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Anais da Semana de Pedagogia da UEM. Volume 1, Número 1. Maringá: UEM, 2012 1 A IMPORTÂNCIA DO ESTÁGIO NA FORMAÇÃO DE PROFESSOSRES CHAVES, Isabelle C. Gutierrez belle_gut@hotmail.com RODRIGUES, Jéssica Salomão jhe.salomao@hotmail.com SILVA, Ana Paula Brito paulynhabritto@hotmail.com Universidade Estadual de Maringá Formação de professores e intervenção pedagógica Introdução Buscamos discutir nesse artigo a importância do Estágio Supervisionado e de que forma as experiências vivenciadas durante esse período podem contribuir com a nossa formação docente. Tal vivência foi oportunizada pelo desenvolvimento das atividades da disciplina de Estágio Curricular Supervisionado na Educação Infantil I do curso de pedagogia da Universidade Estadual de Maringá (UEM). O Estágio Supervisionado é uma exigência da LDB – Lei de Diretrizes e Bases da Educação nacional nº 9394/96 nos cursos de formação de professores, por ser um momento de fundamental importância no processo de formação dos docentes. Constitui-se espaço que possibilita aos estudantes vivenciar o que foi aprendido no curso de graduação, tendo como função integrar as inúmeras disciplinas que compõem o currículo acadêmico, contribuindo assim para uma inter relação entre os componentes curriculares e a prática. Sendo assim, o Estágio Supervisionado tem um papel fundamental no processo de formação inicial, pois, o mesmo caracteriza-se como a prática em meio à aprendizagem na graduação. Atualmente as escolas e os alunos vêm sofrendo mudanças impostas pela dinâmica de uma sociedade em constante transformação pelo avanço da tecnologia e da ciência, se o Anais da Semana de Pedagogia da UEM. Volume 1, Número 1. Maringá: UEM, 2012 2 professor não acompanhar essas mudanças e não estiver muito bem preparado não será capaz de oferecer um ensino de qualidade aos seus alunos. Por isso, torna-se imprescindível o desenvolvimento de estágios supervisionados e intervenções pedagógicas com o objetivo de aperfeiçoar o processo de ensino-aprendizagem. Para lidar com essa nova realidade de mudanças e transformações os professores devem estar preparados e engajados em encontrar alternativas em busca da melhoria de sua prática docente e assim contribuir de forma mais significativa com o desenvolvimento de seus alunos. Objetivos Neste sentido nosso objetivo é demonstrar como ocorreu o nosso Estágio Supervisionado, quais foram seus pontos positivos e negativos e analisar como a teoria apreendida nas diferentes disciplinas do curso de Pedagogia se consolidou em prática e saberes docentes, enriquecendo, assim, nossa formação como futuras pedagogas. Metodologia O estágio tem como objetivo possibilitar o desenvolvimento de habilidades e competências e integrar teoria e prática, ele é o meio pelo qual o aluno pode observar e intervir no cotidiano escolar exercitando suas potencialidades. Durante a experiência do estágio, as observações e experiências são inúmeras e diferenciadas, o que propicia a reflexão sobre as teorias que estão sendo assimiladas no curso de graduação. Os procedimentos metodológicos deste trabalho baseiam-se na dinâmica da disciplina de Estágio Curricular Supervisionado de Educação Infantil I, desenvolvida no decorrer dos estágios realizados em um Centro de Educação Infantil na cidade de Maringá, no primeiro semestre do ano de 2012. Os estágios aconteceram uma vez por semana com duração de quatro horas semanais cada encontro, perfazendo um total de 68 horas. As atividades de estágio compreendiam em observação e participação, elaboração de planejamentos, execução de intervenções e discussões a respeito dos autores estudados e das situações vivenciadas. Durante nosso Estágio Supervisionado, observamos uma turma do infantil 4°C, contendo 28 alunos na faixa etária de quatro anos. No período da tarde, portanto, conhecemos Anais da Semana de Pedagogia da UEM. Volume 1, Número 1. Maringá: UEM, 2012 3 apenas uma das educadoras da instituição que nos apresentou como deve acontecer o trabalho docente com a turma. Os alunos são comunicativos, criativos e possuem desenvolvimento compatível com a idade cronológica. Trata-se de uma turma que participa das atividades propostas por isso conseguimos abordar os temas e os objetivos aos quais nos propusemos. Resultados e discussões: Caracterizando o campo de estágio e analisando o processo formativo. Para melhor conhecermos o Centro de Educação Infantil ao qual desenvolvemos nosso estágio, realizamos uma entrevista com os membros da equipe técnica administrativa, por meio de um roteiro de questões elaboradas previamente, com temas relativos à: caracterização da instituição, aspectos históricos, estrutura física da escola, organização do ensino e planejamento, caracterização da população, relação com os pais, processo de inclusão, entre outros. Em decorrência dessa atividade pode-se dizer que a instituição foi criada pela necessidade de atender as crianças do bairro, isso ocorreu em 1983, o centro atendia as crianças e não tinha a pré-escola até 1991 quando foi reformada, ficando pronta em 2002, hoje ela atende por volta de 300 crianças em período integral. Não há muita diferença no nível social, entre os alunos a maioria é de classe média e alta, sendo a minoria de nível baixo. O critério que o centro utiliza para matricula é a lista de espera, não há mais a prioridade pela renda familiar, todos tem direitos iguais. Os horários de atendimento são: Das 07h00min da manhã às 18h30min, alguns professores chegam as 07h30min e ficam até as 11h30min, e outros cumprem horários diversificados, no período da tarde as crianças ficam com as educadoras. Em nenhum momento a sala fica sem alguém responsável pelas crianças. Os princípios filosóficos que o centro segue constam no Projeto Político Pedagógico de 2008, reformulado em 2012, os quais defendem: trabalhar a ética, autonomia, responsabilidade, a solidariedade, respeito ao bem comum, regra de convivência, direitos e deveres, lúdico, brincadeiras, manifestação artística, obras literárias. A entrevista realizada com os membros da equipe técnica administrativa possibilitou o entendimento da função social do centro de Educação Infantil, dando-nos suporte e orientação Anais da Semana de Pedagogia da UEM. Volume 1, Número 1. Maringá: UEM, 2012 4 nas nossas ações educativas e pedagógicas. O estágio também nos auxiliou na construção da nossa identidade profissional por nos aproximar das diferentes dimensões da profissão, do que é ser professor na Educação Infantil, das contradições e valores, concepções e saberes em circulação no espaço institucional. O estágio nos foi apresentado como uma: [...] atividade de aproximação com o campo profissional, por tratar-se de uma forma de inserção do mundo do trabalho e na área específica de atuação, de possibilidades de conexão entre teoria estudada e a prática observada nas instituições que acolhem as estagiárias, configurando-se, assim, como um passo importante na construção das identidades profissionais. (GOMES, 2009, p.67) Sendo exatamente o que ocorreu em nossos estágios, pois estes foram fundamentais para que nós, futuras profissionais pudéssemos nos aproximar do futuro campo de atuação visando estabelecer o elo entre teoria e prática. Dessa forma, o Estágio Supervisionado passou a ter função fundamental que não é apenas levar os conhecimentos teóricos ao campo da prática, mas compreendê-los, reelaborá-los, pensando a realidade vivida pelo futuro professor. Foi possível compreender, também, a importância da teoria ao desenvolvermos nossos planos de aula e ao aplicar a intervenção, pois segundo Bonetti (s/d) se faz necessário um desempenho intelectual, técnico, relacional e cívico construído no compromisso com os outros (alunos), e que só é possível por meio da teoria. Uma dasatividades inerente ao processo de estágio é elaboração do planejamento, o qual cumpre a finalidade de organizar a intervenção por parte do professor e sistematizar os conteúdos. Sendo assim segundo Ostetto, Planejar é essa atitude de traçar, projetar, programar, elaborar um roteiro para empreender uma viagem de conhecimento, de interação, de experiências múltiplas e significativas para/com o grupo de crianças. Planejamento pedagógico é atitude crítica do educador diante de seu trabalho docente. Por isso não é uma fôrma! Ao contrário, é flexível e, como tal, permite ao educador repensar, revisando, buscando novos significados para sua prática pedagógica. (OSTETTO, 2000, p.177) O planejamento na Educação Infantil precisa contemplar, além de construção e socialização do conhecimento, questões que envolvam o lúdico, o prazer, enfim, ações em que Anais da Semana de Pedagogia da UEM. Volume 1, Número 1. Maringá: UEM, 2012 5 a crianças possam dar significado as suas aprendizagens. Dessa maneira objetivamos realizar em nossos planejamentos, a condição de propor às crianças situações desafiadoras e significativas, que favorecessem a exploração, a descoberta e a apropriação de conhecimento sobre o mundo físico e social. As atividades que aplicamos em sala de aula, envolviam questões lúdicas, nas quais trabalhávamos com histórias, desenhos, músicas, brincadeiras e outros. Pois no período da tarde em que estagiávamos as atividades eram voltadas para o lúdico. O processo de elaboração do planejamento nos propiciou uma reflexão acerca da nossa prática, possibilitando-nos repensar nossos objetivos, buscando articular com a realidade dos alunos para que assim o nosso planejamento pudesse alcançar os objetivos propostos. Procuramos nos apoiar nos “Planejamento baseado em conteúdos organizados por áreas de conhecimento” que segundo Ostetto (2000, p.187) “se relaciona claramente com a defesa de pré-escola como espaço pedagógico e, portanto, lugar de conhecimento”. Em nossas observações verificamos que a professora da sala, apoiava-se no “Planejamento baseado em listagem de atividades”, embora tivesse toda uma orientação por parte da equipe do centro, com respaldo da Secretaria de Educação pela opção dos pressupostos teóricos da concepção Histórico Cultural defendida por Vygotsky (1991) e seus colaboradores como princípios norteadores da prática docente. Assim, a professora tinha as atividades organizadas para desenvolver com as crianças, mas com o objetivo de ocupar o tempo das crianças e não com um objetivo pedagógico, por exemplo, quando levava às crianças a sala de vídeo não fazia uma introdução sobre o filme, o mesmo ocorria quando fazia alguma brincadeira com as crianças. Ao nos apoiarmos em um planejamento que visa uma pré-escola como espaço pedagógico encaramos o desafio de desvincular a pré-escola, das funções de “guardiã”, “compensatória” e “com objetivos em si mesmo” que nos trás as autoras Abramovay e kramer (1985) em seu debate, e que muito nos ajudou no decorrer dos estágios. Os pressupostos defendidos por Weffort (1995), sobre a observação e registro, muito nos auxiliou no decorrer das atividades da disciplina. Olhar que envolve ATENÇÃO e PRESENÇA. Atenção que segundo Simone Weil é a mais alta forma de generosidade. Atenção que envolve sintonia Anais da Semana de Pedagogia da UEM. Volume 1, Número 1. Maringá: UEM, 2012 6 consigo mesmo, com o grupo. Concentração do olhar inclui escuta de silêncios e ruídos na comunicação. (WEFFORT, 1995, p.10) Portanto, realizarmos nossa observação no decorrer do estágio de uma forma diferente, ou seja, com “atenção” e “presença”. O texto de Weffort (1995) nos possibilitou pensar, refletir, interpretar e avaliar nosso estágio, a professora, a escola e as crianças isso por meio de um olhar pensante e com foco, observando o que as crianças estão aprendendo, a dinâmica da interação da criança com os detalhes, como a professora coordena as relações dentro da sala de aula entre outras observações. Buscando sempre estabelecer relações entre as semelhanças e as diferenças do que havíamos aprendido em sala de aula, absorvendo para nós apenas o que nos acrescentaria positivamente. Durante as observações foi possível constatar, também, que o cuidar e o educar são processos indissociáveis na ação educacional da criança pequena e esta especificidade exige uma formação diferenciada da qual é dada a outros níveis de ensino. Segundo Oliveira (2002), o papel dos professores de crianças pequenas difere, em alguns aspectos, dos demais professores, o que configura uma profissionalidade específica do trabalho docente na educação desta fase. Esta singularidade docente deriva das próprias características da criança, das características dos contextos de trabalho das educadoras e das características do processo e das tarefas desempenhadas por elas. Observamos nos estágios que o cuidar e o educar partilham de igual importância no cotidiano da Educação Infantil. Vivenciamos bem isso no estágio ao auxiliarmos a professora que desenvolvia um enorme papel, e uma enorme diversidade de tarefas, àquelas que vão de cuidados com a higiene até a educação entendida como socialização, desenvolvimento e aprendizagem, incluindo ainda a função de manter as crianças interessadas e atentas. Ao chegarmos à sala de aula auxiliávamos a professora a acordar as crianças em seguida as higienizávamos e arrumávamos os cabelos, após o lanche auxiliávamos às crianças na escovação do dente e acompanhávamos aquelas que necessitavam de ajuda ao ir ao banheiro, isso além dos cuidados que devemos ter para as crianças não brigarem entre elas. O que nos mostra o quanto a criança necessita de cuidados por parte do professor e como seu papel difere dos professores de outras áreas da educação. Anais da Semana de Pedagogia da UEM. Volume 1, Número 1. Maringá: UEM, 2012 7 As crianças são vulneráveis e dependentes, devido a isto exige parte das educadoras uma responsabilidade maior no que diz respeito ao aprendizado e desenvolvimento das crianças. Assim como esclarece Oliveira. Há na educação de infância uma interligação profunda entre educação e “cuidados”, que contribui igualmente para a abrangência do papel da educadora em relação aos professores de outros níveis educativos. (OLIVEIRA, 2002, p.49) Assim, em conformidade à citação da autora, além das funções que devem ser desenvolvidas pelo professor, no que se refere ao processo de educar tem ainda uma enorme diversidade de tarefas que devem ser desenvolvida por elas, quanto aos cuidados que fazem parte do desenvolvimento de cada criança. Neste sentido foi observado no estágio um problema muito comum na realidade das escolas brasileiras que é a insuficiência de pessoal de apoio. Constatou-se que uma professora em sala de aula não era suficiente para atender vinte oito crianças, contudo, a professora buscava aplicar atividades que não a sobrecarregasse, e raramente utilizava as mesas e cadeiras. Buscando assim ganhar tempo para desenvolver as outras tarefas. Acreditamos que desta forma tanto a professora quanto os alunos são prejudicados, a professora pelo fato de não se sentir satisfeita por não poder desenvolver as atividades que são de seu interesse e que poderiam contribuir para o desenvolvimento da criança, e o aluno por ficar isento de tal atividade. Nessa perspectiva a citação a seguir nos ajuda a refletir sobre a questão em pauta. Essa enorme diversidade de tarefas vai desde os cuidados da criança e do grupo (bem estar, higiene, segurança), á educação, entendida como socialização, como aprendizagem, á animação infantil. (BREDEKAMP, 1996, p.339) Nesse sentido os textos que trabalhamos, também, contribuíram, sobremaneira, para estabelecer um diferencial, teórico/prático, em nossa formação como futuras educadoras. Portanto, é preciso que sejamgarantidas condições dignas de trabalho para os professores para que assim possam educar com dignidade e contribuir com a sua atuação, proporcionando o conhecimento a todas as crianças em uma pré- escola com função pedagógica. Anais da Semana de Pedagogia da UEM. Volume 1, Número 1. Maringá: UEM, 2012 8 Conclusão Ao realizar o presente trabalho, decorrente da experiência de estágio, o qual teve como objetivo principal demonstrar e analisar como as atividades de estágio auxiliam em nossa formação inicial de futuras profissionais da educação foi possível evidenciar diferentes percepções, tais como: A importância do Estágio Supervisionado para a aquisição da prática profissional, pois este relata o que o aluno cursou durante sua graduação, toda a parte teórica e com isso poder colocá-la em prática de forma que possa compreendê-la e reelaborá-la para que assim possa inserir a teoria em sua realidade pedagógica. No campo de estágio, foi possível nos apropriarmos dos conhecimentos necessários para a nossa formação profissional, pois nosso conhecimento teórico adquirido no decorrer do curso nos auxiliou no sentido de nos dar segurança na realização das observações, no auxilio à professora, nas intervenções, na regência e no desenvolvimento das atividades que até então só eram vistas na teoria, dentro das salas de aula. A convivência no período de estágio com as educadoras, professoras e demais membros da instituição, nos permitiu conhecer a realidade do dia-a-dia e as peculiaridades dos profissionais de educação, nos oportunizando a chance de aprender na prática, e de estarmos preparadas para enfrentar os desafios da profissão. Este também foi um momento intrínseco de reconhecimento do nosso perfil profissional e de nossas opções relacionadas à educação. No decorrer do Estágio Supervisionado houve vários momentos de questionamento em relação à teoria e a prática, discussão e análise sobre as observações realizadas o que nos ressaltou a importância da abordagem e de se inserir na realidade da Educação Infantil, durante a Graduação, para que como futuras profissionais da educação soubéssemos lidar, de forma mais eficiente, com toda problemática que envolve este nível de ensino. Aprendemos também a resolver certos problemas relacionados à educação e passamos a entender a importância que tem o educador na formação pessoal e profissional de seus alunos. Desta forma, o estágio contribuiu para nossa formação, e nos ajudou a adquirir conhecimentos teóricos na prática, permitindo-nos assim, uma visão crítica e global de cada caso que surgiu ao longo do Estágio Supervisionado. Finalizando, podemos dizer que este Anais da Semana de Pedagogia da UEM. Volume 1, Número 1. Maringá: UEM, 2012 9 processo na formação inicial constitui-se em uma etapa formativa sem a qual não se pode pensar em formação docente de qualidade. REFERÊNCIAS ABRAMOVAY, M., KRAMER, S. “O rei está nu: um debate sobre as funções da pré- escola”. In: Cadernos Cedes. São Paulo, Cortez, 1985. BONETTI, Nilva. O professor de educação infantil um profissional da educação básica: e sua especificidade. Anais da Anped. GT: Educação de criança de 0 a 6 anos/ n.7.(s/d). BREDEKAMP, S. Early childhood education. In: SIKULA, J. (Ed.). handbook of research on teacher education. New York: Macmillan, 1996. p. 323-347. GOMES, Marineide de Oliveira. Formação contínua, estatuto da prática e estágio na formação de educadores. Formação de professores na Educação Infantil. São Paulo, Cortez, 2009. OLIVEIRA, Julia Formosinho. O desenvolvimento profissional das educadoras de infância: Entre os saberes e os afetos, entre a sala e o mundo. Formação em contexto: uma estratégia de integração. 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