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Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação 41º Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – Joinville - SC – 2 a 8/09/2018 1 Narrativas Imersivas no Telejornalismo: Experiências e Limites1 Edna de Mello SILVA2 Universidade Federal de São Paulo, São Paulo, SP RESUMO A Realidade Virtual (VR) como potencializadora de imersão tem sido explorada em narrativas não-ficcionais principalmente no ambiente do ciberjornalismo. A proposta deste artigo é discutir como as narrativas imersivas são utilizadas no âmbito do telejornalismo, explorando suas principais características e formas de produção. Os procedimentos metodológicos incluem a revisão de literatura com o estudo das correntes teóricas e conceituais, bem como a análise de conteúdo do corpus analisado, cujo recorte inclui experiências de programas telejornalísticos nacionais e estrangeiros. Os resultados apontam para o debate sobre os limites e possibilidades da narrativa imersiva como marcas da inovação no jornalismo. PALAVRAS-CHAVE: telejornalismo; imersão; realidade virtual; realidade aumentada; narrativas imersivas. INTRODUÇÃO A emergência das tecnologias digitais suscitou mudanças importantes nas rotinas de produção e de consumo das informações jornalísticas. Inseridas no contexto da cibercultura, as empresas jornalísticas iniciaram um processo de experimentação de novos formatos para apresentação de notícias e de incorporação de novas linguagens narrativas. Neste cenário, com a popularização dos smartphones e dos tablets a incorporação destas ferramentas na apuração, na produção e na distribuição de conteúdos jornalísticos tem sido constante. Essas mudanças estruturais influenciam também a forma como os espectadores recebem as informações ancoradas nos produtos 1 Trabalho apresentado no GP Telejornalismo, XVIII Encontro dos Grupos de Pesquisas em Comunicação, evento componente do 41º Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação. 2 Docente do Curso de Design Educacional da UNIFESP, docente colaboradora do PPGCOM/UFT, coordenadora do GP Telejornalismo. E-mail: prof.ednamello@gmail.com. mailto:prof.ednamello@gmail.com Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação 41º Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – Joinville - SC – 2 a 8/09/2018 2 audiovisuais, como é o caso do jornalismo televisivo. Uma proposta concernente a esse novo contexto relaciona-se ao uso da realidade aumentada e da realidade virtual como narrativas imersivas, que no telejornalismo se apresenta como elementos capazes de potencializar a relação com o telespectador ao ampliar os limites da tela e diminuir a distância com o fato. Diante desta problematização, este artigo busca compreender de que forma as empresas de televisão, em seus programas jornalísticos, têm empregado esses novos formatos e o que essas linguagens podem oferecer ao telespectador enquanto narrativas imersivas. Para tanto, o estudo se articula com a revisão de literatura em torno dos conceitos de Jornalismo Imersivo, de Realidade Virtual e de Realidade Aumentada que compõem o estrato das narrativas imersivas no jornalismo televisivo. A partir daí, elencou-se uma lista das empresas midiáticas de referência nacional e internacional que no período de 2014 a 2018 apresentaram conteúdos com técnicas de vídeos 360 graus ou mencionaram elementos de jornalismo imersivo. Como parte da pesquisa empírica, apresenta-se a análise de experiências de uso destas linguagens em noticiários jornalísticos televisivos, destacando as primeiras experiências de produções das emissoras CNN (EUA), BBC (Inglaterra), Record TV e SBT (Brasil) com narrativas imersivas. No decorrer do trabalho exploramos as dimensões conceituais das propostas e trazemos elementos sobre os usos e limites aplicados à produção e ao consumo de produtos jornalísticos televisivos, tendo em vista a experiência do telespectador. Jornalismo imersivo: um conceito em construção Para falarmos de jornalismo imersivo temos que citar os trabalhos realizados por De la Peña et al (2010, p. 291) que cunhou o conceito relacionando-o a uma produção de notícias num formato no qual as pessoas poderiam obter experiências em primeira pessoa em eventos ou situações descritas em narrativas jornalísticas. A ideia fundamental do jornalismo imersivo é permitir que o participante realmente entre em um cenário criado para representar a notícia. [...] O participante pode entrar na história em uma das várias formas: como si mesmo, um visitante que ganha acesso em primeira mão para uma versão virtual da locação onde a história está ocorrendo, ou por meio da perspectiva de um personagem implicado na notícia. Seja visitando o espaço como a si mesmo ou Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação 41º Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – Joinville - SC – 2 a 8/09/2018 3 como um sujeito na narrativa, o participante vivencia uma experiência sem precedentes com imagens e sons, e possivelmente, os sentimentos e emoções que acompanham as notícias. (DE la PEÑA, 2010, p. 292). Nas experiências de De la Peña (2012), a sensação de imersão era provocada por meio da participação do espectador/jogador num cenário de representação digital animada em 3D, onde o espectador era representado por um avatar digital, obtendo o ponto de vista do mundo à sua volta pelos olhos desse avatar, embora os movimentos sejam de seu corpo real. Um dos projetos da jornalista, Hunger in Los Angeles, foi exibido no Festival Sundance de Cinema, em 2012, obtendo boa receptividade do público. Hunger apresenta um cenário em animação digital em que o participante presencia o momento em que um homem passa mal numa fila de distribuição de alimentos na cidade americana de Los Angeles, Califórnia. Os espectadores “participantes” “entram” na narrativa como espectadores interagindo com a cena, após colocarem um dispositivo com visor e fones de ouvido (fig. 1). Fig. 1 – Captura de tela de um trecho de Hunger in Los Angeles Fonte: Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=SSLG8auUZKc>. Acesso em 21 jun 2017. Para Seijó et al (2018, p. 63) a narrativa imersiva baseia-se tanto nas técnicas de realidade virtual e de gravação de vídeos em 360º, recursos estes que combinados ou independentes entre si, permitem produzir produtos de não ficção que envolvem o recptor num cenário virtual em que ele pode interagir em tempo real. Os autores destacam que estas técnicas têm transformado por completo as narrativas jornalísticas e não ficcionais. “Nos casos de produtos gravados em 360 graus ou de produções tridimensionais com https://www.youtube.com/watch?v=SSLG8auUZKc Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação 41º Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – Joinville - SC – 2 a 8/09/2018 4 realidade virtual, a chave é a ilusão ou sensação de presença física do receptor num mundo narrativo” (tradução nossa). Domínguez diferencia o ‘jornalismo de imersão’ do jornalismo imersivo. Para a autora, a imersão no jornalismo é uma prática de investigação do repórter, fundamental para o relato da notícia. Com essa técnica o repórter se aprofunda nos temas que pretende reportar, ganha a confiança das fontes, de forma a vivenciar uma imersão naquela realidade. Já no jornalismo imersivo digital para conseguir a sensação de imersão nos novos formatos de notícias passa pela integração da potência visual da interface com a possibilidade de interagir com o relato. Diz ela: A interação com a tela está implícita em qualquer atividade que se faça com o computador, posto que a execução das ações implica mover a seta e clicar com o mouse. Mas a açãono jornalismo imersivo tem uma matriz qualitativa porque está associada à experimentação da história. Por este motivo, a interação não é meramente funcional e sim, narrativa. (DOMÍNGUEZ, 2013, p. 78) Os jornais impressos foram os primeiros a investir no jornalismo imersivo. O diário Des Moines Register, da cidade de Des Moines, Iowa (EUA) lançou em 22 de setembro de 2014 o primeiro vídeo imersivo com câmeras 360º para ser acessado em seu site, Harvest of Change, reportando a vida numa comunidade rural que convive com os desafios da agricultura num país tecnológico. Fig. 2 – Captura de tela do site do Jornal Des Moines Register da reportagem “Harvest of Change” Fonte: Disponível em: < https://www.desmoinesregister.com/pages/interactives/harvest-of-change/>. Acesso em 24 jun 2018. https://www.desmoinesregister.com/pages/interactives/harvest-of-change/ Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação 41º Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – Joinville - SC – 2 a 8/09/2018 5 A partir dessa iniciativa várias empresas de comunicação começaram a investir em conteúdos imersivos, oferecendo produções especiais para seus leitores e telespectadores de forma complementar a seus conteúdos específicos, num contexto transmidiático. Quadro 1 – Estreia do JI nas empesas de comunicação Fonte: SEIJO, 2016, p. 415. Da mesma forma, no contexto brasileiro as empresas de comunicação passaram a diversificar e produzir projetos em que, principalmente, o vídeo 360 º ganhava destaque, sendo apresentado como paradigma da realidade virtual. Quadro 2 – Estreia do JI nas empresas brasileiras Globo 04 de dezembro de 2015 Record 24 de julho de 2016 Band 22 de agosto de 2016 Estadão 06 de dezembro de 2016 Diário de Pernambuco 24 de fevereiro de 2017 Folha 07 de março de 2017 SBT 04 de maio de 2017 Rede TV 28 de junho de 2017 UOL 24 de outubro de 2017 Fonte: Elaboração Própria Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação 41º Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – Joinville - SC – 2 a 8/09/2018 6 Formatos do Jornalismo Imersivo: a Realidade Virtual e a Realidade Aumentada Em termos gerais, podemos entender a realidade virtual como um cenário construído digitalmente que permite ao usuário acompanhar uma ação como se fosse espectador ou personagem da narrativa. Para Kirner e Siscoutto (2007, p.4), a realidade virtual se constitui como “uma nova geração de interface, usando representações tridimensionais mais próximas da realidade do usuário, que permite romper a barreira da tela, além de possibilitar interações mais naturais.” Neste contexto, os vídeos 360 graus representam uma nova fase desse cenário ao permitir a exploração do ambiente em que as imagens foram gravadas de maneira a possibilitar ao espectador uma visão além da tela convencional. Nesta experiência, o receptor por sua própria iniciativa pode escolher quais caminhos seguir espacialmente, explorando novas dimensões da imagem apresentada, apesar desse roteiro ter sido previamente capturado por uma câmera. A ampliação dos ângulos de imagens possibilitada pelos vídeos 360º torna-se possível em virtude das imagens capturadas serem sobrepostas num continuum indo além das possibilidades das antigas fotografias panorâmicas. Ângulos inusitados como os detalhes do teto de um teatro, a plateia de um show, as pessoas atrás do cinegrafista, diferentes imagens podem ser exploradas pelos espectador, oferecendo a sensação de presença e de autonomia, diferente das reportagens tradicionais em que o enquadramento escolhido pelo cinegrafista define o que se pode ver na tela. O formato do vídeo de 360º é o produto imersivo que tem sido mais ofertado pelos canais de comunicação, seja em forma de reportagens ou de transmissões ao vivo. Como sua produção é de relativo baixo custo, bastando apenas substituir a câmera tradicional pelo novo equipamento e editar as imagens com softwares apropriados ou simplesmente fazer a transmissão em tempo real, os vídeos 360 º vêm sendo apresentados como produtos de jornalismo imersivo relacionados à realidade virtual. O outro formato de realidade virtual utilizado pelo jornalismo são as representações digitais tridimensionais relacionadas a cenários ou acontecimentos noticiosos, podendo contar com depoimentos e áudios reais, como por exemplo, a proposta de Nonny De la Peña, Hunger in L.A., mencionada anteriormente. Para Seijó et al (2018, p. 65), “a diferença fundamental entre ambos formatos se baseia em que os Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação 41º Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – Joinville - SC – 2 a 8/09/2018 7 produtos 360 graus permitem ao receptor ver tudo ao seu redor a partir de um ponto fixo, já nas representações tridimensionais o usuário pode interagir com o ambiente (tradução nossa)”. Já no caso da Realidade Aumentada, as construções imagéticas em diferentes dimensões são incorporadas ao mundo real, de forma a criar uma outra realidade. “Na prática, a realidade aumentada é uma apresentação de dados em sobreposição de dados em sobreposição ao mundo real, cujos elementos físicos são “aumentados” (ou acrescentados) por elementos produzidos por computador.” (ROCHA, 2017, p. 412). O usuário pode interagir com a realidade aumentada de forma multissensorial (audição, olfato, visão) em tempo real com o que lhe é apresentado. Na RA o cenário real e os objetos virtuais se mantém com a mesma configuração mesmo com a movimentação do usuário no ambiente real. Diante das múltiplas possibilidades de integração entre o ambiente real e a realidade virtual, Milgram et al. (1994) propuseram o “Reality-Virtuality Continuum”, representado pelo diagrama (fig.3), no qual temos nos extremos os ambientes exclusivamente real e exclusivamente real, entre eles, na interseção estaria a chamada Mixed Reality ou Realidade Mista, a realidade aumentada estaria mais próxima da realidade Mista. Fig. 3 – Diagrama de Milgram Fonte: Milgram e Kishino. In: BRAGA, 2012. No telejornalismo, a Realidade Aumentada tem sido utilizada principalmente nos cenários dos telejornais e nas revistas eletrônicas jornalísticas. Por meio de inserções de representações digitais tridimensionais, o telespectador assiste a objetos criados digitalmente no mesmo plano que os ambientes reais, como no caso do Jornal Nacional (fig. 4). Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação 41º Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – Joinville - SC – 2 a 8/09/2018 8 Fig. 4 – Cenário do Jornal Nacional com Realidade Aumentada Fonte: Captura de tela. Vídeo. Disponível em:https://www.youtube.com/watch?v=k32Dk_NfdfM&t=86s Consumo das produções de telejornalismo imersivo Considerando que o telejornalismo é transmitido por aparelhos televisivos, as produções imersivas dependem de outros suportes para serem consumidas. Além disso, o consumo simultâneo de televisão e de recursos imersivos em outras plataformas pode dispersar a atenção do conteúdo informativo. As produções de telejornalismo imersivo baseadas em vídeos 360º podem ser assistidas no computador, porém com limitações de navegação e de sensaçãode imersão. Já nos smartphones ou tablets alguns recursos podem ser agregados dependendo do modelo do equipamento ou do aplicativo. Sem dúvida alguma, a sensação de imersão e de presença é mais intensificada com o uso de equipamentos como os óculos de Realidade Virtual ou do Google Cardboard. Já as produções de realidade aumentada, no caso do telejornalismo, podem ser vistas pela televisão. https://www.youtube.com/watch?v=k32Dk_NfdfM&t=86s Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação 41º Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – Joinville - SC – 2 a 8/09/2018 9 Fig. 5 – Imagem vista por óculos de RV Fonte: Captura de tela. Running with France’s wild horses (CNN News) Procedimentos Metodológicos e análises Nesta pesquisa, após a revisão de literatura por meio da pesquisa bibliográfica, estabelecemos os primeiros critérios para iniciar uma pesquisa exploratória nos sites das emissoras, redes sociais e notícias em jornais sobre a presença de conteúdos imersivos nas emissoras de televisão nacionais. O período estudado foi de julho de 2014, ano de início das primeiras experiências de jornalismo imersivo em outros países, a julho de 2018, data atual. Desta forma, foi possível organizar todas as primeiras produções de telejornalismo imersivo relacionadas às cinco principais emissoras brasileiras: Globo, SBT, Record, Band e RedeTV! (fig.5). A partir destes primeiros resultados, deu-se início à análise das produções de cada um dos programas jornalísticos televisivos com produções imersivas, elencando como categorias de análise: o tempo da produção, o formato de notícia jornalística adotado, os planos utilizados nas imagens, os detalhes do som e a plataforma onde a produção é disponibilizada ao telespectador, com base nas técnicas de Análise de Conteúdo (Bardin, 1997). Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação 41º Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – Joinville - SC – 2 a 8/09/2018 10 No infográfico abaixo, relacionamos os temas e o ano de veiculação das primeiras produções de telejornalismo imersivo realizadas por emissoras de televisão brasileiras. Fig.5 – Infográfico Fonte: Elaboração Própria A partir dos dados coletados foi possível inferir que as emissoras brasileiras iniciaram suas produções de telejornalismo imersivo pouco mais de um ano após as primeiras experiências estrangeiras. Para exemplificar as diferenças entre as iniciativas nacionais e de outros países escolhemos descrever neste trabalho exemplos de produções da CNN News (EUA), BBC News (Inglaterra), do SBT Brasil e do Domingo Espetacular (Record), que passamos a apresentar a seguir. Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação 41º Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – Joinville - SC – 2 a 8/09/2018 11 P R O G . T ÍT U L O ÁUDIO IMAGEM PLATAFORMA TEMPO/ FORMATO Running with France´s Wild Horses C N N N E W S Narração (off) Sonora (off) Trilha (BG e Sobe som) Plano Sequência Uso de Drones Plano Conjunto Vídeo 360º Aplicativo Portal 2´21 Nota Coberta Celebrate the Summer Solstice at Stonehence C N N N E W S Narração (off) Som direto Trilha (BG e Sobe som) Grande Plano Geral Uso de Drones Vídeo 360º Aplicativo Portal 01’34 Nota Coberta Damming the Nile B B C N E W S Repórter (off) Som direto Trilha (BG e Sobe Som) Grande Plano Geral Plano Conjunto Drones Time Lapse Repórter sai da tela Portal YouTube Aplicativo 12’33 Reportagem Um Dia em Paraisópolis D O M IN G O E S P E T A C U L A R Som Direto (BG) Sonora Trilha (Sobe som) Off (depoimento) Plano Geral Plano Conjunto Grafismo Câmera fica Vídeo 360º Facebook 5’30 Reportagem (como TV) Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação 41º Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – Joinville - SC – 2 a 8/09/2018 12 Fonte: Elaboração Própria Discussão dos resultados e considerações A partir dos resultados encontrados na análise dos materiais foi possível inferir que no telejornalismo as produções imersivas são consumidas no processo transmidiático, uma vez que outras plataformas são utilizadas para a fruição dos vídeos. Em termos de linguagem, a maioria dos vídeos 360º graus são produzidos com formatos jornalísticos televisivos, destacando-se a nota coberta e a reportagem como principais modelos. As imagens, mesmo consumidas sem óculos especiais, possuem mais detalhes do que os vídeos tradicionais, possibilitando ao espectador que explore ângulos diferentes do ambiente em que ocorre o acontecimento noticiado. O fato de oferecer novas possibilidades de exploração de imagens não significa diretamente que há mais informação. Algumas imagens oferecem detalhes visuais que não agregam valor à notícia, como no exemplo da reportagem sobre a comunidade de Paraisópolis em que poderia ser visto detalhes da rua, sem nenhuma informação a respeito. P R O G . T ÍT U L O ÁUDIO IMAGEM PLATAFORMA TEMPO/ FORMATO O Maior Espetáculo da Terra D O M IN G O E S P E T A C U L A R Som Direto (BG) Sonora Trilha (BG/Sobe som) Off (depoimento) Travelling Grande Plano Geral Plano Conjunto Câmera fixa Vídeo 360º Facebook 6’10 Reportagem Batalha de Mossul (Iraque) S B T B R A S IL Som Direto Sonora (Trad.off) Off (depoimento) Off Repórter Grafismo Câmera fixa Passagem Vídeo 360º Facebook 7’40 Reportagem Realidade Mista Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação 41º Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – Joinville - SC – 2 a 8/09/2018 13 Uma técnica que favoreceu o consumo do vídeo 360º foi utilizada pela BBC News. No vídeo o repórter saía do quadro durante ‘a passagem’, obrigando o espectador a experimentar outros ângulos da imagem a fim de acompanhar a narrativa. A todo momento, novos movimentos do repórter e dos entrevistados convidavam o espectador a explorar as novas possibilidades. As produções nacionais são as que mais se assemelham aos formatos jornalísticos televisivos tradicionais. Aspectos como o enquadramento com câmera fixa, a narração em “off” do repórter e o registro do som direto são detalhes que fornecem mais legitimidade à narrativa informativa, no entanto deixam de despertar a impressão de que se trata de algo novo. O tamanho dos vídeos também possibilita algumas interpretações. No caso da CNN News, as produções são sempre curtas, com imagens mais produzidas, no formato de mini-documentários. São vídeos que são marcados pelas informações visuais panorâmicas e a sensação de imersão é acentuada pelo uso de trilhas musicais. Há pouca informação relacionada à notícia como um todo, prevalecendo o conteúdo estético sobre o jornalístico. Já a BBC News aposta em vídeos longos, com riqueza de detalhes informativos, seja com inserção de elementos gráficos, com a presença de repórter em cena, uso de imagens produzidas por drones, num formato de reportagem em série. Em termos de recursos são as produções mais completas estudadas durante a coleta dos dados. No caso das produções nacionais, o grande destaque são os vídeos do SBT Brasil. Os vídeos 360º estão integrados à reportagem tradicional, de forma que podem ser consumidos também na televisão, com a diferença de que nas outras plataformas os vídeos apresentarão mais detalhes. Desta forma, se mantéma audiência da televisão, oferecendo o mesmo conteúdo na outra plataforma. Podemos considerar que essas produções se aproximam da realidade mista, uma vez que mantém conjugados os dois universos. Em relação ao acesso às produções imersivas do telejornalismo, a maioria delas são oferecidas nas plataformas de redes sociais em que o Facebook se destaca. O YouTube também é utilizado para oferecer esses conteúdos. No caso da CNN News e da BBC News são oferecidos também aplicativos especiais para o consumo das produções, o que não ocorre nas emissoras nacionais. Ressalta-se que o compartilhamento dos vídeos Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação 41º Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – Joinville - SC – 2 a 8/09/2018 14 pelas redes sociais pode possibilitar o alcance de novas audiências e o engajamento maior do público. Salientamos que esta pesquisa se encontra em andamento. O recorte apresentado neste artigo faz parte das primeiras leituras de análise do Corpus. Em trabalhos futuros esperamos aprofundar os aspectos narrativos das produções imersivas, a relação do telespectador com a experiência de imersão e os novos formatos de notícias inspirados pelas tecnologias de realidade aumentada e realidade virtual que estão estabelecendo este novo momento que nomeamos como fase do Telejornalismo Imersivo. REFERÊNCIAS BARDIN, Laurence. Análise de Conteúdo. Lisboa: Edições 70, 1977. BRAGA, Marta Cristina Goulart. Diretrizes para o design de mídias em realidade aumentada: situar a aprendizagem colaborativa online. Tese (doutorado). Universidade Federal de Santa Catarina. Programa de Pós-Graduação em Engenharia e Gestão do Conhecimento. Florianópolis, SC, 2012. 1 v. DE la PEÑA, N. et al. Immersive Journalism: Immersive Virtual Reality for the First-Person Experience of News. Presence. Cambridge. Massachussets Institute of Technology. Vol.19, nº 4, p. 291-301. Agosto de 2010. DOMÍNGUEZ, E. 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