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Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp Por meio de ferramentas laboratoriais avaliamos duas variáveis: a lesão hepática e a função hepática. - Avaliação da lesão hepática: podemos avaliar se a lesão é celular (hepatocelular) ou se é lesão do fluxo biliar (lesão de vias biliares). A avaliação hepatocelular se dá pela quantificação das enzimas hepáticas presentes no citoplasma dos hepatócitos (AST/ALT). Já a avaliação do fluxo biliar se dá pela quantificação de enzimas hepáticas canaliculares (fosfatase alcalina - FA e gama GT - GGT) e bilirrubinas. - Avaliação da função hepática: existem 3 parâmetros, a albumina, o tempo de protrombina (reflete quantidade dos fatores de coagulação) e as bilirrubinas. 1. AVALIAR LESÃO HEPÁTICA 1.1. LESÃO HEPATOCELULAR A avaliação hepatocelular se dá pela quantificação das enzimas hepáticas presentes no citoplasma dos hepatócitos (AST/ALT). • Avaliação de lesão hepática pela quantificação das enzimas circulantes no plasma: As principais enzimas hepáticas localizam-se em vários sítios no interior dos hepatócitos e dão origem a diferentes padrões de liberação de enzimas conforme a causa da lesão. Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp Livre no citoplasma encontramos AST, ALT. Acoplado a mitocôndria temos ASTm. Nos microssomos temos GGT. Nos canalículos muito FA e GGT. São todas enzimas funcionais do hepatócito e conforme a célula vai sendo lesada conseguimos avaliar o tipo de lesão. Para avaliação da lesão hepática avaliamos AST e ALT livres no citoplasma. Quando existe lesão hepatocelular temos liberação delas. A ALT é alanina aminotransferase (também conhecida como Transaminase glutâmico pirúvica – TGP) catalisa a reação de transaminação dos aminoácidos alanina-glutamato. Está presente apenas no citoplasma do hepatócito. Tem uma quantidade 3mil vezes maior nos hepatócitos do que no plasma. Essa enzima é primariamente hepática, mas tem um pouco no musculo estriado. Tem maior especificidade para lesão hepática. Então qualquer lesão no hepatócito (álcool, trauma, infecção etc) vai liberar ALT que é detectada no plasma. A AST – Aspartato aminotransferase (também conhecida como transaminase glutâmico oxaloacética – TGO) catalisa a reação de transaminação dos aminoácidos aspartato-glutamato. Está presente no citoplasma e na mitocôndria dos hepatócitos. A quantidade é 7mil vezes maior no hepatócito do que no plasma. Está presente em outros órgãos além do fígado, como pâncreas, coração, musculo esquelético, rins, cérebro, pulmões, eritrócitos. Como está presente em outros órgãos, a especificidade da AST para lesão hepática é menor. Interpretação das enzimas ALT e AST: Primeira coisa é ver o quanto está elevado, o nível de elevação. O normal é 30-40 ui/L. Avaliar a relação AST:ALT, qual das duas está mais alto. Depois a taxa de declínio, se houver. - Nível de elevação: quando ambas estão elevadas numa quantidade de 5-10x mais que o normal indica lesão aguda. Ex.: hepatite fulminante por paracetamol. Quando o aumento é mais leve, menos de 5x o normal, as lesões são crônicas. Ex.: hepatites virais crônicas. - Relação AST:ALT Em casos agudos e crônicos podemos ter AST maior que ALT ou o inverso. Isso norteia a causa. Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp - Taxa de declínio: Se há queda dos valores de AST e ALT. Se o declínio for rápido (menos de 7 dias chegam próximo ao normal) sugere: obstrução aguda do trato biliar, hepatite medicamentosa (drogas com ½ vida curta), lesão hepática isquêmica, hepatite fulminante (falência hepática aguda). Se o declínio for lento, sugere: hepatite viral aguda, hepatite medicamentosa (drogas com ½ vida longa), doença autoimune ou metabólica. 1.2. LESÃO DO FLUXO BILIAR A avaliação do fluxo biliar se dá pela quantificação de enzimas hepáticas canaliculares (fosfatase alcalina FA e gama GT GGT) e bilirrubinas. A lesão biliar vai destruir principalmente a área dos canalículos e liberar a fosfatase alcalina (FA) e gama GT (GGT), que estão associadas a essa porção dos hepatócitos. A Fosfatase Alcalina (FA) está presente na membrana dos hepatócitos e nos microvilos dos canalículos biliares. Tem meia vida de 3 dias. Além o fígado, pode ser encontrada nos ossos, rins, intestino e placenta. Há elevação fisiológica em alguns períodos, como no final da gestação, na adolescência e na menopausa. A Gama Glutamil Transferase (GGT) está nos microssomos e microvilos dos canalículos biliares. Tem meia vida de 10 dias. Além do fígado, pode ser encontrada no pâncreas e nos rins. Tem elevação não patológica (em 15% dos indivíduos) no uso de álcool, obesidade e com uso de alguns fármacos. Isso não é diretamente uma lesão hepática, mas um reflexo do metabolismo dessas substancias. Embora seja sensível ao diagnóstico de lesão hepática, é pouco especifica. As Bilirrubinas: as hemácias são degradadas no baço quando envelhecidas. Do grupo heme surgem a bilirrubina indireta (não conjugada). Ela é lipossolúvel e circula no sangue acoplada a albumina. Chega no fígado, se liga aos receptores nos hepatócitos e entra neles. Ela tem que se transformar em algo hidrossolúvel para poder ser excretada pelas vias biliares (acoplada à proteína albumina não dá). Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp Quando a indireta entra no hepatócito, é convertida em bilirrubina conjugada (direta) e hidrossolúvel. Ela forma a bile, junto com os sais biliares e é excretada pelos canalículos biliares e vai para as fezes e urina. Então a bilirrubina é um produto do metabolismo do grupo heme, contido nas hemoglobinas e mioglobinas. Assim, se existe lesão do hepatócito, a bilirrubina não é conjugada adequadamente e há acumulo de bilirrubina indireta. Há também dificuldade de liberação da bilirrubina conjugada na bile e também aumenta. - Interpretação das enzimas canaliculares e bilirrubinas: Pensar no nível de elevação da FA: o normal é 35-104 U/L em mulheres e 40-129 U/L em homens. Pensar na proporção da elevação da FA e GGT. Se o aumento é proporcional, ambas aumentadas similar: fala a favor de uma obstrução biliar que pode ocorrer por: Obstrução biliar, cirrose biliar primária, colangite esclerosante primaria, doença infiltrativa, fase inicial de doença colestatica. Se o aumento é de apenas GGT temos que pensar em outras causas não patológicas, como: aquelas condições em que aumenta normalmente, uso de álcool, uso de fármacos (acetaminofeno, fenitoína, carbamazepima), obesidade. Não necessariamente tem lesão hepática. Pensar na avaliação da fração da bilirrubina elevada: - Bilirrubina não conjugada (indireta – BI): detectada no sangue. - Bilirrubina conjugada (direta – BD): detectada no sangue e na urina. No sangue, se a bilirrubina indireta está aumentada, mas a direta está normal quer dizer que tem aumento da produção de bilirrubina, mas o fígado está conseguindo conjugar e eliminar nas fezes. A bilirrubina negativa na urina (não tem excesso de bilirrubina direta). Então isso quer dizer que há problema na produção de bilirrubinas e não na conjugação. Assim, as causas disso pode ser aumento da degradação do grupo heme (hemólise), redução da conjugação no fígado (redução das enzimas) como síndrome de Gilbert, imaturidade da UDP glicuroniltransferase nos RN prematuros (enzima que converte bilirrubina). Se no sangue ter aumento grande da bilirrubina direta e também da indireta e na urina der positivo para bilirrubina, sugere obstrução ou doença hepática, pois nesse caso a bilirrubina está sendo Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp conjugada (mas diminuída) mas não está sendo eliminada. Há redução da eliminação da bilirrubina pela bile. Causas: obstrução biliar (colecistite, colangite), lesão do hepatócito que podem alterar a conjugação e excreção da bilirrubina. 2. AVALIAÇÃO DA FUNÇÃO HEPÁTICAExistem 3 parâmetros: albumina, tempo de protrombina (reflete quantidade dos fatores de coagulação) e Bilirrubinas. A função hepática normal: o sistema hepatocítico é responsável pela maioria das atividades metabólicas do organismo. Produção de proteínas, como albumina e fatores de coagulação. O sistema hepatobiliar é responsável pelo metabolismo da bilirrubina. O sistema retículo endotelial (Kupffer) é um sistema imunológico hepático que tem como função a fagocitose (eliminação de bactérias e fagocitose de hemácias). Para avaliar se o fígado está funcionando normalmente avaliamos a produção de proteínas e o metabolismo da bilirrubina. Assim, em resumo, as alterações laboratoriais que apoiam uma disfunção hepática são: - Aumento da bilirrubina direta e indireta - Deficiência de albumina (hipoalbuminemia) - Alargamento dos tempos de coagulação: tempo de protrombina (TP) ou TTPa (Tempo de tromboplastina parcial ativada). 2.1. ALTERAÇÕES DA ALBUMINA Valores séricos normais de albumina é entre 3,5 a 5,2 g/dL. A hipoalbuminemia ocorre nas insuficiências hepáticas, como na cirrose, obstrução biliar, hepatite fulminante. Ocorre pela diminuição da síntese de albumina no fígado (pode demorar vários dias para se manifestar). A alteração no valor de albumina não ocorre só em doenças hepáticas, é inespecífica. Ocorre também em casos de: - Falta de matéria prima: desnutrições proteicas - Maior destruição em estados catabólicos intensos - Perda de proteínas: intestinal ou renal 2.2. TEMPO DE PROTROMBINA Fatores de coagulação: o fígado tem papel central na hemostasia pois participa da síntese da maioria dos fatores pró coagulantes, anticoagulantes naturais, e de algumas proteínas do sistema fibrinolítico. Responsável pelo fator 5, 7, 11, 9 etc da coagulação. A disfunção hepática altera a coagulação, então os exames de coagulação também estão alterados.
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