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APOSTILA DE DIREITO SUCESSÓRIO Por: Raphael Haidar Gomes 2 INTRODUÇÃO O direito sucessório “mortis causa” é caracterizado pela transferência dos bens deixados pelo “de cujus” (falecido), podendo ser pela via de praxe, ou seja, regida pelo Código Civil, sendo esta a sucessão legítima ou pode ser através de instrumento declaratório da última vontade do falecido, este chamado de testamento, assim sendo, a sucessão neste último caso será testamentaria. A sucessão hereditária (sucessório), pode ser feita em vida “inter vivos” e como nosso estudo, “causa mortis”, é necessário determinar que para haver esta última modalidade de sucessão é necessário que o falecido tenha deixado bens a serem sucedidos. A sucessão pode ser feita mediante a totalidade dos bens deixados pelo falecido (herança), ou seja, é feita com a universalidade de bens ou pode ser feita à título singular, definindo-se como legatários ou testamentários, que será aprofundado pela frente. O direito sucessório é direito fundamental previsto no art. 5º, XXX, CRFB/88. HERANÇA E PRINCÍPIO DE SAISINE Como visto acima, a herança é compota pela totalidade, universalidade de bens do falecido, ocorre que a herança não é composta apenas e bens e bônus, incluem nestas os ônus obrigacionais do de cujus, como por exemplo, uma dívida. Deste modo, para finalizar o conceito de herança, é necessário registrar que além dos bens, móveis e imóveis, é composta por bônus e ônus obrigacionais também. Existe a possibilidade da herança negativa, esta ocorre quando o sujeito falecido deixa mais dívidas ou estas na mesma proporção que seu acervo, não sobrando nada a ser partilhado. Cumpre destacar que a herança até o momento da partilha é um bem indivisível, deste modo, os herdeiros são condôminos sobre os bens pertencentes ao espólio até que se efetive de fato a partilha, logo dentro deste lapso temporal, os bens serão regidos pelas regras de condomínio quanto aos herdeiros. (Art. 1.791, CC). Cabe destacar que as dívidas e obrigações onerosas deixadas pelo “de cujus” serão descontadas da herança deixada antes mesmo da partilha, logo, dessa forma os herdeiros não responderão pelos encargos do falecido, porém cabem aos herdeiros provarem o excesso, caso tenha. (Art. 1.792,CC). 3 Atenção! Caso a partilha tenha sido feita sem os descontos dos encargos ou dívidas deixadas pelo falecido, o herdeiro responderá quanto estas no limite de sua quota parte recebida da herança. (Art. 1.997, CC). O Princípio de Saisine consiste na transmissão dos bens automaticamente aos herdeiros após a morte do indivíduo. Exceção! Direitos personalíssimos do falecido são intransmissíveis por lei, por sua própria natureza ou por convenção, exemplos: contrato de mandato, contrato de empreitada, seguro de vida, obrigações personalíssimas, etc. SUCESÃO ESTRANGEIRA A legislação brasileira afirma que ocorrerá a sucessão na lei em que o falecido tenha domiciliado antes de sua morte, independente e onde se encontram os seus bens (art. 10, LINDB). Quando os bens forem de um falecido estrangeiro, porém situados no Brasil, a sucessão será regrada pela lei nacional quando estas beneficiem os herdeiros brasileiros ou seus representantes, sempre quando a lei pessoal do “de cujus” não lhe sejam mais favoráveis. (art. 10, parágrafo 1º, LINDB e art. 5º, XXXI, CRFB/88). Quanto a capacidade dos herdeiros ou legatários, essa será de acordo com a lei de seus domicílios. (art. 10, parágrafo 2º, LINDB). ABERTURA DA SUCESSÃO Competência – A sucessão se fará no lugar o último domicílio do “de cujus”, entretanto, havendo mais de um domicílio, aplicar-se-á o Princípio da Prevenção, ou seja, o juízo que primeiro tomou conhecimento da herança. (Art. 1.785, CC). Não havendo domicílio, a abertura do inventário se dará nos locais estabelecidos no art. 48, parágrafo único do CPC, quais sejam, o foro de situação dos bens imóveis, havendo bens imóveis em diferentes foros, será em qualquer um deles, e por último, não havendo bem imóveis, será no foro do local de qualquer um dos bens do espólio. Atenção! Se porventura no trâmite do inventário, o cônjuge meeiro vier a falecer e os bens deixados e limitarem a sua quota parte da herança em juízo, haverá conexão, isto é, o segundo inventário correrá nos autos do primeiro inventário. 4 Base legal - A sucessão será regulada pela lei vigente na época da morte do “de cujus”. (Art. 1.787, CC). Limitação ao testador – Havendo herdeiros necessários (cônjuge, descendentes e ascendentes – sempre nesta ordem), o testador só poderá dispor de 50% de sua herança, isto porque a outra metade, denominada de “legítima” é destinada obrigatoriamente aos herdeiros necessários. (Art. 1.789, CC). SUCESSÃO DO AUSENTE Destarte, é necessário conceituar o ausente, que conforme o art. 22, CC, é aquele que desaparece de seu domicílio sem deixar dar notícias de seu paradeiro e sem deixar um representante ou procurador para administrar seus bens. A ausência é demarcada por 3 momentos: a. Curadoria do bens do ausente (Arts. 22 a 25, CC); b. Sucessão provisória dos bens (Arts. 26 a 36, CC); c. Sucessão definitiva (Arts. 37 a 39, CC). A curadoria dos bens do ausente é feita por um curador nomeado pelo juiz, quando não tiver mandatário anterior a ausência do indivíduo ou quando este não puder continuar com o mandato. A nomeação do curador é feita a requerimento de qualquer interessado, até mesmo do Ministério Público, desde que o ausente cumpra os requisitos do art. 22, CC. O curador será o administrador dos bens do ausente, ou seja, irá conservar e os administrar até que sejam partilhados aos herdeiros Além do mais, o curador será preferencialmente o cônjuge, desde que este não seja separado do ausente judicialmente ou de fato por mais de 2 anos. Não havendo cônjuge, será curador os pais do ausente ou seus descendentes, nesta ordem. Na falta de qualquer destas pessoas, o juiz decidirá quem será o curador. (Art. 25, CC). A sucessão provisória se dará em duas situações distintas (art. 26, CC): a. 1 ano decorrido da arrecadação dos bens do ausente; b. 3 anos decorridos da arrecadação dos bens do ausente, se este deixou representante ou procurador. 5 Os interessados na abertura da sucessão estão elencados taxativamente no art. 27, CC, entretanto, não havendo quaisquer destes interessados, caberá ao Ministério Público requerer a abertura da sucessão ao juízo competente. (Art. 28, parágrafo único, CC). Após a sentença que determinou a abertura da sucessão provisória produzirá seus efeitos até 180 dias após a sua publicação, entretanto, após seu trânsito em julgado, procederá a abertura do testamento (se houver), a abertura do inventário e a partilha, como se o ausente fosse falecido. (Art. 28, CC). Se em até 30 dias após o trânsito em julgado da referida sentença o herdeiro ou interessado não comparecer para requerer abertura do inventario, proceder-se-á a arrecadação dos bens, juntamente com a averbação da sentença. (Arts. 22, parágrafo 2º, CC e art. 104, LRP). Se dentro do prazo de 30 dias, interessados ou possíveis herdeiros e apresentarem para a posse dos bens dos ausentes, deverão prestar garantia da restituição destes, como por exemplo, penhores ou hipotecas. Exceção! A comprovação da qualidade de herdeiro para as figuras de herdeiros necessários terá a posse dos bens independente e garantias. (Art. 30, parágrafo 2º, CC), ademais, estes perceberão a totalidade de fruto e rendimentos geridos pelos bens, já os apenas interessados perceberão só a metade, ouvindo sempre o Ministério Público e prestando contas anualmente em juízo. (Art. 33, CC). Se durante a sucessão provisória se prova a morte do ausente, inclusive a sua data exata, desde esta data ficará aberta a sucessão em favor dos herdeirosque eram àquele tempo (art. 35, CC). Quanto a sucessão definitiva, esta se dará a requerimento dos interessados visando o levantamento dos cauções prestadas, quando: a. Passados 10 anos após o trânsito em julgado da sentença que concedeu a sucessão provisória. (Art. 37, CC); b. Provando-se que o ausente conta com 80 anos de idade, e que de 5 datam as últimas notícias dele, ou seja, o ausente contava com 75 anos de idade na época de seu desaparecimento. (Art. 38, CC). Na sucessão definitiva, o interessado passa de possuidor a proprietário dos bens, entretanto, ocorrendo o retorno do ausente ou a aparição de ascendentes ou descendentes no prazo de 10 anos, eles receberão os bens no estado em que se encontram. Caso apareçam após 6 transcorridos esses 10 anos, nada receberão. Quanto aos bens arrecadados, esses serão do Município ou Distrito Federal dependendo da circunscrição dos mesmos. (Art. 39, CC). CESSÃO DE DIREITOS HEREDITÁRIOS A cessão de direitos hereditários é um negócio jurídico consensual, oneroso ou gratuito, devendo ser realizado através de escritura pública, é ato “inter vivos” e translativo. Este negócio poderá ser feito ainda dentro dos autos de inventário ou arrolamento, desde que haja assinatura do cedente ou de seu advogado com procuração com poderes especiais para tanto. Quando a cessão se tratar de bem imóvel, além da escritura pública referente a cessão realizada, deverá ainda ser feito o registro do ato, para que os efeitos desse negócio jurídico se torne “erga omnes”. Simplificando, o herdeiro cede a outro co-herdeiro ou a terceiro a sua parte na herança, ou seja, ele cede a quota parte que receberá através da partilha, não podendo especificar os bens ou valor, apenas vende a sua porcentagem. É ineficaz a cessão realizada de bem singularizado, salvo com prévia autorização judicial, bem como do co-herdeiros. (Art. 1.793, parágrafo 3º,CC). Atenção! Os co-herdeiros possuem direito de preferência sobre a herança, sendo assim, caberá ao cedente antes de oferecer sua quota parte a terceiro sempre oferecer antes aos co-herdeiros. Caso a cessão seja realizada sem a anuência de um co-herdeiro, este poderá depositar a quantia da cessão nos autos e reaver para si a quota cedida a estranho, desde que requerido no prazo de 180 dias após a transmissão. Nesta mesma corrente, havendo mais de um co-herdeiro, a quota cedida será dividida igualmente entre todos eles. (Arts. 504 e 1.795, CC). Realizada a cessão hereditária, o cessionário caso seja um terceiro deverá se habilitar no processo de inventário ou arrolamento, porem não será este um novo herdeiro, apenas um sujeito processual equiparado. Importante! Qualquer acontecimento eventual posterior à cessão hereditária , como por exemplo, o surgimento de novos bens ou créditos na herança, não são abrangidos pelo negócio jurídico realizado. (Art. 1.793, parágrafo 1º, CC). A anulação da cessão de direito hereditária que não cumpriu com a sua forma de ser realizada deverá ser feita mediante ação própria e proposta pelo co-herdeiro, além disso, o prazo 7 decadencial de 180 dias deste procedimento jurisdicional passa a ser contado da data em que o interessado teve conhecimento da realização da cessão hereditária. ITCMD O imposto de transmissão “causa mortis” e doações tem função fiscal, a sua incidência recaí sobre a transmissão de bens em caso de herança por consequência da morte do indivíduo ou por doação “inter vivos” de qualquer natureza. (Art. 155,I, CRFB/88). A isenção do imposto em pauta é requerido pelos herdeiros para a apreciação do juiz da causa, entretanto, por força do art. 179, CTN, os inventários processados por modalidade de arrolamento sumário são incompetentes para o pedido de isenção. Desta forma a isenção deverá ser requerida na esfera administrativa, concomitantemente com o sobrestamento do procedimento judicial, para que posteriormente este último seja dado continuidade já com a certidão de isenção acostada aos autos. Atenção! Cabe a progressividade do ITCD, conforme o valor do quinhão a receber por cada herdeiro. (Art. 2º, Res. 9/ 1992 – Senado Federal). ADMINISTRADOR DA HERANÇA Até que o inventariante preste compromisso com o inventário, quem tomará conta do espólio será o administrador judicial (Art. 613, CPC). O administrador judicial representa ativa e passivamente o espólio, este terá de apresentar em juízo os frutos que percebeu desde a abertura da sucessão, e terá direito ao reembolso de eventuais despesas necessárias efetuadas para manter o bem conservado, porém, também responde por eventuais danos, cujo teve dolo, culpa ou deu causa. (Art. 614, CPC). Caberá a administração da herança sucessivamente (Art. 1.797, CC): I – Cônjuge ou companheira, se no tempo da abertura da sucessão convivia com o falecido; II – Herdeiro que estiver na posse e na administração dos bens, havendo mais de um, caberá ao mais velho; III – Testamenteiro; IV – Na falta das opções acima ou em caso de afastamento delas, pessoa de confiança do juiz, nomeada por este. 8 LEGITIMIDADE PARA REQUERER O INVENTÁRIO O requerimento de inventário e partilha incumbe a quem esteja na posse e administração do espólio, no prazo de 2 meses após a abertura da sucessão, desdobrando-se por 12 meses subsequentes, podendo ser prorrogado. (Arts. 611 e 615, CPC). São legitimados (art. 616, CPC): I – Cônjuge ou companheiro sobrevivente; II – Herdeiro; III – Legatário; IV – Testamenteiro; V – Cessionário; VI – Credor do falecido; VII – Ministério Publico (herdeiros incapazes); VIII – Fazenda Pública, se interessada; IX – Administrador judicial da falência do herdeiro, do falecido ou do cônjuge/ companheira sobrevivente. O juiz nomeará inventariante na seguinte ordem (art. 617, CC): I – Cônjuge ou companheiro sobrevivente se na época da abertura da sucessão convivia com o falecido; II – Herdeiro que se achar na posse e administração dos bens; III – Qualquer herdeiro se nenhum estiver na posse e administração dos bens; IV – Herdeiro menor por seu representante legal; V – Testamenteiro, se a ele estiver confiado toda a administração do espólio ou toda a herança estiver em legados; VI – Cessionário; VII – Inventariante judicial, se houver; VIII – Pessoa estranha idônea, quando não houver inventariante judicial. 9 Atenção! O inventariante, intimado da nomeação, deverá no prazo de 5 dias, prestar compromisso de bem e fielmente desempenhar a sua função em juízo. (Art. 617, parágrafo único, CPC). As funções do inventariante estão descritas no art. 618, CPC, quais sejam: Representar o espólio de forma ativa e passiva em âmbito judicial e fora dele; zelar pelos bens como se deles fossem; apresentar as primeiras e últimas declarações pessoalmente ou com advogado com poderes para tanto, exibir em cartório para consulta documentos acerca do espólio; juntar aos autos certidão de testamento, se houver; trazer a colação bens caso haja adiantamento da legítima; prestar contas quando determinado pelo juiz, requerer relações de insolvência. Atenção! O inventariante, através de autorização judicial e anuência dos demais coerdeiros, poderá: alienar qualquer bem; pagar dívidas do espólio, transigir em juízo; fazer as despesas necessárias para a conservação e melhoramento dos bens do acervo. (Art. 619, CC). INVENTÁRIO COMUM Primeiramente, consiste o inventário em instrumento processual, formado no juízo competente com o fim de liquidação de eventuais encargos ou dívidas deixadas pelo falecido, bem como a partilha do acervo (herança), na proporção exata dos direitos dos herdeiros e sucessores. O inventário judicial é necessário quando existe testamento, quando há herdeiro menor e idade ou quando há discordância entre os herdeiros acerca da partilha da herança. (Art. 610, CPC). OCódigo de Processo Civil vigente trata o inventário como um procedimento especial e não mais uma simples jurisdição voluntária, isto porque em muitos casos há litígio entre os próprios herdeiros, sendo necessário a composição da lide para depois, de fato, partilhar a herança entre as partes. Após a abertura da sucessão, o processo de inventário do patrimônio do “de cujus” tem prazo de 2 meses, se desdobrando por mais 12 meses subsequentes pelo juiz a requerimento das partes. (Art. 611, CPC). Desde a sua anuência de compromisso, o inventariante ficará responsável pela administração da herança até a homologação da partilha, porém, até que o inventariante preste compromisso com o inventário, quem tomará conta do espólio será o administrador judicial. (Arts. 613, CPC e 1.991, CC). 10 O administrador judicial representa ativa e passivamente o espólio, este terá de apresentar em juízo os frutos que percebeu desde a abertura da sucessão, e terá direito ao reembolso de eventuais despesas necessárias efetuadas para manter o bem conservado, porém, também responde por eventuais danos, cujo teve dolo, culpa ou deu causa. (Art. 614, CPC). A competência é o local do último domicílio do falecido, havendo mais de um domicílio, será competente o primeiro juízo a qual reconhecer a abertura da herança (Princípio da Prevenção). Não havendo domicílio será no local da situação dos bens deixados, havendo bens imóveis será em qualquer lugar da situação destes, não havendo bem imóvel, o foro competente será em qualquer local de situação de qualquer bem do acervo. (Art. 48, CPC). PRIMEIRAS DECLARAÇÕES No prazo de 20 dias, após prestar compromisso em juízo como inventariante, este deverá apresentar as primeiras declarações, juntamente com os documentos necessários para o prosseguimento do feito. (Art. 620, CPC). A título de conhecimento, as primeiras declarações é uma peça onde consta o nome do autor da herança, cônjuge, herdeiros, os bens deixados, obrigações, contas correntes, créditos a serem recebidos, e como será feita a partilha dos mesmos, deverão estarem acompanhados com todos os documentos pertinentes a cada uma dessas qualificações e especificações do acervo, ou seja, documentos pertinentes as qualificações das partes (inventariante, falecido bem como herdeiros) e os documento pertinentes a todos os bens e obrigações deixadas na herança. Modelo da peça encontra-se nos anexos, denominada de anexo 1. O juiz determinará que se faça o balanço do estabelecimento empresarial, caso o falecido fosse empresário individual, ou a apuração dos haveres, se o falecido era sócio de alguma sociedade que não fosse anônima (S/A). (Art. 620, parágrafos 1º e 2º, CPC). CITAÇÕES E IMPUGNAÇÕES Após apresentada as primeiras declarações, o juiz determinará a citação do cônjuge ou companheiro, herdeiros e legatários, para se manifestarem e se habilitarem no inventário para que posteriormente seja promovida a partilha. A Fazenda Pública será intimada, e o Ministério Público, caso haja incapaz ou ausente. (Art. 626, CPC). Deverá o testamenteiro ser intimado caso haja testamento com a indicação daquele para promover a execução do testamento. 11 Nos termos do art. 259, III, CPC, o cônjuge ou companheiro, herdeiros e legatários serão citados via postal, bem como por edital publicado, já a Fazenda Púbica, o Ministério Público e ao testamenteiro (este último a pessoa de advogado se já tiver constituído patrono nos autos) serão citados pela Serventia, com cópia da petição de primeiras declarações apresentada. Após a citação, abrir-se-á vista as partes no prazo de comum de 15 dias, para que as mesmas possam arguir erro, correções, omissões ou sonegação, para se manifestarem acerca da nomeação do inventariante, bem como contestar a qualidade de quem foi incluído no título de herdeiro, este último proveniente de alguma cessão ou até mesmo um credor. (Art. 627. CPC). Atenção! O herdeiro ou interessado preterido (ignorado) que tomar ciência do inventário, poderá requerer a sua habilitação antes da partilha. (Art. 628, CPC). Ao se passar o prazo de manifestação dos citados do art. 627, CPC, caberá a Fazenda Pública no prazo de 15 dias, verificar em seus sistemas os valores dos bens imóveis indicados nas primeiras declarações, podendo concordar com o valor atribuído pelo inventariante através da folha de rosto do IPTU, ou impugnar o valor indicando o valor que entende ser real (Art. 629, CPC). Caso a Fazenda Pública concorde com os valores atribuídos pelo inventariante aos bens imóveis, poderá dispensar avaliador judicial e concordar para que se promova o prosseguimento da demanda. (Art. 633, CPC). Atenção! Poderá a Fazenda Pública requerer um avaliador judicial para apurar os valores dos bens imóveis, ademais, a omissão da Fazenda Pública não implica preclusão, podendo a mesma impugnar os valores atribuídos aos imóveis pelo inventariante a qualquer tempo. Atenção! Após a intimação da Fazenda Pública, a mesma deverá ser ouvida sempre sobre qualquer ato processual, sob pena de nulidade. Essa nulidade é sanável, já que o pagamento dos tributos pertinentes para a feitura da partilha é condição para a sentença autorizadora. (Art. 654, CPC). AVALIAÇÃO E CÁLCULO DO IMPOSTO Vale lembrar que os valores indicados juntos ás primeiras declarações pelo inventariante são preliminares, podendo as partes posteriormente intimadas se manifestarem a favor ou contra tais valores, e se for o caso, o juiz poderá nomear avaliador judicial ou na ausência deste, um perito para que se possa apurar os reais valores dos bens do acervo deixado pelo falecido. (Art. 630, CPC). 12 O perito que fizer a avaliação dos bens do espólio, poderá no que couber aplicar os arts. 872 e 873, CPC. (Art. 631, CPC). Os laudos feito pelo perito ou avaliador, ficarão nos autos e as partes serão intimadas no prazo de 15 dias para se manifestarem acerca dos novos valores atribuídos. (Art. 635, CPC). Havendo impugnação referente aos valores atribuídos pelo perito, o juiz decidirá de plano, fazendo-se valer de todos os documentos juntados nos autos, e, julgando procedente a impugnação, deverá o perito retificar sua avaliação, observando os fundamentos da decisão. (Art. 635, parágrafos 1º e 2º, CPC). Caso aceitado de “prima facie” ou após a impugnação e a nova avaliação dos bens, o inventariante será intimado à proceder com as últimas declarações, podendo emendar, adicionar e aditar as primeiras declarações já constantes nos autos. (Art. 636, CPC). Ouvida as partes no prazo comum de 15 dias acerca das últimas declarações, proceder- se-á os cálculos do tributo. (Art. 637, CPC). É importante destacar a edição de determinadas súmulas a respeito do imposto pelo STF: a. Súmula 112 – O ITCMD é devido pela alíquota vigente ao tempo da abertura da sucessão; b. Súmula 113 – O cálculo do ITCMD é fito sobre o valor dos bens na data da avaliação; c. Súmula 114 – O ITCMD não é exigível antes da homologação o cálculo pelo juiz; d. Súmula 115 – O ITCMD não incide sobre os honorários do advogado do inventariante homologados pelo juiz; e. Súmula 331 – O inventário decorrente de morte presumida é abrangido pelo ITCMD; f. Súmula 590 – Calcula-se o ITCMD sobre o saldo credor da promessa de compra e venda de imóvel, no momento da abertura da sucessão do promitente vendedor. Feito o cálculo, as partes serão intimadas no prazo comum de 5 dias para se manifestarem acerca do valor do ITCMD, e posteriormente ouvida a Fazenda Pública. (Art. 638, CPC). Eventual impugnação acolhida pelo juiz, deverá ser refeito o cálculo do ITCMD, para posterior julgamento do mesmo pelo magistrado. (Art. 638, parágrafos 1º e 2º, CPC). 13 SONEGAÇÃO A sonegação ocorre quando o inventariante omite do juízo qualquer coisa deixada pelo falecido nas últimas declarações. (Art. 621, CPC).A arguição da sonegação é feita mediante ação própria pelo inventariante, porém em apenso ao inventário, no prazo de 10 anos contados da homologação da partilha, ou seja, apenas depois que o inventariante especificar todos os bens deixados pelo “de cujus”, e não existindo mais nada a inventariar, mais precisamente após as últimas declarações. (Arts. 61, 205 e 621, CPC). A ação de sonegados deverá ser pleiteada pelo inventariante, após este ser questionado pela falta ou ocultação de algum bem feito por herdeiro ou interessado após as últimas declarações, entretanto, os efeitos da sentença alcançam a todos os demais interessados. (Art. 1.994, CC). O herdeiro intimado nesta ação poderá apresentar a sua impugnação como meio de defesa conforme art. 627, I, CPC, impugnando a omissão no rol de outros bens que ali deveriam estar. Caso o sonegador seja o próprio inventariante e seja devidamente comprovado este ato ilícito, o mesmo poderá perder eu cargo. (Art. 1.996, CC e art. 622, VI, CPC). O herdeiro que dolosamente sonegar qualquer bem da herança não o descrevendo no inventário, na sobrepartilha ou na colação, perderá o direito sobre ele. É de suma importância qu seja comprovado o dolo do sonegador. (Art. 1.992, CC). Atenção! A sonegação é considerada crime pelo art. 168, CP, devendo o sonegador responder também em esfera criminal. Não sendo mais possível restituir os bens sonegados, o juiz ordenará o pagamento do valor da respectiva coisa sonegada, bem como o pagamento de perdas e danos. (Art. 1.995, CC). DÍVIDAS DEIXADAS PELO ESPÓLIO A herança responde no limite de seu valor total por eventuais dívidas deixadas pelo falecido, entretanto, já efetuada a partilha, os herdeiros responderão na proporção que receberam da herança. (Art. 1.997, CC). É importante lembrar que aberta a sucessão, fica facultado aos credores se habilitarem no inventário para garantirem a satisfação da obrigação deixada pelo falecido antes da realização da partilha. Ultimada a partilha, poderá o credor em ação de execução demandar contra os herdeiros 14 separadamente, no limite dos quinhões recebidos da herança para saudarem a dívida existente, eis que após a partilha não há mais solidariedade entre os herdeiros. (Arts. 642 e 796, CPC). Atenção! A petição de habilitação dos créditos do credor será distribuída de forma executória por dependência e autuada em apenso ao inventário. (Art. 642, parágrafo 1º, CPC). Havendo impugnação pelo inventariante com provas valiosas, o juiz ordenará reservar bens do acervo suficientes para saudar a dívida, eis que oportunamente, poderão cair em execução. (Art. 1.997, parágrafo 1º, CC). Sendo assim, o credor será obrigado a iniciar a ação de cobrança no prazo de 30 dias, sob pena de tornar sem nenhum efeito a providência de reserva de bens feita pelo juiz. (Art. 1.997, parágrafo 2º, CC). Atenção! Caso um herdeiro efetue o pagamento de dívida do espólio, poderá este por ação regressiva cobrar os demais herdeiro, dos quais não pagaram solidariamente os gastos feitos pelo co-herdeiro. Ademais, na hipótese de insolvência de um dos herdeiros apenas, a sua quota será rateada entre os demais de forma proporcional aos seus quinhões. (Art. 1.999, CC). Para que não haja confusão de patrimônio particular do herdeiro com os que receber da herança, poderão os legatários e credores requererem a separação dos bens, indicando desde já os pertencentes exclusivamente ao herdeiro (bens particulares), para assim promoverem preferencialmente o pagamento da dívida, bem como a entrega da coisa certa em legado. (Art. 2.000, CC). Atenção! Se um herdeiro for devedor do espólio, esta dívida se dividirá entre os demais herdeiros, salvo se a maioria consentir em deixar o débito exclusivamente ao herdeiro devedor. (Art. 2.001, CC). DESPESAS FUNERÁRIAS As despesas funerárias, havendo ou não herdeiros legítimos, serão pagas através do montante deixado pelo falecido, entretanto, as despesas de sufrágios (atos religiosos) só serão custeadas pela herança, caso haja disposição testamentária pelo falecido. (Art. 1.998, CC). Atenção! Segundo o rol do art. 965, CPC, as despesas funerárias gozam de preferencia geral sobre os bens da herança. 15 REMOÇÃO DO INVENTARIANTE Além da sonegação, o inventariante poderá ser excluído de seu cargo de ofício ou a requerimento de qualquer interessado caso descumpra suas funções como tal. O rol do art. 622, CPC apresenta um rol exemplificativo dos casos que podem ocasionar a exclusão do inventariante. O rol apresenta as seguintes situações, não prestar no prazo legal as primeiras e últimas declarações; se protelar, suscitar dúvidas ou não der ao inventário o seu regular andamento; se por sua culpa os bens do espólio sofrerem danos; se não cobrar dividas existentes ou deixar perecer direitos a serem recebidos; se não prestar contas; se sonegar e ocultar bens. A remoção é um incidente processual e correrá em apenso aos autos do inventário, o inventariante acusado para remoção será intimado a apresentar sua defesa no prazo de 15 dias. (Art. 623, CPC). Conforme art. 624, CPC, o juiz decidirá sobre a exclusão do inventariante de seu cargo com ou sem a apresentação de sua defesa, e após nomeará outro inventariante para que o substitua, observada a ordem do art. 617, CPC. Atenção! O inventariante removido deverá passar todas as suas funções imediatamente ao seu substituto, sob pena de busca e apreensão, se for o caso, imissão da posse, bem como uma multa não superior a 3% do valor dos bens inventariados. (Art. 625, CPC). Atenção! Poderá haver ainda a destituição do inventariante, esta é diferente, eis que ocorre por vontade própria do inventariante, quando o mesmo por algum motivo não quer ou não pode mais prosseguir nesta função, devendo ser nomeado um substituto pelo juiz. COLAÇÃO É o ato pelo qual o herdeiro traz de volta ao montante da herança algum bem que tenha recebido em vida por doação pelo falecido, desta forma, este fará uma restituição ao acervo de forma que torne isonômica a partilha. Sua finalidade é igualar a partilha, então essa “restituição” será feita de forma a aumentar a quotas a serem recebidas pelo demais herdeiros em razão deste bem que um herdeiro recebeu adiantadamente quando o falecido ainda era vivo, sob pena de sonegação. (Art. 2.002. CC). Atenção! Somente os herdeiros necessários podem requerer que determinado herdeiro traga o bem a colação, uma vez que este bem faria parte da legítima caso não tivesse sido transferido em vida. 16 A colação irá integrar o montante indisponível (legitima), sem acrescer o montante disponível. (Art. 2.002, parágrafo único, CC). Somente ocorrerá a colação, caso haja mais de um herdeiro necessário, além daquele beneficiado pela doação da coisa pelo ascendente, que futuramente faleceu e se tornou o autor da herança. Ademais, a doação de ascendente para descendente não necessita de anuência dos demais herdeiro quando feita em vida, porém gera essa obrigação de realizar a colação. Atenção! Mesmo que o donatário não mais possua os bens doados, é necessário que haja a colação do referido bem doado a época pelo autor da herança. (Art. 2.003, CC). Existem dois tipos de colação, primeiramente, tem-se a colação real, onde o bem doado é retornado fisicamente ao montante para que seja feita a partilha de forma isonômica, já a colação do valor ou pela estimativa, ocorre quando herdeiro não mais tem o bem doado, então far-se-á uma estimativa de seu valor por informações a respeito da coisa doada. Atenção! Ao se tratar de colação pelo valor, far-se-á através de avaliador judicial, uma avaliação da coisa doada na época da doação, ou seja, uma avaliação de retrospectiva. (Art. 2.004, CC). Se no ato da doação não constar valor, ou nem sequer chegar em uma estimativa do valor da época, haverá uma presunção decálculo para apurar o valor que valeria naquela época. (Art. 2.004, parágrafo 1º, CC). Somente voltará a colação o valor da coisa, independente se gerou frutos, lucros ou se o herdeiro realizou nela alguma benfeitoria. (Art. 2.004, parágrafo 2º, CC). Atenção! Quando o bem não pertence mais ao donatário á época da colação, o valor da coisa doada será atualizado do modo que se preste o valor na época da abertura da sucessão, e não mais da época da doação. (Enunciado 119 – I Jornada de Direito Civil). Só será dispensado da doação o bem, cujo doador declarou fazer parte do montante disponível, e não da legitima, desde que não exceda o valor da metade da herança, para que de fato seja caracterizado parte do montante disponível do falecido. (Art. 2.005, CC). Essa dispensa poderá feita na própria escritura de doação ou através de testamento. (Art. 2.006, CC). Atenção! A parte da doação que exceder o montante disponível e adentrar a legítima será nula, tratando-se então de nulidade parcial. Este fenômeno denomina-se “doação inoficiosa”. (Art. 549, CPC). É importante frisar que o herdeiro que cedeu sua quota da herança, mediante cessão de direito hereditário, ainda possui a legitimidade para pleitear declaração de nulidade de doação inoficiosa, uma vez que a sua qualidade de herdeiro é personalíssima, o que se transfere é apenas 17 a titularidade da situação jurídica, de modo a permitir que o cessionário possa exigir a sua parte no momento da partilha. A parte prejudicada que comprovar devidamente o excesso e a ocorrência da doação inoficiosa, e acolhida pelo magistrado, o bem doado estará sujeito a redução até atender o limite da disponibilidade do montante do falecido na época da ocorrência da doação. (Art. 2.007, CC). A redução será a restituição da parte excedente da coisa doada, ou se impossível for a sua divisão ou não mais possuí-la o donatário, será feita através de pecúnia correspondente a parte excedente. (Art. 2.007, parágrafo 2º, CC). Atenção! Sendo várias doações a herdeiros necessários, feita em diferentes datas, a redução se fará começando pela ultima efetuada, até que se atinja o limite disponível. (Art. 2.007, parágrafo 4º, CC). O herdeiro que renunciou a herança ou dela foi excluído, deverá ainda retomar o bem recebido em vida à colação, para que haja análise da partilha a ser realizada, bem como de eventual excesso. (Arts. 2.008, CC e 640, CPC). Em caso de constatação de excesso, é lícito ao herdeiro escolher dentre os bens doados aqueles que irão compor a legítima prejudicada até seu limite. (Art. 640, parágrafo 1º, CPC). Atenção! Se a parte inoficiosa recair sobre bem imóvel impossibilitado de divisão, o juiz promoverá a licitação do bem entre os herdeiros, entretanto, aquele que recebeu o referido bem por doação, terá direito de preferência. (Art. 640, parágrafos 2º e 3º, CPC). Aqueles que herdam por representação em caso de pré-morte ou indignidade, terão de levar a colação o bem doado ao seu ascendente, como se seu fosse. (Art. 2.009, CC). Gastos ordinários feitos de ascendente para descendente, enquanto menor, não serão levados a colação, como por exemplo, educação, vestuário, casamento, tratamentos de doenças, enxoval, etc. (Art. 2.010, CC). As doações remuneratórias, proveniente de uma prestação de serviço, cujo contratado recusou receber o dinheiro, e como agradecimento recebe um bem por doação, não são levadas a colação, salvo se exceder o valor da prestação feita. Exemplo, “X” especialista em pintura é amigo de “Y”, certo dia realiza uma pintura na casa de “Y” no valor de R$ 3.000,00, proveniente de uma contratação por prestação de serviço, entretanto o pintor “X” se recusa a receber o dinheiro por conta da amizade, então “Y” em forma de agradecimento, doa em vida uma moto no valor de R$ 4.500,00, a parte excedente deverá ser levada a colação. (Art. 2.011, CC). Atenção! A doação feita por ambos os cônjuges ao seu sucessor, constará como duas doações, uma feita pelo pai e outra pela mãe, logo, no inventário de cada um se conferirá 18 que o bem foi dado pela metade. (Art. 2.011, CC). Assim, sendo o pai falecido, será levado a colação apenas metade do bem recebido por doação pelo herdeiro. IMPUGNAÇÃO À COLAÇÃO Nas primeiras declarações, além de listar todos os bens do acervo do falecido, deverá o inventariante citar o bem que deverá ser levado a colação, e então, ao citar aos demais herdeiros, inclusive o herdeiro donatário, este terá a oportunidade de impugnar a respeito da colação. Caso o herdeiro negar o recebimento de algum bem por negação ou entender que não deva leva-lo a colação, o juiz no prazo comum de 15 dias irá ouvir as partes e decidir acerca das alegações e provas de ambas. (Art. 641, CC). Julgada improcedente a impugnação, deverá o herdeiro num prazo de 15 dias improrrogáveis trazer o bem a colação, sob pena de sequestro (busca e apreensão) para que o bem seja inventariado e partilhado. Caso o donatário não tenha mais a posse do bem doado, a sua quota de recebimento da herança será diminuída proporcionalmente ao bem que recebeu, para que torne justa a partilha entre todos os herdeiros. (Art. 641, parágrafo 1º, CPC). A improcedência da impugnação feita por decisão interlocutória, permite o combate da mesma com o agravo de instrumento, remetendo-se ao art. 1.015, parágrafo único, CPC. Quanto aos bens sequestrados, estes ficarão sob administração do inventariante até o fim do processo de inventário e partilha. Atenção! Se a matéria tratada exigir dilação probatória além da documental, remeterá as partes às vias ordinárias (ação de sonegação), não podendo o herdeiro receber o seu quinhão hereditário enquanto durar a referida demanda, sem prestar caução correspondente ao valor dos bens sobre os quais versa a ação. (Art. 641, parágrafo 2º, CPC). INVENTÁRIO EXTRAJUDICIAL O inventário e a partilha poderão ser feitos em cartório por um tabelião, desde que todos os herdeiros sejam capazes, assistidos de advogado, bem como não houver litígio, ou seja, todos de comum acordo. (Lei n. 11.441/ 2017). Feito no Cartório extrajudicial, a escritura pública será documento hábil para qualquer tipo de registro, bem como para o levantamento e fundos deixado em instituições financeiras. (Art. 610, parágrafo 1º, CPC). 19 A escolha do Cartório é livre para a lavratura dos atos notariais, não se aplicando as regras de competência do Código de Processo Civil, além do mais, poderá o interessado desistir da via judicial ou suspender o processo de inventario por 30 dias, caso opte e possua os requisitos para ingressar junto ao Cartório. Atenção! A custas nos Cartórios extrajudiciais são chamadas de emolumentos, estas são tabeladas de acordo com cada um dos Cartórios e a escritura pública de inventário e partilha não dependem de homologação judicial. A isenção dos emolumentos é feita através de declaração de hipossuficiência demonstrando que os interessados não podem arcar com as obrigações onerosas, mesmo que tenham constituído advogado, entretanto, o imposto ITCMD deverá ser pago, inclusive de forma antecipada, através de formulário no site da Secretaria da Fazenda. É importante esclarecer que o preenchimento da declaração no site da Secretaria da Fazenda condiz com a natureza de cada bem da herança, bem como o seu valor e a sua divisão entre os herdeiros, eis que ao final do preenchimento, a guia para pagamento do ITCMD será emitida com o recolhimento do imposto dividido para cada herdeiro. É vedada a indicação de advogado aos interessados por parte do tabelião, entretanto, na falta de advogado, poderá aconselhar buscar a defensoria pública ou um órgão da OAB. Atenção! A retificação da escritura púbica de inventário e partilha pode ser retificada a qualquer tempo, desde que haja concordância entre todos os interessados. A meação de companheiro, ou seja,decorrente de união estável, poderá ser reconhecida na escritura pública, entretanto, deverá haver a concordância entre todos os herdeiros e interessados. Atenção! Havendo um único herdeiro civilmente capaz, far-se-á apenas a escritura pública de inventário e posteriormente a adjudicação dos bens, não é necessária a partilha, até porque será o único a receber a herança. Atenção! Se tratando de bens situados no exterior, é vedada a feitura do inventário e partilha extrajudicial. O inventariante deverá ser nomeado pelos interessados, após a nomeação, o tabelião fará um levantamento de eventuais dívidas deixadas pelo falecido. Além das dívidas, o tabelião ou advogado deverá informar todos os bens do acervo à ser partilhado, bem como todos os documento atualizados correspondente a cada um dos bens que compõe a herança. Após o pagamento do imposto, a reunião dos documentos dos bens da herança, bem como a petição ou escritura de esboço da partilha (feitas respectivamente pelo advogado ou tabelião), 20 serão remetidas à Procuradoria estadual. Caso esteja tudo correto, inclusive a declaração feita no site, os valores dos bens do imposto, será autorizada a lavratura da escritura publica de inventário e partilha que será feita após agendamento entre tabelião e as partes envolvidas. A certidão do inventário que será expedida pelo Cartório poderá ser levada junto ao Cartório de Registro de Imóveis, se tratando de bem imóvel, é claro, para que se proceda a transferência de propriedade, porém se tratando de bem móvel, a certidão deverá ser levada ao órgão público de registro do bem, como por exemplo, o DETRAN, se o bem for um automóvel. ARROLAMENTO É procedimento de inventário mais econômica e célere, vez que se fará pelo inventariante, sem termo de assinatura de compromisso, apresente as declarações, descrevendo os bens, seus valores e o plano de partilha, desde que os bens do espólio sejam iguais ou inferiores a 1.000 salários mínimos. Ocorrerá também caso seja feito de forma amigável entre herdeiros, desde que todos sejam capazes, nos termos da lei, será homologado de plano pelo juiz, com observância dos arts. 660 a 663 do CPC. O arrolamento encontra-se disposição no art. 659, CPC. ARROLAMENTO SUMÁRIO Conforme art. 660, CPC, na petição de inventário por arrolamento sumário será interposta independente da lavratura de termos de qualquer espécie, os herdeiros terão de: I – Requerer ao juízo a nomeação do inventariante que designarem; II – Declararão os títulos dos herdeiros e os bens do espólio; III – Atribuirão valor a todos os bens do espólio para fim de partilha. Atenção! No arrolamento não serão discutidas ou apreciadas questões relativas ao lançamento, pagamento ou à quitação de taxa judiciária e de tributos incidentes sobre a transmissão de propriedade dos bens do espólio. (Art. 662, CPC). Havendo credores do espólio, só será homologada a sentença da partilha e adjudicação se forem deixados bens reservados para a quitação da dívida deixada pelo falecido. (Art. 663, CPC). A reserva se fará pelo valor designado pelas partes, salvo se o credor regularmente intimado, 21 impugnar o valor, assim promoverá a avaliação dos referidos bens reservados. (Art. 663, parágrafo único, CPC). ARROLAMENTO SIMPLES Esse procedimento é adotado quando os bens do espólio não totalizarem um valor acima de 1.000 salários mínimos, desta forma, o inventariante sem que precise assinar termo de compromisso acerca de sua função processual, apresentará ao juízo as suas declarações, com os valores dos bens do espólio, juntamente com o plano de partilha. (Art. 664, CPC). Caso as partes interessadas ou o Ministério Público impugnar a estimativa do valor atribuído aos bens pelo inventariante, o juiz ordenará a avaliação judicial, no prazo de 10 dias. (Art. 640, parágrafo único, CPC). Recebido o laudo, o juiz designará audiência onde decidirá sobre a partilha, decidindo de plano todas as reclamações e mandando pagar as dívidas não impugnadas. (Art. 664, parágrafo 2º, CPC). Assim, lavrar-se-á tudo em um único termo, assinado pelas partes presentes ou seus advogados. (Art. 664, parágrafo 3º, CPC). Atenção! Aplica-se ao presente procedimento de arrolamento as disposições do art. 672, CPC, acerca do lançamento, pagamento e quitação da taxa judiciária e o imposto de transmissão referente aos bens da herança. (Art. 664, parágrafo 4º, CPC). Provada a quitação dos tributos relativos aos bens do espólio e às suas rendas, o juiz julgará a partilha. (Art. 664, parágrafo 5º, CPC). Atenção! Ao inventário poderá ser atribuído o procedimento do arrolamento simples, mesmo que haja incapaz interessado, desde que as partes e o Ministério Público concordem. (Art. 665, CPC). Atenção! A feitura do alvará judicial para levantamento de fundos deixados pelo falecido em instituições financeiras, independerá de inventário ou arrolamento, neste caso, os interessados poderão optar por procedimento especial de jurisdição voluntária. (Art. 666, CPC e Lei n. 6.858/ 80). INVENTÁRIO NEGATIVO É feito quando o falecido não deixa patrimônio aos herdeiros, ou quando as dívidas e encargos pecuniários do falecido ultrapassam o valor total da herança deixada, não sobrando assim nada a ser partilhado. 22 O procedimento do inventário negativo está descrito no art. 610, CPC. INVENTÁRIO CUMULATIVO A cumulatividade ocorre quando no curso de um inventário, e antes da partilha dos bens, o cônjuge ou companheiro morre, desde que haja herdeiros em comum com o primeiro falecido. Neste caso, terá apenas um único inventariante, e a heranças serão inventariadas e partilhadas de forma cumulativa, de acordo com o art. 672, CPC. PARENTESCO É um vínculo que une pessoas de uma família, possuindo algumas modalidades, quais sejam: a. Parentesco natural – É aquele que deriva de um mesmo tronco ancestral, são parente pelo sangue; b. Parentesco por afinidade – É o vínculo que existe entre o cônjuge ou companheiro com os parentes do outro, como por exemplo a sogra, cunhado, etc; É interessante ressaltar que o parentesco por afinidade em linha reta não se extingue jamais, nem tampouco com o fim do casamento, motivo pelo qual não existe ex sogra, ex sogro, sendo ainda impedido o casamento entre estes. Já o parentesco por afinidade em linha colateral não passa o 2º grau, logo o cunhado deixa de ter esse vínculo com o fim do casamento ou união estável, podendo ainda se casar com o ex cônjuge de seu irmão (ã). c. Parentesco civil – É atribuído por lei, como a relação de adotante e adotado; d. Parentesco socioafetivo – Decorre unicamente do afeto, do carinho, como por exemplo o cônjuge com os filhos de sua mulher com outro homem. O grau de parentesco é importante e atribuído para determinar a ordem sucessória e o seu limite quando na falta de herdeiros. O parentesco de linha reta é determinado por ascendentes e descendentes apenas, logo, a contagem do grau de parentesco é feita através de gerações. (Arts. 1.591 e 1.594, CC). 23 O parentesco de linha colateral é aquele que pertence ao mesmo tronco ancestral, porém não advém de descendência, ou seja, é o irmão, tio, sobrinho, etc, ou seja, não são de linha reta (avô, pai, filho), pois a linha ancestral se curva para os demais parentes. A contagem se faz partindo do parente referência, indo até ao ascendente comum e retornando ao parente que se quer saber o grau de parentesco. (Arts. 1.592 e 1.594, CC). Atenção! Para fins sucessórios, considera-se o grau de parentesco até o parente colateral de 4º grau. UNIÃO ESTÁVEL O presente tópico tem como objetivo principal traçar a sucessão na união estável estabelecida pelo Código Civil apenas para fins acadêmicos, pois o Supremo Tribunal Federal afastou os artigos que regram a sucessão no caso aquitratado, isto porque inexiste atualmente diferença entre casamento e união estável para fins legais. Importante! Desta forma, ficou decidida a inconstitucionalidade do art. 1.790, CC, sendo aplicável agora a união estável o art. 1.829, CC, não importando também as pessoas que estão casadas ou unidas, logo, a aplicação da sucessão decidida pelo STF também abrange aos casais homoafetivos. O conceito de união estável está localizado no art. 1.723, CC, consistindo na união entre duas pessoas, de forma contínua, duradoura e pública com a intenção, o “animus” de constituir uma família, sendo desnecessária a coabitação. Esses requisitos são essenciais para a 24 caracterização da união estável, já que a lei não estabelece tempo mínimo de cumprimento dos mesmos. SUCESSÃO NA UNIÃO ESTÁVEL A sucessão de companheiros está regrada pelo já declarado inconstitucional art. 1.790, CC, que dispõe que o companheiro sobrevivente só concorrerá com os descendentes quanto aos bens adquiridos onerosamente na constância da união estável, na seguinte forma: I – Se concorrer com filhos comuns, terá uma quota equivalente a que por lei for atribuída ao filho (receberá quota igual); Atenção! Este dispositivo é aplicável quando houver filhos do casal, bem como filhos apenas do falecido. II – Se concorrer apenas com descendentes do falecido, terá metade do que for atribuído a cada um dos filhos; 25 III – Se concorrer com outras pessoas não sendo os descendentes, terá apenas 1/3 da herança (essas outras pessoas são os ascendentes e os parentes de linha colateral); IV – Não tendo parentes sucessíveis, terá a totalidade da herança. Atenção! Em todos os casos o companheiro terá a meação antes da partilha da herança, por isso é importante não confundir meação com sucessão. VOCAÇÃO HEREDITÁRIA Vocação hereditária na sucessão legítima nada mais é do que a ordem sucessória, quem irá suceder a herança do falecido primeiro conforme consta no art. 1.829, CC: I – Aos descendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente, salvo se foi casado com o falecido no regime da comunhão universal ou na separação obrigatória, ou se na comunhão parcial o falecido não deixou bens particulares; II – Aos ascendentes, em concorrência com o cônjuge; III – Ao cônjuge sobrevivente; IV – Aos colaterais (até o 4º grau). Atenção! O art. 1.798, CC diz respeito da legitimidade para suceder, que são as pessoas já nascidas ou já concebidas no momento da abertura da sucessão, bem como os embriões oriundos de métodos artificiais por um prazo de até 2 anos a abertura da sucessão. Na sucessão testamentária, o Código Civil tratou de elencar em um rol pessoas que além do artigo acima, poderão ser chamados para suceder, ou seja, pessoas para serem beneficiadas através do testamento. O rol de legitimados está previsto no art. 1.799, CC, qual seja: I – Os filhos ainda não concebidos, de pessoas indicadas pelo testador, desde que o casal esteja vivo na data da abertura da sucessão. Neste caso, após a liquidação e partilha da herança, os bens deixados ao herdeiro esperado (filho não nascido) ficarão sobre o zelo de um curador especial, este indicado pelo testador ou não havendo indicação, nomeado pelo Juiz. (Art. 1.800, CC). Nascendo com vida o herdeiro esperado, a ele serão entregues os bens partilhados e os frutos provenientes dos mesmos, desde a morte do testador. (Art. 1.800, parágrafo 3º, CC). 26 Se decorridos 2 anos após a abertura da sucessão não tiver concebido o herdeiro esperado, os bens reservados caberão aos herdeiros legítimos, salvo disposição em contrária feita pelo testador. (Art. 1.800, parágrafo 4º, CC). II – Pessoas jurídicas de direito privado; III – Pessoas jurídicas, cuja organização for determinada pelo testador sob a forma de fundação. Nem toda as pessoas podem ser indicadas no testamento, por isso o legislador tratou de elencar no art. 1.801, CC, as pessoas impedidas de serem nomeadas como herdeiras ou legatárias pelo testador, quais sejam: I – Pessoa que, a rogo, escreveu o testamento, nem pessoas interpostas (o seu cônjuge ou companheiro, ou seus ascendentes e irmãos); II – As testemunhas do testamento; III – Concubino do testador casado, salvo se este, sem culpa sua, estiver separado de fato do cônjuge há mais de 5 anos. Neste caso, concubino é visto como uma união estável impura, ou seja, quando um dos cônjuges ou ambos possuem impedimentos para se casarem, mas assim permanecem juntos, desta forma o STF sumulou que a dissolução judicial desta sociedade de fato (união impura – concubinos) poderá ser acompanhada da partilha do patrimônio adquirido pelo esforço comum. (Súmula 380 – STF). Exceção – O filho do testador, proveniente de relação concubina, pode ser beneficiado através de testamento. (Art. 1.803, CC). IV – O tabelião, civil ou militar, ou o comandante ou escrivão, perante a quem fez o testamento e o aprovou. Atenção! O testamento feito em favor dos impedidos do art. 1.801, CC, ainda que feito sob a forma de contrato oneroso para simulação, é nulo, com presunção absoluta, ou seja, não cabe prova em contrário. (Art. 1.802, CC). ACEITAÇÃO E RENÚNCIA DA HERANÇA A aceitação da herança é um negócio jurídico unilateral, é a manifestação do herdeiro ou legatário quanto ao acervo que tem de receber, consolidando assim o seu domínio sobre a herança, para que assim possa ocorrer a partilha. (Art. 1.804, CC). 27 O Código Civil prevê como válida duas formas de aceitação, podendo a mesma ser expressa (escrita, mediante instrumento púbico ou particular) ou de forma tácita, quando se é praticado atos típicos da qualidade de herdeiro, como por exemplo contratar um advogado. (Art. 1.805, CC). Cuidado! Atos oficiosos não implicam na aceitação tácita da herança, quais sejam pagar o funeral do falecido, realizar atos conservatórios do acervo, bem como administração provisória da herança. (Art. 1.805, parágrafo 1º, CC). Em termos de nomenclatura jurídica, quando a herança não aceita, ou seja, ela é renunciada, tem-se então pela transferência não verificada segundo o parágrafo único do art. 1.804, CC. A aceitação e renúncia além de serem irretratáveis, ou seja, não cabe arrependimento, não podem ser feitas em parte, sob condição ou a termo, logo, ou se aceita toda a herança e depois será realizada a partilha ou a renuncia. Art. 1.808, CC. Uma solução para o seu arrependimento é posteriormente realizar uma doação ou uma cessão hereditária. Atenção! Se na mesma sucessão o herdeiro ter mais de um quinhão a ser recebido, como por exemplo, além da herança ter um legado ou um testamento, este poderá decidir qual deles renunciará ou aceitará, estando à sua livre escolha. (Art. 1.808, parágrafo 2º, CC). Na possibilidade de haver um interessado na partilha da herança, poderá este no prazo de 20 dias após a abertura da sucessão, requerer um prazo razoável ao juiz, não superior a 30 dias, para que algum herdeiro declare aceita ou não a herança, sob pena de haver a herança por aceita caso não se manifeste. (Art. 1.807, CC). A renúncia, por assim dizer, é o inverso da aceitação, logo o herdeiro se manifesta em desfavor a transmissão de herança para si, devendo sempre ser de forma expressa, ou seja, por escrito em instrumento público ou a termo no próprio juízo onde tramita a abertura da sucessão. A renúncia como também a aceitação não cabe arrependimento posterior, uma vez feita, torna-se irrevogável. (Art. 1.804, CC). Existem dois tipos de renúncia, quais sejam: a. Abdicativa – É a renúncia pura e simples, onde o herdeiro manifesta o seu desinteresse em receber a herança; b. Translativa – Esta renúncia, além da recusa do herdeiro acerca da herança, este também indica um terceiro (sucessor ou não) para receber o que ele tinha de direito. 28 Atenção! A renúncia será nulacaso não atenda aos requisitos legais impostos pelo art. 1.806, CC, nos termos do art. 104, CC. Não cabe o direito de representação nos casos de renúncia da herança, logo, havendo mais herdeiros da mesma classe sucessória, o quinhão renunciado irá acrescer aos demais, salvo se ocorrer a renúncia translativa. (Art. 1810, CC). Caso todos os herdeiros da mesma classe sucessória renunciem a herança, a mesma passará a classe sucessória subsequente. (Art. 1.811, CC). Atenção! O art. 1.812, CC, ressalta a ideia da irrevogabilidade da aceitação e da renúncia, portanto, a única forma legal para promover a anulação das mesmas será por ação própria, não podendo ser feita nos mesmos autos do inventário. Realizada a renúncia da herança propositalmente com o intuito de prejudicar credores, estes com autorização judicial poderão aceitar a herança em nome do renunciante. (Art. 1.813, CC). Devendo a habilitação dos mesmos nos autos do inventário ser realizada no prazo de 30 dias seguintes ao conhecimento do fato. (Art. 1.813, parágrafo 1º, CC). Sanada todas as dívidas e restando ainda parte do quinhão que receberia o renunciante, a renúncia prevalecerá sob a aceitação do credor, devendo o restante acrescer o total que será partilhado entre os herdeiros que prevaleceram. (Art. 1.813, parágrafo 2º, CC). INDIGNIDADE É o ato que excluí o herdeiro ou legatário da sucessão da herança por motivo de ofensas, cometimento de crimes ou até mesmo atos imorais contra o autor da herança. Ocorre que a indignidade admite reabilitação, então o herdeiro poderá receber a herança mediante perdão do ofendido expresso em testamento ou através e outro documento autêntico, como uma escritura pública. Os legitimados que não ajuizarem a ação declaratória de indignidade dentro do prazo decadencial de 4 anos após a abertura da sucessão, tacitamente perdoam o herdeiro suposto indigno. A indignidade atinge os herdeiros legítimos e testamentários, estando regrada nos arts. 1.814 a 1.818, CC. 29 O art. 1.814, CC, apresenta um rol taxativo das causas que admitem a indignidade, deste modo, sendo um rol taxativo, não admite interpretação extensiva, nem tampouco analogia, sendo elas: I – Houveram sido autores, co-autores ou partícipes no crime de homicídio doloso ou tentativa contra o autor da herança, seu cônjuge, ascendente ou descendente; II – Houveram acusado caluniosamente em juízo o autor da herança, ou incorrerem em crime contra a sua honra, ou de seu cônjuge ou companheiro (neste último caso, refere-se aos crimes contra a honra da legislação criminal); III – Aquele que por violência ou meios fraudulentos, inibiram ou atrapalharam o autor da herança de dispor livremente de seus bem por ato de última vontade. Atenção! Só procede o status de indigno após o trânsito em julgado da sentença declaratória de indignidade. Os efeitos da sentença declaratória de indignidade são pessoais, logo, caberá direito de representação quanto aos herdeiros do indigno. (Art. 1.816, CC). Deste modo, o indigno fica privado também da administração dos bens, caso os herdeiros por representação sejam menores, bem como privado do usufruto. A indignidade é realizada através e ação própria, esta chamada de ação declaratória de indignidade, cujos legitimados para propô-la são os demais herdeiros ou legatários beneficiados pela exclusão. (Art. 1.815, CC). Exceção! O Ministério Público é parte legítima para propor a ação declaratória de indignidade desde que haja interesse público quanto a herança. (Enunciado n. 116, I Jornada de Direito Civil do Conselho de Justiça Federal). O prazo para a propositura da ação é de 4 anos após a abertura da sucessão, sendo a eficácia da sentença “ex tunc” para o indigno, ou seja, retroagirá até a abertura da sucessão, já a eficácia da mesma sentença será “ex nunc” para os terceiros de boa-fé. (Art. 1.815, parágrafo único). As alienações onerosas de bens hereditários a terceiros de boa-fé praticados pelo herdeiro antes da sentença de indignidade são válidas, bem como os atos praticados legalmente referentes a administração, entretanto, quando os demais herdeiros forem prejudicados, poderão pleitear por perdas e danos. (Art. 1.817, CC). Como dito, o efeito da sentença quanto ao indigno é “ex tunc”, ou seja, retroage até a data da abertura da sucessão, logo o mesmo é obrigado a devolver os frutos e rendimentos percebidos quanto aos bens da herança, entretanto, poderá ser indenizado quanto as despesas realizadas para a conservação para os referidos bens. (Art. 1.817, parágrafo único, CC). 30 O indigno poderá receber seu quinhão disposto em testamento, desde que o autor já conhecia as causas da indignidade, mas mesmo assim deixou bens ao herdeiro suposto indigno em testamento. (Art. 1.818, parágrafo único, CC). DESERDAÇÃO A deserdação é a privação dos herdeiros legítimos de receberam a legítima da herança, devendo ser feita motivadamente pelo autor da herança em seu testamento, podendo, dentro do prazo de 4 anos a partir da abertura do testamento, o herdeiro deserdado apresentar contraprova aos apontamentos e justificativas feitas pelo testador. (Arts. 1.964 e 1.965, CC). Atenção! As causas da deserdação são taxativas, sendo elas elencadas nos arts. 1.814, 1.962 e 1.963, CC. Para haver o instituto da deserdação, é necessário que haja o cumprimento de determinados requisitos, quais sejam a existência de herdeiros necessários (descendentes, ascendentes e cônjuge), testamento válido (para surtir os efeitos da deserdação), causa prevista em lei, bem como a propositura de uma ação ordinária. O rol elencado pelo art. 1.962, CC, é: I – Ofensa física – O herdeiro que vier a constranger fisicamente o seu ascendente (autor da herança); II – Injúria grave- O herdeiro que pratique determinada conduto e fere gravemente a auto estima do autor da herança, que ataque diretamente a sua honra; III – Relações ilícitas com madrasta ou padrasto – Diz respeito a reações sexuais e libidinosas. Atenção! Apesar da taxatividade do presente rol, é necessário que o inciso III seja aplicado também as relações homoafetivas; IV – Desamparo do ascendente em alienação mental ou grave enfermidade – Trata-se do descaso e a falta de importância por parte o herdeiro com eu ascendente, principalmente em caso de doença grave que o herdeiro podendo, não cuida do seu ascendente, fazendo-se um verdadeiro descaso. É importante frisar que além das hipóteses tratadas no art. 1.814, CC, sobre a indignidade que também é aplicável a deserdação, temos o art. 1.963, CC, que trata apenas da cumulatividade do rol da indignidade com o rol da deserdação. 31 HERANÇA JACENTE E HERANÇA VACANTE Herança jacente é aquela cujo os beneficiários são desconhecidos, não se sabe do paradeiro dos mesmos, bem como quando os beneficiários, mesmo que chamados a suceder, renunciarem ao acervo deixado pelo de “cujus”. Na hipótese de o falecido não ter deixado testamento, nem tampouco não haver sido encontrado os beneficiários da herança, a mesma após arrecadada em juízo, será zelada e administrada por um curador, até que a mesma seja sucedida a um herdeiro. (Art. 1.819, CC). Segundo o art. 1.822, CC, o prazo o prazo para os beneficiários e apresentarem são de 5 anos. O juízo competente para o ajuizamento deste procedimento é o mesmo que se dá a abertura do inventário, nos termos do art. 48, CPC. A herança jacente possui um procedimento próprio de jurisdição voluntária regrada pelos arts. 738 a 743, CPC. A referida ação inicia-se com a arrecadação dos bens em juízo e a nomeação de um curador, após serão utilizadas diversas formas para encontrar um testamento deixado pelo falecido ou herdeiros, caso contrário e decorrido o prazo de 5 anos sem manifestação acerca dos bens deixados, a herança se tornará vacante, ou seja, arrecadada pelo Estado. São legitimadospara a arguição do procedimento em tese a Fazenda Pública, algum credor do espólio, o Ministério Público e até mesmo o próprio juízo. O procedimento irá se iniciar com a arrecadação dos bens nos termos do art. 738, CPC, nomeando-se após a arrecadação um curador para zelar e administrar os bens arrecadados, conforme o art. 739, CPC, que terá as funções de representar a herança e juízo ou fora dele com a intervenção do Ministério Público, zelar e conservar os bens, promover a arrecadação de novos bens, caso existentes, apresentar balancete ao juiz da causa da receita e despesas e por fim prestar contas ao final de sua gestão. O curador irá receber uma remuneração fixada pelo juiz com base na situação dos bens, o tempo de serviço, bem como de sua execução. (Art. 160, CPC). O procedimento irá continuar com a ordem do juiz ao oficial de justiça, juntamente com o escrivão ou chefe de secretaria, bem como com o curador, descrever e arrolar os bens em auto circunstanciado. (Art. 740, CPC). Não podendo comparecer ao local, o arrolamento será feito pela autoridade policial, bem como 2 testemunhas. (Art. 740, parágrafo 1º, CPC). Durante a arrecadação o juiz ou a autoridade policial irá inquerir os moradores das casas (bens deixados), bem como a vizinhança sobre a qualificação do falecido, paradeiro de herdeiros e se existe mais bens a serem arrecadados, fazendo-se assim um auto de inquirição e informação conforme art. 740, parágrafo 3º, CPC. 32 Atenção! Novos bens em comarca diferente, será feita uma carta precatória, caso seja encontrado novos bens no exterior, será carta rogatória. (Art. 740, parágrafo 5º, CPC). O juiz examinará todos os documentos encontrados ou papeis que possam dar informações pertinentes sobre o paradeiro dos sucessores do falecido, caso não sejam úteis, esses materiais serão lacrados até que se encontre um beneficiário e a ele será entregue, caso contrário, serão queimados e a herança declarada vacante. (Art. 740, parágrafo 4º, CPC). Caso seja encontrado beneficiários, sem a oposição dos legitimados para arguir o procedimento de herança jacente, a arrecadação não será realizada, entretanto, se esta estiver em curso, será suspensa. (Art. 740, parágrafo 6º, CPC). Realizada a arrecadação, o juiz procederá com a publicação do edital de citação para que beneficiários possam ter conhecimento do ocorrido, a publicação terá duração de 3 meses no sítio do Tribunal de Justiça, não havendo, será publicada 3 vezes na imprensa da comarca com o intervalo de 1 mês para cada publicação, tendo o sucessor o prazo de 6 meses para habilitar-se aos autos, contados da primeira publicação. (Art. 741, CPC). Localizado o sucessor ou testamenteiro em lugar certo, proceder-se-á a sua citação, sem prejuízo do edital. (Art. 741, CPC). Atenção! Caso o falecido seja estrangeiro, o fato será comunicado a autoridade consular de seu país de origem. (Art. 741, parágrafo 2º, CPC). Caso procedente a habilitação do herdeiro e sua legitimidade, a arrecadação até agora realizada se converterá em inventário, tomando o procedimento regrado pelos arts. 610 e seguintes do CPC, não mais o procedimento da herança jacente. Os credores poderão habilitar-se no inventário para cobrar dívida existente (arts. 687 a 692, CPC), ou propor uma ação de cobrança, lembrando que o valor da dívida será no limite do valor da herança. Atenção! Transitada em julgado a sentença que tornou a herança jacente para vacante, os beneficiários ou credores só poderão exigir seus direitos por ação direta, conforme descreve o art. 743, parágrafo 2º, CPC. O juiz poderá alienar os bens arrecadados, sob determinadas exigências em lei, entretanto, caso haja adiantamento pela Fazenda Pública ou habilitados (credores) do valor das despesas que levariam à alienação dos bens, o juiz não poderá aliená-los; havendo bens de valor pessoal, como retratos, obras de arte, etc., só poderão ser alienadas após declarada a vacância da herança. (Art. 742, parágrafos 1º e 2º, CPC). O juiz poderá alienar os bens sob égide dos seguintes requisitos. (Art. 742, CPC): I – Bens móveis, caso sejam de difícil conservação ou dispendiosa; 33 II – Semoventes, quando não empregados na exploração de alguma indústria; III – Títulos e papéis de créditos se houver fundão receio de depreciação; IV – Ações de sociedade quando, reclamada a integralização, não dispuser a herança de dinheiro para o pagamento; V – Bens imóveis, se ameaçarem ruína, não convindo a reparação ou se estiverem hipotecados e vencer-se a dívida, não havendo dinheiro para o pagamento. Passado o prazo de 1 ano do primeiro edital publicado, em que haja manifestação de beneficiários ou testamenteiros, bem como a improcedência da habilitação de alguém que se achou no direito de herdeiro, o juiz proferirá a sentença declaratória de vacância, deixando assim a herança de ser jacente, passando a ser vacante. (Art. 743, CPC). Atenção! Se até a declaração da vacância, parentes colaterais até o 4º grau do falecido, não tiveram se habilitado, serão excluídos da sucessão. (Art. 1.822, parágrafo único, CC). A sentença de declaração de vacância tem como principal efeito transferir a propriedade e a posse dos bens do acervo do falecido à Fazenda Pública. Ocorre a adjudicação provisória do Estado quando decorrido 5 anos da abertura da sucessão, os bens arrecadados passarão ao domínio do ente federativo que este se situa (Município, Distrito Federal ou União), não prejudicando os herdeiros que legalmente se habilitaram. (Art. 1.822, CC). AÇÃO DE PETIÇÃO DE HERANÇA Conhecida como também como “petito hereditatis”, é o instrumento processual utilizado para fazer valer o direito de sucessão de um herdeiro ou testamenteiro após o trânsito em julgado de uma sentença declaratória de vacância, podendo também ser utilizada na hipótese de se descobrir a existência de um testamento após realizada a partilha da herança e também quando um testamento for anulado e se deseja a regularização da partilha. (Art. 1.824, CC). Atenção! A pretensão da petição de herança prescreve em 10 anos, nos termos do art. 205, CC. O herdeiro que por ventura tenha ficado de fora do procedimento de inventário e partilha, poderá propor a ação de petição de herança para validar seus direitos como sucessor, e assim ter a sua quota parte de direito da referida herança, mesmo que a sentença do inventário e partilha anteriormente dito tenha transitado em julgado. 34 Na referida ação, mesmo que proposta por apenas um herdeiro, o mesmo poderá compreender nela todos os bens da herança já partilhados. (Art. 1.825, CC). Exceção! Quando se tratar de um legado, ou seja, um bem específico, a ação será reivindicatória. Atenção! Caso a ação de petição de herança esteja cumulada com reconhecimento de paternidade, ambas de forma paralela ao inventário, é possível requerer de forma cautelar a reserva do quinhão que seria de direito do ora possível herdeiro da ação de reconhecimento de paternidade, resguardando assim o seu direito sucessório. (Art. 668, I, CPC). As alienações realizadas a terceiro de má-fé ou de forma gratuita, deverão ser trazidas de volta ao acervo e o negócio realizado ser desfeito, sendo assim, o bem alienado deverá ser restituído ao verdadeiro sucessor. (Art. 1.827. CC). Atenção! O herdeiro aparente de boa-fé que pagou um legado, não está obrigado a prestar o valor ao verdadeiro sucessor, porém este último poderá proceder a ação contra aquele que recebeu o valor. (Art. 1.828, CC). Atenção! Se tratando de reconhecimento de paternidade “post mortem”, a prescrição da petição da herança será contata a partir do trânsito em julgado da ação de reconhecimento, não mais do trânsito em julgado da sentença da partilha. SUCESSÃO LEGÍTIMA Relembrando! A sucessão legítima é baseada no vínculo familiar, e a indicação dos herdeiros derivada lei, em contrapartida, se tratando de testamento, os testamentários são escolhidos pelo testador. Havendo herdeiros necessários, o testador só poderá dispor de 50% de sua herança, sendo por lei, a metade restante (legítima) destinada aos herdeiros necessário. Para fins de sucessão, os herdeiros facultativos são aqueles até o parente colateral de 4º grau, desta forma, inexistindo herdeiros necessários, poderá o testador dispor da totalidade de seus bens. O testamento pode ser em favor de terceiros, não sendo obrigado o beneficiário ser um herdeiro da família. A vocação hereditária quanto à sucessão legítima está disposta no art. 1.829, CC: I – Aos descendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente, salvo se este foi casado com o falecido no regime da comunhão universal ou na separação obrigatória; ou se, no regime da comunhão parcial, o autor da herança não houver deixado bens particulares; 35 II – Aos ascendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente, independente do regime de bens do casamento; III – Ao cônjuge sobrevivente; IV – Aos colaterais até o 4º grau. CONCORRÊNCIA ENTRE DESCENDENTES E CÔNJUGE Como visto acima, a concorrência na partilha da herança entre descendentes e o cônjuge é de forma condicional, devendo assim prestar atenção ao regime de casamento entre o falecido o cônjuge sobrevivente. A vocação hereditária quanto à sucessão legítima está disposta no art. 1.829, CC: I – Aos descendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente, salvo se este foi casado com o falecido no regime da comunhão universal ou na separação obrigatória; ou se, no regime da comunhão parcial, o autor da herança não houver deixado bens particulares; Para melhor visualização quanto as regras dos diversos regimes de casamento, segue uma relação quanto as modalidades descritas no Código Civil: a. Comunhão parcial de bens (regime legal) – Arts. 1.658 a 1.666, CC; b. Comunhão universal – Arts. 1.667 a 1.671, CC; c. Participação final dos aquestos – Arts. 1.672 a 1.686, CC; d. Separação de bens legal/ obrigatória – Art. 1.641, CC; e. Separação convencional – Arts. 1.687 e 1.688, CC. Desta forma, fica fácil demonstrar quando há concorrência entre o cônjuge e o descendente: a. Há concorrência – Regime da comunhão parcial (quando houver bens particulares do falecido), no regime da participação final dos aquestos e no regime de separação convencional dos bens (decorrente de pacto antenupcial); 36 b. Não há concorrência – Regime da comunhão parcial (quando não há bens particulares do falecido), regime da comunhão universal de bens e regime da separação legal ou obrigatória de bens. SUCESSÃO COM QUOTA OBRIGATÓRIA Nas hipóteses em que o cônjuge concorrer com herdeiros comuns ao falecido, ou seja, seus descendentes (filhos do mesmo casal), a cônjuge sobrevivente não poderá ter uma quota inferior a 1/4 da herança. (Art. 1.823, CC). Facilitando o raciocínio, vale dizer que se o casal possuir número de filhos que somados com a cônjuge seja superior a “4” sucessores, haverá a quota reservada, entretanto, caso o total de sucessores da herança sejam “4” ou inferior, não haverá quota reservada para a cônjuge. Atenção! Sucessão híbrida - Havendo descendente por parte do falecido ou por parte do cônjuge sobrevivente (filho externo ao casal), essa regra não se aplicará, logo a herança se dividirá em partes iguais (divisão por cabeça). (Enunciado 527, Conselho da Justiça Federal, V Jornada de Direito Civil). SUCESSÃO AOS ASCENDENTES Os ascendentes são chamados na sucessão na falta de descendentes, já que o grau mais próximo exclui o mais remoto. (Art. 1.836, CC). Atenção! Não há direito de representação aos ascendentes. (Art. 1.852, CC). Caso há igualdade nas linhas da ascendência, ou seja, pai e mãe do falecido que não deixou cônjuge ou companheira sobrevivente, cada um ficará com a metade da herança, logo, linha paterna terá metade e linha materna terá a outra metade. (Art. 1.836, parágrafo 2º, CC). 37 A concorrência entre cônjuge e ascendentes deve ser observada determinadas regras, eis que a quota reservada ao cônjuge irá variar dependendo do grau da ascendência e o número, veremos. O cônjuge que concorrer com ascendentes (paterno e materno) de 1º grau do falecido, terá uma quota de 1/3 da herança para si, e os 2/3 restantes serão divididos entre os ascendentes, ficando assim cada um (pai e mãe do falecido) com 1/3 da herança. (Art. 1.837, CC). Atenção! Caso o falecido tenha deixado apenas um ascendente, ou seja, deixado apelas o pai ou a mãe, a herança se dividirá em duas partes iguais, logo, ficará 1/2 para o cônjuge sobrevivente, bem como a outra metade (1/2) para o único ascendente deixado pelo falecido. É importante demonstrar também que na hipótese de os ascendentes deixados serem de 2º grau, ou seja, avô e avó do falecido, a cônjuge sobrevivente ficará com metade (1/2) da herança, 38 e a outra metade dividida entre nos ascendentes deixados pelo falecido. Sempre atentar se os ascendentes são paternos e maternos, ou apenas de uma linhagem. Na falta de descendentes e ascendentes, a herança será sucedida em sua totalidade apenas ao cônjuge sobrevivente, entretanto, na falta deste a herança será sucedida aos colaterais até o 4º grau. (Arts. 1.838 e 1.839, CC). SUCESSÃO AOS COLATERAIS Só haverá sucessão aos parentes colaterais até o 4º grau quando não houver descendentes, ascendentes ou cônjuge sobrevivente, nesta ordem, uma vez que os parentes colaterais não são herdeiros necessários. (Arts. 1.592 e 1.838, CC). Simplificando, será da seguinte forma: a. Irmãos – 2º grau; b. Tios e sobrinhos – 3º grau; c. Primos, tios-avós e sobrinhos-netos – 4º grau. Atenção! Na sucessão colateral há direito de representação. 39 SUCESSÃO ENTRE IRMÃOS Primeiramente há de se destacar as nomenclaturas e modalidades de irmão, quais sejam: a. Irmãos bilaterais (germanos) – São os filhos do mesmo casal; b. Irmãos unilaterais – Filhos do mesmo pai (consanguíneos) ou da mesma mãe (uterinos), mas não do mesmo casal. A partilha entre irmãos bilaterais é feita por cabeça e cabe direito de representação no caso de uma pré-morte, entretanto, havendo concorrência entre irmãos bilaterais e irmão unilateral, os bilaterais receberão o dobro do que receberá os unilaterais. (Art. 1.841, CC). Existe perante a doutrina uma espécie de “macete” para resolver a partilha entre irmãos, como uma equação matemática, qual seja: número de irmãos bilaterais vezes 2 somado com o número de irmãos unilaterais, o resultado será o número em que a herança será partilhada, lembrando que os irmãos bilaterais receberão em dobro. Atenção! Na hipótese de concorrência entre filhos de irmão bilaterais com filhos de irmãos unilaterais, a regra irá se repetir, logo, os filhos dos bilaterais herdarão o dobro. (Art. 1.1.843, parágrafo 2º, CC). Nº IB x 2 + Nº IU = Divisão da herança. Não havendo irmãos bilaterais, apenas irmãos unilaterais, estes herdarão a herança em partes iguais. (Art. 1.842, CC). Não havendo irmãos, herdarão os filhos destes, porém não havendo estes últimos também, herdarão os tios. (Art. 1.843, CC). Atenção! A divisão da herança será em partes iguais apenas na hipótese de ter somente irmãos bilaterais, ou somente seus filhos, ou somente irmãos unilaterais, ou somente os seus filhos, logo, a divisão será por cabeça. A herança será destinada ao ente federativo correspondente a sua circunscrição quando não houver nenhum herdeiro com a capacidade de herdar o acervo deixado pelo falecido, lembrando que se o bem estiver localizado em território federal, o mesmo será destinado à União. (Art. 1.844, CC). 40 HERDEIROS E LEGÍTIMA Os herdeiros, de modo geral, são
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