Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SERGIPE CURSO DE PSICOLOGIA DISCIPLINA – Terapia Cognitiva Comportamental Denilda Caldas de Santana Elizabeth Assis Menezes Souza Elisângela dos Santos Rodrigues Érica Evelyn Cruz Santos Isabela Caroline Barbosa do Nascimento Juliana Cabral Santana INTERVENÇÕES DA TCC NO TRATAMENTO DO TRANSTORNO OBSESSIVO COMPULSIVO - TOC Aracaju – SE 2019.2 Denilda Caldas de Santana Elizabeth Assis Menezes Souza Elisângela dos Santos Rodrigues Érica Evelyn Cruz Santos Isabela Caroline Barbosa do Nascimento Juliana Cabral Santana Trabalho apresentado à disciplina Terapia Cognitivo Comportamental, ministrada pela Docente Profa. Cláudia Mara de Oliveira Bezerra do curso de Psicologia da Faculdade Estácio de Sergipe, como requisito de avaliação. Aracaju – SE 2019.2 I. INTRODUÇÃO De acordo com a Classificação de Transtornos Mentais e de Comportamento da CID – 10, o TOC é um transtorno neurótico caracterizado por pensamentos obsessivos ou atos compulsivos recorrentes. Seus sintomas envolvem alterações do pensamento, do comportamento e das emoções. Estudos epidemiológicos apontam o TOC como o quarto transtorno psiquiátrico mais comum, sendo precedido apenas, em ordem de frequência, por fobias, abuso e dependência de drogas e depressão maior, por isso, deve ser considerado uma doença de grande importância para a saúde pública, uma vez que acarreta prejuízos sociais e econômicos, além de gerar grande sofrimento aos pacientes e suas famílias. Acomete igualmente homens e mulheres, porém, alguns autores afirmam que o início é mais precoce entre os homens, sendo assim diagnosticado de forma mais frequente para o sexo masculino (DEL-PORTO, 2001). Segundo Cordioli (2008) cerca de 2,5% da população é portadora do transtorno obsessivo-compulsivo, ou seja, uma em cada 40 pessoas possuem TOC. A idade de início, em média é aos 21 anos para homens e aos 25 anos para as mulheres. Algumas vezes, pode começar na infância, sendo raro seu início depois dos 40 anos. Seu desenvolvimento é crônico e, se não for tratado, tende a manter-se por toda a vida, raras vezes desaparecendo por completo de forma espontânea. Seus sintomas são graves ou tendem a agravar-se de forma progressiva em aproximadamente 10% dos casos, podendo incapacitar os portadores para o trabalho e acarretar limitações significativas à convivência com outras pessoas. A Organização Mundial da Saúde (OMS) incluiu o TOC na lista das dez doenças que têm maior impacto sobre a incapacitação social, uma vez que gera incapacidade para o trabalho e aposentadorias precoce. Diante dessa problemática, desenvolvemos esse trabalho, com o objetivo de apresentar algumas intervenções terapêuticas para o tratamento do TOC a partir da abordagem da Terapia Cognitiva Comportamental (TCC). A TCC pressupõe que os pensamentos influenciam nossas emoções e nossos comportamentos, e este último, é responsável pela perpetuação do pensamento. Assim, ela busca modificar tanto a forma que o indivíduo representa as cosias como a ação dos mesmos. As estratégias utilizadas pela TCC visa o desaparecimento gradual dos sintomas podendo chegar à remissão completa destes. Alguns registros na literatura têm indicado que cerca de 30% dos indivíduos não obtêm os resultados almejados com o tratamento, uma vez que, o apoio e o funcionamento familiar além de outros fatores extrínsecos ao transtorno, podem interferir nesse resultado (FERRÃO YA apud SOARES NETO, 2011). A metodologia utilizada para desenvolvermos esse trabalho foi a pesquisa bibliográfica realizada a partir de um levantamento de dados em sites e livros científicos. Inicialmente realizamos uma explanação sobre o tema em questão e posteriormente abordamos algumas formas de intervenções utilizadas no referido transtorno. Para finalizarmos fizemos algumas considerações finais enfatizando a eficácia da TCC no tratamento do TOC. II. OBJETIVOS 2.1- Objetivo Geral Apresentar algumas intervenções terapêuticas para o tratamento do TOC a partir da abordagem da Terapia Cognitiva Comportamental (TCC). 2.2- Objetivos Específicos Descrever os principais aspectos relacionados ao TOC; Expor sobre a abordagem da Terapia Cognitiva Comportamental; Apresentar alguns protocolos utilizados nas intervenções da TCC no tratamento do TOC. III. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 3.1- O que é o transtorno obsessivo-compulsivo? O TOC é um transtorno mental incluído pela classificação da Associação Psiquiátrica Americana entre os chamados transtornos de ansiedade. Está classificado ao lado das fobias (medo de lugares fechados, elevadores, pequenos animais como ratos ou insetos), da fobia social (medo de se expor em público ou diante de outras pessoas), do transtorno de pânico (crises de ansiedade e medo de frequentar os lugares onde ocorreram as crises). Os principais sintomas do TOC envolvem alterações do comportamento (rituais ou compulsões repetições, evitações), dos pensamentos (preocupações excessivas, dúvidas, pensamentos de conteúdo impróprio ou ruim, obsessões) e das emoções (medo, desconforto, aflição, culpa, depressão). Sua característica principal é a presença de obsessões e compulsões ou rituais. Além disso, os portadores do TOC sofrem de muitos medos (de contrair doenças, de cometerem falhas, de serem responsáveis por acidentes). Em razão desses medos, evitam fazer coisas que de acordo com o que acreditam poderia provocar tais desastres. Em razão disso, no TOC são muito comuns comportamentos de evitação (não tocar em trincos de portas, não cumprimentar outras pessoas, não usar banheiros públicos e outros). Salientamos, que as evitações, embora não específicas do TOC, são, em grande parte, as responsáveis pelas limitações que o transtorno acarreta. Embora as várias causas do TOC ainda não estejam esclarecidas, há evidências de que fatores de natureza biológica, psicológica e até mesmo ambiental possam fazer parte do seu surgimento, e que também é encontrado em pelo menos 50% dos pacientes que têm o transtorno de Tourette (transtorno neurológico caracterizado por tiques motores e vocais ao mesmo tempo). Dos pacientes com TOC até 15% têm transtorno de Tourette, e dos pacientes com transtorno de Tourette 20% a 60% têm sintomas obsessivos e compulsivos, sendo esta uma das comorbidades mais comuns em todas as faixas etárias (GOMES et al., 2010). 3.2- O que são obsessões? De acordo com Cordioli (2008) as obsessões são definidas por pensamentos, impulsos ou imagens recorrentes e persistentes que, em algum momento durante a perturbação, são experimentados como intrusivos e indesejados e que, na maioria dos indivíduos, causam acentuada ansiedade ou sofrimento. O indivíduo tenta ignorar ou suprimir tais pensamentos, impulsos ou imagens ou neutralizá-los com algum outro pensamento ou ação. Apesar de serem consideradas absurdas ou ilógicas, as obsessões causam aflição e levam a pessoa a fazer algo (rituais ou compulsões) ou a evitar fazê-lo (evitações) para livrar-se do medo ou do desconforto. As obsessões mais comuns se se relacionam com: sujeira, contaminação; dúvidas; simetria, perfeição, exatidão ou alinhamento; impulsos ou pensamentos de ferir, insultar ou agredir outras pessoas; sexo ou obscenidades; armazenar, poupar, guardar coisas inúteis ou economizar; preocupações com doenças ou com o corpo; religião (pecado, culpa, escrúpulos, sacrilégios ou blasfêmias); pensamento mágico (números especiais, cores, datas e horários. 3.3- O que são compulsões ou rituais? Compulsões ou rituais são comportamentos ou atos mentais voluntáriose repetitivos executados em resposta a obsessões ou em virtude de regras que devem ser seguidas rigidamente (CID-10). Os exemplos mais comuns são lavar as mãos, fazer verificações, contar, repetir frases ou números, alinhar, guardar ou armazenar, repetir perguntas, etc. As compulsões aliviam momentaneamente a ansiedade, levando o indivíduo a executá-las toda vez que sua mente é invadida por uma obsessão acompanhada de aflição. Nem sempre têm conexão realística com o que desejam prevenir. As compulsões mais comuns são: de lavagem ou limpeza; verificações ou controle; repetições ou confirmações; contagens; ordem, arranjo, simetria, sequência ou alinhamento; acumular, guardar ou colecionar coisas inúteis; compulsões mentais: rezar, repetir palavras, frases, números; diversas: tocar, olhar, bater de leve, confessar; 3.4- Formas mais comuns de TOC Segundo os autores pesquisados, as obsessões mais comuns são as relacionadas com sujeira e/ou contaminação seguidas de compulsões ou rituais de lavagens (das mãos ou do corpo, das roupas) e da necessidade de evitar tocar em objetos ou pessoas, ou andar em lugares considerados contaminados. Também são comuns pensamentos relacionados com agressão, sexo impróprio ou blasfêmias; medos absurdos de que possa acontecer algo de ruim para si ou seus familiares; dúvidas quanto a melhor decisão; preocupações exageradas com exatidão, perfeccionismo, simetria, alinhamento, e lentidão para executar as tarefas do dia-a- dia. As compulsões mais comuns são a necessidade de lavar repetidamente as mãos, as roupas, o corpo; evitar o contato com objetos considerados contaminados, como por exemplo, trincos de portas, bolsas, roupas, corrimãos de escadarias ou ônibus, assentos de banheiros públicos, não usar toalhas dos demais membros da casa, não sentar em bancos de praças; verificar repetidamente portas, janelas, torneiras, gás, interruptores, aparelhos elétricos; realizar contagens, repetir números ou palavras mentalmente; repetir atos, toques, gestos. Alguns pacientes são também extremamente lentos, geralmente em função das dúvidas antes de tomar decisões ou das compulsões mentais. Na maioria das vezes, existem diversos tipos de sintomas simultaneamente. Existem transtornos relacionados ao TOC, cujos sintomas lembram compulsões ou mesmo obsessões, e que é interessante distinguir, pois, em geral, o tratamento é diferente. 3.5- Fatores de natureza psicológica Sabe-se, ainda, que os fatores de natureza psicológica influem no surgimento, na manutenção e no agravamento dos sintomas de TOC. Os pacientes aprendem que usando certos rituais ou manobras psicológicas, como atos mentais e evitação de contato com as situações ou os objetos temidos, obtêm alívio da aflição e do medo, ou seja, esses atos neutralizam aquilo que normalmente acompanham seus pensamentos, as obsessões, e por este motivo passam a repeti-los, mesmo que isto signifique estar mantendo ou agravando a doença. É bastante comum ainda que os sintomas surjam depois de algum estresse psicológico. Sabe-se também que conflitos psíquicos agravam os sintomas. A existência de certas alterações no modo de pensar, de perceber e avaliar a realidade por parte destes pacientes (distorções cognitivas) é cada vez mais claro. Eles tendem a supervalorizar a importância dos pensamentos como se pensar fosse o mesmo que agir ou desejar; exageram o risco e as possibilidades de ocorrerem eventos desastrosos (contrair doenças, perder familiares, contaminar-se); tendem a superestimar a própria responsabilidade quanto a provocar ou prevenir eventos futuros; são perfeccionistas, perdendo muito tempo com a preocupação de fazer as coisas bem feitas e evitar possíveis falhas ou imperfeições; e imaginam modificar o curso futuro dos acontecimentos, de impedir que desastres ou doenças aconteçam, com a execução dos rituais (pensamento mágico). Cada paciente pode apresentar uma ou mais destas distorções, que são mantidas, mesmo com as evidências sendo contrárias a elas, ou apesar de não terem comprovação na realidade. Supõe-se ainda que fatores ligados ao tipo de educação (mais ou menos severa ou exigente, incutindo culpa ou não), ao tipo de cultura social e familiar, possam também influir na origem de crenças e regras que regem a vida da pessoa criando uma espécie de terreno propício para o surgimento do transtorno. Por estes motivos, usualmente se associam aos medicamentos (Inibidores Seletivos da Recaptação da Serotonina), terapias psicológicas, como a terapia cognitivo-comportamental no seu tratamento (CORDIOLOI, 2008; ROSÁRIO- CAMPOS, 2000). 3.6- Os fundamentos da TCC do TOC Até o final da década de 1960, prevalecia a teoria de Freud de que os sintomas obsessivos compulsivos eram expressão de conflitos inconscientes, situados na fase anal- sádica do desenvolvimento psicossexual. O tratamento proposto era a psicanálise ou a psicoterapia de orientação analítica, que na prática se mostraram ineficazes em eliminar os sintomas. A insatisfação com o tratamento levou autores ligados à escola comportamental a realizar alguns experimentos, que foram cruciais para o atual entendimento do TOC e o desenvolvimento de novas abordagens de tratamento. Na década de 70, Hogdson e Rachman observando pacientes com obsessões de limpeza e rituais de lavagem, verificaram que eles apresentavam rápida e acentuada elevação da ansiedade quando eram convidados a tocar nos objetos que evitavam, a qual decrescia também de forma rápida com a execução de uma lavagem "satisfatória". A partir dessas observações, propuseram a existência de uma relação funcional entre os rituais e as obsessões: os rituais eram realizados para aliviar a ansiedade que acompanhava as obsessões. Essa era a sua função e, ao mesmo tempo, uma tática aprendida pelo paciente para livrar-se da ansiedade que usualmente acompanha as obsessões. Observaram ainda que o impulso de executar as verificações ou as lavações desaparecia espontaneamente num período entre 15 e 180 minutos caso fosse solicitado aos pacientes que se abstivessem de realizar os rituais ou permanecessem em contato com as situações ou os objetos evitados. Constataram também, que, a cada repetição dos exercícios, a intensidade da ansiedade e do impulso para realizar os rituais era menor. Caso repetissem os exercícios um número suficiente de vezes, tanto as aflições como a necessidade de executar os rituais desapareciam por completo. Esse fenômeno natural passou a ser a base da terapia de EPR. A terapia comportamental de EPR é eficaz em mais de 70% dos pacientes que aderem ao tratamento. Marks fez uma extensa revisão de toda uma década de pesquisas, concluindo pela eficácia da terapia comportamental no tratamento dos sintomas do TOC, consolidando-se definitivamente como tratamento de primeira escolha quando predominam rituais e os sintomas são de intensidade leve ou moderada. A TCC tem como objetivo fazer o indivíduo perceber as aprendizagens errôneas e as crenças distorcidas que adquiriu ao longo da vida e esse tratamento psicoterápico tem se mostrado mais eficaz para lidar com o TOC. A TCC faz uma exposição repetida do indivíduo ao estímulo aversivo, não deixando que ele execute a compulsão. Assim, por meio da habituação, faz com que a pessoa perceba que os rituais não são necessários para reduzir a ansiedade ou para evitar algum desastre (CORDIOLI, 2008). Em razão de medos excessivos reconheceu-se que muitos pacientes tinham dificuldade de realizar os exercícios de exposição e prevenção de rituais. Os pesquisadores passaram a focar sua atenção nos pensamentos catastróficos, erros de avaliação e interpretação e nas crenças erradas, tão comum nesses pacientes, e que provavelmente seria o responsável pela não adesão aos exercícios. A partir da identificação dessas crenças erradas foram introduzidos tratamentose técnicas cognitivas com o intuito de corrigi-las. Com auxilio do terapeuta são combinados os exercícios graduais de exposição e prevenção de rituais para serem feitos em casa além desses são feitos exercícios de correção de pensamento e crenças erradas. A cada sessão os exercícios são revisados. Quando os sintomas do TOC são leves ou moderados, a TCC costuma ser breve entre 10 e 15 sessões e cerca de 70% dos pacientes que fazem a terapia costumam apresentar melhoras significativas, sendo que a metade deles podem ficar sem sintomas. IV. TÉCNICAS DE INTERVENÇÃO TERAPÊUTICA DA TERAPIA COGNITIVO COMPORTAMENTAL NO TOC 4.1- Conceitualização cognitiva A abordagem terapêutica da Terapia Cognitiva Comportamental tem como um de seus pilares fundamentais a Conceitualização Cognitiva, que é o enquadre do modelo cognitivo do cliente/paciente e da sua queixa inicial. É possível através da descoberta guiada e questionamento socrático, ir mapeando o registros necessários a respeito de: Pensamentos Automáticos, Crenças Intermediárias, Crenças Centrais, Estratégias Compensatórias, etc. Este enquadre é realizado normalmente nas quatro primeiras sessões, porém não é um processo estanque, ele se aprofunda e se refina durante todo o processo terapêutico. Esse processo é um elemento essencial na condução da intervenção das técnicas terapêuticas mais adequadas. Como também, a percepção de sua eficácia, uma vez que é um processo não só contínuo, mas também colaborativo entre terapeuta e paciente. Também se faz importante para a consolidação de uma boa aliança terapêutica e especialmente da adesão e engajamento do cliente/paciente. 4.2- Intervenções A terapia cognitiva comportamental é muito importante para o tratamento do TOC. Essa psicoterapia é focada nos problemas apresentados, a partir da utilização de técnicas, tarefas de casa, exercícios, entre outros. As técnicas são colocadas em prática, através de instrumentos de automonitoramento, de escalas, de registros e de tarefas feitas junto ao terapeuta. A TCC traz, através da psicoeducação, ensinamentos de como o paciente pode planejar uma mudança comportamental, identificando e avaliando suas obsessões, evitações, neutralizações, compulsões, pensamentos catastróficos, e assim juntamente com o terapeuta elaborar tarefas voltadas para a diminuição desses sintomas. O objetivo da TCC no TOC é tornar a vida do paciente mais leve e consequentemente com mais equilíbrio. Dentre as intervenções utilizadas pela TCC no tratamento do TOC, estão: a. Psicoeducação Uma vantagem que difere a TCC, de outras abordagens, é a psicoeducação, porque tem o cuidado de trazer ao paciente informações sobre seu diagnótico, como também funcionamento, melhor tratamento, e o provável desenvolvimento futuro segundo (COLOM&VIETA, 2004). Além de garantir bons resultados, os pacientes conseguem lidar com seus medos, baixo-estima, trazendo assim, uma melhora para o trastorno de forma participativa voltada para a sua recuperação. Segundo (ITO, 2001), o terapeuta pode usar sua criatividade na hora da escolha dos recursos, como os artísticos, os manuais, audiovisuais entre outros. b. Registro de Pensamentos Disfuncionais (RPD) O treino com o paciente, solicitando que ele faça o registro dos pensamentos disfuncionais que lhe aparecem ao longo do dia que lhe traz um certo desconforto, ainda é muito utilizado na TCC segundo (JUNIOR, 2004). Essa tarefa, é feita utilizando a RPD, tanto como tarefa para casa como também durante as sessões, pois, é através dela, que o paciente identifica, avalia e responde suas cognições. O RPD foi criado por Aaron Beck (1979) e modificado por Judith Beck (1995). c. Questionamento socrático É muito utilizado para ajudar os pacientes a entender como funciona a estrutura do seu pensar, onde, flexibiliza e muda, algumas crenças rígidas, sobre si, sobre o mundo e sobre os outros. Aqui, o terapeuta não convence o paciente, e sim, abre caminhos de forma clara, para que ele mesmo descubra e tire suas próprias conclusões. Dentro do tratamento do TOC, é possível utilizar estratégias diferentes do questionamento, que busque explicações, testes comportamentais, evidências, entre outros. d. A técnica das duas teorias (A e B) Existe uma forma fácil de questionar, e explicar o que de fato ocorre com o paciente através das duas teorias A e B segundo Salkovskiset al,. (1998 apud KNAPP, 2004). Essa técnica traz uma mudança na forma de interpretar sintomas, pensamentos, situações, na qual, conseguem perceber de forma mais realista. 1) Teoria A: Você está de fato contaminado e precisa se lavar porque pode contaminar sua família e ser responsável por doenças e, quem sabe, pela morte de familiares. 2) Teoria B: Você é uma pessoa muito sensível a medos de ser contaminado e reage a esses medos de uma forma que compromete sua vida: fazendo um excesso de lavagens seguidas. e. Automonitoramento Uma das mais simples é o autocontrole, a monitoração de si mesmo, de acordo com Leahy (1996, apud KNAPP, 2004), e que também pode ajudar de forma significativa, trazendo informações tanto para o terapeuta como para o paciente, com o intuito de aprender algumas informações: Exemplos: 1. como o tempo é usado 2. variações do humor associadas com estímulos específicos e os pensamentos automáticos correspondentes Além disso, também propõe: 3. Aumentar a consciência do paciente sobre o que está fazendo, pensando e sentindo 4. Esse aumento de consciência pode aumentar o autocontrole do paciente, fazendo com que, o mesmo, aumente os comportamentos positivos (funcionais) e negativos (disfuncionais). Para que tenha um resultado esperado, tanto o paciente como o terapeuta, precisam determinar de forma clara, qual o pensamento, emoção ou comportamento, será monitorado, e por quanto tempo. Uma das formas possíveis é fazer o monitoramento dos pensamentos negativos por uma semana. f. Exposição Expor o cliente/paciente de modo seguro e gradativo a situações reais (o mais usual) ou apenas de modo imaginário, a objetos, locais e/ou circunstâncias que provocam ansiedade. De início o grau da ansiedade pode ser elevado, mas, aos poucos vai sendo diminuído através desta própria exposição. g. Modelação Consiste na observação de pessoas realizando a ação, que para o cliente/paciente seria considerada de risco. É uma técnica de aprendizagem, onde intenciona levar a habituação, pois no início o grau de ansiedade pode ser elevado, mas a repetição do fato vai gradualmente diminuindo esta ansiedade. h. Lembretes Os lembretes têm a função de ajudar no autocontrole relacionado aos pensamentos compulsivos/obsessivos e também aos rituais. Pode-se fazer cartazes, recados auto-adesivos, colocados em locais visíveis e estratégicos, cartões de bolso, entre outros, com frases que possam inspirar este comportamento de autocontrole. i. Experimentos Comportamentais Trata-se de testar um comportamento na prática de algo que é considerado “erro” para a pessoa, como por exemplo: Medo de passar um cartão de crédito errado. O exercício consistiria em na prática a pessoa executar esta ação e constatar que não houve dano ou risco. Isso se aplica a qualquer contexto. j. Prevenção de Respostas (ou rituais) É o paciente/cliente abster-se de comportamentos evitativos, da realização de rituais, de comportamentos compulsivos ou obsessivos, sendo manifestos ou não. Como por exemplo, abster-se de alinhar objetos, ou lavar as mãos, ou fazer verificações, etc. 4.3- Estratégias para prevenção de recaídas, alta e revisões periódicas Mesmo quando maior parte dos sintomas estiver sumindo, é possível diminuir a frequência das sessõe de terapia, mas, como no TOC pode haver casos em que há a completa remissão de sintomas e em casos mais graves, mesmo havendo a remissãopodem voltar os sintomas, para ambos os casos, as estratégias de prevenção de raídas são indicadas. É de suma importância, ao fim da terapia, montar estratégias de prevenção. Pode ocorrer, episódios isolados de rituais ou evitação de curto prazo e que podem aparecer por um discuido, ou falha nas estratégias de autocontrole, portanto, para não criar uma descrença que sua capacidade de acabar com esses sintomas é de fato impossível, o terapeuta precisa lembrar ao paciente, que esses episódios isolados são comuns, particularmente nessa fase de mudança e em especial, quanto aos rituais que já estavam habituados a fazer. É necessário, treinar o paciente com estratégias de prevenção de recaída ao final do tratamento. Segue algumas estratégias: Identificar, com o paciente, as situações internas (psicológicas) ou externas (ambiente, objetos) de risco (gatilhos) para a realização de rituais ou para a ocorrência de obsessões ou comportamentos evitativos: a hora de deitar ou de sair de casa para os verificadores, a chegada em casa para os que têm obsessões por contaminação. Preparar com antecedência estratégias de enfrentamento para lidar adequadamente com as situações de risco (gatilho) e evitar as recaídas: Vigilância: estar atento para o autocontrole e não executar de forma automática os rituais a que estava habituado nas situações de risco. Planejar: com antecedência como irá se comportar no enfrentamento das situações de risco, tendo em vista o que deve fazer em termos de exposição e prevenção da resposta: por quanto tempo, onde, de que forma (“Vou sentar na cama com a roupa da rua quando chegar em casa, durante 15 minutos”). Distração: procurar se distrair, durante situações de risco, com outros pensamentos ou com atividades práticas, como forma de reduzir a aflição e o impulso a realizar rituais. Conversar consigo mesmo (dar ordens para si mesmo): “Você tem condições de se controlar!”, “Não vá verificar se a torneira ficou bem fechada!”, etc. V. CONSIDERAÇÕES FINAIS Esta pesquisa se propôs, como objetivo geral, elaborar um conjunto de estratégias para as intervenções terapêuticas para o tratamento do Transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) a partir da abordagem da Terapia Cognitiva Comportamental (TCC). A expectativa ao término deste trabalho é de ampliar a compreensão e o conhecimento do leitor sobre os principais aspectos relacionados à perturbação obsessivo-compulsiva. O primeiro passo do trabalho foi identificar através de estudos bibliográficos o conceito do que é o TOC e as características principais da presença de obsessões e compulsões dos portadores. Um conjunto de variedade de técnicas e estratégias que possibilitam a intervenção terapêutica da Terapia Cognitiva Comportamental na redução dos sintomas para a maioria dos pacientes e até sua eliminação completa foi proposta e, em seguida, estudadas isoladamente. Dessa forma, o estudo foi subdivido em dez passos para a intervenção e seis estratégias para prevenção de recaídas, alta e revisões periódicas para o melhor entendimento a respeito do assunto. Após a construção de estratégias, o plano de ação deve ser introduzido no cotidiano. Paralelamente, foram investigados que a terapia comportamental é eficaz em mais de 70% dos pacientes que aderem ao tratamento em relação à psicanálise ou a psicoterapia de orientação analítica. Dentre essas opções, a TCC tem como objetivo fazer o indivíduo compreender as aprendizagens errôneas e as crenças distorcidas que adquiriu ao longo da vida, além de realizar a manutenção do tratamento. Uma das lacunas que estre trabalho apresenta centra-se em razão de medos excessivos. Alguns autores referem que alguns pacientes possuem dificuldade de realizar os exercícios de exposição e prevenção de rituais. Assim, com auxilio do terapeuta, são combinados os exercícios graduais de exposição e prevenção de rituais para serem feitos em casa. Além desses, são feitos exercícios de correção de pensamento e crenças erradas. Por fim, ainda caminha em passos lentos a resolução da problemática, pois o alcance da TCC para o TOC ainda não é ampla. Nesse contexto, é necessária a expansão e a modificação de algumas das suas estratégias para que um número maior de pacientes, atualmente refratários ou não aderentes, possa beneficiar-se dessa modalidade de tratamento. Outro aspecto importante para ser solucionado encontra-se na saúde pública, pois ainda existe profissionais não qualificados, assim, o aumento de treinamentos e especializações de um número maior de profissionais e a adoção por parte das instituições, do tratamento em grupo, poderá atingir um numero maior de pacientes. Com essas atitudes o enfoque preventivo poderá levar esclarecimentos a população sobre as manifestações do TOC nas redes de saúde pública. VI. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Classificação de Transtornos mentais e de Coomportamento da CID-10: Descrições Clínicas e Diretrizes Diagnósticas – Coord. Mund. Da Saúde; trad. Dorgival Caetano. – Porto Alegre: Artmed, 1993. CORDIOLI. Volpato Aristides. Terapia Cognitivo-Comportamental no Transtorno Obsessivo Compulsivo, 2013. CORDIOLI, Aristides Volpato. Vencendo o transtorno obsessivo-compulsivo: manual da terapia cognitivo-comportamental para pacientes e terapeutas. Porto Alegre Artmed, 2008. CORDIOLI, Aristides Volpato. A terapia A terapia cognitivo-comportamental no transtorno obsessivo-compulsivo. Rev. Bras. Psiquiatr. vol.30 suppl.2 São Paulo Oct. 2008. Disponível em: < http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516- 44462008000600003>. Acesso em 26 de out de 2019. DEL- PORTO, José Alberto. Epidemiologia e aspectos transculturais do transtorno obsessivo-compulsivo. Rev. Bras. Psiquiatr. vol.23 suppl.2. São Paulo. Oct. 2001. Disponível em: < http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516- 44462001000600002>. acesso em 26 de out de 2019. GUIMARÃES, Martins Maria Lívia e VASCONCELOS, M.C. Tatiana. O Uso de Algumas Técnicas da Terapia Cognitivo-Comportamental no Transtorno Obsessivo Compulsivo, 2014. KNAPP, Paulo et al. Terapia Cognitivo- Comportamental na Prática Psiquiátrica. Porto Alegre: Artmed. 2004. ROSÁRIO- CAMPOS, Maria Conceição e MERCADANTE, Marcos T. Transtorno obsessivo compulsivo. Rev. Bras. Psiquiatr. vol.22 s.2 São Paulo Dec. 2000. Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-44462000000600005>. Acesso em 26 de out de 2019. http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-44462008000600003 http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-44462008000600003 http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-44462001000600002 http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-44462001000600002 http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-44462000000600005 SOARES NETO, Eduardo Bbatista, et al. Sobrecarga em familiares de indivíduos com transtorno obsessivo-compulsivo. Rev. psiquiatr. clín. vol.38 no. 2. São Paulo. 2011. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101- 60832011000200001>. acesso em 26 de out de 2019. http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-60832011000200001 http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-60832011000200001
Compartilhar