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FACULDADE DO CENTRO LESTE UCL – CAMPUS I – JARDIM LIMOEIRO JÉSSICA YUKI CORRÊA DE ARAUJO SUGUI O REAPROVEITAMENTO DE RESÍDUOS DE MADEIRA NA PRODUÇÃO DE BRINQUEDOS INFANTIS PEDAGÓGICOS SERRA 2008 JÉSSICA YUKI CORRÊA DE ARAUJO SUGUI O REAPROVEITAMENTO DE RESÍDUOS DE MADEIRA NA PRODUÇÃO DE BRINQUEDOS INFANTIS PEDAGÓGICOS Monografia apresentada ao curso de Design de Produto, da Faculdade do Centro Leste, como requisito para obtenção do Grau de Bacharel em Design de Produto. Orientador: Professor Eduardo Cozendey da Silva, MSc. SERRA 2008 JÉSSICA YUKI CORRÊA DE ARAUJO SUGUI O REAPROVEITAMENTO DE RESÍDUOS DE MADEIRA NA PRODUÇÃO DE BRINQUEDOS INFANTIS PEDAGÓGICOS. Monografia apresentada ao curso de Design de Produto, da Faculdade do Centro Leste, como requisito para obtenção do Grau de Bacharel em Design de Produto. Aprovada em 01 de Julho de 2008. BANCA AVALIADORA _____________________________________________ Professor Eduardo Cozendey da Silva, MSc. Faculdade do Centro Leste Orientador _____________________________________________ Professora Kátia Cozendey da Silva, Esp. Faculdade do Centro Leste _____________________________________________ Professor Paulo Cezar Pinheiro Guedes, MSc. Faculdade do Centro Leste RESUMO O objetivo principal deste trabalho foi o reaproveitamento dos resíduos de madeira gerados pelas marcenarias de pequeno porte no município de Serra/ES, transformando-os em brinquedos infantis pedagógicos destinados às crianças da rede pública de ensino. A metodologia de desenvolvimento do produto utilizada para este projeto foi baseada na de Löbach, com as seguintes fases: análise do problema, geração de alternativas, avaliação das alternativas e realização da solução do problema. E, para o referencial teórico foram utilizadas pesquisas bibliográficas e de campo. Nesta etapa do projeto abordou-se a questão ambiental, o papel do designer nos projetos de produtos ecologicamente corretos, a sustentabilidade, o ecodesign e design sustentável. Justificando-se a importância do reaproveitamento dos resíduos sólidos, e da manutenção ambiental. Pois, além de ser benéfico ao meio ambiente, será uma ferramenta de aprendizado para os alunos dos centros de educação que receberão os brinquedos. Além dos pontos acima, foram apresentadas as relações entre a criança, brinquedos e o ato de brincar, ressaltando as implicações desse processo no desenvolvimento cognitivo e social das crianças e dos benefícios pedagógicos. Por fim, o produto foi inserido e experimentado em sala de aula, com alunos da rede pública de ensino do município de Serra/ES. Palavras-chave: Reaproveitamento de resíduos de madeira. Brinquedos infantis pedagógicos. Sustentabilidade. Ecodesign. Design Sustentável. Design de Produto. SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................5 2 O DESIGN E O DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS SUSTENTÁVEIS ....8 2.1 A CONSCIENTIZAÇÃO AMBIENTAL.............................................................8 2.2 O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL....................................................10 2.2.1 Sustentabilidade ...........................................................................................12 2.3 NORMAS E CERTIFICAÇÕES AMBIENTAIS ..............................................14 2.4 O DESIGN E O DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS SUSTENTÁVEIS ..16 2.4.1 Análise do Ciclo de Vida do Produto e Life Cycle Design.............................18 2.4.2 Produtos Sustentáveis..................................................................................21 3 O REAPROVEITAMENTO DE RESÍDUOS DE MADEIRA............................23 3.1 RESÍDUOS SÓLIDOS ..................................................................................23 3.1.1 Classificação ................................................................................................25 3.2 RESÍDUOS DE MADEIRA ............................................................................26 3.2.1 O Reaproveitamento de Resíduos de Madeira.............................................28 4 BRINQUEDOS INFANTIS PEDAGÓGICOS..................................................36 4.1 O ATO DE BRINCAR....................................................................................38 4.2 A IMPORTÂNCIA DO BRINQUEDO NA EDUCAÇÃO INFANTIL..................40 5 DESENVOLVIMENTO DO PRODUTO ..........................................................43 5.1 LEVANTAMENTO DE DADOS .....................................................................44 5.1.1 Público alvo ..................................................................................................44 5.1.2 Mercado alvo ................................................................................................44 5.2 ANÁLISE DO PROBLEMA............................................................................46 5.2.1 Análise da necessidade................................................................................46 5.2.2 Análise da função (prática) ...........................................................................46 5.2.3 Análise da configuração (estética)................................................................46 5.2.4 Análise estrutural ..........................................................................................46 5.2.5 Patentes, legislação e normas......................................................................47 5.3 GERAÇÃO DE HIPÓTESES.........................................................................48 5.3.1 Estudos de conceito .....................................................................................48 5.3.2 Estudos de forma..........................................................................................48 5.3.3 Estudos de materiais ....................................................................................49 5.3.4 Estudos de funções ......................................................................................49 5.4 DESIGN DO CONCEITO ..............................................................................49 5.4.1 Conceito do Produto .....................................................................................49 5.5 ESPECIFICAÇÃO DA HIPÓTESE ADOTADA..............................................49 5.5.1 Materiais, Cores e Formas ...........................................................................50 5.6 APLICAÇÃO E EXPERIMENTAÇÃO DO PRODUTO...................................52 6 CONCLUSÃO ................................................................................................56 7 REFERÊNCIAS..............................................................................................58 ANEXOS ...................................................................................................................64 5 1 INTRODUÇÃO A consciência ambiental tornou-se um fator de crescente importância em todos os setores da sociedade. A sustentabilidade e a necessidade de diminuir a utilização dos recursos naturais são dois grandes fatores que devem ser levados em consideração no projeto de produtos. Sendo assim, é considerável a atuação do designer como influenciador de atitudes. Este além de ser o responsável pela concepção do projeto, é responsável pela maneira com que este deverá ser usado. Portanto, suas ações sustentáveis ao projetar novos produtos ou simplesmente melhorá-los são de extrema importância para o mundo (MACEDO; FACHINETTO; NASCIMENTO, 2006, p. 02). Logo, o reaproveitamento de resíduos faz-se necessário em qualquer área de produção. Segundo o Ministério do Meio Ambiente, carcaças de computadores e ar condicionados podemser compradas para desmonte. E, em cidades como Curitiba/PR e São Paulo/SP existem empresas que recebem esses materiais para o reaproveitamento ou reciclagem. Já as carcaças de veículos, peças mecânicas, canos de cobre, ferro e alumínio podem ser encaminhados aos ferros-velhos ou sucateiros. Enquanto, os entulhos de construção civil e canos de PVC podem ser reutilizados ou reciclados, formando novos produtos, tais como telhas ecológicas, lajotas, entre outros. Os resíduos gerados pelo setor madeireiro são uma nova alternativa de matéria- prima. Muitas indústrias os têm utilizado para a produção de energia, como fonte de biomassa e, também, para a produção de novos produtos, inclusive na produção de celulose e papel, painéis, aglomerados, pequenos objetos e para cama de aviários e suínos. Embora, a maior parte desses resíduos seja descartada sem qualquer proposta de utilização, ou, quando recebe alguma destinação, pouco valor comercial é agregado a este material. O objetivo deste trabalho é estudar a melhor forma de se reaproveitar os resíduos de madeira gerados pelas marcenarias de pequeno porte na cidade de Serra/ES, a fim de transformá-los em um brinquedo infantil pedagógico, mais especificamente em Blocos de Montar, que serão destinados ao Centro de Municipal de Educação Infantil “Jacaraípe”, situado no bairro Jacaraípe, na cidade de Serra/ES. 6 Outra meta é estudar e analisar os conceitos básicos de Ecodesign e Design Sustentável, bem como os conceitos e classificações de resíduos sólidos. Além de identificar a quantidade de resíduos de madeira que são desperdiçados pela indústria madeireira no Brasil, classificando-os de acordo com tamanhos e formas. Estudando, também, sobre os brinquedos de madeira existentes no mercado. Analisando assim, quais são os benefícios gerados por ele às crianças que o utilizarão. Os objetos de estudo serão os resíduos produzidos pelas marcenarias locais, bem como, a melhor forma de reaproveitá-los na produção dos Blocos de Montar, visando às questões ambientais, sociais, educacionais e pedagógicas. A utilização dos resíduos madeireiros na produção dos Blocos de Montar irá gerar benefícios sociais, educacionais e pedagógicos para a comunidade local. Como aspecto social podemos citar a distribuição gratuita destes brinquedos no Centro de Municipal de Educação Infantil “Jacaraípe”. No que diz respeito aos aspectos pedagógicos podemos dizer que o contato e a utilização deste produto irão colaborar para a aprendizagem dos alunos, uma vez que esse tipo de brinquedos desenvolve a capacidade de concentração, a orientação espacial e exercita a criatividade, privilegiando a cooperação, pois se aplicado em grupos tem sua montagem simplificada. Ao mesmo tempo, esse projeto irá beneficiar também o meio ambiente, pela racionalização do uso dos recursos naturais e reduzindo o impacto ambiental que esses resíduos causam a serem depositados no meio ambiente, visto que a sua decomposição provoca o lançamento do gás metano na atmosfera, que é um dos piores causadores do efeito estufa. Este aspecto será divulgado e informado aos alunos da citada escola, fazendo com que esses tenham ciência de que o brinquedo utilizado por eles foi criado e fabricado a partir de resíduos industriais que prejudicam o meio ambiente quando não são reaproveitados. Desta forma o desenvolvimento desta pesquisa estará estimulando também a consciência ecológica dos usuários deste produto. 7 Sendo assim, o presente projeto trabalhará com a hipótese de que a criação de brinquedos infantis pedagógicos, mais especificamente os Blocos de Montar, é a solução mais eficaz para a transformação e o aproveitamento de resíduos de madeira descartados pelas marcenarias de pequeno porte do município de Serra. 8 2 O DESIGN E O DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS SUSTENTÁVEIS 2.1 A CONSCIENTIZAÇÃO AMBIENTAL A questão ambiental é uma problemática crescente no dia-a-dia de nossa sociedade, especialmente por envolver a preservação de recursos não renováveis das gerações futuras e de nosso modo de vida. Dados do relatório Planeta Vivo 2006, divulgado a cada dois anos pelo World Wildlife Fund (WWF), revelam que o consumo da humanidade é aproximadamente 25% superior ao que o planeta pode suportar. Em muitos lugares os recursos naturais estão cada vez mais escassos, prejudicando a qualidade de vida de todos. Entretanto, esse não é um problema atual, vem desde os meados do século XVIII com a Revolução Industrial. A Revolução Industrial é um marco para a questão ambiental, pois foi nesse período que houve uma enorme devastação do meio ambiente, devido à explosão demográfica e ao aumento da produção e do consumo, surgindo também nessa época novas formas de poluir. A sociedade de consumo, que emergiu do período de pós-guerra, desejava cada vez mais novos produtos e tecnologias, não importando os impactos causados por essa produção desordenada e sem limites. Os produtos tornavam-se obsoletos rapidamente e logo eram substituídos por outros, o reflexo dessa cultura ainda está presente em nossa sociedade. Como isso é visto nos dias de hoje? Consumismo! Somente no final da década de 1960, a população começou a preocupar-se com a questão ambiental. E, em 1968, foram realizados os primeiros questionamentos a respeito dos danos gerados pelas indústrias e das possíveis catástrofes ambientais que poderiam acontecer no futuro, ameaçando a vida humana na Terra. Surgindo então, o Conselho de Educação Ambiental, no Reino Unido e o Clube de Roma, com reivindicações em relação à responsabilidade do homem para com a natureza. 9 A partir dos anos 1970, há uma enorme fragilização da natureza, devido ao consumo humano de recursos naturais ultrapassar os limites da Terra. O Planeta sofre com a destruição do meio ambiente, inúmeros foram os desastres sócio-ambientais, desaparecimento de espécies da fauna e da flora, os solos degradados, a crescente escassez da água potável, desmatamentos contínuos, acidentes ambientais, mudanças climáticas e o aquecimento global, gerado pelo crescente efeito estufa. Em 1972, o Clube de Roma produz o relatório “Os Limites do Crescimento”, cuja ação principal era a obtenção do equilíbrio global. Neste ínterim, a Organização das Nações Unidas (ONU), realizou no mesmo ano, a Conferência Internacional de Estocolmo, obtendo como resultado a Declaração sobre o Meio Ambiente Humano. Em 1973, nasce o precursor do Desenvolvimento Sustentável, o Ecodesenvolvimento, por Maurice Strong 1e Ignacy Sachs2, apresentando como princípios de base as sustentabilidades: social, econômica, ecológica, espacial e cultural. E, tendo como objetivo melhorar a qualidade de vida e a preservação ambiental (JACOBI, 1999). No Brasil, em 1980 é fundado o Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA), que publicou leis referentes aos licenciamentos ambientais. Passando a ser exigido aos possíveis causadores de impactos ambientais, um Estudo de Impactos Ambientais ou Relatório de Impacto sobre o Meio Ambiente (EIA/RIMA). Ainda em 1980, surgem as primeiras idéias a respeito do Desenvolvimento Sustentável, no documento denominado Estratégia de Conservação do Mundo, da União Internacional para Conservação da Natureza. 1 O canadense Maurice Strong é assessor sênior do secretário-geral das Nações Unidas, Kofi Annan. No início da década de 70, organizou e dirigiu a Conferência Mundial das Nações Unidas em Estocolmo e a ECO-92 no Rio de Janeiro. 2 Ignacy Sachs atualmente é presidente do Conselho Consultivo da Pro-Natura International. Foi conselheiro-chefe do secretário-geral da ONU para Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente. Foi conselheiroespecial de Maurice Strong na Rio-92. E, co-autor da Agenda 21 para a Amazônia. 10 Em 1983, a ONU cria a Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (CMMAD), presidida por Gro Harlem Brundtland3, com o objetivo de analisar o estado de nosso Planeta e estudar o futuro da humanidade e o meio ambiente, alertando a população da necessidade de mudar seu padrão de desenvolvimento. Finalmente, em 1987, é divulgado o relatório Nosso Futuro Comum, mais conhecido como Relatório de Brundtland, nascendo a partir daí o conceito de Desenvolvimento Sustentável (DS), cuja proposta é a integração do meio ambiente com as questões sociais, econômicas e culturais de nossa sociedade, que estudaremos a seguir. 2.2 O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL O conceito de Desenvolvimento Sustentável surgiu em 1987, no Relatório de Brundtland. No entanto, só foi incorporado mais tarde durante a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (UNCED-92), realizada no Rio de Janeiro, conhecida popularmente como RIO 92 ou ECO 92. Cujo objetivo principal era estudar um meio de harmonizar os desenvolvimentos econômico, social e tecnológico com a preservação do Ecossistema do Planeta, analisando os impactos do gerados pelo homem ao meio ambiente. De acordo com a CMMAD, “o desenvolvimento sustentável é aquele que atende às necessidades presentes sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras satisfazerem as suas próprias necessidades”. Apesar de existir algumas interpretações para o DS, no Brasil, adota-se a definição apresentada no Relatório de Brundtland. O referido conceito encontra-se implícito no artigo 225, caput, da Constituição Federal: Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, 3 Gro Harlem Brundtland foi primeira-ministra da Noruega de 1981 a 1986, e então presidente da Comissão Mundial Sobre o Desenvolvimento e o Meio Ambiente da ONU, obtendo grande prestígio internacional depois de tornar público seu relatório sobre meio ambiente em 1987. 11 impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. O DS é um grande desafio para a humanidade, para que ocorra faz-se necessário arquitetar o desenvolvimento da sociedade e do meio ambiente de modo saudável, zelando pela igualdade econômica e social, com o uso adequado e prudente dos recursos naturais não renováveis. Todavia, o DS deve fazer com que o homem recomponha suas relações com a natureza, mudando seus pensamentos e ações. A finalidade do DS é encontrar a melhor forma de equilibrar as atividades econômicas e a utilização responsável dos recursos naturais, preservando-os para as gerações atuais e futuras. A política dos 3 R’s, que consiste em três atitudes básicas: Reduzir, Reutilizar e Reciclar, bem como a produção de energia limpa (eólica, solar, etc), e o manejo florestal são exemplos de DS. O DS é construído sobre três pilares interdependentes: o desenvolvimento econômico, o desenvolvimento social (baseado na igualdade social), e a proteção ambiental. Como esses pilares são interligados precisam ser desenvolvidos simultaneamente, nenhum deles poderá se sobressair mais que o outro, pois, dessa forma, a sustentabilidade poderá ser comprometida (MAY et al., 2005). Segundo Tauchen (2001), o DS possui seis objetivos básicos, que são: � Atender as necessidades básicas da população; � Preservar o meio ambiente a fim de garantir que as gerações futuras possam usufruir também de dos recursos naturais; � Preservar os recursos naturais; � Elaborar um sistema social garantindo emprego, segurança social e respeito a outras culturas; � Introduzir programas educativos nas escolas. Como vimos, um dos objetivos do DS é a introdução de programas educativos nas escolas. Então, em 2002, foi adotada através da Conferência Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável, realizada em Johannesburgo, a Década da Educação para o Desenvolvimento Sustentável. De acordo com o Relatório da Pesquisa 12 Aplicada Junto ao Público do V Fórum Brasileiro de Educação Ambiental (2005, p. 09), A Educação para o Desenvolvimento Sustentável não é um novo programa, mas uma chamada para um processo de reorientação e potencialização de políticas, programas e ações educacionais já existentes, para que possam desempenhar um papel preponderante na construção do futuro sustentável. Foram definidos sete eixos temáticos da Educação para o Desenvolvimento Sustentável: Cidadania; Valores comunitários; Diversidade; Interdependência; Sustentabilidade; Qualidade de vida; e Justiça social. A educação ambiental é um dos meios mais eficazes de aplicação da preservação ambiental, contudo, exige ações do presente a fim de que possamos colher bons resultados no futuro. Acredita-se que o DS não seja somente uma utopia, mas que se torne realidade em breve. Os pesquisadores do DS crêem na possibilidade de um futuro próximo com o equilíbrio entre ambiente e tecnologia, havendo também equidade social, sem distinção de classes, raças, religiões, etc. 2.2.1 Sustentabilidade A sustentabilidade é um sinônimo de equilíbrio ecológico, ou seja, a busca de uma convivência harmônica entre homem e o ecossistema. Nessa relação, o homem deve respeitar os limites de renovação que a natureza possui, retirando dela somente o que ela poderá repor. Adotando deste modo, um estilo de vida diferente, produzindo ações que garantam uma boa qualidade de vida a todos e conservando o meio ambiente. De acordo com Dovers (apud, ROCHA; BACHA, 2000, p. 12), Há diferença entre sustentabilidade e desenvolvimento sustentável. O primeiro é um objetivo difícil e de longo prazo a ser atingido; e, o segundo é um processo variável de mudança que se deve realizar para se conseguir a sustentabilidade de um determinado sistema. Para Bellen (2004), a base da sustentabilidade é o uso capital natural 4 de acordo com capacidade de carga do ecossistema. Mas, há uma redução constante deste 4 Recursos Naturais 13 capital devido ao seu consumo indiscriminado, mesmo sendo essencial à existência humana na Terra. Inclusive, no Manual de Educação para o Consumo Sustentável (2005, p. 12), “[...] as organizações de consumidores mais atuantes em todo o mundo têm sido desafiadas a desempenhar um papel pedagógico nessa questão, mostrando ao consumidor a relação direta entre consumo e sustentabilidade [...]”. Enquanto Jacobi (1999, p. 179) afirma que, [...] a idéia de sustentabilidade implica na prevalência da premissa de que é preciso definir uma limitação definida nas possibilidades de crescimento e um conjunto de iniciativas que levem em conta a existência de interlocutores e participantes sociais relevantes e ativos através de práticas educativas e de um processo de diálogo informado, o que reforça um sentimento de co- responsabilização e de constituição de valores éticos. Isto também implica em que uma política de desenvolvimento na direção de uma sociedade sustentável não pode ignorar nem as dimensões culturais, nem as relações de poder existentes e muito menos o reconhecimento das limitações ecológicas, sob pena de apenas manter um padrão predatório de desenvolvimento. A sustentabilidade é um sistema multidisciplinar, exige táticas de desenvolvimento nas mais diversas áreas (política, social, científica, tecnológica, econômica e ambiental). No documento Ciência & Tecnologia para o Desenvolvimento Sustentável, elaborado a pedido do Ministério do Meio Ambiente, são consideradas as seguintes dimensões de sustentabilidade: � Sustentabilidade social: baseada nos princípios da solidariedade e daigualdade social; � Sustentabilidade ecológica: preocupação com o planeta e suas riquezas e com a biosfera que o envolve; � Sustentabilidade econômica: avaliada a partir da sustentabilidade social propiciada pela organização da vida material; � Sustentabilidade espacial: norteada pelo alcance de uma equanimidade nas relações inter-regionais e na distribuição populacional entre o rural/urbano e o urbano; 14 � Sustentabilidade político-institucional: que representa um pré-requisito para a continuidade de qualquer curso de ação a longo prazo; � Sustentabilidade cultural: modulada pelo respeito à afirmação do local, do regional e do nacional, no contexto da padronização imposta pela globalização. Para que uma sociedade consiga atingir de forma efetiva e eficaz a sua Sustentabilidade algumas metas deverão ser alcançadas. A população deve ter suas necessidades básicas (saúde, educação, alimentação, lazer) atendidas, com emprego e segurança para todos. Deve, também, preservar o meio ambiente de modo apropriado e ético, a fim de garantir um futuro para as gerações posteriores. Sendo que, a educação ambiental deverá ser implementada como disciplina nas escolas e praticada em casa. 2.3 NORMAS E CERTIFICAÇÕES AMBIENTAIS Desde a RIO 92, as indústrias em geral vêm empenhando esforços na execução de pesquisas e práticas voltadas ao desenvolvimento sustentável do Planeta, visando a análise de impacto ambiental e a melhoria das técnicas para a obter um bom desempenho produtivo e economia de matéria-prima e energia. Um exemplo disso foi a assinatura do Protocolo de Quioto, cuja meta é a diminuição em aproximadamente 5% da emissão de gases-estufa em relação aos níveis medidos em 1990, a fim de amenizar o aquecimento global. Foi na RIO 92, também, que foi gerada a Agenda 21, um dos resultados mais importantes dessa Conferência. Segundo o Ministério do Meio Ambiente, A Agenda 21 é um plano de ação para ser adotado global, nacional e localmente, por organizações do sistema das Nações Unidas, governos e pela sociedade civil, em todas as áreas em que a ação humana impacta o meio ambiente. Constitui-se na mais abrangente tentativa já realizada de orientar para um novo padrão de desenvolvimento para o século XXI, cujo alicerce é a sinergia da sustentabilidade ambiental, social e econômica, perpassando em todas as suas ações propostas. 15 Assinada por 179 países, a Agenda 21 é utilizada até hoje em diversas cidades no mundo inteiro, levando em conta as peculiaridades de cada uma para que se possa planejar o seu respectivo desenvolvimento sustentável. No Brasil, a Agenda 21 é de responsabilidade da Comissão de Políticas de Desenvolvimento Sustentável e da Agenda 21 Nacional (CPDS). Sendo que, os principais focos da Agenda são os programas de inclusão social, a preservação ambiental e a sustentabilidade, tudo isso visando o desenvolvimento sustentável do país. Embora já houvesse a Agenda 21 e o empenho por parte das indústrias, não existia nenhuma certificação ou padronização para a produção e ciclo de vida dos industrializados. Então, para suprir essa carência de padrões, surge no ano de 1994, uma série de normas para a certificação ambiental: a ISO 14000. A ISO 14000 é uma série de normas desenvolvidas pela Organização Internacional de Padronização (ISO), que define os requisitos para um sistema de gestão ambiental, permitindo que uma empresa desenvolva e implemente uma política que leve em consideração às questões ambientais, controlando os impactos ambientais de suas atividades, produtos e/ ou serviços. As normas de série da ISO 14000 são: � ISO 14001 – referente aos Sistemas de Gestão Ambiental com orientação para uso; � ISO 14004 – referente aos Sistemas de Gestão Ambiental com diretrizes gerais sobre Princípios, Sistemas e Técnicas de Apoio; � ISO 14010 – consistem em diretrizes para a Auditoria Ambiental, especificamente aos princípios gerais da Auditoria Ambiental; � ISO 14011 - consistem em diretrizes para Auditoria Ambiental, referindo à auditoria de um Sistema de Gestão Ambiental; � ISO 14012 – conjunto de diretrizes para a Auditoria Ambiental, com critérios para a qualificação de Auditores Ambientais; 16 � ISO 14031 - avaliação do desempenho ambiental do Sistema Gerencial e seu relacionamento com o Meio Ambiente; � ISO 14040 - princípios gerais e práticas para a Análise do Ciclo de Vida (ACV); � ISO 14060 - aspectos ambientais nas normas de produtos. Além da ISO 14000 outras certificações foram surgindo, como é o caso do Selo Verde, gerado pelo Conselho de Manejo Florestal, conhecido internacionalmente no setor de madeira, como Forest Stewardship Council (FSC), cuja finalidade é incentivar o manejo sustentável florestal, promovendo a qualidade ambiental, a cidadania e a consciência do consumidor. No Brasil, segundo dados do próprio FSC, apenas 3,57 milhões de hectares das florestas brasileiras obtiveram o certificado em 2005. Na mesma linha do Selo Verde, passa a existir o do Programa Brasileiro de Certificação Florestal (CERFLOR), criado pelo Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (INMETRO), objetivando também a certificação do manejo florestal e da cadeia de custódia. 2.4 O DESIGN E O DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS SUSTENTÁVEIS A crise ambiental fez com que fosse necessário repensar os modos pelo qual os produtos eram projetados e produzidos. A escolha dos materiais e processos deve ser feita com muita cautela, os designers devem procurar escolher materiais que facilitem a montagem e desmontagem do produto, orientando-se de acordo com as questões ecológicas, economizando também nos processos produtivos: quanto menos material melhor. Com toda essa preocupação em torno do DS e da Sustentabilidade, surge o Consumo Verde no qual o consumidor escolhe um produto de qualidade, com preço 17 acessível e ecologicamente correto. Com ele, nasce um novo nicho de mercado, e as empresas interessaram-se em desenvolver produtos com o baixo impacto ambiental (Manual de Educação para o Consumo Sustentável, 2005). De acordo com Ramos (apud RIUL; RIBEIRO FILHO; WANDERLEY, 2007, p. 05), “Design para o Meio Ambiente ou Ecodesign são as principais denominações da atividade de projeto que busca a redução dos impactos ambientais dos produtos. Considerando de maneira preventiva a relação do produto com o meio ambiente, durante todo o seu ciclo de vida”. Segundo Fiksel (apud MAKIYA, 2007, p. 03), o Ecodesign é um conjunto exclusivo de práticas de projeto, destinadas à criação de produtos e processos ecoeficientes, tendo respeito aos objetivos ambientais, de saúde e segurança, durante todo o ciclo de vida destes produtos e processos. O Ecodesign permite ampliar a criatividade no desenvolvimento de produtos e processos mais eficientes sob o aspecto da sustentabilidade, buscando soluções eficazes para os sistemas produtivos e produtos mais atrativos (BORCHARDT et al., 2007, p. 04). Além disso, o Ecodesign exige que designer tenha uma consciência ecológica e conheça as ferramentas de projeto. Os fatores de meio ambiente e econômico devem ser encarados como objetivos no desenvolvimento de um produto (PAZMINO, 2007). Para Makiya (2007, p.02), O atual foco do Eco-design se restringe a ver a poluição e a maneira como a indústria lida com seus desperdícios sem se preocupar com as ações e escolhas das pessoas. Em contraste a esta visão, o Eco-design deve considerar as maneiras de satisfazer as necessidades básicas do consumidor, pois isso poderá nos levar até os grandes benefícios potenciais, pois diferentes satisfações têm diferentes implicações não só para aqueles diretamente envolvidos, mas também para o meio ambiente. Além do Ecodesign, há também o Design Sustentávelque tem como base para o desenvolvimento de produtos os três pilares da sustentabilidade: igualdade social, equilíbrio ambiental e equidade econômica. O Design Sustentável agrega a seus projetos os aspectos sociais, como a inclusão de mão-de-obra de comunidades locais, gerando empregos e outros benefícios econômicos e mais justos 18 socialmente. Priorizando também a minimização do impacto ambiental e a redução do uso de matérias-primas e de energia na produção, distribuição, uso e descarte tanto de produtos quanto de serviços. O designer é parte principal desse processo. Concebendo um produto que seja economicamente viável às populações de baixa renda, e no qual o desenvolvimento, fabricação e reciclagem possam contribuir para um impacto ambiental mínimo, desenvolvendo, também, alternativas racionais no uso dos recursos naturais não renováveis. Em outras palavras, a função do designer é conciliar a tecnologia ao que é ecologicamente necessário, oferecendo soluções para os produtos e serviços tornando-os melhores que os oferecidos anteriormente no mercado. Para Bandeira (2003, p. 47) o DS “requer assim, uma visão holística do produto e dos processos produtivos envolvidos, indo desde a concepção (ou da observação de uma necessidade a ser atendida) do produto até a sua reciclagem ou reutilização”. Ou seja, o designer além de ser responsável pelo projeto do produto, é responsável pelo modo como este será usado. Deste modo, suas ações sustentáveis ao conceber novos produtos ou de aperfeiçoá-los são de extrema importância ao Planeta. 2.4.1 Análise do Ciclo de Vida do Produto e Life Cycle Design Tanto no Ecodesign quanto no Design Sustentável a análise da concepção de um produto é prioridade, desde o modo de extração de matérias-primas, fabricação, passando pela sua distribuição, seu uso e o descarte pós-uso. Ou seja, é preciso realizar uma Análise do Ciclo de Vida (ACV) do produto (figura 01). A ACV é uma ferramenta que avalia os possíveis impactos ambientais que um produto poderá causar sobre o meio ambiente, fazendo com que o designer tenha uma noção de como o produto será, quais são seus prós e contras, permitindo que o projeto seja modificado ainda em tempo, optando por materiais e processos ideais aos princípios do Ecodesign. 19 Figura 01 – Ciclo de Vida dos Produtos Fonte: Pigosso, 2007. A ACV é regida pela NBR ISO 14040:2001 que define que, A ACV é uma técnica para avaliar aspectos ambientais e impactos potenciais associados a um produto mediante: - a compilação de um inventário de entradas e saídas pertinentes de um sistema de produto; - a avaliação dos impactos ambientais potenciais associados a essas entradas e saídas; - a interpretação dos resultados das fases de análise de inventário e de avaliação de impactos em relação aos objetivos dos estudos. A ACV estuda os aspectos ambientais e os impactos potenciais ao longo da vida de um produto (isto é, do “berço ao túmulo”), desde a aquisição da matéria-prima, passando por produção, uso e disposição. As categorias gerais de impactos ambientais que necessitam ser consideradas incluem o uso de recursos, a saúde humana e as conseqüências ecológicas. A ACV pode e deve ser utilizada por todos os profissionais da área de projeto de produto e, principalmente, pelas empresas. A ACV funciona como uma ferramenta nos projetos, colaborando para um produto ecologicamente correto (PINATTI, 2007). Outra ferramenta que pode ser utilizada pelo designer no que tange ao ciclo de vida do produto é o Life Cycle Design (LCD), é uma técnica muito semelhante ao ACV, e 20 é aplicada desde a concepção do produto. Segundo Manzini e Vezzoli (2002), as principais estratégias adotadas pelo LCD são: � Redução de energia e de materiais; � Escolher recurso e processos de baixo impacto ambiental; � Prolongar a vida útil dos produtos; � Extensão da vida dos materiais; � Fácil montagem e desmontagem dos produtos. Figura 02 – Ciclo do Design Sustentável Fonte: Eduardo Cozendey da Silva5 Além de conhecer o ciclo de vida do produto, o designer deve também conhecer os materiais que irão constituí-lo, pensando nas técnicas de extração e beneficiamento dos mesmos, nos processos de transformação para produção destes materiais, na fabricação e montagem das peças, no descarte final, inclusive no consumo de energia, e nos custos de transporte e armazenamento. 5 Imagem cedida pelo Professor Eduardo Cozendey da Silva, Coordenador do Curso de Design de Produto da UCL. 21 2.4.2 Produtos Sustentáveis Para que um produto seja considerado sustentável faz-se necessário um projeto no qual os aspectos ambientais sejam estudados em todos os estágios de seu desenvolvimento, a fim de reduzir o seu impacto ambiental durante todo o ciclo de vida. O produto deverá ser construído dentro de um processo amplamente participativo e democrático, oferecendo soluções que preservem o meio ambiente e gerem emprego e renda, simultaneamente. Além do estudo do ciclo de vida do produto, é preciso também estabelecer um diálogo entre empresa e seus Stakeholders. Faz-se necessário identificar os Stakeholders de uma instituição, visando a responsabilidade social da empresa. Os Stakeholders são grupos que influenciam e/ou contribuem em uma organização, tais como acionistas, gerentes, trabalhadores, clientes, fornecedores, governo, comunidades locais e o público em geral. Os consumidores que se importam com as questões ambientais influenciam consideravelmente nas atitudes das empresas, fazendo com que elas sejam obrigadas a ter um mínimo de conhecimento dos problemas do meio ambiente, inserindo esses conhecimentos em seus produtos, desde a concepção do processo produtivo, até o lançamento efetivo do produto (JABBOUR; SANTOS, 2007). Segundo Makiya (2007), Existem três critérios para o desenvolvimento do eco-produto: design para uma construção sólida e durável (ampliação do ciclo de vida), design para desmontagem (prevê reutilização dos componentes valiosos dos produtos), design para materiais reciclados (novos produtos constituídos por material reciclado e maior utilização de matérias-primas recicláveis). Um produto sustentável deve ser também ecoeficiente. Segundo o Conselho Mundial de Negócios para o Desenvolvimento Sustentável - World Business Council for Sustainable Development, a ecoeficiência é a: “Produção de bens e serviços a preços competitivos, que satisfaçam as necessidades humanas, melhorem a qualidade de vida e, progressivamente, reduzam os impactos ecológicos e a intensidade de 22 utilização de recursos nas diferentes etapas do ciclo de vida até um nível compatível com a capacidade de carga estimada do Planeta”. A Ecoeficiência do produto relaciona desempenho ambiental e econômico, combinando eficiência produtiva com sustentabilidade e permitindo a produção de bens com um impacto ambiental mínimo. Um produto ecoeficiente segue as seguintes exigências em seu projeto: � Redução do uso de matérias-primas; � Utilização de recursos renováveis e sustentáveis; � Diminuição do consumo de energético; � Minimizar a produção e descarte dos resíduos; � Intensificação da reciclagem e reaproveitamento de materiais; � Diminuição na emissão de gases tóxicos e substâncias perigosas; � Aumento da vida útil do produto; e � Inserção de valores sociais ao processo produtivo. O desenvolvimento de produtos sustentáveis é um processo complexo, que consiste em uma metodologia baseada nas necessidades do mercado, incluindo as possibilidades e restrições tecnológicas, as questões ambientais, principalmente, e as estratégias competitivas do produto. Tudo isso com objetivo um único objetivo, alcançar às especificações de um produto e de seu processo produtivo.(JABBOUR; SANTOS, 2007). 23 3 O REAPROVEITAMENTO DE RESÍDUOS DE MADEIRA A madeira é um dos materiais mais nobres utilizados pelo homem, além de ser encontrada em grande abundância em território brasileiro. Essa abundância faz com que haja uma depreciação de seu valor, acarretando uma má utilização que envolve um enorme desperdício (BARRETO, 2001). Dados do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) revelam que para cada metro cúbico de madeira aproveitável extraído é necessário um metro cúbico a mais, que será desperdiçado. Ou seja, o aproveitamento das toras varia de 50% a 70% (FREITAS, 2000). Os resíduos produzidos no beneficiamento da madeira podem passar a constituir lucro para a empresa que os produzem, pois servem de matéria-prima para novos produtos (LIMA e SILVA, 2005). O aproveitamento desses resíduos pode contribuir para a racionalização dos recursos florestais, sendo fundamental ao desenvolvimento de alternativas de produção menos nocivas ao meio ambiente. No Brasil não há muitas pesquisas sobre o reaproveitamento de madeira, contudo em países como Japão, Holanda e Estados Unidos, as pesquisas encontram-se em adiantado desenvolvimento (POLESEL, 2003). 3.1 RESÍDUOS SÓLIDOS O substantivo resíduo tem origem do latim, derivado de residuu, que significa aquilo que resta ou sobra de qualquer substância. Já, o adjetivo sólido foi aplicado a fim de diferenciar dos resíduos líquidos, lançados aos esgotos domésticos e das emanações gasosas (ROCHA, apud BRITO, 1999). No Brasil, a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) define através da Norma Brasileira (NBR) 10004:2004, o conceito de resíduos sólidos e semi-sólidos, e quais os possíveis riscos que esses resíduos podem gerar se não forem gerenciados adequadamente. De acordo com a NBR 10004:2004, são considerados resíduos sólidos, 24 Resíduos nos estados sólido e semi-sólido, que resultam de atividades de origem industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de varrição. Ficam incluídos nesta definição os lodos provenientes de sistemas de tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle de poluição, bem como de determinados líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou corpos de água, ou exigem para isso soluções técnica e economicamente inviáveis em face da melhor tecnologia disponível. Para Blanco e Link (2006, p. 02) o termo resíduo sólido consiste em: [...] lixo, refugo e outras descargas de materiais sólidos, incluindo resíduos sólidos de materiais provenientes de operações industriais, comerciais e agrícolas e de atividades da comunidade, mas não inclui materiais sólidos ou dissolvidos nos esgotos domésticos ou outros significativos poluentes existentes nos recursos hídricos. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no Brasil, no ano de 1999, cerca de 90 mil toneladas de resíduos sólidos eram coletadas diariamente (LEITE, apud BRITO, 1999, p. 20). Sendo que para essa totalidade, cada habitante contribui com aproximadamente 0,6kg. hab-¹. dia-¹. Esse índice aumentou consideravelmente, segundo a Pesquisa Nacional de Saneamento Básico 2000, no ano de 2007, mais de 140 mil toneladas são coletadas por dia. Segundo Brito (1999), os resíduos sólidos estão associados à poluição ambiental por conter metais pesados, elementos tóxicos e pela geração do chorume6. Além disso, o lançamento indiscriminado desses resíduos no solo, pode causar a sua degradação, bem como a poluição de lençóis freáticos, cursos d’água que estejam próximos a esses resíduos, gerando inclusive um impacto ambiental à vegetação marinha e as espécies animais, contaminando também moradores de uma área próxima aos lixões e causando sérios danos à saúde. Embora, acredite-se que esse lançamento indiscriminado dos resíduos na natureza não seja oriundo do descaso ambiental, mas da falta da consciência das questões do meio ambiente e, principalmente, do desconhecimento das possibilidades de aproveitamento dos resíduos. Mesmo com todas as ameaças e riscos que o descarte dos resíduos representa ao meio ambiente, as indústrias ainda não são obrigadas a dizer qual será o destino de 6 Líquido poluente gerado pela matéria orgânica. 25 seus resíduos, produzindo-os sem compromisso algum. Cabe à sociedade e aos organismos governamentais de gestão ambiental procurar um meio de dar fim ou utilização aos resíduos gerados (QUIRINO, 2003). Deve-se, então, ter um cuidado maior ao lidar com esses resíduos, monitorando-os desde sua produção. Sendo inadmissível o simples descarte de produtos e de seus resíduos, sem que haja um planejamento para o seu pós-uso de forma apropriada. Os resíduos gerados pelo produto têm que ser controlados durante todo o seu ciclo de vida, ou seja, desde o projeto até o seu pós-uso (BANDEIRA, 2003). 3.1.1 Classificação A NBR 10004:2004 classifica os resíduos sólidos de acordo com seus constituintes e características estabelecidas conforme suas matérias-primas, insumos e o processo que lhes deram origem. Para tanto, utiliza-se um algoritmo simples, a fim de facilitar a caracterização e classificação dos mesmos, como se pode ver abaixo (figura 14): Figura 03 – Caracterização e Classificação de resíduos sólidos Fonte: ABNT 26 Os resíduos sólidos são classificados em duas classes: Classe I – Perigosos e Classe II – Não perigosos. Essa segunda classe é dividida em outras duas subclasses: Classe II A – Não inertes e Classe II B – Inertes. De acordo com a norma, os resíduos de madeira que são os objetos de estudo deste trabalho, são classificados como resíduos sólidos de Classe II A – Não-inertes, pois não apresentam periculosidade. Contudo, se expostos às intempéries, não são considerados inertes, e podem ter propriedades como combustibilidade, biodegradabilidade ou solubilidade em água (LOPES; NOLASCO, 2005). Podendo representar um risco ao meio ambiente. 3.2 RESÍDUOS DE MADEIRA O beneficiamento da madeira passa por várias fases, inicia-se logo após o abate da árvore, onde são realizados desgalhamento e toragem, a fim de facilitar o transporte da madeira. Nessa primeira fase, as toras são descascadas e seus resíduos, geralmente, são armazenados e agrupados a outras sobras formando a biomassa, matéria-prima para geração de calor, que será usado na própria secagem da madeira. Então, quando as toras chegam na indústria, passam por uma serra-fita onde são transformadas em pranchas. Após o primeiro corte, a prancha passa por uma serra de múltiplos cortes formando várias tábuas. A partir daí, são realizados desdobro ou alinhamento, destopamento, desengrosso, serramento, fresamento, entre outros acabamentos e seleções sofridos pela madeira. E, o que sobra deste beneficiamento segue ao picador, onde serão gerados cavacos e outros tipos de resíduos (ZOLDAN; PILATTI; LEITE, 2006). Tais resíduos podem ser classificados basicamente em três grupos, devido ao seu aspecto físico, de acordo com tamanhos, espessuras, que são: 27 Fotografia 04 – Lenha Fonte: Martins, 2007. • Lenha: são resíduos maiores como costaneiras, aparas, refilos, casca, roletes, que correspondem a 71% da totalidade dos resíduos; Fotografia 05 – Serragem Fonte: BioStream, 2007. • Serragem: é gerado principalmente pelo processo de usinagem com serras, corresponde a 22% da totalidade dos resíduos; Fotografia 06 – Cepilho ou maravalha Fonte: Manguti, 2007. • Cepilhos ou maravalhas: gerados pelo processamento em plainas, correspondem a 7% do total de resíduos. 28 O Instituto de Eletrotécnica e Energia da Universidade deSão Paulo (INFOENER) revela que em 2003, o Brasil produziu de 30 milhões de metros cúbicos de resíduos de madeira. Segundo Foelkel (2000, p. 22), [...] a demanda por madeira ainda é muito grande no País, quer seja para móveis e lenha para sua gigantesca população; ou como combustível para secagem de grãos, fumo, olarias; ou como matéria-prima para muitas utilizações industriais, como o caso da celulose e papel. [...] Países como Canadá e Estados Unidos, onde a madeira desempenha papel fundamental na habitação, encontraram criativas soluções para um aproveitamento mais integrado da madeira, destinando os resíduos dessa operação de maior valor para a fabricação de produtos que impliquem na desagregação da madeira, como é o caso de aglomerados, celulose, papel, chapas, painéis etc. [...]. Entretanto, a maioria das madeireiras não aproveita seus resíduos. A maior parte delas queima seus resíduos a céu aberto, ou, os vende como forma de combustível para fornos. 3.2.1 O Reaproveitamento de Resíduos de Madeira Os resíduos de madeira são uma fonte alternativa de matéria-prima. Atualmente, inúmeras tentativas de utilização desse material estão sendo desenvolvidas. Teixeira e César (2004, p. 12) afirmam que, As opções convencionais de aproveitamento do resíduo oriundas do processo de serragem têm se apresentado na forma de briquetes para a produção de energia em padarias, pó de serra sem prensagem para queima em olarias ou ainda como forração de granjas de aves. No entanto, a partir dos resíduos madeireiros torna-se possível a manufatura de diversos produtos, tais como: papel, Pequenos Objetos de Madeira (POM’s) para uso diverso (doméstico, decorativo, artesanatos, etc.), briquetes, compensados, cabos de vassoura, e também de brinquedos – que é o caso do presente projeto. Esse tipo de aproveitamento requer pouco investimento e o retorno é quase sempre garantido, embora não tenha um valor tão significativo comercialmente. 29 O reaproveitamento dos resíduos de madeira faz parte da política dos 3 R’s, pois reduz o volume dos resíduos sólidos urbanos, reutilizando-os e/ou reciclando-os. Gomes e Sampaio (2004, p. 01) afirmam que: A reciclagem representa menor volume de resíduo, implicando numa direta diminuição de demanda por matéria-prima e, conseqüentemente, em menor número de árvores cortadas, sendo que o uso de tecnologia sofisticada, aliada ao treinamento dos operários, minimiza a possibilidade de perdas. O destino de cada resíduo pode ser definido de acordo com sua classificação. Vejamos: a serragem e o cepilho ou maravalha podem ser reutilizadas na fabricação de compósitos, chapas de aglomerados, ou como biomassa, a fim de gerar energia térmica ou elétrica, substituindo os combustíveis tradicionalmente utilizados. Já as aparas podem ser aproveitadas na confecção de briquetes, produtos de artesanatos, POM’s, e brinquedos pedagógicos, que é a proposta deste trabalho. Na comunidade acadêmica brasileira, há muitos trabalhos científicos que tratam de assuntos ligados ao reaproveitamento de resíduos. Porém, sobre o setor moveleiro são poucos estes trabalhos, o que poderia ser um bom começo para formar mais pesquisadores voltados para o setor (BARROS, 2003). Vejamos a seguir algumas pesquisas que abordam esse assunto. Lima e Silva (2005) fizeram um levantamento da quantidade, dos tipos, do reaproveitamento e do tratamento dos resíduos gerados no processo de produção de móveis em indústrias de móveis de madeiras situadas no Pólo Moveleiro de Arapongas, no norte do Paraná. Enquanto Macedo, Fachinetto e Nascimento (2006), falam sobre a necessidade e a importância da aplicação da sustentabilidade como requisito de projeto. Tratando também da utilização correta das inovações vindas da globalização. E, expondo a importância de projetar produtos sustentáveis que atendam às necessidades humanas e estejam de acordo com a proposta da sustentabilidade. Indicando um material que atende os requisitos ambientais para a produção de móveis. Nunes (1997) desenvolveu, a partir do aproveitamento destas partes do tronco da madeira que eram tidas como lixo, módulos de costaneiras componíveis. Esses 30 módulos poderiam ser utilizados em várias posições que se adaptam em diversos ambientes, podendo ser utilizados como revestimentos de paredes, churrasqueiras, colunas, muretas e também para a confecção de móveis. Fotografia 07 – Módulo em Costaneira Fonte: Nunes, 1997. Lopes e Nolasco (2006) pesquisaram sobre a Produção de Pequenos Objetos de Madeira (POM’s) a partir de resíduo industrial madeireiro, produzindo doze objetos decorativos e/ou utilitários (figuras 08, 09 e 10), com objetivo de desenvolver alternativas de valorização de resíduos do processamento mecânico da madeira através da produção de POM’s. Fotografia 08 – Porta Lápis Fotografia 09 – Luminária Fotografia 10 – Relógio Fonte: Lopes; Nolasco, 2006. Silva, Mouco e Bastos (2005), desenvolveram o Projeto Design Tropical da Amazônia, objetivando reaproveitar os resíduos florestais, transformando-os, através do design, em peças decorativas. Ao todo, foram desenvolvidas cerca de 200 peças, 31 entre bancos, tábuas de frios, porta-guardanapo, porta-patê, porta-retratos, porta- chaves, suportes diversos, castiçais, entre outros. Fotografia 11 – Banco Fotografia 12 – Tábua de frios Fotografia 13 – Porta-patê Fonte: Silva; Mouco; Bastos, 2005. Dorneles (2006), por sua vez pesquisou e analisou brinquedos destinados à Educação Ambiental do consumidor, e os métodos pedagógicos utilizados pelas escolas com o objetivo de conscientizar as crianças da importância ecológica. Além disso, procurou analisar o modo como o Design pode contribuir para os projetos de brinquedos pedagógicos ecológicos. Segundo Dorneles (2006, p. 67), O brinquedo deve desafiar a criança a novas descobertas, sem causar frustrações, e estimular sua curiosidade para assim promover o desenvolvimento da sua criatividade. O envolvimento físico é muito importante porque desta maneira a criança adquire a consciência espacial em relação ao seu entorno e a consciência do seu próprio corpo. Aprofundando um pouco mais sobre este aspecto, e de acordo com um dos objetivos da presente pesquisa, Falcão e Ramos (2002) abordam a importância do brinquedo e do ato de brincar para o desenvolvimento psicológico de crianças. Afirmam que “brincar é indispensável à saúde física, emocional e intelectual da criança. É uma arte, um dom natural que, quando bem cultivado, irá contribuir no futuro para a eficiência e o equilíbrio do adulto”. O uso dos jogos ou brinquedos pedagógicos contribui em vários aspectos para a formação do educando, tais como: desenvolver a capacidade de concentração, orientação espacial, coordenação, interação entre os alunos através do trabalho em grupo, envolvendo trocas de pontos de vista e elaboração verbal (TEIXEIRA e ROCCO, 2006). 32 Aproximando-se mais do estudo proposto, Turozi (2006) utilizou-se do reaproveitamento das sobras da indústria moveleira no desenvolvimento do Pinball da Reciclagem (figura 14), um jogo de caráter educativo para as crianças. Para o projeto do Pinball, o autor elaborou um estudo sobre os jogos/brinquedos educativos com temáticas ambientais, considerando fatores desde a seleção da matéria-prima até o processo educativo. Procurando demonstrar através de um estudo de caso, que a partir de sobras da indústria moveleira pode-se não só reduzir os impactos negativos ao meio ambiente, como também proporcionar a sensibilização de crianças ao problema do lixo e sua respectiva reciclagem. Figura 14 – Pinball da Reciclagem Fonte: Turozi, 2006. Além dos trabalhos acadêmicos supracitados, alguns outros projetos foram desenvolvidos em nosso país. Alguns deles estão relacionadosabaixo. A Lutheria Nativoz da Amazônia, em Rio Branco (AC), desenvolveu com o apoio do Governo, através da Secretaria de Florestas (SEF) e da Fundação Elias Mansour, instrumentos musicais utilizando resíduos de madeira certificada e de espécies como Amapá, Canelão, Jatobá, Amarelão, Roxinho, Breu Branco, Louro Preto, etc. 33 Fotografia 15 – Participantes do PIBIC Júnior Fonte: Revista Amazonas Ciência FAPEAM. Em 2005, no estado do Amazonas, foi criado o Programa Institucional de Iniciação Científica Júnior (PIBIC Júnior), resultado da combinação entre o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e a Fundação de Amparo à Pesquisa no Estado do Amazonas (FAPEAM). Nesse programa, foi implantado um projeto denominado “Aproveitamento de Resíduos Madeireiros como Alternativa de Fonte de Renda para a Zona Leste de Manaus”, no qual os resíduos que seriam queimados ou usados como adubo se transformam em diversos objetos nas mãos de jovens da comunidade local (fotografia 15). Ainda no estado do Amazonas, no município de Ananindeua, o artesão Cláudio Sobral desenvolve POM’s e bijuterias a partir de resíduos de várias espécies de madeira como Roxinho, Acapú, Ipê, Tauari, Maçaranduba e Macacaúba. As peças do artesão chegam a custar até cem reais (fotografia 16) (SANTOS; LOPES E DIAS, 2004). Fotografia 16 – Peças do Artesão Cláudio Sobral Fonte: Santos; Lopes; Dias, 2004. 34 Já no município de Porto Grande, no estado do Amapá, a prefeitura em parceria com Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE) e Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), oferece aos empreendedores do ramo moveleiro e artesãos locais o curso “Aproveitamento de Resíduos da Madeira”. No curso, cuja carga horária é de 80 horas/aula, os alunos aprendem a técnica de marchetaria, fabricando pequenos objetos a partir dos resíduos da madeira, que ao final são comercializados (SEBRAE/AP). No estado do Mato Grosso, a prefeitura de Feliz Natal, onde a atividade madeireira representa 70% da economia local, a população teve a oportunidade de participar de cursos sobre a utilização de resíduos de madeira, o que possibilitou nova fonte de renda para famílias e redução no número de resíduos produzidos na cidade. Fotografia 17 – Comunidade de Feliz Natal Fonte: Site da Prefeitura de Feliz Natal. A parte mais interessante da maioria desses projetos é o envolvimento social, transformando a vida de uma comunidade, promovendo o desenvolvimento econômico e criando a consciência ecológica que tanto se almeja. No estado do Paraná, foi criado o “SP5 - Sobras de Produção Pertinentes e Permanentes ao Pedido Padrão de Mercado”, que consiste em uma nova tecnologia ligada ao aproveitamento de resíduos de madeira, que promete gerar novos 35 investimentos e empregos. O projeto prevê a criação de painéis decorativos para a construção civil, arquitetura, setor de móveis e de decoração, entre outros. Na cidade de Serra (ES), a artesã Isabela Castello, preocupada com a sustentabilidade ambiental, utiliza sobras de Lyptus - madeira certificada, na criação de quadros, esculturas e objetos, explorando as possibilidades de montagens a partir de formas geométricas. Fotografia 18 – Mandala Ecológica Fotografia 19 – Varetas Fotografia 20 – Caixa Fendas Fonte: Site de Isabela Castello As imagens acima são alguns trabalhos de Isabela Castello. A fotografia 18 é uma mandala ecológica feita com isopor e serragem. Já a fotografia 19, batizada como Varetas, foi feita com papel couché e serragem. E, por último temos a Caixa Fendas (Fotografia 20), feita a partir do reaproveitamento de réguas de madeira descartadas. Seguindo a idéia da sustentabilidade, Ettel Carmona, designer autodidata, fabrica desde 1999 em sua empresa Etel Interiores, na cidade de São Paulo, móveis de madeira de manejo florestal na região amazônica. Alguns de seus produtos são mundialmente conhecidos e com grande destaque no cenário brasileiro do Design. Fotografia 21 – Banco Ola Fotografia 22 – Carro de Chá Pojuca Fotografia 23 – Divã Carro de Boi Fonte: Site Etel Interiores 36 4 BRINQUEDOS INFANTIS PEDAGÓGICOS Os brinquedos em geral permitem que as crianças tenham ótimas experiências, tanto no seu desenvolvimento cognitivo, quanto em aprendizados para atividades escolares e convívio social. Leite et al. (2005, p. 13) afirmam que: “[...] Toda criança brinca, e ao brincar, ocorrem importantes mudanças e transformações em seu desenvolvimento psicossocial, emocional, intelectual, cognitivo e motor”. Muitas vezes, através das brincadeiras e de suas fantasias, as crianças têm a possibilidade de contornar desafios e problemas, que se encarados na realidade não conseguiriam, elas tomam coragem, correm riscos e, até se sentem como super- heróis. Os brinquedos pedagógicos são brinquedos educativos, cujo objetivo é promover o desenvolvimento e o aprendizado em qualquer faixa etária, principalmente para as crianças. Segundo o Serviço Brasileiro de Respostas Técnicas (SBRT), esse tipo de brinquedo se sobressai por fazer a criança aprender em forma de lazer, despertando seu interesse pelas formas, cores, relações de grandeza e pelo incentivo de sua intuição à harmonia e para a simetria entre as peças. De acordo com Cunha (apud RAMALHO, 2000, p. 109), O brinquedo pedagógico é o objeto que supre as necessidades da criança no momento de sua utilização. Todo brinquedo pode ser considerado pedagógico, conforme a situação em que é utilizado. Um brinquedo educativo pode deixar de sê-lo em certas situações, pois o seu valor está diretamente relacionado ao interesse da criança, ou seja, ao que nela desperta. O brinquedo pedagógico possibilita a satisfação da criança no final da atividade, quando o objetivo é alcançado, entretanto, o brinquedo simbólico propicia o prazer de brincar no transcorrer da atividade. O brinquedo pedagógico é um bom meio para enfrentar desafios e a criança gosta de desafios e busca sempre superar-se. Os brinquedos educativos são ideais para alfabetização, coordenação motora, percepção visual e tátil, reconhecimento de cores (SBRT, 2006). Embora, a palavra brinquedo esteja associada às crianças, muitos brinquedos pedagógicos são usados para a recuperação de pessoas que sofreram algum tipo de dano cerebral, empresas os utilizam também em treinamentos de funcionários, etc. Para o SBRT (2006, p. 02): 37 Os brinquedos pedagógicos podem ser desenvolvidos em linhas para alfabetização, coordenação motora, quebra-cabeças, percepção visual e táctil, reconhecimento de cores. É importante salientar que os brinquedos educacionais costumam ter cores e formas geométricas diferentes, para propiciar à criança o desenvolvimento dos sentidos, da coordenação, do conhecimento de formas, cores e até o aprendizado dos números. [...] De qualquer modo, a variedade no colorido, na forma e na textura irá contribuir para a estimulação sensorial da criança, enriquecendo suas experiências. [...] Como exemplo de brinquedos pedagógicos temos o quebra-cabeça, que ensina as formas e cores. Temos também os brinquedos de tabuleiro, que aprimoram a compreensão dos números e das operações matemáticas. Já os brinquedos de encaixe dão a noção de seqüência, formas e tamanhos. Enquanto os móbiles utilizam-se da percepção visual, sonora ou motora, etc. Todos esses brinquedos citados são aproveitados em situações psicopedagógicas com finalidade de ensino- aprendizagem e desenvolvimento infantil na medida em que proporcionam o desenvolvimento da cognição, afetividade, corpo e interações sociais (RAMALHO, 2000). Fotografia 24 – Trenzinho Educativo Fotografia 25 – Ábaco Fotografia 26 – Blocos de Montar Fonte: Pedagogia do Viver Os brinquedos pedagógicos, paraas crianças, assumem a função lúdica enquanto propiciam diversão e prazer, e em relação à função educativa, tal brinquedo produz a apreensão do mundo, completando o sujeito em seu saber e conhecimento. No caso do brinquedo proposto, além dessas funções há a questão ambiental, haja vista que, Um material aparentemente inútil, poderá se transformar em um brinquedo bonito e de utilidade ao aprendizado infantil. [...] Além disto, a confecção de brinquedos a partir da utilização de material descartável, é uma maneira de viabilizar uma mudança de valores, uma mudança de postura sob o ponto de vista de preservação ambiental (RAMALHO, 2000, p. 112). 38 4.1 O ATO DE BRINCAR O ato de brincar é uma atividade natural das crianças, é sinônimo de criatividade e liberdade. Na brincadeira tudo é válido, fantasias, mentiras, sonhos, desejos. É por meio das atividades lúdicas que as crianças aprendem a lidar com seus sentimentos, aprendem também a errar e aprender com o erro. Transformam a realidade de acordo com a imaginação, aliviando suas frustrações, medos e tensões, gerados pela nova realidade das crianças. Pois, poucas têm a possibilidade de brincar diariamente, já que desde os seus primeiros meses de vida são matriculadas em centros de educação infantil, onde permanecem por um período integral, retornando para suas casas somente no final do dia. Quando estão na idade da pré-escolar, além das aulas normais, as crianças ainda realizam outras atividades extracurriculares, como judô, natação, línguas estrangeiras, etc. tudo isso pode gerar uma fadiga física e mental e conseqüentemente, um grande distúrbio emocional. Segundo Ramalho (2000, p. 61), O comportamento da criança tem ligação direta com as situações reais em que vive. Na brincadeira do faz-de-conta a situação é estabelecida pelo significado da brincadeira e não pelos objetos ou pessoas. Por exemplo, uma criança brincando com um pedaço de madeira dizendo ser um avião. Nesse momento, ela estará relacionando o significado, ou seja, a idéia de avião e não o objeto que está em suas mãos (pedaço de madeira). O pedaço de madeira funciona como uma representação de uma realidade não presente, auxiliando na separação objeto e significado. A representação constitui-se num passo importante do percurso que levará a criança a desvincular-se de situações totalmente concretas. Neste momento, o imaginário da criança estará mais presente do que a própria realidade. Através da brincadeira as crianças mantêm uma relação social e emocional em diferentes níveis com as pessoas a sua volta. Desde recém-nascido, o bebê estabelece uma relação lúdica com as pessoas. Em um primeiro momento com seus pais, ou parentes mais próximos, que brincam com ele, estimulando os sentidos que compõem sua ligação com o mundo. E, posteriormente com seu próprio corpo. Passado algum tempo, a criança começa a se interessar pelos objetos, brincando sozinha. Em seguida, consegue brincar junto com outras crianças, aprendendo desta forma, a se relacionar, a compartilhar, a se comunicar e a expressar suas 39 idéias e sentimentos. Desenvolvendo também o raciocínio, a linguagem e a criatividade. Nessas brincadeiras, as crianças criam suas próprias normas, válidas apenas para os momentos de brincadeira e para aqueles que nela estão envolvidos. Além disso, aprendem a conhecer umas às outras, e se autoconhecerem, descobrindo suas capacidades e seus limites. É a partir dos primeiros meses de vida que o bebê tem sua percepção sensorial estimulada por meio de chocalhos, mordedores, móbiles musicais. Mais tarde, é realizado o desenvolvimento de sua afetividade, através de bonecos e bonecas. Os brinquedos como carrinhos, blocos de montar e de encaixe propõem desafios, e trabalham a coordenação motora. Já as miniaturas de objetos desenvolvem a imaginação, auxiliando a criança a representar e dramatizar cenas do dia-a-dia. Para as crianças já na fase escolar, entram os jogos de sociedade, que exercitam o raciocínio e a concentração, e promovem a socialização (ZATZ; ZATZ; HALABAN, 2006). Para Vygotsky (2007), [...] além de ser uma situação imaginária, o brinquedo é também uma atividade regida por regras. Mesmo no universo do ”faz-de-conta” há regras que devem ser seguidas. Numa brincadeira de “escolinha”, por exemplo, tem que haver alunos e uma professora, e as atividades a serem desenvolvidas têm uma correspondência preestabelecida com aqueles que ocorrem numa escola real. Não é qualquer comportamento, portanto, que é aceitável no âmbito de uma dada brincadeira. O ato de brincar é extremamente importante nas atividades educacionais. É uma atividade que possibilita o desenvolvimento infantil de forma prazerosa, que ao ser explorada no processo educativo assume um papel didático. Cabe aos brinquedos a capacidade de desenvolver a percepção infantil em relação às formas, cores, significados. Desenvolvendo inclusive, a capacidade de definição funcional dos objetos e conceitos. Através de jogos e brincadeiras, a criança consegue realizar inúmeras associações e conhecimentos, que possibilitam a construção do saber e de conceitos das mais diversas áreas. Além do desenvolvimento dos processos psíquicos, dos 40 movimentos, da linguagem, da narrativa, a criança assimila papéis e constrói uma compreensão das relações afetivas que ocorrem em seu meio. 4.2 A IMPORTÂNCIA DO BRINQUEDO NA EDUCAÇÃO INFANTIL Como vimos no tópico anterior, brinquedo é significado de diversão e prazer para as crianças. Entretanto, ele possibilita também o aprendizado, estimula a imaginação, desenvolve a criatividade, o raciocínio e coordenação motora. Inclusive, possibilita à criança o desenvolvimento de novos conhecimentos e a socialização com as pessoas que o cercam. De acordo com Kahl, Lima e Gomes (2007, p. 02), A brincadeira, em seu todo, é um período de aprendizagem significativa para a criança, independente de onde ocorra. Na escola, mais precisamente nas Séries Iniciais, o trabalho com o lúdico pode ser feito de forma a reconhecer as questões da infância, despertando interesses, e como tentativa de estudar os assuntos de modo mais agradável. Torna-se importante tais atividades, também porque são novas possibilidades, para aqueles alunos com mais dificuldades de aprendizagem, de apreensão do conteúdo. Para a professora Nylse Helena da Silva Cunha, presidente da Associação Brasileira de Brinquedotecas, “[...] alimentar a inteligência e a criatividade da criança com a brincadeira é tão importante quanto alimentar o corpo com comida, quando as crianças brincam em grupo, aprendem a pedir emprestado e a respeitar os outros” (BRASIL, 2005, p. 01). Os brinquedos são recursos didáticos de grande aplicação e valor no processo ensino-aprendizagem. A atividade escolar deve ser uma forma de lazer e de trabalho para as crianças com idade pré-escolar. Os conteúdos das aulas podem ser ministrados através de brincadeiras, que deverão ter sempre objetivos didático- pedagógicos, propiciando o desenvolvimento integral do educando. O brinquedo estimula a inteligência porque faz com que a criança solte sua imaginação e desenvolva a criatividade possibilitando o exercício de concentração, de atenção e 41 de engajamento. É um convite a brincadeira, proporcionando desafios e motivação (FALCÃO; RAMOS, 2002). Contudo, a brincadeira por si só, não contribui muito para a aprendizagem. O processo de aprender inclui o ato, a sua reflexão e a sistematização do conhecimento. O ato de brincar deve ser parte integrante do processo educativo, haja vista que outras atividades precisam estar presentes no planejamento escolar. Em outras palavras, a atividade lúdica apresenta-se como uma alternativa para repensar as relações de ensino-aprendizagem, enquanto brinca, a criança desenvolve a iniciativa,a imaginação, o raciocínio, a memória, a atenção, a curiosidade e o interesse, concentrando-se por um longo período em uma atividade somente (LIMA, 1992). Segundo Vygotsky (apud FALCÃO; RAMOS, 2002, p. 19), brincar proporciona o desenvolvimento de aspectos específicos de personalidade, tais como: � Afetividade: tanto bonecas, ursinhos, etc, como brinquedos que favoreçam a dramatização de situações de vida adulta, equacionam problemas afetivos da criança; � Motricidade: a motricidade fina e ampla se desenvolve através de brinquedos como brincadeiras, bolas, chocalhos, jogos de encaixe e de empilhar, etc; � Inteligência: o raciocínio lógico-abstrato evolui através de jogos tipo quebra – cabeça, construção, estratégia etc; � Sociabilidade: a criança aprende a situar-se entre as outras, a se comunicar e a interagir através de todo tipo de brinquedo; � Criatividade: desenvolve-se através de brinquedo como oficina, marionetes, jogos de montar, disfarces, instrumentos musicais etc. 42 No caso do brinquedo proposto pelo presente estudo, que consiste em blocos de madeiras coloridos para montar, empilhar, construir, etc, quase todos os aspectos acima serão desenvolvidos, com exceção da afetividade. Os blocos de montar ou blocos de construção foram desenvolvidos pelo educador alemão Friedrich Froebel, fundador do jardim-de-infância. Atualmente, muitos brinquedos de montar são baseados no conceito do educador alemão, que considerava o início da infância como uma fase decisiva à formação das pessoas, e tinha as brincadeiras como o primeiro recurso à aprendizagem. Para Froebel, brincar com blocos é uma experiência muito rica ao desenvolvimento e o aprendizado das crianças, pois as ajuda a expandir a criatividade, e fazem com que elas assumam papéis de construtores, engenheiros e planejadores mirins. . 43 5 DESENVOLVIMENTO DO PRODUTO A metodologia de projeto utilizada é baseada em Löbach. Tal processo possui as seguintes fases: análise do problema, geração de alternativas, avaliação das alternativas e realização da solução do problema. Na primeira fase do projeto, que é a Análise do Problema, é realizado um levantamento de dados englobando todas as informações pertinentes ao produto a ser projetado, essas informações são obtidas de material teórico, a partir de pesquisas bibliográficas e de campo. O objetivo dessa fase é obter todos os dados necessários sobre a problemática envolvida em torno do desenvolvimento do produto (público e mercado alvo, concorrentes, processos de fabricação, análise da necessidade, etc), e então definir as metas do projeto. Já a segunda fase, Geração de Alternativas, é a etapa em que as idéias são produzidas com base nas análises realizadas. Então são formuladas algumas opções a fim de solucionar o problema, no caso deste projeto foram criadas duas hipóteses, que mais tarde, na fase de Avaliação das Alternativas, foram estudadas e analisadas. Na terceira fase, as alternativas são comparadas entre si e a que atender melhor aos critérios definidos nos objetivos e conceitos do produto será a hipótese é escolhida. Na fase final, denominada Realização da Solução do Problema, são realizados os últimos retoques e a hipótese é aperfeiçoada. Algumas vezes, o resultado poderá ser uma combinação das melhores características encontradas nas alternativas que não foram adotadas. Após esse aperfeiçoamento são feitos os desenhos técnicos, renderings, especificação de materiais e cores, etc. E, só então o produto é levado à linha de produção e à experimentação junto ao seu usuário. 44 5.1 LEVANTAMENTO DE DADOS 5.1.1 Público alvo Alunos da rede pública municipal de ensino, com a faixa etária entre 04 (quatro) a 05 (cinco) anos de idade, pertencente às classes C e D. 5.1.2 Mercado alvo O mercado de brinquedos infantis é muito amplo, segundo a Associação Brasileira dos Fabricantes de Brinquedos (ABRINQ), é um dos setores mais dinâmicos em termos de criação, uma vez que as novidades impulsionam as vendas e a procura do novo é uma constante por parte do consumidor. A indústria de brinquedos instalada no Brasil é formada basicamente por pequenas e médias empresas e tem se caracterizado pela verticalização de seus processos produtivos e especialização no atendimento ao mercado interno. Os principais fornecedores da indústria de brinquedos no Brasil são Estrela, Mattel, Fisher Price, Sunny, DTC, Grow, Dican, Candide, Xalingo, etc. Segundo dados da Associação Brasileira de Brinquedos Educativos (ABRINE), desde 2004 o setor cresceu cerca de 300% e deve continuar crescendo. Além disso, a participação no mercado passou de 5% para 20%. Figura 30 – Bate Bola Figura 31 – Montanha Russa Figura 32 – Tangram Fonte: Site da Grow 45 As empresas mais conhecidas nacionalmente no mercado de brinquedos educativos de madeira são a Xalingo S/A Indústria e Comércio, e a Grow. Todavia, há áreas novas do mercado ligadas à puericultura que estão se desenvolvendo, isso engloba todos dos brinquedos destinados a assegurar o crescimento e pleno desenvolvimento orgânico e psíquico da criança, tais como livros, jogos, CD’s e DVD’s infantis educativos. Os consumidores mais comuns desse tipo de produto são as escolas, clínicas pediátricas, empresas da área promocional e didática, papelarias e outros. Fotografia 27 – Tangran Fotografia 28 – Engenheiro Fotografia 29 – Multi Blocks Fonte: Site da Xalingo Por sua versatilidade e diversidade, os brinquedos pedagógicos são aplicáveis a campanhas publicitárias, eventos, congressos, feiras, exposições e campanhas educativas. Esse tipo de produto pode ser aproveitado por um longo tempo e por mais de uma criança, além de exercer uma influência no desenvolvimento intelectual da criança. O produto proposto tem como objetivo doar os Blocos de Montar ao Centro Municipal de Educação Infantil “Jacaraípe”, suprindo sua carência de brinquedos. Tendo em vista que não existe uma brinquedoteca no CMEI, e os brinquedos que são fornecidos pela Prefeitura Municipal de Serra não são suficientes para atender à demanda dos Centros de Educação Infantil do Município. Contudo, o produto está pronto para ser inserido no mercado. 46 5.2 ANÁLISE DO PROBLEMA 5.2.1 Análise da necessidade Reaproveitar os resíduos gerados pelas marcenarias de pequeno porte, transformando-os em Blocos de Montar, que serão destinados ao Centro Municipal de Educação Infantil “Jacaraípe”, com objetivo de suprir a carência de brinquedos educativos que tal instituição possui. Tendo em vista que os brinquedos fornecidos pela Prefeitura não são suficientes e a escola depende de doações para suprir tais necessidades. 5.2.2 Análise da função (prática) A principal função dos Blocos de Montar é o desenvolvimento da motricidade, inteligência, sociabilidade e criatividade das crianças. 5.2.3 Análise da configuração (estética) O brinquedo terá formas diversas e com quatro cores diferentes (amarelo, vermelho, verde e azul). 5.2.4 Análise estrutural A estrutura do brinquedo será definida pelo próprio resíduo, poderá ser em formato de cubos, paralelepípedos, pirâmides, trapézios, etc, depende de como o marceneiro cortou a peça principal que deu origem ao resíduo. 47 5.2.5 Patentes, legislação e normas Todos os brinquedos infantis devem cumprir normas técnicas específicas, determinadas pela ABNT. As normas a serem observadas são: � ABRNM 300-1/2004: Segurança de brinquedos - Parte 1: Propriedades gerais, mecânicas e físicas; � ABRNM 300-2/2004: Segurança de brinquedos - Parte 2: Inflamabilidade; � ABRNM 300-3/2004: Segurança de brinquedos - Parte 3: Migração de certos
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