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10 FORMAÇÃO DE BRIGADA DE INCÊNDIO E EMERGÊNCIA NÍVEL BÁSICO 11 Prevenção de Incêndios Você conhece os instrumentos legais e normativos que envolve as atividades de risco? Quais são os comportamentos e habilidades que um brigadista deve ter? Nesta unidade estudaremos sobre os instrumentos legais e normativos referentes ao treinamento de pessoal envolvido nas atividades de risco. Veremos também sobre os comportamentos e habilidades corretivas e preventivas para a preservação da vida em situações de risco. 12 LEGISLAÇÃO Considerando que as atividades realizadas nas empresas oferecem risco e dano à vida, ao patrimônio e ao meio ambiente. Conscientes da necessidade de aprimoramento e capacitação da mão-de-obra, visando ainda a interação com os instrumentos legais e normativos referentes ao treinamento de pessoal envolvido nas atividades de risco – Portaria 3214/78 do MTB, NR 23- item 23.8 e NBR 14.276/99 da ABNT. Objetivando a capacitação dos funcionários das empresas, de forma que estes possam adotar comportamentos e habilidades corretivas e preventivas, para a preservação da vida, do patrimônio e do Meio Ambiente. 13 1.1 Introdução O brigadista antes de mais nada, precisa ter a mentalidade, o espírito de prevenir, colaborar com a sua própria segurança, com a dos colegas de trabalho, com as instalações onde trabalha e com a sua própria família. A solidariedade e o espírito de contribuir são fundamentais. Mas, para combater o fogo é necessário que a empresa tenha disponível bons equipamentos e pessoal treinado. Os participantes receberão orientações sobre: Mobilização dos brigadistas; Combate a incêndio; Técnicas de abandono e isolamento de áreas sinistradas; Aplicação de primeiros socorros. Conhecimentos Gerais do Brigadista: Conhecer os riscos de incêndio do prédio e instalações da empresa; Verificar as condições de operacionalidade dos equipamentos de combate a incêndio e de proteção individual; Conhecer o princípio de funcionamento de todos os sistemas de proteção contra incêndios; Agir de maneira rápida, enérgica e conveniente em situações de emergência. Compete ao Líder da Brigada: Normalizar as atividades da brigada; Planejar e coordenar programas, atividades, treinamentos e exercícios de avaliação do preparo e da eficiência da brigada; Autorizar o desligamento da chave geral da eletricidade; Designar os chefes de equipes; Inspecionar ou designar alguém para inspecionar periodicamente os equipamentos de combate a incêndios; Coordenar os atendimentos de primeiros socorros. 14 1.2 Legislação Estadual e Municipal A norma regulamentadora NR 23, da portaria 3.214 MTE, apresenta os requisitos exigidos em relação à proteção contra incêndio. Devemos conhecer a legislação Estadual, Municipal e as normas do IRB (Instituto de Resseguros do Brasil), do Corpo de Bombeiros e da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas). Dentre outras, a NR 23 aborda os seguintes aspectos: saída, portas, porta corta fogo, escadas, combate ao fogo, classes de fogo, extintores, inspeções. Tipos, quantidades, localização, sistemas de alarme e exercícios de alerta. Vide anexo NPT 17 do Corpo de Bombeiros do Estado do Paraná que aplica-se a todas as edificações ou áreas de risco, conforme o Código de Segurança Contra Incêndio e Pânico do Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do Estado do Paraná cujo principal objetivo é estabelecer as condições mínimas para a composição, formação, implantação, treinamento e reciclagem da brigada de incêndio para atuação em edificações e áreas de risco no Estado do Paraná, na prevenção e no combate ao princípio de incêndio, abandono de área e primeiros socorros, visando, em caso de sinistro, proteger a vida e o patrimônio, reduzir os danos ao meio ambiente, até a chegada do socorro especializado, momento em que poderá atuar no apoio. 15 1.3 Programa De Brigada de Incêndio De acordo com a norma regulamentadora do Ministério do Trabalho, a NR 23, as organizações devem possuir em seus quadros pessoas capacitadas para utilizar seus equipamentos de proteção contra incêndio. Essas pessoas têm papel fundamental, pois através de suas atuações teremos ações rápidas de combate ao princípio de incêndio e a salvaguarda das pessoas e equipamentos. Quando esse grupo de pessoas capacitadas é organizado com funções pré- determinadas, tem-se uma brigada de incêndio. Quanto mais eficiente se tornar a prevenção, menores serão as probabilidades da ocorrência de incêndio e, consequentemente, menores serão as oportunidades de o fogo causar danos às pessoas e ao patrimônio. 16 Brigada de Incêndio Grupo organizado de pessoas voluntárias ou não, treinadas e capacitadas para atuar na prevenção, abandono e combate a um Princípio de Incêndio e prestar os primeiros socorros, dentro de uma área preestabelecida. A Norma Regulamentadora nº 23 (NR 23), da Portaria 3.214, apresenta os requisitos exigidos em relação a proteção contra incêndio. Devemos conhecer a legislação Estadual, Municipal e as normas do IRB (Instituto de Resseguros do Brasil), do Corpo de Bombeiros, sua localização e da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas). Dentre outros, a NR 23 aborda os seguintes aspectos: saída, portas contrafogo, escadas, combate ao fogo, classes de fogo, extintores, inspeções, tipos, quantidades, localização, sistema de alarme e exercícios de alerta. Após a capacitação dos funcionários, cabe ao profissional da área de segurança do trabalho ou da CIPA (Comissão interna de Prevenção de Acidentes) a organização e estruturação da brigada de incêndio. Apenas possuir brigadistas em seu quadro de funcionários, não caracteriza que a organização ou edificação possui brigada de incêndio. Para se considerar uma brigada, os brigadistas deverão pertencer a um grupo ORGANIZADO, com funções e ações pré-estabelecidas. 17 Composição, atribuição e forma de atuação Todos os estabelecimentos ficam obrigados a constituir brigada de incêndio em atendimento ao previsto na NBR 14276 da ABNT. Esta deverá estar presente em todos os turnos de trabalho e possuir em seu quadro, representantes de todos os setores. O dimensionamento da brigada obedecerá aos critérios definidos na NBR 14276; A estrutura e definição das responsabilidades dos membros da brigada ficarão a critério do empreendedor, podendo ser adotadas recomendações da referida norma. O coordenador, chefe ou líder da brigada deverá ser autoridade máxima em caso de incêndio e portando, possuir cargo relevante no estabelecimento. A estrutura mínima da brigada será 03(três) integrantes, o que corresponde a um efetivo de até 06 (seis) funcionários no estabelecimento, terá a seguinte composição: 01(um) líder de brigada e 02 (dois) brigadistas. A seguir, o Organograma de uma Brigada de Incêndio, de acordo com a NBR 14.276, exemplos de Organogramas de Brigadas de Incêndio: 18 Exemplo 1 - Planta com uma edificação, 1 pavimento e 4 brigadistas. CBMPR NPT17 Anexo F CBMPR NPT17 Anexo F Exemplo 2 - Planta com uma edificação, 3 pavimentos e 3 brigadistas por pavimento. CBMPR NPT17 Anexo F 19 Exemplo 3 - Planta com duas edificações, a primeira com 3 pavimentos e 2 brigadistas por pavimento, e a segunda com um pavimento e 4 brigadistas por pavimento. CBMPR NPT17 Anexo F Exemplo 4 - Planta com duas edificações, com 3 turnos de trabalho e 3 brigadistas por edificação. 20 Nestes organogramastemos a estrutura hierárquica da brigada, consequentemente, o nível de responsabilidades e cadeia de comando do grupo. Esse organograma deve ficar em locais visíveis e com grande circulação de pessoas, com nome, foto, função na empresa dos brigadistas, telefone de contato, para facilitar o acionamento por qualquer funcionário da edificação, em caso de emergência. Você pode obter mais informações consultando a NBR 14276 – Programa de Brigada de Incêndio. Acessar o link: https://www.youtube.com/watch?v=eDgpwJf2Td A http://www.youtube.com/watch?v=eDgpwJf2Td 21 1.4 Normas Regulamentadoras NBRs (Normas Brasileiras) Fundada em 1940, a ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas – é o órgão responsável pela normalização técnica no país, fornecendo a base necessária ao desenvolvimento tecnológico brasileiro. É uma entidade privada, sem fins lucrativos, reconhecida como Fórum Nacional de Normalização – ÚNICO – através da Resolução n. º 07 do CONMETRO, de 24.08.1992. Normalização é a atividade que estabelece, em relação a problemas existentes ou potenciais, prescrições destinadas à utilização comum e repetitiva com vistas à obtenção do grau ótimo de ordem em um dado contexto. Na prática, a Normalização está presente na fabricação dos produtos, na transferência de tecnologia, na melhoria da qualidade de vida através de normas relativas à saúde, à segurança e à preservação do meio ambiente. 22 NR 23 - Proteção Contra Incêndios Todos os empregadores devem adotar medidas de prevenção de incêndios, em conformidade com a legislação estadual e as normas técnicas aplicáveis. O empregador deve providenciar para todos os trabalhadores informações sobre: a) Utilização dos equipamentos de combate ao incêndio; b) Procedimentos para evacuação dos locais de trabalho com segurança; c) Dispositivos de alarme existentes. NBR 9443 - Extintor de incêndio classe A – Ensaio de fogo em engradado de madeira. NBR 9444 - Extintor de incêndio classe B – Ensaio de fogo em líquido inflamável. NBR 13860 - Glossário de termos relacionados com a segurança contra incêndio. NBR 14276 - Programa de brigada de incêndio. NBR 5419 - Sistema de proteção contra descargas atmosférica. NBR 9077 - Saída de emergência em edifícios. 23 2 INSTRUÇÃO TÉCNICA DO CORPO DE BOMBEIROS DO PARANÁ NTP 017 A NPT017 do CBMPR de 12 de dezembro de 2017 traz instruções como, composição da brigada de incêndio, critérios básicos para seleção de candidatos a brigadista, organização da brigada, organograma da brigada de incêndio, atribuições da brigada de incêndio dentre outras. A brigada de incêndio deve ser composta pela população fixa e o percentual de cálculo do anexo A da NTP 017 do CBMPR, que é obtido levando-se em conta o grupo e a divisão de ocupação da planta, o grau de risco conforme condições descritas. Norma Técnica 017 CBMPR. Esta norma técnica estabelece as condições mínimas para a formação, treinamento e reciclagem da brigada de incêndio para atuação em edificações e áreas de risco no estado do Paraná. 24 3 PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS 3.1 TEORIA DO FOGO Ter conhecimento sobre Prevenção e Combate a Incêndios pode ser uma questão de sobrevivência. Muitas vítimas de um incêndio poderiam se salvar se tivessem recebido alguma orientação. Saber a quem recorrer em caso de incêndio é de extrema importância: Brigada de Incêndio: por lei, toda empresa precisa ter pessoas treinadas para atuar em situação de incêndio. O brigadista tem um conhecimento básico, mas saberá o que fazer para ajudar com mais eficiência em caso de um incêndio. Bombeiros Civis: são profissionais não-militares, que fizeram curso de formação de Bombeiro Civil. Trabalham contratados dentro de uma empresa e são muito mais preparados que os brigadistas, atuando não só na prevenção, mas também nos primeiros socorros. 25 Bombeiro Militar: é um policial militar a serviço do Estado, locado como Bombeiro. Presta socorro não só em casos de incêndio, mas também atendimento de rua em todo tipo de ocorrência. Muito bem preparado, atende pelo telefone de número 193. Sabemos que todo incêndio está relacionado com fogo, mas para sabermos reconhecer quando estamos diante de uma situação de emergência, devemos aprender a diferenciar fogo e incêndio e entender o que de fato é o incêndio. Fogo: é uma forma de combustão, de queima, caracterizada por uma reação química que combina calor com materiais e com o oxigênio do ar. Essa reação libera energia luminosa e calor. Fogo ou combustão é o resultado de uma reação química das mais simples e, para que ela se efetive, é necessária a presença de quatro elementos: combustível, comburente, ignição e reação em cadeia. 26 Incêndio: é um acidente provocado pelo fogo fora de controle. Como já dissemos o fogo sob controle não apresenta qualquer risco. Somente quando não conseguimos mais controlar a extensão e a velocidade de propagação do fogo é que se tem um incêndio. Nessa situação se faz necessária a utilização de meios específicos para realizar a sua extinção. Pela quantidade de combustível presente em veículos, em caso de um incêndio, há uma grande possibilidade de ocorrência de uma explosão. Lembre-se sempre de comunicar este fato às autoridades! Geralmente, um composto orgânico, como o papel, a madeira, os plásticos, certos gases, gasolina e outros, junto com o próprio ar, ao atingirem temperatura elevada, produzem queima. Um desses elementos presentes já é suficiente para que haja um agente desencadeador da reação para iniciar a queima, o que normalmente ocorre por meio de uma centelha ou faísca. 27 Agentes desencadeadores do incêndio Combustível: É o elemento que alimenta o fogo e que serve como campo para sua propagação. Podem ser sólidos, líquidos e gasosos. O combustível, para reagir como oxigênio, deve ser aquecido até o seu ponto de fulgor (temperatura mínima em que o material libera gases em quantidade suficiente para iniciar a combustão). Comburente: É o elemento ativador do fogo, ou seja, concebe vida as chamas. O comburente mais comum é o oxigênio, contido no ar atmosférico em uma porcentagem de 21%. Se essa porcentagem for próxima de 13% não haverá chama. Fonte de calor: É o agente que dá início ao processo de combustão, introduzindo na mistura combustível/comburente, a energia mínima inicial necessária. Reação em cadeia: É o processo de sustentabilidade da combustão, pela presença de radicais livres que são formados durante o processo de queima do combustível. É preciso haver uma centelha ou faísca produzindo o calor necessário para iniciar a reação de combustão. 28 3.2 Propagação do Fogo Propagação do fogo (calor): para que o fogo se espalhe, é preciso que o calor seja transferido de um local a outro, dando início à reação de queima, conforme já vimos. Vamos aprender agora, as formas de propagação do calor que podem gerar uma situação incontrolável, dando início a um incêndio. O calor pode se propagar de três diferentes maneiras: Por condução; Convecção; Irradiação. Como tudo na natureza tende ao equilíbrio, o calor é transferido de objetos com temperatura mais alta para aqueles com temperatura mais baixa. Assim, o “calor” do incêndio se propagará para todos os materiais próximos a ele, inclusive o próprio ar. Vamos agora entender as três principais formas de transferência de calor que acabamos de mencionar. 29 Condução: é a transferência de calor através de materiais sólidos, de molécula a molécula.Por exemplo: qualquer peça de um veículo pode conduzir calor. Convecção: nesse caso, a transferência de calor ocorre pelo movimento de massas de gases ou de líquidos. Irradiação: é a transmissão de calor por ondas de energia que se deslocam através do espaço. Um corpo mais aquecido emite ondas de energia térmica para um outro mais frio, sem que estejam em contato, até que ambos tenham a mesma temperatura. 30 3.3 CLASSES DE INCÊNDIO Neste tópico, vamos aprender a classificar os tipos de incêndio de acordo com o material que provoca a queima de combustível. Essa classificação é de extrema importância, pois, para cada classe de incêndio, há um também um tipo de extintor específico. Como dissemos, essa divisão tem como função facilitar a aplicação e utilização correta do agente extintor para cada tipo de material combustível. 31 Os incêndios podem pertencer a diferentes classes, a saber: Classe A: os materiais queimam em superfície e em profundidade que deixam resíduos. O resfriamento é o melhor método de extinção. Exemplos: fogo em papel, madeira, tecidos; Classe B: fogo em líquidos inflamáveis. Os materiais queimam em superfície. Neste caso, o abafamento é o melhor método de extinção. O agente extintor ideal é o pó químico seco (PQS) e espuma mecânica (LGE). Exemplos: fogo em gasolina, óleo e querosene; Classe C: fogo em equipamentos elétricos energizados. O agente extintor ideal é o pó químico seco (PQS) e o gás carbônico (CO2). Exemplos: fogo em motores, transformadores, geradores e computadores; 32 Classe D: fogo em metais combustíveis. O agente extintor ideal é o pó químico especial. Esta classe requer agentes extintores específicos. Exemplos: fogo em zinco, alumínio, sódio, magnésio; Classe E: fogo em material radioativo. Esta classe requer isolamento imediato da área. Contate imediatamente o corpo de bombeiros (telefone 193). Exemplo: fogo em produtos perigosos radioativos; Classe K: fogo em óleo e gorduras em cozinhas. O abafamento é o melhor método de extinção. Agente extintor ideal pó químico seco (PQSK). 33 Agora vamos conhecer os conceitos sobre pontos de fulgor, combustão e ignição. Ponto de fulgor: temperatura mínima necessária para que um combustível desprenda vapores ou gases inflamáveis, porém, não se mantém porque os gases produzidos ainda são insuficientes. Ponto de combustão: temperatura mínima necessária para que um combustível desprenda vapores ou gases inflamáveis que, mesmo que for retirada a fonte externa de calor, o fogo não se apaga, pois, esta temperatura faz gerar gases suficientes para manter o fogo ou a transformação em cadeia. Ponto de ignição: aquela em que os gases desprendidos dos combustíveis entram em combustão apenas pelo contato com o oxigênio do ar, independentemente de qualquer fonte de calor. 34 Eis, a seguir, exemplos de pontos de fulgor e temperatura de ignição para algumas substâncias: Combustíveis Ponto de fulgor Temperatura de ignição Álcool etílico + 12,6 °C + 371,0 °C Gasolina - 42,0 °C + 257,0 °C Querosene + 38,0 °C + 254,0 °C Parafina + 199,0 °C + 245,0 °C Fonte: CETESB (2016). 35 3.4 Métodos de Extinção Os métodos de extinção de incêndio visam eliminar um ou mais elementos geradores do fogo. Na ausência de qualquer um dos três componentes (combustível, comburente e calor), o fogo se extinguirá. Resfriamento: esse método consiste em resfriar o local por meio da aplicação de água ou gases frios provocando seu resfriamento e, consequentemente, eliminando o elemento “calor”. Abafamento: ao abafar o fogo, impede-se que o oxigênio participe da reação, retirando, assim, o comburente necessário ao processamento da queima. Isolamento: separando o combustível dos demais componentes do fogo, isolando-o, como na abertura de uma trilha (acero) na mata, por exemplo: evita- se a transposição das chamas. Quebra da reação em cadeia: esse método usa uma reação química entre o agente extintor e os radicais livres da reação em cadeia que a interrompe esta última, extinguindo as chamas. 36 4 VENTILAÇÃO Considerando o cenário de combate a incêndio, podemos dizer que a ventilação consiste na sistemática retirada de fumaça, ar e gases aquecidos de uma edificação, fazendo a substituição por ar fresco. A ventilação pode ser realizada em momentos distintos: Antes do combate (antes das linhas de ataque iniciarem a aplicar água); Durante o combate (simultaneamente ao trabalho das linhas de ataque); Após o combate, para retirar a fumaça e calor apenas. 37 4.1 Ventilação vertical A ventilação vertical é aquela em que os produtos da combustão caminham verticalmente pelo ambiente, através de aberturas verticais existentes (poços de elevadores, caixas de escadas), ou aberturas feitas pelo bombeiro (retirada de telhas). 4.2 Ventilação horizontal A ventilação horizontal é aquela em que os produtos da combustão caminham horizontalmente pelo ambiente. Este tipo de ventilação se processa pelo deslocamento dos produtos da combustão através de corredores, janelas, portas e aberturas em paredes no mesmo plano. 4.3 Ventilação natural A ventilação natural é aquela que consiste em abrir acessos existentes (portas, janelas, claraboias) ou criando acesso (quebrando parte da estrutura de paredes, teto ou destelhando telhado) permitindo a entrada natural de ar e saída de fumaça pela diferença de pressão. 4.4 Ventilação forçada A ventilação forçada é aquela que consiste no emprego de meios artificiais para acelerar a movimentação dos gases no ambiente sinistrado. Além da mera abertura de acessos, que se dá quase como na ventilação natural, a ventilação forçada conta com equipamentos para acelerar o deslocamento dos gases. 38 5 AGENTES EXTINTORES Todos os extintores, independente do seu tipo, devem conter uma determinada carga de agente extintor em seu interior, chamada de unidade extintora, cuja especificação é realizada por norma do corpo de bombeiros. São agentes extintores: Para cada classe de incêndio, existem extintores apropriados para combatê-los: 39 Tipo de extintor Classificação Utilização Pó químico A, B, C Romper o lacre, puxar o pino de segurança, apertar o gatilho e direcionar o jato para a base do fogo. Espuma A, B Romper o lacre, puxar o pino de segurança, apertar o gatilho e direcionar o jato para a base do fogo. Cuidado com líquidos inflamáveis, pois o jato pode espalhar as chamas. Água A Romper o lacre, puxar o pino de segurança, apertar o gatilho e direcionar o jato para a base do fogo. Gás carbônico B, C Romper o lacre, puxar o pino de segurança, apertar o gatilho e direcionar o jato para a base do fogo. Segurar na empunhadura, nunca no difusor pois corre risco de queimaduras. Fonte: SEST SENAT 40 6 EQUIPAMENTOS DE COMBATE A INCÊNDIO 6.1 Equipamentos de combate a incêndio e agentes extintores Neste item conheceremos alguns tipos de extintores portáteis e veremos alguns agentes extintores (água, pó químico, espuma etc). Extintores Portáteis e Carretas: o que chamamos de extintores de incêndio, são, na verdade, recipientes metálicos que contêm em seu interior agentes extintores para combate imediato e rápido a princípios de incêndio. Os extintores podem ser portáteis ou sobre rodas, conforme o seu tamanho e uso. 41 Os extintores são classificados de acordo com o tipo de incêndio a que sedestinam, ou seja, classes “A”, “B”, “C”, “D” ou “K”. Para cada classe de incêndio há um ou mais extintores adequados. Todos os modelos fabricados devem possuir, em seu corpo, um rótulo de identificação facilmente localizável. Esse rótulo traz informações sobre as classes de incêndio para as quais o extintor é indicado e também instruções de uso. O sucesso na operação de um extintor dependerá basicamente de: Uma fabricação de acordo com a Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT. Uma inspeção periódica da área a proteger. Uma manutenção adequada e eficiente. Pessoal habilitado no correto manuseio do aparelho. 42 Técnica Geral de Uso de Extintores: Caso a prevenção não funcione, é preciso saber utilizar o extintor, que parece fácil, mas existem alguns cuidados que você deve tomar para garantir a sua segurança e fazer com que o extintor tenha a máxima efetividade possível. Caso contrário, pode ocorrer a situação inversa e o fogo acabar se espalhando. Vamos ver algumas instruções de como proceder ao operar um extintor de incêndio: Você deve verificar se é o extintor certo para o tipo de fogo. Caso contrário, o extintor não terá qualquer efeito ou pode até aumentar o incêndio. Sempre se aproximar do incêndio a favor do vento, longe do sentido de propagação das labaredas. Aproximar-se até a uma distância segura para você, porém, dentro do alcance do extintor. 43 Em materiais sólidos, direcionar o agente em forma de leque, tipo ziguezague à base do fogo. Em líquidos ou gases NÃO direcionar o jato diretamente no líquido, evitando a sua dispersão ou respingos e, em consequência, o aumento da área de incêndio. Recomenda-se verificar constantemente a validade do extintor e as regras para o seu uso, detalhadas nas instruções do fabricante. 44 Sabemos agora identificar como se forma um incêndio, as formas pelas quais ele poderá se alastrar, as classes de incêndio e os extintores adequados para cada um desses tipos. No entanto, incêndios são imprevisíveis e mesmo com a utilização de todas as técnicas corretas para esse tipo de situação, eles podem sair de nosso controle e causar danos enormes. Aqui estão alguns cuidados que você deve tomar para evitar que ocorra um acidente: Somente fume em áreas previamente delimitadas para essa finalidade. Evite o acúmulo de lixo em locais não apropriados. Coloque os materiais de limpeza em recipientes próprios e identificados. Mantenha desobstruídas as áreas de escape e não deixe, mesmo que provisoriamente, materiais nas escadas e nos corredores. Não deixe os equipamentos elétricos ligados após sua utilização. Desconecte-os da tomada. Não cubra fios elétricos com o tapete. 45 Ao utilizar materiais inflamáveis, faça-o em quantidades mínimas, armazenando-os sempre na posição vertical e na embalagem original. Não utilize chama ou aparelho de solda perto de materiais inflamáveis. Não improvise instalações elétricas, nem efetue consertos em tomadas e interruptores sem que esteja familiarizado com isso. Não sobrecarregue as instalações elétricas com a utilização do plugue T (benjamim). Verifique, antes de sair do trabalho, se os equipamentos elétricos estão desligados. Observe as normas de segurança ao manipular produtos inflamáveis ou explosivos. Mantenha os materiais inflamáveis em locais resguardados e à prova de fogo. 46 6.2 Sistema hidráulico preventivo – SHP Além do sistema de extintores, temos ainda outro sistema composto de dispositivos hidráulicos que possibilitam a captação de água da Reserva Técnica de Incêndio - RTI, para o emprego no combate a incêndio, denominado Sistema Hidráulico Preventivo, constituído dos equipamentos a seguir: Hidrantes São dispositivos existentes em redes hidráulicas que possibilitam a captação de água para utilização nos serviços de bombeiros, principalmente no combate a incêndio. Esse tipo de material hidráulico depende da presença do homem para a utilização da água no combate ao fogo, constituindo a principal instalação fixa de água, de funcionamento manual. 47 Hidrante de Coluna Urbano – Tipo “Barbará”: esse tipo de hidrante é instalado comumente nas ruas e avenidas, tendo a sua abertura feita através de um registro de gaveta, cujo comando é colocado ao lado do hidrante. Hidrante Industrial: é um hidrante existente em redes hidráulicas no interior das indústrias, sendo utilizado com água da Reserva Técnica de Incêndio (RTI), do Sistema Hidráulico Preventivo (SHP) da empresa. Hidrante de Parede – HP : hidrante que integra o Sistema Hidráulico Preventivo (SHP) das edificações, ficando localizado no interior das caixas de incêndio ou abrigos, podendo ser utilizado nas operações de combate a incêndio pelo Corpo de Bombeiros, brigada de incêndio e demais ocupantes da edificação que possuam treinamento específico. Estas caixas de incêndio deverão obrigatoriamente possuir: 1 esguicho, 1 chave de mangueira e mangueiras de incêndio, conforme o projeto da edificação. 48 Hidrante de recalque – HR: dispositivo do Sistema Hidráulico Preventivo (SHP), normalmente encontrado em frente às edificações, sendo utilizado pelos bombeiros para pressurizar e alimentar o sistema hidráulico preventivo, possibilitando assim que todos os hidrantes de parede tenham água com pressão suficiente para o combate ao fogo. Pode também ser utilizado para abastecer as viaturas do Corpo de Bombeiros, em casos de extrema necessidade onde não existam hidrantes de coluna nas proximidades. Mangueiras: as mangueiras são condutores flexíveis, utilizados para conduzir a água sob pressão da fonte de suprimento ao local onde deve ser lançada. Flexível, pois permite o seu manuseio para todos os lados, resistindo a pressões elevadas. As mangueiras podem ser de 1 ½” ou 38 milímetros, e de 2 ½” ou de 63 milímetros, de acordo com a especificação no projeto contra incêndio e pânico. São constituídas de fibra de tecido vegetal (algodão, linho, etc.) ou de tecido sintético (poliéster), dependendo da natureza de ocupação da edificação. Possuem um revestimento interno de borracha, a fim de suportar a pressões hidrostáticas e hidrodinâmicas, oferecidas pelo SHP. 49 Cuidados com as mangueiras A mangueira é um dos equipamentos mais importantes no combate a incêndio e, geralmente, são utilizadas em situações desfavoráveis, por isso deve ser dispensado um tratamento cuidadoso em seu emprego antes, durante e depois do uso. Cuidados antes do uso Armazenar em local arejado, livre de mofo e umidade, protegida da incidência direta dos raios solares; Periodicamente recondicionar as mangueiras para evitar a formação de quebras; Conservar o forro com talco e as uniões com grafite, evitando o uso de óleos ou graxa. 50 Cuidados durante o uso Evitar arrastá-las sobre bordas cortantes, materiais em altas temperaturas ou corrosivos; Não permitir a passagem de veículos sobre as mangueiras, esteja cheia ou vazia; Evitar pancadas e arrastamento das juntas de união, pois poderá danificar o acoplamento. 51 Cuidados após o uso Fazer rigorosa inspeção visual, separando as danificadas; As mangueiras sujas deverão ser lavadas com água e sabão, utilizando para isso vassoura com cerdas macias; Depois de lavadas, as mangueiras devem ser colocadas para secar em local de sombra, se possível, penduradas pelo meio (para escorrertoda a água do seu interior), e acondicioná-la em local adequado (quando possível, retornar para o hidrante de parede). 52 Esguichos: São dispositivos metálicos, conectadas nas extremidades das mangueiras, destinadas a dirigir e dar forma ao jato d’água. Esguicho agulheta: É um tipo de esguicho simples, considerado comum, encontrado em algumas edificações por conta da aprovação antiga do seu projeto de prevenção contra incêndio e pânico. Esse esguicho só produz jato compacto, não possui controle de vazão e está sendo substituído pelos esguichos reguláveis. Esguicho regulável: dispositivo que permite a produção de jato compacto, neblinado, neblina e controle de vazão. Os jatos neblinado e neblina são formados pelo desvio da água, que em sua trajetória choca-se com um disco que se localiza na saída da água. Os esguichos reguláveis podem ser encontrados para juntas de 1 ½” e 2 ½” e possuem a mesma construção com tamanhos diferentes. 53 Chave de mangueira: Ferramenta utilizada para facilitar o acoplamento ou desacoplamento de juntas de união das mangueiras. Versátil, uma vez que a mesma ferramenta pode ser utilizada em juntas de 1 ½” e 2 ½”. 54 7 EQUIPAMENTOS DE DETECÇÃO, ALARME E COMUNICAÇÕES São equipamentos que tem por finalidade detectar e avisar a todos os ocupantes em uma edificação, da ocorrência de um incêndio ou de uma situação que possa ocasionar pânico. O alarme deve ser audível em todos os setores da edificação, abrangidos pelo sistema de segurança. O acionamento do sistema de alarme pode ser manual ou automático, sendo que quando for automático, o mesmo estará conectado a detectores de fumaça ou de calor. A edificação deverá ainda, contar com um plano de abandono de área, a fim de aperfeiçoar a utilização do alarme de incêndio. O alarme de acionamento manual são equipamentos que necessitam do acionamento direto, a fim de fazer soar a sirene. O alarme de acionamento automático são equipamentos preparados para enviar ao módulo de acionamento um sinal, para que o mesmo possa disparar a sirene, assim que detectarem no ambiente à quantidade mínima necessária de fumaça ou calor para os quais estejam dimensionados. 55 Sistema de iluminação de emergência O Sistema de Iluminação de Emergência é composto por um conjunto de elementos que, em funcionamento, proporcionará a iluminação suficiente e adequada para permitir a saída fácil e segura do público para o exterior, no caso de interrupção da alimentação normal, como também proporciona a execução das manobras de interesse da segurança e intervenção de socorro, sendo obrigatório nas áreas comuns das edificações, como corredores, escadas, elevadores, saídas de emergência etc. 56 8 ABANDONO DE ÁREA Ninguém espera o acontecimento de um incêndio. Baseado nesta afirmação é preciso ter um plano de abandono, para ser utilizado em caso de sinistro, pois o incêndio poderá ocorrer em qualquer lugar. É importante falar que todo incêndio começa pequeno, e se não for controlado no início, pode atingir proporções que o próprio Corpo de Bombeiros terá dificuldade em combatê-lo. Portanto, se faz necessário observar se a edificação possui todos os recursos destinados a prevenção e combate a incêndio e pânico, de acordo com a legislação vigente. A seguir, veremos uma série de orientações que darão condições aos ocupantes da edificação, para que possam sair em segurança: 57 Tenha um plano de abandono da edificação; Acione o alarme, e chame o Corpo de Bombeiros; Pratique a fuga da edificação, pelo menos a cada seis meses; Procure conhecer a localização da escada de emergência, dos extintores e do SHP; Tenha cautela ao colocar trancas nas portas e janelas, pois os mais prejudicados são as crianças e os idosos; Estabeleça um ponto de reunião, para saber se todos conseguiram deixar a edificação; Caminhe rapidamente e não corra, evitando o pânico; Ao encontrar uma porta, toque a mesma com o dorso da mão, estando quente, não abra; Não use o elevador, e sim as escadas de emergência; Se estiver em um local enfumaçado, procure respirar o mais próximo do solo, colocando um pano úmido nas narinas e na boca; Se estiver preso em uma sala enfumaçada, procure abrir a janela, para que a fumaça possa sair na parte de cima e você possa respirar na parte de baixo; 58 Não tente passar por um local com fogo, procure uma alternativa segura de saída; Caso encontre situação de pânico em alguma via de fuga, tenha calma e tente acalmar outros; Não pule da edificação, tenha calma, o socorro pode chegar em minutos; Conseguindo sair da edificação, procure um local seguro e não tente adentrar novamente. 59 9 PESSOAS COM MOBILIDADE REDUZIDA Em diversas situações, o brigadista deverá estar preparado para auxiliar pessoas com necessidades especiais, e não apenas os deficientes físicos. A pessoa com deficiência é aquela que possui limitação ou incapacidade permanente para o desempenho de alguma atividade, e se enquadra nas seguintes categorias de deficiência: física, mental, sensorial, orgânica e múltipla. Como exemplo dessas categorias, podemos citar: cadeirantes, pessoas com Síndrome de Down, deficientes visuais, e pessoas submetidas a tratamento que apresentem alguma dificuldade de locomoção. Além dos deficientes físicos, podemos citar como portadores de necessidades especiais as pessoas idosas, gestantes, pessoas que passaram por cirurgias recentemente, com criança de colo, obesas, entre outras. 60 A pessoa com restrição de mobilidade não é necessariamente uma pessoa com deficiência, mas aquela que apresenta, por qualquer motivo, dificuldade de movimentar-se, permanente ou temporariamente, gerando redução efetiva da mobilidade, flexibilidade, coordenação motora e percepção. Em caso de incêndio, as pessoas com mobilidade reduzida terão mais dificuldades para serem encaminhadas para fora das instalações, principalmente onde houver escadas, neste caso estas pessoas deverão ser retiradas por uma equipe preparada com equipamentos apropriados para esta remoção. No que diz respeito a prevenção, os estabelecimentos de trabalho devem elaborar um plano de emergência, o qual fornecerá as equipes de resgate as orientações e os procedimentos que devem ser adotados em caso de evacuação, visando o abandono destes locais com rapidez e segurança. 61 Para maiores informações acesse o link do Corpo de Bombeiros do Estado do Paraná: http://www.bombeiros.pr.gov.br/ É necessário o brigadista desenvolver empatia, nossa capacidade de nos colocarmos no lugar da outra pessoa e sentir, julgar ou apreciar, como se fôssemos ela mesma. O desenvolvimento desta capacidade nos permitirá maior flexibilidade, maior compreensão e respeito para com as pessoas. http://www.bombeiros.pr.gov.br/ 62 RESUMINDO A melhor estratégia é a prevenção, porém em caso de sinistro o combate imediato com profissionais treinados nos primeiros cinco minutos é o que vai determinar a diferença entre uma pequena ocorrência e uma grande tragédia. As chamadas ciências do fogo são estudos realizados para desenvolver técnicas de combate e prevenção de incêndios, além de acompanhar os avanços tecnológicos na aplicação de novos materiais em nosso cotidiano. Jamais negligencie acidentes envolvendo fogo. O maior lemadeverá ser sempre: “A prevenção acima de tudo”! A melhor estratégia é a prevenção, porém em caso de sinistro o combate imediato com profissionais treinados nos primeiros cinco minutos é o que vai determinar a diferença entre uma pequena ocorrência e uma grande tragédia. Desta forma fica evidente a importância da formação da brigada, grupo organizado de pessoas voluntárias ou não, treinadas e capacitadas para atuar na prevenção, abandono e combate a um Princípio de Incêndio e prestar os primeiros socorros, dentro de uma área preestabelecida. 40 PRIMEIROS SOCORROS No que se baseiam os primeiros socorros? Quais as primeiras providências a serem tomadas em uma situação de emergência? Como ocorre a verificação das condições gerais da Vítima? Quais cuidados tomar com a vítima de acidente ou contaminação? Nesta unidade apresentaremos a conceituação de primeiros socorros, as primeiras providências a serem tomadas, a verificação das condições gerais da vítima e os cuidados com a vítima ou enfermo. 41 1 CONCEITOS BÁSICOS Acidentes são acontecimentos imprevistos e indesejáveis que provocam danos de gravidade variável a bens ou pessoas. É importante nos lembrarmos, entretanto, que é sempre melhor prevenir do que remediar. Um bom socorrista está sempre atento às condições do local, procurando identificar quaisquer elementos que possam oferecer algum risco de acidente. Conhecer bem o seu local de trabalho e saber quais os riscos oferecidos pode ser o suficiente para salvar uma vida. Nem sempre, porém, seremos capazes de prever todas as situações de risco que poderão ocorrer, tornando-se impossível evitar que aconteça um acidente. Nessas ocasiões, devemos estar preparados para agir. Para agirmos com responsabilidade, temos de pensar minuciosamente em tudo o que podemos realmente fazer antes de entrar em contato com as vítimas de um acidente. 42 Conceitos e definições importantes: Primeiros Socorros: É o tipo de atendimento, temporário e imediato, prestado à vítima de acidente ou mal súbito, antes da chegada do socorro médico. Este socorro pode proteger a pessoa contra maiores danos. Atendimento Pré-hospitalar: Procedimentos prestados por profissional capacitado, que objetiva manter a vítima viva e estável até a chegada ao hospital ou centro de atendimento emergencial. Suporte Básico da Vida: É um conjunto de ações que tem por objetivo a manutenção do sistema respiratório e cardiovascular de vítimas de acidentes ou mal súbito. Trauma: lesão provocada por agente de natureza física ou química e que pode trazer consequências danosas ao organismo. 43 Quem é o socorrista? O socorrista é a pessoa tecnicamente capacitada e habilitada para, com segurança, avaliar e identificar os problemas que comprometam a vida da vítima. 44 O socorro pré-hospitalar adequado e o transporte correto do paciente sem agravar as lesões já existentes são responsabilidades do socorrista. Para ser um bom socorrista e exercer sua função da melhor forma possível, o brigadista deve: Manter a Calma: antes de atuar o socorrista deve ter calma e autocontrole para tomar decisões corretas, pois vai enfrentar situações de emergência que envolve pânico e sofrimento; Infundir Confiança: deve ter capacidade de liderança para assumir o controle da situação. Repassar confiança para o paciente. Evitar dúvidas e hesitações, para evitar que se gaste um tempo maior na prestação do socorro; Fazer o Possível não Correndo Riscos Desnecessários: atuar de forma segura para não se tornar uma nova vítima. 45 2 DIMENSIONAMENTO DA CENA O socorrista deve ter em mente que o maior perigo é o fato do local poder oferecer riscos que não são facilmente visíveis. Somente deverá aproximar-se caso garanta a sua própria segurança. Gerenciamento de riscos O gerenciamento dos riscos define uma avaliação minuciosa por parte do socorrista em toda a cena do acidente, com o objetivo de eliminar ou minimizar, as situações potencialmente perigosas como: incêndio, explosão, choque elétrico, contaminação com produtos químicos e agentes biológicos, intoxicação, asfixia, atropelamento, ocorrência de novos acidentes etc. (CBMES, 2013). 46 3 ANÁLISE DE VÍTIMAS 3.1 Abordagem da vítima Em todos os casos, o socorrista só deverá ajudar diretamente as vítimas após garantir que existe segurança para si próprio e para os demais envolvidos. Para tanto, é necessário desenvolver uma impressão geral da vítima, estabelecendo valores para os estados respiratório, circulatório e neurológico. Em seguida, são rapidamente encontradas e tratadas as condições que ofereçam ameaças a vida. Se o tempo permitir, mais frequentemente, quando o transporte está sendo efetuado, é feita uma avaliação detalhada de lesões sem risco à vida ou que comprometam membros. Todas essas etapas são realizadas com rapidez e eficiência com o intuito de minimizar o tempo gasto na cena. Não se pode permitir que vítimas graves permaneçam no local do trauma para outro cuidado que não o de estabilizá-los para o transporte, a menos que estejam presos ou existam outras complicações que impeçam o transporte imediato. 47 O processo de abordagem da vítima divide-se em quatro fases: Primeira Fase: Avaliação geral da vítima; Segunda Fase: Exame primário; Terceira Fase: Exame secundário; Quarta Fase: Monitoramento e reavaliação. 48 3.2. Avaliação geral da vítima A avaliação geral da vítima ocorre antes de iniciar o atendimento propriamente dito, uma vez que o socorrista desenvolverá uma impressão geral das condições da vítima, observando ligeiramente se há hemorragia, amputação de membros etc., o que poderá direcionar o seu atendimento economizando tempo. 3.3. Exame primário O exame primário consiste num processo ordenado objetivando identificar e consequentemente corrigir, de imediato, problemas que ofereçam ameaça a vida em curto prazo, sendo, portanto, uma avaliação rápida. O exame primário pode ser compreendido nas seguintes etapas: 49 1ª Etapa: A - Abertura das vias aéreas e controle da cervical. Posicione-se ao lado da vítima em uma posição estável; Apoie a cabeça da vítima com uma das mãos, sobre a testa da vítima, com o objetivo de evitar a movimentação da cabeça e do pescoço, até que se coloque o colar cervical; Mantenha a cabeça da vítima estabilizada e com a outra mão provoque estímulos na lateral de um dos ombros da vítima, sem movimentá-la; Apresente-se ao paciente e solicite o seu consentimento. “Eu sou o... (nome do socorrista) e estou aqui para te ajudar. O que aconteceu? ”. Uma resposta adequada permite esclarecer que a vítima está consciente, que as vias aéreas estão desobstruídas e que respira; Se a vítima não responder aos estímulos (paciente inconsciente), devemos realizar a abertura da cavidade oral e observar se existe algum corpo estranho impedindo a passagem do ar. Deve ser feita a varredura digital em adultos e crianças, e pinçamento em lactentes; Utilizando equipamentos de proteção individual, devemos avançar a mandíbula da vítima para frente com o polegar de uma das mãos e tentar ver se existe algum corpo estranho. Sendo possível a visualização do mesmo e retirá-lo. 50 2ª Etapa: B - Verificar a respiração. Após a abertura das vias aéreas, deve-se verificar se a vítima está respirando espontaneamente. Para realizar essa avaliação, o socorrista deve aplicar a técnica do ver,ouvir e sentir. Colocando a lateral de sua face bem próximo à boca e o nariz da vítima, o socorrista poderá ver os movimentos torácicos associados com a respiração, ouvir os ruídos característicos da inalação e exalação do ar e sentir a exalação do ar através das vias aéreas superiores. Fonte: Adobe Stock 51 Caso a vítima não esteja respirando, fazer duas ventilações de resgate. Observar se houve passagem do ar (elevação do tórax). Em caso negativo, iniciar manobra de desobstrução de vias aéreas (OVACE), explicitada mais adiante. Mas se houver a passagem de ar e a vítima continuar sem resposta deve-se iniciar a manobra de reanimação cardiopulmonar (procedimento descrito em tópico posterior). 52 3ª Etapa: C - Verificar a circulação. Após a existência ou não da respiração, deve-se verificar a circulação da vítima, que em adultos e crianças deve ser observada na artéria carótida e nos lactentes aferida na artéria braquial. Após a verificação do pulso, observar a existência de grandes hemorragias e, encontrando alguma, estancá-la rapidamente, utilizando um dos métodos que veremos à frente. Se a vítima respira, logo tem pulso; Se não respira e tem pulso, realizar manobra de reanimação pulmonar; Se não respira e não tem pulso, realizar manobra de reanimação cardiopulmonar. 53 3.4 EXAME SECUNDÁRIO O exame secundário consiste na avaliação da vítima da cabeça aos pés, onde o socorrista deve fazer um exame mais detalhado, identificando e tratando as lesões ou problemas que não foram identificados durante o exame primário. É dividido em três etapas: Vias aérea, reanimação cardiopulmonar – RCP e Hemorragia. 54 4 VIAS AÉREAS Obstrução de via aérea por corpo estranho – ovace A OVACE é a obstrução súbita das vias aéreas superiores, causada por corpo estranho. Em adulto, geralmente, ocorre durante a ingestão de alimentos e, em criança, durante a alimentação ou recreação (sugando objetos pequenos). A obstrução de vias aéreas superiores pode ser causada: Pela língua: sua queda ou relaxamento pode bloquear a faringe; Pela epiglote: inspirações sucessivas e forçadas podem provocar uma pressão negativa que forçará a epiglote para baixo, fechando as vias aéreas; Por corpos estranhos: qualquer objeto, líquidos ou vômito, que venha a se depositar na faringe; Por danos aos tecidos: perfurações no pescoço, esmagamento da face, inspiração de ar quente, venenos e outros danos severos na região. 55 Quando uma pessoa consciente estiver se engasgando, os seguintes sinais podem indicar uma obstrução grave ou completa das vias aéreas que exige ação imediata: Sinal universal de asfixia: a vítima segura o pescoço com o polegar e o dedo indicador; Incapacidade para falar; Tosse fraca e ineficaz; Sons inspiratórios agudos ou ausentes; Dificuldade respiratória crescente; Pele cianótica. 56 5 RCP (REANIMAÇÃO CARDIOPULMONAR) 5.1 Parada cardiorrespiratória A parada cardiorrespiratória é caracterizada pelo cessar da atividade mecânica do coração e da respiração. Os procedimentos para a reanimação cardiopulmonar RCP, deverão seguir os seguintes passos: 5.2. Dimensionamento da cena / avaliação inicial Conduta: Verifique a consciência da vítima, tocando em seu ombro e perguntando se está bem; Se inconsciente, cheque rapidamente (não mais que 5 segundos) se a respiração está normal, com expansão visível do tórax; 57 Se a vítima não respira ou não respira normalmente (respiração anormal ou agônica - gasping) acione apoio especializado; Cheque o pulso carotídeo (de 5 a 10 segundos). Não havendo, inicie RCP. Execute compressões rápidas e fortes, no terço inferior do osso esterno, com no mínimo 100 compressões por minuto, deprimindo o esterno em 5 cm. Permita o retorno completo do tórax após cada compressão. Minimize as interrupções entre os ciclos de compressões. Evite excesso de ventilação (hiperventilada). 58 6 HEMORRAGIA A hemorragia é a perda de sangue devido ao rompimento de um vaso sanguíneo. Toda hemorragia deverá ser controlada imediatamente, pois, quando é abundante e não controlada, pode causar a morte entre 3 e 5 minutos. Em todos os casos em que houver trauma poderá haver hemorragia interna e você deverá chamar ajuda imediatamente, pois essa lesão requer cirurgia para ser reparada, só podendo ser tratada no hospital. A hemorragia é a perda de sangue, que pode ser um sangramento visível e identificado pelas manchas em roupas ou sobre o corpo da vítima. Porém, nem sempre o sangramento é visível. Nestes casos, a hemorragia é chamada hemorragia interna. 59 Nos casos de hemorragia visível, você deverá limpá-la com um tecido limpo e seco e realizar compressão sobre o local do sangramento. Caso a hemorragia seja muito forte, a perda de sangue poderá levar a vítima ao chamado “estado de choque”. Nestes casos, a pressão sanguínea e os batimentos do coração não conseguem mais manter o sangue circulando corretamente, podendo levar à morte da vítima. Este é um caso grave e necessitará de intervenção médica imediata. Portanto, chame imediatamente o Serviço de Ambulância. Enquanto aguarda a chegada do Serviço de Ambulância, você pode ajudar a vítima levantando suas pernas entre 20 e 30 centímetros e aquecendo-a para protegê-la 60 da perda de calor. Continue aplicando pressão sobre o ferimento com um pano limpo e seco e, por mais sede que a vítima diga sentir, jamais dê a ela qualquer líquido. Em alguns dos casos mais graves, podem ocorrer também a amputação de membros (quando o corte é tão extenso que separa a parte atingida do corpo) ou a exposição das vísceras, que ocorre quando os órgãos internos ficam expostos. Neste caso, apesar de estar associada com a hemorragia, você deverá aplicar sobre o local um pano limpo e úmido, e não um pano seco, evitando, assim, que as vísceras ressequem. 61 RESUMINDO Agora você já sabe como proceder para realizar as tarefas mais importantes no local de um acidente. Mas lembre-se, por mais que as tarefas executadas no local pareçam simples, não se engane: é preciso ter prática e muita experiência para que tudo transcorra da melhor forma. Porém, o mais importante e primordial trabalho do socorrista é a prevenção. Você deve estar sempre atento, tanto no seu local de trabalho quanto nas estradas e rodovias, para identificar causas de possíveis acidentes antes mesmo de ocorrerem. Lembre-se de manter sempre todos os recursos de segurança disponíveis. Eles podem significar a diferença entre um acidente ou a chegada segura em casa após um dia de trabalho. Até mesmo os primeiros socorros mais simples precisam de cuidado e técnica para serem aplicados corretamente. Sempre que possível, procure aperfeiçoar-se, buscando novas informações e, principalmente, treinamentos práticos que poderão ampliar seu conhecimento e o número de tarefas que você estará apto a realizar. É extremamente aconselhável que você busque treinamentos práticos com frequência, no mínimo, anual. 62 REFERÊNCIAS ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 14276: Brigada de incêndio - Requisitos. Rio de Janeiro, 2006. Instrução Técnica nº 17/2014 – Brigada de incêndio. Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do Estado do Paraná MINAS GERAIS. Corpo de Bombeiros Militarde Minas Gerais. Instrução Técnica Operacional n.23: protocolo de atendimento pré-hospitalar. 1 ed. rev. ampl. Belo Horizonte: CBMMG, 2013.169 p. SEST/SENAT. Prevenção e combate a incêndios: caderno do aluno. Brasília, 2008. SEST SENAT. Curso de Primeiros Socorros: caderno do aluno. Brasília, 2008. SEST SENAT. Apostila do Curso de Formação de Brigada de Incêndio. Seção de Cursos de Extensão/CBMES. Serra, 2013. 53 Prevenção de Incêndios 1.1 Introdução Os participantes receberão orientações sobre: Conhecimentos Gerais do Brigadista: Compete ao Líder da Brigada: 1.2 Legislação Estadual e Municipal 1.3 Programa De Brigada de Incêndio Brigada de Incêndio Composição, atribuição e forma de atuação 1.4 Normas Regulamentadoras NBRs (Normas Brasileiras) NR 23 - Proteção Contra Incêndios 2 INSTRUÇÃO TÉCNICA DO CORPO DE BOMBEIROS DO PARANÁ NTP 017 3 PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS 3.1 TEORIA DO FOGO Agentes desencadeadores do incêndio 3.2 Propagação do Fogo O calor pode se propagar de três diferentes maneiras: 3.3 CLASSES DE INCÊNDIO Os incêndios podem pertencer a diferentes classes, a saber: 3.4 Métodos de Extinção 4 VENTILAÇÃO 4.1 Ventilação vertical 4.2 Ventilação horizontal 4.3 Ventilação natural 4.4 Ventilação forçada 5 AGENTES EXTINTORES 6 EQUIPAMENTOS DE COMBATE A INCÊNDIO 6.1 Equipamentos de combate a incêndio e agentes extintores 6.2 Sistema hidráulico preventivo – SHP Hidrantes Cuidados com as mangueiras Cuidados antes do uso Cuidados durante o uso Cuidados após o uso Esguichos: Chave de mangueira: 7 EQUIPAMENTOS DE DETECÇÃO, ALARME E COMUNICAÇÕES Sistema de iluminação de emergência 8 ABANDONO DE ÁREA 9 PESSOAS COM MOBILIDADE REDUZIDA RESUMINDO 1 CONCEITOS BÁSICOS Conceitos e definições importantes: Quem é o socorrista? 2 DIMENSIONAMENTO DA CENA Gerenciamento de riscos 3 ANÁLISE DE VÍTIMAS 3.1 Abordagem da vítima 3.2. Avaliação geral da vítima 3.3. Exame primário 1ª Etapa: A - Abertura das vias aéreas e controle da cervical. 2ª Etapa: B - Verificar a respiração. 3ª Etapa: C - Verificar a circulação. 3.4 EXAME SECUNDÁRIO 4 VIAS AÉREAS Obstrução de via aérea por corpo estranho – ovace 5 RCP (REANIMAÇÃO CARDIOPULMONAR) 5.1 Parada cardiorrespiratória 5.2. Dimensionamento da cena / avaliação inicial Conduta: Execute compressões rápidas e fortes, no terço inferior do osso esterno, com no mínimo 100 compressões por minuto, deprimindo o esterno em 5 cm. 6 HEMORRAGIA RESUMINDO (1) REFERÊNCIAS