante). Terceira: Aplicabilidade dos arts. 10 e 448 da CLT na aquisição de acervos empresariais em hasta pública. Duas correntes doutrinárias: A primeira entende que a aquisição em hasta pública elide os efeitos da sucessão trabalhista, assim, o adquirente/arrematante não teria responsabilidade anteriormente à aquisição. A segunda considera que não tem efeito elisivo da sucessão a aquisição em hasta pública, respondendo o adquirente pelos direitos e obrigações anteriores, a não ser que o edital expressamente preveja este efeito. Na sucessão a título público, podemos citar como exemplo, a privatização ou o leilão público, o desmembramento de município, o cartório extrajudicial, quando a lei determinar, dentre outros. Em relação a este tema a SDI-1 do TST editou três Orientações Jurisprudenciais, que transcrevo abaixo. OJ 225 da SDI-1 do TST Celebrado contrato de concessão de serviço público em que uma empresa (primeira concessionária) outorga a outra (segunda concessionária), no todo ou em parte, mediante arrendamento, ou qualquer outra forma contratual, a título transitório, bens de sua propriedade: I - em caso de rescisão do contrato de trabalho após a entrada em vigor da concessão, a segunda concessionária, na condição de sucessora, responde pelos direitos decorrentes do contrato de trabalho, sem prejuízo da responsabilidade subsidiária da primeira concessionária pelos débitos trabalhistas contraídos até a concessão; II - no tocante ao contrato de trabalho extinto antes da vigência da concessão, a responsabilidade pelos direitos dos trabalhadores será exclusivamente da antecessora. OJ Nº 92 da SDI-1 do TST Em caso de criação de novo município, por desmembramento, cada uma das novas entidades responsabiliza-se pelos direitos trabalhistas do empregado no período em que figurarem como real empregador. Curso Direito do Trabalho AFT Teoria e Questões ESAF PROFESSORA: Déborah Paiva Profa. Déborah Paiva www.pontodosconcursos.com.br 34 OJ 261 da SDI-1 do TST As obrigações trabalhistas, inclusive as contraídas à época em que os empregados trabalhavam para o banco sucedido, são de responsabilidade do sucessor, uma vez que a este foram transferidos os ativos, as agências, os direitos e deveres contratuais, caracterizando típica sucessão trabalhista. Devemos tecer algumas observações importantes a respeito da sucessão: 1ª. A sucessão é a transferência de titularidade da empresa seja provisoriamente (Exs. arrendamento, usufruto) ou definitivamente (Exs. compra e venda, fusão, doação, etc.); 2ª. Poderá ocorrer a título público ou privado; 3ª. Poderá ocorrer seja a título gratuito ou não, desde que o sucessor continue explorando a mesma atividade econômica que explorava o sucedido; 4ª. O sucedido não responde pelas dívidas trabalhistas após a sucessão, pois a responsabilidade das obrigações trabalhistas anteriores à sucessão, bem como as posteriores à sucessão será do sucessor. Em relação ao tema “falência” devemos adotar o jurista Maurício Godinho Delgado, uma vez que no último AFT a ESAF o adotou. Observe o que ele diz: "nas falências processadas a partir do império da lei 11.101 de 2005 não incidirá sucessão de empregadores no caso de alienação da empresa falida ou de um ou alguns de seus estabelecimentos (art. 141, II e parágrafo segundo). Em consequência serão tidos como novos os contratos de trabalho iniciados com o empregador adquirente ainda que tratando-se de antigos empregados da antiga empresa extinta (art. 141, parágrafo segundo)". É importante lembrar que o jurista afirma que esta exceção não se aplica às alienações efetivadas durante processos de simples recuperação extrajudicial ou judicial de empresas Curso Direito do Trabalho AFT Teoria e Questões ESAF PROFESSORA: Déborah Paiva Profa. Déborah Paiva www.pontodosconcursos.com.br 35 1.3. Jornada Legal e Convencional: Antes de falar sobre a jornada legal e a jornada convencional é importante explicar o que é a jornada de trabalho. É importante fazer a distinção entre horário de trabalho e jornada de trabalho. O horário de trabalho é o lapso temporal entre o início e o fim de certa jornada de trabalho. Assim, a hora de entrada e de saída no emprego é que determinará o horário de trabalho do empregado. Jornada de trabalho é a quantidade de labor diário do empregado, ou seja, é o tempo diário em que o empregado tem que se colocar em disponibilidade perante seu empregador. Exemplificando: Jair inicia o seu trabalho às 9 horas da manhã, interrompe para almoçar às 13 horas, retorna às 14 horas e termina de trabalhar às 18 horas. O horário de trabalho dele será de 9 às 18 horas e a jornada de trabalho dele será de 8 horas diárias. A duração normal do trabalho foi fixada pela CRFB/88 em função do dia (jornada) ou da semana, observem: Art. 7º XIII da CF/88 duração normal do trabalho não superior a oito horas diárias e quarenta e quatro horas semanais, facultada a compensação de horários e a redução da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho. Observem que a jornada ordinária ou normal prevista constitucionalmente é de 8 horas diárias e quarenta e quatro horas semanais, sendo assim podemos afirmar que o tempo máximo previsto para a prestação de trabalho é de 8 horas diárias. Mas poderá este tempo ser ampliado ou reduzido? Como o próprio artigo 7º da CF/88 estabelece este tempo poderá ser reduzido por negociação coletiva, mas ampliado não poderá. Curso Direito do Trabalho AFT Teoria e Questões ESAF PROFESSORA: Déborah Paiva Profa. Déborah Paiva www.pontodosconcursos.com.br 36 Há algumas categorias profissionais que possuem jornadas especiais, menores do que a jornada normal de oito horas diárias. Estudaremos as jornadas especiais mais adiante. Caso um empregado trabalhe além da jornada mínima prevista para ele, seja a jornada normal de oito horas diárias ou jornada especial, estaremos diante da jornada extraordinária que acarretará em alguns casos o pagamento do adicional de horas extras. As horas extraordinárias serão também estudadas mais adiante, por enquanto quero apenas esclarecer que quando o art. 7º fala em compensação, estaremos diante de uma hipótese de trabalho além da jornada normal que não ensejaráo pagamento de adicional de horas extraordinárias, porque o empregado irá compensá-las, ou seja, o acréscimo de um dia será diminuído em outro dia. A doutrina estabelece três critérios básicos de fixação da jornada: Tempo efetivamente trabalhado: Por este critério considera-se jornada apenas o tempo efetivamente trabalhado pelo obreiro. Este critério foi rejeitado pela CLT, pois no art. 4º ela considera como tempo de serviço o período que o empregado estiver simplesmente à disposição do empregador. Art. 4º CLT O tempo computado como de jornada de trabalho é o tempo em que o empregado permanece à disposição do empregador, aguardando ou executando ordens. Tempo à disposição do empregador: Considera como jornada o tempo que o empregado ficou à disposição do empregador, independentemente de ocorrer ou não a efetiva prestação de serviços. Este foi o critério adotado pela CLT (art. 4º CLT). Exemplificando: Durante o trajeto da boca da mina ao local de trabalho o empregado que trabalha em minas e subsolo tem este período computado dentro da jornada de trabalho, apesar do fato de não estar trabalhando neste período, mas está à disposição do empregador (art.294 CLT). Curso Direito do Trabalho AFT Teoria e Questões ESAF PROFESSORA: Déborah Paiva Profa. Déborah Paiva www.pontodosconcursos.com.br 37 Art. 294 da CLT O tempo despendido pelo empregado da boca da mina ao local do trabalho e vice-versa será computado para o efeito de pagamento do salário. Sobre este tema, temos importantes dispositivos consolidados: Tempo de prontidão (art. 244 § 3º CLT): Por tempo de prontidão compreende-se o período tido como integrante do contrato e do tempo de serviço do empregado em que ele fica aguardando ordens. Ex: ferroviário Tempo de sobreaviso (art.244 § 2º CLT): Por tempo de sobreaviso é aquele em que o empregado permanece em sua própria casa, aguardando a qualquer momento o chamado para o serviço. Exs. Médico, eletricitários, ferroviários. Atenção: Bip e celular: A OJ 49 TST foi cancelada em razão da sua conversão na Súmula 428 do TST, que assim dispõe: O uso de aparelho de intercomunicação a exemplo de BIP, “Pager” ou aparelho celular, pelo empregado, por si só não caracteriza o regime de sobreaviso, uma vez que o empregado não permanece em sua residência aguardando, a qualquer momento convocação para o serviço. Tempo de deslocamento residência-trabalho-residência (Horas In Itinere): Considera como componente da jornada também o tempo despendido pelo obreiro no deslocamento residência-trabalho- residência, período em que efetivamente não há efetiva prestação de serviços. Não obstante o tempo de deslocamento seja a ampliação do tempo à disposição, a doutrina e a jurisprudência entendiam de modo pacífico que ele não está acobertado pelo art. 4º CLT. Acontece que agora, o TST editou a Súmula 429 que estabelece o contrário, observem na próxima página: BIZU DE PROVA Curso Direito do Trabalho AFT Teoria e Questões ESAF PROFESSORA: Déborah Paiva Profa. Déborah Paiva www.pontodosconcursos.com.br 38 Atenção: No dia 24 de Maio de 2011, o TST editou a Súmula 429 que considera tempo à disposição do empregador, na forma do art. 4º da CLT, o tempo necessário ao deslocamento do trabalho entre a portaria da empresa e o local de trabalho, desde que supere o limite de dez minutos diários. Embora este critério não fosse adotado como regra geral no nosso ordenamento jurídico, antes da edição da Súmula 429 do TST, havia exceções no direito do Trabalho em que o tempo de deslocamento é acolhido, vejamos: Exceção 01: Categoria dos ferroviários, turmas de conservação de ferrovias (art.238 § 3º da CLT). Art. 238 da CLT Será computado como de trabalho efetivo todo o tempo em que o empregado estiver à disposição da Estrada. § 1º - Nos serviços efetuados pelo pessoal da categoria c, não será considerado como de trabalho efetivo o tempo gasto em viagens do local ou para o local de terminação e início dos mesmos serviços. § 2º - Ao pessoal removido ou comissionado fora da sede será contado como de trabalho normal e efetivo o tempo gasto em viagens, sem direito à percepção de horas extraordinárias. § 3º - No caso das turmas de conservação da via permanente, o tempo efetivo do trabalho será contado desde a hora da saída da casa da turma até a hora em que cessar o serviço em qualquer ponto compreendido dentro dos limites da respectiva turma. Quando o empregado trabalhar fora dos limites da sua turma, ser-lhe-á também BIZU DE PROVA Curso Direito do Trabalho AFT Teoria e Questões ESAF PROFESSORA: Déborah Paiva Profa. Déborah Paiva www.pontodosconcursos.com.br 39 computado como de trabalho efetivo o tempo gasto no percurso da volta a esses limites. § 4º - Para o pessoal da equipagem de trens, só será considerado esse trabalho efetivo, depois de chegado ao destino, o tempo em que o ferroviário estiver ocupado ou retido à disposição da Estrada. Quando, entre dois períodos de trabalho, não mediar intervalo superior a 1 (uma) hora, será esse intervalo computado como de trabalho efetivo. § 5º - O tempo concedido para refeição não se computa como de trabalho efetivo, senão para o pessoal da categoria c, quando as refeições forem tomadas em viagem ou nas estações durante as paradas. Esse tempo não será inferior a 1 (uma) hora, exceto para o pessoal da referida categoria em serviço de trens. § 6º No trabalho das turmas encarregadas da conservação de obras-de-arte, linhas telegráficas ou telefônicas e edifícios, não será contado como de trabalho efetivo o tempo de viagem para o local do serviço, sempre que não exceder de 1 (uma) hora, seja para ida ou para volta, e a Estrada fornecer os meios de locomoção, computando-se sempre o tempo excedente a esse limite. Exceção 02: Trabalhador em minas e subsolo (art. 294 da CLT) Art. 294 da CLT O tempo despendido pelo empregado da boca da mina ao local do trabalho e vice-versa será computado para o efeito de pagamento do salário. Exceção 03: Jornada In Itinere: Considera-se jornada in itinere o período em que o empregado leva para chegar até o local de trabalho em algumas situações específicas. Curso Direito do Trabalho AFT Teoria e Questões ESAF PROFESSORA: Déborah Paiva Profa. Déborah Paiva www.pontodosconcursos.com.br 40 A jornada in itinere está regulamentada pelas Súmulas 90 e 320 do TST e pelo art. 58, parágrafo 2º da CLT, será estudada no item 3.4 desta aula. Art. 58 § 2º CLT O tempo despendido pelo empregado até o local de trabalho e para o seu retorno, por qualquer meio de transporte, não será computado na jornada de trabalho, salvo quando tratando-se de local de difícil acesso ou não servido por transporte público o empregador fornecer a condução. Jornada Legal e Convencional: A norma constitucional refere-se ao limite máximo da duração normal do trabalho. A lei, a convenção coletiva e o acordo coletivo poderão adotar limites inferiores para atividades profissionais que justifiquem o tratamento diferenciado. Também poderão ajustar duração normal do trabalho abaixo do parâmetro constitucional, o contrato individual de trabalho e o regulamento da empresa. Art.7º XIII da CF/88 duração normal do trabalho não superior a oito horas diárias e quarenta e quatro horas semanais, facultada a compensação de horários e a redução da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho. A Jornada Legal é aquela que é estabelecida em lei e não poderá ser superior ao limite constitucional de 8 horas diárias e 44 horas semanais. A Jornada Convencional é aquela adotada por convenção coletiva, que é celebrada entre o Sindicato da categoria profissional e o Sindicato da categoria econômica (art. 611 da CLT). Conforme já mencionado anteriormente, algumas categorias possuem jornadas semanais ediárias diferenciadas da regra geral imposta na CRFB/88 de 8 horas diárias e 44 semanais, observem: Curso Direito do Trabalho AFT Teoria e Questões ESAF PROFESSORA: Déborah Paiva Profa. Déborah Paiva www.pontodosconcursos.com.br 41 Cabineiro de elevadores: 6 horas diárias - vedada prorrogação. Bancários: 6 horas diárias - 30 semanais ou 8 horas diárias e 44 semanais, para o gerente exercente de cargo de chefia e que ganhe 1/3 a mais. Empregados no serviço de telefonia, telegrafia submarina ou subfluvial, de radio telegrafia ou radio telefonia: 6 horas diárias/ 30 semanais. Operadores cinematográficos: 6 horas diárias de trabalho (5 horas consecutivas na cabine e 1 hora para limpeza e lubrificação). Jornalista Profissional: 5 horas diárias/ não podendo ser excedida seja durante o dia ou à noite. Músicos: A duração normal do trabalho dos músicos não poderá exceder cinco horas. A duração normal poderá ser elevada a 6 horas nos estabelecimentos de diversões públicas ou a sete horas nos casos de força maior ou festejos populares e serviço reclamado pelo interesse nacional. Dos Intervalos: “Os intervalos ou períodos de descanso são lapsos temporais, remunerados ou não, dentro ou fora da jornada, que tem a finalidade de permitir a reposição das energias gastas durante o trabalho” (Vólia Bonfim). Os intervalos dividem-se em: Intervalos Interjornada e Intervalos Intrajornada, observem a seguir: ⇒ Intervalo Interjornada: É a pausa concedida ao empregado entre o final de uma jornada diária de trabalho e o início de outra no dia seguinte. Podem ser de: Regra geral: 11 horas consecutivas (art. 66 da CLT) Jornalista: 10 horas (art. 308 da CLT) Operadores cinematográficos: 12 horas (art. 235, parágrafo 2º da CLT) Ferroviários: 14 horas (art. 245 da CLT) Telefonistas: 17 horas (art. 229 da CLT) Aeronautas: 12 horas (após jornada de até 12 horas),16 horas(após jornada de mais de 12 horas e até 15 horas) ou 24 horas (após jornada de mais de 15 horas) de descanso (Arts. 34 e 37 da Lei 7.183/84). Curso Direito do Trabalho AFT Teoria e Questões ESAF PROFESSORA: Déborah Paiva Profa. Déborah Paiva www.pontodosconcursos.com.br 42 Ainda sobre intervalos interjornada temos os seguintes entendimentos jurisprudenciais: ⇒ OJ 355 da SDI-1 do TST O desrespeito ao intervalo mínimo interjornadas previsto no art. 66 da CLT acarreta, por analogia, os mesmos efeitos previstos no § 4º do art. 71 da CLT e na Súmula nº 110 do TST, devendo-se pagar a integralidade das horas que foram subtraídas do intervalo, acrescidas do respectivo adicional. ⇒ Súmula 110 do TST No regime de revezamento, as horas trabalhadas em seguida ao repouso semanal de 24 horas, com prejuízo do intervalo mínimo de 11 horas consecutivas para descanso entre jornadas, devem ser remuneradas como extraordinárias, inclusive com o respectivo adicional. Explicando: Quando for desrespeitado o intervalo entre duas jornadas de trabalho, o empregador deverá remunerar como serviço extraordinário a totalidade do período que foi desrespeitado. Ex: José trabalhou até às 18 horas de um dia e no dia seguinte iniciou a seu trabalho às 2 horas da manhã. Sendo assim, entre uma jornada e outra decorreram oito horas, Portanto ele deverá receber como horas extraordinárias 3 horas (11 horas - 8 horas). Súmula 118 do TST Os intervalos concedidos pelo empregador na jornada de trabalho, não previstos em lei, representam tempo à disposição da empresa, remunerados como serviço extraordinário, se acrescidos ao final da jornada. ⇒ Intervalo Intrajornada: São as pausas que ocorrem dentro da jornada diária de trabalho com a finalidade de permitir o repouso e a alimentação do trabalhador. Curso Direito do Trabalho AFT Teoria e Questões ESAF PROFESSORA: Déborah Paiva Profa. Déborah Paiva www.pontodosconcursos.com.br 43 O primeiro deles ocorrerá quando a jornada diária de trabalho exceder de 6 horas, porque será obrigatória a concessão de um intervalo para repouso e alimentação, de no mínimo 1 hora e salvo acordo ou convenção coletiva não poderá exceder de 2 horas, não sendo computado o intervalo na duração da jornada (art. 71 da CLT). Quando a jornada diária de trabalho exceder de 4 horas, mas não ultrapassar 6 horas, o intervalo intrajornada será de 15 minutos, não sendo computado o intervalo na duração da jornada. Art. 71 da CLT Em qualquer trabalho contínuo, cuja duração exceda de 6 (seis) horas, é obrigatória a concessão de um intervalo para repouso ou alimentação, o qual será, no mínimo, de 1 (uma) hora e, salvo acordo escrito ou contrato coletivo em contrário, não poderá exceder de 2 (duas) horas. § 1º - Não excedendo de 6 (seis) horas o trabalho, será, entretanto, obrigatório um intervalo de 15 (quinze) minutos quando a duração ultrapassar 4 (quatro) horas. § 2º - Os intervalos de descanso não serão computados na duração do trabalho. § 3º - O limite mínimo de 1 (uma) hora para repouso ou refeição poderá ser reduzido por ato do Ministro do Trabalho quando, ouvida a Secretaria de Segurança e Higiene do Trabalho, se verificar que o estabelecimento atende integralmente às exigências concernentes à organização dos refeitórios e quando os respectivos empregados não estiverem sob regime de trabalho prorrogado a horas suplementares. § 4º - Quando o intervalo para repouso e alimentação, previsto neste artigo, não for concedido pelo empregador, este ficará obrigado a remunerar o período correspondente com um acréscimo de no mínimo 50% (cinqüenta por cento) sobre o valor da remuneração da hora normal de trabalho. OJ 342 da SDI – 1 do TST I – É inválida cláusula de acordo ou convenção coletiva de trabalho contemplando a supressão ou redução do intervalo intrajornada porque este constitui medida de higiene, saúde e segurança do trabalho, garantido por norma de ordem pública (art. 71 da CLT e art. 7º, XXII, da CF/1998), infenso à negociação coletiva. II – Curso Direito do Trabalho AFT Teoria e Questões ESAF PROFESSORA: Déborah Paiva Profa. Déborah Paiva www.pontodosconcursos.com.br 44 Ante a natureza do serviço e em virtude das condições especiais de trabalho a que são submetidos estritamente os condutores e cobradores de veículos rodoviários, empregados em empresas de transporte público coletivo urbano, é valida cláusula de acordo ou convenção coletiva de trabalho contemplando a redução do intervalo, deste que garantida a redução da jornada para, no mínimo, sete horas diárias ou quarenta e duas semanais, não prorrogada, mantida a mesma remuneração e concedidos intervalos para descanso menores e fracionários ao final de cada viagem, não descontados da jornada. Outras Orientações Jurisprudenciais do TST: OJ Nº 307 da SDI – 1 do TST Após a edição da Lei nº 8.923/94, a não-concessão total ou parcial do intervalo intrajornada mínimo, para repouso e alimentação, implica o pagamento total do período correspondente, com acréscimo de, no mínimo, 50% sobre o valor da remuneração da hora normal de trabalho (art. 71 da CLT). OJ 354 da SDI-1 do TST Possui natureza salarial a parcela prevista no art. 71, § 4º, da CLT, com redação introduzida pela Lei nº 8.923, de 27 de julho de 1994, quando não concedido ou reduzido pelo empregador o intervalo mínimo intrajornada para repouso e alimentação, repercutindo, assim, no cálculo de outras parcelas salariais. Outros exemplos de intervalos intrajornada: A) Nos serviços permanentes de mecanografia, datilografia, escrituração ou cálculo, a cada período de 90 minutos de trabalho será concedido um intervalo de 10 minutos para repouso, não deduzidos da duração normal do trabalho. Súmula 346 do TST Os digitadores, por aplicação analógica do art. 72 da CLT, equiparam-se aos trabalhadores nos serviços de mecanografia (datilografia,
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