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FILME "NISE O CORAÇÃO DA LOUCURA" RESENHA

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Nise, o coração da loucura
O filme retrata parte da história de Nise da Silveira, uma médica psiquiatra brasileira que revolucionou os tratamentos na área da psiquiatria no Brasil através da terapia ocupacional, arte e paciência. Retrata uma realidade histórica e social onde os pacientes psiquiátricos eram submetidos a todo o tipo de violência e até mesmo tortura, técnicas como a lobotomia, amarração, ECT, com intuito de violentar os pacientes; (ressaltando que atualmente a ECT pode ser utilizada no tratamento de alguns de depressão desde que com a técnica e cuidados corretos), cela forte, superdosagem de medicamentos (sossega leão) entre outras eram utilizadas deliberadamente.
Muitos personagens com esquizofrenia e outros transtornos dão vida a essa história, cada um com sua peculiaridade comportamental. Além da Drª Nise, para auxiliar os pacientes em sua jornada de ressocialização conta-se com os enfermeiros Lima (que no começo é agressivo com os pacientes) e Ivone (que está sempre à disposição dos clientes), além de Almir um artista (que deu a ideia de criar um ateliê de pintura) e de sua amiga Marta (uma artista plástica). 
 Ao chegar ao Centro Psiquiátrico Pedro II, no estado do Rio de Janeiro, Drª Nise questiona as formas de tratamento utilizadas pelos médicos do hospital, técnicas que eram muitas vezes utilizadas para conter pacientes esquizofrênicos que acabavam sendo agressivos. O local era insalubre e os clientes eram mantidos presos, ficando sujos e sem cuidados, sendo muitas vezes agredidos física e psicologicamente pelos profissionais que deveriam zelar pelo seu bem estar. 
Segundo a Carta de Direitos dos Usuários e Familiares de Serviços de Saúde Mental: “Todo serviço de saúde metal deverá garantir o bem estar físico, mental e emocional de Seus usuários, e as exigências mínimas de higiene, segurança, condições ecológicas e ambientais, conforto, privacidade e alimentação de qualidade com supervisão profissional”.
	Nise falou que não poderia trabalhar em um setor que tratava os pacientes utilizando métodos que ela não considerava corretos, então ela foi remanejada e ficou responsável pelo setor de terapia ocupacional. A partir daí sua sala começou a ganhar vida e funcionalidade, no começo poucos clientes apareciam, com o tempo chegaram mais deles. 
Partindo da observação e escuta, Nise conseguiu criar aos poucos uma equipe focada no cuidar individual que buscava preservar a história e identidade de cada indivíduo.
Segundo o artigo IV da Carta de Direitos dos Usuários e Familiares de Serviços de Saúde Mental: “Todo usuário deve ter garantido o direito à privacidade e individualidade”.
 Quando os clientes ficaram mais confortáveis com essa nova forma de tratamento e se sentiram acolhidos, começaram a expressar seus sentimentos através de pinturas, desenhos e esculturas, o que no começo era difícil, pois os mesmos estavam há muito tempo isolados e sem conseguir se expressar ou socializar. A cada nova obra criada notava-se uma melhora no quadro clinico dos pacientes. 
Marta cuidava exclusivamente de Rafael, um paciente que teve grande melhora com sua presença.
Nise começou a levá-los para passeios no campo o que só contribuiu para a melhora cognitiva de todos, que começaram a ter melhor comunicação mesmo que muitas vezes não verbal, apenas utilizando-se da arte. 
Lucio foi outro personagem muito marcante, ele era extremamente violento quando se sentia ameaçado, quando teve contato com a arte através de esculturas de barro, se tornou mais calmo e sociável. 
Logo foi realizada uma exposição aberta ao público com todas as obras dos pacientes, a mesma recebeu até mesmo um grande crítico de artes. 
Segundo a Carta de Direitos dos Usuários e Familiares de Serviços de Saúde Mental, II características gerais dos serviços de saúde mental e serviços complementares: “Os serviços de saúde devem permitir e incentivar os usuários a se organizarem em grupos, conselhos populares, associações de usuários, familiares, trabalhadores de saúde mental e comunidade que objetivem propor e construir ações que transformem a relação com a loucura na sociedade em geral, na legislação e na vivência, organização e fiscalização dos serviços”.
Um dos momentos mais marcantes do filme é quando nesta exposição Nise é confrontada por um médico defensor da Lobotomia e da ECT, que criticou sua forma de trabalho dizendo que a mesma não curava seus pacientes, Nise ao respondê-lo disse: - “O senhor não cura ninguém doutor César, o senhor usa seus pacientes para suas experiências sádicas [...] o meu instrumento é o pincel, o seu é o picador de gelo” referindo-se a crueldade das lobotomias. 
Após estes acontecimentos os pacientes começam a receber cães, o que os ajudou a desenvolver sua afetividade, mas algum profissional que se incomodava com os animais que faziam parte do trabalho de Nise sacrificou os animais, o que ocasionou uma grande crise situacional fazendo com que o tratamento retrocedesse em alguns casos. Os eventos seguintes a este acontecimento traumatizante foram mais tranquilos e os clientes voltaram a ficar mais calmos, promoveram então uma festa de São João, na qual todos interagiram. Ao final mesmo que nem todos tenham tido condições, um dos clientes Emygdio voltou para casa e todos os quadros tiveram uma melhora aparente.
 	O filme conta a história de uma mulher que mesmo em meio a muitas dificuldades de sua época lutou pelos seus ideais e pelos direitos de seus clientes, garantindo-lhes acesso a individualidade, devolvendo-lhes autonomia e dignidade, criando um pequeno grupo social organizado, onde cada um usufruía de uma melhor qualidade de vida sendo tratados de forma humana e adequada. A partir da prática desse tratamento a história da psiquiatria no Brasil e no mundo mudaria, lentamente, porém causando uma melhora gradativa e crescente no ramo da saúde mental.

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