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Gabriela de Godoy 2020 1 Patologias do TGI – Estômago O TGI é um trajeto com 7 a 7,9cm que se estende desde a boca, passando pelo estomago e intestino, até o Ânus. FISIOLOGIA GÁSTRICA O estomago é um órgão sacular de 100-1500ml. Possui uma inervação vagal. 5 regiões anatômicas: cárdia, fundo, corpo, antro e piloro. Secreção ácida: a principal característica da fisiologia gástrica é a secreção de ácido clorídrico, dividida em 3 fases: Fase cefálica, iniciada pela visão, paladar, olfato, mastigação e deglutição dos alimentos agradáveis, é mediada por atividade vagal. Fase gástrica envolve a estimulação mecânica dos receptores pela distensão gástrica e é mediada por impulsos vagais; também se relaciona com a liberação de gastrina pelas células endócrinas, as células G das glândulas antrais. A liberação de gastrina é induzida por aminoácidos e peptídeos luminais e, provavelmente, por estimulo vagal também. Fase intestinal, iniciada quando os alimentos contendo proteínas digeridas chegam ao intestino delgado proximal; envolve vários peptídeos além da gastrina. Proteção da mucosa: quando a mucosa gástrica atinge o máximo, a concentração intraluminal de íon hidrogenado é 3 milhões de vezes maior do que a do sangue e dos tecidos. A “barreira mucosa” protege a mucosa gástrica contra a autodigestão e é constituída por: Secreção de muco; Secreção de bicarbonato: o que cria um PH neutro. Barreira epitelial; Fluxo sanguíneo mucoso; Síntese de prostaglandina. Gabriela de Godoy 2020 2 GLÂNDULAS GÁSTRICAS Glândulas da cárdia: células secretoras de mucina; Glândulas gástricas oxínticas: encontradas no fundo e corpo, contem células parietais, principais e endócrinas. Glândulas do antro ou piloro: secretam mucinas e hormônios. TIPOS CELULARES Células mucosas: cárdia e antro secretando pepsinogênio II. As células mucosas no fundo e corpo secretam pepsinogênio I e II. Células parietais: ½ superior das glândulas gástricas, no fundo e no corpo. Células principais: secretam pró-enzimas proteolíticas como pepsinogênio I e II. Células endócrinas: presentes no fundo, antro. Atuam de modo endócrino e parácrino = gastrina. DOENÇA INFLAMATÓRIA DO ESTÔMAGO 1) GASTRITE É uma inflamação da mucosa gástrica. A inflamação pode ser aguda, com infiltrado neutrofílico, ou crônica, com linfócitos e/ou plasmócitos predominando em associação com metaplasia intestinal e atrofia. 1.1. GASTRITE AGUDA É um processo inflamatório agudo da mucosa geralmente de natureza transitória. Pode se assintomático ou provocar graus variáveis de dor epigástrica, náuseas e vômitos. Em casos mais graves pode haver a erosão da mucosa, ulceração, hemorragia, hematêmese (vômito com sangue), melena (eliminação de sangue juntamente com as fezes) ou, raramente, perda maciça de sangue. PATOGENIA DA GASTRITE AGUDA A gastrite aguda é frequentemente associada a: → Uso exagerado de AINE, particularmente aspirina. → Consumo excessivo de álcool. Gabriela de Godoy 2020 3 → Fumo excessivo. → Tratamento com quimioterápicos contra o câncer. → Infecções sistêmicas bacterianas ou virais. → Estresse interno. → Isquemia e choque. → Irradiação ou congelamento gástrico. → Trauma mecânico. → Gastrectomia distal. A luz gástrica é fortemente acida, com PH próximo de 1. Esse ambiente hostil contribui para a digestão, mas também tem o potencial de danificar a mucosa. A mucina secretada pelas células foveolares da superfície forma uma camada fina de muco que impede que as partículas de alimentos toquem diretamente o epitélio. A camada de muco também promove a formação de uma camada “imperturbável” de liquido sobre o epitélio que protege a mucosa e tem ph neutro como resultado de secreção de íons de bicarbonato por células epiteliais de superfície. O rico suprimento vascular para a mucosa gástrica fornece oxigênio, bicarbonato e nutrientes, enquanto lava o acido que difundiu de volta em direção a lâmina própria. A gastrite aguda ou crônica pode ocorrer depois da ruptura de qualquer um desses mecanismos de proteção: secreção acida aumentada com difusão retrógrada, redução da produção de tampão de bicarbonato, redução do fluxo sanguíneo, ruptura da camada mucosa aderente e lesão direta ao endotélio. Fármacos AINES podem interferir na citoproteção normalmente fornecida por prostaglandinas ou reduzir a secreção de bicarbonato, sendo que ambos aumentam a suscetibilidade da mucosa gástrica a lesões. Síntese reduzida de mucina em idosos é sugerida como um fator que explica a sua maior suscetibilidade a gastrite. 2) ÚLCERA PÉPTICA AGUDA A lesão péptica aguda focal é uma complicação bem conhecida da terapia de AINES, bem como o estresse fisiológico. Tais lesões incluem: Gabriela de Godoy 2020 4 → Ulceras de estresse, que mais comumente acometem pacientes criticamente doentes com choque, sepse ou traumatismo grave. → Ulceras duodenais, que ocorrem no duodeno proximal associadas a queimaduras graves ou traumatismos. → Ulceras de Cushing, que surgem no estômago, duodeno ou esôfago de pessoas com doença intracraniana, e tem alta incidência de perfuração. PATOGENIA As ulceras induzidas por AINEs são causadas por irritação química direta, bem como inibição da glicoxigenase, o que impede a síntese de prostaglandina. Isso elimina os efeitos protetores de prostaglandinas, que incluem aumento da secreção de bicarbonato e aumento da perfusão vascular. Acredita-se que as lesões associadas a lesão intracraniana sejam causadas por estimulação direta dos núcleos vagais, o que causa hipersecreção de ácido gástrico. a acidose sistêmica, um achado frequente em pacientes críticos, também pode contribuir para a lesão da mucosa através da redução do pH intracelular de células da mucosa. A hipóxia e o FS reduzido causados por vasoconstrição esplâncnica induzida por estresse também contribuem para a patogenia da ulcera aguda. CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS Os sintomas incluem náuseas, vômitos e hematêmese em borra de café. Sangramento de erosões gástricas ou ulceras superficiais que podem exigir transfusão desenvolvem-se em 1-4% desses pacientes. Outras complicações incluindo perfuração, também podem ocorrer. Inibidores de bomba de prótons, ou os menos utilizados antagonistas de H2 da histamina, podem atenuar o impacto da úlcera de estresse, mas o determinante mais importante de resultado é a gravidade da doença subjacente. Gabriela de Godoy 2020 5 3) GASTRITE CRÔNICA É definida como a presença de alterações inflamatórias mucosas crônicas que ao fim levam a atrofia mucosa e a metaplasia intestinal, geralmente na ausência de erosões. As alterações epiteliais podem se tornar displásicas e constituir uma base para o desenvolvimento de carcinoma. Náuseas e desconforto abdominal superior podem ocorrer, as vezes com vômitos, mas hematêmese é incomum. A causa mais comum gastrite crônica é a infecção com o bacilo Helicobacter pylori. A gastrite autoimune, a causa mais comum de gastrite atrófica, representa menos de 10% dos casos de gastrite crônica em pacientes sem infecção pelo H. pylori. PATOGENIA As principais associações causais da gastrite crônica são: → Infecção pelo H. pylori. → Imunológica, em associação com anemia perniciosa. → Toxica, como no caso do alcoolismo e tabagismo. → Pós-cirúrgica, especialmente após antrectomia com gastro- enterostomia, por refluxo das secreções biliares duodenais. → Motoras e mecânicas, incluindo obstrução e atonia gástrica. → Doenças granulomatosas. A infecção por h. pylori na maioria das vezes manifesta-se como gastrite predominantemente antral com alta produção de ácido, apesar de hipogastrinemia. Organismos de H. pylori adaptaram-se ao nicho ecológicofavorecido pelo muco gástrico. Embora o H. pylori possa invadir a mucosa gástrica, a contribuição da invasão para a patogenia da doença não é conhecida. 4 características estão ligadas a virulência de H. pylori: I. Flagelos, que possibilitam que as bactérias sejam moveis no muco viscoso. II. Urease, que geral amônia a partir de ureia endógena, elevando o pH gástrico local em torno de microrganismos e protegendo do pH ácido do estomago. Gabriela de Godoy 2020 6 III. Adesinas, que aumentam a aderência bacteriana a superfície das células foveolares. IV. Toxinas, como aquelas codificadas pelo gene A associado a citotoxina (CagA), que podem estar envolvidas no desenvolvimento de úlcera ou câncer por mecanismos mal definidos. TUMORES GÁSTRICOS BENIGNOS No trato alimentar, o termo pólipo é aplicado a qualquer nódulo ou massa que se projete acima do nível da mucosa circundante. Podem ser pólipo não neoplásicos ou pólipos neoplásicos. Pólipos gástricos são incomuns. PÓLIPOS NÃO-NEOPLÁSICOS Podem ser hiperplásicos ou inflamatórios: são lisos e sésseis (sem uma haste) ou pedunculados (com uma haste), com túbulos e cistos epiteliais entremeados com um estroma inflamado. Comuns na gastrite crônica e frequentemente múltiplos. De glândulas fúndicas: apresentam dilatação inócua de glândulas fúndicas. Fibroides inflamatórios: originam-se da submucosa e envolvem proliferação de fibroblastos com infiltrado de células inflamatórias (eosinófilos). PÓLIPOS NEOPLÁSICOS Adenomas gástricos são neoplasmas verdadeiros com epitélio displásico proliferativo. Geralmente único, podendo ser séssil ou pediculado. Podem ter origem através de uma gastrite crônica. Gabriela de Godoy 2020 7 TUMORES GÁSTRICOS – CARCINOMA GÁSTRICO Tumores malignos do estomago -> 90 a 95% são carcinomas. Ocorre com os tipos intestinal e difuso. A localização dos carcinomas gástricos no estomago é: piloro e antro – 50 a 60%, cárdia – 25% e o restante ocorre no corpo e no fundo. Fatores de risco: → Câncer difuso: mal definidos. → Tumores tipo intestinal: ambiente (dieta, tabagismo), hospedeiro (infecção pelo H. pylori com gastrite crônica, gastrectomias parciais). Classificados por: → Profundidade de invasão; → Padrão de crescimento macroscópico. Manifestações clinicas: assintomática (inicio), porem há perda de peso, dor abdominal, anorexia, vômitos, hábitos intestinais alterados, disfagia, sintomas de anemia e hemorragia.
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