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Bruna de Alencar Peres – Odontologia Unesp São José dos Campos (T64) Definição Conjunto de sinais e sintomas associados à presen- ça de fraturas incompletas em um dente posterior vitalizado, envolvendo esmalte e dentina e, even- tualmente, estendendo-se até a polpa (Cameron, 1964). É uma condição por exclusão de outros possíveis diagnósticos, e é de difícil diagnóstico para o cirurgião-dentista. Deve apresentar: • Trinca (fratura incompleta): a radiogra- fia é inconclusiva (sobreposição de ima- gens); • Dor/sensibilidade: força de pressão ou rebote. Essa síndrome não acomete den- tes com tratamento endodôntico, apenas dentes vitais, porém essa condição pode levar a um quadro de pulpite irreversí- vel. Frequência Ainda muito frequente, porém talvez haja redu- ção dessa condição pela diminuição do uso de res- taurações metálicas. Entretanto, não há estudos que comprovem essa diminuição, é apenas suposição por meio de observações clínicas. Distribuição Ocorre mais na faixa etária entre 35 a 50 anos, devido à maior mineralização e friabilidade desses dentes, além de maior fadiga da estrutura dentária por conta da restauração metálica. A distribuição é igual para homens e mulheres, mas acomete mais dentes posteriores e pacientes classe II de Angle (mandíbula retruída). DENTES MAIS ACOMETIDOS Com restaurações extensas metálicas e com pino rosqueado em dentina, normalmente acometen- do as cúspides não-funcionais. No entanto, dentes hígidos também podem ser acometidos por essa síndrome. Trinca x Fratura TRINCA Propagação da linha de fratura, porém não ocorre a fratura em si. Acontecem em virtude do uso (mastigação) ou envelhecimento mecânico. Podem ser apenas de esmalte (crazy lines) ou acometer dentina (sinal de alerta e preocupação). Métodos de detecção de trincas 1. Magnificação 2. Campo seco + isolamento absoluto 3. Explorador de ponta fina 4. Corante ou transiluminação óptica FOTI 5. Remoção de restaurações Causas das trincas 1. Procedimentos operatórios/restaurado- res: utilização de instrumentos rotató- rios, que levam calor e fricção à estru- tura dentária. 2. Oclusão/estética e dinâmica: normal- mente é o principal fato (bruxismo, con- tatos de forma inadequada...). 3. Desenvolvimento dentário: falta de coalescência das cúspides. 4. Causas variadas: piercing lingual, abrir garrafa com os dentes, morder caneta... A trinca deve estar associada à sintomatologia dolorosa. FRATURA Perda de partes da estrutura. A fratura pode ocor- rer em decorrência de uma trinca não identificada e solucionada. Podem ser classificadas quanto: Síndrome do dente trincado Dentística Molares inferiores > Pré-molares inferiores > Molares superiores > Pré-molares superiores - A presença de qualquer trinca corresponde à Síndrome do Dente Trincado (SDT)? – Não! Bruna de Alencar Peres – Odontologia Unesp São José dos Campos (T64) Complexidade das fraturas 1. Simples: passível de remoção e restau- ração. 2. Complexas: apresentam envolvimento periodontal; 3. Indicativo de extração: separação de faces, invadindo a distância biológica. Direção das fraturas 1. Oblíquas: não ocorrem no sentido do longo eixo do dente, acometendo cúspi- des. Legenda: em 1) tem-se uma restauração grande, e sua linha de fratura estende-se por esmalte e dentina. Já em 2), a restauração é menor, e a linha de fratura se situa mais próxima à polpa. 2. Verticais: a linha de fratura normal- mente acontece em sentido mésio-dis- tal, separando as cúspides vestibular e lingual. Legenda: em 3), tem-se uma fratura vertical, a qual é normalmente um dos motivos para indicação de extração. Sensibilidade Sintomatologia momentânea (durante a mastiga- ção ou rebote). TEORIA HIDORDINÂMICA DE BRÄNNSTRÖM Movimentação dos fluidos dentinários, que estimulam as fibras nervosas mielinizadas tipo A (mecanorreceptores). A sensação dolorosa é rápida, intensa e cessa assim que se remove o estí- mulo. Dor de origem inflamatória (frio e doces) e toxi- nas bacterianas: fibras amielinizadas tipo C, em direção ao centro da polpa. TESTES CLÍNICOS PARA SENSIBILIDADE Térmicos/Percussão e Radiográficos Geralmente indicam problemas pulpares. Métodos reprodutores de sensibilidade Simulam a mastigação e mordedura do paciente. Tenta-se isolar o dente e a cúspide suspeita de fra- tura. A espátula de madeira e borrachas odontoló- gicas são muito largas, o que faz com que haja con- tato em outros dentes. Por isso, existem dis- positivos próprios para esse teste. Legenda: dispositivo próprio para esse teste. Dá para testar as cúspides vestibular e lingual separadamente. Bruna de Alencar Peres – Odontologia Unesp São José dos Campos (T64) Tratamento CONDIÇÃO BIOLÓGICA Dentes com sinais de inflamação pulpar. Faz-se a estabilização da trinca com bandas orto- dônticas ou ajustes oclusais, se necessário. Com essa estabilização, faz-se restauração indeireta de proteção de cúspide. Caso não haja resolução da sensação dolorosa, realiza-se tratamento endodôntico, e se mesmo assim não resolver, é indicado extração, pois pode haver fratura radicular. CONDIÇÃO MECÂNICA Sem detecção de fratura Estabilização com bandas ortodônticas, ajustes oclusais e restaurações indiretas. Em casos de restaurações com resina, tomar cuidado com a possibilidade de agravar o quadro do paciente se a fratura não identificada for vertical. Com fratura oblíqua pequena Remoção da cúspide e porção da dentina afetada, e para reabilitação pode-se realizar restauração direta com resina e amálgama, restauração com proteção de cúspide ou indireta. Com fratura vertical ou oblíqua extensa Estabilização por 2-4 semanas com banda orto- dôntica e ajuste oclusal, se necessário. Com a resolução da sensibilidade dolorosa, realiza-se restauração indireta para reabilitação do paciente. Prevenção • Prevenção do aparecimento e da conti- nuidade de fraturas já existentes. • Remoção de hábitos deletérios; • Uso de placas miorrelaxantes para bru- xismo (estabilidade da oclusão); • Cavidades conservadoras; • Cimentação passiva de restaurações indi- retas. https://www.youtube.com/watch?v=609m HOt6O2I&feature=youtu.be https://www.youtube.com/watch?v=609mHOt6O2I&feature=youtu.be https://www.youtube.com/watch?v=609mHOt6O2I&feature=youtu.be
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