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TOC

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AULA 5 
TERAPIA COGNITIVO-
COMPORTAMENTAL – 
ANSIEDADE SOCIAL, 
ANSIEDADE GENERALIZADA E 
FOBIAS 
Profª Michelle L. Correia da Silva 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
Segundo a nova classificação do Manual Diagnóstico e Estatístico de 
Transtornos Mentais (DSM), o Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC) está 
incluído em um novo capítulo chamado: Transtorno Obsessivo-Compulsivo e 
Transtornos Relacionados. O DSM-5, traz, além do TOC, outros transtornos que 
possuem semelhanças no perfil diagnóstico como transtornos obsessivo-
compulsivo. 
Os outros quadros de transtornos mentais incluem: o transtorno dismórfico 
corporal (preocupação com algum defeito corporal), transtorno de acumulação 
(dificuldades e descartar objetos sem utilidade), a tricotilomania (transtorno de 
arrancar o cabelo). 
Apesar da separação evidenciar que os transtornos obsessivo-compulsivos 
têm uma grande quantidade de validadores diagnósticos únicos relacionados 
entre si, no caso do TOC por exemplo, ainda existem relações das obsessões e 
compulsões com a ansiedade. 
O TOC é um transtorno mental grave caracterizado pela presença de 
obsessões, pensamentos, impulsos ou imagens recorrentes e persistentes que 
são vivenciados como intrusivos e indesejados. As compulsões são 
comportamentos repetitivos ou atos mentais que um indivíduo sente que deve 
executar em resposta a uma obsessão, ou de acordo com a aplicação de regras 
rígidas de comportamento. 
Iniciaremos esse estudo sobre o TOC, analisando os critérios de 
diagnósticos e as comorbidades comuns associadas no tema 1. 
No tema 2 serão tratadas as características clínicas dos sintomas no TOC. 
No tema 3 apresentaremos quais os aspectos envolvidos na etiologia 
(causas), as características de prevalência e outros pontos a serem considerados 
no desenvolvimento do transtorno obsessivo-compulsivo. 
No tema 4 veremos as principais perspectivas do modelo cognitivo-
comportamental. 
Por fim, no tema 5, e as principais intervenções no tratamento do TOC na 
perspectiva da Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC). 
 
 
 
 
3 
TEMA 1 – CRITÉRIOS, DIAGNÓSTICOS, SINTOMAS E COMORBIDADES NO 
TOC 
É comum ouvirmos falar de pessoas que possuem mania de lavar as mãos, 
ou que perdem horas e horas do dia na limpeza da casa, gente que tem como 
hábito verificar por várias vezes se as portas, janelas, e botijão de gás estão 
fechados. Outras, sentem necessidade de ter suas coisas muito arrumadas ou 
organizadas, ou sentem dificuldades de descartar coisas sem utilidade. 
Mas o que diferenciaria essas pessoas de alguém que sofre de TOC? 
Se esses comportamentos são acompanhados por angústia e medo de que 
alguma coisa muito ruim aconteça (desgraça), como por exemplo: o fato de 
contrair uma doença ao usar o banheiro público, a casa pegar fogo se o gás não 
for verificado, e a pessoa não consegue controlar ou deixar de ter essas 
preocupações, provavelmente este indivíduo sofre de TOC (Cordioli, 2017). 
Vamos analisar os critérios de diagnósticos envolvidos no quadro clínico do 
TOC, segundo o DSM-5. 
Presença de obsessões, compulsões ou ambas: 
As obsessões são definidas por pensamentos, impulsos ou imagens 
recorrentes e persistentes que, em algum momento durante a perturbação, são 
experimentados como intrusivos e indesejados e que, na maioria dos indivíduos, 
causam acentuada ansiedade ou sofrimento. O indivíduo tenta ignorar ou suprimir 
tais pensamentos, impulsos ou imagens ou neutralizá-los com algum outro 
pensamento ou ação. 
As compulsões são definidas por comportamentos repetitivos (como lavar 
as mãos, organizar, verificar) ou atos mentais (orar, contar ou repetir palavras em 
silêncio) que o indivíduo se sente compelido a executar em resposta a uma 
obsessão, ou de acordo com regras que devem ser rigidamente aplicadas. Os 
comportamentos ou os atos mentais visam prevenir ou reduzir a ansiedade ou o 
sofrimento ou evitar algum evento ou situação temida; entretanto, esses 
comportamentos ou atos mentais não têm uma conexão realista com o que visam 
neutralizar ou evitar ou são claramente excessivos. Vale ressaltar que crianças 
podem não ser capazes de enunciar os objetivos desses comportamentos ou atos 
mentais. 
 
 
4 
 As obsessões ou compulsões tomam tempo (mais de uma hora por dia) ou 
causam sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento 
social, profissional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo. 
 Os sintomas obsessivo-compulsivos não se devem aos efeitos fisiológicos 
de uma substância (droga de abuso, medicamento) ou outra condição 
médica. 
 A perturbação não é mais bem explicada pelos sintomas de outro 
transtorno mental (preocupações excessivas, como no transtorno de 
ansiedade generalizada; preocupação com a aparência, transtorno 
dismórfico corporal; dificuldade de descartar ou se desfazer de pertences, 
como no transtorno de acumulação; arrancar os cabelos, como na 
tricotilomania [transtorno de arrancar o cabelo; beliscar a pele, como no 
transtorno de escoriação (skin-picking); estereotipias, como no transtorno 
de movimento estereotipado; comportamento alimentar ritualizado como 
nos transtornos alimentares; preocupação com substâncias ou jogo, como 
nos transtornos relacionados a substâncias e transtornos aditivos; 
preocupação com ter uma doença, como no transtorno de ansiedade de 
doença; impulsos ou fantasias sexuais, como nos transtornos parafílicos; 
impulsos, como nos transtornos disruptivos, do controle de impulsos e da 
conduta; ruminações de culpa, como no transtorno depressivo maior; 
inserção de pensamento ou preocupações delirantes, como nos 
transtornos do espectro da esquizofrenia e outros transtornos psicóticos; 
ou padrões repetitivos de comportamento, como no transtorno do espectro 
autista (DMS-5, 2014, p. 237). 
Nesta nova classificação o diagnóstico do TOC traz as especificações 
sobre o insight, isso é útil na avaliação do quanto o nível de percepção do paciente 
está comprometido sobre suas ideias em relação ao TOC. 
Ao se especificar como insight bom ou razoável, o paciente reconhece que 
as ideias sobre o transtorno são definitivas, provavelmente não verdadeiras ou 
que podem ou não ser verdadeiras. Com o insight pobre, fica definido que o 
paciente acredita que as ideias que tem sobre o TOC são provavelmente 
verdadeiras. No insight ausente, crenças delirantes, o paciente está 
completamente convencido de que as ideias sobre o TOC são verdadeiras. 
Pacientes com insight pobre ou ausente apresentam pior evolução de melhora no 
tratamento. 
 
 
5 
Em relação à especificação que o DSM-5 traz sobre desordens de tique, 
deve-se relacionar se o paciente tem história atual ou passada de transtorno de 
tique (DSM-5, 2014). Segundo o DSM-5 (2014, p. 238), 30% dos pacientes com 
TOC passam por um transtorno de tique ao longo da vida. 
TEMA 2 – CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS DOS SINTOMAS NO TOC 
O TOC é um transtorno mental de curso crônico, seus sintomas são de 
frequente flutuação de intensidade e por isso, muitos indivíduos acometidos 
perdem qualidade de vida. Interfere de forma significativa na vida de seus 
portadores, nas áreas profissional, familiar e social, pelas características de 
alguns dos sintomas clínicos da doença. 
O TOC é caracterizado por obsessões por meio dos pensamentos, ideias, 
impulsos ou imagens que o indivíduo vivencia de forma persistente e repetitiva. 
As obsessões ocorrem de forma intrusiva na mente do paciente com TOC. 
Como forma de suprimir ou neutralizar a ansiedade e o sofrimento que as 
obsessões causam, o indivíduo se engaja em comportamentos repetitivos ou atos 
mentais, que são denominadas compulsões (Andretta, 2011; Rangé, 2011). 
Vejamos como esses sintomas se manifestam no quadro clínico do TOC. 
2.1 Sintomas: o que é o TOC? Obsessões, compulsões e evitações 
As obsessões são perturbações nos pensamentos, em que impulsos ou 
imagenscom conteúdo indesejado, desagradável e perturbador invadem a mente 
do indivíduo de forma intrusiva, ou seja, sem que haja algum controle por parte do 
sujeito. Por não ter controle sobre esses pensamentos absurdos e ilógicos, o 
indivíduo sente acentuada ansiedade, medo e sofrimento, e então tenta suprimir 
ou neutralizá-los com outros pensamentos (compulsão mental) ou uma ação 
(rituais, ou comportamentos evitativos). 
É preciso entender que o indivíduo com TOC, por mais que se esforce, não 
consegue ser indiferente ou não se deixar afetar por suas obsessões, que no 
quadro do TOC, costumam ser acompanhadas de medo, angústia, desconforto, 
nojo ou desprazer (Cordioli, 2017). As obsessões mais comuns seguidas de 
exemplos clínicos, são: 
1. Medo de contaminação e preocupação com germes e com a sujeira, como 
a fobia de contrair uma doença ao tocar em maçanetas ou corrimãos de 
 
 
6 
escadas; de levar doenças para a família ao entrar em casa com sapatos 
ou roupa que vieram da rua. 
2. Dúvidas sobre a possibilidade de falhas e necessidades de ter certeza, 
como: ter receio de ter ou não trancado a porta quando saiu de casa, se 
travou o carro e fechou os vidros quando estacionou, ou se desligou o fogão 
quando já estava deitado. Ou ainda: se escreveu algo inconveniente em 
um trabalho para a escola ou se compreendeu bem um parágrafo de um 
livro ou uma notícia do jornal que estava lendo, isso tudo leva o indivíduo a 
fazer verificações repetidas. 
3. Pensamentos, impulsos ou imagens indesejáveis e perturbadoras de 
conteúdo violento, sexual ou blasfemo, como o pensamento de esgoelar o 
filho ao brincar com ele; ter a mente invadida por imagens sexuais 
indesejáveis, impróprias e inaceitáveis (como cenas de sexo com 
familiares, crianças ou animais); preocupação por ter dito ou pensado algo 
que possa ser considerado blasfêmia ou ofensa a Deus. 
4. Pensamentos supersticiosos: preocupação de que algo de ruim possa 
acontecer se fizer determinado ato certo número de vezes (3, 5, 7), ou se 
usar roupas de determinadas cores (vermelho, preto); necessidade de 
repetir um certo número de vezes ou de interromper o que estava fazendo 
em um horário especifico. 
5. Preocupação de que as coisas estejam ordenadas, alinhadas, simétricas 
ou no lugar “certo”, como por exemplo: se alguma coisa não está alinhada, 
algo ruim pode acontecer; desconforto pelo fato de os objetos não estarem 
no lugar “certo” ou por alguém desarrumá-los ou desalinhá-los. 
6. Preocupação em armazenar, poupar ou guardar objetos sem utilidade e 
dificuldade em descartá-los, guardar papéis, revistas e jornais velhos, notas 
fiscais sem validade, objetos estragados (como peças de brinquedos ou de 
eletrodomésticos que não tem mais conserto (Cordioli, 2017, p. 11). 
As compulsões ou rituais são comportamentos repetitivos que o indivíduo 
com TOC se sente compelido de realizar como resposta à obsessão 
(pensamento) em razão de realizar algumas das regras que devem ser seguidas. 
De forma geral, são atos voluntários, repetitivos e estereotipados com a finalidade 
de aliviar a ansiedade, o desconforto físico associado às obsessões e ao 
sofrimento que essas o fazem sentir. 
 
 
7 
As compulsões também têm a intenção de afastar ameaças, prevenir 
desastres ou possíveis danos a si próprio e a outras pessoas, atentando ao fato 
de que esses atos são excessivos. Alguns exemplos de compulsões citados por 
Cordioli: 
Verificar portas, fogão, o botijão de gás repetidas vezes; lavar as mãos 
repetidas vezes para proteger-se de germes ou contaminação; fazer 
certas coisas um determinado número de vezes, como apagar e acender 
a luz; abrir e fechar um programa ou aplicativo de computador 
repetidamente para que não aconteça uma desgraça; puxar e soltar a 
alavanca do freio de mão do carro para ter certeza de que ficou bem 
travado. (Cordioli, 2017, p. 13) 
As compulsões também podem assumir forma de atos mentais 
(compulsões mentais), como repetir certas palavras ou frases, rezar, relembrar 
cena sou imagens, contar ou repetir números, fazer listas, tentar afastar 
pensamentos ou palavras indesejáveis por bons pensamentos. Tais atos são 
realizados em silêncio, e logo, não são percebidos pelas demais pessoas. 
O objetivo das compulsões mentais é também, o de aliviar a ansiedade e 
afastar o perigo ou ameaça que ela apresenta. Algumas outras características são 
percebidas nas compulsões como excessivas, por exemplo: um indivíduo tomar 
banho por mais de uma hora, lavar as mãos inúmeras vezes (mais de 100 vezes) 
e não ter conexão com a realidade, aqui, o conteúdo das crenças é catastrófico e 
mágico (semelhante as superstições), como não pisar em linhas na calçada ao 
sair de casa para que o filho que está viajando não se acidente, alinhar os chinelos 
ao lado da cama para que a mãe não adoeça, como se a pessoa pudesse impedir 
que algo ruim ou desgraças acontecem ao realizar alguns desses atos (Cordioli, 
2017). 
As evitações são outro sintoma comum no TOC, definidas como 
comportamentos ou atos voluntários para impedir o contato direto ou imaginário 
com pessoas, objetos, locais, pensamentos ou imagens percebidas como 
perigosos ou indesejáveis e que despertam as obsessões. A finalidade é reduzir 
o medo, a ansiedade e o desconforto que as obsessões causam (Andretta, 2011; 
Cordioli, 2017). Alguns exemplos de evitações: 
 Não tocar em objetos contaminados; 
 Isolar móveis ou espaços dentro de casa e impedir o acesso por familiares 
quando chegam da rua; 
 Tirar os sapatos; 
 Trocar de roupas ou tomar banho quando chegam da rua; 
 
 
8 
 Não encostar roupas usadas e contaminadas nas roupas limpas dentro do 
guarda roupa; 
 Evitar sentar em salas de espera de clinicas ou hospitais (principalmente 
lugares especializados em câncer ou AIDS). 
As evitações são responsáveis, no quadro clinico do TOC, por agravar o 
comprometimento e a incapacitação no transtorno. 
2.2 Outras características comuns no quadro clínico do TOC 
Algumas outras características são encontradas no TOC, tais como: alguns 
indivíduos evitam tocar em certos objetos que possam regar sentimentos de nojo 
e repulsa, como a sensação de nojo de suor, urina, saliva, sêmen, e até por outras 
substâncias como cola, geleia ou carne, e objetos como torneiras, maçanetas, 
tampa de vaso sanitário, corrimão de escadas, atos voluntários repetitivos que 
lembram tiques (movimentos ou sons breves e repetitivos) que a pessoa não 
consegue controlar, com a finalidade de aliviar sensações internas de algum 
desconforto ou tensão. Alguns indivíduos com TOC descrevem que realização de 
atos repetitivos alivia a sensação de “tenho que”, acompanhada de certa agonia, 
e que ao realizarem alguns atos repetitivos sentem-se aliviados, ambos são 
chamados de fenômenos sensoriais (Cordioli, 2017). 
No que se refere a outros comportamentos no quadro do TOC, vemos a 
neutralização, hipervigilância e lentidão obsessiva, esses são aspectos comuns 
no quadro clínico, em razão do alívio que produzem sobre os sintomas de 
ansiedade. 
Esses comportamentos são normalmente repetidos com frequência e 
responsáveis por produzirem um impacto na rotina diárias dos indivíduos com 
TOC. O Quadro 1 traz a explicação do que é a neutralização, hipervigilância, 
lentidão obsessiva e exemplos desses aspectos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
9 
Quadro 1 – Outras manifestações no TOC 
Neutralização O que é Exemplo 
Visa diminuir ou 
eliminar o medo 
e aflição que as 
obsessões 
provocam 
Atos físicos ou mentais visíveis 
ou não realizados com a 
finalidade de remover, prevenir ou 
atenuar um pensamento intrusivo 
e o desconforto associado ou 
modificar um significado de um 
pensamento 
Anular um pensamento, uma 
imagem ou uma palavra “ruim” com 
um pensamento, uma imagem ou 
uma palavra “boa” (obsessão: 
imagem da esposa sendo estuprada-
neutralização: substituir a imagem 
por outra agradável,minha esposa e 
eu felizes, relaxando na beira da 
praia.) 
Hipervigilância 
 
Visa diminuir ou 
eliminar o medo 
e aflição que as 
obsessões 
provocam 
Atitude de estar constantemente 
atento à estímulos que despertam 
as obsessões, comum em 
pessoas que tem medo de 
contaminação, por lixo, sujeira, 
pessoas com curativos nas mãos, 
mendigos, pessoas ou com 
câncer ou risco de HIV (no 
contato com dependentes 
químicos, homossexuais). Por 
ficarem extremamente focadas 
essas pessoas encontram muito 
mais do que temem. 
Medo de contrair doenças ao pisar 
em manchas no chão (mesmo 
usando sapatos). Paola tinha 
obsessões envolvendo sujeira. 
Passava o dedo nos cantos das 
estantes da sala depois que a 
faxineira executava seu trabalho, 
para ver se a limpeza havia sido 
bem-feita, e, inevitavelmente, 
encontrava pó. 
Lentidão 
obsessiva e 
indecisão 
 
O indivíduo 
nesse caso 
exige um grau 
de certeza ou de 
perfeição 
geralmente 
impossíveis de 
serem atingidos. 
Os indivíduos com TOC demoram 
muito tempo para tomar decisões 
ou executam tarefas muito 
devagar. Essa lentidão ocorre por 
necessidade de ter certeza que 
as tarefas foram feitas de forma 
perfeita (perfeccionismo). Essa 
crença interfere na execução de 
tarefas simples, tornando-as 
“intermináveis” ou são repetidas 
inúmeras vezes. Envolvem 
dúvida, verificações, dificuldade 
de decidir quando encerrar, 
repetições, protelações. 
João precisava escovar inúmeras 
vezes os dentes, iniciando pelo lado 
direito, depois o lado esquerdo, 
nomeio, na frente e atrás, sempre na 
mesma sequência. Demorava cerca 
de 15 minutos em cada escovação, 
já apresentando problemas na 
dentição e gengiva. O processo era 
tão cansativo que há 6 meses não 
escovava mais os dentes. Luiza 
chegou a demorar mais de 4 horas 
no banho, pois necessitava ter 
certeza de que não deixava de 
passar sabonete de esfregar várias 
vezes e com força nenhum milímetro 
de sua pele. Como não conseguia 
ter essa certeza, não encerrava o 
banho, que se tornou um verdadeiro 
suplício e, por esse motivo, depois 
de muito sofrimento passou a evitá-
lo, não tomando mais banho por um 
mês. 
2.3 Outros transtornos, obsessões e compulsões 
Um ponto importante ao diagnosticarmos o transtorno obsessivo-
compulsivo é que as obsessões e compulsões não são sintomas exclusivos do 
quadro clínico do TOC e podem ser sintomas em outros transtornos mentais, isso 
ajuda no processo de diagnóstico diferencial. Vejamos alguns casos: 
 Obsessão/compulsões no transtorno por uso de substancias como o álcool 
e a cocaína; 
 
 
10 
 Obsessões/compulsões nos transtornos alimentares por peso e calorias, 
como o comer compulsivo ou verificações de peso durante o dia. 
Compulsões são muito comuns em quadros de transtornos de controle de 
impulsos (cleptomania, comprar compulsivo), transtorno de jogo patológico; 
Transtornos de Ansiedade Generalizada (TAG), as preocupações envolvem 
conteúdo da vida real. O TOC inclui obsessões de conteúdo irracional, estranho 
ou de natureza mágica, como no caso da fobia social: os objetos ou situações 
temidas estão limitados às interações sociais. A esquiva ou busca de 
tranquilização é focada na redução da ansiedade e medo pelo desempenho 
perante os outros. 
No transtorno de tique e movimentos estereotipados como o de piscar 
constantemente ou pigarrear são movimentos rápidos recorrentes e não ritmados. 
Um movimento estereotipado é um comportamento motor repetitivo, 
impulsivo e não funcional, como: bater a cabeça ou balançar o corpo. Esses 
comportamentos são menos complexos do que as compulsões e não visam 
neutralizar obsessões. 
Porém, a distinção em casos crônicos é difícil, quando se avalia esses 
sintomas de ambos os quadros clínicos, o diagnóstico deve ser de ambos 
também, ou seja: TOC e transtorno de tique. 
Outros diagnósticos diferenciais: transtorno depressivo maior, transtornos 
psicóticos, transtorno de personalidade obsessivo-compulsiva, outros transtornos 
obsessivo-compulsivo e transtornos relacionado (ver DSM-5). Desses, o 
transtorno dismórfico corporal, a tricotilomania e o transtorno de escoriação são 
os mais comuns em comorbidade com o TOC, e outros comportamentos são do 
tipo compulsivo (parafilías e jogo patológico), transtorno de Tourette (padrão de 
tiques vocais e motores recorrentes) (DSM-5, 2014; Cordioli, 2017; Sadock, 2016). 
2.4 Comorbidades no TOC e a diferenciação de outros transtornos 
Um último ponto importante ainda dentro dos critérios e sintomas 
esperados no quadro clínico do TOC são as comorbidades. 
Segundo o DSM-5, os indivíduos com TOC frequentemente têm outra 
psicopatologia, e algumas dessas interferem no processo de tratamento, como é 
o caso do transtorno depressivo maior. Cerca de 67 % dos pacientes com TOC 
possuem comorbidades com a depressão, as principais características da 
 
 
11 
depressão são as ruminações sobre o passado, em que ideias e pensamentos 
são pessimistas em relação a si mesmo e ao mundo. Os pacientes depressivos 
não fazem tentativas de suprimir seus pensamentos, o que já no caso do TOC, 
ocorre (DSM-5, 2014, pg. 242). 
A indicação clínica é que seja tratado, primeiramente, o quadro depressivo, 
para depois iniciar o processo de psicoterapia para o TOC, pois pacientes 
gravemente comprometidos pela comorbidades da depressão têm menos 
probabilidade de responder à terapia de ERP (terapia de Exposição e Prevenção 
de Rituais), e utilizar a exposição apenas nas obsessões do TOC, e não nas 
ruminações depressivas. 
Os transtornos de ansiedade são em 76% comórbidos com o TOC, como o 
transtorno de pânico, fobia social, TAG e fobia específica (Barlow, 2016; Dms-5, 
2014). 
TEMA 3 – CARACTERÍSTICAS DO TRANSTORNO OBSESSIVO-COMPULSIVO: 
ETIOLOGIA, DESENVOLVIMENTO E CURSO 
Uma estimativa recente indica que no Brasil há 1 em cada 40-60 pessoas 
com TOC, sendo provável que existam de 3 a 4 milhões de indivíduos 
diagnosticados com o transtorno. 
O sintoma tem perfil de leve a grave, flutuando entre intensidades que vão 
desde o subdiagnóstico ao diagnóstico grave e incapacitante. O quadro clínico do 
TOC, quando grave, acarreta incapacitação nas áreas de vida do sujeito, 
responsáveis pelo convívio em sociedade, como trabalho, vida acadêmica, 
relações sociais e grande impacto familiar. 
Como vimos inicialmente, muitas pessoas têm as chamadas manias, e por 
esse motivo os indivíduos não buscam tratamento, pois consideram certos tipos 
de comportamentos funcionais (como a compulsão por limpeza). 
O que se observa é que o agravamento do transtorno se dá justamente 
pela falta de busca por auxílio clínico e psicoterapêutico desde o início dos 
sintomas, ou muitas vezes por desconhecimento do tratamento. 
Segundo Cordioli, aqueles que buscam ajuda, no geral o fazem muitos 
anos após o início dos sintomas, tendo perdido tempo de suas vidas fazendo 
rituais ou tentando, sem sucesso, afastar pensamentos e impulsos indesejáveis e 
até repugnantes que os atormentam (Cordioli, 2017, p. 9). 
 
 
12 
Alguns pacientes têm crenças sobre as próprias obsessões, e que ao expô-
las, se tornarão reais, como por exemplo: ao falarem sobre suas obsessões de 
conteúdo sexual ou agressivo, os indivíduos acometidos pelo TOC ficam receosos 
em serem vistos como loucos ou perigosos, outro motivo pelo qual muitos 
pacientes não buscam ajuda especializada (Andretta, 2011). 
O TOC apresenta os primeiros sintomas no início na adolescência, 
precocemente aos 10 anos, sem indícios claros ou até quase imperceptíveis, o 
início após os 40 anos é raro. Quando diagnosticado em adultos, atinge homens 
e mulheres. 
Outra característica sobre o curso do TOC é que, conforme a fase de vida 
do indivíduo, algumas obsessões são mais comuns, por exemplo: na infância, a 
simetria e o alinhamento; na adolescência, as obsessões sexuais e religiosas; 
verificações ou rituais de limpeza na juventude, etc. No geral, os conteúdosdas 
obsessões mudam ao longo da vida dos indivíduos com TOC. 
Em relação às causas responsáveis pelo desenvolvimento do transtorno 
obsessivo-compulsivo, não há um único fator determinante sobre a origem do 
TOC, porém, alguns fatores de risco podem explicar o surgimento do transtorno, 
são eles (Cordioli, 2017, DSM-5, 2014): 
 O temperamento (afetividade negativa mais alta); 
 Fatores ambientais (abusos físicos e sexuais na infância, outros eventos 
estressastes ou traumáticos, manejo familiar em relação aos sintomas no 
quesito ajuda nos rituais e apoio nos comportamentos evitativos); 
 Síndromes autoimunes pós-infecciosas (altas taxas entre parentes de 
primeiro grau de adultos com TOC); 
 Disfunções cerebrais no córtex; 
 Fatores de ordem psicológica como crenças e comportamentos que ajudam 
a perpetuar o transtorno. 
TEMA 4 – MODELO COGNITIVO COMPORTAMENTAL NO TOC 
Atualmente usa-se como base de entendimento para o transtorno 
obsessivo-compulsivo o modelo cognitivo comportamental, baseado na aquisição 
dos sintomas por meio de condicionamento do comportamento, os pensamentos 
e crenças disfuncionais têm o papel de manutenção dos sintomas no TOC. 
 
 
13 
Nessa parte do estudo sobre o TOC, entenderemos a visão integrada do 
modelo da Terapia Cognitivo-Comportamental nos fatores que originam os 
sintomas e quais os mecanismos cognitivos (causas psicológicas) fazem a 
manutenção do quadro clínico do transtorno obsessivo-compulsivo. 
4.1 Modelo comportamental 
O modelo comportamental do TOC baseia-se em dois fatores: 
1. Os sintomas obsessivo-compulsivos seriam resultado de aprendizagens 
errôneas de ansiedade, em que a primeira etapa de aquisição ocorre pelo 
condicionamento clássico e a segunda etapa de aquisição por 
condicionamento operante. 
2. O condicionamento clássico (ver esquema 4.1.1), é quando estímulos 
neutros (como em banheiros públicos, maçanetas de portas, números, 
cores, pensamentos, etc.), são pareados a estímulos incondicionados 
(pensamento de contaminação) e tornam-se estímulos condicionados, 
passando a provocar as mesmas respostas que os estímulos 
incondicionados (ansiedade, medo, nojo) (Andretta, 2011, p. 377). 
 
 
 
14 
4.1.1 Esquema do condicionamento clássico 
Figura 1 – Exemplo de condicionamento clássico (1) 
 
Durante o processo de condicionamento operante do indivíduo, o estímulo 
incondicionado é pareado ao estímulo neutro, produzindo uma resposta 
incondicionada. Após esse processo, o estímulo condicionado produz uma 
resposta final condicionada, vejamos a seguir: 
Figura 2 – Exemplo de condicionamento clássico (2) 
 
O processo de manutenção ocorre por condicionamento operante, no qual 
o indivíduo aprende que ao fazer alguns rituais (compulsões) ou evitar o contato 
com certos objetos, situações ou pessoas (evitações), consegue reduzir ou 
eliminar o desconforto que teve, por exemplo, no contato com a maçaneta da 
porta. 
Como as obsessões no TOC são recorrentes e intrusivas e o indivíduo não 
tem controle sobre elas, ao ter contato desagradável como o estímulo, vai por 
meio das compulsões, evitações, e repetições, reforçar os sintomas, perpetuando 
o transtorno. 
O modelo comportamental traz as explicações necessárias na perpetuação 
dos sintomas, e serve como base na terapia de Exposição e Prevenção de 
 
 
15 
Resposta (EPR), mas não explica como alguns sintomas surgem, dado a 
natureza variada dos indícios nos portadores do TOC (Andretta, 2011). 
4.2 Modelo cognitivo 
O modelo cognitivo no TOC complementa o entendimento do sintomas 
obsessivo-compulsivos, pois parte do entendimento de que os Pensamentos 
Automáticos (PA) negativos e catastróficos e as crenças (visão de si, dos outros 
e do mundo, como vulnerabilidade, desamparo, incompetência, e que o mundo é 
um lugar perigoso, etc.), influenciam as emoções (medo, ansiedade, nojo,) e os 
comportamentos (evitação, compulsões, hipervigilância, etc.). 
Vejamos essa sequência de um PA de um indivíduo com TOC: “posso 
pegar uma doença” (pensamento de contaminação) após usar banheiro público 
(sentimento de medo); lava as mãos várias vezes, logo, não toca na torneira nem 
na maçaneta da porta ao sair; afasta-se o mais rápido possível do lugar 
(compulsão e evitação). Como consequência do PA: “posso pegar uma doença” 
(Cordioli, 2017). 
No modelo cognitivo tanto as emoções quanto os comportamentos (rituais, 
evitações) são consequência dos pensamentos, que no caso do TOC envolvem 
ameaças, como contrair doenças, cometer falhas ou colocar em prática 
pensamentos inaceitáveis (Cordioli, 2017, p. 34). 
4.2.1 Crenças disfuncionais no TOC 
Um segundo ponto no modelo cognitivo é o papel das crenças 
disfuncionais. Segundo uma descrição completa da literatura, elas teriam o papel 
de agravamento e manutenção dos sintomas, pois os indivíduos acometidos pelo 
TOC têm um conjunto de regras e convicções (crenças) rígidas e permanentes. 
As principais crenças no TOC são: avaliar o risco de forma exagerada (tendência 
de superestimar a probabilidade de que um evento negativo ou catastrófico 
ocorra- e/ou superestimar o grau de seu impacto, como no medo de contaminação 
(se eu tocar e dinheiro, posso pegar uma doença). Por exemplo: as verificações ( 
se eu esquecer algum documento, vou ser preso); exagerar no grau da 
responsabilidade (tendência de alguns indivíduos a acreditar que tem poder para 
provocar ou impedir que fatos negativos considerados difíceis de prevenir 
aconteçam, e que não agir para evitar eventos que possam causar danos é tão 
 
 
16 
condenável quanto cometê-lo, e que isso equivale moralmente a causar o dano, 
um exemplo: se eu não verificar a porta, ela pode não ter ficado bem fechada e 
se, houver um roubo, a responsabilidade será toda minha. 
Intolerância à incerteza ou dificuldade de conviver com dúvidas (indivíduos 
com TOC sentem dificuldade em tolerar a ocorrência ou não de eventos negativos 
no futuro, e de tolerar a incerteza ou dúvida de terem cometido ou não uma falha 
no passado. Alguns exemplos: Será que escrevi algo de errado no e-mail que 
mandei para o meu chefe? Será que fechei bem o carro quando estacionei na 
rua? Garante que se eu usar essa camiseta preta ninguém vai morrer na minha 
família? 
A intolerância à incerteza se manifesta em dúvidas e verificações 
intermináveis, por checagens mentais como indecisões, protelações; avaliações 
errôneas sobre o poder dos pensamentos e a necessidade de controlá-los (aqui a 
crença é de que a presença de um simples pensamento indica que ele é 
importante ou que pensar em algum evento aumenta a probabilidade de que ele 
ocorra ou ainda, que pensar em algo inaceitável ou imoral é tão ruim quanto 
praticá-lo, como pensar em um desastre de carro, pode fazê-lo acontecer, ou ter 
o pensamento de esgoelar o filho, indica que existe risco de vir a praticá-lo. 
O pensamento mágico também é característico nos indivíduos com TOC, 
como achar que certas propriedades “maléficas” são transmitidas pelo contato. 
Uma roupa tocada por uma pessoa “maligna” pode ficar contaminada para 
sempre; perfeccionismo (essa crença está associada à existência de uma solução 
perfeita para cada problema e que fazer algo de forma impecável é possível e 
necessário), e o indivíduo acredita que mesmo os pequenos erros podem ter 
sérias consequências, por exemplo: é possível, então deve ser perfeito; e o fato 
de que cada coisa tem o seu lugar. 
Essa crença distorcida leva ao comportamento de acordo com regras 
rígidas, exibindo um padrão elevado de expectativas, e falhar não é opção. No 
TOC, o perfeccionismo está associado à compulsão por limpeza, alinhamento e 
simetria, verificações, repetições e postergações, e pela necessidade de fazer 
tudo de forma completa ou sem falhas (Cordioli, 2017). 
 
 
 
17 
4.3 Pensamentos intrusivos 
O último ponto nos aspectos cognitivos do TOC é a origem dospensamentos intrusivos indesejáveis. O que torna os pensamentos invasivos 
normais em obsessões? 
Por exemplo: o indivíduo sem TOC tem, em algum momento, o pensamento 
automático de conteúdo indesejável ou bizarro, como: praticar sexo violento, ferir 
ou atacar alguém, dizer grosserias em público, introduzir objetos no ânus ou 
vagina, etc. 
Embora o conteúdo seja violento e até indesejável, indivíduos sem TOC 
não dão importância a esses pensamentos e provavelmente nunca os praticariam. 
No caso de indivíduos com TOC, esses pensamentos produzem grande 
ansiedade e medo de que possam vir a praticá-los, sendo persistentes, 
recorrentes e demoram muito a desaparecer, assumindo forma de obsessões. O 
ponto em questão está que no TOC, os sujeitos transformam os pensamentos 
invasivos normais em obsessões, pois a carga da interpretação ou significado 
negativo e catastrófico atribuído a esses pensamentos e sua possível ocorrência 
é o diferencial (Cordioli, 2017). Essa explicação chama-se teoria do significado. 
Vejamos o caso: 
De alguns dias para cá, quando vou trocar as fraldas ou dar banho na 
minha filha de 6 meses, passa por minha abeca a ideia de tocar e até de 
acariciar seus genitais, o que tem me deixado apavorado. Estou com 
muito medo de perder o controle e abusar dela! Por que me ocorre esse 
pensamento? Mas como, se nunca me passou isso pela cabeça? Eu a 
amo! Ela é um bebe! Estou horrorizado! Devo se uma pessoa má! Posso 
ser um pedófilo. Tenho de parar com esses pensamentos, mas não 
consigo! Acho que o mais seguro é sair de perto dela, pois posso perder 
o controle. Já avisei à minha esposa que não vou mais dar banho e trocar 
as fraldas, e ela queria saber o porquê. Preciso rezar para Deus nos 
proteger. (Cordioli, 2017, p. 37) 
O esquema traz o modelo descritivo da terapia cognitivo-comportamental 
com os aspectos teóricos integrados para o TOC (Cordioli, p. 38): 
 
 
 
18 
Figura 3 – Modelo descritivo da terapia cognitivo-comportamental 
 
Indivíduos com história de vida traumática ou que tenham tido experiências 
de vida de muita exigência, que são intolerantes a falhas, e que as crenças os 
levam a exagerar o risco e a responsabilidade, por exemplo, em situações 
ativadoras como a presença de certos objetos e lugares, passam a ter a mente 
invadida por pensamentos de conteúdo catastrófico e ameaçador. 
Esse processo produz ansiedade e medo, e no intuito de sentirem alívio ou 
reduzirem o desconforto, indivíduos com TOC adotam comportamentos por meio 
de rituais, tentando diminuir o perigo percebido, mas reforçando assim as 
compulsões e as crenças distorcidas, fechando o processo no modelo cognitivo-
comportamental no TOC (Cordioli, 2017). 
TEMA 5 – PRINCIPAIS INTERVENÇÕES DA TERAPIA COGNITIVO-
COMPORTAMENTAL NO TRATAMENTO DO TOC 
O tratamento na perspectiva da TCC para o TOC tem o propósito de 
eliminar os sintomas por meio da interrupção dos comportamentos de rituais e 
evitações, bem como em outros mecanismos de neutralizações utilizados pelos 
pacientes, pois entende-se que são esses comportamentos os responsáveis por 
fazer a manutenção e perpetuação dos sintomas. 
Os exercícios de Exposição e Prevenção de Resposta (EPR) são o foco 
nas intervenções para modificação de comportamentos. 
 
 
19 
Essa abordagem é comportamental, e com repetidas exposições às 
situações evitadas e na abstenção (prevenção) da execução de rituais (usados 
para aliviar sintomas de ansiedade medo), os pacientes aprendem a não 
realizarem mais os rituais, e com isso, os medos e obsessões vão desaparecendo 
gradualmente. Outro objetivo é a oportunidade, durante as exposições e as 
técnicas cognitivas (reestruturar as crenças distorças), testar a realidade dos seus 
medos por meio de comprovação de que não existe fundamento e de que são na 
verdade, sintomas de uma doença (Cordioli, 2017). 
O processo de psicoterapia para tratamento do TOC baseia-se em 8 a 20 
sessões breves e focadas (podendo durar de 2 a 6 meses ou até mais), 
dependendo do grau de comprometimento dos sintomas do paciente (Cordioli, 
2017). 
A seguir vamos apresentar uma visão geral do processo de psicoterapia 
para o TOC. 
As primeiras sessões são de avaliação do paciente para diagnosticar ou 
não o TOC: são utilizadas entrevistas padronizadas tais como o DMS-5 e o SCID, 
que pretendem identificar os sintomas obsessivo-compulsivos e comorbidades; 
investiga-se a também nesse processo inicial a história de vida do paciente, aqui 
podem ser aplicadas a conceitualização cognitiva ou outra entrevista para 
obtenção do histórico da doença. 
Após o diagnóstico, inicia-se as sessões de terapia, em que são utilizados 
técnicas para identificação dos sintomas, com o objetivo de identificar como o TOC 
se manifesta no perfil do paciente, são usadas as técnicas como a lista de 
sintomas do transtorno obsessivo-compulsivo, o diário de sintomas ou mapa do 
TOC, a escala Y-BOCS, que pode ser usada para avaliar o grau e auto monitorar 
a gravidade dos sintomas no começo e ao longo da terapia (Cordioli, 2017; Rangé, 
2011; Andretta, 2011). 
Ao fazer a avaliação diagnóstica com os critérios do DSM-5, deve – se 
lembrar da especificação do insight (Cordioli, 2017). 
A segunda etapa do processo de psicoterapia após as sessões iniciais é 
focada na psicoeducação do paciente sobre o TOC e a finalidade é passar 
informações ao paciente sobre o transtorno e sobre a TCC. Os principais assuntos 
abordados são: 
O que é o TOC; o que são obsessões, compulsões e evitações; 
prevalência, incidência e curso da doença; impacto na vida pessoal e 
familiar, e a importância da doença; familiarização com o modelo 
 
 
20 
cognitivo-comportamental; eficácia da TCC e como ela pode ajudar na 
redução dos sintomas; revisão das tarefas; o que são os exercícios de 
Exposição e Prevenção de Resposta (EPR); combinação acerca do que 
é esperado do paciente- realização de atividades fora da sessão, 
frequência, assiduidade; crias expectativas positivas de mudança e 
instaurar a confiança do paciente. (Andretta, 2011, p. 379) 
Outro aspecto abordado está no grau de motivação para o tratamento. O 
próximo passo após o preenchimento da lista de sintomas é usá-la como ponto 
de partida para o tratamento (EPR). Essa checagem feita na avaliação do grau 
dos sintomas do TOC será útil como monitoramento da evolução da terapia e 
como meta de quais sintomas devem ser eliminados primeiramente, começando 
pelos sintomas com menor grau de desconforto (Andretta, 2011). 
As sessões intermediárias marcam o uso dos primeiros exercícios de EPR, 
as exposições comportamentais (principal técnica comportamental) e as técnicas 
cognitivas para checagem e monitoramento do humor, lembrando que a parte 
cognitiva do tratamento no TOC prevê a reestruturação de pensamentos e 
crenças distorcidas. 
Na EPR utiliza-se a lista de sintomas como base, e são iniciadas as 
exposições pelos exercícios considerados mais fáceis ou selecionados aqueles 
para o qual o paciente acredita ter maior chance de realizar (Rangé, 2011). 
O objetivo dessas exposições é a prevenção de novos comportamentos 
(rituais, evitações) e promover a habituação, ou seja, a diminuição gradual e 
espontânea dos sintomas, permanecendo por um período de tempo em contato 
com as situações, objetos, lugares ou pessoas que provocam esse sentimento 
(nojo, medo), mas que na realidade não são perigosos. 
Por exemplo: em um paciente com medo de contaminação o grau de 
ansiedade é 2. Ao cumprimentar um amigo no hospital, o exercício de exposição 
para prevenção seria o de não lavar a mão ao chegar em casa, permitindo assim, 
que ocorra gradualmente  exposição  prevenção de resposta  habituação 
(Andretta, 2011 ). 
Algumas das principais técnicas cognitivas utilizadas nas sessões de 
tratamento para o TOC são: 
 O modelo ABC no TOC: (A – situações Ativadoras, B – ativam crenças 
(Belief), e/ou pensamentos disfuncionais;C= Consequência 
sentimentos/comportamentos); 
 RPD (Registro de Pensamentos Disfuncionais); 
 
 
21 
 Questionamento socrático (busca de explicações alternativas ou racionais, 
questionando o pensamento ao invés de aceitá-lo como verdade absoluta; 
 Técnica das duas teorias (auxilia o paciente a construir e testar uma 
explicação alternativa mais coerente e com menos ansiedade para as suas 
obsessões); 
 Cartões de enfrentamento (auxiliam o paciente a ter maior controle sobre 
os rituais, duvidas e ruminações obsessivas- são escritas frases em um 
cartão que são levados no bolso ou deixados num local de fácil acesso, 
com o intuito servir como lembrete ao tentar retomar o controle. Um 
exemplo de comportamento- frase: resista aos seus rituais. 
As sessões finais são voltadas para avaliar os resultados da terapia, 
observar as mudanças na intensidade dos sintomas (uso da escola Y-BOCS) e 
remissão, continuar a monitorar os próprios sintomas, continuação das tarefas de 
exposição e prevenção de rituais e as atividades cognitivas, avaliar possibilidades 
de lapsos e de recaída (Cordioli, 2017; Andretta, 2011; Rangé, 2011). 
Nos vídeos abordaremos os seguintes temas para complementar o estudo 
sobre o TOC: 
 Sintomas obsessivo-compulsivos; 
 TOC e familiares; 
 Farmacoterapia e TOC; 
 O uso de algumas das técnicas no tratamento do TOC; 
 Parte de um caso clínico para exercitar alguns dos conceitos das causas e 
desenvolvimento do TOC. 
Saiba mais 
CORDIOLI, A. V. TOC: Manual de terapia cognitivo-comportamental para o 
transtorno obsessivo-compulsivo. Artmed, 2004. 
RANGÉ, B. Psicoterapias cognitivo-comportamentais: um diálogo com a 
psiquiatria. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2011. 
 
 
22 
REFERÊNCIAS 
ANDRETTA, I; OLIVEIRA, M. DA S. Manual prático de terapia cognitivo-
comportamental. São Paulo: Casa do psicólogo, 2011. 
BARLOW, D. H. Manual clínico dos transtornos psicológicos: tratamento 
passo a passo. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2016. 
DSM-5. Referência rápida aos critérios diagnósticos do DSM-5. Porto Alegre: 
Artmed, 2014. 
CORDIOLI, A.V; ANELISE, DE S. V; DANIELA, T. B. Vencendo o transtorno 
obsessivo-compulsivo: manual de terapia cognitivo-comportamental para 
pacientes e terapeutas. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2017. 
RANGÉ, B. Terapias cognitivo comportamentais: um diálogo com a psiquiatria. 
2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2011.

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