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Telejornalismo Imersivo

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Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação 
41º Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – Joinville - SC – 2 a 8/09/2018 
 
 1 
 
 
 
 
 
 
 
Narrativas Imersivas no Telejornalismo: Experiências e Limites1 
 
Edna de Mello SILVA2 
Universidade Federal de São Paulo, São Paulo, SP 
 
 
RESUMO 
 
A Realidade Virtual (VR) como potencializadora de imersão tem sido explorada em 
narrativas não-ficcionais principalmente no ambiente do ciberjornalismo. A proposta 
deste artigo é discutir como as narrativas imersivas são utilizadas no âmbito do 
telejornalismo, explorando suas principais características e formas de produção. Os 
procedimentos metodológicos incluem a revisão de literatura com o estudo das correntes 
teóricas e conceituais, bem como a análise de conteúdo do corpus analisado, cujo recorte 
inclui experiências de programas telejornalísticos nacionais e estrangeiros. Os resultados 
apontam para o debate sobre os limites e possibilidades da narrativa imersiva como 
marcas da inovação no jornalismo. 
 
PALAVRAS-CHAVE: telejornalismo; imersão; realidade virtual; realidade aumentada; 
narrativas imersivas. 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
A emergência das tecnologias digitais suscitou mudanças importantes nas rotinas 
de produção e de consumo das informações jornalísticas. Inseridas no contexto da 
cibercultura, as empresas jornalísticas iniciaram um processo de experimentação de 
novos formatos para apresentação de notícias e de incorporação de novas linguagens 
narrativas. Neste cenário, com a popularização dos smartphones e dos tablets a 
incorporação destas ferramentas na apuração, na produção e na distribuição de conteúdos 
jornalísticos tem sido constante. Essas mudanças estruturais influenciam também a forma 
como os espectadores recebem as informações ancoradas nos produtos 
 
1 Trabalho apresentado no GP Telejornalismo, XVIII Encontro dos Grupos de Pesquisas em Comunicação, evento 
componente do 41º Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação. 
 
2 Docente do Curso de Design Educacional da UNIFESP, docente colaboradora do PPGCOM/UFT, coordenadora do 
GP Telejornalismo. E-mail: prof.ednamello@gmail.com. 
 
mailto:prof.ednamello@gmail.com
 
Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação 
41º Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – Joinville - SC – 2 a 8/09/2018 
 
 2 
 
audiovisuais, como é o caso do jornalismo televisivo. Uma proposta concernente a esse 
novo contexto relaciona-se ao uso da realidade aumentada e da realidade virtual como 
narrativas imersivas, que no telejornalismo se apresenta como elementos capazes de 
potencializar a relação com o telespectador ao ampliar os limites da tela e diminuir a 
distância com o fato. 
Diante desta problematização, este artigo busca compreender de que forma as 
empresas de televisão, em seus programas jornalísticos, têm empregado esses novos 
formatos e o que essas linguagens podem oferecer ao telespectador enquanto narrativas 
imersivas. Para tanto, o estudo se articula com a revisão de literatura em torno dos 
conceitos de Jornalismo Imersivo, de Realidade Virtual e de Realidade Aumentada que 
compõem o estrato das narrativas imersivas no jornalismo televisivo. A partir daí, 
elencou-se uma lista das empresas midiáticas de referência nacional e internacional que 
no período de 2014 a 2018 apresentaram conteúdos com técnicas de vídeos 360 graus ou 
mencionaram elementos de jornalismo imersivo. Como parte da pesquisa empírica, 
apresenta-se a análise de experiências de uso destas linguagens em noticiários 
jornalísticos televisivos, destacando as primeiras experiências de produções das 
emissoras CNN (EUA), BBC (Inglaterra), Record TV e SBT (Brasil) com narrativas 
imersivas. No decorrer do trabalho exploramos as dimensões conceituais das propostas e 
trazemos elementos sobre os usos e limites aplicados à produção e ao consumo de 
produtos jornalísticos televisivos, tendo em vista a experiência do telespectador. 
 
Jornalismo imersivo: um conceito em construção 
 
Para falarmos de jornalismo imersivo temos que citar os trabalhos realizados por 
De la Peña et al (2010, p. 291) que cunhou o conceito relacionando-o a uma produção de 
notícias num formato no qual as pessoas poderiam obter experiências em primeira pessoa 
em eventos ou situações descritas em narrativas jornalísticas. 
 
A ideia fundamental do jornalismo imersivo é permitir que o participante 
realmente entre em um cenário criado para representar a notícia. [...] O 
participante pode entrar na história em uma das várias formas: como si mesmo, 
um visitante que ganha acesso em primeira mão para uma versão virtual da 
locação onde a história está ocorrendo, ou por meio da perspectiva de um 
personagem implicado na notícia. Seja visitando o espaço como a si mesmo ou 
 
Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação 
41º Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – Joinville - SC – 2 a 8/09/2018 
 
 3 
como um sujeito na narrativa, o participante vivencia uma experiência sem 
precedentes com imagens e sons, e possivelmente, os sentimentos e emoções que 
acompanham as notícias. (DE la PEÑA, 2010, p. 292). 
 
 
 Nas experiências de De la Peña (2012), a sensação de imersão era provocada por 
meio da participação do espectador/jogador num cenário de representação digital animada 
em 3D, onde o espectador era representado por um avatar digital, obtendo o ponto de vista 
do mundo à sua volta pelos olhos desse avatar, embora os movimentos sejam de seu corpo 
real. Um dos projetos da jornalista, Hunger in Los Angeles, foi exibido no Festival 
Sundance de Cinema, em 2012, obtendo boa receptividade do público. Hunger apresenta 
um cenário em animação digital em que o participante presencia o momento em que um 
homem passa mal numa fila de distribuição de alimentos na cidade americana de Los 
Angeles, Califórnia. Os espectadores “participantes” “entram” na narrativa como 
espectadores interagindo com a cena, após colocarem um dispositivo com visor e fones 
de ouvido (fig. 1). 
Fig. 1 – Captura de tela de um trecho de Hunger in Los Angeles 
 
Fonte: Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=SSLG8auUZKc>. Acesso em 21 jun 2017. 
 
 Para Seijó et al (2018, p. 63) a narrativa imersiva baseia-se tanto nas técnicas de 
realidade virtual e de gravação de vídeos em 360º, recursos estes que combinados ou 
independentes entre si, permitem produzir produtos de não ficção que envolvem o recptor 
num cenário virtual em que ele pode interagir em tempo real. Os autores destacam que 
estas técnicas têm transformado por completo as narrativas jornalísticas e não ficcionais. 
“Nos casos de produtos gravados em 360 graus ou de produções tridimensionais com 
https://www.youtube.com/watch?v=SSLG8auUZKc
 
Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação 
41º Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – Joinville - SC – 2 a 8/09/2018 
 
 4 
realidade virtual, a chave é a ilusão ou sensação de presença física do receptor num mundo 
narrativo” (tradução nossa). 
 Domínguez diferencia o ‘jornalismo de imersão’ do jornalismo imersivo. Para a 
autora, a imersão no jornalismo é uma prática de investigação do repórter, fundamental 
para o relato da notícia. Com essa técnica o repórter se aprofunda nos temas que pretende 
reportar, ganha a confiança das fontes, de forma a vivenciar uma imersão naquela 
realidade. Já no jornalismo imersivo digital para conseguir a sensação de imersão nos 
novos formatos de notícias passa pela integração da potência visual da interface com a 
possibilidade de interagir com o relato. Diz ela: 
 A interação com a tela está implícita em qualquer atividade que se faça com o 
computador, posto que a execução das ações implica mover a seta e clicar com o 
mouse. Mas a açãono jornalismo imersivo tem uma matriz qualitativa porque 
está associada à experimentação da história. Por este motivo, a interação não é 
meramente funcional e sim, narrativa. (DOMÍNGUEZ, 2013, p. 78) 
 
Os jornais impressos foram os primeiros a investir no jornalismo imersivo. O 
diário Des Moines Register, da cidade de Des Moines, Iowa (EUA) lançou em 22 de 
setembro de 2014 o primeiro vídeo imersivo com câmeras 360º para ser acessado em seu 
site, Harvest of Change, reportando a vida numa comunidade rural que convive com os 
desafios da agricultura num país tecnológico. 
Fig. 2 – Captura de tela do site do Jornal Des Moines Register da reportagem “Harvest of Change” 
 
Fonte: Disponível em: < https://www.desmoinesregister.com/pages/interactives/harvest-of-change/>. 
Acesso em 24 jun 2018. 
 
https://www.desmoinesregister.com/pages/interactives/harvest-of-change/
 
Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação 
41º Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – Joinville - SC – 2 a 8/09/2018 
 
 5 
 
A partir dessa iniciativa várias empresas de comunicação começaram a investir 
em conteúdos imersivos, oferecendo produções especiais para seus leitores e 
telespectadores de forma complementar a seus conteúdos específicos, num contexto 
transmidiático. 
 
Quadro 1 – Estreia do JI nas empesas de comunicação 
 
 Fonte: SEIJO, 2016, p. 415. 
 
Da mesma forma, no contexto brasileiro as empresas de comunicação passaram a 
diversificar e produzir projetos em que, principalmente, o vídeo 360 º ganhava destaque, 
sendo apresentado como paradigma da realidade virtual. 
 
Quadro 2 – Estreia do JI nas empresas brasileiras 
Globo 04 de dezembro de 2015 
 Record 24 de julho de 2016 
 Band 22 de agosto de 2016 
 Estadão 06 de dezembro de 2016 
 Diário de Pernambuco 24 de fevereiro de 2017 
 Folha 07 de março de 2017 
 SBT 04 de maio de 2017 
 Rede TV 28 de junho de 2017 
 UOL 24 de outubro de 2017 
 
 Fonte: Elaboração Própria 
 
Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação 
41º Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – Joinville - SC – 2 a 8/09/2018 
 
 6 
 
 
Formatos do Jornalismo Imersivo: a Realidade Virtual e a Realidade Aumentada 
 
 
Em termos gerais, podemos entender a realidade virtual como um cenário 
construído digitalmente que permite ao usuário acompanhar uma ação como se fosse 
espectador ou personagem da narrativa. Para Kirner e Siscoutto (2007, p.4), a realidade 
virtual se constitui como “uma nova geração de interface, usando representações 
tridimensionais mais próximas da realidade do usuário, que permite romper a barreira da 
tela, além de possibilitar interações mais naturais.” 
Neste contexto, os vídeos 360 graus representam uma nova fase desse cenário ao 
permitir a exploração do ambiente em que as imagens foram gravadas de maneira a 
possibilitar ao espectador uma visão além da tela convencional. Nesta experiência, o 
receptor por sua própria iniciativa pode escolher quais caminhos seguir espacialmente, 
explorando novas dimensões da imagem apresentada, apesar desse roteiro ter sido 
previamente capturado por uma câmera. A ampliação dos ângulos de imagens 
possibilitada pelos vídeos 360º torna-se possível em virtude das imagens capturadas 
serem sobrepostas num continuum indo além das possibilidades das antigas fotografias 
panorâmicas. Ângulos inusitados como os detalhes do teto de um teatro, a plateia de um 
show, as pessoas atrás do cinegrafista, diferentes imagens podem ser exploradas pelos 
espectador, oferecendo a sensação de presença e de autonomia, diferente das reportagens 
tradicionais em que o enquadramento escolhido pelo cinegrafista define o que se pode ver 
na tela. 
O formato do vídeo de 360º é o produto imersivo que tem sido mais ofertado pelos 
canais de comunicação, seja em forma de reportagens ou de transmissões ao vivo. Como 
sua produção é de relativo baixo custo, bastando apenas substituir a câmera tradicional 
pelo novo equipamento e editar as imagens com softwares apropriados ou simplesmente 
fazer a transmissão em tempo real, os vídeos 360 º vêm sendo apresentados como 
produtos de jornalismo imersivo relacionados à realidade virtual. 
O outro formato de realidade virtual utilizado pelo jornalismo são as 
representações digitais tridimensionais relacionadas a cenários ou acontecimentos 
noticiosos, podendo contar com depoimentos e áudios reais, como por exemplo, a 
proposta de Nonny De la Peña, Hunger in L.A., mencionada anteriormente. Para Seijó et 
al (2018, p. 65), “a diferença fundamental entre ambos formatos se baseia em que os 
 
Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação 
41º Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – Joinville - SC – 2 a 8/09/2018 
 
 7 
 
produtos 360 graus permitem ao receptor ver tudo ao seu redor a partir de um ponto fixo, 
já nas representações tridimensionais o usuário pode interagir com o ambiente (tradução 
nossa)”. 
Já no caso da Realidade Aumentada, as construções imagéticas em diferentes 
dimensões são incorporadas ao mundo real, de forma a criar uma outra realidade. “Na 
prática, a realidade aumentada é uma apresentação de dados em sobreposição de dados 
em sobreposição ao mundo real, cujos elementos físicos são “aumentados” (ou 
acrescentados) por elementos produzidos por computador.” (ROCHA, 2017, p. 412). 
O usuário pode interagir com a realidade aumentada de forma multissensorial 
(audição, olfato, visão) em tempo real com o que lhe é apresentado. Na RA o cenário real 
e os objetos virtuais se mantém com a mesma configuração mesmo com a movimentação 
do usuário no ambiente real. Diante das múltiplas possibilidades de integração entre o 
ambiente real e a realidade virtual, Milgram et al. (1994) propuseram o “Reality-Virtuality 
Continuum”, representado pelo diagrama (fig.3), no qual temos nos extremos os 
ambientes exclusivamente real e exclusivamente real, entre eles, na interseção estaria a 
chamada Mixed Reality ou Realidade Mista, a realidade aumentada estaria mais próxima 
da realidade Mista. 
Fig. 3 – Diagrama de Milgram 
 
 Fonte: Milgram e Kishino. In: BRAGA, 2012. 
 
 No telejornalismo, a Realidade Aumentada tem sido utilizada principalmente nos 
cenários dos telejornais e nas revistas eletrônicas jornalísticas. Por meio de inserções de 
representações digitais tridimensionais, o telespectador assiste a objetos criados 
digitalmente no mesmo plano que os ambientes reais, como no caso do Jornal Nacional 
(fig. 4). 
 
 
Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação 
41º Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – Joinville - SC – 2 a 8/09/2018 
 
 8 
 
 
 Fig. 4 – Cenário do Jornal Nacional com Realidade Aumentada 
 
 Fonte: Captura de tela. Vídeo. Disponível em:https://www.youtube.com/watch?v=k32Dk_NfdfM&t=86s 
 
Consumo das produções de telejornalismo imersivo 
 
 Considerando que o telejornalismo é transmitido por aparelhos televisivos, as 
produções imersivas dependem de outros suportes para serem consumidas. Além disso, o 
consumo simultâneo de televisão e de recursos imersivos em outras plataformas pode 
dispersar a atenção do conteúdo informativo. 
 As produções de telejornalismo imersivo baseadas em vídeos 360º podem ser 
assistidas no computador, porém com limitações de navegação e de sensaçãode imersão. 
Já nos smartphones ou tablets alguns recursos podem ser agregados dependendo do 
modelo do equipamento ou do aplicativo. 
 Sem dúvida alguma, a sensação de imersão e de presença é mais intensificada com 
o uso de equipamentos como os óculos de Realidade Virtual ou do Google Cardboard. Já 
as produções de realidade aumentada, no caso do telejornalismo, podem ser vistas pela 
televisão. 
 
 
 
 
https://www.youtube.com/watch?v=k32Dk_NfdfM&t=86s
 
Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação 
41º Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – Joinville - SC – 2 a 8/09/2018 
 
 9 
 
 
 
Fig. 5 – Imagem vista por óculos de RV 
 
Fonte: Captura de tela. Running with France’s wild horses (CNN News) 
 
 
 
 
Procedimentos Metodológicos e análises 
 
 
 
 
 
 Nesta pesquisa, após a revisão de literatura por meio da pesquisa bibliográfica, 
estabelecemos os primeiros critérios para iniciar uma pesquisa exploratória nos sites das 
emissoras, redes sociais e notícias em jornais sobre a presença de conteúdos imersivos 
nas emissoras de televisão nacionais. O período estudado foi de julho de 2014, ano de 
início das primeiras experiências de jornalismo imersivo em outros países, a julho de 
2018, data atual. Desta forma, foi possível organizar todas as primeiras produções de 
telejornalismo imersivo relacionadas às cinco principais emissoras brasileiras: Globo, 
SBT, Record, Band e RedeTV! (fig.5). 
 A partir destes primeiros resultados, deu-se início à análise das produções de cada 
um dos programas jornalísticos televisivos com produções imersivas, elencando como 
categorias de análise: o tempo da produção, o formato de notícia jornalística adotado, os 
planos utilizados nas imagens, os detalhes do som e a plataforma onde a produção é 
disponibilizada ao telespectador, com base nas técnicas de Análise de Conteúdo (Bardin, 
1997). 
 
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 10 
 
No infográfico abaixo, relacionamos os temas e o ano de veiculação das primeiras 
produções de telejornalismo imersivo realizadas por emissoras de televisão brasileiras. 
 
 
Fig.5 – Infográfico 
 
 Fonte: Elaboração Própria 
 
A partir dos dados coletados foi possível inferir que as emissoras brasileiras 
iniciaram suas produções de telejornalismo imersivo pouco mais de um ano após as 
primeiras experiências estrangeiras. Para exemplificar as diferenças entre as iniciativas 
nacionais e de outros países escolhemos descrever neste trabalho exemplos de produções 
da CNN News (EUA), BBC News (Inglaterra), do SBT Brasil e do Domingo Espetacular 
(Record), que passamos a apresentar a seguir. 
 
 
 
Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação 
41º Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – Joinville - SC – 2 a 8/09/2018 
 
 11 
 
 
 
 
 
 
 
 
P
R
O
G
. 
T
ÍT
U
L
O
 
 
 
ÁUDIO 
 
IMAGEM 
 
PLATAFORMA 
 
TEMPO/ 
FORMATO 
 Running with France´s Wild Horses 
C
N
N
 N
E
W
S
 
 
Narração (off) 
Sonora (off) 
Trilha (BG e Sobe 
som) 
Plano Sequência 
Uso de Drones 
Plano Conjunto 
Vídeo 360º 
Aplicativo 
Portal 
2´21 
 
Nota 
Coberta 
Celebrate the Summer Solstice at Stonehence 
C
N
N
 
N
E
W
S
 
 
Narração (off) 
Som direto 
Trilha (BG e Sobe 
som) 
Grande Plano Geral 
Uso de Drones 
Vídeo 360º 
Aplicativo 
Portal 
01’34 
 
Nota 
Coberta 
Damming the Nile 
B
B
C
 N
E
W
S
 
 
Repórter (off) 
Som direto 
Trilha (BG e Sobe 
Som) 
 
Grande Plano Geral 
Plano Conjunto 
Drones 
Time Lapse 
Repórter sai da tela 
Portal 
YouTube 
Aplicativo 
12’33 
 
Reportagem 
Um Dia em Paraisópolis 
D
O
M
IN
G
O
 
E
S
P
E
T
A
C
U
L
A
R
 
Som Direto (BG) 
Sonora 
Trilha (Sobe som) 
Off (depoimento) 
Plano Geral 
Plano Conjunto 
Grafismo 
Câmera fica 
Vídeo 360º 
 
 
Facebook 
5’30 
 
Reportagem 
(como TV) 
 
 
 
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41º Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – Joinville - SC – 2 a 8/09/2018 
 
 12 
Fonte: Elaboração Própria 
 
 
Discussão dos resultados e considerações 
 
 A partir dos resultados encontrados na análise dos materiais foi possível inferir 
que no telejornalismo as produções imersivas são consumidas no processo transmidiático, 
uma vez que outras plataformas são utilizadas para a fruição dos vídeos. 
 Em termos de linguagem, a maioria dos vídeos 360º graus são produzidos com 
formatos jornalísticos televisivos, destacando-se a nota coberta e a reportagem como 
principais modelos. As imagens, mesmo consumidas sem óculos especiais, possuem mais 
detalhes do que os vídeos tradicionais, possibilitando ao espectador que explore ângulos 
diferentes do ambiente em que ocorre o acontecimento noticiado. O fato de oferecer novas 
possibilidades de exploração de imagens não significa diretamente que há mais 
informação. Algumas imagens oferecem detalhes visuais que não agregam valor à notícia, 
como no exemplo da reportagem sobre a comunidade de Paraisópolis em que poderia ser 
visto detalhes da rua, sem nenhuma informação a respeito. 
P
R
O
G
. 
T
ÍT
U
L
O
 
 
 
ÁUDIO 
 
IMAGEM 
 
PLATAFORMA 
 
TEMPO/ 
FORMATO 
O Maior Espetáculo da Terra 
D
O
M
IN
G
O
 
E
S
P
E
T
A
C
U
L
A
R
 
Som Direto (BG) 
Sonora 
Trilha (BG/Sobe 
som) 
Off (depoimento) 
 
Travelling 
Grande Plano Geral 
Plano Conjunto 
Câmera fixa 
Vídeo 360º 
 
 
 Facebook 
 
6’10 
 
 
Reportagem 
 
Batalha de Mossul (Iraque) 
S
B
T
 B
R
A
S
IL
 
 
Som Direto 
Sonora (Trad.off) 
Off (depoimento) 
Off Repórter 
 
Grafismo 
Câmera fixa 
Passagem 
Vídeo 360º 
 
 
 Facebook 
 
7’40 
Reportagem 
 
Realidade 
Mista 
 
Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação 
41º Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – Joinville - SC – 2 a 8/09/2018 
 
 13 
 
 Uma técnica que favoreceu o consumo do vídeo 360º foi utilizada pela BBC 
News. No vídeo o repórter saía do quadro durante ‘a passagem’, obrigando o espectador 
a experimentar outros ângulos da imagem a fim de acompanhar a narrativa. A todo 
momento, novos movimentos do repórter e dos entrevistados convidavam o espectador a 
explorar as novas possibilidades. 
 As produções nacionais são as que mais se assemelham aos formatos jornalísticos 
televisivos tradicionais. Aspectos como o enquadramento com câmera fixa, a narração 
em “off” do repórter e o registro do som direto são detalhes que fornecem mais 
legitimidade à narrativa informativa, no entanto deixam de despertar a impressão de que 
se trata de algo novo. 
 O tamanho dos vídeos também possibilita algumas interpretações. No caso da 
CNN News, as produções são sempre curtas, com imagens mais produzidas, no formato 
de mini-documentários. São vídeos que são marcados pelas informações visuais 
panorâmicas e a sensação de imersão é acentuada pelo uso de trilhas musicais. Há pouca 
informação relacionada à notícia como um todo, prevalecendo o conteúdo estético sobre 
o jornalístico. Já a BBC News aposta em vídeos longos, com riqueza de detalhes 
informativos, seja com inserção de elementos gráficos, com a presença de repórter em 
cena, uso de imagens produzidas por drones, num formato de reportagem em série. Em 
termos de recursos são as produções mais completas estudadas durante a coleta dos dados. 
 No caso das produções nacionais, o grande destaque são os vídeos do SBT Brasil. 
Os vídeos 360º estão integrados à reportagem tradicional, de forma que podem ser 
consumidos também na televisão, com a diferença de que nas outras plataformas os 
vídeos apresentarão mais detalhes. Desta forma, se mantéma audiência da televisão, 
oferecendo o mesmo conteúdo na outra plataforma. Podemos considerar que essas 
produções se aproximam da realidade mista, uma vez que mantém conjugados os dois 
universos. 
 Em relação ao acesso às produções imersivas do telejornalismo, a maioria delas 
são oferecidas nas plataformas de redes sociais em que o Facebook se destaca. O 
YouTube também é utilizado para oferecer esses conteúdos. No caso da CNN News e da 
BBC News são oferecidos também aplicativos especiais para o consumo das produções, 
o que não ocorre nas emissoras nacionais. Ressalta-se que o compartilhamento dos vídeos 
 
Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação 
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 14 
pelas redes sociais pode possibilitar o alcance de novas audiências e o engajamento maior 
do público. 
 
 Salientamos que esta pesquisa se encontra em andamento. O recorte apresentado 
neste artigo faz parte das primeiras leituras de análise do Corpus. Em trabalhos futuros 
esperamos aprofundar os aspectos narrativos das produções imersivas, a relação do 
telespectador com a experiência de imersão e os novos formatos de notícias inspirados 
pelas tecnologias de realidade aumentada e realidade virtual que estão estabelecendo este 
novo momento que nomeamos como fase do Telejornalismo Imersivo. 
 
REFERÊNCIAS 
BARDIN, Laurence. Análise de Conteúdo. Lisboa: Edições 70, 1977. 
 
BRAGA, Marta Cristina Goulart. Diretrizes para o design de mídias em realidade aumentada: 
situar a aprendizagem colaborativa online. Tese (doutorado). Universidade Federal de Santa 
Catarina. Programa de Pós-Graduação em Engenharia e Gestão do Conhecimento. Florianópolis, 
SC, 2012. 1 v. 
 
DE la PEÑA, N. et al. Immersive Journalism: Immersive Virtual Reality for the First-Person 
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