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MONOGRAFIA_REAPROVEITAMENTO_DE_RESIDUOS

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FACULDADE DO CENTRO LESTE 
UCL – CAMPUS I – JARDIM LIMOEIRO 
 
 
 
 
 
JÉSSICA YUKI CORRÊA DE ARAUJO SUGUI 
 
 
 
 
 
 
 
O REAPROVEITAMENTO DE RESÍDUOS DE MADEIRA NA 
PRODUÇÃO DE BRINQUEDOS INFANTIS PEDAGÓGICOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SERRA 
2008
 
JÉSSICA YUKI CORRÊA DE ARAUJO SUGUI 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O REAPROVEITAMENTO DE RESÍDUOS DE MADEIRA NA 
PRODUÇÃO DE BRINQUEDOS INFANTIS PEDAGÓGICOS 
 
 
 
 Monografia apresentada ao curso de Design 
de Produto, da Faculdade do Centro Leste, 
como requisito para obtenção do Grau de 
Bacharel em Design de Produto. 
 
Orientador: Professor Eduardo Cozendey da 
Silva, MSc. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SERRA 
2008
 
JÉSSICA YUKI CORRÊA DE ARAUJO SUGUI 
 
 
O REAPROVEITAMENTO DE RESÍDUOS DE MADEIRA NA PRODUÇÃO DE 
BRINQUEDOS INFANTIS PEDAGÓGICOS. 
 
 
Monografia apresentada ao curso de Design de Produto, da Faculdade do Centro Leste, como 
requisito para obtenção do Grau de Bacharel em Design de Produto. 
 
 
Aprovada em 01 de Julho de 2008. 
 
 
BANCA AVALIADORA 
 
_____________________________________________ 
Professor Eduardo Cozendey da Silva, MSc. 
Faculdade do Centro Leste 
Orientador 
 
 
_____________________________________________ 
Professora Kátia Cozendey da Silva, Esp. 
Faculdade do Centro Leste 
 
 
_____________________________________________ 
Professor Paulo Cezar Pinheiro Guedes, MSc. 
Faculdade do Centro Leste
 
RESUMO 
 
O objetivo principal deste trabalho foi o reaproveitamento dos resíduos de madeira 
gerados pelas marcenarias de pequeno porte no município de Serra/ES, 
transformando-os em brinquedos infantis pedagógicos destinados às crianças da 
rede pública de ensino. A metodologia de desenvolvimento do produto utilizada para 
este projeto foi baseada na de Löbach, com as seguintes fases: análise do 
problema, geração de alternativas, avaliação das alternativas e realização da 
solução do problema. E, para o referencial teórico foram utilizadas pesquisas 
bibliográficas e de campo. Nesta etapa do projeto abordou-se a questão ambiental, o 
papel do designer nos projetos de produtos ecologicamente corretos, a 
sustentabilidade, o ecodesign e design sustentável. Justificando-se a importância do 
reaproveitamento dos resíduos sólidos, e da manutenção ambiental. Pois, além de 
ser benéfico ao meio ambiente, será uma ferramenta de aprendizado para os alunos 
dos centros de educação que receberão os brinquedos. Além dos pontos acima, 
foram apresentadas as relações entre a criança, brinquedos e o ato de brincar, 
ressaltando as implicações desse processo no desenvolvimento cognitivo e social 
das crianças e dos benefícios pedagógicos. Por fim, o produto foi inserido e 
experimentado em sala de aula, com alunos da rede pública de ensino do município 
de Serra/ES. 
 
Palavras-chave: Reaproveitamento de resíduos de madeira. Brinquedos infantis 
pedagógicos. Sustentabilidade. Ecodesign. Design Sustentável. Design de Produto.
 
SUMÁRIO 
 
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................5 
2 O DESIGN E O DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS SUSTENTÁVEIS ....8 
2.1 A CONSCIENTIZAÇÃO AMBIENTAL.............................................................8 
2.2 O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL....................................................10 
2.2.1 Sustentabilidade ...........................................................................................12 
2.3 NORMAS E CERTIFICAÇÕES AMBIENTAIS ..............................................14 
2.4 O DESIGN E O DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS SUSTENTÁVEIS ..16 
2.4.1 Análise do Ciclo de Vida do Produto e Life Cycle Design.............................18 
2.4.2 Produtos Sustentáveis..................................................................................21 
3 O REAPROVEITAMENTO DE RESÍDUOS DE MADEIRA............................23 
3.1 RESÍDUOS SÓLIDOS ..................................................................................23 
3.1.1 Classificação ................................................................................................25 
3.2 RESÍDUOS DE MADEIRA ............................................................................26 
3.2.1 O Reaproveitamento de Resíduos de Madeira.............................................28 
4 BRINQUEDOS INFANTIS PEDAGÓGICOS..................................................36 
4.1 O ATO DE BRINCAR....................................................................................38 
4.2 A IMPORTÂNCIA DO BRINQUEDO NA EDUCAÇÃO INFANTIL..................40 
5 DESENVOLVIMENTO DO PRODUTO ..........................................................43 
5.1 LEVANTAMENTO DE DADOS .....................................................................44 
5.1.1 Público alvo ..................................................................................................44 
5.1.2 Mercado alvo ................................................................................................44 
5.2 ANÁLISE DO PROBLEMA............................................................................46 
5.2.1 Análise da necessidade................................................................................46 
5.2.2 Análise da função (prática) ...........................................................................46 
5.2.3 Análise da configuração (estética)................................................................46 
5.2.4 Análise estrutural ..........................................................................................46 
5.2.5 Patentes, legislação e normas......................................................................47 
5.3 GERAÇÃO DE HIPÓTESES.........................................................................48 
5.3.1 Estudos de conceito .....................................................................................48 
5.3.2 Estudos de forma..........................................................................................48 
5.3.3 Estudos de materiais ....................................................................................49 
5.3.4 Estudos de funções ......................................................................................49 
5.4 DESIGN DO CONCEITO ..............................................................................49 
5.4.1 Conceito do Produto .....................................................................................49 
5.5 ESPECIFICAÇÃO DA HIPÓTESE ADOTADA..............................................49 
5.5.1 Materiais, Cores e Formas ...........................................................................50 
5.6 APLICAÇÃO E EXPERIMENTAÇÃO DO PRODUTO...................................52 
6 CONCLUSÃO ................................................................................................56 
7 REFERÊNCIAS..............................................................................................58 
ANEXOS ...................................................................................................................64
 
 
5 
1 INTRODUÇÃO 
 
A consciência ambiental tornou-se um fator de crescente importância em todos os 
setores da sociedade. A sustentabilidade e a necessidade de diminuir a utilização 
dos recursos naturais são dois grandes fatores que devem ser levados em 
consideração no projeto de produtos. 
 
Sendo assim, é considerável a atuação do designer como influenciador 
de atitudes. Este além de ser o responsável pela concepção do projeto, 
é responsável pela maneira com que este deverá ser usado. Portanto, 
suas ações sustentáveis ao projetar novos produtos ou simplesmente 
melhorá-los são de extrema importância para o mundo (MACEDO; 
FACHINETTO; NASCIMENTO, 2006, p. 02). 
 
Logo, o reaproveitamento de resíduos faz-se necessário em qualquer área de 
produção. Segundo o Ministério do Meio Ambiente, carcaças de computadores e 
ar condicionados podemser compradas para desmonte. E, em cidades como 
Curitiba/PR e São Paulo/SP existem empresas que recebem esses materiais para 
o reaproveitamento ou reciclagem. Já as carcaças de veículos, peças mecânicas, 
canos de cobre, ferro e alumínio podem ser encaminhados aos ferros-velhos ou 
sucateiros. Enquanto, os entulhos de construção civil e canos de PVC podem ser 
reutilizados ou reciclados, formando novos produtos, tais como telhas ecológicas, 
lajotas, entre outros. 
 
Os resíduos gerados pelo setor madeireiro são uma nova alternativa de matéria-
prima. Muitas indústrias os têm utilizado para a produção de energia, como fonte de 
biomassa e, também, para a produção de novos produtos, inclusive na produção de 
celulose e papel, painéis, aglomerados, pequenos objetos e para cama de aviários e 
suínos. Embora, a maior parte desses resíduos seja descartada sem qualquer 
proposta de utilização, ou, quando recebe alguma destinação, pouco valor comercial 
é agregado a este material. 
 
O objetivo deste trabalho é estudar a melhor forma de se reaproveitar os resíduos de 
madeira gerados pelas marcenarias de pequeno porte na cidade de Serra/ES, a fim 
de transformá-los em um brinquedo infantil pedagógico, mais especificamente em 
Blocos de Montar, que serão destinados ao Centro de Municipal de Educação 
Infantil “Jacaraípe”, situado no bairro Jacaraípe, na cidade de Serra/ES. 
 
 
6 
Outra meta é estudar e analisar os conceitos básicos de Ecodesign e Design 
Sustentável, bem como os conceitos e classificações de resíduos sólidos. Além de 
identificar a quantidade de resíduos de madeira que são desperdiçados pela 
indústria madeireira no Brasil, classificando-os de acordo com tamanhos e formas. 
Estudando, também, sobre os brinquedos de madeira existentes no mercado. 
Analisando assim, quais são os benefícios gerados por ele às crianças que o 
utilizarão. 
 
Os objetos de estudo serão os resíduos produzidos pelas marcenarias locais, bem 
como, a melhor forma de reaproveitá-los na produção dos Blocos de Montar, visando 
às questões ambientais, sociais, educacionais e pedagógicas. 
 
A utilização dos resíduos madeireiros na produção dos Blocos de Montar irá gerar 
benefícios sociais, educacionais e pedagógicos para a comunidade local. Como 
aspecto social podemos citar a distribuição gratuita destes brinquedos no Centro de 
Municipal de Educação Infantil “Jacaraípe”. No que diz respeito aos aspectos 
pedagógicos podemos dizer que o contato e a utilização deste produto irão colaborar 
para a aprendizagem dos alunos, uma vez que esse tipo de brinquedos desenvolve 
a capacidade de concentração, a orientação espacial e exercita a criatividade, 
privilegiando a cooperação, pois se aplicado em grupos tem sua montagem 
simplificada. 
 
Ao mesmo tempo, esse projeto irá beneficiar também o meio ambiente, pela 
racionalização do uso dos recursos naturais e reduzindo o impacto ambiental que 
esses resíduos causam a serem depositados no meio ambiente, visto que a sua 
decomposição provoca o lançamento do gás metano na atmosfera, que é um dos 
piores causadores do efeito estufa. Este aspecto será divulgado e informado aos 
alunos da citada escola, fazendo com que esses tenham ciência de que o brinquedo 
utilizado por eles foi criado e fabricado a partir de resíduos industriais que 
prejudicam o meio ambiente quando não são reaproveitados. Desta forma o 
desenvolvimento desta pesquisa estará estimulando também a consciência 
ecológica dos usuários deste produto. 
 
 
 
7 
Sendo assim, o presente projeto trabalhará com a hipótese de que a criação de 
brinquedos infantis pedagógicos, mais especificamente os Blocos de Montar, é a 
solução mais eficaz para a transformação e o aproveitamento de resíduos de 
madeira descartados pelas marcenarias de pequeno porte do município de Serra. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
8 
2 O DESIGN E O DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS 
SUSTENTÁVEIS 
 
2.1 A CONSCIENTIZAÇÃO AMBIENTAL 
 
A questão ambiental é uma problemática crescente no dia-a-dia de nossa 
sociedade, especialmente por envolver a preservação de recursos não renováveis 
das gerações futuras e de nosso modo de vida. 
 
Dados do relatório Planeta Vivo 2006, divulgado a cada dois anos pelo World 
Wildlife Fund (WWF), revelam que o consumo da humanidade é aproximadamente 
25% superior ao que o planeta pode suportar. Em muitos lugares os recursos 
naturais estão cada vez mais escassos, prejudicando a qualidade de vida de todos. 
Entretanto, esse não é um problema atual, vem desde os meados do século XVIII 
com a Revolução Industrial. 
 
A Revolução Industrial é um marco para a questão ambiental, pois foi nesse período 
que houve uma enorme devastação do meio ambiente, devido à explosão 
demográfica e ao aumento da produção e do consumo, surgindo também nessa 
época novas formas de poluir. A sociedade de consumo, que emergiu do período de 
pós-guerra, desejava cada vez mais novos produtos e tecnologias, não importando 
os impactos causados por essa produção desordenada e sem limites. Os produtos 
tornavam-se obsoletos rapidamente e logo eram substituídos por outros, o reflexo 
dessa cultura ainda está presente em nossa sociedade. Como isso é visto nos dias 
de hoje? Consumismo! 
 
Somente no final da década de 1960, a população começou a preocupar-se com a 
questão ambiental. E, em 1968, foram realizados os primeiros questionamentos a 
respeito dos danos gerados pelas indústrias e das possíveis catástrofes ambientais 
que poderiam acontecer no futuro, ameaçando a vida humana na Terra. Surgindo 
então, o Conselho de Educação Ambiental, no Reino Unido e o Clube de Roma, com 
reivindicações em relação à responsabilidade do homem para com a natureza. 
 
 
 
9 
A partir dos anos 1970, há uma enorme fragilização da natureza, devido ao consumo 
humano de recursos naturais ultrapassar os limites da Terra. O Planeta sofre com a 
destruição do meio ambiente, inúmeros foram os desastres sócio-ambientais, 
desaparecimento de espécies da fauna e da flora, os solos degradados, a crescente 
escassez da água potável, desmatamentos contínuos, acidentes ambientais, 
mudanças climáticas e o aquecimento global, gerado pelo crescente efeito estufa. 
 
Em 1972, o Clube de Roma produz o relatório “Os Limites do Crescimento”, cuja 
ação principal era a obtenção do equilíbrio global. Neste ínterim, a Organização das 
Nações Unidas (ONU), realizou no mesmo ano, a Conferência Internacional de 
Estocolmo, obtendo como resultado a Declaração sobre o Meio Ambiente Humano. 
 
Em 1973, nasce o precursor do Desenvolvimento Sustentável, o 
Ecodesenvolvimento, por Maurice Strong 1e Ignacy Sachs2, apresentando como 
princípios de base as sustentabilidades: social, econômica, ecológica, espacial e 
cultural. E, tendo como objetivo melhorar a qualidade de vida e a preservação 
ambiental (JACOBI, 1999). 
 
No Brasil, em 1980 é fundado o Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA), 
que publicou leis referentes aos licenciamentos ambientais. Passando a ser exigido 
aos possíveis causadores de impactos ambientais, um Estudo de Impactos 
Ambientais ou Relatório de Impacto sobre o Meio Ambiente (EIA/RIMA). 
 
Ainda em 1980, surgem as primeiras idéias a respeito do Desenvolvimento 
Sustentável, no documento denominado Estratégia de Conservação do Mundo, da 
União Internacional para Conservação da Natureza. 
 
 
1 O canadense Maurice Strong é assessor sênior do secretário-geral das Nações Unidas, Kofi Annan. 
No início da década de 70, organizou e dirigiu a Conferência Mundial das Nações Unidas em 
Estocolmo e a ECO-92 no Rio de Janeiro. 
2 Ignacy Sachs atualmente é presidente do Conselho Consultivo da Pro-Natura International. Foi 
conselheiro-chefe do secretário-geral da ONU para Conferência das Nações Unidas sobre Meio 
Ambiente. Foi conselheiroespecial de Maurice Strong na Rio-92. E, co-autor da Agenda 21 para a 
Amazônia. 
 
 
 
10 
Em 1983, a ONU cria a Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e o 
Desenvolvimento (CMMAD), presidida por Gro Harlem Brundtland3, com o objetivo 
de analisar o estado de nosso Planeta e estudar o futuro da humanidade e o meio 
ambiente, alertando a população da necessidade de mudar seu padrão de 
desenvolvimento. 
 
Finalmente, em 1987, é divulgado o relatório Nosso Futuro Comum, mais conhecido 
como Relatório de Brundtland, nascendo a partir daí o conceito de Desenvolvimento 
Sustentável (DS), cuja proposta é a integração do meio ambiente com as questões 
sociais, econômicas e culturais de nossa sociedade, que estudaremos a seguir. 
 
 
2.2 O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL 
 
O conceito de Desenvolvimento Sustentável surgiu em 1987, no Relatório de 
Brundtland. No entanto, só foi incorporado mais tarde durante a Conferência das 
Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (UNCED-92), realizada no 
Rio de Janeiro, conhecida popularmente como RIO 92 ou ECO 92. Cujo objetivo 
principal era estudar um meio de harmonizar os desenvolvimentos econômico, social 
e tecnológico com a preservação do Ecossistema do Planeta, analisando os 
impactos do gerados pelo homem ao meio ambiente. 
 
De acordo com a CMMAD, “o desenvolvimento sustentável é aquele que atende às 
necessidades presentes sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras 
satisfazerem as suas próprias necessidades”. 
 
Apesar de existir algumas interpretações para o DS, no Brasil, adota-se a definição 
apresentada no Relatório de Brundtland. O referido conceito encontra-se implícito no 
artigo 225, caput, da Constituição Federal: 
 
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, 
bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, 
 
3 Gro Harlem Brundtland foi primeira-ministra da Noruega de 1981 a 1986, e então presidente da 
Comissão Mundial Sobre o Desenvolvimento e o Meio Ambiente da ONU, obtendo grande prestígio 
internacional depois de tornar público seu relatório sobre meio ambiente em 1987. 
 
 
11 
impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e 
preservá-lo para as presentes e futuras gerações. 
 
O DS é um grande desafio para a humanidade, para que ocorra faz-se necessário 
arquitetar o desenvolvimento da sociedade e do meio ambiente de modo saudável, 
zelando pela igualdade econômica e social, com o uso adequado e prudente dos 
recursos naturais não renováveis. Todavia, o DS deve fazer com que o homem 
recomponha suas relações com a natureza, mudando seus pensamentos e ações. 
 
A finalidade do DS é encontrar a melhor forma de equilibrar as atividades 
econômicas e a utilização responsável dos recursos naturais, preservando-os para 
as gerações atuais e futuras. A política dos 3 R’s, que consiste em três atitudes 
básicas: Reduzir, Reutilizar e Reciclar, bem como a produção de energia limpa 
(eólica, solar, etc), e o manejo florestal são exemplos de DS. 
 
O DS é construído sobre três pilares interdependentes: o desenvolvimento 
econômico, o desenvolvimento social (baseado na igualdade social), e a proteção 
ambiental. Como esses pilares são interligados precisam ser desenvolvidos 
simultaneamente, nenhum deles poderá se sobressair mais que o outro, pois, dessa 
forma, a sustentabilidade poderá ser comprometida (MAY et al., 2005). 
 
Segundo Tauchen (2001), o DS possui seis objetivos básicos, que são: 
 
� Atender as necessidades básicas da população; 
� Preservar o meio ambiente a fim de garantir que as gerações futuras possam 
usufruir também de dos recursos naturais; 
� Preservar os recursos naturais; 
� Elaborar um sistema social garantindo emprego, segurança social e respeito a 
outras culturas; 
� Introduzir programas educativos nas escolas. 
 
Como vimos, um dos objetivos do DS é a introdução de programas educativos nas 
escolas. Então, em 2002, foi adotada através da Conferência Mundial sobre 
Desenvolvimento Sustentável, realizada em Johannesburgo, a Década da Educação 
para o Desenvolvimento Sustentável. De acordo com o Relatório da Pesquisa 
 
 
12 
Aplicada Junto ao Público do V Fórum Brasileiro de Educação Ambiental (2005, p. 
09), 
 
A Educação para o Desenvolvimento Sustentável não é um novo programa, 
mas uma chamada para um processo de reorientação e potencialização de 
políticas, programas e ações educacionais já existentes, para que possam 
desempenhar um papel preponderante na construção do futuro sustentável. 
Foram definidos sete eixos temáticos da Educação para o Desenvolvimento 
Sustentável: Cidadania; Valores comunitários; Diversidade; 
Interdependência; Sustentabilidade; Qualidade de vida; e Justiça social. 
 
A educação ambiental é um dos meios mais eficazes de aplicação da preservação 
ambiental, contudo, exige ações do presente a fim de que possamos colher bons 
resultados no futuro. Acredita-se que o DS não seja somente uma utopia, mas que 
se torne realidade em breve. Os pesquisadores do DS crêem na possibilidade de um 
futuro próximo com o equilíbrio entre ambiente e tecnologia, havendo também 
equidade social, sem distinção de classes, raças, religiões, etc. 
 
 
2.2.1 Sustentabilidade 
 
A sustentabilidade é um sinônimo de equilíbrio ecológico, ou seja, a busca de uma 
convivência harmônica entre homem e o ecossistema. Nessa relação, o homem 
deve respeitar os limites de renovação que a natureza possui, retirando dela 
somente o que ela poderá repor. Adotando deste modo, um estilo de vida diferente, 
produzindo ações que garantam uma boa qualidade de vida a todos e conservando 
o meio ambiente. 
 
De acordo com Dovers (apud, ROCHA; BACHA, 2000, p. 12), 
 
Há diferença entre sustentabilidade e desenvolvimento sustentável. O 
primeiro é um objetivo difícil e de longo prazo a ser atingido; e, o segundo é 
um processo variável de mudança que se deve realizar para se conseguir a 
sustentabilidade de um determinado sistema. 
 
Para Bellen (2004), a base da sustentabilidade é o uso capital natural 4 de acordo 
com capacidade de carga do ecossistema. Mas, há uma redução constante deste 
 
4 Recursos Naturais 
 
 
13 
capital devido ao seu consumo indiscriminado, mesmo sendo essencial à existência 
humana na Terra. Inclusive, no Manual de Educação para o Consumo Sustentável 
(2005, p. 12), “[...] as organizações de consumidores mais atuantes em todo o 
mundo têm sido desafiadas a desempenhar um papel pedagógico nessa questão, 
mostrando ao consumidor a relação direta entre consumo e sustentabilidade [...]”. 
 
Enquanto Jacobi (1999, p. 179) afirma que, 
 
[...] a idéia de sustentabilidade implica na prevalência da premissa de que é 
preciso definir uma limitação definida nas possibilidades de crescimento e 
um conjunto de iniciativas que levem em conta a existência de interlocutores 
e participantes sociais relevantes e ativos através de práticas educativas e 
de um processo de diálogo informado, o que reforça um sentimento de co-
responsabilização e de constituição de valores éticos. Isto também implica 
em que uma política de desenvolvimento na direção de uma sociedade 
sustentável não pode ignorar nem as dimensões culturais, nem as relações 
de poder existentes e muito menos o reconhecimento das limitações 
ecológicas, sob pena de apenas manter um padrão predatório de 
desenvolvimento. 
 
A sustentabilidade é um sistema multidisciplinar, exige táticas de desenvolvimento 
nas mais diversas áreas (política, social, científica, tecnológica, econômica e 
ambiental). No documento Ciência & Tecnologia para o Desenvolvimento 
Sustentável, elaborado a pedido do Ministério do Meio Ambiente, são consideradas 
as seguintes dimensões de sustentabilidade: 
 
� Sustentabilidade social: baseada nos princípios da solidariedade e daigualdade social; 
 
� Sustentabilidade ecológica: preocupação com o planeta e suas riquezas e com 
a biosfera que o envolve; 
 
� Sustentabilidade econômica: avaliada a partir da sustentabilidade social 
propiciada pela organização da vida material; 
 
� Sustentabilidade espacial: norteada pelo alcance de uma equanimidade nas 
relações inter-regionais e na distribuição populacional entre o rural/urbano e o 
urbano; 
 
 
 
14 
� Sustentabilidade político-institucional: que representa um pré-requisito para a 
continuidade de qualquer curso de ação a longo prazo; 
 
� Sustentabilidade cultural: modulada pelo respeito à afirmação do local, do 
regional e do nacional, no contexto da padronização imposta pela globalização. 
 
Para que uma sociedade consiga atingir de forma efetiva e eficaz a sua 
Sustentabilidade algumas metas deverão ser alcançadas. A população deve ter suas 
necessidades básicas (saúde, educação, alimentação, lazer) atendidas, com 
emprego e segurança para todos. Deve, também, preservar o meio ambiente de 
modo apropriado e ético, a fim de garantir um futuro para as gerações posteriores. 
Sendo que, a educação ambiental deverá ser implementada como disciplina nas 
escolas e praticada em casa. 
 
 
2.3 NORMAS E CERTIFICAÇÕES AMBIENTAIS 
 
Desde a RIO 92, as indústrias em geral vêm empenhando esforços na execução de 
pesquisas e práticas voltadas ao desenvolvimento sustentável do Planeta, visando a 
análise de impacto ambiental e a melhoria das técnicas para a obter um bom 
desempenho produtivo e economia de matéria-prima e energia. Um exemplo disso 
foi a assinatura do Protocolo de Quioto, cuja meta é a diminuição em 
aproximadamente 5% da emissão de gases-estufa em relação aos níveis medidos 
em 1990, a fim de amenizar o aquecimento global. 
 
Foi na RIO 92, também, que foi gerada a Agenda 21, um dos resultados mais 
importantes dessa Conferência. Segundo o Ministério do Meio Ambiente, 
 
A Agenda 21 é um plano de ação para ser adotado global, nacional e 
localmente, por organizações do sistema das Nações Unidas, governos e 
pela sociedade civil, em todas as áreas em que a ação humana impacta o 
meio ambiente. Constitui-se na mais abrangente tentativa já realizada de 
orientar para um novo padrão de desenvolvimento para o século XXI, cujo 
alicerce é a sinergia da sustentabilidade ambiental, social e econômica, 
perpassando em todas as suas ações propostas. 
 
 
 
15 
Assinada por 179 países, a Agenda 21 é utilizada até hoje em diversas cidades no 
mundo inteiro, levando em conta as peculiaridades de cada uma para que se possa 
planejar o seu respectivo desenvolvimento sustentável. No Brasil, a Agenda 21 é de 
responsabilidade da Comissão de Políticas de Desenvolvimento Sustentável e da 
Agenda 21 Nacional (CPDS). Sendo que, os principais focos da Agenda são os 
programas de inclusão social, a preservação ambiental e a sustentabilidade, tudo 
isso visando o desenvolvimento sustentável do país. 
 
Embora já houvesse a Agenda 21 e o empenho por parte das indústrias, não existia 
nenhuma certificação ou padronização para a produção e ciclo de vida dos 
industrializados. Então, para suprir essa carência de padrões, surge no ano de 1994, 
uma série de normas para a certificação ambiental: a ISO 14000. 
 
A ISO 14000 é uma série de normas desenvolvidas pela Organização Internacional 
de Padronização (ISO), que define os requisitos para um sistema de gestão 
ambiental, permitindo que uma empresa desenvolva e implemente uma política que 
leve em consideração às questões ambientais, controlando os impactos ambientais 
de suas atividades, produtos e/ ou serviços. As normas de série da ISO 14000 são: 
 
� ISO 14001 – referente aos Sistemas de Gestão Ambiental com orientação para 
uso; 
 
� ISO 14004 – referente aos Sistemas de Gestão Ambiental com diretrizes gerais 
sobre Princípios, Sistemas e Técnicas de Apoio; 
 
� ISO 14010 – consistem em diretrizes para a Auditoria Ambiental, especificamente 
aos princípios gerais da Auditoria Ambiental; 
 
� ISO 14011 - consistem em diretrizes para Auditoria Ambiental, referindo à 
auditoria de um Sistema de Gestão Ambiental; 
 
� ISO 14012 – conjunto de diretrizes para a Auditoria Ambiental, com critérios para 
a qualificação de Auditores Ambientais; 
 
 
 
16 
� ISO 14031 - avaliação do desempenho ambiental do Sistema Gerencial e seu 
relacionamento com o Meio Ambiente; 
 
� ISO 14040 - princípios gerais e práticas para a Análise do Ciclo de Vida (ACV); 
 
� ISO 14060 - aspectos ambientais nas normas de produtos. 
 
Além da ISO 14000 outras certificações foram surgindo, como é o caso do Selo 
Verde, gerado pelo Conselho de Manejo Florestal, conhecido internacionalmente no 
setor de madeira, como Forest Stewardship Council (FSC), cuja finalidade é 
incentivar o manejo sustentável florestal, promovendo a qualidade ambiental, a 
cidadania e a consciência do consumidor. No Brasil, segundo dados do próprio FSC, 
apenas 3,57 milhões de hectares das florestas brasileiras obtiveram o certificado em 
2005. 
 
Na mesma linha do Selo Verde, passa a existir o do Programa Brasileiro de 
Certificação Florestal (CERFLOR), criado pelo Instituto Nacional de Metrologia, 
Normalização e Qualidade Industrial (INMETRO), objetivando também a certificação 
do manejo florestal e da cadeia de custódia. 
 
 
2.4 O DESIGN E O DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS 
SUSTENTÁVEIS 
 
A crise ambiental fez com que fosse necessário repensar os modos pelo qual os 
produtos eram projetados e produzidos. A escolha dos materiais e processos deve 
ser feita com muita cautela, os designers devem procurar escolher materiais que 
facilitem a montagem e desmontagem do produto, orientando-se de acordo com as 
questões ecológicas, economizando também nos processos produtivos: quanto 
menos material melhor. 
 
Com toda essa preocupação em torno do DS e da Sustentabilidade, surge o 
Consumo Verde no qual o consumidor escolhe um produto de qualidade, com preço 
 
 
17 
acessível e ecologicamente correto. Com ele, nasce um novo nicho de mercado, e 
as empresas interessaram-se em desenvolver produtos com o baixo impacto 
ambiental (Manual de Educação para o Consumo Sustentável, 2005). 
 
De acordo com Ramos (apud RIUL; RIBEIRO FILHO; WANDERLEY, 2007, p. 05), 
 
“Design para o Meio Ambiente ou Ecodesign são as principais 
denominações da atividade de projeto que busca a redução dos impactos 
ambientais dos produtos. Considerando de maneira preventiva a relação do 
produto com o meio ambiente, durante todo o seu ciclo de vida”. 
 
Segundo Fiksel (apud MAKIYA, 2007, p. 03), o Ecodesign é um conjunto exclusivo 
de práticas de projeto, destinadas à criação de produtos e processos ecoeficientes, 
tendo respeito aos objetivos ambientais, de saúde e segurança, durante todo o ciclo 
de vida destes produtos e processos. 
 
O Ecodesign permite ampliar a criatividade no desenvolvimento de produtos e 
processos mais eficientes sob o aspecto da sustentabilidade, buscando soluções 
eficazes para os sistemas produtivos e produtos mais atrativos (BORCHARDT et al., 
2007, p. 04). Além disso, o Ecodesign exige que designer tenha uma consciência 
ecológica e conheça as ferramentas de projeto. Os fatores de meio ambiente e 
econômico devem ser encarados como objetivos no desenvolvimento de um produto 
(PAZMINO, 2007). 
 
Para Makiya (2007, p.02), 
 
O atual foco do Eco-design se restringe a ver a poluição e a maneira como a 
indústria lida com seus desperdícios sem se preocupar com as ações e 
escolhas das pessoas. Em contraste a esta visão, o Eco-design deve 
considerar as maneiras de satisfazer as necessidades básicas do 
consumidor, pois isso poderá nos levar até os grandes benefícios 
potenciais, pois diferentes satisfações têm diferentes implicações não só 
para aqueles diretamente envolvidos, mas também para o meio ambiente. 
 
Além do Ecodesign, há também o Design Sustentávelque tem como base para o 
desenvolvimento de produtos os três pilares da sustentabilidade: igualdade social, 
equilíbrio ambiental e equidade econômica. O Design Sustentável agrega a seus 
projetos os aspectos sociais, como a inclusão de mão-de-obra de comunidades 
locais, gerando empregos e outros benefícios econômicos e mais justos 
 
 
18 
socialmente. Priorizando também a minimização do impacto ambiental e a redução 
do uso de matérias-primas e de energia na produção, distribuição, uso e descarte 
tanto de produtos quanto de serviços. 
 
O designer é parte principal desse processo. Concebendo um produto que seja 
economicamente viável às populações de baixa renda, e no qual o desenvolvimento, 
fabricação e reciclagem possam contribuir para um impacto ambiental mínimo, 
desenvolvendo, também, alternativas racionais no uso dos recursos naturais não 
renováveis. Em outras palavras, a função do designer é conciliar a tecnologia ao que 
é ecologicamente necessário, oferecendo soluções para os produtos e serviços 
tornando-os melhores que os oferecidos anteriormente no mercado. 
 
Para Bandeira (2003, p. 47) o DS “requer assim, uma visão holística do produto e 
dos processos produtivos envolvidos, indo desde a concepção (ou da observação de 
uma necessidade a ser atendida) do produto até a sua reciclagem ou reutilização”. 
Ou seja, o designer além de ser responsável pelo projeto do produto, é responsável 
pelo modo como este será usado. Deste modo, suas ações sustentáveis ao 
conceber novos produtos ou de aperfeiçoá-los são de extrema importância ao 
Planeta. 
 
 
2.4.1 Análise do Ciclo de Vida do Produto e Life Cycle Design 
 
Tanto no Ecodesign quanto no Design Sustentável a análise da concepção de um 
produto é prioridade, desde o modo de extração de matérias-primas, fabricação, 
passando pela sua distribuição, seu uso e o descarte pós-uso. Ou seja, é preciso 
realizar uma Análise do Ciclo de Vida (ACV) do produto (figura 01). 
 
A ACV é uma ferramenta que avalia os possíveis impactos ambientais que um 
produto poderá causar sobre o meio ambiente, fazendo com que o designer tenha 
uma noção de como o produto será, quais são seus prós e contras, permitindo que o 
projeto seja modificado ainda em tempo, optando por materiais e processos ideais 
aos princípios do Ecodesign. 
 
 
 
19 
 
Figura 01 – Ciclo de Vida dos Produtos 
Fonte: Pigosso, 2007. 
 
A ACV é regida pela NBR ISO 14040:2001 que define que, 
 
A ACV é uma técnica para avaliar aspectos ambientais e impactos 
potenciais associados a um produto mediante: 
 
- a compilação de um inventário de entradas e saídas pertinentes de um 
sistema de produto; 
- a avaliação dos impactos ambientais potenciais associados a essas 
entradas e saídas; 
- a interpretação dos resultados das fases de análise de inventário e de 
avaliação de impactos em relação aos objetivos dos estudos. 
 
A ACV estuda os aspectos ambientais e os impactos potenciais ao longo da 
vida de um produto (isto é, do “berço ao túmulo”), desde a aquisição da 
matéria-prima, passando por produção, uso e disposição. As categorias 
gerais de impactos ambientais que necessitam ser consideradas incluem o 
uso de recursos, a saúde humana e as conseqüências ecológicas. 
 
A ACV pode e deve ser utilizada por todos os profissionais da área de projeto de 
produto e, principalmente, pelas empresas. A ACV funciona como uma ferramenta 
nos projetos, colaborando para um produto ecologicamente correto (PINATTI, 2007). 
Outra ferramenta que pode ser utilizada pelo designer no que tange ao ciclo de vida 
do produto é o Life Cycle Design (LCD), é uma técnica muito semelhante ao ACV, e 
 
 
20 
é aplicada desde a concepção do produto. Segundo Manzini e Vezzoli (2002), as 
principais estratégias adotadas pelo LCD são: 
 
� Redução de energia e de materiais; 
� Escolher recurso e processos de baixo impacto ambiental; 
� Prolongar a vida útil dos produtos; 
� Extensão da vida dos materiais; 
� Fácil montagem e desmontagem dos produtos. 
 
 
Figura 02 – Ciclo do Design Sustentável 
Fonte: Eduardo Cozendey da Silva5 
 
Além de conhecer o ciclo de vida do produto, o designer deve também conhecer os 
materiais que irão constituí-lo, pensando nas técnicas de extração e beneficiamento 
dos mesmos, nos processos de transformação para produção destes materiais, na 
fabricação e montagem das peças, no descarte final, inclusive no consumo de 
energia, e nos custos de transporte e armazenamento. 
 
 
5 Imagem cedida pelo Professor Eduardo Cozendey da Silva, Coordenador do Curso de Design de 
Produto da UCL. 
 
 
21 
2.4.2 Produtos Sustentáveis 
 
Para que um produto seja considerado sustentável faz-se necessário um projeto no 
qual os aspectos ambientais sejam estudados em todos os estágios de seu 
desenvolvimento, a fim de reduzir o seu impacto ambiental durante todo o ciclo de 
vida. O produto deverá ser construído dentro de um processo amplamente 
participativo e democrático, oferecendo soluções que preservem o meio ambiente e 
gerem emprego e renda, simultaneamente. 
 
Além do estudo do ciclo de vida do produto, é preciso também estabelecer um 
diálogo entre empresa e seus Stakeholders. Faz-se necessário identificar os 
Stakeholders de uma instituição, visando a responsabilidade social da empresa. Os 
Stakeholders são grupos que influenciam e/ou contribuem em uma organização, tais 
como acionistas, gerentes, trabalhadores, clientes, fornecedores, governo, 
comunidades locais e o público em geral. 
 
Os consumidores que se importam com as questões ambientais influenciam 
consideravelmente nas atitudes das empresas, fazendo com que elas sejam 
obrigadas a ter um mínimo de conhecimento dos problemas do meio ambiente, 
inserindo esses conhecimentos em seus produtos, desde a concepção do processo 
produtivo, até o lançamento efetivo do produto (JABBOUR; SANTOS, 2007). 
 
Segundo Makiya (2007), 
 
Existem três critérios para o desenvolvimento do eco-produto: design para 
uma construção sólida e durável (ampliação do ciclo de vida), design para 
desmontagem (prevê reutilização dos componentes valiosos dos produtos), 
design para materiais reciclados (novos produtos constituídos por material 
reciclado e maior utilização de matérias-primas recicláveis). 
 
Um produto sustentável deve ser também ecoeficiente. Segundo o Conselho 
Mundial de Negócios para o Desenvolvimento Sustentável - World Business Council 
for Sustainable Development, a ecoeficiência é a: 
 
“Produção de bens e serviços a preços competitivos, que satisfaçam as 
necessidades humanas, melhorem a qualidade de vida e, 
progressivamente, reduzam os impactos ecológicos e a intensidade de 
 
 
22 
utilização de recursos nas diferentes etapas do ciclo de vida até um nível 
compatível com a capacidade de carga estimada do Planeta”. 
 
A Ecoeficiência do produto relaciona desempenho ambiental e econômico, 
combinando eficiência produtiva com sustentabilidade e permitindo a produção de 
bens com um impacto ambiental mínimo. Um produto ecoeficiente segue as 
seguintes exigências em seu projeto: 
 
� Redução do uso de matérias-primas; 
� Utilização de recursos renováveis e sustentáveis; 
� Diminuição do consumo de energético; 
� Minimizar a produção e descarte dos resíduos; 
� Intensificação da reciclagem e reaproveitamento de materiais; 
� Diminuição na emissão de gases tóxicos e substâncias perigosas; 
� Aumento da vida útil do produto; e 
� Inserção de valores sociais ao processo produtivo. 
 
O desenvolvimento de produtos sustentáveis é um processo complexo, que consiste 
em uma metodologia baseada nas necessidades do mercado, incluindo as 
possibilidades e restrições tecnológicas, as questões ambientais, principalmente, e 
as estratégias competitivas do produto. Tudo isso com objetivo um único objetivo, 
alcançar às especificações de um produto e de seu processo produtivo.(JABBOUR; 
SANTOS, 2007). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
23 
3 O REAPROVEITAMENTO DE RESÍDUOS DE MADEIRA 
 
A madeira é um dos materiais mais nobres utilizados pelo homem, além de ser 
encontrada em grande abundância em território brasileiro. Essa abundância faz com 
que haja uma depreciação de seu valor, acarretando uma má utilização que envolve 
um enorme desperdício (BARRETO, 2001). Dados do Instituto Brasileiro do Meio 
Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) revelam que para cada 
metro cúbico de madeira aproveitável extraído é necessário um metro cúbico a mais, 
que será desperdiçado. Ou seja, o aproveitamento das toras varia de 50% a 70% 
(FREITAS, 2000). 
 
Os resíduos produzidos no beneficiamento da madeira podem passar a constituir 
lucro para a empresa que os produzem, pois servem de matéria-prima para novos 
produtos (LIMA e SILVA, 2005). O aproveitamento desses resíduos pode contribuir 
para a racionalização dos recursos florestais, sendo fundamental ao 
desenvolvimento de alternativas de produção menos nocivas ao meio ambiente. No 
Brasil não há muitas pesquisas sobre o reaproveitamento de madeira, contudo em 
países como Japão, Holanda e Estados Unidos, as pesquisas encontram-se em 
adiantado desenvolvimento (POLESEL, 2003). 
 
 
3.1 RESÍDUOS SÓLIDOS 
 
O substantivo resíduo tem origem do latim, derivado de residuu, que significa aquilo 
que resta ou sobra de qualquer substância. Já, o adjetivo sólido foi aplicado a fim de 
diferenciar dos resíduos líquidos, lançados aos esgotos domésticos e das 
emanações gasosas (ROCHA, apud BRITO, 1999). 
 
No Brasil, a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) define através da 
Norma Brasileira (NBR) 10004:2004, o conceito de resíduos sólidos e semi-sólidos, 
e quais os possíveis riscos que esses resíduos podem gerar se não forem 
gerenciados adequadamente. De acordo com a NBR 10004:2004, são considerados 
resíduos sólidos, 
 
 
24 
Resíduos nos estados sólido e semi-sólido, que resultam de atividades de 
origem industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e 
de varrição. Ficam incluídos nesta definição os lodos provenientes de 
sistemas de tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e 
instalações de controle de poluição, bem como de determinados líquidos 
cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de 
esgotos ou corpos de água, ou exigem para isso soluções técnica e 
economicamente inviáveis em face da melhor tecnologia disponível. 
 
Para Blanco e Link (2006, p. 02) o termo resíduo sólido consiste em: 
 
[...] lixo, refugo e outras descargas de materiais sólidos, incluindo resíduos 
sólidos de materiais provenientes de operações industriais, comerciais e 
agrícolas e de atividades da comunidade, mas não inclui materiais sólidos 
ou dissolvidos nos esgotos domésticos ou outros significativos poluentes 
existentes nos recursos hídricos. 
 
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no Brasil, no 
ano de 1999, cerca de 90 mil toneladas de resíduos sólidos eram coletadas 
diariamente (LEITE, apud BRITO, 1999, p. 20). Sendo que para essa totalidade, 
cada habitante contribui com aproximadamente 0,6kg. hab-¹. dia-¹. Esse índice 
aumentou consideravelmente, segundo a Pesquisa Nacional de Saneamento Básico 
2000, no ano de 2007, mais de 140 mil toneladas são coletadas por dia. 
 
Segundo Brito (1999), os resíduos sólidos estão associados à poluição ambiental 
por conter metais pesados, elementos tóxicos e pela geração do chorume6. Além 
disso, o lançamento indiscriminado desses resíduos no solo, pode causar a sua 
degradação, bem como a poluição de lençóis freáticos, cursos d’água que estejam 
próximos a esses resíduos, gerando inclusive um impacto ambiental à vegetação 
marinha e as espécies animais, contaminando também moradores de uma área 
próxima aos lixões e causando sérios danos à saúde. Embora, acredite-se que esse 
lançamento indiscriminado dos resíduos na natureza não seja oriundo do descaso 
ambiental, mas da falta da consciência das questões do meio ambiente e, 
principalmente, do desconhecimento das possibilidades de aproveitamento dos 
resíduos. 
 
Mesmo com todas as ameaças e riscos que o descarte dos resíduos representa ao 
meio ambiente, as indústrias ainda não são obrigadas a dizer qual será o destino de 
 
6 Líquido poluente gerado pela matéria orgânica. 
 
 
25 
seus resíduos, produzindo-os sem compromisso algum. Cabe à sociedade e aos 
organismos governamentais de gestão ambiental procurar um meio de dar fim ou 
utilização aos resíduos gerados (QUIRINO, 2003). 
 
Deve-se, então, ter um cuidado maior ao lidar com esses resíduos, monitorando-os 
desde sua produção. Sendo inadmissível o simples descarte de produtos e de seus 
resíduos, sem que haja um planejamento para o seu pós-uso de forma apropriada. 
Os resíduos gerados pelo produto têm que ser controlados durante todo o seu ciclo 
de vida, ou seja, desde o projeto até o seu pós-uso (BANDEIRA, 2003). 
 
 
3.1.1 Classificação 
 
A NBR 10004:2004 classifica os resíduos sólidos de acordo com seus constituintes e 
características estabelecidas conforme suas matérias-primas, insumos e o processo 
que lhes deram origem. Para tanto, utiliza-se um algoritmo simples, a fim de facilitar 
a caracterização e classificação dos mesmos, como se pode ver abaixo (figura 14): 
 
 
Figura 03 – Caracterização e Classificação de resíduos sólidos 
Fonte: ABNT 
 
 
26 
Os resíduos sólidos são classificados em duas classes: Classe I – Perigosos e 
Classe II – Não perigosos. Essa segunda classe é dividida em outras duas 
subclasses: Classe II A – Não inertes e Classe II B – Inertes. 
 
De acordo com a norma, os resíduos de madeira que são os objetos de estudo 
deste trabalho, são classificados como resíduos sólidos de Classe II A – Não-inertes, 
pois não apresentam periculosidade. Contudo, se expostos às intempéries, não são 
considerados inertes, e podem ter propriedades como combustibilidade, 
biodegradabilidade ou solubilidade em água (LOPES; NOLASCO, 2005). Podendo 
representar um risco ao meio ambiente. 
 
 
3.2 RESÍDUOS DE MADEIRA 
 
O beneficiamento da madeira passa por várias fases, inicia-se logo após o abate da 
árvore, onde são realizados desgalhamento e toragem, a fim de facilitar o transporte 
da madeira. Nessa primeira fase, as toras são descascadas e seus resíduos, 
geralmente, são armazenados e agrupados a outras sobras formando a biomassa, 
matéria-prima para geração de calor, que será usado na própria secagem da 
madeira. Então, quando as toras chegam na indústria, passam por uma serra-fita 
onde são transformadas em pranchas. Após o primeiro corte, a prancha passa por 
uma serra de múltiplos cortes formando várias tábuas. 
 
A partir daí, são realizados desdobro ou alinhamento, destopamento, desengrosso, 
serramento, fresamento, entre outros acabamentos e seleções sofridos pela 
madeira. E, o que sobra deste beneficiamento segue ao picador, onde serão 
gerados cavacos e outros tipos de resíduos (ZOLDAN; PILATTI; LEITE, 2006). Tais 
resíduos podem ser classificados basicamente em três grupos, devido ao seu 
aspecto físico, de acordo com tamanhos, espessuras, que são: 
 
 
 
27 
 
Fotografia 04 – Lenha 
Fonte: Martins, 2007. 
 
• Lenha: são resíduos maiores como costaneiras, aparas, refilos, casca, 
roletes, que correspondem a 71% da totalidade dos resíduos; 
 
 
Fotografia 05 – Serragem 
Fonte: BioStream, 2007. 
 
• Serragem: é gerado principalmente pelo processo de usinagem com serras, 
corresponde a 22% da totalidade dos resíduos; 
 
 
Fotografia 06 – Cepilho ou maravalha 
Fonte: Manguti, 2007. 
 
• Cepilhos ou maravalhas: gerados pelo processamento em plainas, 
correspondem a 7% do total de resíduos. 
 
 
 
28 
O Instituto de Eletrotécnica e Energia da Universidade deSão Paulo (INFOENER) 
revela que em 2003, o Brasil produziu de 30 milhões de metros cúbicos de resíduos 
de madeira. Segundo Foelkel (2000, p. 22), 
 
[...] a demanda por madeira ainda é muito grande no País, quer seja para 
móveis e lenha para sua gigantesca população; ou como combustível para 
secagem de grãos, fumo, olarias; ou como matéria-prima para muitas 
utilizações industriais, como o caso da celulose e papel. [...] Países como 
Canadá e Estados Unidos, onde a madeira desempenha papel fundamental 
na habitação, encontraram criativas soluções para um aproveitamento mais 
integrado da madeira, destinando os resíduos dessa operação de maior 
valor para a fabricação de produtos que impliquem na desagregação da 
madeira, como é o caso de aglomerados, celulose, papel, chapas, painéis 
etc. [...]. 
 
Entretanto, a maioria das madeireiras não aproveita seus resíduos. A maior parte 
delas queima seus resíduos a céu aberto, ou, os vende como forma de combustível 
para fornos. 
 
 
3.2.1 O Reaproveitamento de Resíduos de Madeira 
 
Os resíduos de madeira são uma fonte alternativa de matéria-prima. Atualmente, 
inúmeras tentativas de utilização desse material estão sendo desenvolvidas. Teixeira 
e César (2004, p. 12) afirmam que, 
 
As opções convencionais de aproveitamento do resíduo oriundas do 
processo de serragem têm se apresentado na forma de briquetes para a 
produção de energia em padarias, pó de serra sem prensagem para queima 
em olarias ou ainda como forração de granjas de aves. 
 
 
No entanto, a partir dos resíduos madeireiros torna-se possível a manufatura de 
diversos produtos, tais como: papel, Pequenos Objetos de Madeira (POM’s) para 
uso diverso (doméstico, decorativo, artesanatos, etc.), briquetes, compensados, 
cabos de vassoura, e também de brinquedos – que é o caso do presente projeto. 
Esse tipo de aproveitamento requer pouco investimento e o retorno é quase sempre 
garantido, embora não tenha um valor tão significativo comercialmente. 
 
 
 
29 
O reaproveitamento dos resíduos de madeira faz parte da política dos 3 R’s, pois 
reduz o volume dos resíduos sólidos urbanos, reutilizando-os e/ou reciclando-os. 
Gomes e Sampaio (2004, p. 01) afirmam que: 
 
A reciclagem representa menor volume de resíduo, implicando numa direta 
diminuição de demanda por matéria-prima e, conseqüentemente, em menor 
número de árvores cortadas, sendo que o uso de tecnologia sofisticada, 
aliada ao treinamento dos operários, minimiza a possibilidade de perdas. 
 
O destino de cada resíduo pode ser definido de acordo com sua classificação. 
Vejamos: a serragem e o cepilho ou maravalha podem ser reutilizadas na fabricação 
de compósitos, chapas de aglomerados, ou como biomassa, a fim de gerar energia 
térmica ou elétrica, substituindo os combustíveis tradicionalmente utilizados. Já as 
aparas podem ser aproveitadas na confecção de briquetes, produtos de artesanatos, 
POM’s, e brinquedos pedagógicos, que é a proposta deste trabalho. 
 
Na comunidade acadêmica brasileira, há muitos trabalhos científicos que tratam de 
assuntos ligados ao reaproveitamento de resíduos. Porém, sobre o setor moveleiro 
são poucos estes trabalhos, o que poderia ser um bom começo para formar mais 
pesquisadores voltados para o setor (BARROS, 2003). Vejamos a seguir algumas 
pesquisas que abordam esse assunto. 
 
Lima e Silva (2005) fizeram um levantamento da quantidade, dos tipos, do 
reaproveitamento e do tratamento dos resíduos gerados no processo de produção 
de móveis em indústrias de móveis de madeiras situadas no Pólo Moveleiro de 
Arapongas, no norte do Paraná. Enquanto Macedo, Fachinetto e Nascimento (2006), 
falam sobre a necessidade e a importância da aplicação da sustentabilidade como 
requisito de projeto. Tratando também da utilização correta das inovações vindas da 
globalização. E, expondo a importância de projetar produtos sustentáveis que 
atendam às necessidades humanas e estejam de acordo com a proposta da 
sustentabilidade. Indicando um material que atende os requisitos ambientais para a 
produção de móveis. 
 
Nunes (1997) desenvolveu, a partir do aproveitamento destas partes do tronco da 
madeira que eram tidas como lixo, módulos de costaneiras componíveis. Esses 
 
 
30 
módulos poderiam ser utilizados em várias posições que se adaptam em diversos 
ambientes, podendo ser utilizados como revestimentos de paredes, churrasqueiras, 
colunas, muretas e também para a confecção de móveis. 
 
 
Fotografia 07 – Módulo em Costaneira 
Fonte: Nunes, 1997. 
 
Lopes e Nolasco (2006) pesquisaram sobre a Produção de Pequenos Objetos de 
Madeira (POM’s) a partir de resíduo industrial madeireiro, produzindo doze objetos 
decorativos e/ou utilitários (figuras 08, 09 e 10), com objetivo de desenvolver 
alternativas de valorização de resíduos do processamento mecânico da madeira 
através da produção de POM’s. 
 
 
 
Fotografia 08 – Porta Lápis Fotografia 09 – Luminária Fotografia 10 – Relógio 
Fonte: Lopes; Nolasco, 2006. 
 
Silva, Mouco e Bastos (2005), desenvolveram o Projeto Design Tropical da 
Amazônia, objetivando reaproveitar os resíduos florestais, transformando-os, através 
do design, em peças decorativas. Ao todo, foram desenvolvidas cerca de 200 peças, 
 
 
31 
entre bancos, tábuas de frios, porta-guardanapo, porta-patê, porta-retratos, porta-
chaves, suportes diversos, castiçais, entre outros. 
 
 
 
 
Fotografia 11 – Banco Fotografia 12 – Tábua de frios Fotografia 13 – Porta-patê 
Fonte: Silva; Mouco; Bastos, 2005. 
 
Dorneles (2006), por sua vez pesquisou e analisou brinquedos destinados à 
Educação Ambiental do consumidor, e os métodos pedagógicos utilizados pelas 
escolas com o objetivo de conscientizar as crianças da importância ecológica. Além 
disso, procurou analisar o modo como o Design pode contribuir para os projetos de 
brinquedos pedagógicos ecológicos. Segundo Dorneles (2006, p. 67), 
 
O brinquedo deve desafiar a criança a novas descobertas, sem causar 
frustrações, e estimular sua curiosidade para assim promover o 
desenvolvimento da sua criatividade. O envolvimento físico é muito 
importante porque desta maneira a criança adquire a consciência espacial 
em relação ao seu entorno e a consciência do seu próprio corpo. 
 
Aprofundando um pouco mais sobre este aspecto, e de acordo com um dos 
objetivos da presente pesquisa, Falcão e Ramos (2002) abordam a importância do 
brinquedo e do ato de brincar para o desenvolvimento psicológico de crianças. 
Afirmam que “brincar é indispensável à saúde física, emocional e intelectual da 
criança. É uma arte, um dom natural que, quando bem cultivado, irá contribuir no 
futuro para a eficiência e o equilíbrio do adulto”. 
 
O uso dos jogos ou brinquedos pedagógicos contribui em vários aspectos para a 
formação do educando, tais como: desenvolver a capacidade de concentração, 
orientação espacial, coordenação, interação entre os alunos através do trabalho em 
grupo, envolvendo trocas de pontos de vista e elaboração verbal (TEIXEIRA e 
ROCCO, 2006). 
 
 
32 
Aproximando-se mais do estudo proposto, Turozi (2006) utilizou-se do 
reaproveitamento das sobras da indústria moveleira no desenvolvimento do Pinball 
da Reciclagem (figura 14), um jogo de caráter educativo para as crianças. Para o 
projeto do Pinball, o autor elaborou um estudo sobre os jogos/brinquedos educativos 
com temáticas ambientais, considerando fatores desde a seleção da matéria-prima 
até o processo educativo. Procurando demonstrar através de um estudo de caso, 
que a partir de sobras da indústria moveleira pode-se não só reduzir os impactos 
negativos ao meio ambiente, como também proporcionar a sensibilização de 
crianças ao problema do lixo e sua respectiva reciclagem. 
 
 
Figura 14 – Pinball da Reciclagem 
Fonte: Turozi, 2006. 
 
Além dos trabalhos acadêmicos supracitados, alguns outros projetos foram 
desenvolvidos em nosso país. Alguns deles estão relacionadosabaixo. 
 
A Lutheria Nativoz da Amazônia, em Rio Branco (AC), desenvolveu com o apoio do 
Governo, através da Secretaria de Florestas (SEF) e da Fundação Elias Mansour, 
instrumentos musicais utilizando resíduos de madeira certificada e de espécies como 
Amapá, Canelão, Jatobá, Amarelão, Roxinho, Breu Branco, Louro Preto, etc. 
 
 
 
33 
 
Fotografia 15 – Participantes do PIBIC Júnior 
Fonte: Revista Amazonas Ciência FAPEAM. 
 
Em 2005, no estado do Amazonas, foi criado o Programa Institucional de Iniciação 
Científica Júnior (PIBIC Júnior), resultado da combinação entre o Conselho Nacional 
de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e a Fundação de Amparo à 
Pesquisa no Estado do Amazonas (FAPEAM). Nesse programa, foi implantado um 
projeto denominado “Aproveitamento de Resíduos Madeireiros como Alternativa de 
Fonte de Renda para a Zona Leste de Manaus”, no qual os resíduos que seriam 
queimados ou usados como adubo se transformam em diversos objetos nas mãos 
de jovens da comunidade local (fotografia 15). 
 
Ainda no estado do Amazonas, no município de Ananindeua, o artesão Cláudio 
Sobral desenvolve POM’s e bijuterias a partir de resíduos de várias espécies de 
madeira como Roxinho, Acapú, Ipê, Tauari, Maçaranduba e Macacaúba. As peças 
do artesão chegam a custar até cem reais (fotografia 16) (SANTOS; LOPES E DIAS, 
2004). 
 
 
Fotografia 16 – Peças do Artesão Cláudio Sobral 
Fonte: Santos; Lopes; Dias, 2004. 
 
 
 
34 
Já no município de Porto Grande, no estado do Amapá, a prefeitura em parceria com 
Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE) e Serviço 
Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), oferece aos empreendedores do 
ramo moveleiro e artesãos locais o curso “Aproveitamento de Resíduos da Madeira”. 
No curso, cuja carga horária é de 80 horas/aula, os alunos aprendem a técnica de 
marchetaria, fabricando pequenos objetos a partir dos resíduos da madeira, que ao 
final são comercializados (SEBRAE/AP). 
 
No estado do Mato Grosso, a prefeitura de Feliz Natal, onde a atividade madeireira 
representa 70% da economia local, a população teve a oportunidade de participar de 
cursos sobre a utilização de resíduos de madeira, o que possibilitou nova fonte de 
renda para famílias e redução no número de resíduos produzidos na cidade. 
 
 
Fotografia 17 – Comunidade de Feliz Natal 
Fonte: Site da Prefeitura de Feliz Natal. 
 
A parte mais interessante da maioria desses projetos é o envolvimento social, 
transformando a vida de uma comunidade, promovendo o desenvolvimento 
econômico e criando a consciência ecológica que tanto se almeja. 
 
No estado do Paraná, foi criado o “SP5 - Sobras de Produção Pertinentes e 
Permanentes ao Pedido Padrão de Mercado”, que consiste em uma nova tecnologia 
ligada ao aproveitamento de resíduos de madeira, que promete gerar novos 
 
 
35 
investimentos e empregos. O projeto prevê a criação de painéis decorativos para a 
construção civil, arquitetura, setor de móveis e de decoração, entre outros. 
 
Na cidade de Serra (ES), a artesã Isabela Castello, preocupada com a 
sustentabilidade ambiental, utiliza sobras de Lyptus - madeira certificada, na criação 
de quadros, esculturas e objetos, explorando as possibilidades de montagens a 
partir de formas geométricas. 
 
 
 
 
Fotografia 18 – Mandala Ecológica Fotografia 19 – Varetas Fotografia 20 – Caixa Fendas 
Fonte: Site de Isabela Castello 
 
As imagens acima são alguns trabalhos de Isabela Castello. A fotografia 18 é uma 
mandala ecológica feita com isopor e serragem. Já a fotografia 19, batizada como 
Varetas, foi feita com papel couché e serragem. E, por último temos a Caixa Fendas 
(Fotografia 20), feita a partir do reaproveitamento de réguas de madeira 
descartadas. 
 
Seguindo a idéia da sustentabilidade, Ettel Carmona, designer autodidata, fabrica 
desde 1999 em sua empresa Etel Interiores, na cidade de São Paulo, móveis de 
madeira de manejo florestal na região amazônica. Alguns de seus produtos são 
mundialmente conhecidos e com grande destaque no cenário brasileiro do Design. 
 
 
Fotografia 21 – Banco Ola Fotografia 22 – Carro de Chá Pojuca Fotografia 23 – Divã Carro de Boi 
Fonte: Site Etel Interiores 
 
 
 
36 
4 BRINQUEDOS INFANTIS PEDAGÓGICOS 
 
Os brinquedos em geral permitem que as crianças tenham ótimas experiências, 
tanto no seu desenvolvimento cognitivo, quanto em aprendizados para atividades 
escolares e convívio social. Leite et al. (2005, p. 13) afirmam que: “[...] Toda criança 
brinca, e ao brincar, ocorrem importantes mudanças e transformações em seu 
desenvolvimento psicossocial, emocional, intelectual, cognitivo e motor”. Muitas 
vezes, através das brincadeiras e de suas fantasias, as crianças têm a possibilidade 
de contornar desafios e problemas, que se encarados na realidade não 
conseguiriam, elas tomam coragem, correm riscos e, até se sentem como super-
heróis. 
 
Os brinquedos pedagógicos são brinquedos educativos, cujo objetivo é promover o 
desenvolvimento e o aprendizado em qualquer faixa etária, principalmente para as 
crianças. Segundo o Serviço Brasileiro de Respostas Técnicas (SBRT), esse tipo de 
brinquedo se sobressai por fazer a criança aprender em forma de lazer, despertando 
seu interesse pelas formas, cores, relações de grandeza e pelo incentivo de sua 
intuição à harmonia e para a simetria entre as peças. 
 
De acordo com Cunha (apud RAMALHO, 2000, p. 109), 
 
O brinquedo pedagógico é o objeto que supre as necessidades da criança 
no momento de sua utilização. Todo brinquedo pode ser considerado 
pedagógico, conforme a situação em que é utilizado. Um brinquedo 
educativo pode deixar de sê-lo em certas situações, pois o seu valor está 
diretamente relacionado ao interesse da criança, ou seja, ao que nela 
desperta. O brinquedo pedagógico possibilita a satisfação da criança no 
final da atividade, quando o objetivo é alcançado, entretanto, o brinquedo 
simbólico propicia o prazer de brincar no transcorrer da atividade. O 
brinquedo pedagógico é um bom meio para enfrentar desafios e a criança 
gosta de desafios e busca sempre superar-se. 
 
Os brinquedos educativos são ideais para alfabetização, coordenação motora, 
percepção visual e tátil, reconhecimento de cores (SBRT, 2006). Embora, a palavra 
brinquedo esteja associada às crianças, muitos brinquedos pedagógicos são usados 
para a recuperação de pessoas que sofreram algum tipo de dano cerebral, 
empresas os utilizam também em treinamentos de funcionários, etc. Para o SBRT 
(2006, p. 02): 
 
 
37 
Os brinquedos pedagógicos podem ser desenvolvidos em linhas para 
alfabetização, coordenação motora, quebra-cabeças, percepção visual e 
táctil, reconhecimento de cores. É importante salientar que os brinquedos 
educacionais costumam ter cores e formas geométricas diferentes, para 
propiciar à criança o desenvolvimento dos sentidos, da coordenação, do 
conhecimento de formas, cores e até o aprendizado dos números. 
[...] 
De qualquer modo, a variedade no colorido, na forma e na textura irá 
contribuir para a estimulação sensorial da criança, enriquecendo suas 
experiências. 
[...] 
 
Como exemplo de brinquedos pedagógicos temos o quebra-cabeça, que ensina as 
formas e cores. Temos também os brinquedos de tabuleiro, que aprimoram a 
compreensão dos números e das operações matemáticas. Já os brinquedos de 
encaixe dão a noção de seqüência, formas e tamanhos. Enquanto os móbiles 
utilizam-se da percepção visual, sonora ou motora, etc. Todos esses brinquedos 
citados são aproveitados em situações psicopedagógicas com finalidade de ensino-
aprendizagem e desenvolvimento infantil na medida em que proporcionam o 
desenvolvimento da cognição, afetividade, corpo e interações sociais (RAMALHO, 
2000). 
 
 
 
Fotografia 24 – Trenzinho Educativo Fotografia 25 – Ábaco Fotografia 26 – Blocos de Montar 
Fonte: Pedagogia do Viver 
 
Os brinquedos pedagógicos, paraas crianças, assumem a função lúdica enquanto 
propiciam diversão e prazer, e em relação à função educativa, tal brinquedo produz 
a apreensão do mundo, completando o sujeito em seu saber e conhecimento. No 
caso do brinquedo proposto, além dessas funções há a questão ambiental, haja 
vista que, 
 
Um material aparentemente inútil, poderá se transformar em um brinquedo 
bonito e de utilidade ao aprendizado infantil. [...] Além disto, a confecção de 
brinquedos a partir da utilização de material descartável, é uma maneira de 
viabilizar uma mudança de valores, uma mudança de postura sob o ponto 
de vista de preservação ambiental (RAMALHO, 2000, p. 112). 
 
 
38 
4.1 O ATO DE BRINCAR 
 
O ato de brincar é uma atividade natural das crianças, é sinônimo de criatividade e 
liberdade. Na brincadeira tudo é válido, fantasias, mentiras, sonhos, desejos. É por 
meio das atividades lúdicas que as crianças aprendem a lidar com seus sentimentos, 
aprendem também a errar e aprender com o erro. Transformam a realidade de 
acordo com a imaginação, aliviando suas frustrações, medos e tensões, gerados 
pela nova realidade das crianças. Pois, poucas têm a possibilidade de brincar 
diariamente, já que desde os seus primeiros meses de vida são matriculadas em 
centros de educação infantil, onde permanecem por um período integral, retornando 
para suas casas somente no final do dia. Quando estão na idade da pré-escolar, 
além das aulas normais, as crianças ainda realizam outras atividades 
extracurriculares, como judô, natação, línguas estrangeiras, etc. tudo isso pode gerar 
uma fadiga física e mental e conseqüentemente, um grande distúrbio emocional. 
 
Segundo Ramalho (2000, p. 61), 
 
O comportamento da criança tem ligação direta com as situações reais em 
que vive. Na brincadeira do faz-de-conta a situação é estabelecida pelo 
significado da brincadeira e não pelos objetos ou pessoas. Por exemplo, 
uma criança brincando com um pedaço de madeira dizendo ser um avião. 
Nesse momento, ela estará relacionando o significado, ou seja, a idéia de 
avião e não o objeto que está em suas mãos (pedaço de madeira). O 
pedaço de madeira funciona como uma representação de uma realidade 
não presente, auxiliando na separação objeto e significado. A representação 
constitui-se num passo importante do percurso que levará a criança a 
desvincular-se de situações totalmente concretas. Neste momento, o 
imaginário da criança estará mais presente do que a própria realidade. 
 
Através da brincadeira as crianças mantêm uma relação social e emocional em 
diferentes níveis com as pessoas a sua volta. Desde recém-nascido, o bebê 
estabelece uma relação lúdica com as pessoas. Em um primeiro momento com seus 
pais, ou parentes mais próximos, que brincam com ele, estimulando os sentidos que 
compõem sua ligação com o mundo. E, posteriormente com seu próprio corpo. 
 
Passado algum tempo, a criança começa a se interessar pelos objetos, brincando 
sozinha. Em seguida, consegue brincar junto com outras crianças, aprendendo 
desta forma, a se relacionar, a compartilhar, a se comunicar e a expressar suas 
 
 
39 
idéias e sentimentos. Desenvolvendo também o raciocínio, a linguagem e a 
criatividade. Nessas brincadeiras, as crianças criam suas próprias normas, válidas 
apenas para os momentos de brincadeira e para aqueles que nela estão envolvidos. 
Além disso, aprendem a conhecer umas às outras, e se autoconhecerem, 
descobrindo suas capacidades e seus limites. 
 
É a partir dos primeiros meses de vida que o bebê tem sua percepção sensorial 
estimulada por meio de chocalhos, mordedores, móbiles musicais. Mais tarde, é 
realizado o desenvolvimento de sua afetividade, através de bonecos e bonecas. Os 
brinquedos como carrinhos, blocos de montar e de encaixe propõem desafios, e 
trabalham a coordenação motora. Já as miniaturas de objetos desenvolvem a 
imaginação, auxiliando a criança a representar e dramatizar cenas do dia-a-dia. Para 
as crianças já na fase escolar, entram os jogos de sociedade, que exercitam o 
raciocínio e a concentração, e promovem a socialização (ZATZ; ZATZ; HALABAN, 
2006). 
 
Para Vygotsky (2007), 
 
[...] além de ser uma situação imaginária, o brinquedo é também uma 
atividade regida por regras. Mesmo no universo do ”faz-de-conta” há regras 
que devem ser seguidas. Numa brincadeira de “escolinha”, por exemplo, 
tem que haver alunos e uma professora, e as atividades a serem 
desenvolvidas têm uma correspondência preestabelecida com aqueles que 
ocorrem numa escola real. Não é qualquer comportamento, portanto, que é 
aceitável no âmbito de uma dada brincadeira. 
 
O ato de brincar é extremamente importante nas atividades educacionais. É uma 
atividade que possibilita o desenvolvimento infantil de forma prazerosa, que ao ser 
explorada no processo educativo assume um papel didático. Cabe aos brinquedos a 
capacidade de desenvolver a percepção infantil em relação às formas, cores, 
significados. Desenvolvendo inclusive, a capacidade de definição funcional dos 
objetos e conceitos. 
 
Através de jogos e brincadeiras, a criança consegue realizar inúmeras associações e 
conhecimentos, que possibilitam a construção do saber e de conceitos das mais 
diversas áreas. Além do desenvolvimento dos processos psíquicos, dos 
 
 
40 
movimentos, da linguagem, da narrativa, a criança assimila papéis e constrói uma 
compreensão das relações afetivas que ocorrem em seu meio. 
 
 
4.2 A IMPORTÂNCIA DO BRINQUEDO NA EDUCAÇÃO INFANTIL 
 
Como vimos no tópico anterior, brinquedo é significado de diversão e prazer para as 
crianças. Entretanto, ele possibilita também o aprendizado, estimula a imaginação, 
desenvolve a criatividade, o raciocínio e coordenação motora. Inclusive, possibilita à 
criança o desenvolvimento de novos conhecimentos e a socialização com as 
pessoas que o cercam. 
 
De acordo com Kahl, Lima e Gomes (2007, p. 02), 
 
A brincadeira, em seu todo, é um período de aprendizagem significativa 
para a criança, independente de onde ocorra. Na escola, mais precisamente 
nas Séries Iniciais, o trabalho com o lúdico pode ser feito de forma a 
reconhecer as questões da infância, despertando interesses, e como 
tentativa de estudar os assuntos de modo mais agradável. Torna-se 
importante tais atividades, também porque são novas possibilidades, para 
aqueles alunos com mais dificuldades de aprendizagem, de apreensão do 
conteúdo. 
 
Para a professora Nylse Helena da Silva Cunha, presidente da Associação Brasileira 
de Brinquedotecas, “[...] alimentar a inteligência e a criatividade da criança com a 
brincadeira é tão importante quanto alimentar o corpo com comida, quando as 
crianças brincam em grupo, aprendem a pedir emprestado e a respeitar os outros” 
(BRASIL, 2005, p. 01). 
 
Os brinquedos são recursos didáticos de grande aplicação e valor no processo 
ensino-aprendizagem. A atividade escolar deve ser uma forma de lazer e de trabalho 
para as crianças com idade pré-escolar. Os conteúdos das aulas podem ser 
ministrados através de brincadeiras, que deverão ter sempre objetivos didático-
pedagógicos, propiciando o desenvolvimento integral do educando. O brinquedo 
estimula a inteligência porque faz com que a criança solte sua imaginação e 
desenvolva a criatividade possibilitando o exercício de concentração, de atenção e 
 
 
41 
de engajamento. É um convite a brincadeira, proporcionando desafios e motivação 
(FALCÃO; RAMOS, 2002). 
 
Contudo, a brincadeira por si só, não contribui muito para a aprendizagem. O 
processo de aprender inclui o ato, a sua reflexão e a sistematização do 
conhecimento. O ato de brincar deve ser parte integrante do processo educativo, 
haja vista que outras atividades precisam estar presentes no planejamento escolar. 
Em outras palavras, a atividade lúdica apresenta-se como uma alternativa para 
repensar as relações de ensino-aprendizagem, enquanto brinca, a criança 
desenvolve a iniciativa,a imaginação, o raciocínio, a memória, a atenção, a 
curiosidade e o interesse, concentrando-se por um longo período em uma atividade 
somente (LIMA, 1992). 
 
Segundo Vygotsky (apud FALCÃO; RAMOS, 2002, p. 19), brincar proporciona o 
desenvolvimento de aspectos específicos de personalidade, tais como: 
 
� Afetividade: tanto bonecas, ursinhos, etc, como brinquedos que favoreçam a 
dramatização de situações de vida adulta, equacionam problemas afetivos da 
criança; 
 
� Motricidade: a motricidade fina e ampla se desenvolve através de brinquedos 
como brincadeiras, bolas, chocalhos, jogos de encaixe e de empilhar, etc; 
 
� Inteligência: o raciocínio lógico-abstrato evolui através de jogos tipo quebra – 
cabeça, construção, estratégia etc; 
 
� Sociabilidade: a criança aprende a situar-se entre as outras, a se comunicar e a 
interagir através de todo tipo de brinquedo; 
 
� Criatividade: desenvolve-se através de brinquedo como oficina, marionetes, 
jogos de montar, disfarces, instrumentos musicais etc. 
 
 
 
42 
No caso do brinquedo proposto pelo presente estudo, que consiste em blocos de 
madeiras coloridos para montar, empilhar, construir, etc, quase todos os aspectos 
acima serão desenvolvidos, com exceção da afetividade. 
 
Os blocos de montar ou blocos de construção foram desenvolvidos pelo educador 
alemão Friedrich Froebel, fundador do jardim-de-infância. Atualmente, muitos 
brinquedos de montar são baseados no conceito do educador alemão, que 
considerava o início da infância como uma fase decisiva à formação das pessoas, e 
tinha as brincadeiras como o primeiro recurso à aprendizagem. Para Froebel, brincar 
com blocos é uma experiência muito rica ao desenvolvimento e o aprendizado das 
crianças, pois as ajuda a expandir a criatividade, e fazem com que elas assumam 
papéis de construtores, engenheiros e planejadores mirins. 
 
 
 
. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
43 
5 DESENVOLVIMENTO DO PRODUTO 
 
A metodologia de projeto utilizada é baseada em Löbach. Tal processo possui as 
seguintes fases: análise do problema, geração de alternativas, avaliação das 
alternativas e realização da solução do problema. 
Na primeira fase do projeto, que é a Análise do Problema, é realizado um 
levantamento de dados englobando todas as informações pertinentes ao produto a 
ser projetado, essas informações são obtidas de material teórico, a partir de 
pesquisas bibliográficas e de campo. O objetivo dessa fase é obter todos os dados 
necessários sobre a problemática envolvida em torno do desenvolvimento do 
produto (público e mercado alvo, concorrentes, processos de fabricação, análise da 
necessidade, etc), e então definir as metas do projeto. 
Já a segunda fase, Geração de Alternativas, é a etapa em que as idéias são 
produzidas com base nas análises realizadas. Então são formuladas algumas 
opções a fim de solucionar o problema, no caso deste projeto foram criadas duas 
hipóteses, que mais tarde, na fase de Avaliação das Alternativas, foram estudadas e 
analisadas. 
Na terceira fase, as alternativas são comparadas entre si e a que atender melhor aos 
critérios definidos nos objetivos e conceitos do produto será a hipótese é escolhida. 
Na fase final, denominada Realização da Solução do Problema, são realizados os 
últimos retoques e a hipótese é aperfeiçoada. Algumas vezes, o resultado poderá 
ser uma combinação das melhores características encontradas nas alternativas que 
não foram adotadas. Após esse aperfeiçoamento são feitos os desenhos técnicos, 
renderings, especificação de materiais e cores, etc. E, só então o produto é levado à 
linha de produção e à experimentação junto ao seu usuário. 
 
 
 
 
 
 
44 
5.1 LEVANTAMENTO DE DADOS 
 
 
5.1.1 Público alvo 
 
Alunos da rede pública municipal de ensino, com a faixa etária entre 04 (quatro) a 05 
(cinco) anos de idade, pertencente às classes C e D. 
 
 
5.1.2 Mercado alvo 
 
O mercado de brinquedos infantis é muito amplo, segundo a Associação Brasileira 
dos Fabricantes de Brinquedos (ABRINQ), é um dos setores mais dinâmicos em 
termos de criação, uma vez que as novidades impulsionam as vendas e a procura 
do novo é uma constante por parte do consumidor. 
 
A indústria de brinquedos instalada no Brasil é formada basicamente por pequenas e 
médias empresas e tem se caracterizado pela verticalização de seus processos 
produtivos e especialização no atendimento ao mercado interno. Os principais 
fornecedores da indústria de brinquedos no Brasil são Estrela, Mattel, Fisher Price, 
Sunny, DTC, Grow, Dican, Candide, Xalingo, etc. Segundo dados da Associação 
Brasileira de Brinquedos Educativos (ABRINE), desde 2004 o setor cresceu cerca de 
300% e deve continuar crescendo. Além disso, a participação no mercado passou 
de 5% para 20%. 
 
 
Figura 30 – Bate Bola Figura 31 – Montanha Russa Figura 32 – Tangram 
Fonte: Site da Grow 
 
 
45 
As empresas mais conhecidas nacionalmente no mercado de brinquedos educativos 
de madeira são a Xalingo S/A Indústria e Comércio, e a Grow. Todavia, há áreas 
novas do mercado ligadas à puericultura que estão se desenvolvendo, isso engloba 
todos dos brinquedos destinados a assegurar o crescimento e pleno 
desenvolvimento orgânico e psíquico da criança, tais como livros, jogos, CD’s e 
DVD’s infantis educativos. Os consumidores mais comuns desse tipo de produto são 
as escolas, clínicas pediátricas, empresas da área promocional e didática, papelarias 
e outros. 
 
 
Fotografia 27 – Tangran Fotografia 28 – Engenheiro Fotografia 29 – Multi Blocks 
Fonte: Site da Xalingo 
 
Por sua versatilidade e diversidade, os brinquedos pedagógicos são aplicáveis a 
campanhas publicitárias, eventos, congressos, feiras, exposições e campanhas 
educativas. Esse tipo de produto pode ser aproveitado por um longo tempo e por 
mais de uma criança, além de exercer uma influência no desenvolvimento intelectual 
da criança. 
 
O produto proposto tem como objetivo doar os Blocos de Montar ao Centro 
Municipal de Educação Infantil “Jacaraípe”, suprindo sua carência de brinquedos. 
Tendo em vista que não existe uma brinquedoteca no CMEI, e os brinquedos que 
são fornecidos pela Prefeitura Municipal de Serra não são suficientes para atender à 
demanda dos Centros de Educação Infantil do Município. Contudo, o produto está 
pronto para ser inserido no mercado. 
 
 
 
 
46 
5.2 ANÁLISE DO PROBLEMA 
 
 
5.2.1 Análise da necessidade 
 
Reaproveitar os resíduos gerados pelas marcenarias de pequeno porte, 
transformando-os em Blocos de Montar, que serão destinados ao Centro Municipal 
de Educação Infantil “Jacaraípe”, com objetivo de suprir a carência de brinquedos 
educativos que tal instituição possui. Tendo em vista que os brinquedos fornecidos 
pela Prefeitura não são suficientes e a escola depende de doações para suprir tais 
necessidades. 
 
 
5.2.2 Análise da função (prática) 
 
A principal função dos Blocos de Montar é o desenvolvimento da motricidade, 
inteligência, sociabilidade e criatividade das crianças. 
 
 
5.2.3 Análise da configuração (estética) 
 
O brinquedo terá formas diversas e com quatro cores diferentes (amarelo, vermelho, 
verde e azul). 
 
 
5.2.4 Análise estrutural 
 
A estrutura do brinquedo será definida pelo próprio resíduo, poderá ser em formato 
de cubos, paralelepípedos, pirâmides, trapézios, etc, depende de como o 
marceneiro cortou a peça principal que deu origem ao resíduo. 
 
 
 
 
47 
5.2.5 Patentes, legislação e normas 
 
Todos os brinquedos infantis devem cumprir normas técnicas específicas, 
determinadas pela ABNT. As normas a serem observadas são: 
 
� ABRNM 300-1/2004: Segurança de brinquedos - Parte 1: Propriedades gerais, 
mecânicas e físicas; 
 
� ABRNM 300-2/2004: Segurança de brinquedos - Parte 2: Inflamabilidade; 
 
� ABRNM 300-3/2004: Segurança de brinquedos - Parte 3: Migração de certos

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