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ESTHER ANDRADE | TURMA 85 | Patologia – P.S.D. II ANATOMIA Órgão sacular intra-abdominal. Volume: 1,2L a 1,5L (capacidade de 3L). Situado à esquerda da linha média torácica em sua porção superior (onde se conecta ao esôfago terminal) e à direita da mesma em sua porção inferior (onde termina do duodeno). MACROSCOPIA Concavidade = pequena curvatura (incisura angularis: ângulo que marca o ponto de estreitamento). Convexidade = grande curvatura Pregas (rugas): normalmente mais proeminentes na porção proximal. Ficam aplanadas quando o órgão está distendido. MICROSCOPIA Mucosa Fovéolas gástricas: células colunares produtoras de mucina e glândulas mucosas que variam com a região gástrica. Toda a mucosa gástrica é substituída entre 2 a 6 dias. Submucosa Muscular própria Serosa HISTOLOGIA Células mucosas – produtoras de muco Células parietais – bomba de prótons H+ e fator intrínseco. (ligante da vitamina B12 para absorção no íleo) Células principais – pepsinogênio, ativado em pepsina pelo baixo Ph. É inativado em Ph maior que 6, na entrada do duodeno. Células endócrinas – produtos endócrinos (gastrina) Córium – lâmina própria ANATOMIA + HISTOLOGIA Estômago tem 5 regiões: Cárdia - células mucossecretoras Fundo – glândulas oxínticas: células parietais, principais e endócrinas. Corpo – igual ao fundo Antro – células mucossecretoras e endócrinas Piloro – igual ao antro ESTHER ANDRADE | TURMA 85 | Patologia – P.S.D. II FISIOLOGIA SECREÇÃO ÁCIDA Secreção de ácido clorídrico (HCl) em 3 fases: 1. Cefálica: atividade vagal (cheirar, ver, sentir, mastigar, deglutir) 2. Gástrica: estímulo mecânico da distensão gástrica e impulsos vagais, bem como aminoácidos luminais e peptídeos liberam gastrina pelas células endócrinas G. 3. Intestinal: alimento contendo enzimas digestivas entra no duodeno, envolvendo um polipeptídio (distinto da gastrina). PROTEÇÃO MUCOSA Na fase secretora máxima, a concentração de hidrogênio luminal é 3 milhões de vezes mais ácido que o sangue. A barreira mucosa protege as células gástricas de autodigestão: 1. Secreção mucosa: fina camada de muco na superfície do estômago e duodeno exibe um coeficiente de difusão para o H+, passando através dessa camada para o lúmen, sem entrar em contato com a superfície epitelial. 2. Secreção de bicabornato: células epiteliais secretam bicarbonato na zona de aderência mucosa, criando um microambiente essencial de ph neutro adjacente a superfície dessas células. 3. Barreira epitelial: junções intercelulares conferem uma barreira a difusão retrógrada do H+. Rupturas epiteliais são rapidamente restituídas com as células existentes migrando ao longo da membrana basal exposta, cobrindo o defeito e refazendo a integridade da barreira epitelial. 4. Fluxo sanguíneo mucoso: o rico aporte sanguíneo fornece O2, bicabornato e nutrientes para as células epiteliais e remove o ácido que possa refluir. FISIOPATOLOGIA Quando a barreira mucosa é quebrada, a muscular da mucosa limita a injúria tecidual. Dano superficial limitado a mucosa é curado em horas ou poucos dias. Dano que se estende a submucosa requer semanas para a cura completa. Esses mecanismos de defesa impedem que as próprias células ou parede gástrica tenha o mesmo destino da comida deglutida. GASTRITE O diagnóstico “gastrite” é tanto superusado quanto não reconhecido (“perdido”). Superusado pois é falado para qualquer queixa na região epigástrica, sem validação de evidências diagnósticas. Perdido pois muitos pacientes com gastrite crônica são assintomáticos. O conceito histológico de gastrite é definido pela presença de inflamação na mucosa gástrica, que pode ser: Predominantemente aguda, com infiltração de neutrófilos. Crônica, com linfócitos e/ou plasmócitos, podendo estar associado à metaplasia intestinal e atrofia. Quando existe agressão ou disfunção da mucosa gástrica sem a presença de células inflamatórias participando do processo, não usamos o termo gastrite mais sim gastropatia. GASTRITE AGUDA Processo inflamatório agudo da mucosa gástrica, usualmente de natureza transitória. O conceito histológico de gastrite aguda é definido pela presença de exsudato fibrinoso com neutrófilos e edema. A inflamação pode ser acompanhada de hemorragia microscópica na mucosa e, em casos mais severos, erosão (com sangramento gastrointestinal). Causas (patogênese): uso de AINES (principalpente aspirina - supressão da síntese de prostaglandinas pela mucosa/ irritante direto), consumo excessivo de álcool, tabagismo, quimioterapia, uremia, infecções sistêmicas (ex: salmonelose), estresse tecidual severo ESTHER ANDRADE | TURMA 85 | Patologia – P.S.D. II (traumas, queimaduras, cirurgias), isquemia e choque, tentativa de suicídio por ingestão de álcalis ou ácidos, irradiação ou congelamento, traumas mecânicos (intubação nasogástrica), gastrectomia distal. Todos esses têm alguma relação com: aumento da secreção ácida e difusão retrógrada, diminuição da produção do tampão de bicarbonato, redução do fluxo sanguíneo, disrupção da camada aderente mucosa e dano direto ao epitélio. Esses fatores também atuam sinergicamente. MICROSCOPIA Leve: Córium (lâmina própria) com edema, congestão vascular, alguns neutrófilos na superfície epitelial. A presença de neutrófilos acima da membrana basal é sempre anormal e significa inflamação ativa (atividade). Severo: erosão da mucosa e hemorragia. Erosão da mucosa gástrica Perda do epitélio superficial gerando um defeito que não ultrapassa a camada muscular da mucosa. Acompanhado de um grande infiltrado infamatório agudo e exsudato fibrino- purulento no lúmen. Hemorragia pode ocorrer na forma de pontos escuros numa mucosa hiremiada. Erosão associada a hemorragia é chamada gastrite erosiva aguda. ASPECTOS CLÍNICOS Dor epigástrica, vômitos, náusea ou pode ser assintomático. Pode ter hemorragia, hematêmese, melena. É uma das maiores causas de hematêmese maciça em alcoólatras. GASTRITE CRÔNICA Alterações inflamatórias crônicas da mucosa gástrica, levando a atrofia e metaplasia, usualmente na ausência de erosão. As alterações epiteliais podem se tornar displásicas e então constituírem um ambiente para o desenvolvimento de um carcinoma. CAUSAS (PATOGÊNESE) Infecção crônica por Helicobacter pylori, Etiologia imunológica (autoimune) em associação com anemia perniciosa, Toxicidade (etilismo e tabagismo), Pós cirurgia de retirada antral com refluxo biliar, Alteração motora e mecânica (obstrução, bezoar e atonia gástrica), Irradiação, Inflamações granulomatosas, Outros (amiloidose, doença enxerto- versus-hospedeiro). A Associação etiológica mais importante é com a infecção pelo bacilo Helicobacter pylori, que está presente em 90% das gastrites crônicas antrais. A colonização pode ser assintomática. Os pacientes têm risco aumentado de desenvolver úlcera péptica e câncer gástrico. Agressão Proteção HCl Muco Bicabornato Prostaglandina E2 Regeneração celular Vascularização Aspirina Álcool Fumo Isquemia Stress Quimioterapia ESTHER ANDRADE | TURMA 85 | Patologia – P.S.D. II Pode afetar diferente regiões do estômago e ter vários graus de dano da mucosa. Auto-imune: dano difuso da mucosa de fundo-corpo gástrico (e menos intenso em antro). H. pylori e outras causas ambientais: tendem a afetar mais a mucosa antral ou ambas (antro e fundo-corpo pangastrite). Relação com o desenvolvimento de úlcera péptica e de carcinoma gástrico (e também de linfoma,no caso de infecção por H. pylori). GASTRITE AUTO-IMUNE Menos de 10% dos casos de gastrite crônica. Presença de auto-anticorpos contra as células parietais e fator intrínseco. A destruição das glândulas com subsequente atrofia da mucosa leva a diminuição da produção de ácido, perdendo a produção de fator intrínseco e gerando anemia perniciosa. É comum associação com outras doenças autoimunes como tireoidite de Hashimoto. HELYCOBACTER PYLORI Infecção por Bacilo curvilíneo Gram- negativo. Adaptação ao muco gástrico através de: Motilidade (via flagelo), permitindo seu deslocamento no muco viscoso. Elaboração da urease (produção de amônia a partir de ureia endógena. Tamponando a acidez gástrica ao seu redor. Adesão, ligação do microrganismo à célula epitelial (mais frequente em indivíduos fator Rh O) As proteínas cagA e vacA produzem substâncias pró-inflamatórias que iniciam e perpetuam o estado de injúria crônica da mucosa. MACROSCOPIA Hiperemia e aspecto mais grosseiro da mucosa que o habitual, com espessamento das pregas (podendo mimetizar lesão infiltrativa). Casos já com atrofia tem a mucosa afinada e aplanada. MICROSCOPIA Infiltrado inflamatório com linfócitos e plasmócitos no Córium. Atividade = presença de neutrófilos na superfície epitelial das glândulas e/ou foveolas. Agregados linfoides e centros germinativos são frequentemente vistos. Alterações regenerativas: resposta proliferativa a injúria epitelial constante, com figuras mitóticas, hipercromasia, diminuição de muco citoplasmático, podendo ser difícil distinguir esse aspecto de uma displasia. Etapas evolutivas da gastrite crônica atrófica: ÚLCERA PÉPTICA É uma falha na continuidade da mucosa do trato alimentar, que se estende através da muscular da mucosa até a submucosa ou até mesmo mais além. ESTHER ANDRADE | TURMA 85 | Patologia – P.S.D. II Local mais prevalente: duodeno (a poucos centímetros do anel pilórico, mais frequente na parede anterior), seguido do antro do estômago (na pequena curvatura e incisura angularis). Proporção duodeno: estômago de 4:1. Mais comum em homem, adultos. Patogênese: desequilíbrio entre os mecanismos de defesa da mucosa e as forças danosas (ácido gástrico e pepsina). CLÍNICA Dor intensa na região abdominal e queimação. A dor tende a piorar a noite. Durante o dia costuma ocorrer 1 a 3h após as refeições. É aliviada com álcalis ou comida (existem exceções). Náusea, vomito, inchaço e perda de peso podem ocorrer. Tratamento: neutralização do ácido gástrico, promoção de secreção mucosa, inibição de secreção ácida (inibidores de bomba de prótons H+). COMPLICAÇÕES PRINCIPAIS Sangramento: levando a anemia. Perfuração: principal relação com mortalidade. Obstrução: por edema ou cicatriz. Dor intratável: dor irradia para as costas e quadrante superior esquerdo torácico, podendo ser confundida com origem cardíaca. MASCROSCOPIA Aparência tradicional: Pequena (<0,3 cm): tamanho unicamente não diferencia úlcera benigna de ulcera maligna. Rasa: pode acometer todas as camadas da parede do órgão (perfuração). Redonda a oval. Bem delimitada (defeito regular, com bordas lisas) Convergência de pregas – saca-bocado. Mucosa adjacente edematosa e avermelhada. Base limpa e regular (devido à digestão péptica do exsudato). Podem aparecer alguns vasos trombosados. Úlcera recente: bordas mais afastadas pois ainda não houve proliferação epitelial regenerativa. Na base, presença de infiltrado inflamatório caracterizando atividade e vasos congestos. Úlcera antiga: bordas já aproximadas, na tentativa de reparo regenerativo da ferida. Na base, aparece a fibrose com contração cicatricial e pinçamento das camadas musculares próprias, podendo aproximar vasos mesentéricos (maior calibre) e causar hemorragia pela exposição do mesmo. MICROSCOPIA Varia de necrose ativa a inflamação crônica e fibrose, até a cura. A mucosa adjacente mostra gastrite crônica. Úlcera ativa – 4 zonas: 1. Debris de necrose fibrinoide 2. Infiltrado inflamatório inespecífico com predomínio de neutrófilos 3. Camadas profundas/base da úlcera com tecido de granulação ativo com mononucleares. 4. Tecido de granulação sobre cicatriz fibrótica. Vasos espessados e ocasionalmente trombosados. ESTHER ANDRADE | TURMA 85 | Patologia – P.S.D. II ÚLCERA GÁSTRICA MALIGNA Contornos irregulares Fundo sujo (necrótico) Sem convergência de pregas Bordas sobrelevadas NEOPLASIAS GÁSTRICAS Podem ser: Benignas (pólipos): - Hiperplásicos. - Adenomas. Malignas: - Adenocarcinoma gástrico - Linfoma MALT ADENOCARCINOMA GÁSTRICO Mais comum: 90% dos casos. Ocorre em maior frequência em países orientais, adultos, 55 anos e em uma proporção H:M de 2:1. Fatores de risco: se associam mais ao tipo intestinal (dieta, álcool, fumo, gastrite crônica, H pylori, hereditariedade). LOCALIZAÇÃO Piloro e antro: 50 a 60% Cárdia: 25% Pequena curvatura: 40% Grande curvatura: 12% ASPECTOS MAIS IMPORTANTES 1. Profundidade de invasão (critério com maior impacto no prognóstico) - Carcinoma precoce: neoplasia maligna confinada a mucosa e a submucosa (independente da presença ou não de linfonodos regionais acometidos por metástase) precoce NÃO é sinônimo de carcinoma in situ - Carcinoma avançado: compromete além da submucosa, a camada muscular própria (ou além). 2. Padrão de crescimento macroscópico (Bormann) IV – aspecto cantil de couro 3. Subtipo histológico - São 2 subtipos histológicos principais: Morfologia intestinal (estruturas glandulares malignas) Difuso/ pouco diferenciado (células malignas descoesas, células em “anel de sinete"). METÁSTASES DE ADENOCARCINOMA GÁSTRICO Hematogênica: pulmão e mama Nodal: linfonodo supraclavicular (linfonodo de Virchow) Transcelômica (através da cavidade peritoneal): ovários (tumor de Krukenberg) LINFOMA GÁSTRICO Segundo tipo mais comum: 5% dos casos Linfoma não-Hodgkin de células B do tecido linfoide associado a mucosa (MALT) Relacionado a infecção pelo H. pylori O tratamento da infecção com antibióticos pode regredir o tumor. Macroscopia: apenas aspecto espessado da mucosa ou até aspecto semelhante aos carcinomas. Microscopia: proliferação de pequenos linfócitos atípicos na mucosa (no córium e infiltrando o epitélio glandular – "lesões linfoepiteliais"), centros germinativos de aspecto reacional e número variável de plasmócitos.
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