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• DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA: GESTÃO TECNOLÓGICA E ECONÔMICA • TURMA: T01 (2020.5 - 234567T12) • DOCENTE: LIANA FRANCO PADILHA • DISCENTE: ISADORA LAPENDA VIEIRA Inicialmente, é válido ressaltar que a partir do século XX, a teoria Ecomalthusiana surgiu como uma das primeiras análises a respeito dos problemas ambientais, sendo essa tese sustentada pela ideia de que o exacerbado crescimento populacional pressionava os recursos naturais. No entanto, os impactos negativos à natureza vigentes são resultantes, principalmente, pela geração de poluentes e efluentes tóxicos de processos químicos, e segundo uma pesquisa realizada pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2016, estimou-se 1,6 milhões de mortes por impacto de doenças associadas a determinadas substâncias químicas, o que é,provavelmente, uma estimativa abaixo da realidade. Nesse contexto, é importante frisar que a utilização de processos químicos começou a se intensificar a partir do século XVIII, início das Revoluções Industriais, as quais deram palco para o surgimento de diversos avanços tecnológicos e fabris que consomem, infelizmente, diversos recursos ambientais, além de realizarem diversas reações químicas que produzem uma gama de substâncias e resíduos poluentes tóxicos que ameaçam os serviços ecossistêmicos. Logo, diante a problemática e os seus riscos que tornam-se cada dia mais aparentes, as economias globais se atentaram a tal estorvo, de modo que em 1972 ocorreu a Conferência de Estocolmo- realizada pela ONU-, onde estiveram presentes diversos chefes de Estado, instituições governamentais e não governamentais, os quais discutiram a relação do homem com o meio ambiente e a necessidade de medidas que mitigassem os impactos à natureza. Com isso, tem-se como objetivo nesse estudo, analisar a perspectiva da “ Química Verde”, a qual é responsável por propor alternativas mais sustentáveis e menos maléficas ao meio ambiente. Para isso, é mister mencionar que alguns países se destacaram em medidas que coibissem a geração de efluentes, em especial, os norte-americanos, os quais desenvolveram em 1991- através da agência ambiental norte-americana EPA (“Environmental Protection Agency”)- , medidas para prevenção de poluição e lançou seu programa “Rotas Sintéticas Alternativas para Prevenção de Poluição”, uma oferta de patrocínio para projetos de pesquisa que incluíssem a prevenção de poluição em suas rotas sintéticas, caracterizando o nascimento da química verde, e em 1995, o Governo dos EUA instituiu o programa de premiação “The Presidential Green Chemistry Challenge” (“PGCC”)com o objetivo de premiar inovações tecnológicas que possam vir a ser implementadas na indústria para a redução da produção de resíduos na fonte, em diferentes setores da produção, de modo a incentivar novas práticas menos deteriorantes. Ademais, em 1993, na Itália, foi estabelecido o Consórcio Universitário Química para o Ambiente (INCA), o qual tinha como objetivo de reunir grupos acadêmicos envolvidos com química e ambiente; uma de suas áreas de atuação é a prevenção de poluição através da pesquisa em reações, produtos e processos mais limpos, ocorrendo anualmente a Escola Internacional de Verão em Química Verde, realizada pelo INCA, na qual há o contado com a participação de jovens químicos de 20 países diferentes. Em 1997 foi criado o “Green Chemistry Institute” (GCI), que desde janeiro de 2001, atua em parceria com a Sociedade Americana de Química (“American Chemical Society, ACS”) e no mesmo ano em foi criado foi realizada a sua Primeira Conferência Internacional em “Green Chemistry”, em Veneza; em julho de 2001 aprovou a criação do Sub-Comitê Interdivisional de “Green Chemistry”, na qual houve a disceminação desse novo conceito sustentável, o de “ química verde”. Portanto, mediante as circunstâncias, muitos países desenvolveram dispositivos legais que obrigam as indústrias e empresas que geram resíduos poluentes a adotar medidas que os tratem antes do descarte no meio ambiente, além de haver normas internacionais de gestão ( ISO 14000), as quais apresentam requisitos de tratamento dos efluentes sólidos e líquidos tóxicos. Consoante ao apresentado, torna-se imperioso citar as características desse novo modelo que vem ganhando espaço gradativamente na esfera mundial, o qual é conceituado pela IUPAC como “desenvolvimento de produtos químicos e processos que buscam a redução ou eliminação do uso e da geração de substâncias perigosas”. Ou seja, tem-se como principal finalidade a prevenção da natureza através da diminuição de poluentes ambientais produzidos por atividades da área química, sendo desenvolvido sistemas e técnicas que contemplem esses objetivos. Assim, a química verde dispõe-se em 12 princípios: 1°) Prevenção Esse fundamenta-se na lógica de que é melhor prevenir a geração de resíduos poluentes do que tratá- los a posteriori, ou seja, se há diminuição ou escassez de resíduos (lixo), consequentemente, ocorre a redução da necessidade de tratamento, e assim diminuímos o descarte no meio ambiente. Logo, é notório os benefícios da prática desse princípio, pois ele promove a redução de custos com remediação dos poluentes e torna mínguo descartes tóxicos desnecessários, sendo necessário um planejamento detalhado para implantação de técnicas de prevenção de acordo com o processo químico desejado. 2°) Economia ou eficiência atômica Também denominada de “síntese verde”, esse método tem como objetivo maximizar a incorporação dos produtos para geração eficaz e integra do produto final, isto é, busca-se utilizar a maior quantidade possível da massa dos reagentes e transformá-la em produto, não gerando, dessa forma, um grande quantidade de resíduos poluentes para serem descartados na natureza. Sendo a reação de adição de Diels-Alder é um excelente exemplo de uma reação com 100% de economia atômica, já que toda a massa dos reagentes é incorporada ao produto. É mister citar, que indústria farmacêutica e de química fina são as grandes vilãs na geração de resíduos, apresentando uma baixa taxa de eficiência atômica, especialmente porque, ao longo dos anos, suas plantas industriais foram projetadas para empregar reações estequiométricas clássicas, que geram uma quantidade enorme de sais inorgânicos como resíduos. 3°) Redução de toxicidade Tal princípio tem como finalidade a utilização e formação de substâncias menos tóxicas durante a reação química, de modo a minimizar danos gerados ao meio ambiente e ao ser humano. Ou seja, deve-se objetivar ao realizar uma reação química, a utilização de substâncias não nocivas ao meio ambiente, de modo a ser necessário uma vasta pesquisa sobre as alternativas mais sustentáveis. 4°) Desenvolvimento de produtos seguros e eficientes É um princípio que se fundamenta no planejamento detalhado da reação química para que seu produto cumpra com os requisitos almejados, como também apresente baixo ou nenhum nível de toxidade. 5°) Eliminar ou tornar seguros solventes e outros auxiliares de reação A Química Verde defende que as reações químicas devem ser analisadas cautelosamente, de modo a garantir a real necessidade de uso de determinadas substâncias tóxicas e processos deteriorantes, avaliando as condições para não utilizar tais métodos poluentes e, caso realmente seja imprescindível o uso desses solventes, que seja realizado com os de menores impactos ambientais. Um exemplo, seria a utilização de solventes orgânicos tóxicos, os quais geram, na maioria dos casos, resíduos que ameaçam a saúde da natureza, então, a química verde propõe o uso da água como solvente orgânico, visto que ela não afeta o bem-estar ambiental. 6°) Otimização do uso de energia Esse princípio defende a utilização de menores quantidades de energia ou aderência à energias provindas de fontes renováveis, analisando se há realmente a necessidade de procedimentos que sevalem do uso de fontes energéticas, ocorrendo a preferência por meios naturais, de modo a diminuir tanto os impactos ambientais quanto a conta de energia. Ademais, é válido frisar que uma reação ideal, em termos de eficiência energética deve ocorrer em temperatura e pressão ambientes, contudo, infelizmente, muitos processos da indústria química se valem de mudanças bruscas dos fatores mencionados, além dessa energia ser gerada, na maioria dos casos, pela queima de combustíveis fósseis não renováveis. 7°) Uso de matérias-primas de fontes renováveis Tem- se como objetivo nesse fundamento, a diminuição da extração de recursos ambientais e de geração de materiais artificiais, ocorrendo a preferência pela realização de reações químicas por meio de matérias-primas renováveis ou com materiais reciclados. 8°) Evitar derivações desnecessárias Esse princípio indica a utilização de algumas substâncias nos processos de síntese, os chamados bloqueadores, para impedir que uma reação química aconteça em mais de uma etapa, pois esse adicional de etapas requerem mais reagentes e podem gerar resíduos 9°) Catálise A catálise envolve a redução do tempo de processamento de uma reação por meio de catalisadores. O uso dessas substâncias torna a reação mais rápida, diminuindo, assim, a possibilidade de formação https://www.manualdaquimica.com/fisico-quimica/catalisador.htm de um produto indesejado. De modo progressivo, reações que ocorrem através desse sistema são mais limpas e precisas, além de haver a possibilidade de reciclar e reutilizar o catalisador por várias vezes, como também oferece vantagens econômicas na medida em que seu custo é mais baixo. 10°) Desenvolvimento de produtos degradáveis após o término de vida útil É necessário desenvolver substâncias químicas que, quando sofrerem a degradação (decomposição), transformem-se em substâncias inócuas, isto é, que não reagem com nenhuma outra substância, evitando, assim, a geração de substâncias tóxicas. 11°) Monitoramento/controle de processos em tempo real A Química Verde declara como imprescindível a realização de um monitoramento da durante a realização de um processo químico, havendo atenção no que tange problemas e agilidade na resolução deles, de modo a evitar danos ou geração de resíduos no final do processo. Esse fundamento tem como finalidade a garantia da qualidade e eficiência da implantação dos outros princípios. 12°) Desenvolvimento de processos seguros Esse princípio defende a utilização de todos os outros onze já especificados, havendo uma análise das substâncias utilizadas e a maneira que ela será aplicada no processo, minimizando a possibilidade de acidentes. Destarte, mediante a análise dos princípios da química verde é perceptível os benefícios da aplicação desse conceito sustentável, visto que ele propõe alternativas menos nocivas ao meio ambiente, promovendo a beatitude desse espaço essencial à vida. Dessa forma, urge fazer uma ligação desses valores com as suas possíveis áreas de atuação no mercado e na engenharia química: Um grande exemplo da introdução de princípios da química verde é a questão do uso do petróleo, o qual é usado para muitos fins e representa um grande agente poluidor, além de não ser uma fonte renovável. Assim, o autor de Schuchardt et al. (2001) defende o uso da biomassa, a qual com mil toneladas corresponde a aproximadamente 2,9 barris de petróleo; o Brasil precisa de cerca de 90 milhões toneladas de petróleo por ano .Logo, toda essa demanda brasileira poderia ser suprida por 225 milhões de toneladas de biomassa por ano. Levando-se em conta que no Brasil são produzidas cerca de 21x109 toneladas por ano de biomassa, seria necessário somente 1% da biomassa produzida anualmente no país para substituir o petróleo, o que não afetaria a produção de alimentos, nem significaria devastação ou qualquer outra forma de agressão às florestas. Ou seja, há sim a possibilidade de utilização de novas fontes de energia e matéria prima. Outro setor a ser discutido é o da engenharia de projetos, o qual é responsável por aplicar soluções viáveis, econômicas e eficientes para solucionar situações problemáticas, assim, para otimizar os projetos que englobam a indústria química, é imprescindível a aplicação dos princípios da química verde. Ao realizar o estudo do estorvo e dos pontos do projeto, é válido que o engenheiro questione os materiais a serem utilizados, se são renováveis ou apresentam teores de toxidade e baixa biodegrabilidade, planejar os custos energéticos e se há a necessidade de implantação de fontes de energia renovável, como por exemplo, instalação de placas solares para minimizar os impactos ambientais. Além de prever e anular a possibilidade de produção resíduos tóxicos, e analisar cautelosamente como ter um rendimento alto do uso dos reagentes, sem haver desperdício ou produção de efluentes, como também deve ser feita uma avaliação das substâncias, dos materiais e das tecnologias utilizadas no projeto e se não há outras alternativas menos nocivas ao meio ambiente. Tendo como exemplo, a construção de uma Estação de Tratamento de Efluente (ETE) em uma indústria cosmética, na qual o engenheiro de projeto e os envolvidos devem analisar formas de diminuir a quantidade de efluentes gerados, podendo ser a partir da maximização da incorporação dos reagentes para gerar o produto ainda na fábrica, além de se atentar no custo dos produtos para o tratamento dos resíduos gerados, seus níveis de toxidade, os catalisadores e há gasto energético alto para realizar tal processo de limpeza, ademais, deve se atentar se seria possível o tratamento da água contaminada por completo, ou seja, sem haver nenhuma liberação de substâncias que afetem a beatitude ambiental. Em conclusão, a química verde se traduz em duas palavras; prevenção e redução. Ocorrendo, de modo geral, em conjunto, isto é, reduzindo para prevenir. Assim, mediante a nocividade dos impactos gerados pela indústria química, não há dúvidas da necessidade da aplicação dos princípios supracitados, visto que eles representam uma alternativa eficaz para manutenção dos nossos ecossistemas e da vida na terra. Logo, urge que os novos profissionais tenham mais noção desse conceito, para que consigam aplicá-los em seus projetos, garantindo a redução de geração de resíduos poluentes e a beatitude da natureza como um todo. BIBLIOGRAFIA https://nacoesunidas.org/relatorio-da-onu-pede-acao-urgente-para-enfrentar-poluicao-por- substancias- quimicas/#:~:text=Em%202016%2C%20a%20Organiza%C3%A7%C3%A3o%20Mundial,um%20leque% 20de%20servi%C3%A7os%20ecossist%C3%AAmicos. https://www.manualdaquimica.com/quimica-ambiental/quimica-verde.htm https://nacoesunidas.org/relatorio-da-onu-pede-acao-urgente-para-enfrentar-poluicao-por-substancias-quimicas/#:~:text=Em%202016%2C%20a%20Organiza%C3%A7%C3%A3o%20Mundial,um%20leque%20de%20servi%C3%A7os%20ecossist%C3%AAmicos. https://nacoesunidas.org/relatorio-da-onu-pede-acao-urgente-para-enfrentar-poluicao-por-substancias-quimicas/#:~:text=Em%202016%2C%20a%20Organiza%C3%A7%C3%A3o%20Mundial,um%20leque%20de%20servi%C3%A7os%20ecossist%C3%AAmicos. https://nacoesunidas.org/relatorio-da-onu-pede-acao-urgente-para-enfrentar-poluicao-por-substancias-quimicas/#:~:text=Em%202016%2C%20a%20Organiza%C3%A7%C3%A3o%20Mundial,um%20leque%20de%20servi%C3%A7os%20ecossist%C3%AAmicos. https://nacoesunidas.org/relatorio-da-onu-pede-acao-urgente-para-enfrentar-poluicao-por-substancias-quimicas/#:~:text=Em%202016%2C%20a%20Organiza%C3%A7%C3%A3o%20Mundial,um%20leque%20de%20servi%C3%A7os%20ecossist%C3%AAmicos. https://www.manualdaquimica.com/quimica-ambiental/quimica-verde.htm
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