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APOSTILA DE DIREITO SUCESSÓRIO

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APOSTILA DE DIREITO 
SUCESSÓRIO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Por: Raphael Haidar Gomes 
 2 
INTRODUÇÃO 
 O direito sucessório “mortis causa” é caracterizado pela transferência dos bens deixados 
pelo “de cujus” (falecido), podendo ser pela via de praxe, ou seja, regida pelo Código Civil, sendo 
esta a sucessão legítima ou pode ser através de instrumento declaratório da última vontade do 
falecido, este chamado de testamento, assim sendo, a sucessão neste último caso será 
testamentaria. 
 A sucessão hereditária (sucessório), pode ser feita em vida “inter vivos” e como nosso 
estudo, “causa mortis”, é necessário determinar que para haver esta última modalidade de 
sucessão é necessário que o falecido tenha deixado bens a serem sucedidos. 
 A sucessão pode ser feita mediante a totalidade dos bens deixados pelo falecido (herança), 
ou seja, é feita com a universalidade de bens ou pode ser feita à título singular, definindo-se como 
legatários ou testamentários, que será aprofundado pela frente. 
 O direito sucessório é direito fundamental previsto no art. 5º, XXX, CRFB/88. 
 
HERANÇA E PRINCÍPIO DE SAISINE 
 Como visto acima, a herança é compota pela totalidade, universalidade de bens do 
falecido, ocorre que a herança não é composta apenas e bens e bônus, incluem nestas os ônus 
obrigacionais do de cujus, como por exemplo, uma dívida. Deste modo, para finalizar o conceito 
de herança, é necessário registrar que além dos bens, móveis e imóveis, é composta por bônus e 
ônus obrigacionais também. 
 Existe a possibilidade da herança negativa, esta ocorre quando o sujeito falecido deixa 
mais dívidas ou estas na mesma proporção que seu acervo, não sobrando nada a ser partilhado. 
 Cumpre destacar que a herança até o momento da partilha é um bem indivisível, deste 
modo, os herdeiros são condôminos sobre os bens pertencentes ao espólio até que se efetive de 
fato a partilha, logo dentro deste lapso temporal, os bens serão regidos pelas regras de condomínio 
quanto aos herdeiros. (Art. 1.791, CC). 
 Cabe destacar que as dívidas e obrigações onerosas deixadas pelo “de cujus” serão 
descontadas da herança deixada antes mesmo da partilha, logo, dessa forma os herdeiros não 
responderão pelos encargos do falecido, porém cabem aos herdeiros provarem o excesso, caso 
tenha. (Art. 1.792,CC). 
 3 
 Atenção! Caso a partilha tenha sido feita sem os descontos dos encargos ou dívidas 
deixadas pelo falecido, o herdeiro responderá quanto estas no limite de sua quota parte 
recebida da herança. (Art. 1.997, CC). 
 O Princípio de Saisine consiste na transmissão dos bens automaticamente aos herdeiros 
após a morte do indivíduo. 
 Exceção! Direitos personalíssimos do falecido são intransmissíveis por lei, por sua 
própria natureza ou por convenção, exemplos: contrato de mandato, contrato de 
empreitada, seguro de vida, obrigações personalíssimas, etc. 
 
SUCESÃO ESTRANGEIRA 
 A legislação brasileira afirma que ocorrerá a sucessão na lei em que o falecido tenha 
domiciliado antes de sua morte, independente e onde se encontram os seus bens (art. 10, LINDB). 
 Quando os bens forem de um falecido estrangeiro, porém situados no Brasil, a sucessão 
será regrada pela lei nacional quando estas beneficiem os herdeiros brasileiros ou seus 
representantes, sempre quando a lei pessoal do “de cujus” não lhe sejam mais favoráveis. (art. 10, 
parágrafo 1º, LINDB e art. 5º, XXXI, CRFB/88). 
 Quanto a capacidade dos herdeiros ou legatários, essa será de acordo com a lei de seus 
domicílios. (art. 10, parágrafo 2º, LINDB). 
 
ABERTURA DA SUCESSÃO 
 Competência – A sucessão se fará no lugar o último domicílio do “de cujus”, entretanto, 
havendo mais de um domicílio, aplicar-se-á o Princípio da Prevenção, ou seja, o juízo que 
primeiro tomou conhecimento da herança. (Art. 1.785, CC). 
 Não havendo domicílio, a abertura do inventário se dará nos locais estabelecidos no art. 
48, parágrafo único do CPC, quais sejam, o foro de situação dos bens imóveis, havendo bens 
imóveis em diferentes foros, será em qualquer um deles, e por último, não havendo bem imóveis, 
será no foro do local de qualquer um dos bens do espólio. 
 Atenção! Se porventura no trâmite do inventário, o cônjuge meeiro vier a falecer e 
os bens deixados e limitarem a sua quota parte da herança em juízo, haverá conexão, isto é, 
o segundo inventário correrá nos autos do primeiro inventário. 
 4 
 Base legal - A sucessão será regulada pela lei vigente na época da morte do “de cujus”. 
(Art. 1.787, CC). 
 Limitação ao testador – Havendo herdeiros necessários (cônjuge, descendentes e 
ascendentes – sempre nesta ordem), o testador só poderá dispor de 50% de sua herança, isto 
porque a outra metade, denominada de “legítima” é destinada obrigatoriamente aos herdeiros 
necessários. (Art. 1.789, CC). 
 
SUCESSÃO DO AUSENTE 
 Destarte, é necessário conceituar o ausente, que conforme o art. 22, CC, é aquele que 
desaparece de seu domicílio sem deixar dar notícias de seu paradeiro e sem deixar um 
representante ou procurador para administrar seus bens. 
 A ausência é demarcada por 3 momentos: 
a. Curadoria do bens do ausente (Arts. 22 a 25, CC); 
 
b. Sucessão provisória dos bens (Arts. 26 a 36, CC); 
 
c. Sucessão definitiva (Arts. 37 a 39, CC). 
A curadoria dos bens do ausente é feita por um curador nomeado pelo juiz, quando não 
tiver mandatário anterior a ausência do indivíduo ou quando este não puder continuar com o 
mandato. 
 A nomeação do curador é feita a requerimento de qualquer interessado, até mesmo do 
Ministério Público, desde que o ausente cumpra os requisitos do art. 22, CC. 
O curador será o administrador dos bens do ausente, ou seja, irá conservar e os administrar 
até que sejam partilhados aos herdeiros Além do mais, o curador será preferencialmente o 
cônjuge, desde que este não seja separado do ausente judicialmente ou de fato por mais de 2 anos. 
Não havendo cônjuge, será curador os pais do ausente ou seus descendentes, nesta ordem. Na 
falta de qualquer destas pessoas, o juiz decidirá quem será o curador. (Art. 25, CC). 
A sucessão provisória se dará em duas situações distintas (art. 26, CC): 
a. 1 ano decorrido da arrecadação dos bens do ausente; 
 
b. 3 anos decorridos da arrecadação dos bens do ausente, se este deixou representante 
ou procurador. 
 5 
Os interessados na abertura da sucessão estão elencados taxativamente no art. 27, CC, 
entretanto, não havendo quaisquer destes interessados, caberá ao Ministério Público requerer a 
abertura da sucessão ao juízo competente. (Art. 28, parágrafo único, CC). 
Após a sentença que determinou a abertura da sucessão provisória produzirá seus efeitos 
até 180 dias após a sua publicação, entretanto, após seu trânsito em julgado, procederá a abertura 
do testamento (se houver), a abertura do inventário e a partilha, como se o ausente fosse falecido. 
(Art. 28, CC). 
Se em até 30 dias após o trânsito em julgado da referida sentença o herdeiro ou interessado 
não comparecer para requerer abertura do inventario, proceder-se-á a arrecadação dos bens, 
juntamente com a averbação da sentença. (Arts. 22, parágrafo 2º, CC e art. 104, LRP). 
Se dentro do prazo de 30 dias, interessados ou possíveis herdeiros e apresentarem para a 
posse dos bens dos ausentes, deverão prestar garantia da restituição destes, como por exemplo, 
penhores ou hipotecas. 
 Exceção! A comprovação da qualidade de herdeiro para as figuras de herdeiros 
necessários terá a posse dos bens independente e garantias. (Art. 30, parágrafo 2º, CC), 
ademais, estes perceberão a totalidade de fruto e rendimentos geridos pelos bens, já os 
apenas interessados perceberão só a metade, ouvindo sempre o Ministério Público e 
prestando contas anualmente em juízo. (Art. 33, CC). 
Se durante a sucessão provisória se prova a morte do ausente, inclusive a sua data exata, 
desde esta data ficará aberta a sucessão em favor dos herdeirosque eram àquele tempo (art. 35, 
CC). 
Quanto a sucessão definitiva, esta se dará a requerimento dos interessados visando o 
levantamento dos cauções prestadas, quando: 
a. Passados 10 anos após o trânsito em julgado da sentença que concedeu a sucessão 
provisória. (Art. 37, CC); 
 
b. Provando-se que o ausente conta com 80 anos de idade, e que de 5 datam as últimas 
notícias dele, ou seja, o ausente contava com 75 anos de idade na época de seu 
desaparecimento. (Art. 38, CC). 
 
Na sucessão definitiva, o interessado passa de possuidor a proprietário dos bens, 
entretanto, ocorrendo o retorno do ausente ou a aparição de ascendentes ou descendentes no prazo 
de 10 anos, eles receberão os bens no estado em que se encontram. Caso apareçam após 
 6 
transcorridos esses 10 anos, nada receberão. Quanto aos bens arrecadados, esses serão do 
Município ou Distrito Federal dependendo da circunscrição dos mesmos. (Art. 39, CC). 
 
CESSÃO DE DIREITOS HEREDITÁRIOS 
 A cessão de direitos hereditários é um negócio jurídico consensual, oneroso ou gratuito, 
devendo ser realizado através de escritura pública, é ato “inter vivos” e translativo. Este negócio 
poderá ser feito ainda dentro dos autos de inventário ou arrolamento, desde que haja assinatura 
do cedente ou de seu advogado com procuração com poderes especiais para tanto. 
 Quando a cessão se tratar de bem imóvel, além da escritura pública referente a cessão 
realizada, deverá ainda ser feito o registro do ato, para que os efeitos desse negócio jurídico se 
torne “erga omnes”. 
 Simplificando, o herdeiro cede a outro co-herdeiro ou a terceiro a sua parte na herança, 
ou seja, ele cede a quota parte que receberá através da partilha, não podendo especificar os bens 
ou valor, apenas vende a sua porcentagem. 
 É ineficaz a cessão realizada de bem singularizado, salvo com prévia autorização judicial, 
bem como do co-herdeiros. (Art. 1.793, parágrafo 3º,CC). 
 Atenção! Os co-herdeiros possuem direito de preferência sobre a herança, sendo 
assim, caberá ao cedente antes de oferecer sua quota parte a terceiro sempre oferecer antes 
aos co-herdeiros. 
 Caso a cessão seja realizada sem a anuência de um co-herdeiro, este poderá depositar a 
quantia da cessão nos autos e reaver para si a quota cedida a estranho, desde que requerido no 
prazo de 180 dias após a transmissão. Nesta mesma corrente, havendo mais de um co-herdeiro, a 
quota cedida será dividida igualmente entre todos eles. (Arts. 504 e 1.795, CC). 
 Realizada a cessão hereditária, o cessionário caso seja um terceiro deverá se habilitar no 
processo de inventário ou arrolamento, porem não será este um novo herdeiro, apenas um sujeito 
processual equiparado. 
 Importante! Qualquer acontecimento eventual posterior à cessão hereditária , como 
por exemplo, o surgimento de novos bens ou créditos na herança, não são abrangidos pelo 
negócio jurídico realizado. (Art. 1.793, parágrafo 1º, CC). 
 A anulação da cessão de direito hereditária que não cumpriu com a sua forma de ser 
realizada deverá ser feita mediante ação própria e proposta pelo co-herdeiro, além disso, o prazo 
 7 
decadencial de 180 dias deste procedimento jurisdicional passa a ser contado da data em que o 
interessado teve conhecimento da realização da cessão hereditária. 
 
ITCMD 
 O imposto de transmissão “causa mortis” e doações tem função fiscal, a sua incidência 
recaí sobre a transmissão de bens em caso de herança por consequência da morte do indivíduo ou 
por doação “inter vivos” de qualquer natureza. (Art. 155,I, CRFB/88). 
 A isenção do imposto em pauta é requerido pelos herdeiros para a apreciação do juiz da 
causa, entretanto, por força do art. 179, CTN, os inventários processados por modalidade de 
arrolamento sumário são incompetentes para o pedido de isenção. Desta forma a isenção deverá 
ser requerida na esfera administrativa, concomitantemente com o sobrestamento do procedimento 
judicial, para que posteriormente este último seja dado continuidade já com a certidão de isenção 
acostada aos autos. 
 Atenção! Cabe a progressividade do ITCD, conforme o valor do quinhão a receber 
por cada herdeiro. (Art. 2º, Res. 9/ 1992 – Senado Federal). 
 
ADMINISTRADOR DA HERANÇA 
 Até que o inventariante preste compromisso com o inventário, quem tomará conta do 
espólio será o administrador judicial (Art. 613, CPC). 
 O administrador judicial representa ativa e passivamente o espólio, este terá de apresentar 
em juízo os frutos que percebeu desde a abertura da sucessão, e terá direito ao reembolso de 
eventuais despesas necessárias efetuadas para manter o bem conservado, porém, também 
responde por eventuais danos, cujo teve dolo, culpa ou deu causa. (Art. 614, CPC). 
 Caberá a administração da herança sucessivamente (Art. 1.797, CC): 
 I – Cônjuge ou companheira, se no tempo da abertura da sucessão convivia com o 
falecido; 
 II – Herdeiro que estiver na posse e na administração dos bens, havendo mais de um, 
caberá ao mais velho; 
 III – Testamenteiro; 
 IV – Na falta das opções acima ou em caso de afastamento delas, pessoa de confiança do 
juiz, nomeada por este. 
 8 
 
LEGITIMIDADE PARA REQUERER O INVENTÁRIO 
 O requerimento de inventário e partilha incumbe a quem esteja na posse e administração 
do espólio, no prazo de 2 meses após a abertura da sucessão, desdobrando-se por 12 meses 
subsequentes, podendo ser prorrogado. (Arts. 611 e 615, CPC). 
 São legitimados (art. 616, CPC): 
 I – Cônjuge ou companheiro sobrevivente; 
 II – Herdeiro; 
 III – Legatário; 
 IV – Testamenteiro; 
 V – Cessionário; 
 VI – Credor do falecido; 
 VII – Ministério Publico (herdeiros incapazes); 
 VIII – Fazenda Pública, se interessada; 
IX – Administrador judicial da falência do herdeiro, do falecido ou do cônjuge/ 
companheira sobrevivente. 
 O juiz nomeará inventariante na seguinte ordem (art. 617, CC): 
 I – Cônjuge ou companheiro sobrevivente se na época da abertura da sucessão convivia 
com o falecido; 
 II – Herdeiro que se achar na posse e administração dos bens; 
 III – Qualquer herdeiro se nenhum estiver na posse e administração dos bens; 
 IV – Herdeiro menor por seu representante legal; 
 V – Testamenteiro, se a ele estiver confiado toda a administração do espólio ou toda a 
herança estiver em legados; 
 VI – Cessionário; 
 VII – Inventariante judicial, se houver; 
 VIII – Pessoa estranha idônea, quando não houver inventariante judicial. 
 9 
 Atenção! O inventariante, intimado da nomeação, deverá no prazo de 5 dias, prestar 
compromisso de bem e fielmente desempenhar a sua função em juízo. (Art. 617, parágrafo 
único, CPC). 
 As funções do inventariante estão descritas no art. 618, CPC, quais sejam: Representar o 
espólio de forma ativa e passiva em âmbito judicial e fora dele; zelar pelos bens como se deles 
fossem; apresentar as primeiras e últimas declarações pessoalmente ou com advogado com 
poderes para tanto, exibir em cartório para consulta documentos acerca do espólio; juntar aos 
autos certidão de testamento, se houver; trazer a colação bens caso haja adiantamento da legítima; 
prestar contas quando determinado pelo juiz, requerer relações de insolvência. 
 Atenção! O inventariante, através de autorização judicial e anuência dos demais 
coerdeiros, poderá: alienar qualquer bem; pagar dívidas do espólio, transigir em juízo; 
fazer as despesas necessárias para a conservação e melhoramento dos bens do acervo. (Art. 
619, CC). 
 
INVENTÁRIO COMUM 
 Primeiramente, consiste o inventário em instrumento processual, formado no juízo 
competente com o fim de liquidação de eventuais encargos ou dívidas deixadas pelo falecido, 
bem como a partilha do acervo (herança), na proporção exata dos direitos dos herdeiros e 
sucessores. 
 O inventário judicial é necessário quando existe testamento, quando há herdeiro menor e 
idade ou quando há discordância entre os herdeiros acerca da partilha da herança. (Art. 610, CPC). 
OCódigo de Processo Civil vigente trata o inventário como um procedimento especial e não mais 
uma simples jurisdição voluntária, isto porque em muitos casos há litígio entre os próprios 
herdeiros, sendo necessário a composição da lide para depois, de fato, partilhar a herança entre as 
partes. 
 Após a abertura da sucessão, o processo de inventário do patrimônio do “de cujus” tem 
prazo de 2 meses, se desdobrando por mais 12 meses subsequentes pelo juiz a requerimento das 
partes. (Art. 611, CPC). 
 Desde a sua anuência de compromisso, o inventariante ficará responsável pela 
administração da herança até a homologação da partilha, porém, até que o inventariante preste 
compromisso com o inventário, quem tomará conta do espólio será o administrador judicial. (Arts. 
613, CPC e 1.991, CC). 
 10 
 O administrador judicial representa ativa e passivamente o espólio, este terá de apresentar 
em juízo os frutos que percebeu desde a abertura da sucessão, e terá direito ao reembolso de 
eventuais despesas necessárias efetuadas para manter o bem conservado, porém, também 
responde por eventuais danos, cujo teve dolo, culpa ou deu causa. (Art. 614, CPC). 
 A competência é o local do último domicílio do falecido, havendo mais de um domicílio, 
será competente o primeiro juízo a qual reconhecer a abertura da herança (Princípio da 
Prevenção). Não havendo domicílio será no local da situação dos bens deixados, havendo bens 
imóveis será em qualquer lugar da situação destes, não havendo bem imóvel, o foro competente 
será em qualquer local de situação de qualquer bem do acervo. (Art. 48, CPC). 
 
PRIMEIRAS DECLARAÇÕES 
 No prazo de 20 dias, após prestar compromisso em juízo como inventariante, este deverá 
apresentar as primeiras declarações, juntamente com os documentos necessários para o 
prosseguimento do feito. (Art. 620, CPC). 
 A título de conhecimento, as primeiras declarações é uma peça onde consta o nome do 
autor da herança, cônjuge, herdeiros, os bens deixados, obrigações, contas correntes, créditos a 
serem recebidos, e como será feita a partilha dos mesmos, deverão estarem acompanhados com 
todos os documentos pertinentes a cada uma dessas qualificações e especificações do acervo, ou 
seja, documentos pertinentes as qualificações das partes (inventariante, falecido bem como 
herdeiros) e os documento pertinentes a todos os bens e obrigações deixadas na herança. 
 Modelo da peça encontra-se nos anexos, denominada de anexo 1. 
 O juiz determinará que se faça o balanço do estabelecimento empresarial, caso o falecido 
fosse empresário individual, ou a apuração dos haveres, se o falecido era sócio de alguma 
sociedade que não fosse anônima (S/A). (Art. 620, parágrafos 1º e 2º, CPC). 
 
CITAÇÕES E IMPUGNAÇÕES 
 Após apresentada as primeiras declarações, o juiz determinará a citação do cônjuge ou 
companheiro, herdeiros e legatários, para se manifestarem e se habilitarem no inventário para que 
posteriormente seja promovida a partilha. A Fazenda Pública será intimada, e o Ministério 
Público, caso haja incapaz ou ausente. (Art. 626, CPC). 
 Deverá o testamenteiro ser intimado caso haja testamento com a indicação daquele para 
promover a execução do testamento. 
 11 
 Nos termos do art. 259, III, CPC, o cônjuge ou companheiro, herdeiros e legatários serão 
citados via postal, bem como por edital publicado, já a Fazenda Púbica, o Ministério Público e ao 
testamenteiro (este último a pessoa de advogado se já tiver constituído patrono nos autos) serão 
citados pela Serventia, com cópia da petição de primeiras declarações apresentada. 
 Após a citação, abrir-se-á vista as partes no prazo de comum de 15 dias, para que as 
mesmas possam arguir erro, correções, omissões ou sonegação, para se manifestarem acerca da 
nomeação do inventariante, bem como contestar a qualidade de quem foi incluído no título de 
herdeiro, este último proveniente de alguma cessão ou até mesmo um credor. (Art. 627. CPC). 
 Atenção! O herdeiro ou interessado preterido (ignorado) que tomar ciência do 
inventário, poderá requerer a sua habilitação antes da partilha. (Art. 628, CPC). 
 Ao se passar o prazo de manifestação dos citados do art. 627, CPC, caberá a Fazenda 
Pública no prazo de 15 dias, verificar em seus sistemas os valores dos bens imóveis indicados nas 
primeiras declarações, podendo concordar com o valor atribuído pelo inventariante através da 
folha de rosto do IPTU, ou impugnar o valor indicando o valor que entende ser real (Art. 629, 
CPC). 
 Caso a Fazenda Pública concorde com os valores atribuídos pelo inventariante aos bens 
imóveis, poderá dispensar avaliador judicial e concordar para que se promova o prosseguimento 
da demanda. (Art. 633, CPC). 
 Atenção! Poderá a Fazenda Pública requerer um avaliador judicial para apurar os 
valores dos bens imóveis, ademais, a omissão da Fazenda Pública não implica preclusão, 
podendo a mesma impugnar os valores atribuídos aos imóveis pelo inventariante a qualquer 
tempo. 
 Atenção! Após a intimação da Fazenda Pública, a mesma deverá ser ouvida sempre 
sobre qualquer ato processual, sob pena de nulidade. Essa nulidade é sanável, já que o 
pagamento dos tributos pertinentes para a feitura da partilha é condição para a sentença 
autorizadora. (Art. 654, CPC). 
 
AVALIAÇÃO E CÁLCULO DO IMPOSTO 
 Vale lembrar que os valores indicados juntos ás primeiras declarações pelo inventariante 
são preliminares, podendo as partes posteriormente intimadas se manifestarem a favor ou contra 
tais valores, e se for o caso, o juiz poderá nomear avaliador judicial ou na ausência deste, um 
perito para que se possa apurar os reais valores dos bens do acervo deixado pelo falecido. (Art. 
630, CPC). 
 12 
 O perito que fizer a avaliação dos bens do espólio, poderá no que couber aplicar os arts. 
872 e 873, CPC. (Art. 631, CPC). Os laudos feito pelo perito ou avaliador, ficarão nos autos e as 
partes serão intimadas no prazo de 15 dias para se manifestarem acerca dos novos valores 
atribuídos. (Art. 635, CPC). 
 Havendo impugnação referente aos valores atribuídos pelo perito, o juiz decidirá de 
plano, fazendo-se valer de todos os documentos juntados nos autos, e, julgando procedente a 
impugnação, deverá o perito retificar sua avaliação, observando os fundamentos da decisão. (Art. 
635, parágrafos 1º e 2º, CPC). 
 Caso aceitado de “prima facie” ou após a impugnação e a nova avaliação dos bens, o 
inventariante será intimado à proceder com as últimas declarações, podendo emendar, adicionar 
e aditar as primeiras declarações já constantes nos autos. (Art. 636, CPC). 
 Ouvida as partes no prazo comum de 15 dias acerca das últimas declarações, proceder-
se-á os cálculos do tributo. (Art. 637, CPC). 
 É importante destacar a edição de determinadas súmulas a respeito do imposto pelo STF: 
a. Súmula 112 – O ITCMD é devido pela alíquota vigente ao tempo da abertura da 
sucessão; 
 
b. Súmula 113 – O cálculo do ITCMD é fito sobre o valor dos bens na data da avaliação; 
 
c. Súmula 114 – O ITCMD não é exigível antes da homologação o cálculo pelo juiz; 
 
d. Súmula 115 – O ITCMD não incide sobre os honorários do advogado do inventariante 
homologados pelo juiz; 
 
e. Súmula 331 – O inventário decorrente de morte presumida é abrangido pelo ITCMD; 
 
f. Súmula 590 – Calcula-se o ITCMD sobre o saldo credor da promessa de compra e 
venda de imóvel, no momento da abertura da sucessão do promitente vendedor. 
 
Feito o cálculo, as partes serão intimadas no prazo comum de 5 dias para se manifestarem 
acerca do valor do ITCMD, e posteriormente ouvida a Fazenda Pública. (Art. 638, CPC). Eventual 
impugnação acolhida pelo juiz, deverá ser refeito o cálculo do ITCMD, para posterior julgamento 
do mesmo pelo magistrado. (Art. 638, parágrafos 1º e 2º, CPC). 
 
 13 
SONEGAÇÃO 
 A sonegação ocorre quando o inventariante omite do juízo qualquer coisa deixada pelo 
falecido nas últimas declarações. (Art. 621, CPC).A arguição da sonegação é feita mediante ação própria pelo inventariante, porém em 
apenso ao inventário, no prazo de 10 anos contados da homologação da partilha, ou seja, apenas 
depois que o inventariante especificar todos os bens deixados pelo “de cujus”, e não existindo 
mais nada a inventariar, mais precisamente após as últimas declarações. (Arts. 61, 205 e 621, 
CPC). 
 A ação de sonegados deverá ser pleiteada pelo inventariante, após este ser questionado 
pela falta ou ocultação de algum bem feito por herdeiro ou interessado após as últimas 
declarações, entretanto, os efeitos da sentença alcançam a todos os demais interessados. (Art. 
1.994, CC). 
 O herdeiro intimado nesta ação poderá apresentar a sua impugnação como meio de defesa 
conforme art. 627, I, CPC, impugnando a omissão no rol de outros bens que ali deveriam estar. 
Caso o sonegador seja o próprio inventariante e seja devidamente comprovado este ato ilícito, o 
mesmo poderá perder eu cargo. (Art. 1.996, CC e art. 622, VI, CPC). 
 O herdeiro que dolosamente sonegar qualquer bem da herança não o descrevendo no 
inventário, na sobrepartilha ou na colação, perderá o direito sobre ele. É de suma importância qu 
seja comprovado o dolo do sonegador. (Art. 1.992, CC). 
 Atenção! A sonegação é considerada crime pelo art. 168, CP, devendo o sonegador 
responder também em esfera criminal. 
 Não sendo mais possível restituir os bens sonegados, o juiz ordenará o pagamento do 
valor da respectiva coisa sonegada, bem como o pagamento de perdas e danos. (Art. 1.995, CC). 
 
DÍVIDAS DEIXADAS PELO ESPÓLIO 
 A herança responde no limite de seu valor total por eventuais dívidas deixadas pelo 
falecido, entretanto, já efetuada a partilha, os herdeiros responderão na proporção que receberam 
da herança. (Art. 1.997, CC). 
 É importante lembrar que aberta a sucessão, fica facultado aos credores se habilitarem no 
inventário para garantirem a satisfação da obrigação deixada pelo falecido antes da realização da 
partilha. Ultimada a partilha, poderá o credor em ação de execução demandar contra os herdeiros 
 14 
separadamente, no limite dos quinhões recebidos da herança para saudarem a dívida existente, eis 
que após a partilha não há mais solidariedade entre os herdeiros. (Arts. 642 e 796, CPC). 
 Atenção! A petição de habilitação dos créditos do credor será distribuída de forma 
executória por dependência e autuada em apenso ao inventário. (Art. 642, parágrafo 1º, 
CPC). 
 Havendo impugnação pelo inventariante com provas valiosas, o juiz ordenará reservar 
bens do acervo suficientes para saudar a dívida, eis que oportunamente, poderão cair em execução. 
(Art. 1.997, parágrafo 1º, CC). Sendo assim, o credor será obrigado a iniciar a ação de cobrança 
no prazo de 30 dias, sob pena de tornar sem nenhum efeito a providência de reserva de bens feita 
pelo juiz. (Art. 1.997, parágrafo 2º, CC). 
 Atenção! Caso um herdeiro efetue o pagamento de dívida do espólio, poderá este 
por ação regressiva cobrar os demais herdeiro, dos quais não pagaram solidariamente os 
gastos feitos pelo co-herdeiro. Ademais, na hipótese de insolvência de um dos herdeiros 
apenas, a sua quota será rateada entre os demais de forma proporcional aos seus quinhões. 
(Art. 1.999, CC). 
 Para que não haja confusão de patrimônio particular do herdeiro com os que receber da 
herança, poderão os legatários e credores requererem a separação dos bens, indicando desde já os 
pertencentes exclusivamente ao herdeiro (bens particulares), para assim promoverem 
preferencialmente o pagamento da dívida, bem como a entrega da coisa certa em legado. (Art. 
2.000, CC). 
 Atenção! Se um herdeiro for devedor do espólio, esta dívida se dividirá entre os 
demais herdeiros, salvo se a maioria consentir em deixar o débito exclusivamente ao 
herdeiro devedor. (Art. 2.001, CC). 
 
DESPESAS FUNERÁRIAS 
 As despesas funerárias, havendo ou não herdeiros legítimos, serão pagas através do 
montante deixado pelo falecido, entretanto, as despesas de sufrágios (atos religiosos) só serão 
custeadas pela herança, caso haja disposição testamentária pelo falecido. (Art. 1.998, CC). 
 Atenção! Segundo o rol do art. 965, CPC, as despesas funerárias gozam de 
preferencia geral sobre os bens da herança. 
 
 
 15 
REMOÇÃO DO INVENTARIANTE 
 Além da sonegação, o inventariante poderá ser excluído de seu cargo de ofício ou a 
requerimento de qualquer interessado caso descumpra suas funções como tal. O rol do art. 622, 
CPC apresenta um rol exemplificativo dos casos que podem ocasionar a exclusão do 
inventariante. 
 O rol apresenta as seguintes situações, não prestar no prazo legal as primeiras e últimas 
declarações; se protelar, suscitar dúvidas ou não der ao inventário o seu regular andamento; se 
por sua culpa os bens do espólio sofrerem danos; se não cobrar dividas existentes ou deixar 
perecer direitos a serem recebidos; se não prestar contas; se sonegar e ocultar bens. 
 A remoção é um incidente processual e correrá em apenso aos autos do inventário, o 
inventariante acusado para remoção será intimado a apresentar sua defesa no prazo de 15 dias. 
(Art. 623, CPC). 
 Conforme art. 624, CPC, o juiz decidirá sobre a exclusão do inventariante de seu cargo 
com ou sem a apresentação de sua defesa, e após nomeará outro inventariante para que o substitua, 
observada a ordem do art. 617, CPC. 
 Atenção! O inventariante removido deverá passar todas as suas funções 
imediatamente ao seu substituto, sob pena de busca e apreensão, se for o caso, imissão da 
posse, bem como uma multa não superior a 3% do valor dos bens inventariados. (Art. 625, 
CPC). 
 Atenção! Poderá haver ainda a destituição do inventariante, esta é diferente, eis que 
ocorre por vontade própria do inventariante, quando o mesmo por algum motivo não quer 
ou não pode mais prosseguir nesta função, devendo ser nomeado um substituto pelo juiz. 
 
COLAÇÃO 
 É o ato pelo qual o herdeiro traz de volta ao montante da herança algum bem que tenha 
recebido em vida por doação pelo falecido, desta forma, este fará uma restituição ao acervo de 
forma que torne isonômica a partilha. Sua finalidade é igualar a partilha, então essa “restituição” 
será feita de forma a aumentar a quotas a serem recebidas pelo demais herdeiros em razão deste 
bem que um herdeiro recebeu adiantadamente quando o falecido ainda era vivo, sob pena de 
sonegação. (Art. 2.002. CC). 
 Atenção! Somente os herdeiros necessários podem requerer que determinado 
herdeiro traga o bem a colação, uma vez que este bem faria parte da legítima caso não 
tivesse sido transferido em vida. 
 16 
 A colação irá integrar o montante indisponível (legitima), sem acrescer o montante 
disponível. (Art. 2.002, parágrafo único, CC). 
 Somente ocorrerá a colação, caso haja mais de um herdeiro necessário, além daquele 
beneficiado pela doação da coisa pelo ascendente, que futuramente faleceu e se tornou o autor da 
herança. Ademais, a doação de ascendente para descendente não necessita de anuência dos demais 
herdeiro quando feita em vida, porém gera essa obrigação de realizar a colação. 
 Atenção! Mesmo que o donatário não mais possua os bens doados, é necessário que 
haja a colação do referido bem doado a época pelo autor da herança. (Art. 2.003, CC). 
 Existem dois tipos de colação, primeiramente, tem-se a colação real, onde o bem doado 
é retornado fisicamente ao montante para que seja feita a partilha de forma isonômica, já a colação 
do valor ou pela estimativa, ocorre quando herdeiro não mais tem o bem doado, então far-se-á 
uma estimativa de seu valor por informações a respeito da coisa doada. 
 Atenção! Ao se tratar de colação pelo valor, far-se-á através de avaliador judicial, 
uma avaliação da coisa doada na época da doação, ou seja, uma avaliação de retrospectiva. 
(Art. 2.004, CC). Se no ato da doação não constar valor, ou nem sequer chegar em uma 
estimativa do valor da época, haverá uma presunção decálculo para apurar o valor que 
valeria naquela época. (Art. 2.004, parágrafo 1º, CC). 
 Somente voltará a colação o valor da coisa, independente se gerou frutos, lucros ou se o 
herdeiro realizou nela alguma benfeitoria. (Art. 2.004, parágrafo 2º, CC). 
 Atenção! Quando o bem não pertence mais ao donatário á época da colação, o valor 
da coisa doada será atualizado do modo que se preste o valor na época da abertura da 
sucessão, e não mais da época da doação. (Enunciado 119 – I Jornada de Direito Civil). 
 Só será dispensado da doação o bem, cujo doador declarou fazer parte do montante 
disponível, e não da legitima, desde que não exceda o valor da metade da herança, para que de 
fato seja caracterizado parte do montante disponível do falecido. (Art. 2.005, CC). Essa dispensa 
poderá feita na própria escritura de doação ou através de testamento. (Art. 2.006, CC). 
 Atenção! A parte da doação que exceder o montante disponível e adentrar a legítima 
será nula, tratando-se então de nulidade parcial. Este fenômeno denomina-se “doação 
inoficiosa”. (Art. 549, CPC). 
 É importante frisar que o herdeiro que cedeu sua quota da herança, mediante cessão de 
direito hereditário, ainda possui a legitimidade para pleitear declaração de nulidade de doação 
inoficiosa, uma vez que a sua qualidade de herdeiro é personalíssima, o que se transfere é apenas 
 17 
a titularidade da situação jurídica, de modo a permitir que o cessionário possa exigir a sua parte 
no momento da partilha. 
 A parte prejudicada que comprovar devidamente o excesso e a ocorrência da doação 
inoficiosa, e acolhida pelo magistrado, o bem doado estará sujeito a redução até atender o limite 
da disponibilidade do montante do falecido na época da ocorrência da doação. (Art. 2.007, CC). 
A redução será a restituição da parte excedente da coisa doada, ou se impossível for a sua divisão 
ou não mais possuí-la o donatário, será feita através de pecúnia correspondente a parte excedente. 
(Art. 2.007, parágrafo 2º, CC). 
 Atenção! Sendo várias doações a herdeiros necessários, feita em diferentes datas, a 
redução se fará começando pela ultima efetuada, até que se atinja o limite disponível. (Art. 
2.007, parágrafo 4º, CC). 
 O herdeiro que renunciou a herança ou dela foi excluído, deverá ainda retomar o bem 
recebido em vida à colação, para que haja análise da partilha a ser realizada, bem como de 
eventual excesso. (Arts. 2.008, CC e 640, CPC). Em caso de constatação de excesso, é lícito ao 
herdeiro escolher dentre os bens doados aqueles que irão compor a legítima prejudicada até seu 
limite. (Art. 640, parágrafo 1º, CPC). 
 Atenção! Se a parte inoficiosa recair sobre bem imóvel impossibilitado de divisão, o 
juiz promoverá a licitação do bem entre os herdeiros, entretanto, aquele que recebeu o 
referido bem por doação, terá direito de preferência. (Art. 640, parágrafos 2º e 3º, CPC). 
 Aqueles que herdam por representação em caso de pré-morte ou indignidade, terão de 
levar a colação o bem doado ao seu ascendente, como se seu fosse. (Art. 2.009, CC). 
 Gastos ordinários feitos de ascendente para descendente, enquanto menor, não serão 
levados a colação, como por exemplo, educação, vestuário, casamento, tratamentos de doenças, 
enxoval, etc. (Art. 2.010, CC). 
 As doações remuneratórias, proveniente de uma prestação de serviço, cujo contratado 
recusou receber o dinheiro, e como agradecimento recebe um bem por doação, não são levadas a 
colação, salvo se exceder o valor da prestação feita. Exemplo, “X” especialista em pintura é amigo 
de “Y”, certo dia realiza uma pintura na casa de “Y” no valor de R$ 3.000,00, proveniente de uma 
contratação por prestação de serviço, entretanto o pintor “X” se recusa a receber o dinheiro por 
conta da amizade, então “Y” em forma de agradecimento, doa em vida uma moto no valor de R$ 
4.500,00, a parte excedente deverá ser levada a colação. (Art. 2.011, CC). 
 Atenção! A doação feita por ambos os cônjuges ao seu sucessor, constará como duas 
doações, uma feita pelo pai e outra pela mãe, logo, no inventário de cada um se conferirá 
 18 
que o bem foi dado pela metade. (Art. 2.011, CC). Assim, sendo o pai falecido, será levado a 
colação apenas metade do bem recebido por doação pelo herdeiro. 
 
IMPUGNAÇÃO À COLAÇÃO 
 Nas primeiras declarações, além de listar todos os bens do acervo do falecido, deverá o 
inventariante citar o bem que deverá ser levado a colação, e então, ao citar aos demais herdeiros, 
inclusive o herdeiro donatário, este terá a oportunidade de impugnar a respeito da colação. 
Caso o herdeiro negar o recebimento de algum bem por negação ou entender que não 
deva leva-lo a colação, o juiz no prazo comum de 15 dias irá ouvir as partes e decidir acerca das 
alegações e provas de ambas. (Art. 641, CC). 
 Julgada improcedente a impugnação, deverá o herdeiro num prazo de 15 dias 
improrrogáveis trazer o bem a colação, sob pena de sequestro (busca e apreensão) para que o bem 
seja inventariado e partilhado. Caso o donatário não tenha mais a posse do bem doado, a sua quota 
de recebimento da herança será diminuída proporcionalmente ao bem que recebeu, para que torne 
justa a partilha entre todos os herdeiros. (Art. 641, parágrafo 1º, CPC). 
 A improcedência da impugnação feita por decisão interlocutória, permite o combate da 
mesma com o agravo de instrumento, remetendo-se ao art. 1.015, parágrafo único, CPC. Quanto 
aos bens sequestrados, estes ficarão sob administração do inventariante até o fim do processo de 
inventário e partilha. 
 Atenção! Se a matéria tratada exigir dilação probatória além da documental, 
remeterá as partes às vias ordinárias (ação de sonegação), não podendo o herdeiro receber 
o seu quinhão hereditário enquanto durar a referida demanda, sem prestar caução 
correspondente ao valor dos bens sobre os quais versa a ação. (Art. 641, parágrafo 2º, CPC). 
 
INVENTÁRIO EXTRAJUDICIAL 
 O inventário e a partilha poderão ser feitos em cartório por um tabelião, desde que todos 
os herdeiros sejam capazes, assistidos de advogado, bem como não houver litígio, ou seja, todos 
de comum acordo. (Lei n. 11.441/ 2017). 
 Feito no Cartório extrajudicial, a escritura pública será documento hábil para qualquer 
tipo de registro, bem como para o levantamento e fundos deixado em instituições financeiras. 
(Art. 610, parágrafo 1º, CPC). 
 19 
 A escolha do Cartório é livre para a lavratura dos atos notariais, não se aplicando as regras 
de competência do Código de Processo Civil, além do mais, poderá o interessado desistir da via 
judicial ou suspender o processo de inventario por 30 dias, caso opte e possua os requisitos para 
ingressar junto ao Cartório. 
 Atenção! A custas nos Cartórios extrajudiciais são chamadas de emolumentos, estas 
são tabeladas de acordo com cada um dos Cartórios e a escritura pública de inventário e 
partilha não dependem de homologação judicial. 
 A isenção dos emolumentos é feita através de declaração de hipossuficiência 
demonstrando que os interessados não podem arcar com as obrigações onerosas, mesmo que 
tenham constituído advogado, entretanto, o imposto ITCMD deverá ser pago, inclusive de forma 
antecipada, através de formulário no site da Secretaria da Fazenda. 
 É importante esclarecer que o preenchimento da declaração no site da Secretaria da 
Fazenda condiz com a natureza de cada bem da herança, bem como o seu valor e a sua divisão 
entre os herdeiros, eis que ao final do preenchimento, a guia para pagamento do ITCMD será 
emitida com o recolhimento do imposto dividido para cada herdeiro. 
 É vedada a indicação de advogado aos interessados por parte do tabelião, entretanto, na 
falta de advogado, poderá aconselhar buscar a defensoria pública ou um órgão da OAB. 
 Atenção! A retificação da escritura púbica de inventário e partilha pode ser 
retificada a qualquer tempo, desde que haja concordância entre todos os interessados. 
 A meação de companheiro, ou seja,decorrente de união estável, poderá ser reconhecida 
na escritura pública, entretanto, deverá haver a concordância entre todos os herdeiros e 
interessados. 
 Atenção! Havendo um único herdeiro civilmente capaz, far-se-á apenas a escritura 
pública de inventário e posteriormente a adjudicação dos bens, não é necessária a partilha, 
até porque será o único a receber a herança. 
 Atenção! Se tratando de bens situados no exterior, é vedada a feitura do inventário 
e partilha extrajudicial. 
 O inventariante deverá ser nomeado pelos interessados, após a nomeação, o tabelião fará 
um levantamento de eventuais dívidas deixadas pelo falecido. Além das dívidas, o tabelião ou 
advogado deverá informar todos os bens do acervo à ser partilhado, bem como todos os 
documento atualizados correspondente a cada um dos bens que compõe a herança. 
 Após o pagamento do imposto, a reunião dos documentos dos bens da herança, bem como 
a petição ou escritura de esboço da partilha (feitas respectivamente pelo advogado ou tabelião), 
 20 
serão remetidas à Procuradoria estadual. Caso esteja tudo correto, inclusive a declaração feita no 
site, os valores dos bens do imposto, será autorizada a lavratura da escritura publica de inventário 
e partilha que será feita após agendamento entre tabelião e as partes envolvidas. 
 A certidão do inventário que será expedida pelo Cartório poderá ser levada junto ao 
Cartório de Registro de Imóveis, se tratando de bem imóvel, é claro, para que se proceda a 
transferência de propriedade, porém se tratando de bem móvel, a certidão deverá ser levada ao 
órgão público de registro do bem, como por exemplo, o DETRAN, se o bem for um automóvel. 
 
ARROLAMENTO 
 É procedimento de inventário mais econômica e célere, vez que se fará pelo inventariante, 
sem termo de assinatura de compromisso, apresente as declarações, descrevendo os bens, seus 
valores e o plano de partilha, desde que os bens do espólio sejam iguais ou inferiores a 1.000 
salários mínimos. 
 Ocorrerá também caso seja feito de forma amigável entre herdeiros, desde que todos 
sejam capazes, nos termos da lei, será homologado de plano pelo juiz, com observância dos arts. 
660 a 663 do CPC. 
 O arrolamento encontra-se disposição no art. 659, CPC. 
 
ARROLAMENTO SUMÁRIO 
 Conforme art. 660, CPC, na petição de inventário por arrolamento sumário será interposta 
independente da lavratura de termos de qualquer espécie, os herdeiros terão de: 
 I – Requerer ao juízo a nomeação do inventariante que designarem; 
 II – Declararão os títulos dos herdeiros e os bens do espólio; 
 III – Atribuirão valor a todos os bens do espólio para fim de partilha. 
 Atenção! No arrolamento não serão discutidas ou apreciadas questões relativas ao 
lançamento, pagamento ou à quitação de taxa judiciária e de tributos incidentes sobre a 
transmissão de propriedade dos bens do espólio. (Art. 662, CPC). 
 Havendo credores do espólio, só será homologada a sentença da partilha e adjudicação se 
forem deixados bens reservados para a quitação da dívida deixada pelo falecido. (Art. 663, CPC). 
A reserva se fará pelo valor designado pelas partes, salvo se o credor regularmente intimado, 
 21 
impugnar o valor, assim promoverá a avaliação dos referidos bens reservados. (Art. 663, 
parágrafo único, CPC). 
 
ARROLAMENTO SIMPLES 
 Esse procedimento é adotado quando os bens do espólio não totalizarem um valor acima 
de 1.000 salários mínimos, desta forma, o inventariante sem que precise assinar termo de 
compromisso acerca de sua função processual, apresentará ao juízo as suas declarações, com os 
valores dos bens do espólio, juntamente com o plano de partilha. (Art. 664, CPC). 
 Caso as partes interessadas ou o Ministério Público impugnar a estimativa do valor 
atribuído aos bens pelo inventariante, o juiz ordenará a avaliação judicial, no prazo de 10 dias. 
(Art. 640, parágrafo único, CPC). 
 Recebido o laudo, o juiz designará audiência onde decidirá sobre a partilha, decidindo de 
plano todas as reclamações e mandando pagar as dívidas não impugnadas. (Art. 664, parágrafo 
2º, CPC). Assim, lavrar-se-á tudo em um único termo, assinado pelas partes presentes ou seus 
advogados. (Art. 664, parágrafo 3º, CPC). 
 Atenção! Aplica-se ao presente procedimento de arrolamento as disposições do art. 
672, CPC, acerca do lançamento, pagamento e quitação da taxa judiciária e o imposto de 
transmissão referente aos bens da herança. (Art. 664, parágrafo 4º, CPC). 
 Provada a quitação dos tributos relativos aos bens do espólio e às suas rendas, o juiz 
julgará a partilha. (Art. 664, parágrafo 5º, CPC). 
 Atenção! Ao inventário poderá ser atribuído o procedimento do arrolamento 
simples, mesmo que haja incapaz interessado, desde que as partes e o Ministério Público 
concordem. (Art. 665, CPC). 
 Atenção! A feitura do alvará judicial para levantamento de fundos deixados pelo 
falecido em instituições financeiras, independerá de inventário ou arrolamento, neste caso, 
os interessados poderão optar por procedimento especial de jurisdição voluntária. (Art. 666, 
CPC e Lei n. 6.858/ 80). 
 
INVENTÁRIO NEGATIVO 
 É feito quando o falecido não deixa patrimônio aos herdeiros, ou quando as dívidas e 
encargos pecuniários do falecido ultrapassam o valor total da herança deixada, não sobrando 
assim nada a ser partilhado. 
 22 
 O procedimento do inventário negativo está descrito no art. 610, CPC. 
 
INVENTÁRIO CUMULATIVO 
 A cumulatividade ocorre quando no curso de um inventário, e antes da partilha dos bens, 
o cônjuge ou companheiro morre, desde que haja herdeiros em comum com o primeiro falecido. 
 Neste caso, terá apenas um único inventariante, e a heranças serão inventariadas e 
partilhadas de forma cumulativa, de acordo com o art. 672, CPC. 
 
PARENTESCO 
 É um vínculo que une pessoas de uma família, possuindo algumas modalidades, quais 
sejam: 
a. Parentesco natural – É aquele que deriva de um mesmo tronco ancestral, são parente 
pelo sangue; 
 
b. Parentesco por afinidade – É o vínculo que existe entre o cônjuge ou companheiro 
com os parentes do outro, como por exemplo a sogra, cunhado, etc; 
É interessante ressaltar que o parentesco por afinidade em linha reta não se extingue 
jamais, nem tampouco com o fim do casamento, motivo pelo qual não existe ex sogra, 
ex sogro, sendo ainda impedido o casamento entre estes. 
Já o parentesco por afinidade em linha colateral não passa o 2º grau, logo o cunhado 
deixa de ter esse vínculo com o fim do casamento ou união estável, podendo ainda se 
casar com o ex cônjuge de seu irmão (ã). 
 
c. Parentesco civil – É atribuído por lei, como a relação de adotante e adotado; 
 
d. Parentesco socioafetivo – Decorre unicamente do afeto, do carinho, como por 
exemplo o cônjuge com os filhos de sua mulher com outro homem. 
O grau de parentesco é importante e atribuído para determinar a ordem sucessória e o seu 
limite quando na falta de herdeiros. 
O parentesco de linha reta é determinado por ascendentes e descendentes apenas, logo, a 
contagem do grau de parentesco é feita através de gerações. (Arts. 1.591 e 1.594, CC). 
 23 
O parentesco de linha colateral é aquele que pertence ao mesmo tronco ancestral, porém 
não advém de descendência, ou seja, é o irmão, tio, sobrinho, etc, ou seja, não são de linha reta 
(avô, pai, filho), pois a linha ancestral se curva para os demais parentes. A contagem se faz 
partindo do parente referência, indo até ao ascendente comum e retornando ao parente que se quer 
saber o grau de parentesco. (Arts. 1.592 e 1.594, CC). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Atenção! Para fins sucessórios, considera-se o grau de parentesco até o parente 
colateral de 4º grau. 
 
UNIÃO ESTÁVEL 
 O presente tópico tem como objetivo principal traçar a sucessão na união estável 
estabelecida pelo Código Civil apenas para fins acadêmicos, pois o Supremo Tribunal Federal 
afastou os artigos que regram a sucessão no caso aquitratado, isto porque inexiste atualmente 
diferença entre casamento e união estável para fins legais. 
 Importante! Desta forma, ficou decidida a inconstitucionalidade do art. 1.790, CC, 
sendo aplicável agora a união estável o art. 1.829, CC, não importando também as pessoas 
que estão casadas ou unidas, logo, a aplicação da sucessão decidida pelo STF também 
abrange aos casais homoafetivos. 
 O conceito de união estável está localizado no art. 1.723, CC, consistindo na união entre 
duas pessoas, de forma contínua, duradoura e pública com a intenção, o “animus” de constituir 
uma família, sendo desnecessária a coabitação. Esses requisitos são essenciais para a 
 24 
caracterização da união estável, já que a lei não estabelece tempo mínimo de cumprimento dos 
mesmos. 
 
SUCESSÃO NA UNIÃO ESTÁVEL 
 A sucessão de companheiros está regrada pelo já declarado inconstitucional art. 1.790, 
CC, que dispõe que o companheiro sobrevivente só concorrerá com os descendentes quanto aos 
bens adquiridos onerosamente na constância da união estável, na seguinte forma: 
 I – Se concorrer com filhos comuns, terá uma quota equivalente a que por lei for atribuída 
ao filho (receberá quota igual); 
 
Atenção! Este dispositivo é aplicável quando houver filhos do casal, bem como filhos 
apenas do falecido. 
II – Se concorrer apenas com descendentes do falecido, terá metade do que for atribuído 
a cada um dos filhos; 
 
 
 25 
III – Se concorrer com outras pessoas não sendo os descendentes, terá apenas 1/3 da 
herança (essas outras pessoas são os ascendentes e os parentes de linha colateral); 
 IV – Não tendo parentes sucessíveis, terá a totalidade da herança. 
 Atenção! Em todos os casos o companheiro terá a meação antes da partilha da 
herança, por isso é importante não confundir meação com sucessão. 
 
VOCAÇÃO HEREDITÁRIA 
 Vocação hereditária na sucessão legítima nada mais é do que a ordem sucessória, quem 
irá suceder a herança do falecido primeiro conforme consta no art. 1.829, CC: 
 I – Aos descendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente, salvo se foi casado 
com o falecido no regime da comunhão universal ou na separação obrigatória, ou se na comunhão 
parcial o falecido não deixou bens particulares; 
 II – Aos ascendentes, em concorrência com o cônjuge; 
 III – Ao cônjuge sobrevivente; 
 IV – Aos colaterais (até o 4º grau). 
 Atenção! O art. 1.798, CC diz respeito da legitimidade para suceder, que são as 
pessoas já nascidas ou já concebidas no momento da abertura da sucessão, bem como os 
embriões oriundos de métodos artificiais por um prazo de até 2 anos a abertura da sucessão. 
 Na sucessão testamentária, o Código Civil tratou de elencar em um rol pessoas que além 
do artigo acima, poderão ser chamados para suceder, ou seja, pessoas para serem beneficiadas 
através do testamento. O rol de legitimados está previsto no art. 1.799, CC, qual seja: 
 I – Os filhos ainda não concebidos, de pessoas indicadas pelo testador, desde que o casal 
esteja vivo na data da abertura da sucessão. 
 Neste caso, após a liquidação e partilha da herança, os bens deixados ao herdeiro esperado 
(filho não nascido) ficarão sobre o zelo de um curador especial, este indicado pelo testador ou não 
havendo indicação, nomeado pelo Juiz. (Art. 1.800, CC). 
 Nascendo com vida o herdeiro esperado, a ele serão entregues os bens partilhados e os 
frutos provenientes dos mesmos, desde a morte do testador. (Art. 1.800, parágrafo 3º, CC). 
 26 
 Se decorridos 2 anos após a abertura da sucessão não tiver concebido o herdeiro esperado, 
os bens reservados caberão aos herdeiros legítimos, salvo disposição em contrária feita pelo 
testador. (Art. 1.800, parágrafo 4º, CC). 
 II – Pessoas jurídicas de direito privado; 
 III – Pessoas jurídicas, cuja organização for determinada pelo testador sob a forma de 
fundação. 
 Nem toda as pessoas podem ser indicadas no testamento, por isso o legislador tratou de 
elencar no art. 1.801, CC, as pessoas impedidas de serem nomeadas como herdeiras ou legatárias 
pelo testador, quais sejam: 
 I – Pessoa que, a rogo, escreveu o testamento, nem pessoas interpostas (o seu cônjuge ou 
companheiro, ou seus ascendentes e irmãos); 
 II – As testemunhas do testamento; 
 III – Concubino do testador casado, salvo se este, sem culpa sua, estiver separado de fato 
do cônjuge há mais de 5 anos. 
 Neste caso, concubino é visto como uma união estável impura, ou seja, quando um dos 
cônjuges ou ambos possuem impedimentos para se casarem, mas assim permanecem juntos, desta 
forma o STF sumulou que a dissolução judicial desta sociedade de fato (união impura – 
concubinos) poderá ser acompanhada da partilha do patrimônio adquirido pelo esforço comum. 
(Súmula 380 – STF). 
 Exceção – O filho do testador, proveniente de relação concubina, pode ser 
beneficiado através de testamento. (Art. 1.803, CC). 
 IV – O tabelião, civil ou militar, ou o comandante ou escrivão, perante a quem fez o 
testamento e o aprovou. 
 Atenção! O testamento feito em favor dos impedidos do art. 1.801, CC, ainda que 
feito sob a forma de contrato oneroso para simulação, é nulo, com presunção absoluta, ou 
seja, não cabe prova em contrário. (Art. 1.802, CC). 
 
ACEITAÇÃO E RENÚNCIA DA HERANÇA 
 A aceitação da herança é um negócio jurídico unilateral, é a manifestação do herdeiro ou 
legatário quanto ao acervo que tem de receber, consolidando assim o seu domínio sobre a herança, 
para que assim possa ocorrer a partilha. (Art. 1.804, CC). 
 27 
 O Código Civil prevê como válida duas formas de aceitação, podendo a mesma ser 
expressa (escrita, mediante instrumento púbico ou particular) ou de forma tácita, quando se é 
praticado atos típicos da qualidade de herdeiro, como por exemplo contratar um advogado. (Art. 
1.805, CC). 
 Cuidado! Atos oficiosos não implicam na aceitação tácita da herança, quais sejam 
pagar o funeral do falecido, realizar atos conservatórios do acervo, bem como administração 
provisória da herança. (Art. 1.805, parágrafo 1º, CC). 
 Em termos de nomenclatura jurídica, quando a herança não aceita, ou seja, ela é 
renunciada, tem-se então pela transferência não verificada segundo o parágrafo único do art. 
1.804, CC. 
 A aceitação e renúncia além de serem irretratáveis, ou seja, não cabe arrependimento, não 
podem ser feitas em parte, sob condição ou a termo, logo, ou se aceita toda a herança e depois 
será realizada a partilha ou a renuncia. Art. 1.808, CC. Uma solução para o seu arrependimento é 
posteriormente realizar uma doação ou uma cessão hereditária. 
 Atenção! Se na mesma sucessão o herdeiro ter mais de um quinhão a ser recebido, 
como por exemplo, além da herança ter um legado ou um testamento, este poderá decidir 
qual deles renunciará ou aceitará, estando à sua livre escolha. (Art. 1.808, parágrafo 2º, 
CC). 
 Na possibilidade de haver um interessado na partilha da herança, poderá este no prazo de 
20 dias após a abertura da sucessão, requerer um prazo razoável ao juiz, não superior a 30 dias, 
para que algum herdeiro declare aceita ou não a herança, sob pena de haver a herança por aceita 
caso não se manifeste. (Art. 1.807, CC). 
 A renúncia, por assim dizer, é o inverso da aceitação, logo o herdeiro se manifesta em 
desfavor a transmissão de herança para si, devendo sempre ser de forma expressa, ou seja, por 
escrito em instrumento público ou a termo no próprio juízo onde tramita a abertura da sucessão. 
A renúncia como também a aceitação não cabe arrependimento posterior, uma vez feita, torna-se 
irrevogável. (Art. 1.804, CC). 
 Existem dois tipos de renúncia, quais sejam: 
a. Abdicativa – É a renúncia pura e simples, onde o herdeiro manifesta o seu 
desinteresse em receber a herança; 
 
b. Translativa – Esta renúncia, além da recusa do herdeiro acerca da herança, este 
também indica um terceiro (sucessor ou não) para receber o que ele tinha de direito. 
 28 
 
Atenção! A renúncia será nulacaso não atenda aos requisitos legais impostos pelo 
art. 1.806, CC, nos termos do art. 104, CC. 
Não cabe o direito de representação nos casos de renúncia da herança, logo, havendo mais 
herdeiros da mesma classe sucessória, o quinhão renunciado irá acrescer aos demais, salvo se 
ocorrer a renúncia translativa. (Art. 1810, CC). 
Caso todos os herdeiros da mesma classe sucessória renunciem a herança, a mesma 
passará a classe sucessória subsequente. (Art. 1.811, CC). 
Atenção! O art. 1.812, CC, ressalta a ideia da irrevogabilidade da aceitação e da 
renúncia, portanto, a única forma legal para promover a anulação das mesmas será por 
ação própria, não podendo ser feita nos mesmos autos do inventário. 
 Realizada a renúncia da herança propositalmente com o intuito de prejudicar credores, 
estes com autorização judicial poderão aceitar a herança em nome do renunciante. (Art. 1.813, 
CC). Devendo a habilitação dos mesmos nos autos do inventário ser realizada no prazo de 30 dias 
seguintes ao conhecimento do fato. (Art. 1.813, parágrafo 1º, CC). 
 Sanada todas as dívidas e restando ainda parte do quinhão que receberia o renunciante, a 
renúncia prevalecerá sob a aceitação do credor, devendo o restante acrescer o total que será 
partilhado entre os herdeiros que prevaleceram. (Art. 1.813, parágrafo 2º, CC). 
 
INDIGNIDADE 
 É o ato que excluí o herdeiro ou legatário da sucessão da herança por motivo de ofensas, 
cometimento de crimes ou até mesmo atos imorais contra o autor da herança. Ocorre que a 
indignidade admite reabilitação, então o herdeiro poderá receber a herança mediante perdão do 
ofendido expresso em testamento ou através e outro documento autêntico, como uma escritura 
pública. 
 Os legitimados que não ajuizarem a ação declaratória de indignidade dentro do prazo 
decadencial de 4 anos após a abertura da sucessão, tacitamente perdoam o herdeiro suposto 
indigno. 
 A indignidade atinge os herdeiros legítimos e testamentários, estando regrada nos arts. 
1.814 a 1.818, CC. 
 29 
 O art. 1.814, CC, apresenta um rol taxativo das causas que admitem a indignidade, deste 
modo, sendo um rol taxativo, não admite interpretação extensiva, nem tampouco analogia, sendo 
elas: 
 I – Houveram sido autores, co-autores ou partícipes no crime de homicídio doloso ou 
tentativa contra o autor da herança, seu cônjuge, ascendente ou descendente; 
 II – Houveram acusado caluniosamente em juízo o autor da herança, ou incorrerem em 
crime contra a sua honra, ou de seu cônjuge ou companheiro (neste último caso, refere-se aos 
crimes contra a honra da legislação criminal); 
 III – Aquele que por violência ou meios fraudulentos, inibiram ou atrapalharam o autor 
da herança de dispor livremente de seus bem por ato de última vontade. 
 Atenção! Só procede o status de indigno após o trânsito em julgado da sentença 
declaratória de indignidade. Os efeitos da sentença declaratória de indignidade são pessoais, 
logo, caberá direito de representação quanto aos herdeiros do indigno. (Art. 1.816, CC). 
Deste modo, o indigno fica privado também da administração dos bens, caso os herdeiros 
por representação sejam menores, bem como privado do usufruto. 
 A indignidade é realizada através e ação própria, esta chamada de ação declaratória de 
indignidade, cujos legitimados para propô-la são os demais herdeiros ou legatários beneficiados 
pela exclusão. (Art. 1.815, CC). 
 Exceção! O Ministério Público é parte legítima para propor a ação declaratória de 
indignidade desde que haja interesse público quanto a herança. (Enunciado n. 116, I 
Jornada de Direito Civil do Conselho de Justiça Federal). 
 O prazo para a propositura da ação é de 4 anos após a abertura da sucessão, sendo a 
eficácia da sentença “ex tunc” para o indigno, ou seja, retroagirá até a abertura da sucessão, já a 
eficácia da mesma sentença será “ex nunc” para os terceiros de boa-fé. (Art. 1.815, parágrafo 
único). 
 As alienações onerosas de bens hereditários a terceiros de boa-fé praticados pelo herdeiro 
antes da sentença de indignidade são válidas, bem como os atos praticados legalmente referentes 
a administração, entretanto, quando os demais herdeiros forem prejudicados, poderão pleitear por 
perdas e danos. (Art. 1.817, CC). 
 Como dito, o efeito da sentença quanto ao indigno é “ex tunc”, ou seja, retroage até a data 
da abertura da sucessão, logo o mesmo é obrigado a devolver os frutos e rendimentos percebidos 
quanto aos bens da herança, entretanto, poderá ser indenizado quanto as despesas realizadas para 
a conservação para os referidos bens. (Art. 1.817, parágrafo único, CC). 
 30 
 O indigno poderá receber seu quinhão disposto em testamento, desde que o autor já 
conhecia as causas da indignidade, mas mesmo assim deixou bens ao herdeiro suposto indigno 
em testamento. (Art. 1.818, parágrafo único, CC). 
 
DESERDAÇÃO 
 A deserdação é a privação dos herdeiros legítimos de receberam a legítima da herança, 
devendo ser feita motivadamente pelo autor da herança em seu testamento, podendo, dentro do 
prazo de 4 anos a partir da abertura do testamento, o herdeiro deserdado apresentar contraprova 
aos apontamentos e justificativas feitas pelo testador. (Arts. 1.964 e 1.965, CC). 
 Atenção! As causas da deserdação são taxativas, sendo elas elencadas nos arts. 1.814, 
1.962 e 1.963, CC. 
 Para haver o instituto da deserdação, é necessário que haja o cumprimento de 
determinados requisitos, quais sejam a existência de herdeiros necessários (descendentes, 
ascendentes e cônjuge), testamento válido (para surtir os efeitos da deserdação), causa prevista 
em lei, bem como a propositura de uma ação ordinária. 
 O rol elencado pelo art. 1.962, CC, é: 
 I – Ofensa física – O herdeiro que vier a constranger fisicamente o seu ascendente (autor 
da herança); 
 II – Injúria grave- O herdeiro que pratique determinada conduto e fere gravemente a auto 
estima do autor da herança, que ataque diretamente a sua honra; 
 III – Relações ilícitas com madrasta ou padrasto – Diz respeito a reações sexuais e 
libidinosas. 
 Atenção! Apesar da taxatividade do presente rol, é necessário que o inciso III seja 
aplicado também as relações homoafetivas; 
 IV – Desamparo do ascendente em alienação mental ou grave enfermidade – Trata-se do 
descaso e a falta de importância por parte o herdeiro com eu ascendente, principalmente em caso 
de doença grave que o herdeiro podendo, não cuida do seu ascendente, fazendo-se um verdadeiro 
descaso. 
 É importante frisar que além das hipóteses tratadas no art. 1.814, CC, sobre a indignidade 
que também é aplicável a deserdação, temos o art. 1.963, CC, que trata apenas da cumulatividade 
do rol da indignidade com o rol da deserdação. 
 31 
HERANÇA JACENTE E HERANÇA VACANTE 
 Herança jacente é aquela cujo os beneficiários são desconhecidos, não se sabe do 
paradeiro dos mesmos, bem como quando os beneficiários, mesmo que chamados a suceder, 
renunciarem ao acervo deixado pelo de “cujus”. 
 Na hipótese de o falecido não ter deixado testamento, nem tampouco não haver sido 
encontrado os beneficiários da herança, a mesma após arrecadada em juízo, será zelada e 
administrada por um curador, até que a mesma seja sucedida a um herdeiro. (Art. 1.819, CC). 
Segundo o art. 1.822, CC, o prazo o prazo para os beneficiários e apresentarem são de 5 anos. 
 O juízo competente para o ajuizamento deste procedimento é o mesmo que se dá a 
abertura do inventário, nos termos do art. 48, CPC. A herança jacente possui um procedimento 
próprio de jurisdição voluntária regrada pelos arts. 738 a 743, CPC. A referida ação inicia-se com 
a arrecadação dos bens em juízo e a nomeação de um curador, após serão utilizadas diversas 
formas para encontrar um testamento deixado pelo falecido ou herdeiros, caso contrário e 
decorrido o prazo de 5 anos sem manifestação acerca dos bens deixados, a herança se tornará 
vacante, ou seja, arrecadada pelo Estado. 
 São legitimadospara a arguição do procedimento em tese a Fazenda Pública, algum 
credor do espólio, o Ministério Público e até mesmo o próprio juízo. 
 O procedimento irá se iniciar com a arrecadação dos bens nos termos do art. 738, CPC, 
nomeando-se após a arrecadação um curador para zelar e administrar os bens arrecadados, 
conforme o art. 739, CPC, que terá as funções de representar a herança e juízo ou fora dele com 
a intervenção do Ministério Público, zelar e conservar os bens, promover a arrecadação de novos 
bens, caso existentes, apresentar balancete ao juiz da causa da receita e despesas e por fim prestar 
contas ao final de sua gestão. 
 O curador irá receber uma remuneração fixada pelo juiz com base na situação dos bens, 
o tempo de serviço, bem como de sua execução. (Art. 160, CPC). 
 O procedimento irá continuar com a ordem do juiz ao oficial de justiça, juntamente com 
o escrivão ou chefe de secretaria, bem como com o curador, descrever e arrolar os bens em auto 
circunstanciado. (Art. 740, CPC). Não podendo comparecer ao local, o arrolamento será feito pela 
autoridade policial, bem como 2 testemunhas. (Art. 740, parágrafo 1º, CPC). 
 Durante a arrecadação o juiz ou a autoridade policial irá inquerir os moradores das casas 
(bens deixados), bem como a vizinhança sobre a qualificação do falecido, paradeiro de herdeiros 
e se existe mais bens a serem arrecadados, fazendo-se assim um auto de inquirição e informação 
conforme art. 740, parágrafo 3º, CPC. 
 32 
 Atenção! Novos bens em comarca diferente, será feita uma carta precatória, caso 
seja encontrado novos bens no exterior, será carta rogatória. (Art. 740, parágrafo 5º, CPC). 
 O juiz examinará todos os documentos encontrados ou papeis que possam dar 
informações pertinentes sobre o paradeiro dos sucessores do falecido, caso não sejam úteis, esses 
materiais serão lacrados até que se encontre um beneficiário e a ele será entregue, caso contrário, 
serão queimados e a herança declarada vacante. (Art. 740, parágrafo 4º, CPC). 
 Caso seja encontrado beneficiários, sem a oposição dos legitimados para arguir o 
procedimento de herança jacente, a arrecadação não será realizada, entretanto, se esta estiver em 
curso, será suspensa. (Art. 740, parágrafo 6º, CPC). 
 Realizada a arrecadação, o juiz procederá com a publicação do edital de citação para que 
beneficiários possam ter conhecimento do ocorrido, a publicação terá duração de 3 meses no sítio 
do Tribunal de Justiça, não havendo, será publicada 3 vezes na imprensa da comarca com o 
intervalo de 1 mês para cada publicação, tendo o sucessor o prazo de 6 meses para habilitar-se 
aos autos, contados da primeira publicação. (Art. 741, CPC). 
 Localizado o sucessor ou testamenteiro em lugar certo, proceder-se-á a sua citação, sem 
prejuízo do edital. (Art. 741, CPC). 
 Atenção! Caso o falecido seja estrangeiro, o fato será comunicado a autoridade 
consular de seu país de origem. (Art. 741, parágrafo 2º, CPC). 
 Caso procedente a habilitação do herdeiro e sua legitimidade, a arrecadação até agora 
realizada se converterá em inventário, tomando o procedimento regrado pelos arts. 610 e seguintes 
do CPC, não mais o procedimento da herança jacente. Os credores poderão habilitar-se no 
inventário para cobrar dívida existente (arts. 687 a 692, CPC), ou propor uma ação de cobrança, 
lembrando que o valor da dívida será no limite do valor da herança. 
 Atenção! Transitada em julgado a sentença que tornou a herança jacente para 
vacante, os beneficiários ou credores só poderão exigir seus direitos por ação direta, 
conforme descreve o art. 743, parágrafo 2º, CPC. 
 O juiz poderá alienar os bens arrecadados, sob determinadas exigências em lei, entretanto, 
caso haja adiantamento pela Fazenda Pública ou habilitados (credores) do valor das despesas que 
levariam à alienação dos bens, o juiz não poderá aliená-los; havendo bens de valor pessoal, como 
retratos, obras de arte, etc., só poderão ser alienadas após declarada a vacância da herança. (Art. 
742, parágrafos 1º e 2º, CPC). 
 O juiz poderá alienar os bens sob égide dos seguintes requisitos. (Art. 742, CPC): 
 I – Bens móveis, caso sejam de difícil conservação ou dispendiosa; 
 33 
 II – Semoventes, quando não empregados na exploração de alguma indústria; 
III – Títulos e papéis de créditos se houver fundão receio de depreciação; 
 IV – Ações de sociedade quando, reclamada a integralização, não dispuser a herança de 
dinheiro para o pagamento; 
 V – Bens imóveis, se ameaçarem ruína, não convindo a reparação ou se estiverem 
hipotecados e vencer-se a dívida, não havendo dinheiro para o pagamento. 
 Passado o prazo de 1 ano do primeiro edital publicado, em que haja manifestação de 
beneficiários ou testamenteiros, bem como a improcedência da habilitação de alguém que se 
achou no direito de herdeiro, o juiz proferirá a sentença declaratória de vacância, deixando assim 
a herança de ser jacente, passando a ser vacante. (Art. 743, CPC). 
 Atenção! Se até a declaração da vacância, parentes colaterais até o 4º grau do 
falecido, não tiveram se habilitado, serão excluídos da sucessão. (Art. 1.822, parágrafo 
único, CC). 
 A sentença de declaração de vacância tem como principal efeito transferir a propriedade 
e a posse dos bens do acervo do falecido à Fazenda Pública. 
 Ocorre a adjudicação provisória do Estado quando decorrido 5 anos da abertura da 
sucessão, os bens arrecadados passarão ao domínio do ente federativo que este se situa 
(Município, Distrito Federal ou União), não prejudicando os herdeiros que legalmente se 
habilitaram. (Art. 1.822, CC). 
 
AÇÃO DE PETIÇÃO DE HERANÇA 
 Conhecida como também como “petito hereditatis”, é o instrumento processual utilizado 
para fazer valer o direito de sucessão de um herdeiro ou testamenteiro após o trânsito em julgado 
de uma sentença declaratória de vacância, podendo também ser utilizada na hipótese de se 
descobrir a existência de um testamento após realizada a partilha da herança e também quando 
um testamento for anulado e se deseja a regularização da partilha. (Art. 1.824, CC). 
 Atenção! A pretensão da petição de herança prescreve em 10 anos, nos termos do 
art. 205, CC. 
 O herdeiro que por ventura tenha ficado de fora do procedimento de inventário e partilha, 
poderá propor a ação de petição de herança para validar seus direitos como sucessor, e assim ter 
a sua quota parte de direito da referida herança, mesmo que a sentença do inventário e partilha 
anteriormente dito tenha transitado em julgado. 
 34 
 Na referida ação, mesmo que proposta por apenas um herdeiro, o mesmo poderá 
compreender nela todos os bens da herança já partilhados. (Art. 1.825, CC). 
 Exceção! Quando se tratar de um legado, ou seja, um bem específico, a ação será 
reivindicatória. 
 Atenção! Caso a ação de petição de herança esteja cumulada com reconhecimento 
de paternidade, ambas de forma paralela ao inventário, é possível requerer de forma 
cautelar a reserva do quinhão que seria de direito do ora possível herdeiro da ação de 
reconhecimento de paternidade, resguardando assim o seu direito sucessório. (Art. 668, I, 
CPC). 
 As alienações realizadas a terceiro de má-fé ou de forma gratuita, deverão ser trazidas de 
volta ao acervo e o negócio realizado ser desfeito, sendo assim, o bem alienado deverá ser 
restituído ao verdadeiro sucessor. (Art. 1.827. CC). 
 Atenção! O herdeiro aparente de boa-fé que pagou um legado, não está obrigado a 
prestar o valor ao verdadeiro sucessor, porém este último poderá proceder a ação contra 
aquele que recebeu o valor. (Art. 1.828, CC). 
 Atenção! Se tratando de reconhecimento de paternidade “post mortem”, a prescrição 
da petição da herança será contata a partir do trânsito em julgado da ação de 
reconhecimento, não mais do trânsito em julgado da sentença da partilha. 
 
SUCESSÃO LEGÍTIMA 
 Relembrando! A sucessão legítima é baseada no vínculo familiar, e a indicação dos 
herdeiros derivada lei, em contrapartida, se tratando de testamento, os testamentários são 
escolhidos pelo testador. Havendo herdeiros necessários, o testador só poderá dispor de 50% de 
sua herança, sendo por lei, a metade restante (legítima) destinada aos herdeiros necessário. 
 Para fins de sucessão, os herdeiros facultativos são aqueles até o parente colateral de 4º 
grau, desta forma, inexistindo herdeiros necessários, poderá o testador dispor da totalidade de 
seus bens. O testamento pode ser em favor de terceiros, não sendo obrigado o beneficiário ser um 
herdeiro da família. 
 A vocação hereditária quanto à sucessão legítima está disposta no art. 1.829, CC: 
 I – Aos descendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente, salvo se este foi 
casado com o falecido no regime da comunhão universal ou na separação obrigatória; ou se, no 
regime da comunhão parcial, o autor da herança não houver deixado bens particulares; 
 35 
 II – Aos ascendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente, independente do 
regime de bens do casamento; 
 III – Ao cônjuge sobrevivente; 
 IV – Aos colaterais até o 4º grau. 
 
CONCORRÊNCIA ENTRE DESCENDENTES E CÔNJUGE 
 Como visto acima, a concorrência na partilha da herança entre descendentes e o cônjuge 
é de forma condicional, devendo assim prestar atenção ao regime de casamento entre o falecido 
o cônjuge sobrevivente. 
 A vocação hereditária quanto à sucessão legítima está disposta no art. 1.829, CC: 
 I – Aos descendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente, salvo se este foi 
casado com o falecido no regime da comunhão universal ou na separação obrigatória; ou se, no 
regime da comunhão parcial, o autor da herança não houver deixado bens particulares; 
 Para melhor visualização quanto as regras dos diversos regimes de casamento, segue uma 
relação quanto as modalidades descritas no Código Civil: 
a. Comunhão parcial de bens (regime legal) – Arts. 1.658 a 1.666, CC; 
 
b. Comunhão universal – Arts. 1.667 a 1.671, CC; 
 
c. Participação final dos aquestos – Arts. 1.672 a 1.686, CC; 
 
d. Separação de bens legal/ obrigatória – Art. 1.641, CC; 
 
e. Separação convencional – Arts. 1.687 e 1.688, CC. 
Desta forma, fica fácil demonstrar quando há concorrência entre o cônjuge e o 
descendente: 
a. Há concorrência – Regime da comunhão parcial (quando houver bens particulares do 
falecido), no regime da participação final dos aquestos e no regime de separação 
convencional dos bens (decorrente de pacto antenupcial); 
 
 36 
b. Não há concorrência – Regime da comunhão parcial (quando não há bens particulares 
do falecido), regime da comunhão universal de bens e regime da separação legal ou 
obrigatória de bens. 
 
SUCESSÃO COM QUOTA OBRIGATÓRIA 
 Nas hipóteses em que o cônjuge concorrer com herdeiros comuns ao falecido, ou seja, 
seus descendentes (filhos do mesmo casal), a cônjuge sobrevivente não poderá ter uma quota 
inferior a 1/4 da herança. (Art. 1.823, CC). 
 Facilitando o raciocínio, vale dizer que se o casal possuir número de filhos que somados 
com a cônjuge seja superior a “4” sucessores, haverá a quota reservada, entretanto, caso o total 
de sucessores da herança sejam “4” ou inferior, não haverá quota reservada para a cônjuge. 
 
 
 
 
 
 
 Atenção! Sucessão híbrida - Havendo descendente por parte do falecido ou por parte 
do cônjuge sobrevivente (filho externo ao casal), essa regra não se aplicará, logo a herança 
se dividirá em partes iguais (divisão por cabeça). (Enunciado 527, Conselho da Justiça 
Federal, V Jornada de Direito Civil). 
 
SUCESSÃO AOS ASCENDENTES 
 Os ascendentes são chamados na sucessão na falta de descendentes, já que o grau mais 
próximo exclui o mais remoto. (Art. 1.836, CC). 
 Atenção! Não há direito de representação aos ascendentes. (Art. 1.852, CC). 
 Caso há igualdade nas linhas da ascendência, ou seja, pai e mãe do falecido que não 
deixou cônjuge ou companheira sobrevivente, cada um ficará com a metade da herança, logo, 
linha paterna terá metade e linha materna terá a outra metade. (Art. 1.836, parágrafo 2º, CC). 
 37 
 A concorrência entre cônjuge e ascendentes deve ser observada determinadas regras, eis 
que a quota reservada ao cônjuge irá variar dependendo do grau da ascendência e o número, 
veremos. 
 O cônjuge que concorrer com ascendentes (paterno e materno) de 1º grau do falecido, terá 
uma quota de 1/3 da herança para si, e os 2/3 restantes serão divididos entre os ascendentes, 
ficando assim cada um (pai e mãe do falecido) com 1/3 da herança. (Art. 1.837, CC). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Atenção! Caso o falecido tenha deixado apenas um ascendente, ou seja, deixado 
apelas o pai ou a mãe, a herança se dividirá em duas partes iguais, logo, ficará 1/2 para o 
cônjuge sobrevivente, bem como a outra metade (1/2) para o único ascendente deixado pelo 
falecido. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 É importante demonstrar também que na hipótese de os ascendentes deixados serem de 
2º grau, ou seja, avô e avó do falecido, a cônjuge sobrevivente ficará com metade (1/2) da herança, 
 38 
e a outra metade dividida entre nos ascendentes deixados pelo falecido. Sempre atentar se os 
ascendentes são paternos e maternos, ou apenas de uma linhagem. 
 
 
 
Na falta de descendentes e ascendentes, a herança será sucedida em sua totalidade apenas 
ao cônjuge sobrevivente, entretanto, na falta deste a herança será sucedida aos colaterais até o 4º 
grau. (Arts. 1.838 e 1.839, CC). 
 
SUCESSÃO AOS COLATERAIS 
 Só haverá sucessão aos parentes colaterais até o 4º grau quando não houver descendentes, 
ascendentes ou cônjuge sobrevivente, nesta ordem, uma vez que os parentes colaterais não são 
herdeiros necessários. (Arts. 1.592 e 1.838, CC). 
 Simplificando, será da seguinte forma: 
a. Irmãos – 2º grau; 
 
b. Tios e sobrinhos – 3º grau; 
 
c. Primos, tios-avós e sobrinhos-netos – 4º grau. 
 
 Atenção! Na sucessão colateral há direito de representação. 
 
 
 39 
SUCESSÃO ENTRE IRMÃOS 
 Primeiramente há de se destacar as nomenclaturas e modalidades de irmão, quais sejam: 
a. Irmãos bilaterais (germanos) – São os filhos do mesmo casal; 
 
b. Irmãos unilaterais – Filhos do mesmo pai (consanguíneos) ou da mesma mãe 
(uterinos), mas não do mesmo casal. 
A partilha entre irmãos bilaterais é feita por cabeça e cabe direito de representação no 
caso de uma pré-morte, entretanto, havendo concorrência entre irmãos bilaterais e irmão 
unilateral, os bilaterais receberão o dobro do que receberá os unilaterais. (Art. 1.841, CC). 
Existe perante a doutrina uma espécie de “macete” para resolver a partilha entre irmãos, 
como uma equação matemática, qual seja: número de irmãos bilaterais vezes 2 somado com o 
número de irmãos unilaterais, o resultado será o número em que a herança será partilhada, 
lembrando que os irmãos bilaterais receberão em dobro. 
Atenção! Na hipótese de concorrência entre filhos de irmão bilaterais com filhos de 
irmãos unilaterais, a regra irá se repetir, logo, os filhos dos bilaterais herdarão o dobro. 
(Art. 1.1.843, parágrafo 2º, CC). 
Nº IB x 2 + Nº IU = Divisão da herança. 
Não havendo irmãos bilaterais, apenas irmãos unilaterais, estes herdarão a herança em 
partes iguais. (Art. 1.842, CC). 
Não havendo irmãos, herdarão os filhos destes, porém não havendo estes últimos também, 
herdarão os tios. (Art. 1.843, CC). 
Atenção! A divisão da herança será em partes iguais apenas na hipótese de ter 
somente irmãos bilaterais, ou somente seus filhos, ou somente irmãos unilaterais, ou 
somente os seus filhos, logo, a divisão será por cabeça. 
A herança será destinada ao ente federativo correspondente a sua circunscrição quando 
não houver nenhum herdeiro com a capacidade de herdar o acervo deixado pelo falecido, 
lembrando que se o bem estiver localizado em território federal, o mesmo será destinado à União. 
(Art. 1.844, CC). 
 
 
 
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HERDEIROS E LEGÍTIMA 
 Os herdeiros, de modo geral, são

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