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Corrupção na Sociedade Brasileira

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA – UDESC
CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS – CCT
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E SISTEMAS
CORRUPÇÃO E A SOCIEDADE BRASILEIRA
WELYTON ESTEVES
JOINVILLE
2014
Sumário
1. Introdução	3
2. Definição	4
3. Raízes históricas	5
4. Corrupção e Política	8
5. Corrupção na sociedade como um todo	10
6. Fatores alimentadores da corrupção	13
7. Possíveis soluções	14
8. Conclusão	16
9. Referências Bibliográficas	17
1. Introdução	
Este trabalho tem como objetivo explorar e discutir um tema em foco na sociedade brasileira, a corrupção. A ideia para a concepção deste trabalho se deu justamente pela recorrente presença deste termo na mídia. Serão abordados alguns aspectos históricos, definição, sua ligação com a política e sua ocorrência na sociedade brasileira, bem como, com base na análise destes dados, serão apresentadas algumas possíveis soluções.
2. Definição
Corrupção (do latim: Corruptus – “despedaçado”, ou em uma segunda conotação, “pútrido”) é o ato de se corromper, ou seja, obter vantagem indevida, seja por ação ou omissão, observando-se a satisfação de benefício próprio, a despeito do bem comum. Ao contrário do saber popular, a corrupção não é só política, e nem sempre envolve dinheiro. Existem três formas de se corromper: pelo abuso, pela omissão ou pelo desvio.
O abuso, que é tido como normal pela sociedade brasileira hierarquizada pode ser representado pela frase: “Você sabe com quem está falando?”. Trata-se de um traço autoritário da sociedade brasileira. Ela funciona para demarcar diferenças e posições hierárquicas. O seu uso pode ser traduzido como "me respeite, pois não sou do seu nível", ou, melhor ainda, "nós não somos iguais". A famosa frase de Maquiavel: “Aos amigos favores, aos inimigos a lei”, representa bem esse abuso, de um poder que deveria servir para a manutenção do bem comum, e é usado, na verdade, como pressuposto de superioridade daquele que o detém.
A omissão é, talvez, a forma de corrupção mais vista na nossa sociedade. Omitir-se é deixar de fazer ou dizer algo que deveria, deixando certo problema prosseguir ininterrupto. Todo brasileiro se omite. Deixamos de denunciar tudo o que vemos de errado, deixamos de ajudar aqueles que necessitam da nossa ajuda, deixamos de devolver aquilo que sabemos que não é nosso, e entre outras omissões comuns. Não só não denunciam, mas até votam naqueles que se corrompem “escrachadamente”.
O desvio é relacionado ao abuso em partes. É quando devida função ou recurso, seja ele público ou privado, é desviado por aqueles que o administram para se beneficiarem. É como o administrador que desvia o patrimônio daquilo que administra para si, ou o político que dá cargos de confiança para parentes. É o uso de patrimônio alheio do qual administra para si.
Podemos relacionar as três modalidades de ação aos costumes tupiniquins modernos, que desobedecem todos os seus deveres a favor de beneficiar-se, mas requer seus direitos baseando-se no nosso ordenamento jurídico. É como uma relação de dualidade entre o Legal e o Ilegal, do jovem delinquente que reclama dos abusos da polícia, ou do terrorista que anseia pelos direitos humanos. 
3. Raízes históricas
Uma determinada corrente de historiadores credita a corrupção existente no Brasil hoje à formação do Estado brasileiro, desde o período de colonização. Ela estaria associada à vinda de determinadas pessoas de Portugal para o Brasil, principalmente os degredados que foram enviados ao país na colonização inicial. É que no século XVI, pessoas que cometiam crimes em Portugal eram condenadas a cumprir suas penas no Brasil, assim como em outras colônias portuguesas. Com, Tomé de Souza, primeiro governador geral do Brasil, vieram cerca de quatrocentos degredados.
Há também quem discorde, afirmando que os degredados não apresentavam qualquer periculosidade, tendo em vista que, qualquer pequeno delito era considerado motivo de degredo, dada a intenção de mandar muita gente para o Brasil. Ocorre que o fato de serem enviados degredados para o Brasil não pode ser tido como questão fundamental na influência da corrupção naquela época. Aliás, não foram apenas os portugueses de má índole que vieram povoar o Brasil. Além deles, vieram índios, africanos, japoneses, italianos, ou seja, gente de todo o planeta forma o que hoje é o povo brasileiro, numa miscigenação de raças e culturas. Tendo o envio de degredados, ou não, influência na corrupção existente no Brasil Colônia, que persiste até hoje, o que importa é que, de fato, foi nesse período que se iniciou a construção do Brasil. Desse modo, torna-se importante a análise da influência do período colonial, como marco do nascimento do Brasil, na cultura corrupta que hoje permeia o País.
Naquela época, muitos costumes hoje considerados ações corruptas eram atos ordinários. Por exemplo, era prática perfeitamente aceitável pelas normas e costumes então vigentes a distribuição de favores por parte do Soberano ou a procura desses favores por parte da população. A ilegalidade dessas práticas só passa a existir quando a legislação começa a distinguir os domínios público e privado. Porém, esse modo de gerir o Estado deixou cicatrizes que até hoje não foram curadas no Brasil, haja vista que continuamos seguindo as mesmas diretrizes do Estado Patrimonialista de outrora. Existem registros de que as práticas de ilegalidade já tinham forte ocorrência no período da colonização portuguesa. Como exemplos, tem-se que ocorria com frequência o comercio ilegal de produtos brasileiros como o pau-brasil, tabaco, ouro e diamante, com a conveniência justamente de funcionários públicos encarregados de fiscalizar o contrabando e outras transgressões contra a Coroa portuguesa. Inúmeros são os relatos de episódios de ilegalidade e corrupção durante o chamado período colonial. Tratava-se de prática corriqueira. 
A distância da metrópole portuguesa não ligava os homens portugueses do Brasil Colonial às usuais limitações jurídicas e morais que normalmente costumavam respeitar em seu país de origem. É que, por mais que se buscasse, com severidade, punir os transgressores da colônia, as contravenções continuavam a ser cometidas. Some-se a isso o fato de que, não havia, quando da colonização do Brasil, um projeto de nação. Portugal, inclusive, tinha dificuldades em povoar o território brasileiro. Poucos eram os que queriam fixar seu domicílio no Brasil. Acreditava-se que no ultramar se enriqueceria tão rapidamente que nem havia necessidade de levar a família: seria pouca a demora naquelas terras insalubres, incultas e povoadas de bugres antropófagos.
A intenção primeira, do reino de Portugal, era a exploração, com fins essencialmente econômicos. O modo de pensar a colonização do Brasil traduzia-se, nos seguintes dizeres: “O inglês fundou na América uma pátria, o português um prolongamento do Estado.” A Portugal não interessava, pelo menos a princípio, o aperfeiçoamento moral e cultural da colônia. O interesse em jogo era como dito, fundamentalmente econômico. As Capitanias hereditárias são um claro exemplo de promoção da exploração econômica do Brasil, associada a uma enorme confusão entre o público e o privado. Além disso, era comum a Coroa arrendar, por exemplo, o direito de cobrar impostos a particulares, assim como o direito de explorar produtos monopolizados do Estado.
Ainda que, naquele tempo, tais condutas não fossem tidas por condutas ilícitas, elas criavam uma espécie de relação social baseada essencialmente em trocas de favores, o que denota que o Estado nada mais é do que a ampliação do círculo familiar e pessoal dos seus governantes. Os reis governavam o País como se fosse sua própria casa, sem que houvesse qualquer distinção entre o público e o privado. Uma quadrinha, que se remete ao período imperial do Brasil, retrata bem como a corrupção era vista naquele tempo. A quadrinha foi escrita em referência ao Visconde de São Lourenço, que ascendeu a este posto muito rapidamente. Assimdizia: “Quem furta pouco é ladrão, quem furta muito é barão, quem mais furta e esconde, passa de barão à visconde”.
Do Império até os dias atuais, o Brasil continua a ser objeto de barões e ladrões que surrupiam os bens e valores públicos. Vê-se que o persistente nível de corrupção que hoje assola o Brasil, deriva, em grande parte, das práticas já existentes nos séculos passados, principalmente do período de colonização e império, que tem grande participação na formação cultural do país. O que hoje vemos, pode ser tido pelo reflexo da evolução cultural brasileira. Por outro lado, Portugal não pode ser responsabilizado, como querem alguns autores, de ter dado aos brasileiros, como quem dá uma herança ao filho, a pré-disposição de corromper e ser corrompido. Essa cultura que insiste em fazer parte do cotidiano do estado é o que herdamos da nossa evolução histórico-cultural como nação brasileira. Não se trata de mal que assolam apenas portugueses ou brasileiros, e na verdade tem muito a ver com uma questão cultural e de costumes. O Brasil vivencia esta prática desde que é Brasil e isto está enraizado em sua cultura, e não será tarefa fácil combatê-la.
4. Corrupção e Política
Ao pensar em corrupção, o tema de fundo a ser abordado neste trabalho, é quase inevitável ligar esse assunto ao tema política. Isto porque, a mídia tem veiculado constantemente, escândalos de corrupção no governo. De fato, a política é um dos campos onde este tema tem sido debatido com muita frequência. A corrupção dentro das instituições públicas é agravada pelo exemplo que as autoridades deveriam dar e pela total consciência do que se está sendo feito. Os políticos estão ocupando funções publicas, e tem, portanto a obrigação de dar o exemplo. Eles estão numa posição que trabalham em prol do público, ou pelo menos deveriam, e tem essa visibilidade. As pessoas pensam ‘se eles fazem eu vou fazer também’, então é um mau exemplo. Elas estão nas posições mais altas na hierarquia brasileira e funcionam como um contraponto para o cidadão.
A sociedade como um todo, comete um erro muito grave, ao permanecer calada, e não ir às ruas para protestar contra a corrupção ou utilizar outras formas de cobrarem as autoridades “competentes”, e assim acaba sendo complacente com a corrupção. Não se manifesta publicamente contra as injustiças e atrocidades cometidas principalmente por autoridades púbicas. Cabe aqui um comentário de que a própria construção de Brasília influenciou a corrupção, pois libertou os políticos do controle das ruas, ampliando a sensação de impunidade.
Mesmo apesar do crescente número de escândalos noticiados quase que diariamente na mídia, cabe uma ressalva, pois a visão de que a corrupção tem aumentado no Brasil pode estar distorcida. Na época da ditadura militar, por exemplo, não havia instrumentos de transparência pública e a imprensa, principal meio de denúncia desse tipo de crime, estava censurada. O que está aumentando não é necessariamente a corrupção, mas a percepção de que a corrupção existe.
Tudo isto é fato, e a corrupção já política é de fato um problema sério a ser combatido. Numa linha radical, porém realista de pensamento, é possível afirmar, como já o fez o senador Cristovam Buarque, que “corrupção mata”. Porém, retomando rapidamente o pensamento inicial: Quando pensamos em corrupção, a primeira categoria que vem a nossa mente são os políticos. Mas será que é mesmo assim? Será que eles são os únicos corruptos desse país? Como se a sociedade fosse uma ilha de honestidade e os únicos desonestos fossem eles? 
Aqueles que nos representam no Planalto, no Congresso, nos Ministérios, no Congresso, vieram de nós, por nós e para nós, e nos representam não apenas como as pessoas políticas que governam, mas como membros do povo brasileiro, como os nossos, aos quais confiamos os nossos direitos, nossas garantias e nosso patrimônio, ou seja, se eles são corruptos, são frutos da nossa sociedade, corrupta e "malandra".
No fim das contas, esse mal não está tão distante de nós, e enraizado no Planalto Central. Não é difícil encontrar, perto da gente, quem critique a corrupção em Brasília, mas peça um comprovante de consulta odontológica para abater no imposto de renda - uma forma de sonegação. Ou, então, um vizinho que reclama dos políticos, mas faz gato de energia elétrica em casa ou no seu comércio. A corrupção que ronda a Esplanada dos Ministérios é a mesma que permite que as pessoas, no dia a dia, desrespeitem a faixa de pedestres, comprem CDs pirata ou finjam dormir quando ocupam um banco do ônibus, negando assento a idosos ou gestantes - que muitas vezes ficam de pé no lotação.
Muita gente que critica os políticos também acaba cometendo atos que envolvem algum tipo de corrupção na vida privada, como tentar tirar vantagem pessoal, furar fila ou fazer fila dupla. São pequenos atos que não são graves, mas a conduta é errada. No mundo da política partidária, acontece esse mesmo comportamento, mas elevado a um grau exponencial que acaba causando problemas a toda a sociedade. A corrupção na política é o reflexo de uma cultura já enraizada de pequenos e permissivos deslizes.
5. Corrupção na sociedade como um todo
Nem sempre os casos de corrupção envolvem políticos. Quantas vezes vemos policiais envolvidos com o tráfico ou que pedem dinheiro pra deixar um motorista passar num posto rodoviário sem inspecionar o carro? Quantas vezes vemos funcionários públicos usando de suas posições para aplicar golpes no governo e no próprio povo? Quantas vezes vemos pessoas forjando doenças ou acidentes para receber benefícios do Governo, recebendo um benefício destinado a pessoas de baixa renda sem precisar dessa ajuda, ou até pessoas recebendo um salário do Governo como se trabalhasse, mas que nunca aparece no serviço?
Uma questão que vem sendo abordada nos últimos tempos é que a sociedade do nosso país tem uma cultura de corrupção, mais conhecida como “jeitinho brasileiro”. Todo brasileiro já ouviu falar nesse termo, como se fosse uma característica que torna o povo do país mais inteligente que os demais, ou como uma capacidade de improviso que só nós temos. Mas será que é isso mesmo? Na verdade, esse “jeitinho brasileiro”, na maioria das vezes, envolve um ato contra a lei.
Cada qual faz a corrupção que pode fazer: deixar de pagar o imposto de renda, não respeitar os direitos trabalhistas da empregada doméstica, estacionar em lugar proibido, passar no sinal vermelho, "baixar" músicas ou filmes da internet sem respeitar o direito autoral, falsificar carteirinha de estudante, roubar TV a cabo... Tudo isso é uma forma de tirar vantagem da situação. Todas essas atitudes podem sim ser consideradas “corruptas”, mesmo que seja em pequena escala. E estas ações vão se refletindo em toda a sociedade, deixando claro que tamanha corrupção na política somente reflete algo que acontece em nosso dia a dia.
O quão acostumado culturalmente estamos que alguns atos são normais e os cometemos em nosso dia a dia? E mais, se praticamos a todas essas pequenas irregularidades, como podemos garantir que, se tivermos oportunidade de obter dinheiro grosso, vamos resistir à corrupção? Triste situação que nós brasileiros infelizmente já se acostumamos: vivemos em um país em que a corrupção é tratada como algo normal, praticamente um hábito que funciona tanto na esfera privada quanto na pública. Isso não é de modo algum algo natural. Ao naturalizar desta forma a corrupção, ela vira de fato uma doença social. Esta tentativa de encarar a corrupção como algo natural é que é amplamente prejudicial à sociedade brasileira e reduz em muito a possibilidade de se combatê-la. 
Existe no Brasil uma cultura de leniência a transgressões. As pessoas sabem o que é certo e errado, mas pensam 'se os outros fazem, por que eu também não posso?' Os pequenos delitos geram a corrupção e formam um círculo vicioso. No Brasil, é totalmente normal você pensar se dá ou não propina ao guarda que te para na estrada. Mas para um finlandês, por exemplo,é impensável dar propina a um guarda. A corrupção não tem espaço nem como hipótese.
Outro problema é que as pessoas geralmente quando falam mal do Brasil e dos brasileiros não se incluem, como se elas não fizessem parte do país, como se fossem alienígenas. Ou como se elas fossem diferentes do resto. Na visão geral, os corruptos são “eles”, o “eu” é o bom, é o melhor, é o ético que nunca tenta burlar qualquer tipo de lei, que sempre age de forma moralmente correta. Infelizmente, o desprezo pelas leis e pela moral é latente em nosso país. 
A corrupção é responsabilidade de cada um. Não podemos colocar a "culpa" no sistema político, no todo social ou em qualquer "totalidade" à qual estaríamos submetidos. Isso apenas eximiria cada um de sua responsabilidade, que seria lançada no todo como uma abstração. É provável, nesse sentido, que as pessoas pratiquem corrupção de diversos tipos, não porque planejaram algo, mas porque houve uma ocasião e naquele momento uma lacuna de senso moral surgiu devorando toda ação ética possível. A verdade é que falar em padrão de moralidade está totalmente fora de moda, quem se atreve a enveredar por esse caminho pode até ser taxado de ultrapassado e antipático. É vergonhoso dizer, mas o país perdeu a noção do que seja senso moral, muitas vezes o que é valorizado é o que é amoral, o que está embutido o conceito de “levar vantagem sempre”, onde sempre quem sai ganhando são os “espertos”. O pudor é algo raro em nossa sociedade a tal ponto que o fato de alguém achar dinheiro ou outro bem de valor e devolver ao dono é motivo de manchete em jornal e notícia na TV.
Se cada um escolher fazer o que bem entende, apenas para satisfação de uma vontade particular, dificilmente conseguiríamos viver em sociedade. Todavia, é perceptível que as pessoas não parecem dispostas a pensar sobre o mal que elas mesmas podem causar aos outros ou ao convívio social quando cometem delitos. Ninguém para pra pensar o quanto afeta a sociedade essa carência de preceitos morais e éticos, sempre em busca da vantagem própria. A população brasileira deve assumir sua parcela de responsabilidade nessa questão, pois só assim haverá uma melhora nessa situação que vivemos em nosso país. 
De qualquer forma, é importante por um momento comparar a dimensão do problema no Brasil com outras regiões do mundo. Corrupção é mais uma coisa da natureza humana do que da nacionalidade. O brasileiro não é mais ou menos corrupto do que pessoas de outros países. Aliás, as pesquisas internacionais mostram que o Brasil está em situação pior que os países mais desenvolvidos, mas em situação melhor que os países comparáveis ao Brasil, como Rússia, Índia e China. Na América Latina, com exceção do Chile e do Uruguai, o Brasil está melhor que os outros. Ou seja, o brasileiro está em um nível compatível com o grau de desenvolvimento da sociedade. 
6. Fatores alimentadores da corrupção
As causas são praticamente inesgotáveis, pois envolvem problemas estruturais, sociais e pessoais. Porém é possível agrupar as causas da corrupção em quatro dimensões: níveis de desenvolvimento; processos de modernização; cultura cívica; e qualidade das instituições. Dessas, demos destaque a duas: a que encontra causas da corrupção nos níveis de desenvolvimento de um Estado, e a que faz correspondência da cultura cívica da sociedade com a corrupção.
Quanto ao primeiro aspecto, merece destaque o fato de a corrupção encontrar-se intimamente atrelada a países com grandes desigualdades sociais, como o Brasil, funcionando como “um mecanismo paralelo de distribuição de renda”, já que o Estado, enquanto detentor dessa função, não a realiza satisfatoriamente.
Já no que tange a civilidade das culturas como fator essencial para uma sociedade corrupta, deve-se realçar que ela se justifica à medida que as sociedades com altos níveis de confiança social e institucional, e uma maior participação e interesse da sociedade pela política, apresentam níveis de corrupção menos inquietantes.
Especificamente no caso do Brasil, tem-se ainda a sensação de impunidade alimentando a corrupção e as pequenas transgressões. Uma história verídica relata que um condomínio colocou estacas de cimento na praia e o Ibama ameaçou a iniciativa com uma multa. As pessoas decidiram pagar a multa e ir contra a lei, porque tem dinheiro para desobedecê-la. Em situações limite, você vê gente que bebe, atropela pessoas e é solta com pagamento de fiança. Neste caso, a corrupção deriva menos da falta de princípios éticos ou morais e mais das condições materiais propícias para a ocorrência do crime. Assim, a corrupção envolve principalmente três variáveis: a oportunidade para ocorrer o ato ilegal, a chance de a ação corrupta ser descoberta e a probabilidade do autor ser punido.
Pesa ainda que a Justiça no Brasil infelizmente é lenta. Um bom exemplo disso é o do ex-governador de São Paulo Paulo Maluf, que foi condenado em um fórum no exterior por vários casos de corrupção. Logo depois da condenação, ele elogiou a Justiça brasileira, em que os réus têm todo tipo de possibilidade de rever a decisão e protelar a condenação. Esse elogio, partindo do Maluf, é uma crítica à atuação da Justiça brasileira.
7. Possíveis soluções
A corrupção é um mal que afeta toda a sociedade, pois arruína a prestação dos serviços públicos e o desenvolvimento social e econômico dos países, corrói a dignidade dos cidadãos, deteriora o convívio social e compromete a vida das gerações atuais e futuras. A luta contra a corrupção exige uma mudança cultural e de comportamento de cada cidadão, porque uma sociedade só se modifica quando os indivíduos que a compõem se modificam. 
Logo, para mudar este quadro, em primeiro lugar é preciso que haja uma transformação drástica da sociedade em geral, no seu aspecto cultural, assim como na reforma de hábitos e condutas hoje intrínseca à formação intelectual dos brasileiros. Deve haver uma maior conscientização por parte da sociedade no sentido de introduzir a ideia de que o famigerado “jeitinho brasileiro” é não mais que um ato de corrupção em si, e que deve ser combatido. 
Além disso, o Estado em si, deve-se impor mais no combate a esse mal, de maneira a dar uma maior efetividade ás leis já existentes, que influenciará sobremaneira na diminuição dos índices de corrupção, já que o pretenso corrupto levará esse aspecto em consideração antes da prática do ato, evitando-o.
Em inúmeras ocasiões, a contravenção à norma, tende a ser, pelo menos em curto prazo benéfica para o corrupto, e é justamente isso que deve ser evitado. O indivíduo propenso a tais práticas deve-se dar conta, como já foi dito, que o cometimento daquele crime presumivelmente ensejará para ele uma punição. Um sistema deficiente de aplicação das normas, que não lhe confira eficácia, traz enormes malefícios para a coletividade, tendo em vista que estimula a impunidade e faz alastrar-se a corrupção, como num ciclo vicioso.
Ainda assim, deve-se deixar claro que, dificilmente, a corrupção será aniquilada, não só no Brasil, mas em qualquer Estado do mundo, ainda aqueles com níveis baixíssimos de corrupção, mas há de ter soluções para, ao menos, atenuá-la.
Diante disso, devem os brasileiros além de indignar-se, ir à luta, tentar eliminar a corrupção, primeiro no próprio seio da sociedade, mas não basta indignar-se, é preciso ação. Os cidadãos devem participar mais da vida política de sua sociedade, acompanhando, fiscalizando e atuando.
No mais, uma importante arma para enfrentar essa batalha é a educação. Apenas com a formação de cidadãos conscientes, comprometidos com a ética, a moral, a cidadania e a honestidade, poderemos construir uma sociedade livre da corrupção. É possível a transformação pela educação, para a conscientização das crianças e jovens como caminho para um Brasil mais justo e mais sério. É preciso, a partir de nossas próprias condutas diárias, dar o exemplo às novas gerações, mostrando a elas que ser ético vale a pena. 
8. Conclusão
A origem da corrupção noBrasil está enraizada nas bases da sociedade, e é praticada por muitos diariamente, conscientemente ou não. Como cidadãos, devemos não só nos conscientizar dos males que a corrupção traz, mas sermos instrumentos de mudança na sociedade. A corrupção tem sido o maior obstáculo individual ao crescimento e desenvolvimento de muitos países, inclusive o nosso. 
Embora o mundo esteja fortalecendo e modernizando os mecanismos de repressão e conscientizando e agindo de forma a combater a corrupção, muito ainda tem que ser feito. Com uma mudança de comportamento, podemos construir um mundo melhor, onde as gerações futuras sentirão orgulho e reconhecerão o trabalho realizado pelas gerações passadas no sentido de eliminar esse mau, que tiveram iniciativas no sentido de assumir sua parcela de participação e mudar a história ao enfrentar esse monstro mítico da corrupção.
9. Referências Bibliográficas
O que você tem a ver com a corrupção: Disponível em: <http://www.oquevocetemavercomacorrupcao.com>. Acesso em: 22 nov. 2014.
Breve história da corrupção no Brasil: Disponível em: <http://www.contracorrupcao.org>. Acesso em: 22 nov. 2014.
Biblioteca virtual sobre a corrupção: Disponível em: <http://bvc.cgu.gov.br>. Acesso em: 22 nov. 2014.
Não aceito corrupção: Disponível em: <http://naoaceitocorrupcao.com.br>. Acesso em: 22 nov. 2014.
Convenção das Nações Unidas contra a Corrupção: Disponível em: <http://www.unodc.org/lpo-brazil/pt/corrupcao/convencao.html>. Acesso em: 22 nov. 2014.
Observatório da Corrupção: Disponível em: <http://observatorio.oab.org.br>. Acesso em: 22 nov. 2014.
Articulação Brasileira contra a Corrupção e a Impunidade: Disponível em: <http://www.abracci.org.br>. Acesso em: 22 nov. 2014.

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