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AS-RELAÇÕES-INTRAFAMILIARES

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1 
 
 
 
2 
SUMÁRIO 
INTRODUÇÃO ................................................................................................. 3 
1 A FAMÍLIA E AS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS ....................................... 4 
1.1 Família e sociedade ............................................................................. 6 
1.2 Sistema e subsistemas familiares ........................................................ 8 
2 O DESENVOLVIMENTO PSICOLÓGICO DA CRIANÇA NO CONTEXTO 
DA FAMÍLIA. ............................................................................................................. 12 
3 A FAMÍLIA E AS ORIGENS DO SINTOMA .............................................. 14 
4 O PROCESSO DE COMUNICAÇÃO NO SISTEMA FAMILIAR ............... 17 
5 ADOLESCÊNCIA E FAMÍLIA .................................................................... 20 
6 DESENVOLVIMENTO INFANTIL E O DIVÓRCIO ................................... 25 
7 PARENTALIDADE X CONJUGALIDADE: OS DESAFIOS DE 
COMPARTILHAR A CONVIVÊNCIA COM OS FILHOS APÓS O DIVÓRCIO .......... 27 
7.1 Do casal conjugal ao casal parental ................................................... 28 
7.2 A dissolução do casal conjugal: como permanecer um casal parental?
 29 
7.3 A importância familiar para a reestruturação da criança após a 
separação 31 
8 ESTRATÉGIAS DE ATENDIMENTO FAMILIAR ...................................... 34 
8.1 Entrevista Circular .............................................................................. 35 
8.2 Entrevista Familiar .............................................................................. 35 
8.3 Avaliação da Rede de Apoio .............................................................. 38 
9 TERAPIA FAMILIAR E DE CASAL ........................................................... 39 
9.1 Indicações da Terapia Familiar .......................................................... 41 
10 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................... 42 
 
 
 
 
3 
INTRODUÇÃO 
Prezado aluno, 
 
O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante 
ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um 
aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma 
pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é 
que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a 
resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas 
poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em 
tempo hábil. 
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa 
disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das 
avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que 
lhe convier para isso. 
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser 
seguida e prazos definidos para as atividades. 
 
Bons estudos! 
 
 
4 
1 A FAMÍLIA E AS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS 
 
Fonte: pleno.news 
A constituição familiar surgiu como uma das primeiras constituições sociais 
existentes. Ela pode ser compreendida como as relações estabelecidas entre seus 
membros, as mudanças ocorridas ao longo do tempo, e também as interações que 
ocorrem entre o seu dinamismo interno e a realidade exterior que a envolve. Portanto, 
as formas de representações sociais são elaboradas pelos membros sobre tal 
realidade, instaladas em cada classe social, que nelas constituem a perspectiva 
central desta tarefa. (ARAUJO, 2003) 
 É importante lembrar que a homogeneidade ao longo das gerações, é limitada. 
Podemos dizer que em relação as sociedades, cada uma delas estabelecem maneiras 
diferentes de pensar e de estruturar suas representações, impedindo desta forma a 
universalização das mesmas, o que levaria à perda do social. 
A representação coletiva se transforma em representação social, cada uma 
com diferentes formas de emergir de acordo com seu grupo social. Além disso, a troca 
de sentimentos e ideias entre os indivíduos enfatiza que os dados pessoais podem se 
tornar sociais e vice-versa. 
A representação social se trata de uma questão que não cede muito espaço 
em dar uma ênfase para defini-la. Portanto, não era uma centralidade dos teóricos, 
justificando que isto poderia reduzir o alcance da compreensão sobre a representação 
social. 
 
 
5 
Todavia, segundo Moscovici, citado por Sá, temos a seguinte conceituação: 
“Por representação social entendemos um conjunto de conceitos, 
proposições e explicações, originado na vida cotidiana no curso de 
comunicações interpessoais. Elas são o equivalente, em nossa sociedade, 
dos mitos e sistemas de crenças das sociedades tradicionais; podem também 
ser vistas como a versão contemporânea do senso comum” (MOSCOVICI, 
1996, apud, SÁ, 2003) 
Através dessa conceituação, Araújo nos mostra a representação social em três 
particularidades: atitude, informação e imagem. Entende-se que a atitude, trata-se de 
uma conduta dada como resposta organizada frente a uma situação objetiva da 
sociedade, caracterizando assim, o contexto regulador presente na representação 
social. Deste modo, quando falamos em representação social ela é instalada como 
objeto social que se apresenta mais bem focalizado para o indivíduo. (ARAUJO, 2003) 
 O entendimento dessas informações refere-se ao conjunto dos 
conhecimentos que um grupo possui a respeito do objeto da representação social. A 
apresentação da imagem proporciona o conteúdo concreto e limitado sobre aspectos 
do objeto social da representação. 
Os elementos supracitados se apresentam de forma distinta, conforme o 
contexto social e cultural de cada grupo. Desta forma, compreende-se o motivo de 
que a representação social sobre família tenha assumido características diferenciadas 
em função do contexto sociocultural. 
As representações sociais conforme já mencionadas no texto, estão presentes 
no dinamismo das comunicações entre as pessoas, além de contribuir para a 
formação e orientação dos comportamentos, elas facilitam para que a geração tenha 
a troca social, operacionalizando a transmissão e o desenvolvimento cognitivo de 
valores e normas sociais. 
 Moscovici aponta três situações sociais geradoras da representação social: 
dispersão da informação, focalização e pressão à inferência. (MOSCOVICI, 1996, 
apud, SÁ, 2003) 
Sobre a dispersão da informação, devemos lembrar que nem sempre os 
indivíduos têm o acesso a esses dados úteis para tal conhecimento em face da sua 
complexidade e das limitações sociais e culturais. No entanto, o grande aparecimento 
das distorções sobre o objeto de contestação não favorece a transmissão direta 
destes valores. 
 
6 
Por outro lado, na focalização, que é a segunda situação, o foco está voltado 
apenas para alguns aspectos do objeto, desinteressando-se pelos demais, pois o seu 
grupo social define tal tipo de visão. Nesta condição, o indivíduo fica vedado de ter 
acesso a uma visão global do objeto. 
Por fim, a terceira conjuntura diz sobre o fato de que o indivíduo é levado a 
desenvolver opiniões e comportamentos, eliminando as zonas de incertezas do saber. 
Desta maneia, o indivíduo tem a tendência a aderir às opiniões dominantes no grupo, 
visando atribuí-las uma certa validade. 
Quando o indivíduo está frente a um objeto, sabemos que nem sempre dispõem 
de informações completas, envolvendo-se com alguns aspectos mais dominantes e 
sendo levados a posicionar-se frente ao mesmo, na perspectiva da opinião da maioria. 
Quando se faz referência ao objeto família, a contingência desta representação social 
é bastante evidente em função dos vínculos afetivos e de interdependência que se 
estruturam. (ARAUJO,2003). 
Logo, quando se tem o conhecimento sobre os objetos, eles são na maioria das 
vezes, condicionados aos aspectosdominantes dentro do grupo, exigindo-se que os 
indivíduos se posicionem frente a esses condicionamentos. É fundamental também 
considerar que quando a família é vista como um objeto polimorfo, a mesma assume 
essas características de domínio frente aos seus membros, enquanto objeto de estudo 
como representação social. Portanto, a forma como essas características são 
impostas, faz com que a família adquira diferentes formas, de acordo com o contexto 
cultural e histórico. 
1.1 Família e sociedade 
A constituição familiar social se encontra presente no mundo já há muitos anos. 
De acordo com Castel (1998; apud CAPUTI L; 2011), desde a Idade Média, a família 
demonstra a sua habilidade de organização coletiva, protegendo os membros mais 
necessitados da comunidade por meio de uma assistência mínima, constituindo o que 
ele denomina de “socialização primária”, em que o aniquilamento dessa referência 
para o indivíduo seria o início do processo de desfiliação. 
De certa forma, as famílias se estabelecem como protagonistas fundamentais 
no provimento de prestabilidade dos serviços de proteção social aos indivíduos frente 
 
7 
aos riscos e vulnerabilidades em que estão expostos; tem função sexual, reprodutiva, 
econômica, social, cultural e educacional. 
Discorre de um espaço de compartimento de recursos materiais, econômicos, 
de afetividade, cuidados, herança e construção de valores, de cultura e de troca de 
saberes. É um compartimento em que se é permeado os conflitos, a socialização dos 
seus membros, é fonte de referências morais, de vínculos afetivos e sociais, de 
identidade grupal, bem como de mediação das relações dos seus membros com 
outras instituições sociais, com a comunidade e com o Estado. (CAPUTI, 2011). 
Para a psicóloga Szymanski, “as famílias buscam uma adequação entre os 
valores herdados, os partilhados com os pares e os novos valores, que vêm 
de seu contato com outras informações e com outros segmentos da 
sociedade”. (2002, p.15; apud CAPUTI L; 2011) 
Portanto, a família pode ser formada por um grupo de pessoas com ou sem 
consanguinidade que convivem ou não no mesmo teto. Podemos salientar ainda, que 
se caracterizam como associação de pessoas que escolhem conviver por razões 
afetivas e assumem um compromisso de cuidado mútuo. 
No âmbito da sociedade brasileira, a constituição do conceito de família, tem 
passado por profundas transformações, no qual podem ser vistas por exemplo nas 
alterações de papéis da pessoa de referência da família. 
As modificações ocorridas no processo de representação social, nas múltiplas 
menções psicológicas e sociais que aprofundam o universo familiar e determinam o 
desenvolvimento de crianças e jovens, acabam por desalojar as menções das figuras 
como pai, mãe e avós. 
Quais modificações são estas e a que estão atreladas? 
São as mudanças vinculadas à relação de família e o mundo do trabalho, cujo 
engrandecimento tecnológico, reorganização produtiva traz modificações nas 
relações sociais como um todo. 
A família coexistente passa a ter uma proporção pública em detrimento singular 
da dimensão privada. Vive as modificações advindas, tanto das transformações do 
mundo do trabalho, dos avanços tecnológicos, do aumento da expectativa de vida, 
bem como das conquistas do movimento feminista. (CAPUTI 2011). 
 
8 
1.2 Sistema e subsistemas familiares 
A instituição familiar pode ser entendida como um grupo de pessoas interagindo 
a partir da junção de relações afetivas, consanguíneas, políticas, entre outras. Dessa 
forma, esses vínculos são uma rede infinita de comunicação e influência mútua. 
(Wagner, 2011) 
A família pode ser considerada como um conjunto de elementos dinâmico, 
submetido a um desenvolvimento das introduções regras, e marcada pela busca de 
um acordo entre seus membros. Assim, pode-se pensar que a dinâmica do sistema 
familiar se caracteriza pela maneira como a família se movimenta frente às diferentes 
situações as quais se colocam ou são colocadas. Existe uma estrutura interna inerente 
ao sistema, que permite aos seus membros que se comuniquem de acordo com as 
regras estabelecidas de maneira implícita ou explícita. 
A instituição familiar é marcada pelos acordos que permeiam a convivência em 
diferentes níveis. Esta organização se estrutura a partir dos subsistemas, os quais 
configuram a forma como os membros de uma família se organizam, considerando o 
tipo de relação e vinculação estabelecida entre eles. (RÍOS-GONZÁLEZ, 2009) 
Um subsistema familiar pode ser entendido como um grupo de membros de um 
sistema comum no qual é estabelecida uma comunicação diferente da utilizada no 
sistema principal. (Ríos-Gonzáles, 2003; Nichols & Schawartz, 2007; apud PRÁ D; 
2013). 
Todo subsistema familiar possui atribuições de suas funções e necessidades 
específicas. Sendo assim, os sistemas e subsistemas familiares devem ser 
suficientemente estáveis para manter a continuidade e flexíveis o bastante para 
acomodarem-se às mudanças contextuais e evolutivas que acompanham a família ao 
longo da vida (Nichols & Schawartz, 2007 apud PRÁ D; 2013). 
 
 
9 
 
Fonte:psicologiasdobrasil.com 
A qualidade em que se encontra a família está pertinente com o processo 
saúde/doença. Uma família que funciona de forma adequada ou inadequadamente 
pode contribuir para o crescimento de problemas em relação à saúde ou resistir ao 
seu efeito. Quando a família desenvolve uma enfermidade ou problema de saúde, 
afeta diretamente seu funcionamento. A família é o primeiro espaço vital e arcabouço 
das produções humanas. (BALTAZAR & BALTHAZAR 2006). 
O desenvolvimento de uma família pode ser observado pelos sucessivos atos 
que sucedem através das gerações e suas repercussões no ciclo vital. Por meio da 
reprodução as famílias seguem aumentando e mantendo a origem de seus ancestrais. 
A família é uma constituição que se pode designar como organismo vivo que 
opera através de padrões transacionais (que passam de geração a geração), os quais, 
ao se repetirem, estabelecem como, quando e com quem entrar em relação. 
Todo conjunto do sistema familiar possui preceitos e regras que o determinam, 
definindo o que dela faz parte ou não, bem como definindo subsistemas tais como: 
subsistema conjugal, parental, fraterno ou dos irmãos, dos avós, tios e assim por 
diante. Esses limites ou fronteiras devem ser perceptíveis, para que cada membro da 
constituição familiar saiba qual o seu papel ou função dentro da família, não 
interferindo indevidamente no papel do outro e tendo flexibilidade, para permitir o 
contato entre os membros do subsistema e os demais. (BALTAZAR & BALTHAZAR 
2006). 
 
 
10 
A transparência dos limites ou fronteiras no fundamento de uma família é um 
fator importante para o seu bom funcionamento. Nas famílias desligadas, os limites 
são muito rígidos, tornando a comunicação entre seus membros difícil. É como se 
predominasse um excesso de individualismo, sob o qual o comportamento dos 
membros não afetasse o comportamento dos demais. 
Em decorrência do mau funcionamento da família, é evidente um resultado 
frequente sobre os filhos que são adolescentes e carentes de cuidados, que começam 
a apresentar problemas em casa, na escola, uso abusivo de álcool e drogas. Nesses 
casos, a omissão da família não ajuda, e as consequências acabam por aumentar. 
 
Como exemplo temos outra situação que é de funcionamento problemático, 
devido a lacuna que deixam pela à falta de clareza nas fronteiras familiares, acontece 
nas chamadas famílias aglutinadas. Esse tipo de família, caracterizam-se por um 
emaranhamento, onde não existem diferenciações claras entre seus membros e onde 
o comportamento de um contagia e interfere de modo problemático na vida dos 
demais. 
Portanto, nessas famílias, quando se faz um movimento de diferenciação ou 
distanciamento do sistema familiar (casamento do filho, escolha de profissão, morar 
em outrolugar, grupo de amigos etc.) ele é vivenciado com uma certa dificuldade, ou 
como uma traição geradora de chantagens e sentimentos de abandono e culpa. 
RODRIGUES (2011). 
 
 
 
 
11 
 
Fonte: psicologado.com.br 
Diante de tantas situações em que acontecem por influências, é comum e 
também natural que a família adoeça e, então, entre no chamado estado 
"disfuncional". 
Uma família disfuncional é aquela sob o qual as necessidades materiais, 
sociais, espirituais, afetivas e culturais deixam de funcionar corretamente, 
respondendo às exigências internas e externas de mudança, padronizando seu 
funcionamento. Isso geralmente ocorre quando os membros da 
estrutura familiar deixam de contribuir para que o ambiente seja positivo. (BALTAZAR, 
2004). 
Nesse sentido, as relações tornam-se cada vez mais frágeis e desgastadas, 
não deixando alternativas, podemos dizer que existe um bloqueio no processo de 
comunicação familiar. Por mais doentio que possa parecer, este comportamento tem 
que ser mantido nem que para isso seja eleito um membro para "ser" ou "ter" o 
problema. 
Os sintomas identificados no paciente constituem a expressão de uma 
disfunção familiar e tratar apenas do paciente identificado somente iria 
desfocar o problema, sem considerar as inter-relações que se estabelecem 
no grupo. (BALTAZAR, 2004). 
https://www.psicologo.com.br/blog/como-melhorar-o-relacionamento-familiar/
 
12 
2 O DESENVOLVIMENTO PSICOLÓGICO DA CRIANÇA NO CONTEXTO DA 
FAMÍLIA. 
 
Fonte: revistacrescer.globo.com 
Atualmente, as crianças em idade escolar passam mais tempo longe de casa 
do que antes. Contudo, o lar e as pessoas que ali convivem continuam sendo a parte 
mais importante de seu mundo. A maioria dos pais continuam oferecendo apoio e 
sendo amorosos com seus filhos. 
 De uma maneira geral, as crianças buscam em seus pais afeto, orientação, 
laços seguros e duradouros, além de afirmação de competência ou valor pessoal. 
Depois dos pais, os avós são os mais importantes, considerados pessoas calorosas, 
fonte de apoio e carinho, promovendo a autoestima. 
À medida que as vidas das crianças mudam, também muda a relação entre 
elas e os pais. Muitos pais se perguntam até que ponto devem se envolver com a vida 
escolar das crianças. Eles se perguntam o que fazer em relação a uma criança que 
se queixa do professor ou se comporta mal na escola. Eles se preocupam onde e com 
quem estão as crianças quando não estão na escola. Discórdias muitas vezes surgem 
em relação às tarefas domésticas e mesadas. (ANGELIM 2005). 
Evidentemente, muitas dessas questões são irrelevantes nas sociedades em 
que as crianças têm que trabalhar para ajudar a família a sobreviver. Para 
compreender o estado psicológico da criança na família precisamos observar o 
 
13 
ambiente familiar sua estrutura e sua atmosfera; mas isso, por sua vez, é influenciado 
pelo que ocorre fora de casa. 
Importante lembrar, que os fatores externos podem influenciar diretamente o 
ambiente familiar. Entre esses fatores, podemos citar a profissão e a condição 
socioeconômica dos pais, além das tendências da sociedade como divórcio e um 
possível segundo casamento. Acima dessas influências encontram-se valores 
culturais mais importantes que definem ritmos da vida familiar e papéis dos membros 
familiares. 
Os diversos grupos étnicos têm estratégias adaptativas diferentes, padrões 
culturais que promovem a sobrevivência e o bem-estar do grupo e afetam o modo de 
socialização das crianças. As crianças de algumas famílias minoritárias são 
estimuladas a cooperar, compartilhar e desenvolver interdependência. Os papéis 
sociais tendem a ser mais flexíveis. 
Em função da necessidade econômica, os adultos dividem o sustento da 
família, e as crianças acabam por assumir responsabilidades pelos irmãos mais 
jovens. A família maior (que abrange diversas gerações, formadas não apenas pelos 
pais e filhos, mas também pelos parentes mais distintos: avós, tias, tios e primos) 
oferece laços íntimos e fortes sistemas de apoio. Esses parentes têm maior 
probabilidade de viver na mesma casa que a criança, interagindo diariamente com 
ela. (ANGELIM 2005). 
Esses padrões culturais influenciam os padrões de desenvolvimento 
psicológico das crianças; os pais na família extensa tornam-se cada vez mais 
importantes para as crianças mais velhas como uma ponte para o mundo social 
externo. Ademais, uma criança em aprendizado deve sempre ser observada à luz de 
suas diferenças culturais, uma vez que cada uma tem a sua específica. 
Segundo as palavras de Haurin, “o ambiente no lar de uma criança tem dois 
componentes principais. Existe a estrutura familiar: se os dois pais ou apenas um, ou 
outra pessoa, está criando a criança. Ambos os fatores têm sido afetados pelas 
mudanças na vida familiar”. (HAURIN, 1992, apud ANGELIM, 2005) 
As crianças geralmente se saem melhor na escola e têm menos problemas 
emocionais e comportamentais quando crescem em uma casa mais intacta com dois 
pais harmoniosos. 
 
14 
 
Fonte: exame.com 
A influência mais importante do ambiente familiar no desenvolvimento de uma 
criança é a atmosfera social e psicológica na família: isto é, o ambiente de apoio e 
amor ou movido por conflitos, e se é bom ou mau, ou não. Frequentemente, os dois 
aspectos são interdependentes. ANGELIM (2005). 
Um aspecto significativo da atmosfera no lar é a condição socioeconômico da 
família, a qual reflete em grande parte o trabalho remunerado que um ou ambos os 
pais realizam. O emprego dos pais tem outros efeitos indiretos no ambiente familiar e, 
portanto, no desenvolvimento psicológico dos filhos. A maior parte do tempo de 
esforço e afeto do adulto é dedicada à profissão. 
3 A FAMÍLIA E AS ORIGENS DO SINTOMA 
O estudo da família e sua importância na estruturação de sintomas em seus 
membros têm sido abordados por vários estudiosos que acreditam que as condições 
nas quais ocorre o desenvolvimento da criança determinam uma embaraçada série 
de relações intersubjetivas, estruturadoras de redes de fantasias e de significados que 
só podem ser corretamente avaliadas se incluídas em uma psicodinâmica familiar. 
(BALTHAZAR M, 2006) 
 
15 
Ao transmitir conhecimento para os filhos, os pais agem de acordo com as 
possibilidades psicológicas reais que possuem, determinadas pelos respectivos 
traços de caráter, que configuram a cultura e a ideologia da família. Desta forma, os 
filhos incorporam esses ensinamentos também segundo as variantes impressas em 
sua personalidade pelos acontecimentos que lhes cabem vivenciar e em 
conformidade com os mecanismos de defesa que vão elaborando a partir das séries 
complementares, e também um considerável peso recebido de seus progenitores. 
Devemos então nos atentar ao fato de que a família tem a responsabilidade 
tanto para o bem, quanto para o mal da criança e do adolescente. Acerca das 
enfermidades causadas pelo mal comportamento da família, Soifer nos diz que o 
papel de "bode expiatório" que recai sobre algumas crianças, representa uma 
aprendizagem, que seus progenitores não puderam completar no momento evolutivo 
correspondente. (SOIFER, 1982) 
No mesmo sentido corrobora Pichon Rivière: 
O mecanismo de depositação como o entrejogo que se dá entre o 
depositante, o depositado e o depositário. O depositado são os afetos, 
fantasias e imagens que cada pessoa (depositante) coloca sobre o outro 
depositário. Investigou, além disso, seguindo este ponto de vista, o papel do 
bode expiatório, pessoa sobre a qual convergem as depositações de toda a 
família a qual, por seu turno, se encarrega do depositado. O bode expiatório 
constitui, portanto, o porta-voz da enfermidade familiar. (PICHON RIVIÈRE 
1982, apud, BALTAZAR, 2066) 
Quando se tem uma incidência da família na enfermidade da criança, torna-se 
dificultoso classificar os membros doentes dentro dela. Contudo, é possível o 
reconhecimento dos mesmos através deum profundo estudo. No âmbito das relações 
familiares, o indivíduo acometido por tais enfermidades irá registrar uma gama de 
sentimentos inconscientes e desconhecidos que podem ter efeitos prejudiciais e 
inibidores, que guardam segredos e mitos de família. 
Os segredos podem pertencer a um membro da família; ou, tacitamente, 
compartilhados com outros, ou, inconscientemente, endossados por todos os 
membros da família, frequentemente de geração para geração, até se tornarem um 
mito. 
 
Quando falamos de segredos de família, fazemos uma distinção entre aqueles 
que são reconhecidos como fatos reais por um membro da família que os esconde 
 
16 
dos demais, e aqueles que não tem base real, mas surgem de fantasias. (BALTAZAR, 
2006) 
Mesmo quando não existem os fatos reais guardados em segredo, alguns 
sentimentos como por exemplo o ciúme, a rivalidade, e o ódio, levam à uma suposta 
criação de fantasias, as quais, por não poderem ser expressas, tornam-se segredos. 
Esses segredos podem ser transmitidos subconscientemente por pais e filhos através 
de gerações e muitas vezes não são fáceis de distinguir dos mitos familiares. 
Foi através destes conceitos, que se desenvolveu a ideia do “bode expiatório" 
como a pessoa sobre a qual convergem as "depositasses“ da família. Este ”bode 
expiatório” constitui-se o porta-voz da enfermidade familiar. Sob este prisma, a 
necessidade de realizar um diagnóstico familiar torna-se proeminente. 
Para entendermos uma dinâmica familiar e a rede de fantasias que nela se 
estrutura, é preciso ter em mente quais são as dificuldades internas que um indivíduo 
terá que vivenciar ao constituir uma família, ao conceber uma criança e cuidar do seu 
desenvolvimento. 
No livro Análise da Fobia de um Menino de Cinco Anos, Freud nos mostra a 
importância da intervenção, e nos orientou como as atitudes dos pais, conscientes ou 
inconscientes, podem interferir na formação de um sintoma na criança. A análise deste 
caso mostra como os sintomas do pequeno Hans foram interpretados como resultante 
de conflitos edípicos não resolvidos de seus pais. Além de sua própria situação 
edípica, ele deveria estruturar-se defensivamente também em relação aos conflitos 
parentais sobre ele projetados. (FREUD, 1969 apud BALTAZAR, 2006) 
O entrelaçamento do sintoma da criança junto as fantasias parentais, fazem 
com que o psicanalista e/ou psicólogo ouçam diferentes demandas e discursos sobre 
a criança, de forma que o possibilita fazer um deslocamento entre a demanda dos pais 
e o sintoma da criança. 
Poderíamos dizer que essa prática é marcada pela dependência estrutural da 
criança em relação aos seus cuidadores primários, fazendo com que o 
desconhecimento desse "nó sintomático" torne inviável o tratamento da criança. 
A criança procura responder ao enigma dos significantes obscuros propostos 
pelos adultos identifica-se ao que julga ser objeto do desejo materno, 
tentando preencher a falta estrutural do Outro e evitar a angústia de castração 
(MANONNI, [et al] 2001, apud BALTAZAR,2006). 
 
17 
Ainda em relação ao livro “Análise de uma fobia de um menino de 5 anos” (Caso 
do Pequeno Hans), pós-escrito em 1922, Freud reforça a ideia de que, ao indicar uma 
função da especificidade da criança, ou seja, do fato de os pais, exercerem uma forte 
influência sobre ela, é necessário combinar o tratamento psicanalítico da criança com 
algum trabalho efetuado com os pais, sob o risco de a análise se tornar inviável caso 
haja resistência destes. (FREUD, 1969 apud BALTAZAR 2006). 
4 O PROCESSO DE COMUNICAÇÃO NO SISTEMA FAMILIAR 
 
Fonte:eusemfronteiras.com.br 
É de extrema importância entender a comunicação como manifestação 
característica do sistema familiar e como determinante das relações familiares 
subjacentes a esse processo. 
É fundamental considerar o mecanismo de feedback, isto é, mecanismo de 
retorno ao ponto de origem da resposta do destinatário da informação, o que tem como 
consequência manter ou alterar o conteúdo da comunicação por parte do emissor. 
Neste sistema de comunicação, admitimos que pode não haver coincidência entre o 
conteúdo da comunicação (mensagem) emitido pela fonte e a mensagem 
percepcionada pelo destinatário da comunicação. 
 
 
 
18 
 
Isso ocorre devido às barreiras e obstáculos na comunicação que dificultam a 
compreensão do processo familiar e, por vezes, contribuem para a instabilidade e o 
desequilíbrio do sistema. (DIAS 2011). 
É importante a existência de comunicação entre todos os membros da família, 
pois a influência principal na vida moral dos filhos é essencialmente exercida pelos 
pais, sobretudo das crianças mais novas. 
Esses bloqueios podem resultar das habilidades de comunicação do remetente 
e do receptor, como eles codificam e decodificam as mensagens e sua capacidade de 
raciocinar sobre seu conteúdo. 
A família é, então, um espaço privilegiado para a elaboração e aprendizagens 
de dimensões significativas de interação e comunicação onde as emoções e afetos 
positivos ou negativos vão dando corpo ao sentimento de sermos quem somos e de 
pertencermos àquela e não a outra família. Desta forma, o processo de comunicação 
na família sendo um sistema interativo onde o comportamento de cada indivíduo é 
fator e produto do comportamento dos outros, os resultados finais dependem menos 
das condições iniciais e mais do processo comunicativo. (DIAS 2011). 
A família passa por um processo de desenvolvimento, que engloba a 
diferenciação estrutural, com mudanças na organização relacional e transformações 
da comunicação. Durante este processo comunicativo há elementos que dão 
consistência às relações, e outros que transformam e dão origem a mudanças, sendo 
que no decurso das interações não há processos unilaterais, as relações são sempre 
bilaterais ou múltiplas. 
Portanto, a comunicação apresenta-se como fator determinante para facilitar 
as relações entre os membros da família e o meio social. 
 
 
19 
 
Fonte: porvir.org 
O exercício de comunicação estabelece uma relação, e, nesse sentido exige 
treino, reflexão, aprendizagem, prática e sobretudo uma série de atitudes e 
comportamentos que envolvem as palavras, o sentido compreensivo e lógico da 
estrutura, mas também os gestos e toda a linguagem do corpo. Estamos diante de um 
conceito transdisciplinar que traz valor agregado principalmente às Ciências Humanas 
e Sociais. 
Neste contexto, depreendemos que comunicar subentende-se relação, 
promove capacidade de expressão que, para além de quebrar a solidão, é ligado a 
outrem, é satisfação das necessidades de ordem intelectual, afetiva, moral e social, 
constituindo uma componente essencial da vida de cada um em particular e em geral 
de todo o sistema familiar. 
Se considerarmos o indivíduo como um sistema individual auto organizado, o 
mesmo é dizer que se constrói na relação que estabelece com os outros. Visto que a 
relação caracteriza e expressa o sistema familiar, os sujeitos que dele fazem parte 
encontram-se num processo de comunicação constante, ao qual não podem subtrair- 
se. (DIAS, 2011) 
Com efeito, podemos dizer que na relação familiar, os membros que interagem 
se situam num plano sistêmico e interativo de comunicação o indivíduo está 
permanentemente a fazer trocas entre o sistema familiar e o meio que o envolve 
cultural e socialmente, neste caso a família e a sociedade. 
 
20 
Desta forma, o processo de comunicação no sistema familiar conduz o 
indivíduo à adaptação social, caso contrário a relação familiar se tornaria 
insustentável, e a possibilidade do fracasso da sua integração no sistema familiar e 
no sistema social poderiam acontecer. Portanto, o sistema familiar pode facilitar as 
trocas adaptativas ajustando as mudanças que se dão no meio ambiente. 
A comunicação torna-se assim parte integrante do indivíduo na família e na 
sociedade. Como a família é a primeira instituição afacultar as relações o modo como 
nela se desenvolve os processos de comunicação determinará o maior ou menor 
sucesso do desenvolvimento pessoal e social dos seus membros e, 
consequentemente, a integração na sociedade. (DIAS, 2002 apud DIAS M, 2011). 
5 ADOLESCÊNCIA E FAMÍLIA 
A família é a “célula mater”, da sociedade, ou seja, o início da formação do 
indivíduo seja ela por carga genética, psíquica ou moral. Entretanto, vivemos 
numa sociedade denominada filosoficamente de pós-moderna, e muitas 
visões sobre o que é o “certo e errado” tem gerado certas tensões, ora 
convergentes, ora divergentes, e nesse conflito, como a família tem se 
apresentado em meio a essa turbulência? (TORRES, 2007, apud OLIVEIRA 
2015) 
A adolescência é um período de transição pessoal, da infância à idade adulta, 
que se desenvolve de um estado de forte dependência para um estado de autonomia 
pessoal e de uma condição de necessidade de controle externo para o autocontrole, 
sendo marcado por mudanças evolutivas rápidas e intensas nos sistemas biológicos, 
psicológicos e sociais. 
Nesse período evolutivo, crucial para o desenvolvimento do indivíduo, culmina 
todo o seu processo de maturação biopsicossocial, ocorrendo a aquisição da imagem 
corporal definitiva, bem como a estruturação final da personalidade, (DRUMMOND [et 
al], 1998, apud SANTOS; PRATTA 2007). 
Em geral, em nossa sociedade, a adolescência não é mais a condição de 
crianças, mas também não dever ser a condição de adultos. Esta é a condição de um 
adolescente, temporariamente selado. 
A construção psicológica do adolescente leva em consideração sua história 
pessoal, bem como suas novas habilidades sexuais, cognitivas e sociais. A história 
familiar do menor não se inicia na adolescência, está presente antes mesmo da 
infância, durante a gravidez planejada ou não. 
 
21 
Dependendo das características da família, várias características do 
adolescente irão emergir, considerando-as não apenas no nível interno do 
adolescente, mas também no nível de sua relação com o meio externo. 
Do ponto de vista sistêmico, a adolescência é entendida como uma fase do 
ciclo vital familiar, evento previsível que afeta fortemente a estrutura de vida, e 
apresenta tarefas específicas relacionadas à vida familiar para todos os membros da 
família. 
É importante que todos os membros familiares entendam o que acontece nas 
unidades interligadas, facilitando assim a construção de pensamentos pessoais 
importantes. Isso significa uma responsabilidade pessoal de escolher um caminho de 
vida. 
A adolescência favorece as condições necessárias para a emergência de uma 
série de problemas e conflitos dentro do contexto familiar, acentuando-se a frequência 
das brigas disputas entre pais e filhos durante este período, uma vez que a 
necessidade de negociação constante, inerente a esta etapa, aumenta o potencial de 
conflitos entre as gerações. 
Esse período tem sido descrito desde Anna Freud como conflitivo, como uma 
crise de identidade por Erickson e tem a denominação universal de tempestade e 
estresse. (SANTOS; PRATTA, 2007). 
As características do desenvolvimento psicossocial que ocorrem paralelamente 
às modificações do corpo são agrupadas no que Maurício Knobel denominou 
síndrome normal da adolescência. A adolescência é assim um conceito relativo a um 
processo e o adolescente é o sujeito que está vivenciando esse processo. 
Denomina-se síndrome normal da adolescência o conjunto de sinais e 
sintomas que caracterizam esta fase da vida que são: 
 Busca de si e da identidade 
 Tendência grupal 
 Necessidade de fantasiar e intelectualizar 
 Crises religiosas 
 Deslocamento temporal 
 Evolução sexual do autoerotismo até a heterossexualidade 
 Atitude social reivindicatória 
 Contradições sucessivas em todas as manifestações de conduta 
 
22 
 Separação progressiva dos pais 
 Constantes flutuações do humor e do estado de ânimo. 
 
A adolescência afeta o ciclo e o estilo de vida mais do que qualquer outra fase 
da vida, pois desestabiliza o sistema e causa ajustes mais profundos para manter os 
relacionamentos que envolvem a saúde mental dos membros. 
Quando um grupo familiar possui um filho adolescente, o grupo como um todo 
parece adolescer. Os pais vivenciam sentimentos variados em decorrência da 
adolescência de seus filhos e as respostas que são capazes de dar aos adolescentes 
estão condicionadas à forma pela qual os mesmos resolveram o seu processo 
adolescente, ao nível de integração que têm como casal e a sua capacidade de 
adaptação às redefinições que esta situação implica. (CRUZ 2007). 
O estresse e a tensão normais provocados na família por um adolescente são 
exacerbados quando os pais sentem uma profunda insatisfação e são compelidos a 
fazer mudança em si mesmos. O que muitas vezes se cria é um campo de demandas 
conflitantes, em que o estresse parece ser transmitido para cima e para baixo entre 
as gerações. 
Por serem tão intensas, as demandas adolescentes frequentemente precipitam 
mudanças no relacionamento entre as gerações, fazendo aflorar conflitos não 
resolvidos entre pais e avós (dos adolescentes), em sua infância ou adolescência. 
O conflito entre os pais e os avós pode ter efeito negativo sobre o 
relacionamento entre os pais e os adolescentes. O impasse também pode ocorrer em 
direção oposta: um conflito entre os pais e o adolescente pode afetar o relacionamento 
conjugal, o que acaba prejudicando o relacionamento entre os pais e os avós. (CRUZ 
2007). 
Os pais, além de reavaliar e analisar sua adolescência, enfrentam novas etapas 
em seu ciclo vital, o que suscita novas preocupações: a perda do corpo jovem e a 
aproximação da aposentadoria e da velhice. Nessa fase, a família também se adapta 
às novas necessidades de seus membros, que entram em novos estágios do ciclo de 
vida. 
Os pais enfrentam questões maiores, como a “crise do meio da vida” de um ou 
ambos os cônjuges, com exploração das satisfações e insatisfações pessoais, 
profissionais e conjugais, ao mesmo tempo em que os avós passam pelas 
experiências da aposentadoria e possíveis mudanças, como doença e morte. Os pais 
 
23 
podem ter de se transformar em cuidadores de seus próprios pais ou ajudá-los a 
integrar as perdas da velhice. (CRUZ 2007). 
Com o rápido crescimento físico e maturidade sexual durante a puberdade, os 
movimentos que buscam fortalecer a identidade e estabelecer autonomia da família 
são acelerados. Para muitos pais, a percepção de que seu filho está se transformando 
em um adolescente ocorre apenas quando percebem as mudanças físicas que 
ocorreram na criança. O desenvolvimento psicossocial não é levado em consideração 
Há muitas queixas associadas aos comportamentos dos filhos porque estes 
não são entendidos como devem no período da adolescência, mas sim percebidos 
como uma característica de má criação criação dos filhos (comportamentos não 
aprovados). Muito frequentes são as queixas quanto à instabilidade de 
comportamento, indisciplina, rebeldia dos filhos. 
É comum que o adolescente tente descobrir novas direções para sua vida, e 
quando isso ocorre, vem também a possibilidade de questionar a ordem familiar já 
existente. O ambiente e a dependência que experimentam criam tensão e 
instabilidade nas relações familiares, muitas vezes levando a conflitos intensos e 
possivelmente crônicos. 
 Os adolescentes, no esforço para abrir seu próprio caminho, recorrem a 
ataques de raiva, se retraem emocionalmente por trás de portas fechadas, buscam 
apoio nos avós e/ou apresentam intermináveis exemplos de amigos que têm mais 
liberdade. (CRUZ 2007). 
O adolescente quer independência, mas também precisa de limites. Por outro 
lado, há muitos pais que compreendem a adolescência como um processo na vida do 
filho, agindo como facilitadores da vivência deste processo, ou seja, mantendo postura 
de diálogo, de abertura para com o filho. 
Muitospais atuam com rigidez intensa frente a seus filhos, gerando conflitos. 
Outros atuam com permissividade extrema, deixando de orientar o filho num momento 
tão importante como este, de estruturação da personalidade. Na adolescência, a 
evolução da dependência absoluta da infância à autonomia adulta pode ser um 
momento doloroso para pais e filhos. Muitas vezes, os pais sentem um vazio quando 
os adolescentes se tornam mais independentes, pois percebem que não são mais 
necessários como antes, e dessa forma, vem o sentimento de perda (perda da 
criança) e medo de abandono. (CRUZ, 2007) 
 
24 
Em algumas situações, os pais podem vir a demonstrar dificuldades em lidar 
com a perda da dependência do filho, e em decorrência disso, apresentar um quadro 
depressivo. Da mesma maneira, o adolescente precisa lidar com a perda do eu infantil 
e da família como fonte primária de afeto. 
A perda desse primeiro vínculo romântico também pode desencadear a 
depressão no adolescente. Esse duplo movimento de luto do qual participam pais e 
filhos foi denominado por Stone e Church como síndrome da ambivalência dual. 
(CRUZ 2007). 
A adolescência exige mudanças estruturais e renegociação de papéis na 
família, e unidades que protegem e nutrem os filhos. Desta forma, as famílias passam 
a ser o centro de preparação para a entrada do adolescente no universo das 
responsabilidades e dos compromissos do mundo adulto. 
A família constitui fronteiras mais flexíveis, permitindo aos adolescentes que se 
aproximem e sejam dependentes nos momentos em que não conseguem manejar 
suas vidas sozinhos, e, ao mesmo tempo, se afastarem experimentando desafios, 
com graus crescentes da independência, quando estão prontos, exigindo esforços 
especiais de todos os membros da família. 
Para viver satisfatoriamente essa etapa da vida o adolescente deve 
cumprir aquilo que Erickson chama de tarefas do desenvolvimento: 
 Conhecer a si mesmo; 
 Adotar um papel sexual; 
 Conseguir autonomia diante da família; 
 Definir- se vocacionalmente; 
 Atingir relações interpessoais autônomas para consolidar sua 
identidade. 
Na tentativa de diminuir os conflitos gerados nesse período, muitas famílias 
continuam em busca de soluções que costumavam funcionar em estágios anteriores, 
entretanto, a flexibilidade é a chave do sucesso paras as famílias nesse estágio. Por 
exemplo, flexibilizar mais as fronteiras familiares e modular a autoridade parental 
permite maior independência e desenvolvimento aos adolescentes. (CRUZ, 2007) 
 
 
25 
6 DESENVOLVIMENTO INFANTIL E O DIVÓRCIO 
 
Fonte: dm.jor.br 
Na infância ocorrem os seguintes processos de desenvolvimento da criança: 
cognitivo, físico e mental. A primeira infância é o momento em que a criança aprende 
e se conceitua como um eu. Newcombe define que, com aproximadamente 18 meses, 
a criança já se reconhece, fazendo com que nos meses seguintes sua autopercepção 
e sentimentos sejam aprimorados. (NEWCOMBE, 1999) 
 As crianças mais velhas tendiam a se descrever com base em como percebiam 
seus corpos, quando nomeavam características observáveis e, posteriormente, 
observavam apenas características psicológicas. 
A importância da autoestima das crianças pode ser constatada na literatura, 
pois após formarem um autoconceito, elas atribuem valores a si mesmas, o que pode 
afetar sua autoestima. 
A saúde psicológica dos pais interfere diretamente no desenvolvimento dos 
filhos, uma vez que são os pais que asseguram o emocional da criança, além de sua 
independência e comportamento no meio social. 
Em lares com pais divorciados, manter um relacionamento forte entre ex-
cônjuges será de extrema importância, pois uma boa relação entre os pais faz com 
que os filhos se adaptem melhor ao novo contexto familiar. 
De maneira geral, os filhos pequenos sofrem mais no divórcio, pois acreditam 
que são os responsáveis por ele. 
 
 
26 
O divórcio vivido na infância pode ter efeitos negativos na vida de uma criança, 
porque ao final do divórcio e a partida de um dos pais, a criança acaba privada de um 
dos genitores. 
Além do contato, que possivelmente se torna menor, a criança pode perceber 
uma perda da atenção, da figura parental e do tempo disponível. O divórcio gera um 
sentimento de insegurança nos filhos, influenciado diretamente no comportamento 
parental. A longo prazo, o desenvolvimento de uma criança exposta a esses fatores 
pode levar a dificuldades de autoestima. 
 Oaklander afirma ainda que o divórcio poderá ser o desencadeador da baixa 
autoestima na criança, demonstrando-se através de comportamentos como: chorar 
com facilidade, necessidade de vencer, trapaças, comportamentos antissociais, 
críticas a si mesmo. O divórcio pode ainda, dificultar o desenvolvimento sadio da 
criança que, se acompanhada de negligência por parte do genitor presente, eleva o 
grau de sofrimento da criança. (OAKLANDE 1980; apud GONÇALVES, 2016) 
A infância é uma fase inicial do desenvolvimento psicológico e fisiológico, 
portanto, as crianças afetadas nesta fase são suscetíveis a uma série de patologias. 
Isso é exacerbado pela ausência de um dos pais durante o desenvolvimento, o que 
pode afetar a saúde mental da criança. 
Além disso, durante o divórcio, a criança passa por muitas situações novas e 
desconfortáveis, que com o tempo podem se transformar em distúrbios psicossociais. 
Segundo Toloi, nos conflitos interparentais, lidar com o divórcio e com seus 
efeitos têm grande influência na saúde mental dos sujeitos envolvidos. As mudanças 
que ocorrem de forma rápida são decorrentes de inúmeras transformações nas 
crianças que vivenciaram o divórcio dos pais, causando impacto direto no 
funcionamento mental. (TOLOI 2006; apud GONÇALVES; 2016) 
Pais e mães divorciados encontram muitas dificuldades para manter um 
relacionamento coparental saudável, com uma maior possibilidade de envolver-se em 
brigas, discussões e, até mesmo agressões. As crianças que assistem esses tipos de 
agressões recebem um impacto direto em sua saúde mental. 
A separação pode ser entendida como uma relação parental fracassada, 
porém, quando existem filhos, trata-se de uma relação de pais separados e de filhos 
que precisam se ajustar à nova dinâmica familiar. As mudanças em tal núcleo geram 
conflitos emocionais cabendo aos ex-cônjuges escolher a forma de vivenciar a nova 
 
27 
configuração da relação e da realidade familiar, beneficiando o filho, que continua 
existindo para ambos (GRZYBOWSKI, 2010) 
Diante de um sistema familiar, as relações possíveis são inúmeras, e as 
crianças contribuem ativamente nas interações. Cada membro da família tem um 
papel importante e influente. 
A influência da criança no relacionamento com os pais é muito importante para 
o seu desenvolvimento saudável. O surgimento de alguma mudança repentina na 
base familiar pode afetar diretamente seu desenvolvimento. Algumas das principais 
mudanças incluem: crescimento físico, desenvolvimento da linguagem, autoconceito, 
desenvolvimento cognitivo e independência. 
Martins nos relata que: 
 Devido à grande incidência de divórcios na atualidade, os efeitos para as 
crianças estão sendo potencializados, desestabilizando vínculos familiares e 
criando um novo modelo de família, a família monoparental. Entende-se que 
a separação vem afetando todas as partes envolvidas no divórcio, então, com 
o objetivo de diminuição dos danos, a psicologia, nesses casos, procura 
trabalhar as possibilidades de vínculo, favorecer a preservação da saúde 
mental dos envolvidos, principalmente da criança em desenvolvimento. A 
elaboração do divórcio, para a criança, dependerá de como ele se deu, de 
forma conflituosa ou não, de como serão estabelecidos os vínculos no 
período posterior ao divórcio, da frequência das visitas, do relacionamento 
entre os pais. (MARTINS, 2010 apud GONÇALVES 2016) 
7 PARENTALIDADE X CONJUGALIDADE: OS DESAFIOS DE COMPARTILHAR 
A CONVIVÊNCIACOM OS FILHOS APÓS O DIVÓRCIO 
O aumento dos divórcios forçou as famílias a se reorganizarem de novas 
maneiras após o fim do casamento. Com quem os filhos ficam é uma questão 
recorrente neste cenário e o motivo do conflito entre o ex-cônjuge. Com efeito, a 
separação está relacionada à vida de casado, e para que ambos possam cumprir a 
paternidade, eles precisam ter um certo relacionamento, para que o pai e a mãe 
possam estar próximos dos filhos. 
Essa discussão se faz presente, hoje, especialmente por meio da valorização 
recente por parte da Justiça da guarda compartilhada dos filhos entre os genitores, 
priorizando a participação de ambos os pais no convívio com os filhos. Porém, muitas 
vezes, os conflitos entre os membros do ex-casal permanecem e surge a pergunta se 
é possível, de fato, compartilhar o convívio com os filhos quando não se compartilham 
mais tantos outros aspectos da vida. 
 
28 
Para Dantas é de suma importância que se fortaleçam os vínculos com os 
filhos após a separação. A construção da personalidade da criança, para a 
autora, se relaciona com o momento no qual se reconhece em seus pais. Ela 
levanta a importância paternal e maternal para o desenvolvimento sadio da 
criança, já que sem relação com os pais, a criança não consegue construir 
sua própria identidade. Os momentos de ser reconhecido e se reconhecer 
precisam acontecer na relação entre pais e filhos. (DANTAS, 2004 apud 
GONÇALVES 2016), 
Diante do que foi citado acima, o contexto apresentado tem como objetivo 
investigar tanto a percepção de pais e mães sobre o exercício da parentalidade e suas 
transformações após o divórcio, bem como as diferenças envolvidas nesse processo 
entre os genitores. Os impactos da dissolução da conjugalidade na parentalidade são 
o ponto-chave nessa discussão. 
De acordo com GORIN M; (2015) então, sobre como ocorre a construção do 
casal e sobre o desejo de ter filhos, para depois podermos explorar mais 
profundamente as dificuldades do exercício da parentalidade após a separação. 
Dessa forma, nos questionamos sobre a complexidade da coparentalidade depois do 
divórcio, levando em conta que as discordâncias não cessam e que os filhos acabam 
sendo muito envolvidos nesses conflitos. As esferas conjugais e parentais se 
misturam, levando-nos a interrogar sobre as repercussões da dissolução da 
conjugalidade no sujeito e como isso transforma a experiência de ser pai e mãe. 
(GORIN, 2015) 
7.1 Do casal conjugal ao casal parental 
Na construção do casal conjugal, há negociação entre os dois indivíduos 
envolvidos, de forma que ambos precisam abandonar uma parte de seus modelos e 
ideias, mas ao mesmo tempo manter, necessariamente, outras partes de seu espaço 
psíquico. 
A partir da conjugalidade construída e constantemente investida por ambos os 
membros do casal, o nascimento de uma criança aparece como traumático para os 
pais em termos psíquicos. Isso porque novamente demanda deslocamentos de 
identificações e investimentos para os sujeitos, um novo trabalho de elaboração 
psíquica precisa ser realizado, trazendo à tona conflitos, angústias e defesas. 
(SMADJA, 2011 apud GORIN 2015). 
 
29 
Nesse contexto, a parentalidade é uma construção, implicando mudanças para 
o casal e para seus membros individualmente. Em meio a essas mudanças, o 
nascimento do filho traz novas funções para o homem e a mulher, de forma que um 
tempo de adaptação se faz necessário. Além disso, essas novas responsabilidades 
de cada um em relação à parentalidade têm repercussões na relação conjugal. 
Ziviani, Féres-Carneiro e Magalhães destacam que um casal engloba 
conteúdos psíquicos de dois sujeitos com histórias e vivências distintas. O 
conteúdo transgeracional e as identificações de cada membro do casal são 
oriundos de sua família de origem e levados para a formação da identidade 
conjugal. Para os autores, conciliar a conjugalidade e a parentalidade é um 
dos grandes desafios e torna o vínculo indissolúvel, pois a dissolução do 
casamento não acarreta na dissolução do casal parental. Isso significa que a 
responsabilidade, em relação à prole, constitui uma continuidade de vínculo 
em relação ao cônjuge. (ZIVIANI [et al] 2012, apud GORIN 2015) 
 
Assim, a introdução de uma criança entre os dois parceiros é um acontecimento 
complexo. Smadja destaca as diversas facetas envolvidas no desejo de um casal 
conjugal de ter filhos. Para o autor, esse desejo é ambivalente para todos, e envolve 
não apenas investimento no objeto, mas investimento narcísico também. O que 
poderia levar a inúmeros questionamentos, como, por exemplo, se o desejo é ter um 
filho para si ou ter um filho do parceiro e, em última instância, se é possível separar o 
próprio desejo do desejo do outro. (SMADIA, 2011, apud GORIN 2015) 
O autor destaca que o desejo de ter filho é marcado de forma central pela 
diferença entre os gêneros. Para as mulheres, de forma geral, o filho aparece como 
complemento narcísico e fálico. Além disso, o filho ocupa um lugar erótico, relacionado 
à fantasia da experiência de maternidade, que se relaciona ao desejo incestuoso de 
ter um filho do pai. 
 É comum para homens e mulheres que os filhos ocupem um lugar de 
interrogação no que diz respeito aos objetos de investimento e seu espaço 
no funcionamento conjugal. O complexo de Édipo e o narcisismo, com suas 
marcas na constituição psíquica, orientam as possibilidades subjetivas no 
processo de tornar-se pai e mãe, com toda a história familiar e individual que 
acompanha o sujeito. (SMADJA, 2011 apud GORIN M; 2015). 
7.2 A dissolução do casal conjugal: como permanecer um casal parental? 
O conceito de parentalidade se refere a um tornar-se pai e mãe, consciente ou 
inconsciente, que passa pela história da família e pelo contexto sociocultural. 
 
30 
A respeito do processo de construção da parentalidade, Lebovici descreve o 
ser pai ou mãe para além do biológico, ressaltando a descendência e o herdado da 
família, o que o sujeito transmitirá intergeracionalmente. “Assim, defino a 
parentalidade como o produto do parentesco biológico e da parentalização do pai e 
da mãe”. Em relação à parentalização, este autor aponta que os filhos têm um papel 
ativo nesse processo. (LEBOVOCI, 2006, apud GORIN, 2015) 
A construção da parentalidade envolve elaborá-la no imaginário e lidar com os 
próprios pais. Nos casos de famílias recompostas, esse processo é ainda mais 
complexo. É a partir dessa concepção que refletiremos sobre a parentalidade e o 
divórcio. 
Após o divórcio, há um término do casal conjugal, porém, caso existam filhos, 
o vínculo como casal parental deve continuar. Isso se justifica, porque, 
independentemente do arranjo conjugal, os genitores permanecerão nos papéis de 
pais dos filhos. 
Quando duas pessoas se casam, há a construção de uma nova identidade. 
Essa identidade conjugal se desfaz aos poucos no divórcio, demandando uma 
redefinição da identidade individual de cada um dos membros do ex-casal. Esse 
processo é doloroso tanto para o homem quanto para a mulher e acontece de formas 
singulares. É um desafio para ambos, em meio aos conflitos e às mudanças, continuar 
a ser pai e mãe. (FÉRES-CARNEIRO, 2003 apud GORIN, 2015). 
Na fase de reorganização da identidade individual, exercer a parentalidade de 
forma conjunta torna-se complexo. O vínculo que uniu o casal e os sentimentos 
antigos e atuais estão atrelados, inevitavelmente, à parentalidade, sendo difícil 
dissociá-los. Além disso, destacam que a ligação entre os genitores e os filhos antes 
e depois do divórcio, especialmente em relação à presença do pai, marca a 
coparentalidade, em função do, não raro, afastamento da figura paterna. 
Os homens estão cada vez mais participativos no cuidado com os filhos, 
envolvendo trocas emocionais e afetivas nas relações. Porém, ao longo desses 
processos de reorganização familiar, as mulheres, ainda que se sintam satisfeitas com 
a maternidade,sentem o peso das responsabilidades do excesso de tarefas no dia a 
dia com filhos, casa e trabalho. 
A coparentalidade após o divórcio depende da cooperação entre os ex-
cônjuges. É importante que os pais possam negociar entre eles, as questões 
relacionadas ao cuidado com os filhos, apesar de estarem separados. Especialmente 
 
31 
em um momento conflituoso, isso se torna mais difícil, visto que conjugalidade e 
parentalidade ficam sem um contorno que as delimitem. Dessa forma, a 
reestruturação da família deve ser inspirada pelo casal parental e não pelo conjugal. 
7.3 A importância familiar para a reestruturação da criança após a separação 
A família é o primeiro grupo ao qual a criança pertence e é a partir dele que 
surgem inúmeros tipos de vínculo que poderão interferir na formação da identidade 
do sujeito e também na sua modalidade de aprendizagem, cuja formação se dará de 
acordo com seus primeiros contatos no âmbito familiar. Nesse sentido, a família, em 
um primeiro momento, comporta toda a referência da criança e é a responsável pela 
sua formação. 
A família, como sistema, tem a função psicossocial de proteger, cuidar e zelar 
por seus membros. A sua estrutura é formada pelas normas transacionais 
que se repetem e, assim, criam sua identidade, compartilhando e repassando 
histórias e vivências passadas. Com a separação, a divisão da família ocorre, 
sua estrutura é prejudicada e os vínculos familiares empobrecidos (ALMEIDA, 
2011 apud GONÇALVES; 2016). 
De modo geral, a família pode ser compreendida como um grupo de pessoas 
que moram junto e desenvolvem laços afetivos e/ou sanguíneos. Ela é também a base 
do sujeito, já que ao nascer é inserido em grupos familiares, garantindo sua 
sobrevivência e aprendendo determinados valores. 
Nos dias atuais, com a sua reestruturação, pode haver famílias com só um dos 
genitores, ou genitores do mesmo sexo, uma família adotiva, entre outras, 
dependendo da nova organização feita. Sendo assim, no período posterior ao divórcio, 
a família passa também pela mudança no seu núcleo. 
 Santos fez a seguinte construção em relação às fases que ocorrem após o 
divórcio: 
 Fase aguda: a fase pré-divórcio, na qual ocorrem as brigas, discussões, 
insatisfação com o outro e evidente frustração, na maioria das vezes, é 
vivenciada também pela criança. 
 Fase transitória: o divórcio já foi consolidado, e agora ocorrem as 
reorganizações de papéis, as novas normas e regras, entre pais e filhos. 
 Fase do ajuste: aceitação do divórcio, fase em que ocorre a restauração 
tanto de pais quanto de filhos, consolidando novas visões e podendo ser 
 
32 
inserido novo integrante ao âmbito familiar. (SANTOS, 2013, apud, 
GONÇALVES, 2016) 
 
Com a separação dos pais, é possível que ocorra um distanciamento desses 
em relação aos filhos. Após o divórcio pode ainda ocorrer a briga pela guarda da 
criança, colocando mais distanciamento à vinculação familiar pós-divórcio. 
Neste contexto, a criança precisa reconstruir as figuras paterna e materna após 
a separação, ressignificando as vivências e experiências passadas. Após a mudança 
grandiosa que é a saída de uma das figuras parentais de casa, é preciso se adaptar 
a uma moradia onde as coisas serão diferentes. É de grande importância para a 
estruturação da criança que esses ambientes sejam, em alguma medida, parecidos, 
compartilhando das mesmas regras, deveres e rotina (GRZYBOWSKI 2010, apud 
GONÇALVES, 2016). 
As crianças mais jovens, costumam ter maiores dificuldades de entender e 
simbolizar a separação, e estão mais propensas a se culparem e sentirem 
abandonados pelos pais. 
Nas palavras de Ramires: 
Junto com a mudança estrutural familiar existem as externas, como mudança 
de casa, nível econômico social, perda do contato com a outra parte. Na 
separação, o ideal seria que a família se subdividisse em busca de um 
relacionamento saudável, principalmente para melhor relação com os filhos. 
(RAMIRES, 2010; apud GONÇALVES 2016) 
A alteração do núcleo familiar coloca essa criança diante de fatores 
estressantes, dificultando seu ajuste ao divórcio dos pais, aumentando os níveis de 
ansiedade e depressão na criança. É importante que o relacionamento entre os pais 
esteja estável, pois com isso é possível um melhor ajustamento da criança ao divórcio. 
Após o divórcio, ocorre a readaptação da criança à nova configuração familiar, 
momento em que ela irá internalizar que o divórcio ocorreu de forma conjugal e não 
parental. Embora o casal tenha se separado, eles continuarão sendo pais da criança. 
Sabe-se que, após o divórcio, é possível ocorrer uma diminuição da qualidade da 
parentalidade com a criança, acontecendo um maior afastamento em relação aos 
filhos. Contudo, a problemática maior seria quando o filho também se torna ex-filho, 
gerando sofrimento emocional. 
Segundo Dantas: 
 
33 
É importante a figura paterna que, na maioria das separações, é quem sai de 
casa e acaba se ausentando da vida da criança. O autor coloca, na figura do 
pai, o primeiro papel de separar a criança de sua mãe, rompendo a simbiose 
e colocando-lhe limite. O segundo papel paterno seria ajudar a confirmar a 
identidade de seu filho (a) também investindo segurança e autoestima. O 
terceiro papel seria de transmitir-lhe afetos, para possibilitar melhor a 
vinculação entre ambos. (DANTAS, 2004; apud GONÇALVES 2016) 
Segundo Bolsoni, a família pode contribuir de diversas formas para que as 
crianças não sofram com o divórcio, sendo importante o diálogo e orientação realizado 
por um profissional durante tal processo, com o objetivo de minimizar os efeitos 
negativos da separação. A manutenção do diálogo entre os pais pode ajudar a criança 
a lidar com as dificuldades na transição da estrutura familiar. Se encontrada uma fonte 
de apoio nos pais, o filho pode até mesmo compartilhar seus medos e receios, 
ajudando a suportá-los. 
A parte que fica com a guarda da criança, na maioria dos casos, é a mãe. 
Durante a separação, a mãe, geralmente, passa por um período de stress e 
sobrecarga, pois em meio a dor da separação do ex-companheiro, ainda precisa 
fornecer suporte ao filho (BOLSONI, 2009; apud GONÇALVES 2016). 
A família é constituída em um campo dinâmico, no qual fatores conscientes e 
inconscientes influenciam nessa constituição. A criança sofre desde seu nascimento 
a influência dessa família, como também é um agente de mudança dentro do grupo 
familiar. Nesse grupo familiar, esta introjetado o conceito de família para cada genitor, 
influenciado pelo modo como viveram com suas famílias. A família não é estática, pois 
está sempre em movimento e transformação. Cada grupo familiar está sempre 
desejando, tendo relações objetais, lidando com suas necessidades, ansiedades e, 
por esse motivo, está sempre em movimento (ZIMERMAN, 1999; apud GONÇALVES 
C; 2016). 
Toda separação causará danos ou perdas para a criança, já que estava 
acostumada ao convívio familiar. Dessa forma, os pais estão expondo mais 
cedo a criança ao sofrimento por não ter mais a família, devido ao aumento 
do número de divórcios. O desgaste decorrente da separação dos pais que 
as crianças vivenciam as fere por diversos fatores. Mesmo nos casos em que 
os casais não se difamam ou se agridem na frente de seu filho (a), o 
sofrimento se faz presente. (SANTOS, 2013 apud GONÇALVES 2016). 
 
34 
8 ESTRATÉGIAS DE ATENDIMENTO FAMILIAR 
 
Fonte: clinicacoutinho.com 
Nas hipóteses desenvolvidas pelo profissional sobre o funcionamento do 
sistema familiar, a avaliação psicológica da família deve ser baseada como qualquer 
outro processo de avaliação psicológica. 
Os métodos de avaliação e entrevista familiar foram desenvolvidos à medida 
que diversas teorias sobre a família surgiram em diferentes paradigmas psicológicos, 
embora todos se fundamentem na hipótese da influência dos grupos sociais na 
construção do sujeito e no agenciamento de seu comportamento.A entrevista psicológica é a técnica mais antiga e a mais valiosa no contexto de 
investigação, avaliação e intervenção clínica. 
A abordagem psicodinâmica foi a primeira a desenvolver e aplicar o olhar 
clínico psicológico em uma situação de entrevistas. Autores como Freud, Adler e Jung 
apontaram para a importância do ambiente e do relacionamento familiar para a 
constituição psicológica do indivíduo. A terapia de família surgiu orientando-se 
inicialmente por dois paradigmas: a abordagem psicanalítica e a abordagem 
sistêmica. (TEODORO; BAPTISTA, 2020.) 
 
 
35 
8.1 Entrevista Circular 
A abordagem sistêmica nos trouxe a entrevista circular, técnica que permite 
interagir com a família, revelando aspectos do seu funcionamento ao focar seus 
aspectos ecossistêmicos. 
A entrevista circular refere-se a um modo específico de desenvolver um padrão 
de interação entre o terapeuta e a família. Nessa técnica, as questões são formuladas 
com o objetivo de revelar as conexões recorrentes, levando tanto a família quanto o 
terapeuta a desenvolver uma compreensão da situação problema em uma visão 
sistêmica. 
Segundo Féres – Carneiro e Diniz Neto (2012), os terapeutas sistêmicos 
do grupo de Milão esboçaram três princípios para orientar a conduta do 
terapeuta: 
Neutralidade: 
Refere –se à atitude do terapeuta de família que não se alia a nenhum membro 
específico, procurando manter-se curioso e aberto sobre os padrões de 
funcionamento. 
Circularidade: 
Denota a busca de compreensão do enlaçamento dos diversos aspectos de 
funcionamento da família que revelam a multiplicidade de olhares e vivências. 
Hipotetização: 
Refere-se à construção constante de hipóteses centradas na circularidade, 
mantendo uma atitude de curiosidade e abertura, apoiando a neutralidade. 
(CORDIOLI; GREVET 2019). 
8.2 Entrevista Familiar 
O processo de avaliação e diagnóstico da entrevista familiar é guiado pela 
orientação teórica do clínico. 
Os objetivos de uma entrevista familiar inicial incluem: 
 Identificar as variáveis familiares e individuais que podem ter influência decisiva 
na situação familiar problemática, 
 Abordar o funcionamento da família, assim como sua dinâmica e de seus 
membros; 
 
36 
 Conduzir a sessão de tratamento inicial, quando necessário, conforme 
A entrevista diagnóstica é dividida em três momentos: 
 Estágio social o profissional age criando um setting social e culturalmente 
adequado à família, possibilitando a investigação e a intervenção 
psicoterapêutica inicial. 
 Os aspectos de interação e enquadre são tão importantes quanto o ambiente 
físico, que pode ter o aspecto de uma sala de visita, com material de 
brinquedos, mesa e cadeiras para crianças pequenas caso seja necessário. 
 O rapport inicial pode incluir um tempo de conversação informal e o 
estabelecimento de relacionamento através de comunicação verbal e não 
verbal amistosa. 
Estágio de questionamento multidimensional: 
O profissional investiga o motivo da consulta tanto quanto o modo como a 
família o descreve. A apresentação da problemática inicial é frequentemente um 
estágio confortável para a família que tenderá a descrever a imagem oficial do 
problema. (CORDIOLI & GREVET 2019). 
A exploração de visões alternativas dos outros membros da família deve ser 
feita respeitosamente, buscando-se a neutralidade sistêmica. Áreas potencialmente 
problemáticas não reportadas devem ser investigadas pois podem relacionar-se 
retroativamente com as dificuldades da família na área da queixa. 
A resistência em explorar outras áreas talvez esteja presente e surja na forma 
de convite à aliança com o terapeuta ou com a injunção para que ele aplique soluções 
preestabelecidas para o problema. 
É importante evitar confronto, já que a resistência pode ser compreendida como 
a comunicação silenciosa de áreas problemáticas de tensão que estão acima da 
possibilidade de manejo da família. A abordagem de áreas problemáticas deve ser 
realizada com cuidado e respeito, apontando-se a necessidade de compreender 
amplamente o problema e de demonstrar que o ponto de vista de todos é importante. 
(CORDIOLI & GREVET (2019). 
 
 
 
 
 
 
37 
Desenvolvimento: 
 
Diversas técnicas podem ser utilizadas para explorar a estrutura, o 
desenvolvimento e as questões emergentes do ciclo familiar. Elas correspondem às 
condições nas quais se realiza a entrevista, bem como à orientação teórica e à 
habilidade técnica do entrevistador. 
Féres – Carneiro e Diniz Neto ao estudar os métodos de avaliação familiar, 
propõe a classificação em métodos objetivos, subjetivos e mistos, apontando, ainda, 
a possibilidade de utilização de testes psicológicos que por sua constituição, poderiam 
ser adequadamente utilizados em processos de atendimento familiar. (2012 apud 
CORDIOLI A; GREVET E; 2019), 
Os métodos objetivos classificam –se em dois grupos: 
 Métodos que utilizam questionários, 
 Métodos que utilizam jogos, 
Os métodos subjetivos, por sua vez, classificam – se em três grupos: 
 Métodos que utilizam técnicas de desenhos, 
 Métodos que se baseiam em técnicas psicodramáticas, 
 Métodos que utilizam testes projetivos. 
Entre as técnicas mistas, estão: 
 A tarefa familiar; 
 A entrevista estruturada de Watzlawick, 
 A primeira entrevista de Satir, 
 A entrevista diagnóstica conjunta 
 A entrevista familiar estruturada 
A atuação terapêutica apropriada deriva-se de um diagnóstico compreendido 
como um conjunto de hipóteses úteis e produtivas. Á medida que um diagnóstico 
familiar emerge distinções de condições permitem ao terapeuta realizar indicações 
gerais de tratamento conforme o universo possível. 
A avaliação é, contudo, um processo contínuo que orienta a atuação do clínico 
em cada sessão. Cabe ressaltar que a construção de hipóteses na prática clínica é 
sempre um processo de reavaliação, já que as hipóteses podem sempre se alterar, 
por não refletirem a especificidade da família ou por serem transformadoras, levando 
a novas dinâmicas e reestruturações. 
 
38 
8.3 Avaliação da Rede de Apoio 
A rede de apoio social e afetivo tem sido avaliada através de diferentes 
instrumentos, questionários, entrevistas. Destacam-se entre esses o mapa dos cinco 
campos. O mapa dos cinco campos é um instrumento lúdico, em sua aplicação, é 
utilizada a colocação livre de figuras, que representam crianças, jovens e adultos de 
ambos os sexos, em um quadro com círculos concêntricos. (CORDIOLI & GREVET 
2019). 
Tem por objetivo avaliar a estrutura e a funcionalidade da rede de apoio 
socioafetivo, a partir dos cinco campos: 
 Família; 
 Escola; 
 Amigos; 
 Parentes; 
 Contatos formais. 
Esse instrumento é composto por um pano de feltro e por imagens que podem 
ser fixadas com velcro. Permite que pessoas já falecidas sejam consideradas parte 
da rede de apoio, em função da consideração subjetiva da percepção da rede. O 
círculo central corresponde ao participante e cada círculo adjacente mede a qualidade 
do vínculo, ou seja, quanto mais perto do círculo central, maior é a percepção de 
proximidade do participante com a pessoa representada: 
 O primeiro e o segundo círculos correspondem às relações mais 
próximas (maior vínculo); 
 O terceiro e o quarto círculos correspondem às relações mais distantes 
(menos vínculo); 
 O último círculo, na periferia do mapa, corresponde aos contatos 
insatisfatórios. (CORDIOLI; GREVET 2019). 
 
39 
9 TERAPIA FAMILIAR E DE CASAL 
 
Fonte: irresistivel.com.br 
A terapia de família tem seus fundamentos na teoria geral dos sistemas, 
proposta pelo biólogo alemão Bertallanffy, na teoria da comunicação, dos pequenos 
grupos, na teoria psicodinâmica (relações de objeto) e na teoria cognitivo 
comportamental, entre outras. (CORDIOLI; GREVET 2019). 
Por sistemas compreende-se um conjunto de elementos, direta ou 
indiretamente relacionados, que funcionam como uma unidade que determinao 
ambiente. Dentro desse enfoque, uma família pode ser considerada um sistema 
parcialmente aberto que interage com seus ambientes biológicos e sociocultural. 
Diversos enfoques teóricos embasam a terapia de família. 
Ackerman foi quem cunhou o termo terapia familiar, na década de 1950, e 
introduziu a ideia de trabalhar com a família nuclear, utilizando métodos 
psicodinâmicos. 
O enfoque proposto por Ackerman era predominantemente psicodinâmico, com 
ênfase nos mecanismos de defesa grupais (projeção, identificação projetiva, 
dissociação) e nos conceitos da teoria das relações objetais. O objetivo desta 
abordagem era a obtenção de insight, ou a abordagem dos conflitos transgeracionais 
(Bowen): diferenciação, triangulação, rupturas, ou experiencial com a proposição de 
envolver duas ou mais gerações na terapia. (CORDIOLI; GREVET 2019). 
 
 
 
 
40 
Ao longo do tempo, diversos outros enfoques foram sendo propostos: 
Estrutural / sistêmico (Minuchin) - a partir do estudo de jovens delinquentes 
provenientes de famílias hierarquicamente desorganizadas e com problemas de 
limites generacionais entre os vários subsistemas: 
Estratégico (Harley; Ackerman): 
 Para os problemas decorrentes de arranjos hierárquicos e de papéis, bem 
como as reações em suas mudanças. 
 Comportamental (Patterson; Margolin): 
 Para problema que podem ser mantidos ou estimulados pelas atitudes da 
família, em padrões de relações simétricas ou complementares e nas funções 
de comunicação. 
Psicoeducacional (Anderson, Goldstein): 
 Informativo, envolvendo o manejo de doenças crônicas, redução do estresse e 
manejo de crises. 
Periodicidade 
As sessões de terapia familiar ocorrem semanalmente, com todos ou parte dos 
membros presentes, podendo, posteriormente, passarem a ser quinzenais ou mensais 
(subsistema). 
Objetivos: 
 Melhorar a comunicação entre os membros da família; 
 Desenvolver a autonomia e a individualização dos diferentes indivíduos 
membros da família; 
 Descentralizar e tornar mais flexíveis os padrões de liderança e de tomada de 
decisões; 
 Reduzir os conflitos interpessoais e os sintomas; 
 Melhorar o desempenho individual. 
A terapia de casal, da mesma forma que a terapia familiar, considera que 
existem possibilidades e vantagens de resolver os conflitos que surgem na vida de um 
casal na abordagem conjunta de forma mais rápida do que na abordagem individual. 
Baseia-se na teoria psicodinâmica (relações de objeto), na teoria da comunicação e 
na teoria dos contratos conjugais. (CORDIOLI; GREVET 2019). 
 
41 
9.1 Indicações da Terapia Familiar 
Quando é solicitada terapia de casal ou familiar: 
 Doença física ou mental grave em adultos, gerando alto grau de 
disfunção familiar (esquizofrenia, transtorno bipolar, TOC, transtorno de 
pânico ou agorafobia, dependência a drogas ou álcool, transtornos 
alimentares, etc.). 
 Quando o problema atual envolve dois ou mais membros da família; 
 A família enfrenta uma crise de transição que pode leva-la à ruptura 
(mudança de papéis). 
 Uma criança ou adolescente é o problema presente (autismo, TDAH, 
abuso de drogas, transtorno alimentar, obesidade, transtornos de 
impulsos, depressão). 
 Ruptura da harmonia familiar em razão de conflitos interpessoais. 
(CORDIOLI; GREVET 2019). 
 
 
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