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ESTUDO DE CONCEPÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE REDE COLETORA E COLETORES TRONCO DE ESGOTAMENTO SANITÁRIO PARA O SISTEMA PAVUNA/RIO DE JANEIRO - SUB-BACIAS 4, 5, 6 E 7 Alberto Lobato Fernández Ibai Txasko Arregui Projeto de Graduação apresentado ao Curso de Engenharia Civil da Escola Politécnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Engenheiro. Orientadores: Monica Maria Pena Pedro Fernández Carrasco Rio de Janeiro Dezembro de 2016 ETSI Caminos, Canales y Puertos Universidad Politécnica de Madrid CONCEPÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE REDE COLETORA E COLETORES TRONCO DE ESGOTAMENTO SANITÁRIO PARA O SISTEMA PAVUNA/RIO DE JANEIRO - SUB-BACIAS 4, 5, 6 E 7 Alberto Lobato Fernández Ibai Txasko Arregui PROJETO DE GRADUAÇÃO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO CURSO DE ENGENHARIA CIVIL DA ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE ENGENHEIRO CIVIL. Aprovado por: Prof. Monica Maria Pena, D.Sc (Orientador) Prof. Heloisa Teixeira Firmo, D.Sc Prof. Paulo Renato Barbosa, M.Sc RIO DE JANEIRO, RJ- BRASIL DEZEMBRO de 2016 ii Lobato Fernández, Alberto Txasko Arregui, Ibai Concepção e Dimensionamento de Rede Coletora e Coletores Tronco de Esgotamento Sanitário para o Sistema Pavuna/Rio de Janeiro - Sub-bacias 4, 5, 6 e 7 / Alberto Lobato Fernández, Ibai Txasko Arregui – Rio de Janeiro: UFRJ / Escola Politécnica, 2016. VIII, 60 p.: il.; 29,7 cm Orientadores: Monica Maria Pena, Pedro Fernández Carrasco Projeto de Graduação – UFRJ / Escola Politécnica / Curso de Engenharia Civil, 2016 1. Análise populacional 2. Rede de esgotamento 3. Dimensionamento sistema I. Monica Maria Pena II. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Escola Politécnica, curso de Engenharia Civil III. Dimensionamento de uma rede de esgotamento sanitário para o sistema Pavuna (Rio de Janeiro) iii AGRADECIMENTOS Primeiramente, gostaria de expressar meu agradecimento profundo e sincero à professora orientadora Mônica Pena, porque sem sua atenção e ajuda durante todo o processo, não teria sido possível a elaboração deste projeto. Uma menção especial à "E.T.S.I. de Caminos, Canales y Puertos" de Madri, que me ofereceu a oportunidade de realizar este intercâmbio. Assim como ao orientador Pedro Fernández Carrasco, que desde a Espanha possibilita a realiza deste trabalho. Seria impossível não citar meus companheiros nesta aventura, Ginés, Ibai, José, Pablo y Santiago, que, desde o início, foram meu melhor apoio e fizeram deste ano uma experiência inesquecível. Um agradecimento especial a David, uma amizade que tive a honra de adquirir neste ano, cuja entrega e carinho nos últimos meses foram de imensa ajuda, tornando as tarefas mais tranquilas e proveitosas. Finalmente, agradecer minha família, minha base, por todo o apoio proporcionado desde Espanha. A meus pais, Rosa y Manuel, por acreditar sempre em mim, ensinando tudo o que sou e incentivando sempre seguir meus sonhos, e a meu irmão Víctor, por todos os conselhos e por ser um exemplo a seguir em todos os aspectos de minha vida. A todos vocês, muito obrigado, Alberto Lobato Fernández iv Aos meus pais, Andoni e Amaia, que sempre foram exemplo em todos os âmbitos da minha vida e que sempre estiveram apoiando-me em todas minhas decisões, sem eles nada de o que eu sou hoje poderia ter acontecido. Ao meu irmão Markel pelo suporte em estes anos de trabalho quando sempre é necessário e nunca valorado. Aos meus companheiros Ginés, Pepe, Pablo, Santiago e a minha dupla do projeto Alberto, pelo ano e meio juntos no Rio de Janeiro e pelos seis anos e meio de universidade que compartilhamos, todo o esforço terá sua recompensa. Aos professores Monica e Pedro que me ajudaram, mostraram seu conhecimento e prestaram a atenção necessária para fazer este trabalho. À Universidade Federal do Rio de Janeiro e à Universidade Politécnica de Madrid por fazer este intercambio possível. E a todas as pessoas que tornaram possível o percurso até aqui, muito obrigado! Ibai Txasko Arregui v Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/ UFRJ como parte dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Civil. Concepção e Dimensionamento de Rede Coletora e Coletores Tronco de Esgotamento Sanitário para o Sistema Pavuna/Rio de Janeiro - Sub-bacias 4, 5, 6 e 7 Alberto Lobato Fernández Ibai Txasko Arregui Dezembro de 2016 Orientadores: Monica Maria Pena, Pedro Fernández Carrasco Curso: Engenharia Civil Devido à falta de coleta e inexistência de Sistemas de Esgotamento Sanitário em diversas áreas da Região Metropolitana do Rio de Janeiro, se faz necessário a concepção e dimensionamento dos mesmos para diminuir os impactos ambientais sobre a Baía de Guanabara e para melhoria das condições ambientais do entorno. Foi elaborado um projeto de uma rede de esgotamento sanitário na parte da bacia do Rio Pavuna, conforme o estabelecido no Programa de Saneamento Ambiental dos Municípios no Entorno da Baia de Guanabara (PSAM) para posteriormente possibilitar o tratamento dos esgotos na ETE Pavuna e assim atender as necessidades ambientais da área. Para o desenvolvimento do projeto foram realizados estudos de população e vazões, área e topografia, definição de Estações Elevatórias (EE), e, posteriormente, foi utilizado o software SANCAD para o projeto final da rede de esgotamento sanitário, levando em consideração os condicionantes da normativa existente e os critérios econômicos. Palavras-chave: Região Metropolitana de Rio de Janeiro, Sistema Pavuna, Sistema de Esgotamento Sanitário e Rede Coletora, SANCAD, Saneamento Ambiental, Baia de Guanabara Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfilment of the requirements for the degree of Civil Engineer. Wastewater Network Desing and Dimensioning for the Pavuna System/Rio de Janeiro - Sub-basins 4, 5, 6 and 7 Alberto Lobato Fernández Ibai Txasko Arregui December of 2016 Advisors: Monica María Pena, Pedro Fernández Carrasco Course: Civil Engineering Due to the lack of connection and inexistence of sewage networks all over some areas of the Metropolitan Area of Rio de Janeiro a dimensioning and projection of them is needed for diminishing environmental damages over the Guanabara Bay and for improving the environmental conditions of the area. A wastewater network is projected in the Pavuna area, according to the Environmental Sewage Program of the Municipalities in the Guanabara Bay Area (PSAM), in order to be treated after in the Pavuna Wastewater Treatment Plant and attend the environmental needs of the area. For the development of the project, population and demand studies were done, and also topography and pumping station studies. Finally the SANCAD software was used to the final design of the wastewater network, considering the conditioning factors of the actual regulation and the economic criteria. Keywords: Metropolitan Area of Rio de Janeiro, Pavuna System, Wastewater Network, SANCAD, Guanabara Bay, Environmental Care Concepção e Dimensionamento de Rede Coletora e Coletores Tronco de Esgotamento Sanitário para o Sistema Pavuna/Rio de Janeiro - Sub-bacias 4, 5, 6 e 7 vii Índice 1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 2 1.1. JUSTIFICATIVA DO PROJETO .......................................................................................... 3 1.2. LOCALIZAÇÃO ................................................................................................................4 1.2.1. Climatologia ........................................................................................................... 9 1.2.1. Geologia .............................................................................................................. 10 1.2.2. Morfologia ........................................................................................................... 11 1.2.3. Relevo .................................................................................................................. 11 1.2.4. Rede Hidrográfica ................................................................................................ 11 2. SISTEMA DE ESGOTAMENTO SANITÁRIO ............................................................................ 13 2.1 Considerações Gerais .................................................................................................. 13 2.2 Tipos de Sistemas de Esgotamento ............................................................................. 13 2.3 Sistema de Esgotamento Sanitário Existente .............................................................. 15 2.4 Necessidades da Área ................................................................................................. 17 3. METODOLOGIA .................................................................................................................... 19 3.1 Concepção de Sistemas de Esgotamento Sanitário .................................................... 19 3.2 Objetivos ..................................................................................................................... 19 3.3 Partes de um Sistema .................................................................................................. 19 3.4 Hidráulica dos Coletores – Regime Hidráulico do Escoamento .................................. 20 3.5 Estudo de Concepção de Sistema de Esgotamento Sanitário ..................................... 20 3.6 Concepção do Traçado da Rede .................................................................................. 22 3.7 Dimensionamento Hidráulico ..................................................................................... 23 3.8 Disposições Construtivas ............................................................................................. 25 3.9 Modelagem Hidráulica ................................................................................................ 29 4. ESTUDO POPULACIONAL ..................................................................................................... 30 4.1 Estimativa .................................................................................................................... 31 4.2 Distribuição geográfica ................................................................................................ 33 5. ESTUDO DE VAZÕES ............................................................................................................ 35 6. DIMENSIONAMENTO .......................................................................................................... 38 6.1 Estudo da Sub-Bacia 7 ................................................................................................. 38 6.2 Estudo da Sub-Bacia 6 ................................................................................................. 39 6.3 Estudo da Sub-Bacia 5 ................................................................................................. 40 6.4 Estudo da Sub-Bacia 4 ................................................................................................. 42 6.5 Vazões dos Grandes Contribuintes ............................................................................. 43 Concepção e Dimensionamento de Rede Coletora e Coletores Tronco de Esgotamento Sanitário para o Sistema Pavuna/Rio de Janeiro - Sub-bacias 4, 5, 6 e 7 viii 7. RESULTADOS OBTIDOS ........................................................................................................ 44 7.1 Vazões ......................................................................................................................... 44 7.2 Coletor tronco ............................................................................................................. 44 8. ORÇAMENTO ....................................................................................................................... 55 8.1. Sub-Bacia 7 .................................................................................................................. 55 8.2. Sub-Bacia 5 .................................................................................................................. 56 8.3. Sub-Bacia 6 .................................................................................................................. 57 8.4. Sub-Bacia 4 .................................................................................................................. 58 8.5. Total............................................................................................................................. 58 9. CONCLUSÃO ........................................................................................................................ 59 10. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................................... 60 ANEXO I: PLANILHAS DE DIMENSIONAMENTO DA REDE COLETORA ANEXO II: MAPAS DA REDE COLETORA E COLETORES TRONCO Lista de figuras Fig 1: Sistema Pavuna completo (Fonte: PDBG) ............................................................................ 2 Fig 2: Localização da cidade do Rio de Janeiro no Brasil (Fonte: PMSB-RJ) .................................. 4 Fig 3: Localização de Pavuna no Rio de Janeiro (Fonte: Google Maps) ........................................ 5 Fig 4: Municipios da Baixa Fluminense (Fonte: PSAM) ................................................................. 8 Fig 5: ETE Pavuna (Fonte: CEDAE) ................................................................................................. 8 Fig 6: Normais climatológicas referentes à Insolação e Umidade para o Rio de Janeiro e seu entorno (Fonte: INMET Instituto Nacional de Meteorologia)....................................................... 9 Fig 7: Mapa geológico do Estado do Rio de Janeiro e representação dos principais planos de falha na área de interesse. (Fonte: CPRM, 2000) ........................................................................ 10 Fig 8: Definição das principais bacias hidrográficas na área de interesse do projeto (Fonte: PSAM) .......................................................................................................................................... 12 Fig 9: Divisão em grandes Bacias hidrográficas do município de Rio de Janeiro (Fonte: PMSB-RJ) ..................................................................................................................................................... 13 Fig 10: Sistema de esgotamento unitário (Fonte: Notas de Aula Esgotamento Sanitário) ......... 14 Fig 11: Sistema separador absoluto (Fonte: Notas de Aula Esgotamento Sanitário) ................. 15 Fig 12: Sistemas de esgotamento existentes (Fonte: PSAM) ...................................................... 18 Fig 13: Poço de Visita (Fonte: Notas de aula Esgotamento Sanitário) ........................................ 28 Fig 14: Numeração das bacias (Fonte: PSAM e elaboração própria) .......................................... 33 Fig 15: Bairros considerados no estudo (Fonte: PSAM e elaboração própria) ........................... 34 Fig 16: Sub-bacias do sistema (Fonte: PSAM e elaboração própria) ........................................... 38 1 Lista de abreviaturas e siglas ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas AEERJ Associação das Empresas de engenharia do Rio de Janeiro ASCOM Assessoriade Comunicação Social CECA Comissão Estadual de Controle Ambiental CEDAE Companhia Estadual de Águas e Esgotos CONAMA Conselho Nacional de Meio Ambiente CPRM Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais DOERJ Diário Oficial do Estado do Rio de Janeiro ERSB Estudo Regional de Saneamento Básico ETE Estação de Tratamento de Esgoto Sanitário IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IPP Instituto Pereira Passos NBR Norma Brasileira Registrada PDBG Programa de Despoluição da Baía de Guanabara PDES-RMRJ Plano Diretor de Esgotamento Sanitário da Região Metropolitana do Rio de Janeiro PSAM Programa de Saneamento Ambiental dos Municípios do Entorno da Baía de Guanabara PVC Cloreto de Polivinila RMRJ Região Metropolitana do Rio de Janeiro SEA Secretaria de Estado do Ambiente Concepção e Dimensionamento de Rede Coletora e Coletores Tronco de Esgotamento Sanitário para o Sistema Pavuna/Rio de Janeiro - Sub-bacias 4, 5, 6 e 7 2 1. INTRODUÇÃO O presente documento visa elaborar o projeto de um novo sistema de esgotamento sanitário na zona norte da cidade do Rio de Janeiro, no bairro de Pavuna e cercanias, atendendo a parte da Bacia do Rio Pavuna. Consiste no dimensionamento de uma rede coletora de esgoto em área da margem direita do rio Acari, localizada no município do Rio de Janeiro. O sistema Pavuna completo pode se observar na figura 1. O intuito do estudo é aplicar os conhecimentos da engenharia civil obtidos na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e na Universidad Politécnica de Madrid (UPM) para poder implantar um estudo a favor da população. Fig 1: Sistema Pavuna completo (Fonte: PDBG) A proposição de um novo sistema de saneamento surge decorrente do déficit em atendimento na área e da necessidade de reduzir o despejo de esgotos in natura na Baía de Guanabara. A maioria dos cursos d’água de algumas bacias pertencentes à Baía de Guanabara como a dos rios Acari (Meriti - Pavuna), Sarapuí, Estrela (Saracuruna) e Iguaçu encontram-se canalizados de forma aberta ou subterrânea, e apresentam suas águas extremamente poluídas pelas cargas de esgotos que recebem, além de lançamentos de resíduos sólidos. Concepção e Dimensionamento de Rede Coletora e Coletores Tronco de Esgotamento Sanitário para o Sistema Pavuna/Rio de Janeiro - Sub-bacias 4, 5, 6 e 7 3 A renovação cíclica das águas da Baía de Guanabara pelas marés não é suficiente para manter a baía em boa qualidade de água para a balneabilidade. Os atuais níveis de poluição da Baía de Guanabara são decorrentes de um processo de degradação que se intensificou, principalmente, nas décadas de 1950-1960, com o crescimento urbano acelerado verificado no seu entorno, sem o devido acompanhamento dos serviços de saneamento básico ocasionando o aumento do lançamento dos esgotos sem tratamento neste corpo hídrico. Dentre as potenciais fontes poluidoras, encontram-se diversos tipos de indústrias, terminais marítimos de produtos petrolíferos, dois portos comerciais, duas refinarias de petróleo, estaleiros, dentre outras atividades econômicas. Ao mesmo tempo, sérios problemas de saúde pública vêm caracterizando a região da bacia hidrográfica da Baía de Guanabara, expondo a inadequada gestão dos esgotos sanitários e dos resíduos sólidos urbanos. Durante todo esse tempo, a execução dos serviços de infraestrutura de saneamento e drenagem não acompanhou o crescimento urbano. O Projeto de Complementação do Sistema de Coleta de Esgotos da ETE Pavuna consiste em: Redes Coletoras de Esgotos, Interceptores, Estações Elevatórias, Coletores Troncos e Emissários de Recalque. 1.1. JUSTIFICATIVA DO PROJETO A seguir apresentam-se alguns programas de Saneamento já realizados e em andamento na região: O Programa de Despoluição da Baía de Guanabara (PDBG), foi concebido no início da década de 90, visando melhorar as condições sanitárias e ambientais da Região Metropolitana do Rio de Janeiro, a proporcionar um impacto positivo na qualidade de vida da população local, tendo como objetivo promover a despoluição da Baía de Guanabara e áreas adjacentes. O sistema Pavuna - Meriti localiza-se em área que abrange quatro municípios da RMRJ: Duque de Caxias, São João de Meriti, Nilópolis e Rio de Janeiro. Atende parcialmente o Município do Rio de Janeiro, é composto por coletores e duas Estações de Tratamento na Bacia de Acari (ETE Acari e ETE Realengo), pequenos núcleos dotados de coletores nas proximidades do rio Pavuna - Meriti e coletores na Bacia do Rio das Pedras. As bacias que compõem este sistema, segundo o PDESRMRJ são: Pavuna-Meriti 01 e 02, Acari e Rio das Pedras. Concepção e Dimensionamento de Rede Coletora e Coletores Tronco de Esgotamento Sanitário para o Sistema Pavuna/Rio de Janeiro - Sub-bacias 4, 5, 6 e 7 4 O PSAM, Programa de Saneamento Ambiental dos Municípios do Entorno da Baía de Guanabara, que tem por objetivo geral a reversão da degradação ambiental da Baía da Guanabara: -Componente 1: Implantação de Sistemas de Esgotamento Sanitário -Componente 2: Apoio à atuação das instituições (INEA, CEDAE e AGENERSA) -Componente 3: Promoção das Políticas Públicas Municipais de Saneamento O PMSB, Plano Municipal de Saneamento Básico: o principal objetivo do serviço de saneamento básico é a manutenção da vida com qualidade, através, entre outros serviços, da oferta de água de potável e de soluções referentes à coleta e tratamento do esgotamento sanitário. No Brasil, é um direito de todos, de acordo com a Constituição de 1988, a ser garantido pelos municípios do país. 1.2. LOCALIZAÇÃO O sistema Pavuna se encontra no bairro do mesmo nome, localizado na zona norte da cidade do Rio de Janeiro. Em termos de coordenadas, o município do RJ fica localizado a 22°54’10’’S e 43°12’28’’W e ocupa uma área total de 1356 km2. Faz divisa com os municípios de Duque de Caxias, Itaguaí, Seropédica, Mesquita, Nilópolis, Nova Iguaçu e São João de Meriti. Fig 2: Localização da cidade do Rio de Janeiro no Brasil (Fonte: PMSB-RJ) Concepção e Dimensionamento de Rede Coletora e Coletores Tronco de Esgotamento Sanitário para o Sistema Pavuna/Rio de Janeiro - Sub-bacias 4, 5, 6 e 7 5 Fig 3: Localização de Pavuna no Rio de Janeiro (Fonte: Google Maps) Em 1981 a cidade passou a ter uma nova base estrutural visando facilitar sua coordenação e planejamento. A partir de então, institui-se codificação institucional das Áreas de Planejamento, conhecidas por “AP”, das Regiões Administrativas, conhecidas por “RA”, e dos Bairros, tendo sido, pela primeira vez, oficializados seus limites físicos. Seguiram-se diversas atualizações e correções dessas divisões, inclusive com a criação de alguns bairros. Atualmente, o município conta com 5 Áreas de Planejamento, 33 Regiões Administrativas e 160 Bairros. Concepção e Dimensionamento de Rede Coletora e Coletores Tronco de Esgotamento Sanitário para o Sistema Pavuna/Rio de Janeiro - Sub-bacias 4, 5, 6 e 7 6 O projeto localiza-se na área conhecida como AP3, formada pela maior parte das planícies das Baixada de Inhaúma e Irajá que se estendem ao norte do maciço da Tijuca, também agregando a Ilha do Governador. Compreende 13 Regiões Administrativas: Ramos, Penha, Vigário Geral, Anchieta, Méier, Jacarezinho, Complexo do Alemão, Ilha do Governador, Inhaúma, Irajá, Pavuna, Complexo da Maré e Madureira. Trata-se da área mais populosa da cidade, um mosaico em termos da composição social em que prevalecem camadas populares e de classe média baixa. Atualmente conhecida como Zona Norte, é uma região que se organizou, historicamente, segundo os três eixos de ferrovias e linhas de bonde que a serviam. Hoje, o seu eixo central é formado pelas rodovias da Avenida Brasil e da Linha Vermelha, as principais vias das relações interestaduais da cidade. A importância desta faixa pode serreconhecida, ainda, pelo fato de conduzir para a ponte Rio/Niterói e para o aeroporto internacional. Recentemente a prevalência da grande circulação longitudinal foi quebrada com a implantação da Linha Amarela, cujo traçado se estende da Barra da Tijuca à Linha Vermelha, cortando o relevo por túneis e pontes e cruzando a Zona Norte. Os grandes eixos de circulação influíram para a localização industrial nesta faixa, onde se situa a refinaria de Manguinhos, grandes mercados, como o São Sebastião e o Irajá. Há ainda instituições como a Fiocruz e a UFRJ, esta última sobre a Ilha do Fundão, além de instalações militares. A igreja da Penha, no alto de um penhasco forma um dos ícones da cidade. A região da AP-3, correspondente aos bairros dos subúrbios da Zona Norte, pode ser analisada como uma grande área homogênea em termos de tendência de ocupação do solo. Apesar de ter o zoneamento gravado em grande extensão como zona industrial, a ocupação residencial é mais do que preponderante em quase todos os bairros que se estendem de Bonsucesso a Pavuna, à exceção dos logradouros das proximidades dos grandes eixos viários - como a Avenida Brasil - e dos centros dos bairros, localizados frequentemente junto às estações dos ramais ferroviários que cortam a região. A área específica de estudo localiza-se na Baia de Guanabara, na margem direita do rio Acari. Concepção e Dimensionamento de Rede Coletora e Coletores Tronco de Esgotamento Sanitário para o Sistema Pavuna/Rio de Janeiro - Sub-bacias 4, 5, 6 e 7 7 Figura 5 – Localização da área de estudo (Fonte: PMSB-RJ) O rio Pavuna divide a cidade do Rio de Janeiro das outras da Baixada Fluminense, desembocando na Baía de Guanabara. De utilização político-institucional, a expressão Baixada Fluminense é utilizada para o planejamento e as ações de governo, assim como para o histórico-cultural, com base na formação social daquela região. Em 2005, o Governo do Estado, através da Secretaria de Estado de Desenvolvimento da Baixada e Região Metropolitana, considerava como da Baixada Fluminense os seguintes municípios: Belford Roxo, Duque de Caxias, Guapimirim, Itaguaí, Japeri, Magé, Mesquita, Nilópolis, Nova Iguaçu, Paracambi, Queimados, São João de Meriti e Seropédica Concepção e Dimensionamento de Rede Coletora e Coletores Tronco de Esgotamento Sanitário para o Sistema Pavuna/Rio de Janeiro - Sub-bacias 4, 5, 6 e 7 8 Fig 4: Municipios da Baixa Fluminense (Fonte: PSAM) O sistema Pavuna é composto pela Estação de Tratamento de Esgotos da Pavuna e pelos Troncos e Redes Coletoras de esgotos das Bacias dos Rios Pavuna e Meriti. A estação de tratamento tem por objetivo: Promover o tratamento primário e secundário dos esgotos coletados pelo Sistema de Coleta e Transporte de Esgotos das Bacias dos Rios Pavuna e Meriti, em parte dos Municípios do Rio de Janeiro, Duque de Caxias e São João de Meriti. Fig 5: ETE Pavuna (Fonte: CEDAE) Após a ETE, as águas tratadas são lançadas no Rio Pavuna com deságue na Baia Guanabara. A Baía de Guanabara, segunda maior baía do litoral brasileiro, possui uma área de aproximadamente 381 km², comportando um volume de água de 3 bilhões de metros cúbicos, Concepção e Dimensionamento de Rede Coletora e Coletores Tronco de Esgotamento Sanitário para o Sistema Pavuna/Rio de Janeiro - Sub-bacias 4, 5, 6 e 7 9 circundado por um perímetro de 131 km banhando praticamente toda a Região Metropolitana do Rio de Janeiro - RMRJ. A bacia hidrográfica compreende uma superfície de 4.081 km², apresentando topografia diversificada, sendo constituída por planícies, das quais se destaca uma grande depressão denominada Baixada Fluminense; pelas colinas e maciços costeiros e pelas escarpas da Serra do Mar 1.2.1. Climatologia Podemos resumir que o clima na Região da Baixada Fluminense predominante é tropical semiúmido, com temperatura média anual de 24° C e chuvas abundantes no verão e invernos secos, com índice de chuva chegando a 1.250 milímetros anuais. De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (2013), a média das precipitações para a cidade do Rio de Janeiro e o seu entorno entre os anos de 1961 e 1990 apontam para periodizações bastante definidas Ao longo dos meses de dezembro, Janeiro, Fevereiro e Março, as médias variam aproximadamente de 130 a 140 mm, enquanto que os meses mais frios do ano se caracterizam por baixas médias pluviométricas, variando entre 40 e 60 mm ao longo dos meses de Junho, Julho, Agosto e Setembro. Ao mesmo tempo é interessante verificar a baixa variabilidade da temperatura ao longo de todo o ano. Ainda assim, verifica-se um decréscimo dos valores de inverno quando comparado ao restante do ano Fig 6: Normais climatológicas referentes à Insolação e Umidade para o Rio de Janeiro e seu entorno (Fonte: INMET Instituto Nacional de Meteorologia) Concepção e Dimensionamento de Rede Coletora e Coletores Tronco de Esgotamento Sanitário para o Sistema Pavuna/Rio de Janeiro - Sub-bacias 4, 5, 6 e 7 10 1.2.2. Geologia Observando o mapa geológico do Estado do Rio de Janeiro, têm-se as seguintes características estruturais geológicas: - Rochas ortoderivadas, que são formadas a partir do metamorfismo sobre rochas ígneas. As rochas ortoderivadas mais comuns no Estado são os chamados ortognaisses, que possuem uma composição semelhante ao granito, mas que mostram uma estrutura planar bem desenvolvida que os geólogos chamam de foliação. - Sedimentos Quaternários (recentes): representados por lamas, turfa, areias, cascalhos e conglomerados depositados entre o presente e 2 milhões de anos atrás. Esses sedimentos se concentram principalmente próximo ao litoral, nos vales dos rios, nas bordas das lagoas e nos brejos. Fig 7: Mapa geológico do Estado do Rio de Janeiro e representação dos principais planos de falha na área de interesse. (Fonte: CPRM, 2000) Legenda: 83 Complexo Paraíba do Sul (NPps) 151 Granitóide foliado e ortognaisse tipo I 153 Granitóide foliado peraluminoso tipo S 161 Granitóide tipo I, calcialcalino de alto K 163 Granitóide tipo I, calcialcalino de alto K, granito pedra branca 185 Intrusões Alcalinas 205 Depósitos litorâneos 206 Depósitos fluvio-lagunares Concepção e Dimensionamento de Rede Coletora e Coletores Tronco de Esgotamento Sanitário para o Sistema Pavuna/Rio de Janeiro - Sub-bacias 4, 5, 6 e 7 11 1.2.3. Morfologia Esta região consiste na zona mais populosa do Estado do Rio de Janeiro, destacando-se o Rio de Janeiro e os núcleos urbanos de Niterói, São Gonçalo, Nova Iguaçu, Belford Roxo, Nilópolis, São João de Meriti e Duque de Caxias. Caracteriza-se como a área ambientalmente mais degradada do Estado e, assim como todas as outras regiões metropolitanas no Brasil, apresenta graves problemas de natureza socioambiental decorrentes do expressivo crescimento desordenado verificado nas últimas décadas 1.2.4. Relevo O relevo do Município do Rio de Janeiro caracteriza-se por contrastes marcantes, montanhas e mar, florestas e praias ou paredões rochosos subindo abruptamente de baixadas extensas. Está filiado ao sistema da Serra do Mar, recoberto pela floresta da Mata Atlântica e apresenta três importantes grupos montanhosos, mais alguns conjuntos de serras menores e morros isolados em meio às planícies. A área de estudo caracteriza-se por um relevo muito irregular, existindo diversos morros ao longo de toda a extensão que fazem a projeção da rede de esgotamento mais complicada. O relevo da área de interesse está intrinsecamente relacionado com os dados referentes à Geologia e Geomorfologia da região de interesse. 1.2.5. Rede Hidrográfica O Estado do Rio de Janeiro pertence à Região Hidrográfica Atlântico Sudeste, formada pelas bacias hidrográficas dos rios que deságuam no litoral sudeste brasileiro, do norte do Paraná ao norte do Espírito Santo.A região tem cerca de 230 mil km² de área. Os seus principais rios são o Paraíba do Sul e o Doce, com respectivamente 1.137 e 853 km de extensão. Concepção e Dimensionamento de Rede Coletora e Coletores Tronco de Esgotamento Sanitário para o Sistema Pavuna/Rio de Janeiro - Sub-bacias 4, 5, 6 e 7 12 Fig 8: Definição das principais bacias hidrográficas na área de interesse do projeto (Fonte: PSAM) A principal contribuição fluvial da cidade está dividida entre as Baías de Guanabara e de Sepetiba, havendo bacias de menor importância ao longo do litoral oceânico. Podem-se destacar quatro vertentes principais: Oceano Atlântico, Baías de Guanabara, Baía de Sepetiba e Lagoa de Jacarepaguá; e três centros dispersores d´água: Maciço da Pedra Branca, Maciço da Tijuca e Maciço de Gericinó. A rede hidrográfica do Município caracteriza-se pelo modesto volume d´água. Os cursos d´água possuem um pequeno trecho nas áreas de relevo e grandes percursos nas áreas planas, sendo, por isso, classificados como rios de planície. Quando da passagem das áreas elevadas para as mais baixas, há uma redução acentuada de declive, contribuindo bastante para a ocorrência de enchentes. Potencializando o problema, o aumento dos níveis das marés cheias em época das chuvas, que interceptam na foz o escoamento das águas; promovem grandes áreas permanentemente alagadas. Com o objetivo de recuperar essas áreas, surgiram os projetos de retificação e canalização de grande parte dos rios, tanto na região oriental quanto na região ocidental do Município. Embora o escoamento se realize mais rapidamente, devido a inexistência de infiltração dessas águas no solo, há problemas de fluxo das mesmas. Somente uma pequena porção da rede hidrográfica (nos altos cursos) é aproveitada no fornecimento de energia elétrica à cidade. O rio Guandu, que recebe as águas desviadas do Rio Paraíba do Sul, é responsável por grande parte do abastecimento, complementado, através de Concepção e Dimensionamento de Rede Coletora e Coletores Tronco de Esgotamento Sanitário para o Sistema Pavuna/Rio de Janeiro - Sub-bacias 4, 5, 6 e 7 13 adutoras, por mananciais localizados em municípios vizinhos. O Município do Rio de Janeiro se divide em quatro grandes Bacias Hidrográficas, conforme figura a seguir: Fig 9: Divisão em grandes Bacias hidrográficas do município de Rio de Janeiro (Fonte: PMSB-RJ) 2. SISTEMA DE ESGOTAMENTO SANITÁRIO 2.1 Considerações Gerais Os serviços de esgotamento sanitário são basicamente o conjunto de ações e instalações que visam o tratamento e a destinação apropriados para as águas servidas nos domicílios, ou seja, os esgotos sanitários, garantindo assim, que os mesmos não influenciem prejudicialmente o meio ambiente. As soluções para o serviço de saneamento, especificamente dos efluentes sanitários, são diversas, variadas e influenciadas por inúmeros aspectos externos, sejam fatores físicos, como relevo e topografia, ou fatores demográficos, como densidade populacional e projeções futuras, além de fatores sociais e culturais, a exemplo da não aceitação popular de uma determinada solução ou do grau de poluição ao meio ambiente, permitido pela legislação. 2.2 Tipos de Sistemas de Esgotamento Existem três tipos de sistemas de esgotamento: Sistema de esgotamento unitário (sistema combinado-combined sewer system or overflow). Desenvolvido para atender cidades com ruas pavimentadas e com nível econômico, que permita assegurar recursos financeiros para as obras públicas. Concepção e Dimensionamento de Rede Coletora e Coletores Tronco de Esgotamento Sanitário para o Sistema Pavuna/Rio de Janeiro - Sub-bacias 4, 5, 6 e 7 14 Águas residuais: domésticas e industriais Águas de infiltração: água de subsolo que penetra no sistema através de tubulações e órgãos acessórios Águas pluviais que veiculam por um único sistema. O sistema exige desde o início investimentos elevados, devido às grandes dimensões dos condutos e das obras complementares e a aplicação dos recursos precisa ser feita de maneira mais concentrada, reduzindo a flexibilidade de execução programada por sistema. Além disso, as galerias de águas pluviais, que normalmente são executadas em 50% ou menos das vias públicas, terão de ser construídas em todos os logradouros. O sistema não funciona bem em vias não pavimentadas, que se apresentam com elevada frequência em este caso. As obras são de execução mais difícil e mais demorada. Fig 10: Sistema de esgotamento unitário (Fonte: Notas de Aula Esgotamento Sanitário) Sistema de esgotamento separador parcial. Para cidades com limitações de recursos financeiros, áreas não pavimentadas, casas com áreas e pátios internos de difícil drenagem e com chuvas de alta intensidade. Águas residuais: domésticas e industriais Águas de infiltração Parcela das águas de chuva: provenientes de telhados e pátios das edificações, são encaminhadas juntamente para um único sistema de coleta e transporte de esgotos. Sistema separador absoluto (separate sewer system). Águas residuais urbanas coletadas e transportadas em um sistema totalmente separado daquele destinado às águas pluviais. Permite o esgotamento das águas residuais com vazões menores, resultando em obras de Concepção e Dimensionamento de Rede Coletora e Coletores Tronco de Esgotamento Sanitário para o Sistema Pavuna/Rio de Janeiro - Sub-bacias 4, 5, 6 e 7 15 menor porte e consequentemente de menor custo, resolvendo o problema mais grave de saneamento da cidade. Águas residuais: domésticas e industriais Águas de infiltração: água de subsolo que penetra no sistema através de tubulações e órgãos acessórios, que constituem o esgoto sanitário, veiculam em um sistema independente, denominado sistema de esgoto sanitário. Águas pluviais são coletadas e transportadas em um sistema de drenagem pluvial totalmente independente. O sistema separador custa menos pelo fato de empregar tubos mais baratos, de fabricação industrial, oferece mais flexibilidade para a execução por etapas, reduz consideravelmente o custo do afastamento das águas pluviais porque permite o seu lançamento no curso de água mais próximo. O sistema não está condicionado e nem obriga a pavimentação das vias públicas, reduz muito a extensão das canalizações de grande diâmetro em uma cidade e não prejudica a depuração dos esgotos sanitários. A norma brasileira NBR 9649 apresenta os critérios e premissas de dimensionamento de rede coletora de esgotamento sanitário para sistema separador absoluto Fig 11: Sistema separador absoluto (Fonte: Notas de Aula Esgotamento Sanitário) O sistema escolhido para este projeto é o sistema separador absoluto. 2.3 Sistema de Esgotamento Sanitário Existente O sistema Pavuna/Meriti localiza-se em uma área que abrange quatro municípios da RMRJ: Duque de Caxias, São João de Meriti, Nilópolis e Rio de Janeiro. As bacias que compõem este sistema são: Bacia do Pavuna-Meriti 01 Concepção e Dimensionamento de Rede Coletora e Coletores Tronco de Esgotamento Sanitário para o Sistema Pavuna/Rio de Janeiro - Sub-bacias 4, 5, 6 e 7 16 Bacia do Pavuna-Meriti 02 Bacia de Acarí A bacia do Pavuna-Meriti, em grande parte de sua área, não possui rede coletora de esgotos, sendo alguns logradouros esgotados pelo sistema de drenagem pluvial. Na região pertencente ao município do Rio de Janeiro, que é a região de estudo, existem alguns logradouros que possuem rede do tipo separador absoluto. O destino final dos efluentes coletados nos locais onde há rede de esgotos é a Estação de Tratamento de Esgotos (ETE) de Acarí, com tratamento a nível secundário, pelo processo de aeração prolongada. Segundo dados extraídos do Plano Diretor de Esgotamento Sanitário da Região Metropolitana do Rio de Janeiro e das Bacias Contribuintes à Baía de Guanabara (PDESRMRJ),de 1994, a Cidade do Rio de Janeiro pertence à sub-bacia Oeste de esgotamento sanitário do estado, constituída, de acordo com a topografia, por três sistemas: Guanabara, onde os efluentes são encaminhados para a Baia de Guanabara e Oceano Atlântico; Jacarepaguá, em que o esgotamento dos efluentes vai para o Oceano Atlântico; e Sepetiba, que lança os esgotos para a Baia de Sepetiba. O quadro apresentado embaixo relaciona, de acordo com o Plano Diretor, as bacias de esgotamento ou bairros e o tipo de sistema implantado. Concepção e Dimensionamento de Rede Coletora e Coletores Tronco de Esgotamento Sanitário para o Sistema Pavuna/Rio de Janeiro - Sub-bacias 4, 5, 6 e 7 17 2.4 Necessidades da Área Para atender de forma satisfatória à população residente na área de estudo, visando atingir a universalização, tanto a infraestrutura de abastecimento de água quanto à infraestrutura de coleta e tratamento de esgoto precisam ser ampliadas. A infraestrutura hidráulica já construída precisa ser reavaliada e requalificada ou reabilitada de modo que se tenham os serviços de saneamento básico operando com a eficiência requerida na normativa. Apesar que a Política Nacional de Saneamento impõe aos municípios a obrigatoriedade de elaborarem seus respectivos Planos Municipais de Saneamento – PMSB, devido à integração hidráulica dos sistemas de água e esgotos, para elaborarem os seus Planos Municipais é necessário o conhecimento técnico detalhado dos sistemas regionais integrados de Abastecimento de Água e Tratamento de Esgoto. O Programa de Saneamento Ambiental dos Municípios do Entorno da Baia de Guanabara- PSAM, estabeleceu também como premissa de seu cumprimento o apoio às elaborações dos PMSB e o planejamento dos projetos de engenharia de infraestrutura, de modo a hierarquizar os investimentos necessários e efetuar o monitoramento dos resultados a serem alcançados pelo referido Programa. Por isso é necessária uma visão panorâmica e o planejamento regional para o esgotamento sanitário, a fim de evitar a fragmentação e desarticulação das ações a serem implementadas, evitando-se o desperdício de recursos e o não atendimento das demandas da sociedade. A área de estudo localiza-se na proposição do PSAM na bacia do Rio Pavuna. De uma forma geral, a situação dos serviços de esgoto nos municípios encontra-se bastante deficitária, sendo o maior problema verificado que as estatísticas consideram como coletados os esgotos sanitários encaminhados à rede de águas pluviais, contrariando a boa técnica de saneamento básico preconizada pela NBR 9649. A seguinte figura mostra a situação em planta do esgotamento sanitário na parte Oeste da Bacia Hidrográfica da Baía de Guanabara e apresenta os sistemas de esgotos em funcionamento com suas respectivas Estações de Tratamento de Esgotos principais (ETE). Nota-se que existem algumas áreas não atendidas por tratamento adequado mesmo com a existência de redes de esgotamento, as quais acabam lançando os esgotos domésticos em rios e valões “in natura”. Concepção e Dimensionamento de Rede Coletora e Coletores Tronco de Esgotamento Sanitário para o Sistema Pavuna/Rio de Janeiro - Sub-bacias 4, 5, 6 e 7 18 Fig 12: Sistemas de esgotamento existentes (Fonte: PSAM) No caso da área de estudo, existe um acréscimo significativo da rede geral de esgoto nos últimos anos, tendo um “boom” da extensão da rede entre os anos 2008 e 2010 devido à existência de um sistema de esgoto mais consolidado na cidade de Rio de Janeiro quando comparadas com as outras áreas, sobre as quais os movimentos de implementação de infraestrutura básica ocorreram de maneira mais intensa já no fim da década de 90. A ETE Pavuna, onde os esgotos da área de estudo vão escoar, em um primeiro momento, foi dimensionada para possuir a partir da sua capacidade máxima, o tratamento na sua etapa final de 3,0 m³/s de esgotos no grau de tratamento secundário. Na primeira etapa de sua implementação, o tratamento primário era quimicamente assistido, possuindo também a estabilização alcalina dos lodos, para uma vazão média de 1,0 m3/s. Na segunda etapa (quadro que se encontra atualmente vigente desta ETE) foram construídas as unidades e infraestruturas necessárias ao tratamento secundário, assim como foram instalados os equipamentos de cada unidade (tratamento primário e secundário) para uma vazão média de 1,5 m3/s. Concepção e Dimensionamento de Rede Coletora e Coletores Tronco de Esgotamento Sanitário para o Sistema Pavuna/Rio de Janeiro - Sub-bacias 4, 5, 6 e 7 19 3. METODOLOGIA A rede foi dimensionada segundo a NBR 9649. a Norma Técnica SABESP NTS025 de Projeto de Redes Coletoras de Esgotos também foi consultada 3.1 Concepção de Sistemas de Esgotamento Sanitário A concepção de sistemas de esgoto sanitário é o conjunto de estudos e conclusões referentes ao estabelecimento de todas as diretrizes, parâmetros e definições necessárias e suficientes para a caracterização completa do sistema a projetar, e é elaborada na fase inicial do projeto. A NBR 9648 apresenta os critérios e premissas para os estudos referentes à concepção de sistemas de esgotamento sanitário. 3.2 Objetivos Os objetivos do projeto são: Identificação e quantificação de todos os fatores intervenientes com o sistema de esgotos Diagnóstico do sistema existente, considerando a situação atual e futura Estabelecimento de todos os parâmetros básicos de projeto Pré-dimensionamento das unidades dos sistemas, para as alternativas selecionadas Escolha da alternativa mais adequada mediante a comparação técnica, econômica e ambiental, entre as alternativas Estabelecimento das diretrizes gerais de projeto e estimativa das quantidades de serviços que devem ser executados na fase de projeto 3.3 Partes de um Sistema O sistema está composto por: Rede coletora: conjunto de canalizações destinadas a receber e conduzir os esgotos dos edifícios, sendo o coletor tronco o coletor principal da bacia de drenagem. Interceptor: canalização que recebe coletores ao longo de seu comprimento, não recebendo ligações prediais diretas. Emissário: canalização destinada a conduzir os esgotos a um destino conveniente (ETE/ou lançamento) sem receber contribuições em marcha. Corpo receptor: corpo de água onde são lançados os esgotos. Concepção e Dimensionamento de Rede Coletora e Coletores Tronco de Esgotamento Sanitário para o Sistema Pavuna/Rio de Janeiro - Sub-bacias 4, 5, 6 e 7 20 Sifão invertido: obra destinada à transposição de obstáculo pela tubulação de esgoto, funcionando sob pressão. Estação elevatória: conjunto de instalações destinadas a transferir os esgotos de uma cota mais baixa para outra mais alta. Estação de tratamento: conjunto de instalações destinadas à depuração dos esgotos, antes de seu lançamento. Coletor tronco: canalizações de maior diâmetro responsáveis pela alimentação dos condutos secundários, que são responsáveis pelo escoamento principal. 3.4 Hidráulica dos Coletores – Regime Hidráulico do Escoamento Nos sistemas de esgotamento, em geral a seção circular é a mais empregada, considerando-se que essa é a que apresenta maior rendimento se comparada às demais seções em condições equivalentes, visto ser a que apresenta maior raio hidráulico, além de menor consumo de matéria-prima para moldagem dos tubos. Para o cálculo das seções de vazões dos condutos, considera-se em cada trecho calculado o escoamento em regime permanente e uniforme, em cada trecho a vazão e a velocidade média são constantes. Considerando que a declividade é pequena e que não atuam ações perturbadoras, estabelece-se o regime uniforme, por conseguinte, as seções transversais se repetem ao longo do escoamento e a superfície líquida torna-se paralela ao fundo. 𝑆𝑢𝑝𝑒𝑟𝑓í𝑐𝑖𝑒 𝐿í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑎 = 𝐿𝑖𝑛ℎ𝑎 𝑃𝑖𝑒𝑧𝑜𝑚é𝑡𝑟𝑖𝑐𝑎 A superfície livre está em contato com a atmosfera, por conseguinte a pressão relativa é nula. 3.5 Estudo de Concepção de Sistema de Esgotamento Sanitário Para começar a delimitar o sistema de esgotamento, é necessário realizar as seguintes atividades e coletar os seguintes dados: Dados e características da comunidade Análise do sistema de esgotamento sanitário existente Estudos demográficos e de uso e ocupação do solo Concepção e Dimensionamento de Rede Coletora e Coletores Tronco de Esgotamento Sanitário para o Sistema Pavuna/Rio de Janeiro - Sub-bacias 4, 5, 6 e 7 21 Critérios e parâmetros de projeto Cálculo das contribuições Formulação criteriosa das alternativas de concepção Estudo de corpos receptores Pré-dimensionamento das unidades de cada alternativa Estimativa de custo de cada alternativa Comparação técnico-econômicas ambiental das alternativas Alternativa escolhida Peças gráficas do estudo de concepção Memorial de cálculo Os procedimentos no presente projeto foram os seguintes: Estudo da população da área e de sua distribuição; delimitação em planta dos setores densidades demográficas. Estabelecimento dos critérios para a previsão de vazões: per capita/consumo de água por habitante por dia; coeficiente de retorno; coeficientes de variação de consumo; vazão de infiltração. Estimativa das vazões dos grandes contribuintes; indústrias, hospitais, grandes edifícios em geral. Tais contribuintes devem ser localizados na planta da cidade, com o valor da sua vazão. Determinação para cada setor de densidade demográfica da sua vazão específica de esgoto em litros por segundo por unidade de área, ou litros por segundo por metro de canalização. Divisão da área em bacias e sub-bacias de contribuição, estudando a necessidade de Estações Elevatórias de Esgoto (EEE). Traçado e pré-dimensionamento das redes coletoras e dos coletores tronco. Quantificação preliminar das quantidades de serviços que serão executados; para os coletores de esgotos será feita uma pré-estimativa da extensão dos diversos diâmetros, com base nas vazões de esgotos. Memorial descritivo e justificativo, onde são reunidos todos os critérios de cálculo, descrição do sistema, cálculos hidráulicos, etc. Planta planialtimétrica da cidade, em escala 1:5.000 com curvas de nível de metro a metro, em que são desenhados a setorização das densidades demográficas, a divisão em bacias e Concepção e Dimensionamento de Rede Coletora e Coletores Tronco de Esgotamento Sanitário para o Sistema Pavuna/Rio de Janeiro - Sub-bacias 4, 5, 6 e 7 22 sub-bacias de contribuição e o traçado dos coletores tronco com seus diâmetros e extensões. Delimitação na planta em escala 1:2.000 ou 1:1.000, das bacias e sub-bacias de contribuição e dos setores de densidades demográficas diferentes. Localização dos órgãos acessórios da rede na planta, identificando-os por convenção adequada. Localização da tubulação, unindo os órgãos acessórios com a indicação do sentido de escoamento por uma seta no traçado da tubulação. 3.6 Concepção do Traçado da Rede Localização da Tubulação na Via Pública A escolha da posição da rede em via pública depende dos seguintes fatores: Conhecimento prévio das interferências (galerias de águas pluviais, cabos telefónicos e elétricos, adutoras, redes de água, tubulação de gás). Profundidade dos coletores. As redes podem ser simples ou duplas, dependendo do nível de trafego, da largura entre os alinhamentos dos lotes, ou interferências que possam impossibilitar o assentamento do coletor no leito carroçável. Outros Fatores que Interferem no Traçado da Rede Profundidades máximas e mínimas Sondagens Em passeios a profundidade máxima é de 2 a 2,5 m. Em terços e leito carroçável a profundidade máxima é de 3 a 4 m. Acima de 4 m necessidade de apresentar justificativa técnica-econômica. O recobrimento mínimo é de 0,90 m. Interferências Drenagem urbana. Cursos de água. Grandes diâmetros nominais de abastecimento de água. Transito. Travessias. Aproveitamento de canalizações existentes Concepção e Dimensionamento de Rede Coletora e Coletores Tronco de Esgotamento Sanitário para o Sistema Pavuna/Rio de Janeiro - Sub-bacias 4, 5, 6 e 7 23 Planos diretores de urbanização 3.7 Dimensionamento Hidráulico Critérios Gerais A contribuição efetiva per capita e por economia, a ser adotada para o cálculo de vazões, deve ser avaliada com base nas micromedições e no coeficiente de retorno. Nos casos em que se dispuser de dados recentes de outros projetos ou áreas com características semelhantes, esses dados podem ser utilizados, com as devidas comprovações. Quando for para áreas a serem habitadas deve-se observar a característica urbana do bairro, a densidade demográfica de saturação (hab/dia) e extensão média do arruamento por hectare em metros. A população de projeto deve ser definida para o início de plano e fim de plano (horizonte mínimo 20 anos). O traçado do coletor, em planta, deve ser feito de acordo com a topografia favorável (cota mais alta à montante). Casos específicos de coletor contra declividade devem ser analisados quanto à alternativa de criação de faixa de servidão, para se evitarem aprofundamentos excessivos da rede. Deve ser feita a verificação hidráulica e geométrica (cotas) dos coletores existentes, que devem-se integrar ao sistema projetado. Especial atenção deve ser dada à verificação dos trechos de jusante que receberão vazões concentradas dos trechos projetados. No caso de ampliação de redes, a cota de partida da rede nova deve ser a da geratriz superior do tubo existente e não o fundo da canaleta. É utilizada a equação de Manning (1890) para os cálculos hidráulicos dos coletores de esgoto, que é a equação usada geralmente para condutos livres. 𝑣2 = 𝑅ℎ 4/3 ∗ 𝐼 𝑛2 Onde: 𝑣 = 𝑉𝑒𝑙𝑜𝑐𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑚é𝑑𝑖𝑎 𝑛𝑎 𝑠𝑒çã𝑜 𝑑𝑒 𝑒𝑠𝑐𝑜𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 (𝑚/𝑠) 𝑅ℎ = 𝑅𝑎𝑖𝑜 ℎ𝑖𝑑𝑟á𝑢𝑙𝑖𝑐𝑜, 𝐴𝑚 𝑃𝑚 (𝑚) 𝐼 = 𝐷𝑒𝑐𝑙𝑖𝑣𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑎 𝑙𝑖𝑛ℎ𝑎 𝑑𝑒 𝑒𝑛𝑒𝑟𝑔𝑖𝑎 (𝑚/𝑚) Concepção e Dimensionamento de Rede Coletora e Coletores Tronco de Esgotamento Sanitário para o Sistema Pavuna/Rio de Janeiro - Sub-bacias 4, 5, 6 e 7 24 𝑛 = 𝑐𝑜𝑒𝑓𝑖𝑐𝑖𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑑𝑒 𝑀𝑎𝑛𝑛𝑖𝑛𝑔 (𝑠𝑒𝑟á 𝑡𝑜𝑚𝑎𝑑𝑜 0,013) Diâmetro Os diâmetros utilizados devem ser previstos nas normas e especificações brasileiras, sendo que o diâmetro nominal mínimo deve ser de 150 mm. Declividade O mecanismo básico da autolimpeza é uma força hidrodinâmica exercida sobre as paredes do conduto pelo escoamento do esgoto. Os critérios para garantir a autolimpeza são: Manutenção de uma velocidade mínima independentemente do diâmetro da tubulação. Tensão trativa mínima (1 Pa) calculada para a vazão inicial, atua sobre o material sedimentado promovendo seu arrastre. Representa um valor médio da tensão ao longo do perímetro molhado da seção transversal considerada. 𝜎 = 𝛾 · 𝑅ℎ · 𝐼 Onde: 𝜎 = 𝑇𝑒𝑛𝑠ã𝑜 𝑡𝑟𝑎𝑡𝑖𝑣𝑎 𝑚é𝑑𝑖𝑎 (𝑃𝑎) 𝛾 = 𝑃𝑒𝑠𝑜 𝑒𝑠𝑝𝑒𝑐í𝑓𝑖𝑐𝑜 (𝑁/𝑚3) 𝑅ℎ = 𝑅𝑎𝑖𝑜 ℎ𝑖𝑑𝑟á𝑢𝑙𝑖𝑐𝑜 (𝑚) 𝐼 = 𝐷𝑒𝑐𝑙𝑖𝑣𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑎 𝑡𝑢𝑏𝑢𝑙𝑎çã𝑜 (𝑚/𝑚) Praticamente nos outros países se utiliza o critério da velocidade mínima para autolimpeza. A declividade mínima que satisfaz essa condição pode ser determinada pela expressão aproximada: 𝐼𝑚𝑖𝑛 = 0,0055 ∗ 𝑄𝑖 −0,47 A equação da declividade mínima é válida para o coeficiente de Manning n=0,013 A máxima declividade admissível é aquela para a qual se tenha velocidade na tubulação igual a 5,0 m/s para a vazão final (Qf) e pode ser obtida pela expressão aproximada: 𝐼𝑚𝑎𝑥 = 4,56 ∗ 𝑄𝑖 −0,67 Velocidade Crítica Concepção e Dimensionamento de Rede Coletora e Coletores Tronco de Esgotamento Sanitáriopara o Sistema Pavuna/Rio de Janeiro - Sub-bacias 4, 5, 6 e 7 25 Para a vazão final (Qf) deve ser calculada a velocidade crítica através da seguinte expressão: 𝑉𝑐 = 6 ∗ (𝑔 ∗ 𝑅ℎ) 1/2 Quando a velocidade final (Vf) é superior à velocidade crítica (Vc), a maior lâmina admissível deve ser 50% do diâmetro do coletor, assegurando-se a ventilação do trecho. Se a lâmina for superior a 50%, o diâmetro do coletor deverá ser aumentado. Lâmina de água As lâminas de água devem ser calculadas admitindo o escoamento em regime permanente e uniforme. A lâmina máxima deverá ser igual ou inferior ao 75% do diâmetro do coletor, calculada para a vazão final. Nos coletores existentes, poderão ser admitidas lâminas superiores ao limite y/d≤0,75 desde que os coletores não operem em carga. Ao existir uma limitação por critério da tensão de arrastre, não se limita a lâmina de água mínima. Condição de Controle de Remanso Sempre que a cota do nível d'água na saída de qualquer PV ou PI estiver acima de qualquer das cotas dos níveis d'água de entrada, deve ser verificada a influência do remanso no trecho de montante, garantindo-se as condições de auto-limpeza e condições de esgotamento livre. Rugosidade da Parede do Conduto O dimensionamento hidráulico deve considerar a rugosidade das paredes internas das tubulações devido à formação de limo e para tanto deve ser adotado coeficiente de Manning de 0,013, independente do material de que for feito o coletor. 3.8 Disposições Construtivas Profundidade A profundidade da rede coletora deverá atender as condições adequadas de ligação predial e proteção da tubulação contra cargas externas. Em princípio, as redes não devem ser aprofundadas para atender às soleiras abaixo do greide da rua, tendo sua profundidade Concepção e Dimensionamento de Rede Coletora e Coletores Tronco de Esgotamento Sanitário para o Sistema Pavuna/Rio de Janeiro - Sub-bacias 4, 5, 6 e 7 26 definida pelas condições hidráulicas e pelas restrições de recobrimento mínimo. Com a profundidade assim determinada, devem ser calculadas as seguintes relações: Relação percentual entre o número de soleiras baixas atendidas e o número total de soleiras baixas. Relação percentual entre o número de soleiras baixas atendidas e o número total de soleiras. Essas relações devem ser analisadas pela área de engenharia, podendo o aprofundamento da rede ser admitido ou não. Devem ser analisadas, também, as condições de jusante do trecho a ser aprofundado, quanto à possibilidade de recuperação de profundidades, cotas fixas de chegada a jusante, etc. A rede poderá ser aprofundada de acordo com estudo econômico em função de desapropriações ou existência de estações elevatórias. O cálculo da profundidade necessária para o coletor atender a determinadas soleiras negativas deve ser feito da seguinte forma: 𝑝 = 𝐻 + (𝑖 ∗ 𝐿) + 𝑆 Onde: 𝑝 = 𝑝𝑟𝑜𝑓𝑢𝑛𝑑𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑒 𝑔𝑒𝑟𝑎𝑡𝑟𝑖𝑧 𝑖𝑛𝑓𝑒𝑟𝑖𝑜𝑟 𝑖𝑛𝑡𝑒𝑟𝑛𝑎 𝐻 = 1,0 𝑚 𝑒𝑚 𝑐𝑎𝑠𝑜𝑠 𝑛𝑜𝑟𝑚𝑎𝑖𝑠 (𝑝𝑜𝑑𝑒 𝑠𝑒𝑟 𝑚𝑒𝑛𝑜𝑟, 𝑑𝑒𝑝𝑒𝑛𝑑𝑒𝑛𝑑𝑜 𝑑𝑎𝑠 𝑛𝑒𝑐𝑒𝑠𝑠𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒𝑠 𝑙𝑜𝑐𝑎𝑖𝑠) 𝑖 = 2%, 𝑑𝑒𝑐𝑙𝑖𝑣𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑜 𝑟𝑎𝑚𝑎𝑙 𝑝𝑟𝑒𝑑𝑖𝑎𝑙 𝐿 = 𝑑𝑖𝑠𝑡â𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑎𝑡é 𝑜 𝑐𝑜𝑙𝑒𝑡𝑜𝑟 (𝑚) 𝑆 = 𝑑𝑒𝑠𝑛í𝑣𝑒𝑙 𝑒𝑛𝑡𝑟𝑒 𝑜 𝑝𝑖𝑠𝑜 𝑑𝑎 𝑏𝑎𝑐𝑖𝑎 𝑚𝑎𝑖𝑠 𝑑𝑒𝑠𝑓𝑎𝑣𝑜𝑟á𝑣𝑒𝑙 𝑎 𝑒𝑠𝑔𝑜𝑡𝑎𝑟 𝑒 𝑜 𝑔𝑟𝑒𝑖𝑑𝑒 𝑑𝑎 𝑟𝑢𝑎 (𝑚) Recobrimento (SABESP NTS025) O recobrimento mínimo para o coletor a ser assentado no leito carroçável de rua pavimentada será de 1,35m, e para as ruas não pavimentadas será de 1,45m. No passeio o recobrimento mínimo será de 1,05m. Em regiões planas e de nível do lençol freático alto, podem ser adotados os recobrimentos de 1,05, 1,25 e 0,75m, respectivamente para coletores em ruas pavimentadas, não pavimentadas e no passeio. É utilizado um recobrimento de 1,05m, recobrimentos menores devem ser justificados. Concepção e Dimensionamento de Rede Coletora e Coletores Tronco de Esgotamento Sanitário para o Sistema Pavuna/Rio de Janeiro - Sub-bacias 4, 5, 6 e 7 27 Órgãos Acessórios Em todos os pontos singulares da rede coletora, tais como início de coletores, nas mudanças de direção, de declividade, de diâmetro e de material, na reunião de coletores e onde há degraus e tubo de queda, devem ser utilizados os órgãos acessórios definidos a seguir. Poço de Visita (PV) Deve ser obrigatoriamente usado nas seguintes condições: Na confluência de mais de 2 (dois) trechos à singularidade e 1 (uma) saída. Na confluência que exige colocação de tubo de queda. Quando a profundidade for maior ou igual a 1,60 m; A jusante de ligações prediais cujas contribuições podem acarretar problemas de manutenção. Os poços de visita devem ser construídos em tubos de concreto tipo ponta e bolsa com junta elástica, conforme especificado na SABESP, com exceção da parte inferior que deve ser concretada concomitantemente com a laje de fundo, no mínimo a altura de meio diâmetro do tubo coletor, acima da geratriz superior deste. Este concreto deve apresentar dosagem e características físicas e químicas adequadas à exposição ao esgoto. Concepção e Dimensionamento de Rede Coletora e Coletores Tronco de Esgotamento Sanitário para o Sistema Pavuna/Rio de Janeiro - Sub-bacias 4, 5, 6 e 7 28 Fig 13: Poço de Visita (Fonte: Notas de aula Esgotamento Sanitário) Poço de Inspeção (PI) Devem ser usados nas seguintes situações: Na confluência de até 2 (dois) trechos à singularidade e 1 (uma) saída. Nos pontos com degrau de altura igual ou inferior a 0,50 m. Profundidade do coletor até 1,60 m. Diâmetro do coletor até 200 mm. Ausência, a montante, de ligações de postos de gasolina, de hospitais e de escolas. As paredes dos poços de inspeção devem ser revestidas por tubos de concreto tipo ponta e bolsa com junta elástica, conforme especificado na NTS 044, com exceção da parte inferior que deve ser concretada concomitantemente com a laje de fundo, no mínimo a altura de meio diâmetro do tubo coletor, acima da geratriz superior deste. Este concreto deve apresentar dosagem e características físicas e químicas adequadas para exposição ao esgoto, conforme capítulo 8 da Especificação Técnica e Critérios de Medição da Sabesp. Terminal de Limpeza (TL) O TL deve ser usado em pontas secas, isto é, no início (montante) de redes coletoras de esgotos, exceto em ruas de terra, e nos casos em que há previsão de prolongamento de rede, quando deve-se usar PI ou PV. Concepção e Dimensionamento de Rede Coletora e Coletores Tronco de Esgotamento Sanitário para o Sistema Pavuna/Rio de Janeiro - Sub-bacias 4, 5, 6 e 7 29 Sifão Invertido Quando a necessidade da instalação deste sifão for a solução técnica e econômica mais adequada, deve ser projetado de forma a garantir facilidade de acesso para operação e manutenção. Distância entre Órgãos Acessórios A distância máxima recomendada entre singularidades (PV PI e TL) deve ser de 100 m. Por segurança na execução de limpeza dos trechos a distância máxima escolhida é de 80 m. Direcionamento do Fluxo nos Órgãos Acessórios No fundo do PV e PI, as calhas devem ter conformação hidráulica de forma a conduzir o fluxo afluente em direção à saída. Lateralmente, as calhas devem ter altura coincidindo com a geratriz superior do tubo de saída. 3.9 Modelagem Hidráulica Foi utilizado o software SanCad para o dimensionamento da Rede Coletora e dos Coletores Troncos dos Sistemas de Esgotamento Sanitário. O Sistema SANCAD é um aplicativo de 32 bits para projeto e dimensionamento de redes coletoras de esgotos sanitários pelas normas brasileiras N-BR 9649/86 (critério da tensão trativa), desenvolvido para ser utilizado em conjunto com o software gráfico AutoCAD. A metodologia de trabalho consiste em lançar graficamente a rede sobre a planta topográfica no AutoCAD, gerar o arquivode exportação de dados em formato neutro (DXF), ler o arquivo no aplicativo de cálculo para montar automaticamente a planilha (matriz de dados/dimensionamento), calcular a rede sob os aspectos hidráulicos, gerar os arquivos de retorno das informações do cálculo para o AutoCAD também via DXF e obter a planta final e perfis longitudinais, tudo num processo automatizado e orientado por menus, ícones e rotinas desenvolvidas para esta finalidade. O SANCAD foi escrito em linguagem de programação para Windows e embora foi uma aplicação escrita num compilador de 32 bits, funciona atualmente em todos as atualizações de Windows (XP, Vista, Seven, Ten). Concepção e Dimensionamento de Rede Coletora e Coletores Tronco de Esgotamento Sanitário para o Sistema Pavuna/Rio de Janeiro - Sub-bacias 4, 5, 6 e 7 30 4. ESTUDO POPULACIONAL Para poder definir as necessidades de vazões e outros parâmetros do projeto, foram analisados os dados demográficos e demandas da área. Foram feitas as estimativas da população da área de estudo, a previsão para os anos futuros assim como sua distribuição geográfica. É importante lembrar que os dados coletados têm que ser de boa qualidade devido a que servirão de base para a projeção populacional, e que quanto maior seja o período de tempo alcançado pela projeção, maiores serão os erros esperados. Para o estudo da população foram obtidos do Instituto Pereira Passos os dados populacionais referentes aos anos 1991, 2000 e 2010 do bairro Pavuna e com esses dados foram projetados os crescimentos previstos para os anos 2015, 2020, 2030 e 2040 obtendo também a taxa de crescimento anual que será usada para obter a população futura das sub-bacias levando em conta que o crescimento populacional das sub-bacias será o mesmo que o crescimento do bairro em geral. Também foi obtido o número de habitantes por domicilio considerando população residente e domicílios ocupados. Estrutura da População Área de Planejamento e Regiões Administrativas: Pavuna População residente: 208.813 habitantes Domicílios particulares ocupados: 66.424 domicílios Média de moradores em domicílios particulares ocupados: 3,14 hab/domic. Pirâmide de população segundo idade e sexo: Idade Homens Mulheres 1 a 10 anos 17 861 17 405 10 a 20 anos 17 994 18 063 20 a 30 anos 14 799 16 317 30 a 40 anos 15 458 17 269 40 a 50 anos 13 061 14 725 50 a 60 anos 9 975 12 260 60 a 70 anos 5 736 7 667 70 a 80 anos 2 943 4 473 80 a 90 anos 847 1 633 90 a 100 anos 71 238 100 anos ou mais 5 13 Total 98 750 110 063 Concepção e Dimensionamento de Rede Coletora e Coletores Tronco de Esgotamento Sanitário para o Sistema Pavuna/Rio de Janeiro - Sub-bacias 4, 5, 6 e 7 31 A pirâmide populacional amostra uma pirâmide própria de uma área onde a tendência é de crescimento, existe uma maioria da população menor de 40 anos devido à alta taxa de nascimentos. 4.1 Estimativa Existem alguns métodos para o estudo demográfico como o método dos componentes demográficos, os métodos matemáticos e o método de extrapolação gráfica. Para este trabalho serão aplicados apenas os métodos matemáticos. A projeção de população é feita com métodos que usam expressões matemáticas para melhor se ajustar aos dados históricos levantados. Existem basicamente três métodos matemáticos para ajustar o crescimento/decrescimento de população: Método Aritmético É um método adequado para uma previsão populacional de 1 a 5 anos, curto no tempo. 𝑃 = 𝑃2 + 𝑘𝑎(𝑡 − 𝑡2) 𝑘𝑎 = 𝑃2−𝑃1 𝑡2−𝑡1 t representa o ano da projeção/desejado P representa a população da projeção/desejada Método Geométrico Considera crescimento da população proporcional à população existente. 𝑃 = 𝑃2𝑒 𝑘𝑔(𝑡−𝑡2) 𝑘𝑔 = 𝑙𝑛𝑃2−𝑙𝑛𝑃1 𝑡2−𝑡1 (o que varia é o crescimento logarítmico de P) Método da Curva Logística Considera que a população cresce assintoticamente em função do tempo para um valor limite de saturação (K). a,b : são parâmetros determinados a partir de três pontos conhecidos da curva O método tem que cumprir a seguinte condição: 𝑡1 − 𝑡0 = 𝑡2 − 𝑡1 e as populações devem ser 𝑃0 < 𝑃1 < 𝑃2; 𝑃0 ∗ 𝑃2 < 𝑃1 2 Concepção e Dimensionamento de Rede Coletora e Coletores Tronco de Esgotamento Sanitário para o Sistema Pavuna/Rio de Janeiro - Sub-bacias 4, 5, 6 e 7 32 Não foi usado porque não cumpre uma das condições. Dados disponíveis: Ano População 1991 179.256 2000 197.068 2010 208.813 A evolução demográfica da área do Pavuna apresenta uma tendência de crescimento populacional nas últimas décadas, podendo se observar que no período 1991-2000 o crescimento é muito maior do que no período 2000-2010. Os estudos de projeção populacional são normalmente bastante complexos. Devem ser analisadas todas as variáveis (infelizmente nem sempre quantificáveis) que possam interagir na localidade específica em análise. Ainda assim podem ocorrer eventos inesperados que mudem totalmente a trajetória prevista para o crescimento populacional. Isto ressalta a necessidade do estabelecimento de um valor realístico para o horizonte de projeto, assim como da implantação da rede coletora em etapas. Os últimos dados censitários no Brasil têm indicado uma tendência geral (com exceções localizadas) de redução nas taxas anuais de crescimento populacional. Estimação com método aritmético e geométrico: Observação: o método de estimação de crescimento logístico não foi possível aplicar por causa de que não cumpria a condição (𝑃0 · 𝑃2) < (𝑃12): 37.430.983.128 > 38.835.796.624 Ano ARIT Ka=1174,5 GEOM Kg=0,005789 2015 214686 214945 2020 220558 221258 2030 232303 234445 2040 244048 248417 Concepção e Dimensionamento de Rede Coletora e Coletores Tronco de Esgotamento Sanitário para o Sistema Pavuna/Rio de Janeiro - Sub-bacias 4, 5, 6 e 7 33 Os resultados desta tabela amostram um 0,58% de taxa geométrica de crescimento anual da população, enquanto que o plano municipal de saneamento básico de Rio de Janeiro (PMSB- RJ) propõe uma taxa geométrica de 0,13395%. Será usada a taxa do 0,58% por segurança. 4.2 Distribuição geográfica Para a definição das sub-bacias a estudar, primeiramente foi estudada a área a escala 1:2000, e para isso foi seguido o seguinte procedimento: Estudo para obter os números de mapa da área de estudo em escala 1:2000. Foram obtidos no PortalGeo da Prefeitura do Rio de Janeiro. Descarga, após a obtenção do número, de cada um dos mapas necessários. União de todos os mapas no software AutoCAD para obter em papel os bairros de Bangu, Marangá e Pavuna em escala 1:2000. Plotagem das uniões de mapas. Estudo da topografia da área para a compreensão da hidrologia e do seu escoamento (localização dos cursos fluviais, estações de tratamento de esgotos, etc.). Escolha da área homogênea para estudo detalhado, subdivisão em sub-bacias e dimensionamento da rede de esgotamento. Foi escolhida uma área do sistema Pavuna. A bacia de estudo do sistema Pavuna é dividida em sete subsistemas para seu posterior estudo especifico. Foram agrupados segundo o PSAM (Programa de Saneamento Ambiental dos Municípios do Entorno da Baía de Guanabara), e foram obtidas as áreas e populações de cada uma delas. ÁREA (km2) POPULAÇÃO(hab) VAZÃO ATUAL(m3/s) 1 0,61 7.595 18,8 2 1,29 18.364 45,47 3 2,93 34.034 84,27 4 1,06 5.186 12,84 5 1,82 31.979 79,18 6 1,63 28.182 69,78 7 2,05 29.788 73,75 Fig 14: Numeração das bacias (Fonte: PSAM e elaboração própria) Concepção e Dimensionamento de Rede Coletora e Coletores Tronco de Esgotamento Sanitário para o Sistema Pavuna/Rio de Janeiro - Sub-bacias 4, 5, 6 e 7 34 Apesar de que toda a área de estudo faz parte da bacia do Sistema Pavuna, os bairros considerados no estudo são os quatro apresentados na seguinte imageme tabela: Barrios na área Jardim de América Vigário Geral Irajá Vista Alegre Populações por Áreas Para fazer os cálculos das vazões aplica-se a taxa de crescimento calculada anteriormente de 0,58% anual. No início tem-se a população de 2016 e no final a população de 2040 que são os dois casos críticos no planejamento da rede. Sub-bacia População Inicial População Final 1 7863 9034 2 19012 21843 3 35236 40482 4 5369 6168 5 33108 38037 6 29177 33522 7 30840 35432 Fig 15: Bairros considerados no estudo (Fonte: PSAM e elaboração própria) Concepção e Dimensionamento de Rede Coletora e Coletores Tronco de Esgotamento Sanitário para o Sistema Pavuna/Rio de Janeiro - Sub-bacias 4, 5, 6 e 7 35 5. ESTUDO DE VAZÕES Este capítulo tem o objetivo do estabelecimento dos critérios para a previsão de vazões: consumo de água por habitante por dia, coeficiente de retorno, coeficientes de variação de consumo e taxa de infiltração. Para fazer uma estimativa correta foi estudado o Plano Diretor do Rio de Janeiro (1994) além do Plano Municipal de Saneamento Básico do Rio de Janeiro (PMSB-RJ) e foram obtidos os dados referentes a consumos e taxas. Consumo Médio Segundo o PMSB-RJ, o consumo médio per capita é de 303,9L/dia considerando as perdas. Segundo a Diretriz DZ-215, devem ser consideradas as vazões per capita de água e contribuição per capita de esgoto em função do padrão da residência. Sendo a área de estudo de este projeto região metropolitana, a vazão per capita efetiva considerada será de 250 L/dia. Taxa de Infiltração Foi obtida uma taxa de infiltração de 0,0003L/habitante no ERSB (Estudo Regional de Saneamento Básico) da Baixada Fluminense, na margem direita do rio Acari que faz parte da área de estudo. Estimativa das Vazões As vazões para cada área serão: Qmed = 𝑃 · 𝑞𝑒𝑓 · 𝑐 86.400 Concepção e Dimensionamento de Rede Coletora e Coletores Tronco de Esgotamento Sanitário para o Sistema Pavuna/Rio de Janeiro - Sub-bacias 4, 5, 6 e 7 36 Sendo: P = população da área de projeto (hab) qef = taxa de consumo de água efetivo per capita (L/hab/dia) c = coeficiente de retorno (será tomado 0,8) E considerando que a vazão de esgoto doméstico varia com as horas e estações do ano tem-se os seguintes coeficientes: k1 = coeficiente de máxima vazão diária: relação entre a maior vazão diária verificada no ano e a vazão média diária anual, pode-se tomar 1,2. k2 = coeficiente de máxima vazão horária: relação entre a maior vazão num dia e a vazão média horária do mesmo dia, pode-se tomar 1,5. Com esses coeficientes obtem-se as seguintes vazões iniciais e finais: Qinicial med = 𝑃𝑖 · 𝑞𝑒𝑓 · 𝑐 86.400 · 𝐾2 Qfinal med = 𝑃𝑓 · 𝑞𝑒𝑓 · 𝑐 86.400 · 𝐾1 · 𝐾2 É importante lembrar que deve-se que considerar as águas de infiltrações que são contribuições provenientes do lençol freático presente no subsolo. Para todos os trechos da rede devem ser estimadas as vazões inicial e final (Qi e Qf), considerando sistema separador absoluto. O menor valor da vazão a ser considerada em qualquer trecho deverá ser de 1,5 L/s. O cálculo das vazões inicial e final para o dimensionamento da rede coletora de esgotos deve seguir as seguintes expressões: { 𝑄𝑖 = 𝐾2 ∗ �̅�𝑖 + �̅�inf 𝑖 + ∑ 𝑄𝑐𝑖 𝑄𝑓 = 𝐾1 ∗ 𝐾2 ∗ �̅�𝑓 + �̅�inf 𝑓 + ∑ 𝑄𝑐𝑓 Onde: 𝑄𝑖 = 𝑉𝑎𝑧ã𝑜 𝑚á𝑥𝑖𝑚𝑎 𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙 (𝐿/𝑠) 𝑄𝑓 = 𝑉𝑎𝑧ã𝑜 𝑚á𝑥𝑖𝑚𝑎 𝑓𝑖𝑛𝑎𝑙 (𝐿/𝑠) 𝐾1 = 𝐶𝑜𝑒𝑓𝑖𝑐𝑖𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑑𝑒 𝑚á𝑥𝑖𝑚𝑎 𝑣𝑎𝑧ã𝑜 𝑑𝑖á𝑟𝑖𝑎 Concepção e Dimensionamento de Rede Coletora e Coletores Tronco de Esgotamento Sanitário para o Sistema Pavuna/Rio de Janeiro - Sub-bacias 4, 5, 6 e 7 37 𝐾2 = 𝐶𝑜𝑒𝑓𝑖𝑐𝑖𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑑𝑒 𝑚á𝑥𝑖𝑚𝑎 𝑣𝑎𝑧ã𝑜 ℎ𝑜𝑟á𝑟𝑖𝑎 �̅�𝑖 = 𝑉𝑎𝑧ã𝑜 𝑚é𝑑𝑖𝑎 𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙 (𝑙/𝑠) �̅�𝑓 = 𝑉𝑎𝑧ã𝑜 𝑚é𝑑𝑖𝑎 𝑓𝑖𝑛𝑎𝑙 (𝑙/𝑠) 𝑄inf 𝑖 = 𝑉𝑎𝑧ã𝑜 𝑑𝑒 𝑖𝑛𝑓𝑖𝑙𝑡𝑟𝑎çã𝑜 𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙 (𝑙/𝑠) 𝑄inf 𝑓 = 𝑉𝑎𝑧ã𝑜 𝑑𝑒 𝑖𝑛𝑓𝑖𝑙𝑡𝑟𝑎çã𝑜 𝑓𝑖𝑛𝑎𝑙 (𝑙/𝑠) 𝑄𝑐𝑖 = 𝑉𝑎𝑧ã𝑜 𝑐𝑜𝑛𝑐𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎𝑑𝑎 𝑜𝑢 𝑠𝑖𝑛𝑔𝑢𝑙𝑎𝑟 𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙 (𝑙/𝑠) 𝑄𝑐𝑓 = 𝑉𝑎𝑧ã𝑜 𝑐𝑜𝑛𝑐𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎𝑑𝑎 𝑜𝑢 𝑠𝑖𝑛𝑔𝑢𝑙𝑎𝑟 𝑓𝑖𝑛𝑎𝑙 (𝑙/𝑠) Inexistindo dados locais comprovados, podem ser adotados o coeficiente de retorno, C, como 0,8. Concepção e Dimensionamento de Rede Coletora e Coletores Tronco de Esgotamento Sanitário para o Sistema Pavuna/Rio de Janeiro - Sub-bacias 4, 5, 6 e 7 38 6. DIMENSIONAMENTO O presente trabalho se centra no dimensionamento do tramo do coletor correspondente às sub-bacias 4, 5 6 e 7. Fig 16: Sub-bacias do sistema (Fonte: PSAM e elaboração própria) 6.1 Estudo da Sub-Bacia 7 Características A sub-bacia 7 caracteriza-se por ter maior elevação do terreno nos extremos sudoeste e sudeste, escoando os esgotos em direção noroeste. O coletor troco foi projetado segundo o PSAM na estrada do Bairro Vermelho, a parte central da sub-bacia, dividindo-a em duas áreas. A bacia não tem vazões provenientes de outras bacias anexas, isto é, é uma bacia independente. Na seguinte figura pode-se observar a sub-bacia 7 com a rede coletora e coletor tronco em azul claro. Para uma melhor visualização da mesma, consultar o mapa do anexo a escala 1:3500. Concepção e Dimensionamento de Rede Coletora e Coletores Tronco de Esgotamento Sanitário para o Sistema Pavuna/Rio de Janeiro - Sub-bacias 4, 5, 6 e 7 39 Figura 15: Sub-bacia 7 (Fonte: Elaboração própria) Necessidade de Estações Elevatórias Como o escoamento tem direção noroeste, a margem direita do coletor tronco escoa no próprio coletor, mas a margem esquerda esgota para um ponto baixo situado ao norte, onde deverá ser implantada uma estação elevatória que levará a vazão para o início da sub-bacia número 6, situada junto à 7, ao norte desta. 6.2 Estudo da Sub-Bacia 6 Características A sub-bacia 6 caracteriza-se por ter maior elevação do terreno na zona sul, escoando os esgotos em direção norte. Nesta sub-bacia se encontram dois trechos do Coletor Tronco Principal. O primeiro é a continuação do coletor da sub-bacia 7 e vai pela Estrada do Colégio e depois pela Estrada do Portinho, e o segundo é continuação do Coletor Tronco da sub-bacia 5 e segue pela Avenida Brasil. Os dois são unidos ao norte da sub-bacia 6, na Avenida Brasil, no inicio da sub-bacia 4, como pode-se observar na figura anterior. Por conseguinte, a sub-bacia conta com vazões concentradas provenientes das bacias anexas citadas. Concepção e Dimensionamento de Rede Coletora e Coletores Tronco de Esgotamento Sanitário para o Sistema Pavuna/Rio de Janeiro - Sub-bacias 4, 5, 6 e 7 40 Na seguinte figura pode-se observar a sub-bacia 6 com a rede coletora e coletor tronco em azul claro. Para uma melhor visualização da mesma, consultar o mapa do anexo a escala 1:3500. Figura 16: Sub-bacia 6 (Fonte: Elaboração própria) Necessidade de Estações Elevatórias Como a zona sul da sub-bacia tem uma elevação considerável, é necessária a instalação de uma estação elevatória desde o início até a cota mais alta da elevação para conseguir atravessá-la sem precisar de uma escavação importante. Esta estação elevatória conta com a vazão total da sub-bacia 7 e a vazão inicial da sub-bacia 6. 6.3 Estudo da Sub-Bacia 5 Características A sub-bacia 5 caracteriza-se por ter maior elevação do terreno no sul da extensão, escoando assim ao norte. Existe também uma elevação na zona norte da bacia. Concepção e Dimensionamento de Rede Coletora e Coletores Tronco de Esgotamento Sanitário para o Sistema Pavuna/Rio de Janeiro - Sub-bacias 4, 5, 6 e 7 41 O coletor tronco definido pela proposição do PSAM escoa pela rua Lupicínio Rodrigues desde a parte central até o ponto de escoamento no noroeste da bacia. A bacia não tem vazões provenientes de outras bacias anexas, isto é, é uma bacia independente.
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