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Brasília-DF. Laserterapia: Led, Lip, diodo, Q-switch, Érbium, co2 Fracionado, nd-Yag, nd-Yap e aLexandrite Elaboração Taís Amadio Menegat Produção Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração Sumário APRESENTAÇÃO ................................................................................................................................. 5 ORGANIZAÇÃO DO CADERNO DE ESTUDOS E PESQUISA .................................................................... 6 INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 8 UNIDADE I LASERTERAPIA ........................................................................................................................................ 9 CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO À LASERTERAPIA ................................................................................................. 9 CAPÍTULO 2 TIPOS DE LASER ...................................................................................................................... 28 UNIDADE II TRATAMENTO DE REJUVENESCIMENTO COM LASER .............................................................................. 40 CAPÍTULO 1 RESURFACING – LASER CO2 ................................................................................................... 40 CAPÍTULO 2 TRATAMENTO VASCULAR COM LASER ..................................................................................... 52 CAPÍTULO 3 TRATAMENTO DE LESÕES PIGMENTADAS COM LASER .............................................................. 64 UNIDADE III TRATAMENTO DE REMOÇÃO DE TATUAGEM ......................................................................................... 73 CAPÍTULO 1 TRATAMENTO DE REMOÇÃO DE TATUAGEM ........................................................................... 73 CAPÍTULO 2 TRATAMENTO DE REMOÇÃO DE PELOS COM LASER ................................................................ 80 UNIDADE IV TRATAMENTO DE ESTRIAS, CICATRIZ DE ACNE COM LASER.................................................................... 97 CAPÍTULO 1 TRATAMENTO DE ESTRIAS, CICATRIZ DE ACNE COM LASER ...................................................... 97 CAPÍTULO 2 TRATAMENTO DE HIPERHIDROSE ............................................................................................ 102 CAPÍTULO 3 LUZ INTENSA PULSADA – LIP ................................................................................................... 106 UNIDADE V LIGHT EMITTING DIODES .................................................................................................................... 117 CAPÍTULO 1 LEDS (LIGHT EMITTING DIODES) ............................................................................................. 117 REFERÊNCIAS ................................................................................................................................ 128 5 Apresentação Caro aluno A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se entendem necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade. Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela interatividade e modernidade de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da Educação a Distância – EaD. Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade dos conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos específicos da área e atuar de forma competente e conscienciosa, como convém ao profissional que busca a formação continuada para vencer os desafios que a evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo. Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na profissional. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira. Conselho Editorial 6 Organização do Caderno de Estudos e Pesquisa Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam a tornar sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta, para aprofundar os estudos com leituras e pesquisas complementares. A seguir, uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de Estudos e Pesquisa. Provocação Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor conteudista. Para refletir Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões. Sugestão de estudo complementar Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo, discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso. Praticando Sugestão de atividades, no decorrer das leituras, com o objetivo didático de fortalecer o processo de aprendizagem do aluno. 7 Atenção Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a síntese/conclusão do assunto abordado. Saiba mais Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões sobre o assunto abordado. Sintetizando Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos. Exercício de fixação Atividades que buscam reforçar a assimilação e fixação dos períodos que o autor/ conteudista achar mais relevante em relação a aprendizagem de seu módulo (não há registro de menção). Avaliação Final Questionário com 10 questões objetivas, baseadas nos objetivos do curso, que visam verificar a aprendizagem do curso (há registro de menção). É a única atividade do curso que vale nota, ou seja, é a atividade que o aluno fará para saber se pode ou não receber a certificação. Para (não) finalizar Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado. 8 Introdução Convido você a vir mergulhar no mundo mágico do Laser. Nas próximas páginas você poderá aprender como agregar todos os benefícios terapêuticos e fisiológicos dessa técnica em distúrbios como: pré e pós-operatório de cirurgia plástica, anti-aging, estrias, psoríase, olheiras, entre outras disfunções. A técnica aplicada nesta apostila é o modelo mais atual do mercado. Objetivos » Obter a Introdução aos Lasers e LED’s, aprendendo sobre os componentes dos Lasers e LED’s; dosimentria; propriedades ópticas da pele; interação Laser Tecido; fototermólise seletiva; dano térmico; parâmetros; comprimento de onda; spot size; duração do pulso e resfriamento da pele. » Promover o conhecimento fisiológico, farmacológico e terapêutico dos Lasers Ablativos (Vaporização CO2 e Érbio, Resurfacing, Lasers Não Ablativo). » Compreender a aplicação e o mecanismo dos lasers nos tratamentos de lesões Vasculares Cutâneas, Lesões Pigmentadas, Remoção de Tatuagens, Disfunções Estéticas. » Compreender a aplicação e o mecanismo do uso do LED no Rejuvenescimento. 9 UNIDADE ILASERTERAPIA CAPÍTULO 1 Introdução à laserterapia Introdução Em 1917, Albert Einstein publicou a teoria quântica que elucidava os princípios da emissão de radiação espontânea e estimulada. “Luz é um sistema extremamente complexo de energia radiante que é composto por fótons (unidade fundamental de energia) e ondas. Está organizado dentro do espectro eletromagnético para o tamanho (comprimento)das ondas, frequentemente medida em metros de frações.”. (BAGNATO, 2005) O inicial e verdadeiro laser, foi Laser de Ruby desenvolvido em 1960, por Theodore Maiman trabalhando para a Hughes Corporation, o primeiro MASER ótico, e sugeriu o nome de LOSER (LIGHT OSCILLATION BY STIMULATED EMISSION OF RADIATION), mas como LOSER, em inglês, significa perdedor, foi trocado para LASER (LIGHT AMPLIFICATION BY STIMULATED EMISSION OF RADIATION ─ Amplificação da luz por emissão estimulada de radiação). Em julho de 1960 Theodore Maimann anunciou o primeiro laser, sendo de Rubi. Em 1961, foi desenvolvido o Laser Hélio-Neônio por Javan e Nd:YAG por Johnson. Em 1962 foi desenvolvido o Laser de Argônio por Bennet, e em 1964 foi desenvolvido o laser Dióxido de Carbono por Patel (GRINBLAT; MAKARON, 2003). O laser é destinado à amplificação da luz por meio da estimulação de emissão de radiação, e existe um processo físico pelo qual um laser produz luz. Os lasers são fontes únicas de luz estabelecidas no processo de emissão estimulada. Uma discussão dos princípios do laser começa com a formulação dos princípios de radiação eletromagnética feita por Einstein. A radiação eletromagnética é uma forma básica de energia que pode exibir ondas e propriedades de partículas. Um “quantum” de energia eletromagnética chamada fóton pode estimular um átomo excitado para emitir outro fóton com a mesma 10 UNIDADE I │ LASERTERAPIA energia. Os fótons resultantes têm energia e tamanho de ondas iguais e estão em fase (temporal e espacial). (PATRIOTA, 2007) Em 1960, Theodore Maiman observou a estimulação de uma luz vermelha numa lâmpada de flash excitada por um cristal de Rubi. No início dos anos de 1960 o Dr. Leon Goldman tornou-se o primeiro médico a utilizar o laser em humanos. Quatro componentes essenciais formam os sistemas de todos os lasers: » meio líquido, sólido ou gasoso que possam ser excitados para emitir a luz do laser; » uma fonte de energia para excitar o meio; » espelhos nos finais do laser, formando a “cavidade”; » um sistema de entrega. (VLADIMIROV et al, 2004) Em 1973, Heinrich Plogg de Fort Coulombe, Canadá, apresentou um trabalho sobre “O uso do laser em acupuntura sem agulhas”, para atenuação de dores. A partir do final dessa década, começaram a ser desenvolvidos lasers de Diodo, dando origem ao primeiro Diodo operando na região do infravermelho próximo (904 nm), constituído por um cristal de arseneto de gálio (As-Ga). (ALMEIDA-LOPES, 2002) Em 1981, apareceu pela primeira vez o relato da aplicação clínica de um laser de Diodo de As-Ga-Al, publicado por Glen Calderhead, Japão, utilizando um laser de Nd:YAG, operando em 1064nm. A partir dos anos de 1990, diferentes dopantes (agente dopante = impureza que altera as propriedades de uma substância pura) foram introduzidos visando à obtenção de lasers de Diodos diferentes, capazes de gerar comprimentos de ondas diversas. Com a disponibilização dessa tecnologia, hoje podemos contar com aparelhos pequenos, de fácil manuseio e transporte, com alta durabilidade e baixo custo. Bases físicas do laser A luz pode ser descrita como uma emissão eletromagnética, e, como tal, tem algumas características que a identifica plenamente. Essas emissões são conhecidas, genericamente, por radiações ou ondas eletromagnéticas, e estão contidas em uma grande faixa, que está subdividida de acordo com algumas características físicas peculiares. Existem as que não podemos ver, tais como as ondas de rádio AM e FM, e 11 LASERTERAPIA │ UNIDADE I aquelas que podemos ver, as luminosas, compostas por fótons, tais como a luz emitida pelas lâmpadas dos lustres das casas (GRINBLAT; MAKARON, 2003). As emissões estão organizadas no Espectro de Radiações Eletromagnéticas, baseado em uma característica particular: o Comprimento de Onda. Esse espectro é composto por radiações infravermelhas, radiações visíveis, radiações ultravioletas, radiações ionizantes. Os lasers utilizados para tratamento médico emitem radiações que estão situadas na faixa das radiações visíveis, infravermelha e ultravioleta, e não são ionizantes. (BAGNATO, 2005) Figura 1. Espectro eletromagnético. I. Fonte: Peter Hermes Furian / Shutterstock.com. Na escala de comprimento de onda, abaixo da faixa de emissões que chamamos de “visível”, temos o ultravioleta, que é uma faixa muito ampla. A emissão ultravioleta é responsável pelo escurecimento de nossa pele quando nos expomos ao sol. (VLADIMIROV et al, 2004) Acima da faixa de emissões que chamamos de “visível”, temos o infravermelho, que é também uma faixa muito mais ampla do que a faixa que conseguimos enxergar. Esse tipo de emissão é o responsável pelo aquecimento que observamos na luz gerada pelos aparelhos fotopolimerizadores, que utilizam fonte de luz halógena, e que é comumente chamada de calor. O laser nada mais é do que luz, e, portanto, tem o comportamento de luz, ou seja, pode ser refletido, absorvido ou transmitido, sofrendo ou não espalhamento no processo. Entretanto, é uma luz com características muito especiais, tais como: colimação, coerência e monocromaticidade. (VLADIMIROV et al, 2004) 12 UNIDADE I │ LASERTERAPIA A inversão da população (funcionamento) ocorre quando uma quantia maior do que a metade dos átomos existentes no meio envolvente do laser é excitada por uma fonte de energia, isso é um pré-requisito para que um laser funcione. Com a inversão da população, os fótons viajando nesse meio têm uma maior tendência para encontrar um átomo excitado (liderando-o para emissão estimulada) do que um átomo em repouso que pode simplesmente absorver a luz. Conforme a luz viaja para frente e para trás entre os espelhos do laser, uma intensidade muito grande pode ser alcançada. A luz do laser tem várias propriedades que são difíceis ou impossíveis de serem alcançadas com outras fontes de luz. Elas são monocromaticidade, coerência e alta intensidade. (NUNES et al, 2010) Os raios do laser podem viajar em longas distâncias sem perda significante de intensidade. Os lasers podem ser divididos em instrumentos contínuos ou pulsantes. (ALMEIDA-LOPES, 2002) No modo onda-contínua (CW = Continuous Wave), os lasers emitem um raio constante de luz. Os lasers Argon são um exemplo desse tipo de laser. Esses lasers frequentemente têm um poder de pico limitado, enquanto que poderes de pico elevados podem ser alcançados por laser pulsantes durante períodos curto de tempo. Lasers Q-switched produzem pulsos muito curtos com um poder muito alto de pico. Que refere-se a um fator de qualidade de depósito de energia do laser, o qual é mudado repentinamente para produzir uma explosão curta e intensa de luz. O nível de repetição para lasers pulsantes é expressado em hertz. Alguns lasers emitem uma série rápida de baixos pulsos de energia que se comportam cirurgicamente como lasers CW, e são chamados de quase contínuos. (ALMEIDA-LOPES,2002) Dermatologicamente os lasers Q-switched são designados para produzir pulsos de 10-100ns, com fluência tipicamente na faixa de 2-10J/cm2. Esses pulsos curtos e de alto-poder são úteis na remoção seletiva de tatuagens e lesões pigmentadas. (ALMEIDA-LOPES,2002) Componentes dos Lasers, LIP e LEDs Várias são as características que diferenciam a luz do laser da Luz e Led: » Coerente: a emissão de fótons estão espacialmente e temporariamente lado a lado uma com a outra. A luz viaja com uniformidade entre cristas e vales dos comprimentos de onda. 13 LASERTERAPIA │ UNIDADE I » Monocromático: convencionalmente, monocromático é a energia emitida do laser que se refere a apenas um único comprimento de onda ou uma banda estreita (narrow band) de comprimento de ondas. » Colimadas: são as ondas que viajam paralelas umas a outras através do espaço. São essas propriedades de colimação e coerência que permitem que a energia do laser possa ser transmitida por meio de longas distâncias sem significativa divergência do feixeluminoso, e também permitem que essa energia seja precisamente focada em um pequeno feixe de luz. » Alta intensidade: o número de fótons emitidos por um laser, por unidade de área, é muito grande quando comparado com todas as outras fontes de radiação eletromagnética, incluindo a luz solar. » Teoria do Quantum: quando um átomo entra em estado de excitação e retorna espontaneamente ao repouso, ele emite energia (photon de luz) que pertence a um comprimento de onda específico. – Se o photon chocar-se com outro átomo excitado, este último retornará ao estado de repouso, emitindo outro photon sincrônico temporal e espacialmente com o primeiro photon. A partir dessa teoria: foi desenvolvido o primeiro laser em 1960 -> Laser de Ruby (faixa de comprimento de onda =694nm) (NUNES, et al., 2010) Todos os lasers apresentam quatro componentes básicos: » uma cavidade óptica ou ressonadora; » um laser médio; » uma fonte de energia; » um sistema de transmissão (lançamento). Veremos a seguir mais explicações sobre os componentes do laser, luz pulsada e Led. A luz branca contém todas as cores. Ao passar pelo prisma ocorre uma decomposição, que separa a luz branca em seus diversos componentes. Essas várias cores, projetadas em um anteparo, diferenciam-se pelos seus chamados comprimentos de onda, ou frequências, as cores vão passando de uma a outra continuamente; temos o chamado espectro contínuo. (BAGNATO, 2005) 14 UNIDADE I │ LASERTERAPIA Figura 2. Espectro de emissão de uma lâmpada de luz branca. Fonte: (BAGNATO, 2005) Comprimento de onda É a distância medida entre dois picos consecutivos de uma trajetória ondulatória. A unidade utilizada para expressar grandeza é uma fração do metro, normalmente o nanômetro, que é equivalente a 0,000000001 m (ou 10-9) (Figura 3). (BAGNATO, 2001) Figura 3. Mensuração comprimento onda. Fonte: <www.nupen.com.br >. Acesso em: 9 jul. 2015. É uma característica extremamente importante, pois é o que define a profundidade de penetração no tecido-alvo. Diferentes comprimentos de onda apresentam diferentes coeficientes de absorção para um mesmo tecido. Como podemos observar, as radiações emitidas na região do ultravioleta e na região do infravermelho médio apresentam 15 LASERTERAPIA │ UNIDADE I alto coeficiente de absorção pela pele, fazendo com que a radiação seja absorvida na superfície, enquanto que na região no infravermelho próximo (820 nm e 840 nm) constata-se baixo coeficiente de absorção, implicando máxima penetração no tecido. Os tecidos são heterogêneos do ponto de vista óptico e, portanto, absorvem e refletem energia de maneira distinta. (ALMEIDA-LOPES, 2002) É a cor de luz usada. Conforme o comprimento de onda haverá uma absorção por um determinado cromóforo-alvo e determinada profundidade de penetração e atuação. Quanto maior o comprimento de onda, maior a penetração. Por exemplo, para atingir uma melanose, que é superficial, necessitamos de comprimentos de onda menores; e para atingir pelos que são mais profundos precisamos de comprimentos maiores. (BAGNATO, 2001) Cromóforo: grupo de átomos que confere cor a uma substância e absorve um comprimento de onda específico. Os principais cromóforos da pele são a oxiemoglobina, melanina e a água. Lesões vasculares contêm pigmento de oxiemoglobina, tornando-se alvo para a luz do Laser absorvida por esse pigmento. Figura 4. Curva de absorção dos principais cromóforos da pele. Fonte: (CAMPOS et al,2009) São lasers que trabalham em nanosegundos. Switched = transferir, conduzir, dirigir, desligar ou interromper corrente. Q-switched = quality switched. Designa um grupo de lasers que possui dispositivo eletroóptico dentro da cavidade óptica, que permite a liberação de energia armazenada em um curto pulso, da ordem de nanosegundos. 16 UNIDADE I │ LASERTERAPIA Monocromaticidade Dá-se em virtude de a luz emitida possuir um único comprimento de onda, que oscila na mesma frequência e, consequentemente, apresenta uma única cor, diferente da luz branca que é formada pela composição de várias cores, que cada cor corresponde a uma frequência determinada. Esse conceito caracteriza a luz produzida por um laser como monocromático; a maior parte da radiação emitida pelo aparelho de uso terapêutico agrupa-se em torno de um único comprimento de onda, com uma amplitude muito limitada da faixa de ondas. Em contraste, a luz gerada por outras fontes é formada por uma enorme variedade de comprimentos de onda, algumas vezes variando desde o ultravioleta até o infravermelho, o que resulta na sensação da cor branca, quando a luz colide com a retina de um observador humano. A luz comum é composta por um conglomerado de vários comprimentos de onda: vermelho, laranja, amarelo, verde, azul, anil e violeta, todas unidas para produzir a luz “branca”. (ALMEIDA-LOPES, 2002) Figura 5. Monocromaticidade. Fonte: <www.nupen.com.br >. Acesso em: 9 jun.2015. Colimação Na luz de um laser, os fótons produzidos pelo aparelho de laser são, para todas as finalidades práticas, paralelos, praticamente inexistindo qualquer divergência da radiação emitida, ao longo da distância percorrida. Essa propriedade mantém a potência óptica do aparelho enfeixada em uma área relativamente pequena ao longo de distâncias consideráveis e, até certo ponto, mesmo durante o trajeto através dos tecidos (ALMEIDA-LOPES, 2002) 17 LASERTERAPIA │ UNIDADE I Figura 6. Colimação. Fonte:<www.nupen.com.br >.Acesso em: 9 jun. 2015. Coerência Emissão da radiação laser se dá devido ao alinhamento das ondas eletromagnéticas no tempo e no espaço. A coerência é a propriedade que denota vários aspectos. Todos os fótons de luz emitidos pela radiação laser têm o mesmo comprimento de onda. As depressões e picos das ondas da luz emitida “encaixam-se” perfeitamente no tempo (coerência temporal); e as ondas viajam na mesma direção (coerência espacial). (ALMEIDA-LOPES,2002) Figura 7. Coerência. Fonte: <www.nupen.com.br >. Acesso em: 9 jun.2015. 18 UNIDADE I │ LASERTERAPIA As aplicações da radiação laser, em geral, realizam-se sobre a pele, a qual apresenta uma capacidade de reflexão e um coeficiente de absorção específico para os diferentes comprimentos de onda. A penetração do laser será tanto maior quanto maior for o comprimento de onda. (ALMEIDA-LOPES,2002) Produção do laser São necessárias algumas condições especiais. Primeiramente, necessita-se de um “Meio Ativo”, composto por substâncias (gasosas, líquidas, sólidas ou ainda por suas associações) que geram luz quando excitadas por uma fonte de energia externa. Esse processo de excitação é denominado Bombeamento e sua função é transformar o meio ativo em meio amplificador de radiação, já que promove neste o fenômeno denominado Inversão de População, ou seja, os elétrons da camada de valência do meio absorvem a energia bombeada e saltam para um nível de energia mais externo. Como esse segundo nível está mais distante da influência do núcleo, seu nível de energia é maior. Chamamos essa situação de estado metaestável. Quando o primeiro elétron decai, retornando ao nível com menor energia, ocorre a liberação de energia altamente concentrada, a qual chamamos de fóton. Esse fóton acaba por excitar o decaimento dos demais átomos que já estavam no estado excitado. Isso gera um processo em cascata e com crescimento em progressão geométrica, que resulta na emissão estimulada de radiação. (BAGNATO, 2001) Esquema simplificado das partes que constituem um laser. O bombeamento fornece energia ao meio ativo. Com isso, há acúmulo de energia na cavidade. Nessa, um espelho semitransparente permite um pequeno vazamento da luz produzida, que constitui o feixe de luz laser . (BAGNATO, 2005) Figura 8. Esquema simplificado da produção do laser. Fonte: <www.gentequeeduca.org.br>. Acesso em: 6 jun. 2015. 19 LASERTERAPIA │ UNIDADE I Fonte de energia Essa energia lançada vai excitar os elétrons do meio ativo do laser médio para iniciara amplificação do processo. A fonte de energia externa, pode ser térmica, elétrica ou ótica. Essa ativação pode ser acompanhada: » pelo uso de uma corrente elétrica direta como no laser de Argônio; » pela estimulação óptica de outro laser ou flashlamp, como no dye laser; » pela excitação por radiofrequência como em muitos lasers de CO2; » pelas reações químicas nas quais ligações químicas são quebradas para promover desprendimento de energia, como no laser hidrogênio-fluorado. Sistema de Transmissão: o sistema de transmissão ou entrega pode consistir em uma flexível cavidade de guias de onda, fibras ópticas, ou um braço articulado com espelhos ajustados. O meio ativo deve estar contido em reservatório denominado Cavidade Ressonante. Nas extremidades internas dessa cavidade devem existir espelhos, sendo um deles de reflexão total e outro de reflexão parcial. Isso assegurará que esse sistema composto por reação óptica e meio ativo, seja a sede de uma oscilação laser. Como a cavidade do laser é composta por espelhos em suas extremidades, essa radiação é amplificada, ou seja, os fótons emitidos por estimulação entram em fase e permitem que ocorra um incremento a cada reflexões múltiplas completadas dentro da cavidade. (BAGNATO, 2001) Existem muitos tipos de laser, porém o principio básico para se produzir um feixe de laser é o mesmo para todos eles, quer seja um laser cirúrgico, terapêutico ou de diagnóstico. (BAGNATO, 2001) 20 UNIDADE I │ LASERTERAPIA Figura 9. Diagrama do laser. Fonte: <www.nupen.com.br>. Acesso em: 9 jun. 2015. Para a identificação do laser, precisamos conhecer sua fonte geradora, caracterizada pelo meio-ativo que vai gerar a luz laser; e sua intensidade, caracterizada pela densidade de potência óptica produzida ou energia gerada do laser. Do mesmo modo que as lâmpadas residências são identificadas pelas potências, normalmente expressas em Watts, também utilizamos essa unidade (ou uma fração dela), para identificar a potência do laser (1mW = miliWatt = 0,001W). (BAGNATO, 2001) A última característica relevante do laser é referente ao seu regime de funcionamento, isto é, existem aqueles que quando acionados permanecem ligados continuamente até serem desligados (laser contínuos, CW), e existem outros tipos que funcionam de forma pulsada ou chaveada, ou seja, estão parte de tempo ligados e parte de tempo desligados. A maioria dos lasers terapêuticos opera de modo contínuo. (BAGNATO, 2001) Figura 10. Diagrama que demonstra o funcionamento do laser. Fonte: <www.nupen.com.br >.Acesso em: 9 jun. 2015. 21 LASERTERAPIA │ UNIDADE I Conceitos importantes » TRT = Tempo de Relaxamento Térmico. » Tempo de relaxamento térmico é o tempo necessário para um objeto resfriar em 50% da temperatura adquirida imediatamente após a exposição ao laser sem conduzir calor ao tecido circunjacente. Laser que respeita o TRT apresenta melhores resultados. » Para atingir máxima precisão, ou fototermólise seletiva, o tempo de exposição deve ser mais curto que o TRT. » Se a exposição exceder ou for igual ao TRT, a energia térmica será transferida aos tecidos adjacentes, resultando em danos térmicos não específicos (queimaduras e cicatrizes). » Dessa forma, sempre que estamos utilizando um laser ou fonte de energia em determinado ponto e vamos realizar nova passagem naquele ponto, é importante aguardar de alguns segundos a minutos para que aquela região se resfrie para depois aplicar-se o laser novamente. (ALMEIDA-LOPES et al, 2003) Irradiância: sinônimo para densidade de potência (DP), que é definida como sendo a potência óptica útil do laser, expressa em Watts (W), dividida pela área irradiada, expressa em centímetros quadrados (cm²). É por meio do controle da irradiância que o cirurgião pode cortar, vaporizar, coagular o tecido, quando da utilização de laser cirúrgico. Fluência: é o termo utilizado para descrever a taxa de energia que está sendo aplicada no tecido biológico. Ao multiplicarmos a irradiância pelo tempo de exposição obteremos a fluência ou densidade de energia, ou ainda dose de energia (DE) expressa em Joules por centímetro quadrado (J/cm²). Energia: é uma grandeza física que, no caso da laserterapia, representa a quantidade de luz laser que está sendo depositada no tecido, e é definida multiplicando-se a potência óptica útil do aparelho laser pelo tempo de exposição. O resultado obtido tem como representação a unidade Joule (J). Para uma dada potência, variações na irradiância podem produzir efeitos sobre o tecido biológico, que são nitidamente diferenciadas. Por exemplo, um laser com potência de saída de 10 W, irradiando uma área de 10 cm², apresentará irradiância igual a 1 W/cm². Se o mesmo laser for focalizado sobre uma área de 1 cm², a irradiância será aumentada 22 UNIDADE I │ LASERTERAPIA em 10 vezes, provavelmente gerando dano térmico ao tecido biológico, dependendo do tempo de exposição. Para uma dada quantidade de energia a ser depositada, variações na fluência podem produzir efeitos sobre o tecido biológico, que são nitidamente diferenciadas. Por exemplo, uma dose total de 30J sobre um ponto. Em uma primeira hipótese, imaginemos que os 30J sejam aplicados em um segundo, sobre uma área de 1 cm². Teremos, então, irradiância igual a 30W/cm², o que provavelmente ocasionará dano térmico ao tecido biológico. Imaginemos agora que os 30J sejam aplicados sobre a mesma área em 30 segundos. Teremos, para essa situação, irradiância igual a 1W/cm², o que não ocasionará dano térmico ao tecido biológico. Lembro que quanto maior a energia, maior será a força destrutiva do laser. Na laserterapia, será indicada a dose expressa em Joules (energia, que é a quantidade de luz laser depositada no tecido), a fluência expressa em J/cm² (joules por centímetro quadrado), que é a taxa de deposição dessa energia (o modo como a energia será depositada) e número estimado de sessões. Por exemplo, esse esquema representa dois tipos de tratamento vascular. No primeiro desenho a púrpura é causada pela distribuição muito rápida de energia que leva à ruptura do vaso. Isso é recomendado nos casos de hemangioma e mancha vinho do porto. No segundo desenho, o laser foi aplicado com maior duração de pulso, ocasionando tratamentos com mínima púrpura, pois o vaso sanguíneo é coagulado mais gentilmente. Indicado nos tratamentos de rosácea e vasos da face, que o paciente não quer ficar com púrpura no rosto. Figura 11. Esquema de tratamento. Fonte: BAGNATO, 2001. Spot Size: quanto maior o spot, maior a penetração no tecido e melhor a distribuição da energia. Spots menores penetram menos na superfície da pele e concentram a energia. São maiores produzem penetração mais profunda e diminuem o tempo de tratamento nos casos de depilação a laser. Para tratamento de lesões vasculares é recomendável spots menores que condensam a energia e atuam somente no alvo. Dependendo da 23 LASERTERAPIA │ UNIDADE I distância do spot na pele, o feixe de luz pode mudar. A aplicação do feixe acoplado totalmente na pele produz um feixe de energia mais profunda e focada. (BAGNATO, 2001) Figura 12. Spot Size. Fonte: <www.nupen.com.br >. Acesso em: 9 jun. 2015. Fluência, energia, densidade, difusividade e formatos dos objetos Quantidade de energia entregue por unidade de área: J/cm. A energia do laser é medida em Joules (J) A densidade energética (fluência) é igual à potência do laser (watts) vezes a duração de pulso (segundos) dividida pelo tamanho efetivo da ponteira (centímetros quadrados), sendo medida em Joules por centímetro quadrado. O resfriamento das estruturas microscópicas teciduais é determinada pela condução de calor. Condução é a transferência de calor entre dois sistemas interagindo, e é dirigida por uma temperatura gradiente (uniforme) entre os dois sistemas. O tempo de relaxamento térmico para a condução de calor é proporcional ao quadrado do tamanho do objeto. Ele é aproximadamente calculadopela fórmula TRT = d²/4k, onde d é o diâmetro do objeto ou espessura da camada tecidual e k é a difusividade termal. Difusividade termal é a propriedade do material que expressa a habilidade do calor para difundir. O tempo de resfriamento de um objeto depende do seu formato devido a diferenças no volume e superfície de área. Em geral, comparando alguns tipos 24 UNIDADE I │ LASERTERAPIA de formatos, esferas esfriam mais rapidamente que cilindros, os quais resfriam mais rapidamente que planos. Pequenos objetos resfriam mais rapidamente que grandes objetos. Para objetos com o mesmo formato e material, um objeto com a metade do tamanho resfria em um quarto do tempo e o mesmo objeto com um décimo do tamanho resfria em um centésimo do tempo. A duração do pulso auxilia no resfriamento e na proteção ou dano aos cromóforos-alvo. Quanto maior a duração de pulso maior é o tempo de resfriamento do cromóforo-alvo. (ALMEIDA-LOPES et al, 2003) Óptica da pele A luz pode ser absorvida ou difundida através da pele. Em geral, os efeitos nos tecidos ocorrem somente quando a luz é absorvida. Conforme a luz atinge a superfície da pele, ocorre uma reflexão de 4-7% devida à diferença no índice refratário entre o ar (n=0) e a camada córnea (n=1.45). Isso é chamado de reflexão de Fresnel porque segue as equações de Fresnel relacionando a reflexão com o ângulo de incidência, plano de polarização e índice de refração. O restante 93-96% da incidência da luz entra na pele, onde é espalhada e absorvida. O coeficiente de absorção é definido como a probabilidade de extensão por unidade que um fóton em um comprimento de onda particular será absorvido, e depende da concentração de cromóforos (molecular de absorção) presentes. A difusão ocorre quando o fóton muda a sua direção de propagação. Toda luz retornando da pele, é, desse modo, luz dissipada. Quando a absorção ocorre, o fóton entrega a sua energia a um átomo ou molécula chamada de cromóforo. Uma vez absorvido pelo cromóforo, o fóton cessa de existir e o cromóforo se torna excitado. A absorção de ultravioleta (UV) e luz visível leva à excitação eletrônica do cromóforo. Luz infravermelha tende a causar excitação vibracional. Os três cromóforos primários na pele são água, hemoglobina e melanina. Os cromóforos exibem faixas características de absorção em certos comprimentos de onda. É esse fato que permite o delineamento de alvos específicos para a atividade de laser. A melanina é largamente absorvida por meio do espectro. Em contraste, a absorção do sangue é dominada pela oxihemoglobina e ocorre reduzida absorção de hemoglobina, a qual exibe fortes faixas no UV, azul, verde e faixas amarelas. 25 LASERTERAPIA │ UNIDADE I Na epiderme normalmente pigmentada, a absorção é o processo dominante sobre a maioria do espectro óptico (200-1000nm). Na derme, a difusão pelas fibras colágenas pode ocorrer. A penetração da luz na derme é largamente dominada pela difusão, a qual varia inversamente com o comprimento da onda. A profundidade de penetração está geralmente inversamente relacionada com o comprimento de onda entre 280-1300nm. Nessa região correspondente ao UVB, UVA, visível e próximo do infravermelho, quanto mais longo o comprimento de onda, mais profunda a penetração. Luz dissipada é maior com comprimentos de ondas curtos. Em um comprimento de onda abaixo de 300 nm, há uma forte absorção por proteínas, ácido urocânico e DNA. Acima de 1300 nm, a penetração diminui devido à absorção da luz pela água. A luz se apresenta branca ou branco-amarelada porque contém todos os diferentes comprimentos de onda do espectro de luz visível. Um prisma colocado em frente a uma lâmpada irá refratar a luz, e as cores que o constituem irão separar-se em forma de arco-íris. A luz do laser é pura e monocromática tendo, portanto, atração por um cromóforo-alvo específico. A maior região de penetração do comprimento de onda é a 650-1200 nm vermelha e perto da região do espectro infravermelho. As regiões menos penetráveis são as distantes do ultravioleta e distantes do infravermelho. A capacidade de condensar energia luminosa em pulsos ultracurtos permite que moléculas-alvo possam ser excitadas até níveis energéticos mais elevados, absorvendo mais a energia no cromóforo-alvo e liberando uma energia total menor para os tecidos ao redor. (CATORZE, 2009) Normas de segurança Os lasers são classificados em categorias segundo seu grau de periculosidade. De acordo com cada categoria, são exigidas normas de segurança que devem ser aplicadas e que envolvem o cirurgião-dentista, seu auxiliar e o paciente. (PINHEIRO,1995) Não existe em nosso país um órgão governamental que regulamente o uso do laser, por isso, a norma que temos adotado é a ABNT IEC, que é a versão europeia da norma americana 21CFR, capítulo 1, Parte 1040 e, de acordo com ela, os equipamentos de laser são classificados em seis categorias: Classe I, Classe ll e lla, Classe Ill e Classe IV e que dependem, basicamente, da densidade de potência óptica emitida por eles e do comprimento de onda gerado por eles. Classe I – São equipamentos inofensivos e não demandam a utilização de nenhum procedimento ou equipamento de segurança. 26 UNIDADE I │ LASERTERAPIA Classe II – São equipamentos inofensivos e não demandam a utilização de nenhum procedimento ou equipamento de segurança. Classe lla – São equipamentos inofensivos e não demandam a utilização de nenhum procedimento ou equipamento de segurança. Classe Illa – São equipamentos que podem provocar danos aos olhos, sendo, portanto, imprescindível a utilização de óculos de proteção compatíveis com o comprimento de onda gerado pelo laser em questão. Classe lllb – São equipamentos que podem provocar danos aos olhos, sendo imprescindível a utilização de óculos de proteção compatíveis com o comprimento de onda gerado pelo laser em questão. Os equipamentos enquadrados nessa categoria devem ainda contar com dispositivos de interrupção internos, a fim de evitar acidentes quando da manipulação dos circuitos internos do equipamento. Classe IV – Essa é a categoria onde estão classificados todos os lasers cirúrgicos. Portanto, são equipamentos que podem provocar danos tanto aos olhos quanto a outros tipos de tecido, sendo imprescindível a utilização de óculos de proteção compatíveis com o comprimento de onda gerado pelo laser em questão. Os equipamentos enquadrados nessa categoria devem ainda contar com dispositivos internos e externos de proteção e monitoramento. A sala onde esses equipamentos estão instalados deve dispor de dispositivos de proteção, de modo a evitar que alguma pessoa seja submetida à exposição acidental ao entrar na referida sala durante uma aplicação de laser. (PINHEIRO,1995) Quadro 1. Segurança durante aplicação. Comprimento de onda Duração da emissão Limite máximo 180 a 400 nm <30000s 24mJ x k1 x k2 >30000s 0,8nW x k1 x k2 401 a 1400 nm 1ns a 20 ms 0,2nW x k1 x k2 10ms a 10 s 0,7nW x k1 x k2 x t¾ 10s a 10000s 3,9mJ x k1 x k2 10000s 0,39mW x k1 x k2 1 ns a 10s 10 J/cm² sr x k1 x k2 x t 1/3 10s a 10000s 20 J/cm² sr x k1 x k2 10000s 2mW/cm² sr x k1 x k2 1401 a 2500nm 1ns a 0,1ms 79 mJ x k1 x k2 0,1 ms a 10s 4,4 mJ x k1 x k2 x t ¾ 10s 0,79mW x k1 x k2 2501 nm a 1mm 1ns a 0,1ms 10mJ/cm² x k1 x k2 0,1 ms a 10 s 0,56 J/cm² x k1 x k2 x t1/4 10 s 0,1 J/cm² x k1 x k2 x t k1 e k2 são fatores de correção relacionados ao comprimento de onda t= tempo de exposição Fonte: <www.nupen.com.br >. Acesso em: 18 jun. 2015. 27 LASERTERAPIA │ UNIDADE I Os óculos de proteção são específicos para cada equipamento laser, e dependem do comprimento de onda emitido e da máxima potência óptica gerada por ele. É importante mencionar que não existem óculos universais para os lasers cirúrgicos, mas para os lasers terapêuticos já existem lentes especiais que podem ser utilizadas tanto para os lasers que emitem comprimentos de onda visível como para os que emitem laser infravermelho. (PINHEIRO,1995) Fototermóliseseletiva O conceito de Fototermólise Seletiva foi inicialmente desenvolvido para o tratamento de manchas de vinho do porto em pacientes jovens, e houve o início do uso de lasers pulsantes de tintura na medicina. Com a seleção de um comprimento de onda de laser preferencialmente absorvido e sua descarga em uma duração e fluência de pulso apropriado, alvos específicos podem ser destruídos enquanto limitam o dano nos tecidos circunvizinhos. O aquecimento seletivo é alcançado por uma combinação de absorção de luz seletiva, e uma duração de pulso menor ou aproximadamente igual ao TRT do alvo de ação. Isso produz calor localizado e seletivo com destruição focal do alvo. Em geral, a Fototermólise seletiva de várias lesões é melhor alcançada usando pulso em vez da tecnologia de laser contínuo, por causa dos pequenos TRT’s dos alvos cutâneos, tais como vasos sanguíneos e células pigmentadas. Para a maioria dos tecidos, o tempo de relaxamento termal de uma dada estrutura-alvo em segundos é aproximadamente igual ao quadrado da dimensão do alvo em milímetros. (CATORZE, 2009) Há uma relação primária entre a duração da exposição e o aprisionamento da injúria termal. O TRT de um alvo é proporcional ao quadrado de seu tamanho. Para um dado material e forma, um objeto com metade do tamanho, esfriará em um quarto do tempo. Em geral, ótima duração de pulso para Fototermólise Seletiva é igual aproximadamente ao TRT. Vasos sanguíneos são uma ampla categoria e incluem capilares com um TRT de décimos de microssegundos; as veias das pernas, com um TRT de centenas de milissegundos; e as grandes veias de adultos com manchas de vinho do porto, as quais tem TRTs acima de décimos de milissegundos. TRT também está relacionado com a forma do alvo. Para uma dada espessura, esferas esfriam mais rápidas do que cilindros, os quais esfriam mais rápidos do que planos. (CATORZE, 2009) Os alvos pequenos pigmentados, tais como Nevos de Ota, são melhores tratados com pulsos curtos (nanosegundos), enquanto estruturas maiores, tais como folículos pilosos, tem TRTs grandes e são melhores tratados com pulsos maiores. (CATORZE, 2009) 28 CAPÍTULO 2 Tipos de laser Tipos de lasers Existem vários tipos de laser. Laser médio ou meio ─ A ação do laser médio geralmente dá ao laser seu nome e pode ser composto de um meio gasoso, líquido ou sólido. Trata-se do meio que será ativado. Ex.: CO2, Diodo, Ruby etc. Laser – Meio Gasoso ─ CO2 (Dióxido de Carbono); - Argônio; - Gold Vapor Laser. Laser – Meio Líquido ─ Dye laser (utilizam líquido com pigmento rhodamina); - Dye = pigmento, corante, tintura. Laser – Meio Sólido ─ Ruby; - Nd:YAG (Nd:YAG crystal); - Diodo; - Alexandrite (Alexandrite crystal). (MAZER, 2000) Figura 13. Tipos de laser. Fonte:<http://slideplayer.es/slide/1096252>.Acesso em: 18 jun. /2015. Normalmente, o laser é designado pelo tipo de material empregado na sua geração. Lasers de estado sólido O meio ativo está incorporado em uma matriz hospedeira, que pode ser tanto cristalina quanto amorfa. (MAZER, 2000) 29 LASERTERAPIA │ UNIDADE I Na concentração do íon dopante, como no nosso exemplo acima, o neodímio é geralmente muito pequeno, 1:100. Porém, mesmo assim, isso significa que existe em torno de 10²º íons por centímetro cúbico. Por esse motivo, pequenos lasers em estado sólido podem apresentar altíssima potência no seu feixe de saída. Embora, tenha sido desenvolvida uma grande gama de lasers em estado sólido, com muitas aplicações interessantes, poucos são comercializados. Os mais vendidos são Nd: YAG. Além do YAG: YLF (fluoreto de ítrio e lítio), YVO (vanadato de ítrio), YAP (perovsquita de alumínio e ítrio) e YSGG (granada de ítrio, escândio e gálio), que apresentam características materiais promissoras. (MAZER, 2000) Lasers semicondutores Também chamados de lasers de Diodo, baseados em materiais sólidos. Esses dispositivos eletrônicos costumam ser muito pequenos e utilizam baixa energia. (MAZER, 2002) É um pequeno cubo de material semicondutor com dimensões milimétricas, que converte diretamente corrente elétrica em energia luminosa. O material é crescido em camadas, de baixo para cima, dentro de um recipiente especial, similar ao crescimento de um cristal quartzo na natureza. A energia luminosa é emitida em forma de feixe de laser por uma das faces do cubo e apresenta, no máximo, uma potência de poucos watts. (MAZER, 2002) Até o momento, arranjos de lasers de Diodo com alta potência de saída só existem para algumas faixas de comprimento de onda, em razão da complexidade dessa técnica. Essas faixas se estendem de 630 a 1.050 nm. (MAZER, 2002) Os Diodos são classificados em Diodos de emissão contínua (cw) e emissão quase contínua (qcw). Esse último modo de operação é essencialmente uma emissão contínua interrompida. Existem também os Diodos pulsados de baixa potência, que operam pulsos de 100 ns (nanossegundos) com potência com picos de 500 watts. (MAZER, 2002) Lasers a gás Um dos sistemas de laser mais vendidos no mundo é o sistema laser a gás, de dióxido de carbono CO2. Como o nome sugere, o meio ativo está na forma de vapor ou gasosa. Existem pelo menos cinco tipos de laser a gás. Eles são classificados como laser de átomos (Hélio-Neônio), laser íons (Argônio) ou laser molécula (CO2). Existe também o laser de vapor metálico (laser de cobre) e de excímero (ArF). Os excímeros são geralmente 30 UNIDADE I │ LASERTERAPIA aletos de gases raros, que consistem de dois átomos e emitem no ultravioleta, portanto são especialmente adequados para fazer aplicação por meio de fotodissociação (quebra de estrutura das moléculas). (BEYLOT, 2008) Lasers de excímero Até recentemente, esses lasers eram conhecidos pela necessidade de manutenção frequente e baixa potência de saída. Embora tenha havido um avanço tecnológico significativo nos últimos cinco anos, esse laser ainda apresenta alto custo. Os lasers de excímero operam no ultravioleta e, portanto, interagem com a matéria, principalmente por meio da fotodissociação. Esse processo é indicado à aplicação de microfuração e ablação superficial. Os efeitos danosos causados ao tecido biológico pela radiação ultravioleta não são totalmente conhecidos, é necessária muita cautela ao utilizar essa radiação. (BEYLOT, 2008) Os lasers de excímero disponíveis no mercado usam fluoreto de gases raros com emissão estreitas entre 193 e 351 nm. (BEYLOT, 2008) Lasers de corantes Utilizam corantes orgânicos complexos, tais como a rodamina 6G, em solução líquida ou suspensão, como materiais de geração do laser. Podem ser ajustados em uma ampla faixa de comprimentos de onda. Quadro 2. Distribuição dos diferentes equipamentos com os seus respectivos comprimento de onda, regime de pulso e ação. Material Comprimento de onda Regime de pulso Indicação Cristais Rubi 694nm Pulsado e Contínuo Remoção tatuagem e pelo. Alexandrite 755nm Pulsado Remoção de pelo. Neodímio– YAG 1064nm Pulsado Coagulação de tumores. Hólmio – YAG 2130nm Pulsado Endodontia. Érbio- YAG 2940nm Pulsado Peeling. Semicondutores AlGalnP 630 – 685nm Contínuo Bioestimulante. AsGaAl 780-870nm Continuo Bioestimulante. AsGa 904nm Pulsado Bioestimulante. Gases Excímeros 193, 248, 308 nm Pulsado Cirurgia vascular e oftálmica. Argon 350 – 514 nm Continuo Cirurgia oftálmica e dermatológica. 31 LASERTERAPIA │ UNIDADE I Material Comprimento de onda Regime de pulso Indicação Vapor de Cobre 578nm Pulsado e Contínuo Cirurgia dermatológica. HeNe 632,8nm Continuo Bioestimulante. CO2 10600nm Pulsado e Contínuo Cirurgia dermatológica. Fonte: Taís Amadio Menegat 2015. Profundidade – penetração da radiação do laser Vários autores relacionam a profundidade do laser com os tecidos biológicos. Todos são unânimes em afirmar que os estratos biológicos são uma grande barreira à penetração da radiação óptica. Em relação às diferentes profundidades, cabe ressaltar que diferentes estudos relacionam a profundidadede penetração com diferentes porcentagens de energia. A radiação laser pode atingir entre 9,7 a 14,2mm com 1% de energia incidente. (CAVALCANTI, 2011) Devido à complexa estrutura dos estratos cutâneos, há uma grande dificuldade na quantificação tanto de absorção quanto de penetração da radiação laser. São quatro os processos que podem estar presentes nos diferentes segmentos cutâneos: reflexão, absorção, transmissão e difusão. A pele absorve cerca de 50% do laser incidente a cada 0,4 -1,0 mm de tecido. Figura 14. Feixo de reflexo. Fonte: CAVALCANTI, 2011. O laser AsGa com 904 nm (comprimento de onda) apresenta poder de penetração maior, próximo de 1,0 mm de profundidade com 50% e radiação incidente, enquanto o laser HeNe tem 632,8 nm, aproximadamente 0,40 mm. Apesar da vantagem de maior penetração do laser AsGa apresentada, a desvantagem de emitir radiação somente no 32 UNIDADE I │ LASERTERAPIA regime pulsado é que diminui muito a energia depositada, por causa disso, atualmente tem-se dado preferência aos equipamentos de emissão contínua. (CAVALCANTI, 2011) Vários autores relatam que a profundidade de penetração da radiação laser é de poucos milímetros e que a sua absorção se dá em nível superficial; assim existem algumas teorias que explicam o efeito à distância. Quando os níveis de energia dos quantuns sobrepassa os 4 ev (eletro-volts) pode-se levar à ruptura das ligações químicas dos compostos de carbono, hidrogênio ou nitrogênio, que as forças de união são inferiores a 4 ev; nesse caso há um efeito acumulativo da radiação. Porém, quando a radiação possui níveis de energia de 1 a 4 ev, não é possível produzir tal ruptura, e sim um desprendimento dos elétrons, excitação eletrônica, que cessa imediatamente com o término da irradiação. Os elétrons desprendidos voltam ao seu estado estável de origem sem a possibilidade de apresentar efeitos acumulativos. As radiações com níveis energéticos inferiores a 1 ev promovem um efeito de vibração molecular com grande capacidade de penetração, provocando um aumento da temperatura. As radiações laser atualmente utilizadas na prática clínica promovem somente uma excitação eletrônica, uma vez que o seu nível energético está abaixo de 4 ev. Q uadro 3. Nível da resposta com energia. Nível de Resposta Nível de Energia Vibração Molecular < 0,8 ev Excitação de elétron 1,0 a 4,0 ev Ionização > 6,0 ev Fonte: Taís Amadio Menegat 2015. Quadro 4. Recursos terapêuticos. Recurso Terapêutico Nível de Energia Infravermelho 0,0012 ev AsGa 1,37 ev HeNe 1,94 ev Ultravioleta C 6,0 ev Fonte: Taís Amadio Menegat 2015. Reflexão: pode ocorrer na interface entre os diferentes estratos, devido à diferença do índice de reflexão. Absorção: iniciará um processo bioquímico ou bielétrico. A absorção da radiação pelos diferentes tecidos dependerá do laser utilizado, uma vez que cada tecido absorve diferentes comprimentos de onda. HeNe é absorvido por tecidos, preferencialmente vermelhos, e o AsGa por tecidos brancos e translúcidos. 33 LASERTERAPIA │ UNIDADE I Transmissão: é o percurso da radiação nos diferentes estratos. Difusão: ocorre em partes pelas moléculas, fibras ou células no interior dos estratos. É dependente das dimensões das partículas que formam o estrato em relação ao comprimento da onda em que se emite a radiação. (CAVALCANTI, 2011) Funcionamento da radiação a laser na pele A luz pode ser absorvida ou difundida através da pele. Em geral os efeitos nos tecidos ocorrem somente quando a luz é absorvida. (ANTONIO, 2010) Quando a absorção ocorre, o fóton entrega a sua energia a um átomo ou molécula chamada de cromóforo. Uma vez absorvido pelo cromóforo, o fóton cessa de existir e o cromóforo se torna excitado. (ANTONIO, 2010) Figura 15. Profundidade do laser. Fonte: <http://www.bemestarmed.com.br/site/radiacao-luminosa-laser-e-luz-intensa-pulsada-fundamentos-dos-tratamentos- esteticos/>. Acesso em: 20 jun. 2015. A absorção de ultravioleta (UV) e luz visível levam à excitação eletrônica do cromóforo. Luz infravermelha tende a causar excitação vibracional. Os três cromóforos primários na pele são água, hemoglobina e melanina. Os cromóforos exibem faixas características de absorção em certos comprimentos de onda. É esse fato que permite o delineamento de alvos específicos para a atividade do laser. A melanina é largamente absorvida por meio do espectro. Em contraste, a absorção do sangue é dominada pela oxihemoglobina 34 UNIDADE I │ LASERTERAPIA e ocorre reduzida absorção de hemoglobina, a qual exibe fortes faixas no UV, azul, verde e faixas amarelas. (ANTONIO, 2010) Na epiderme, normalmente pigmentada, a absorção é o processo dominante sobre a maioria do espectro óptico (200 – 1000nm). Na derme, a difusão pelas fibras de colágeno pode ocorrer. A penetração da luz na derme é largamente dominada pela difusão, a qual varia inversamente com o comprimento da onda. A profundidade de penetração está, geralmente, inversamente relacionada com o comprimento de onda entre 280 – 1300 nm. Nessa região corresponde ao UVB e UVA, visíveis e próximos do infravermelho; quanto mais longo o comprimento de onda, mais profunda a penetração. A luz dissipada é maior com comprimentos de ondas curtos. Em um comprimento de onda abaixo de 300 nm há uma forte absorção para proteínas, ácido urocânico e DNA. Acima de 1300 nm, a penetração diminui devido à absorção da luz pela água. (ANTONIO, 2010) A luz se apresenta branca ou branco-amarelada porque contém todos os diferentes comprimentos de onda do espectro de luz visível. Um prisma colocado em frente a uma lâmpada irá refratar a luz e as cores que o constituem, irão separar-se em forma de arco-íris. A luz do laser é pura e monocromática tendo, portanto, atração por um cromóforo-alvo específico. A maior região de penetração do comprimento de onda é a 650 – 1200 nm, vermelha e perto da região do espectro infravermelho. As regiões menos penetráveis são as distantes do ultravioleta e do infravermelho. (ANTONIO, 2010) A capacidade de condensar energia luminosa em pulsos ultracurtos permite que moléculas-alvo possam ser excitadas até níveis energéticos mais elevados, absorvendo mais a energia no cromóforo-alvo e liberando uma energia total menor para os tecidos ao redor. (ANTONIO, 2010) Em termos práticos, temos: Tratamento de tatuagens e lesões pigmentadas benignas: a melanina tem absorção da luz e consequente ruptura da molécula nos comprimentos de onda entre 400 nm e 600 nm. Laser com comprimento de onda nessa faixa, como é o caso do Nd: Yag QS (532 nm), obtém bons resultados em lesões superficiais. Já tatuagens têm uma resposta específica para cada cor. Assim, tintas preta e azul absorvem radiação em uma ampla faixa de comprimento de onda no espectro visível e infravermelho proximal. Já a tinta verde responde melhor ao laser no comprimento de onda de 694 nm (QS de Rubi) e 755 nm (QS de Alexandrite). A cor amarela e as cores pastel são de difícil tratamento, e a resolução completa é incomum. As tatuagens feitas por amadores geralmente necessitam de menos tratamento do que as tatuagens feitas por profissionais. (TRINDADE, 2009) 35 LASERTERAPIA │ UNIDADE I Redução de pelos: o mecanismo exato e o cromóforo responsável ainda permanecem incompletamente compreendidos. Supõe-se que o cromóforo absorvente seja a melanina na haste do pelo e nas células da matriz. Por esse motivo, pelos grisalhos e brancos são altamente resistentes ao tratamento. Observa-se uma boa resposta na radiação de espectro entre 600 e 1200 nm. Portanto, lasers de Rubi (694nm), Alexandrite (755nm), Diodo (800 nm) e Nd: Yag (1.064nm) são os mais utilizados. (TRINDADE, 2009) Lesões vasculares: a hemoglobina possui pico de absorção da luz nos comprimentos de onda entre 400 nm e 600 nm ultrapassando apenas em alguns comprimentos a absorção de luz da melanina. Utilizando-se desses comprimentos consegue-se maior lesão vascular com menor risco de hipocromia.(TRINDADE, 2009) Resurfacing: esse é um capítulo a parte, uma vez que o princípio do tratamento é a lesão de todas as moléculas até o cromóforo, que na verdade tem papel de limitar a lesão ao absorver a energia. São os chamados lasers ablativos, que se destacam em relação aos anteriormente descritos. Essa classe de lasers tem como cromóforo a água e comprimento de onda elevado. Seus principais representantes são o laser de CO2 (10.600 nm) e Erbium:Yag (2.940 nm). (TRINDADE, 2009) Interações terminais Em aplicações dermatológicas, a maioria dos procedimentos que utilizam laser produz calor. Conforme a temperatura sobe, muitas das estruturas essenciais dentro das células são desnaturadas; isso inclui DNA, RNA e membrana das células. A desnaturação resulta na perda da função celular via coagulação das macromoléculas. A coagulação termal produz necrose na célula e, se difundida, uma queimadura. (COSTA et al, 2011) A maioria das células humanas podem facilmente resistir a temperaturas até 40º C. A combinação de tempo e temperatura determina se uma dada população celular pode sobreviver em temperaturas mais elevadas. Isso ocorre porque a desnaturação termal é um processo de proporção: o calor aumenta à velocidade que as moléculas se desnaturam. (TOREZAN et al, 1999) A exposição a temperaturas elevadas, na maioria dos organismos e células, induz uma reação chamada resposta ao calor de choque. (TOREZAN et al, 1999) 36 UNIDADE I │ LASERTERAPIA Essa resposta é caracterizada pela inibição da síntese proteica normal, e indução da síntese de um particular conjunto de proteínas chamadas de proteínas de choque de calor (HSPs), as quais conferem alguma resistência à lesão termal. Um exemplo que encontramos na natureza são algumas bactérias termofílicas que podem sobreviver de 80 a 90º C. Esses organismos têm membranas termalmente estáveis que são protegidas pela produção de HSPs. (COSTA et al, 2011) Lesões termais por indução de laser são bem descritas por um modelo ARTHENIUS, o qual diz que o nível de desnaturação celular é exponencialmente relacionado à temperatura. Assim, o acúmulo do material desnaturado aumenta exponencialmente com a temperatura, e proporcionalmente com o tempo. Próximo de uma temperatura crítica (que é diferente para diferentes tecidos) ocorre uma rápida coagulação: isso é importante para as bem definidas margens histológicas de coagulação no laser e outras lesões termais. Na derme, a matriz estrutural proteica extracelular, o colágeno, tem um papel predominante na coagulação. (COSTA et al, 2011) A elastina é termalmente estável e pode sobreviver à fervura sem lesão aparente. Por contraste, o colágeno tem transição aguda de derretimento por uma forma fibrilar entre 80 a 70ºC. Nessa, ou acima dessa temperatura, podem surgir cicatrizes. A fototermólise seletiva permite o aquecimento selecionado dos alvos dentro da derme, tais como vasos sanguíneos e folículos pilosos, com a preservação da derme entre os alvos. Um limite superior é colocado pela absoluta necessidade de manter a pele numa temperatura abaixo de 60 a 70ºC. (TOREZAN et al, 1999) Quanto mais o tecido ficar exposto à energia do laser, maior disseminação da energia termal para os tecidos circunvizinhos. Para limitar a exposição do tempo para uma dada fluência, o poder do laser deve ser aumentado para compensar; ou seja, a fototermólise visa destruir um tecido-alvo de forma controlada e localizada, lesionando ao mínimo os tecidos adjacentes. (TOREZAN et al, 1999) Uma vez que a luz do laser foi absorvida pelo tecido, a energia é convertida em energia de calor. Por meio da condução, o tecido circunvizinho torna-se aquecido. O processo pelo qual o calor se torna difuso dentro do tecido por condução é chamado de relaxamento termal. O tempo de relaxamento termal (TRT) é definido por uma dada estrutura de tecido, com o tempo necessário para o tecido aquecido perder metade de seu calor. A chave para desfazer a ablação do tecido é ser capaz de torná-lo mais rápido do que o calor, que é conduzido para o tecido circunvizinho. (TOREZAN et al, 1999) 37 LASERTERAPIA │ UNIDADE I Interações laser – tecido Um número de parâmetros controla os efeitos laser-tecido, incluindo comprimento de onda, fluência, irradiação, tamanho da lesão e a quantidade de tempo que o tecido é exposto à luz do laser. Com lesões menores, a luz é mais facilmente removida por difusão quando comparada com lesões maiores. Para alcançar a maior profundidade de penetração efetiva na pele, é utilizado em lesões grandes a combinação de comprimento da onda de 600 a 1300 nm. (ANTONIO, 2010) Resfriamento da pele A melanina epidérmica é frequentemente um indesejado alvo cromóforo durante o tratamento a laser. Dano epidérmico pode ser minimizado com o uso de resfriamento da pele. Isso é especialmente importante no tratamento de tipos de pele mais pigmentada, nas quais os efeitos colaterais são mais comuns. Todos os métodos de resfriamento envolvem a extração do calor por condução à superfície da pele. O agente de refrigeração pode se mover ao longo da pele, como no caso de escoamento de gás ou líquido ou um sólido em movimento. Para o resfriamento de spray, o agente de resfriamento é um líquido cuja temperatura é mais baixa do que a temperatura da superfície cutânea. Nesse caso, o resfriamento é via evaporação; a camada refrigerante desenvolve num tempo enquanto o líquido ferve e evapora. Em refrigeramento com um contato sólido, o agente ativo é tipicamente um sólido com alta capacidade termal e condutividade. Com gel frio, o resfriamento passivo ocorre. A combinação da temperatura, qualidade de contato, e condutividade termal do meio frio determinam com que rapidez o calor pode ser extraído da pele. Há três tipos básicos de resfriamento da pele: pré-resfriamento, resfriamento paralelo e pós-resfriamento, que corresponde à extração do calor da pele, antes, durante e após a exposição ao laser. O pré-resfriamento diminui a temperatura antes da chegada do pulso do laser. Para pulsos mais curtos do que 5 ms, tais como o Q-switched, o tempo necessário para extrair calor de toda a epiderme é minimizado, o pré-resfriamento fornece toda a proteção necessária. Aparelhos de resfriamento dinâmico, tais como spray líquido de cryogen, fornecem um pré-resfriamento mais agressivo e superficial. O resfriamento paralelo se refere ao resfriamento durante o pulso laser, e é mais efetivo para pulsos mais longos do que 5 a 10 ms. Spray de resfriamento interfere fisicamente 38 UNIDADE I │ LASERTERAPIA com o pulso do laser e é, portanto, não adequado para o resfriamento paralelo. Com a safira fria pressionada à pele, justamente antes ou durante o pulso longo do laser, é possível evitar seguramente fluências muito grandes, mesmo em peles pigmentadas. O pós-resfriamento é usado para minimizar a dor e o eritema. Esquema de resfriamento na emissão de luz pulsada para vasos. O uso do gel gelado minimiza dano térmico à epiderme e permite a termocoagulação do vaso. Sem o gel a epiderme já é afetada antes de ocorrer a coagulação do vaso. (ZHANG et al, 2013) Figura 16. Resfriamento da pele. Fonte: (KAMINSKY, 2009). No próximo exemplo ilustrativo, o spray de criogênico está sendo liberado sobre a pele milissegundos antes do pulso de laser. O resfriamento é rápido e ocorre somente na camada superior da epiderme. Pode ser controlada a quantidade de gás liberada e tempo de ação sobre a pele. Não resfria as estruturas abaixo da superfície da pele. Não impede a visibilidade durante o tratamento. Figura 17. Resfriamento da pele durante aplicação. Fonte: (KAMINSKY, 2009) 39 LASERTERAPIA │ UNIDADE I Caso tenha interesse em saber mais sobre este assunto indico os seguintes artigos: » Wang G. Low level laser therapy (LLLT). Technology Assessment. 2004, p.34. » Patriota RCR. Laser um aliado na dermatologia. Rev Med São Paulo. 2007 abr.-jun.;86(2):64-70.64 40 UNIDADE II TRATAMENTO DE REJUVENESCIMENTO COM LASER CAPÍTULO 1 Resurfacing – Laser CO2 Resurfacing – laser CO2 Introdução Foi desenvolvido, em 1964, que o comprimento de onda é intensamente absorvido pela água intra e extracelular. Laser de CO2 contínuo foi primeiro desenvolvido como instrumento de corte cirúrgico. Seu uso foi limitado pelo perigo de desidratação dos tecidos adjacentes. Essa limitação fez com que fossem desenvolvidos lasers de CO2 pulsados, que permitem um resurfacing com precisão e menores riscos. (CAMPOS, 2010) Várias modificações, relativamente recentes, têm sido aplicadas aos lasers de CO2, permitindo seu uso corrente como laser de escolha para resurfacing cutâneo profundo e para cicatrizes de acne. Apresentam também indicações para o tratamento de rugas, lesões superficiais, outros tipos de cicatrizes e fotoenvelhecimento. No entanto, pode ocasionar alguns efeitos colaterais significantes como infecção bacteriana e viral pós-operatória, cicatrizes, eritema prolongado e hipopigmentação permanente. (CAMPOS et al, 2009) Desde a descoberta da fototermólise seletiva por Anderson e Parrish, os lasers têm sido utilizados no tratamento do rejuvenescimento da pele, com início no Brasil na década de 1990. Os lasers de CO2 10.600nm e de Erbium 2.940nm não fracionados de primeira geração foram os primeiros a ser usados. A penetração depende do conteúdo de água e independe da melanina e da hemoglobina, sendo seu coeficiente de absorção de água de 800/cm. A duração média de um pulso é inferior a um milissegundo e penetra cerca de 20 μm no tecido. Os resultados foram muito animadores mas, como fazem 41 RATAMENTO DE REJUVENESCIMENTO COM LASER │ UNIDADE II a ablação completa da epiderme, ambos apresentam todas as possíveis complicações da exposição total da derme no período pós-operatório (PO). O Erbium é um pouco mais suave, e tem menor incidência de efeitos colaterais. Por ser um procedimento tão agressivo, frequentemente gera um problema pessoal e familiar ao paciente. Todas essas dificuldades técnicas fizeram com que, após um período de grande entusiasmo, o CO2 e o Ebrium fossem realizados com menor frequência. (CAMPOS, 2010) Em laser de CO2 há uma mistura de gases de dióxido de carbono, hélio e nitrogênio. Durante a operação laser, os elétrons da corrente de descarga colidem com as moléculas de N2, que entram em um estado excitado. Colidindo nesse estado com uma molécula de CO2, eles podem transferir sua energia de excitação para essa nova molécula que, recebendo a energia, salta para o nível energético laser superior. (CAMPOS et al, 2009) Diferentes vibrações da molécula de CO2 Diferencialmente de um laser sólido, a molécula de CO2 não acumula a energia de excitação por meio de elétron, que salta para órbitas mais altas, mas por meio de uma vibração relativa entre átomos da molécula. Figura 18. Vibração molécula CO². Estado de Repouso Vibração antissimétrica do estiramento – nível laser superior. Vibração simétrica de estiramento – nível laser inferior para emissão em 10,6 µm. 42 UNIDADE II │ RATAMENTO DE REJUVENESCIMENTO COM LASER Oscilação de flexão – nível laser inferior para emissão em 9,6 µm. Fonte: CAMPOS, 2010 Após transferência de energia da molécula de nitrogênio para o CO2 por meio de uma colisão entre ambos, o CO2 executa uma vibração assimétrica de estiramento. Desse nível de energia, a molécula decai sob a emissão de um fóton para o nível laser inferior. Desse nível, a molécula retorna rapidamente para o nível fundamental, principalmente pela adição de hélio, que consegue retirar de maneira eficiente à energia restante da molécula de CO2. Além de ajudar no resfriamento do CO2, o hélio também tem propriedade de ajudar manter uma alta concentração de elétrons na área de descarga. (CAMPOS et al, 2009) Tipos de laser CO2 Os lasers CO2 podem ser: contínuo, superpulsado, ultrapulsado e fracionado. Com a tecnologia utilizando laser de CO2, uma das primeiras tecnologias a serem utilizadas por terem um comprimento de onda muito alto, com atração não seletiva por cromóforos específicos (o CO2 atinge a água), tornou-se agressivo, com down time elevado e algumas complicações quanto à cicatrização, tendo sido ultrapassado por outras novas tecnologias. Atualmente, tem seu uso enaltecido por ter sido associada à tecnologia fracionada com atuação aleatória na pele. » Pulsado: energia constante, dano tecidual intenso -> utilização para corte e coagulação. Devido à condução do calor, cerca de 1 mm do tecido colateral é lesado. » Superpulsado: pulsos extremamente rápidos, de forma que o tecido interpreta de maneira continua, embora o dano tecidual colateral seja menor. » Ultrapulsado: altos picos de energia, pulsos mais longos e intervalos entre os pulsos mais demorados, levando à vaporização do tecido com mínimo dano térmico à distância. 43 RATAMENTO DE REJUVENESCIMENTO COM LASER │ UNIDADE II » Flashcan: utiliza fonte continua em que espelhos computadorizados focalizam o feixe no tecido, distribuindo-o em forma de espiral. Menos de 0,1 mm de dano colateral. » Fracionado: emite luz de maneira fracionada e aleatória, promovendo menor down time, menor dor e resultados satisfatórios. (CAMPOS, 2010) Indicações Existem três indicações primárias para o uso do CO2: » rugas e fotoenvelhecimento;cicatrizes traumáticas e de acne; » lesões de pele. (CAMPOS, 2010) Rugas e fotoenvelhecimento As rugas faciais podem ser divididas em duas categorias: estáticas, que são o resultado de fotoexposição crônica e do processo normal de envelhecimento, e dinâmicas, causadas por expressões faciais repetidas e ação muscular. (GUIRRO; GUIRRO, 2001) Desses dois tipos, as estáticas e o fotoenvelhecimento respondem melhor ao tratamento a laser. Para rugas dinâmicas é necessário associação com outros procedimentos visando à diminuição da ação muscular, causadora da ruga. (GUIRRO; GUIRRO, 2001) Pacientes com rugas generalizadas, periorbitais e rugas periorais terão uma melhora significante e duradora com a aplicação do laser CO2. (CAMPOS, 2010) Figura 19. Envelhecimento. Fonte: <http://www.dermatofuncional.pt/envelhecimento-cutâneo>. Acesso em: 10 jun.2015. 44 UNIDADE II │ RATAMENTO DE REJUVENESCIMENTO COM LASER Cicatrizes traumáticas e de acne O laser de CO2 no tratamento de cicatrizes pode ser utilizado para rebaixá-las ou aplainar os tecidos vizinhos, no caso de cicatrizes atróficas, como sequela de acne. Outros procedimentos podem ser associados com o objetivo de otimizar o resultado, como, por exemplo, subincisão ou preenchimento. (CAMPOS, 2010) Figura 19. Cicatriz de acne. Fonte: <www.dermatologia.net>. Acesso em: 10 jun. 2015. Lesões de pele A principal indicação para o laser de CO2 são as lesões epidérmicas, como queratose actínica e seborreica, nevo epidérmico, verrugas, queilite actínica, dermatose papulosa nigra (CAMPOS, 2010) Figura 20. Lesão epidérmica. Fonte: <www.dermatologia.net>. Acesso em: 10 jun. 2015. 45 RATAMENTO DE REJUVENESCIMENTO COM LASER │ UNIDADE II Lesões dérmicas também podem ser tratadas com o laser de CO2, apesar de não ser o ideal, pois o dano térmico profundo poderá levar à formação de cicatrizes. Essas lesões incluem: hiperplasia sebácea, siringomas, nevos intradérmicos, veno misto e rinofima. (CAMPOS, 2010) Mecanismo de ação do laser CO2 O laser CO2 opera na parte mediana da porção invisível do espectro eletromagnético, em 10.600 nm. Nessa faixa, não há um cromóforo específico que absorva o laser, ocorrendo, portanto, absorção não seletiva da luz pela água intra e extra vascular. (AVRAM, 2009) Quando aplicado o laser CO2, a primeira passada remove a epiderme. A segunda e a terceira passadas fazem com que o colágeno se encolha, sendo produzido um efeito térmico controlado. Em longo prazo, ocorre a estimulação da formação de neocolágeno. (AVRAM, 2009) Passadas sucessivas terão pouco efeitoablativo em razão da falta do cromóforo (água), trazendo efeitos térmicos cumulativos, impossíveis de serem previstos e controlados. Assim, o laser de CO2 tem efeito ablativo menor e térmico maior, quando comparado ao érbio. (AVRAM, 2009) O mecanismo de rejuvenescimento facial com o laser de CO2 ocorre de três maneiras: » remoção da pele fotoenvelhecida; » encolhimento das fibras de colágeno; » a longo prazo, estimulação de neocolágeno. Dependendo da quantidade e da concentração de energia que incide no tecido, serão obtidos efeitos de ablação, podendo ser usado para corte (concentração de energia em um ponto) ou resurfacing (ponteira colimada). (AVRAM, 2009) Em geral, o mecanismo de ação dos lasers é pela produção de calor: pequenas elevações de temperatura produzem bioestimulação; elevações entre 60°C e 85°C provocam a coagulação; acima de 85°C, a carbonização; e a vaporização ocorre com temperatura próxima aos 100°C. (AVRAM, 2009) No laser de CO2, a vaporização ocorre quando o ele atinge a pele, através do aquecimento muito rápido da água – fenômeno que gera a ablação, remoção 46 UNIDADE II │ RATAMENTO DE REJUVENESCIMENTO COM LASER tecidual responsável pelo resurfacing ablativo. Além disso, essa reação é exotérmica, ou seja, libera calor que se dissipa pelas células adjacentes, gerando um efeito térmico residual. Essa transferência de calor é provavelmente responsável pela desnaturação do colágeno. A desnaturação do colágeno contribui para a contração em si do tecido (frequentemente visível a olho nu durante o procedimento) e a melhora das rugas e flacidez que ocorre após o procedimento. Esse fenômeno também induz uma reação tecidual que gera neocolagênese nos seis meses posteriores ao procedimento. Em resumo, o laser de CO2 produz rejuvenescimento da pele através da ablação (remoção da pele fotolesada), contração de colágeno e neocolagênese. (AVRAM, 2009). Vantagens da técnica: os resultados são excelentes após uma única sessão. Desvantagens e limitações: sendo a técnica muito agressiva, o PO é longo e desconfortável, com risco relativamente alto de cicatrizes. Não deve ser feito nas épocas de maiores radiações solares, o que nem sempre é possível de se evitar em algumas regiões do Brasil. Contraindicações Absolutas: » Infecção herpética ativa. » Acne ativa. » Doenças do colágeno (esclerodermia). » Vitiligo. » Áreas submetidas à radioterapia ou queimaduras. » História de queloide, cicatriz hipertrófica. » Uso de isotretinoína nos últimos dois anos (essa droga promove atrofia dos anexos cutâneos, que são responsáveis pela reepitelização). Relativas: » Herpes Zoster. » Atrofia ou cicatriz pós peeling químico, mecânico ou eletrólise. » Peles sensíveis. 47 RATAMENTO DE REJUVENESCIMENTO COM LASER │ UNIDADE II » Pele tipo Fitzpatrick V e VI. » Descolamento ou retalho cutâneo recente. (FIFE,2009) Técnica passo a passo Um mês antes: recomendar o uso de filtro solar, ácidos retinóicos, glicólico ou vitamina C. Pré-procedimento: o uso de antiviral sistêmico é sempre obrigatório para a prevenção do herpes simples na face, sendo discutível o uso de antifúngicos e antibióticos profiláticos. Em peles mais claras, com menor risco de hiperpigmentação, produtos contendo ácido retinoico e hidroquinona serão utilizados por um período de duas a quatro semanas anteriormente à aplicação do laser CO2. Em peles mais escuras, deve se dar maior atenção à supressão da pigmentação com o uso de ácido glicólico, hidroquinona e kójico, por um período mais prolongado, dependendo da resposta da pele até por 12 semanas. Procedimento: por ser muito doloroso, vários recursos devem ser utilizados para minimizar a dor do paciente. A anestesia tópica deve ser iniciada uma hora antes da sessão, acrescida do uso de sedativos orais e analgésicos. Muitas vezes, dependendo do nível de ansiedade do paciente, indica-se anestesia geral ou sedação. O aspirador de fumaça deve ser usado durante todo o procedimento, que só deve ser iniciado após a limpeza meticulosa da pele, eliminando-se quaisquer resquícios de creme anestésico. A anestesia troncular é bastante útil na analgesia das regiões malar e supralabial. O resfriamento da pele com ar frio entre os disparos (para não atrapalhar o aspirador de fumaça) alivia muito a sensação de queimadura que o laser de CO2 produz. Após o procedimento: o paciente deve ser mantido em sala bem resfriada, com máscara fria e ar gelado voltado para a face tratada, e se necessário deve ser prescrito um analgésico oral. O paciente deve deixar o consultório apenas após o alívio da dor. Utilizam-se compressas de solução salina para limpeza, creme cicatrizante e antiviral sistêmico até a epitelização completa. Nesse período, o paciente deve ser visto pelo médico diariamente ou em dias alternados. Antibiótico e antifúngicos sistêmicos devem ser imediatamente prescritos se houver indícios clínicos de infecção bacteriana ou monilíase. O LED (Luz Emitida por Diodo) tem efeito anti-inflamatório e cicatrizante, e pode ser usado no pós-operatório. 48 UNIDADE II │ RATAMENTO DE REJUVENESCIMENTO COM LASER O paciente deve ser orientado a não se expor diretamente ao sol por, no mínimo, seis meses após o procedimento. O paciente é instruído a usar filtro solar UVA/UVB não oleoso, contendo um bloqueador físico. No PO poderá ser associado à uma base cor da pele, para disfarçar o eritema. Resultados esperados: são muito exuberantes após uma única sessão, mas a técnica é invasiva e o paciente apresenta uma limitação social por 30 dias, mantendo-se a pele fotossensível e eritematosa por até seis meses. Assim, como nos demais procedimentos a laser, com o Laser de CO2 existe a necessidade de documentação fotográfica padronizada prévia e posterior, para a segurança do médico e demonstração dos resultados ao paciente, sendo também recomendável a obtenção do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Laser Erbium: YAG Introdução O Erbium: YAG foi o segundo laser desenvolvido para Resurfacing ablativo. Emite um raio com comprimento de onda de 2.940 nm na faixa infravermelha, que se aproxima do pico de absorção de água (coeficiente de absorção de água = 12.000). Esse laser tem profundidade de penetração limitada a 1 a 3 μm de tecido por J/cm2, enquanto o CO2 atinge 20 a 30 μm. O efeito térmico residual também é muito menor com o Er:YAG. Isso provoca uma ablação mais precisa da pele com um mínimo de danos para os tecidos (valor estimado de 10 a 40 μm). Ocorre sangramento durante o tratamento, caracterizando um inconveniente desse laser. A eficácia global do Laser Er:YAG é comparável à do Laser de CO2; no entanto, os resultados desse último são ainda considerados superiores na maioria dos estudos comparativos. Contudo, o Laser Er:YAG induz cicatrização mais rápida e com efeitos colaterais menos frequentes e menos graves. Melhores indicações: envelhecimento facial moderado, tratando lesões pigmentadas e melhorando cicatrizes. É indicado para pacientes que querem rejuvenescer sem correr os riscos dos efeitos colaterais do Laser de CO2 (STEINER et al, 2011). Segundo Dr. Hughes, o Laser Erbium: YAG produz contração cutânea de 14% após 16 semanas de aplicação, decorrente do remodelamento da derme. Zweig et al publicaram, em 1988, um estudo comparativo da interação tecidual do laser Erbium: YAG infravermelho médio, que opera a 2,94 ųm e o de CO2 a 10.6 ųm. Chegaram à conclusão de que o dano térmico adjacente às aplicações do laser é mais reduzido com Erbium: YAG. Esse laser é capaz de promover na pele uma correção 49 RATAMENTO DE REJUVENESCIMENTO COM LASER │ UNIDADE II precisa de suas imperfeições por meio de um efeito controlado de vaporização tecidual, enquanto produz um estiramento zona residual de destruição térmica. Mecanismo de ação do Laser Erbium: YAG Na água a profundidade de penetração do comprimento de onda do Erbium: YAG é de somente 0,75 ųm, sendo do CO2 de
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