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“Os meus Pais já não vivem Juntos” 
Intervenção em Grupo com Crianças e Jovens de Pais Divorciados 
NELLY ALMEIDA & Susana Monteiro 
CONGRESSO OPP: 20 de abril 
 
Introdução 
No âmbito da consulta clínica, o CEFIPSI tem intervindo em numerosas 
problemáticas. Nos últimos anos, o divórcio é uma área que surge recorrentemente e 
por isso o CEFIPSI tem vindo a desenvolver grupos de apoio para crianças e jovens 
de pais divorciados. 
Sabe-se que em Portugal o número de divórcios tem aumentado 
consideravelmente nos últimos anos. Dados do Instituto Nacional de Estatísticas 
deste ano confirmam que entre 1990 e 2010, o número de divórcios triplicou. Assim 
se justifica a pertinência de se investir em meios sociais e humanos no apoio a esta 
família. 
A intervenção do CEFIPSI com esta população deu origem à publicação de um 
livro intitulado “Os meus Pais Já não Vivem Juntos. Intervenção em Grupo com 
Crianças e Jovens de Pais Divorciados”, da autoria de Nelly Almeida e Susana 
Monteiro, ambas Psicólogas no CEFIPSI e responsáveis pelo desenvolvimento de 
intervenções clínicas com esta população, através da Editora Coisas de Ler. 
 
Processo de Divórcio 
Para o desenvolvimento das intervenções, um dos modelos teóricos de referência 
na área do divórcio é o Modelo de Wallestein e Blakeslee (1989), que apresenta o 
divórcio em três fases: 
 
1. Separação: 
Nesta fase, a frequência das discussões conjugais é aumentada e termina com o 
abandono do lar por um dos pais. Verifica-se uma grande desorganização familiar na 
qual as crianças são muitas vezes testemunhas de agressões físicas e verbais entre 
os pais. O casal desorganizado está geralmente menos atento às necessidades dos 
seus filhos. 
 
2. Reconstrução: 
Estádio transicional em que pais e filhos procuram reconstruir as suas vidas. 
 
3. Estabilização: 
A família volta a encontrar alguma estabilidade. No entanto, apesar de voltarem 
às suas atividades diárias, estas famílias são geralmente mais vulneráveis do que as 
famílias ditas “intatas” uma vez que podem existir maiores dificuldades económicas, 
menos apoios externos, assim como dificuldades ligadas à monoparentalidade. 
 
 
 
Outros modelos mais recentes, como é o caso do modelo de Isolina Ricci (2004), 
apresentam o divórcio de forma mais detalhada: 
 
ψ Estádio 1: O Lar de Sonho – Mãe, pai e filhos vivem na mesma casa e existem 
sentimentos de respeito, confiança e amor. 
 
ψ Estádio 2: Problemas no Lar – Discórdias prolongadas levam à diminuição dos 
sentimentos de confiança e respeito e ao aumento das tensões até níveis 
insustentáveis. 
 
ψ Estádio 3: O Lar que se Divide – Cada vez mais existe desrespeito e 
desconfiança no casal. Embora o lar não esteja totalmente dividido, é iniciada a 
separação. 
 
ψ Estádio 4: O Lar Dividido – Dá-se a separação física. 
 
ψ Estádio 5: A Casa da Mãe, A Casa do Pai – Este estádio pode tornar-se o mais 
difícil e o mais prolongado. Surgem mudanças nos rendimentos, nas profissões, nos 
hábitos pessoais, nas amizades e nas rotinas. 
 
ψ Estádio 6: A Casa da Mãe e A Casa do Pai (a) – O processo de reconstrução 
está mais claro e a estabilidade volta ao contexto familiar. 
 
ψ Estádio 7: A Casa da Mãe e A Casa do Pai (b) – Nesta fase, os adultos já 
conseguem separar as suas vidas pessoais das suas funções parentais. 
 
Assim, verifica-se facilmente que as fases do modelo anterior estão também 
integradas neste último. 
 
Segundo Ricci (2004), o período de maior crise para os pais e filhos numa 
separação/divórcio situa-se entre os estádios 4 e 5 por corresponderem a fases de 
grande stress. Os conflitos inter-parentais surgem com maior frequência e 
intensidade nestas fases e contribuem de forma significativa para o desajustamento 
psicológico das crianças e jovens, prejudicando as relações entre pais e filhos 
(Pruett, Williams, Insabella & Little, 2003; DeLucia-Waack & Gellman, 2007). Por um 
lado, é comum os filhos envolverem-se nas discussões dos pais, por outro, são 
geralmente comprometidas as práticas educativas parentais. 
É ainda muitas vezes visível os progenitores dirigirem neste período as suas 
emoções negativas ao outro, instrumentalizando as crianças e/ou procurando nelas 
um apoio ou, então, tentando formar uma aliança de forma a compensar os 
sentimentos de desilusão, raiva, desespero, tristeza e hostilidade associados a este 
acontecimento de vida marcante (Grych & Fincham, 1997; Margolin, 1996). 
Assim, os custos emocionais podem tornar-se muito intensos para os adultos em 
fase de divórcio, o que os torna menos disponíveis e menos atentos às 
necessidades dos seus filhos. Consequentemente, os filhos encontram-se expostos 
a perturbações psicológicas mais ou menos profundas pelo que será de antecipar 
uma insatisfação destas crianças e jovens para com as suas vidas. 
Impacto nas Crianças e Jovens 
Os sintomas associados a tal mudança familiar podem verificar-se a curto ou a 
longo prazo, no domínio cognitivo, emocional e/ou comportamental e generalizar-se 
a vários contextos como o escolar e o social (Herbert, 1996; Margolin, 1996; Kierkus 
& Baer, 2002; DeGarmo & Forgatch, 2005; Rich, Molloy, Hart, Ginsberg & Mulvey, 
2007): 
 
Crianças em idade 
pré-escolar 
Crianças em idade 
escolar 
Pré-adolescentes Adolescentes 
- tristeza, 
- medo da rejeição e 
abandono, 
- medo de ir para a 
cama, 
- ansiedade de 
separação, 
- recusa de estar só 
por poucos minutos, 
- maior necessidade 
de proximidade dos 
pais, 
- agressão perante 
outras crianças e/ou 
irmãos. 
- tristeza, zanga e 
raiva 
frequentemente 
dirigida ao 
progenitor com 
quem vive, 
- idealização do 
outro progenitor. 
- maior dificuldade 
em expressar o seu 
sofrimento, 
- camuflagem da 
dor, 
- investimento em 
jogos ou atividades 
fora do ambiente 
familiar, 
- comportamentos 
de risco. 
- depressão, 
- distanciamento da 
família, 
- os amigos são 
considerados como 
“refúgios” por 
promoverem um 
sentido de 
estabilidade, 
- preocupações 
acerca das suas 
relações pessoais, 
amorosas e 
sexualidade, 
- comportamentos 
de risco. 
 
 
Em particular, um estudo recente (janeiro de 2012) efetuado por Fagan e Churchill 
confirma o impacto negativo do divórcio nas crianças e jovens. Segundo eles: 
 40% das mães divorciadas sentiram a sua relação com os filhos prejudicada; 
 50% das crianças de pais divorciados afirmaram não ter visto o pai no último 
ano; 
 os filhos de casais divorciados são 26% mais propensos a abandonar o 3º 
ciclo do ensino básico do que as crianças de famílias ‘intatas’; 
 33% dos estudantes universitários oriundos de famílias divorciadas obtêm o 
diploma, em comparação com 40% dos seus colegas de famílias ‘intatas’. 
 há um maior risco dos filhos de pais divorciados se envolverem em 
comportamentos delinquentes; 
 os filhos de pais divorciados têm maior probabilidade de enfrentarem 
dificuldades financeiras. 
 
Assim, seguem as competências relevantes de serem trabalhadas numa 
intervenção (individual e/ou em grupo) com tais crianças e jovens: 
 Expressão emocional 
 Resolução de problemas 
 Relações com os pares 
 Autoconceito e questões de identidade 
 Questões escolares 
 Relações familiares 
 
Programa de Intervenção 
Tendo em conta todo o referencial teórico, o CEFIPSI desenvolveu um programa 
de intervenção para crianças e jovens de pais divorciados que envolve sessões em 
grupo e sessões individuais. A intervenção em grupo tem alguns benefícios em 
relação à intervenção individual, entre os quais, a rentabilização de recursos, a 
normalização do acontecimento entre os pares (que facilita o sentido de 
compreensão mútuo) e a maior facilidade em identificar e potenciar os recursos do 
grupo na mudança individual. No entanto, é importante a manutenção de sessões 
individuais para trabalhar questões pessoais, divergentes dos objetivos do grupo, 
e/ou que os participantes não queiram partilhadas em contextode grupo. Ainda, as 
sessões individuais ajudam na avaliação contínua da integração e bem-estar de 
cada elemento no grupo. 
O programa apresentado está preparado para ser aplicado a duas populações: as 
crianças em idade escolar e adolescentes, e foi posto em prática nas instalações da 
Junta de Freguesia do Forte da Casa, entidade parceira do CEFIPSI. 
Em termos logísticos, as sessões têm a duração de 90 minutos, sendo este 
considerado pelas técnicas o timing ideal para abordar temáticas-chave e promover 
o insight terapêutico. No entanto, as sessões são programadas para duas horas, 
facultando 30 minutos para um lanche-convívio, utilizado como estabilizador 
emocional depois de sessões que podem tornar emocionalmente intensas. 
A avaliação inicial baseia-se na informação recolhida através de entrevistas aos 
progenitores e à criança, assim como nas respostas a um questionário qualitativo 
criado pelas autoras do livro (Almeida & Monteiro, 2012) sobre as reações dos 
participantes à separação. Com as crianças, o recurso a atividades lúdico-
terapêuticos, para além de facilitarem a construção de uma relação de confiança 
entre a criança e o dinamizador do grupo, promovem a partilha e ventilação 
emocional. 
 
Em contexto do divórcio, a avaliação inicial tem então como objetivos principais: 
 
 Fazer a anamnese da criança ou do jovem – avaliação desenvolvimentista; 
 Conhecer a história da família; 
 Explorar as dinâmicas familiares e aferir a existência de conflitos atuais ou 
persistentes entre os progenitores; 
 Avaliar as relações entre cada progenitor e os filhos; 
 Conhecer a fase do processo de divórcio em que a família se encontra; 
 Recolher informações sobre a reação de cada membro da família nuclear à 
situação de separação, com especial destaque para as manifestações 
comportamentais ou emocionais da criança/jovem e respetivo impacto no seu 
funcionamento individual, escolar e social; 
 Explorar estratégias educativas dos pais e perceber como reagem às 
manifestações emocionais e comportamentais dos seus filhos; 
 Perceber as expectativas de cada progenitor e da criança/jovem por participar 
no grupo de apoio. 
 
Para uma correta avaliação é necessário proceder à entrevista clínica junto de 
cada um dos progenitores (e se possível, caso o relacionamento entre ambos seja 
cordial o suficiente, numa sessão com ambos presentes), junto da criança/jovem e 
em sessões conjuntas da criança/jovem com cada um dos seus progenitores. 
Com estas informações recolhidas em sessões de triagem, é desenvolvida uma 
baseline, que será comparada com os resultados obtidos após conclusão da 
intervenção. 
O programa inclui nove sessões, mais uma opcional. A sessão opcional só é 
aplicada se, durante o tempo de aplicação do programa de intervenção, se passar 
por uma data simbólica (aniversário, Natal, Dia do Pai, Dia da Mãe) pois é uma 
sessão que inclui atividades estritamente relacionadas com as dificuldades em 
vivenciar tais dias nos primeiros anos após a separação. 
 
Na tabela seguinte encontram-se os temas principais das sessões associados os 
objetivos terapêuticos: 
 
Sessão Tema Objetivo geral 
1 Integração no grupo Promover a coesão de grupo 
2 
A separação dos meus 
pais 
Facilitar a expressão de 
emoções associadas ao conceito 
de família 
 
3 Mudanças vividas 
Facilitar a aceitação da perda da 
união familiar 
 
4 
As emoções que sinto – 
recursos emocionais 
Estimular o desenvolvimento de 
recursos emocionais 
5 
 
Os pensamentos que 
tenho – recursos 
cognitivos 
Estimular o desenvolvimento de 
recursos cognitivos 
6 
 
Os comportamentos que 
faço - recursos 
comportamentais 
Estimular o desenvolvimento de 
recursos comportamentais 
 
Como exemplo de dinâmicas utilizadas na concretização destes objetivos, existe 
a Balança das Mudanças que permite aos participantes “pesar” os aspetos positivos 
e negativos que decorrem da separação dos pais. Esta dinâmica facilita a 
interiorização da noção de que nem tudo o que advém de um divórcio é 
necessariamente negativo, e por isso é a consciencialização da melhoria do 
ambiente familiar que muitas vezes surge associado ao distanciamento e redução 
dos conflitos inter-parentais. 
Uma outra atividade proposta mais perto do final da intervenção, vem na 
perspetiva de facilitar a integração de tal acontecimento nas suas histórias de vida: 
as Pegadas. Os participantes devem, nesta atividade, escrever nas pegadas aquilo 
que esperavam para o futuro, os seus planos, objetivos, etc. Deste modo, pretende-
se orientar os participantes para o futuro na perspetiva de os ajudar a 
desenvolverem um projeto de vida, integrando a separação dos seus progenitores 
como parte integrante. 
Na última sessão, todos os participantes podem reencontrar todas as atividades 
desenvolvidas no grupo sob a forma do Diário de Grupo, incluído no Saquinho do 
Bem-Estar. Tal ferramenta é entregue aos participantes de modo a poderem 
relembrar após o término do grupo as aprendizagens aí vividas e assim consolidá-
las. 
 
Um cuidado importante a atender é que este programa não deve ser visto como 
um manual universal a utilizar com todas as crianças e jovens de pais divorciados. 
Trata-se apenas da compilação das estratégias consideradas mais eficazes para o 
alcance dos objetivos que a literatura justifica como sendo os mais importantes de 
serem trabalhados com esta população. 
 
 
7 
 
 
Novos familiares: 
padrasto/madrasta, irmãos 
por afinidade e meios-
irmãos 
 
 
Preparar para a aceitação de 
novos relacionamentos 
amorosos dos progenitores e de 
meios-irmãos 
 
8 
Aceitação da situação 
familiar 
Facilitar a integração da situação 
familiar nas suas histórias de 
vida 
 
9 Os meus amigos no grupo 
Facilitar o reconhecimento de 
recursos criados com a 
participação no grupo. 
 
Adicional/opcional Datas festivas/simbólicas 
Promover a aceitação da 
mudança no festejo de datas 
especiais 
Para a avaliação da eficácia deve-se recorrer a metodologias semelhantes 
àquelas utilizadas na avaliação inicial. Assim, os técnicos devem centrar-se na 
informação recolhida junto dos progenitores e dos próprios participantes, tal como foi 
feito nas sessões de triagem. Nomeadamente, devem estar atentos a: 
 
 
Para as crianças mais novas, foram criadas escalas mais atrativas e de fácil 
compreensão de modo a facilitar a recolha do seu feedback (“Quanto é que eu 
gostei do grupo?” e “Quanto é que o grupo me ajudou?” a consultar em Almeida & 
Monteiro). 
Ainda, para além da comparação dos resultados em função da avaliação inicial 
(questionários e entrevistas), o programa inclui uma dinâmica em todas as sessões 
que permite fazer uma avaliação contínua – a Caixinha dos Bons Momentos, na qual 
os participantes têm que colocar um papelinho no final de todas as sessões com o 
que tinham gostado mais de fazer durante aquela sessão. E, para isso, podem 
remeter para uma atividade ou para um momento específico (ter dito algo, ter 
recebido ajuda de X, etc.). Esta dinâmica permite aos dinamizadores recolherem o 
feedback dos participantes sobre o impacto das sessões nos próprios. 
 
Apresentação de Resultados 
Na impossibilidade de apresentar neste texto os resultados da avaliação da 
eficácia deste programa uma vez que foi aplicado em diferentes versões, pelas 
adaptações necessárias às populações/grupos e por existirem sessões individuais 
em simultâneo que tornariam complexo o exercício de distinguir os resultados 
oriundos de um tipo de intervenção e de outro, opta-se por apresentar os resultados 
 Nível de compreensão e aceitação da realidade de separação; 
 Facilidade em abordar o tema da separação e em falar do outro progenitor; 
 Forma como se relaciona com ambos os progenitores, irmãos, meios-irmãos, 
novos companheiros dos pais; 
 Disposição geral (e.g. alegria, boa-disposição, tristeza, revolta); Nível de preocupação com assuntos relacionados com a separação e 
capacidade de envolvimento noutras tarefas (escola, saídas, relações com 
amigos, tempos livres...); 
 Indicadores comportamentais associados a uma maior ou menor facilidade 
na aceitação da realidade familiar (são indicadores positivos a facilidade em 
abordar o tema da separação, a existência de relações pacíficas com cada 
progenitor, a vontade de estar com ambos os progenitores…); 
 Aquisição de estratégias adaptativas para ultrapassar sentimentos negativos 
(por exemplo: pedir ajuda a um adulto significativo, adotar estratégias de 
relaxamento, conseguir refletir sobre a situação e gerir emoções associadas à 
mesma…); 
 Entusiasmo e envolvimento demonstrado para ir às sessões de grupo. 
de uma adolescente que nos parecem exemplificativos dos indicadores a atender 
aquando a avaliação da eficácia neste tipo de intervenções. 
Deste modo, foram criadas várias categorias em função dos objetivos iniciais do 
grupo, nas quais foram ordenados os resultados recolhidos em entrevistas e nas 
verbalizações das próprias sessões: 
 
Categorias Respostas 
Compreensão do 
acontecimento familiar: 
 
 
Os progenitores reconhecem em entrevistas 
pós-grupo uma maior compreensão do 
sucedido. 
 
Desenvolvimento de 
estratégias de coping para 
lidar com o divórcio: 
 
 
“Como eu estava sempre a chorar, resolvi 
dançar, cantar, pensar nos amigos, no 
namorado, em muitas coisas boas.” 
“Hoje em dia ainda penso na separação dos 
meus pais (…) ao ir à psicóloga, falar com as 
minhas amigas e com os meus tios, eu 
consigo ultrapassar a separação dos meus 
pais muito melhor”. 
 
 
Relação com progenitores e 
irmãos: 
 
 “Falamos mais uma com a outra”. 
Nota: Este participante não tinha irmãos. 
Relação com novos 
companheiros: 
 
“Mãe, eu gosto que tenhas um namorado, que 
refaças a tua vida (…) mas sinto que não vou 
ter aquela atenção, que te vou dividir outra 
vez!” 
 
 
Relações com os pares: 
 
 
“União entre amigas, adoro-te Lena”. 
“Falo com pessoas com o mesmo problema”. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Para terminar, sublinha-se que se identificam, de modo transversal nas crianças e 
jovens dos diversos grupos, melhorias comportamentais, maior facilidade na 
expressão de sentimentos, criação de laços entre os participantes, melhor 
compreensão e aceitação da situação de separação dos pais e uma maior 
capacidade de lidar adequadamente com acontecimentos de vida adversos futuros. 
 
Para mais informações sobre este programa de intervenção, assim como para 
aceder aos materiais lúdicos disponibilizados e capítulo sobre Estratégias para Pais 
e Professores, adquire o livro em qualquer livraria. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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