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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE ALAGOAS DIRETORIA DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA SISTEMA UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL CURSO DE LICENCIATURA EM LETRAS PORTUGUÊS POLO ARAPIRACA/AL – TURMA 2017.2 ERIJANE DA SILVA VIRTUOSO A LINGUAGEM EM USO ARAPIRACA – AL 2019 ERIJANE DA SILVA VIRTUOSO A LINGUAGEM EM USO Fichamento solicitado como requisito parcial para avaliação da disciplina Semântica e Pragmática do curso de Letras Português, sob a orientação do Professor Josenildo Farias Neto. ARAPIRACA – AL 2019 FICHAMENTO DO ARTIGO A LINGUAGEM EM USO FIORIN, José Luiz (org.). Introdução à linguística I: objetos teóricos. 3. ed. São Paulo: Contexto, 2004. p. 165-185. Fiorin abre seu artigo colocando alguns exemplos da linguagem em uso e me chamou muito a atenção a reportagem de O Estado de S. Paulo na qual relatava a vida profissional de Dorothéa Werneck, segunda mulher a ser nomeada ministra no Brasil, em 1989, e como ela era vista por empresários e sindicalistas, apesar de terem cuidado e seriedade no trato com a ministra. Como podemos observar na infeliz declaração de Mário Amato, então presidente da Fiesp: “Ela é muito inteligente apesar de ser mulher” (p. 01). Como pode alguém ser qualificado ou não, ser inteligente ou não pelo seu sexo? Que preconceito! Isso foi muito absurdo de se ouvir, não foi à toa que a população feminina se revoltou contra ele. Com isso, Fiorin quis nos mostrar que o sistema linguístico não conseguiria explicar os fatos dos exemplos se não houvesse os estudos do uso da linguagem, ou seja, o objeto da Pragmática, já que esta “é a ciência do uso linguístico, estuda as condições que governam a utilização da linguagem, a prática linguística” (p. 02). Sem dúvida que desconsiderar a fala nos estudos da língua é desconsiderar uma parte muito importante para entender os discursos, afinal, o contexto de uso faz muita diferença no entendimento de um enunciado. Nisso, Saussure pecou, pois ele descartou a fala isolando seus estudos linguísticos em apenas uma parte do que envolve a língua. […] A língua tem uma função de agir. “Ao falar, o homem realiza atos”. […] “a língua natural comunica mais do que aquilo que se significa num enunciado, pois, quando se fala, comunicam-se também conteúdos implícitos” (p. 02). Utilizando o exemplo do artigo, “quando alguém diz a outro, que está se aprontando para sair, São oito horas, ele não está fazendo uma simples constatação sobre o que marca o relógio, mas dizendo Apresse-se; vamos chegar atrasados” (p. 02). Isso significa que na situação concreta de fala, ou seja, na comunicação trocamos muito mais do que as palavras significam. A enunciação A enunciação é um dos três domínios de fatos linguísticos que exige a introdução de uma dimensão pragmática nos estudos linguísticos, assim, ela é definida como “ato de produzir enunciados” […] (p. 02), ou seja, são falas concretas e inclusive há certos fatos que só são entendidos no ato de enunciar, isto é, na situação de uso. Por exemplo: 1) um elemento linguístico chamado dêitico [aqui, este, hoje, ontem...] só pode ser entendido dentro da situação de comunicação, e quando está em um texto, deve ser explicitado; 2) os enunciados performativos que “são os que realizam a ação que eles nomeiam. É o caso da promessa, da ordem, do juramento, do desejo, do agradecimento [...]” (p. 03); 3) o uso de conectores (mas, porque...) para justificar os atos de enunciação; 4) certas negações para afirmar o dito. Como: “o trânsito não estava ruim, estava péssimo” (p. 03); e 5) os advérbios de enunciação para qualificar o próprio ato de dizê-lo, como: “Sinceramente, não gostei de sua atitude”, significando “[...] dizendo de modo sincero, não gostei de sua atitude” (p. 03). A inferência Outro domínio de fato linguístico é a inferência que deixa o enunciado com propriedade de implicar outro. Por exemplo: “A lata de lixo está cheia” (p. 04). [...] a Pragmática deve mostrar como se fazem inferências necessárias para chegar ao sentido dos enunciados. Há duas diferenças em Pragmática: significação X sentido e frase X enunciado. “A frase é um fato linguístico caracterizado por uma estrutura sintática e uma significação calculada com base na significação das palavras que a compõem, enquanto o enunciado é uma frase a que se acrescem as informações retiradas da situação em que é enunciada, em que é produzida” (p. 04). “A significação é o produto das indicações linguísticas dos elementos componentes da frase. [...] “O sentido, no entanto, é a significação da frase acrescida das indicações contextuais e situacionais” (p. 04). A instrução “A Pragmática concebe que as chamadas palavras do discurso [...], cuja função varia de acordo com o contexto linguístico em que se acham colocadas, significam porque há uma instrução sobre a maneira de interpretá-las” (p. 04). Por exemplo: “O tempo está feio, mas estou com vontade de dar um passeio / O tempo está feio, mas a chuva vai encher as represas” (p. 04, grifo nosso), a conjunção mas adquire sentido diferente em cada enunciado de acordo com a instrução sobre a maneira de interpretá-lo. “A Pragmática vai procurar descobrir esses princípios que governam os diferentes sentidos dados pelo uso” (p. 05). “Enquanto a Sintaxe explica a boa formação das frases e a Semântica, sua significação, a Pragmática explica a interpretação completa dos enunciados” (p. 05) Teoria dos atos de fala No artigo, Austin mostra que “há afirmações que descrevem estados de coisas e que podem ser verdadeiras ou falsas” (p. 07), chamadas constativas; e “afirmações que não descrevem nada, mas pelas quais se executam atos, que podem ser felizes ou infelizes, ter sucesso ou fracassar” (p. 07), são as performativas”. Assim, os constativos são verdadeiros se existe o estado de coisas que eles descrevem (em pessoa diferente da 1ª do singular e tempos diferentes do indicativo), já para que a ação performativa seja válida / obtenha sucesso é preciso que sua realização seja efetivada em circunstâncias de enunciação adequadas (e na 1ª pessoa do singular do presente do indicativo da voz ativa na forma afirmativa). “A linguagem é ação, é uma forma de agir no mundo” (p. 09). Máximas conversacionais “O princípio da cooperação é o princípio geral que rege a comunicação” (p.12). “Esse princípio é explicitado por quatro categorias gerais – a da quantidade das informações dadas, a de sua verdade, a de sua pertinência e a da maneira como são formuladas – que constituem as máximas conversacionais” (p.12). “As máximas conversacionais não são um corpo de princípios a ser seguido na comunicação, mas uma teoria de interpretação dos enunciados (p.12). “Há alguns discursos que se constroem exatamente violando as máximas conversacionais” (p. 16). “Todas essas máximas procuram mostrar como o falante, na troca verbal, resolve o problema do que deve dizer e do que não deve dizer. Conforme a situação de enunciação, há assuntos autorizados e proibidos e atos de linguagem que se impõem [...]” (p.16). Pressupostos e subentendidos “[...] os conteúdos transmitidos pelos atos de fala podem ser explícitos e implícitos. Estes são as inferências e dividem-se em pressupostos e subentendidos” (p.16). “A diferença entre um pressuposto e um subentendido é que aquele é uma informação indiscutível, ou apresentada como tal, tanto para o falante quanto para o ouvinte, pois decorre necessariamente do sentido de um marcador linguístico, enquanto este é de responsabilidade do ouvinte” (p. 19). O autor do texto fichado nos traz o aprofundamento da Pragmática e nos mostra a sua importância para a linguagem, ele nos traz os seusestudos da linguagem em uso, a linguagem como atividade, uma ação social, tendo em vista que é no contexto de interação social que entendemos determinadas frases ou enunciados e é nesse ambiente que entra a pragmática. Portanto, Fiorin nos revela que a pragmática percorreu um longo caminho até ser reconhecida como ciência do uso linguístico, relacionando o significado ao sentido, a frase ao enunciado, que tem relevância para todos nós que a todo momento praticamos a fala. Local em que se encontra a obra: Plataforma Moodle: http://moodle.ifal.edu.br/mod/resource/view.php?id=312673
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