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13/08/2019 SECAD
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IMAGÉTICA MOTORA E LESÕES
MUSCULOESQUELÉTICAS
JÚLIO GUILHERME SILVA
DÉBORA CRISTINA LIMA DA SILVA
■ INTRODUÇÃO
A imagética motora (IM) pode ser definida como um processo mental que ocorre quando “uma
representação, do tipo criado durante as fases iniciais da percepção está presente, mas o estímulo não está
sendo realmente percebido; tais representações preservam as propriedades perceptuais do estímulo e
podem causar a experiência subjetiva da percepção”.
Existem diversos tipos de imagética, como a visual, a auditiva e a motora.
O processo de IM tem sido investigado há mais de um século. A IM pode ser definida como um processo de prática
mental que ocorre quando uma representação, criada durante as fases iniciais da percepção do movimento. Isso
ainda envolve, mentalmente, processos visuais e cinestésicos, o que origina atividades corticais nas áreas
relacionadas à motricidade somática, sem gerar um movimento efetivo.
Um dos estudos pioneiros nesse campo foi o de Francis Galton, em 1883. Em um dos seus trabalhos, a pesquisa
foi fundamentada em questionários e instruções para a realização de tarefas motoras mentais. A variável avaliada
era o grau de “nitidez” das tarefas executadas, ou seja, o quanto o indivíduo conseguia realmente imaginar o
solicitado.
Já os experimentos de Lacourse e colaboradores demonstraram que os mesmos circuitos neuronais ativados ao
fazer um movimento real da mão também são ativados quando se realiza a IM.
Nas últimas três décadas, as evidências científicas apontam que a IM está contida na mesma categoria de
processos corticais que envolvem a organização, o planejamento e a preparação para execução da ação motora.
Entretanto, sem desencadear o gesto motor propriamente dito.
Dessa forma, em função da sua complexidade, a IM pode ser explicada por informações armazenadas nos
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componentes neurais relacionados ao controle e à execução do movimento voluntário. Isso incorpora componentes
corticais cognitivos e neuromusculares. Por outro lado, além dos pontos supracitados, a IM tem, ainda, a influência
de aspectos psicossomáticos, psíquicos e cinestésicos. Todos os pontos devem ser considerados durante sua
análise e pesquisa.
■ OBJETIVOS
Ao final da leitura deste artigo, o leitor será capaz de
 
identificar os principais aspectos da IM e suas implicações na abordagem das disfunções musculoesqueléticas
no esporte;
aplicar as técnicas de IM como estratégia cinesioterapêutica no tratamento fisioterapêutico no esporte.
■ ESQUEMA CONCEITUAL
■ MODALIDADES DE IMAGÉTICA MOTORA
As modalidades da IM podem ser divididas como visual, cinestésica e emocional. Referente à sua aplicação, o
sujeito pode executar o processo mental na perspectiva de primeira ou terceira pessoa (Figura 1).
Figura 1 — Principais tipos de IM.
Fonte: Elaborada pelos autores.
A IM visual em primeira pessoa corresponde a imaginar a tarefa motora como se estivesse vendo, por exemplo,
seu próprio braço ou sua perna durante o movimento. Em terceira pessoa, pode-se associar essa modalidade à
observação de um vídeo, isto é, o indivíduo está observando outra pessoa executar o movimento.
Sobre a classificação cinestésica em primeira pessoa, o indivíduo deve se sentir como se o seu corpo estivesse
se movimentando; busca-se obter sensações relacionadas às contrações musculares e à posição dos segmentos
corporais no espaço. Em terceira pessoa, há um grau maior de dificuldade na tarefa mental, pois uma perspectiva
externa pode desencadear sensações de movimento; entretanto, Callow e Hardy, no seu experimento,
demonstraram que é possível um indivíduo obter a sensação de movimento, mesmo imaginando-se em terceira
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pessoa.
Já a categoria de IM emocional pode ser definida como atividades de prática mental, desencadeada por estímulos
emocionais que têm a capacidade de modificar comportamentos motores em uma determinada tarefa ou estratégia
motora. Apesar da ampla utilização no campo da psicoterapia, pode ser aplicada no desporto como ferramenta para
resolução de problemas psicoemocionais, como, por exemplo, estresse e ansiedade. Também se pode destacar
seu o uso no tratamento de dores crônicas e na cinesiofobia.
■ NÍVEIS DE PERCEPÇÃO DA IMAGÉTICA MOTORA
Como a IM se trata de uma tarefa cognitiva, há capacidade de imaginação do movimento e depende de alguns
fatores, sendo que, durante tal atividade, a nitidez das imagens não ocorre com o mesmo nível de “clareza” em
todos os indivíduos. Algumas pessoas apresentam maior capacidade na execução mental de movimentos do que
outras. Por exemplo, no estudo de Campos e colaboradores, eles concluíram que homens tendem a realizar
tarefas mentais com uma facilidade muito maior do que mulheres, assim como os indivíduos jovens, quando
comparados com a população idosa.
Além do processo de imaginação, outro fator que está diretamente envolvido a IM é o tempo de duração. Gentili e
colaboradores compararam as formas de tarefa mental e real durante o movimento de mirar um alvo com o braço
nas condições de troca de velocidade e precisão. Foram analisados 40 indivíduos, predominantemente destros,
divididos em quatro grupos de 10 pessoas, a saber:
 
físico, aquele que realizava a tarefa;
mental, que fazia uso da IM;
controle ativo, em que os participantes faziam movimentos dos olhos por meio dos alvos;
controle passivo, no qual os indivíduos não receberam qualquer formação específica de como apontar o braço.
Durante o experimento referido, foi solicitado aos participantes do grupo físico que realizassem a ação o mais
rápido e preciso possível em direção aos alvos colocados no plano frontal. Os movimentos do braço foram feitos
em dois diferentes espaços de trabalho chamados caminhos direito e esquerdo. As variáveis de aceleração,
velocidade do movimento e atividade elétrica muscular dos músculos do braço foram analisadas. Os resultados
demonstraram que, após o treinamento físico e mental no caminho certo (trajeto de treinamento), a duração do
movimento da mão e a aceleração de pico diminuíram e aumentaram, respectivamente. No entanto, a melhora do
desempenho motor foi maior após a prática física comparada à prática mental.
Observou-se, também, no estudo de Gentili e colaboradores, uma generalização de aprendizagem parcial, ou seja,
um aumento do desempenho motor para o caminho da esquerda (caminho não treinado). A quantidade dessa
generalização foi aproximadamente semelhante para os grupos físicos e mentais. Além disso, enquanto a atividade
muscular do braço aumentou progressivamente durante o período de treinamento para o grupo físico, a atividade
dos mesmos músculos para o grupo mental foi inalterada e comparável com os que ficaram em repouso.
Os grupos-controles não apresentaram qualquer melhoria. Esses achados apontam a ideia de que o treinamento
mental facilita o aprendizado motor e permite sua transferência parcial para áreas de trabalho próximas. Eles
sugerem, ainda, que a predição motora, um processo comum durante os movimentos reais e imaginados, é uma
operação fundamental tanto para o controle sensório-motor quanto para a aprendizagem.
Existem, atualmente, diversas metodologias de avaliação da capacidade de imaginar uma determinada tarefa
motora. Dentre as principais ferramentas avaliativas, destacam-se os questionários que focam as perguntas sobre
as sensações e a “clareza” percebida durante a imaginação de tarefas ou objetos. Os instrumentos de avaliação
mais utilizados são:
 
Psychological Skills Inventory in Sports (PSIS).
Imagery UseQuestionnaire (IUQ).
Vividness Movement Imagery Questionnaire (VMIQ).
Mental Rotations Test (MRT).
Brooks Matrix Task.
Scale of Vividness of Mental Imagery.
Revised Movement Imagery Questionnaire (MIQ-R).
 
1. Francis Galton, em 1883, criou o marco conceitual sobre o significado do grau de “nitidez” das tarefas
realizadas por meio da IM. Em relação a isso, assinale a alternativa correta.
A) A nitidez significava o quanto o indivíduo conseguia realmente imaginar o solicitado.
B) A nitidez significava o quanto o indivíduo conseguia olhar para seu braço ao realizar o movimento.
C) A nitidez era quanto Galton conseguia observar seus movimentos ao mesmo tempo em que os
imaginava.
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ATIVIDADES
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D) A nitidez, de acordo com Galton, nada mais era a capacidade de pensar em um movimento e realizá-lo
logo em seguida.
Confira aqui a resposta
 
2. Das alternativas a seguir, qual representa as principais modalidades de IM?
A) Cinestésica, motora e usual.
B) Visual, motora e auditiva.
C) Visual, cinestésica e emocional.
D) Emocional, usual e motora.
Confira aqui a resposta
 
3. Em relação ao processo de IM visual, é correto afirmar que
A) durante a sua prática, pode-se realizar a IM visual apenas em primeira pessoa.
B) a IM visual apenas promove efeitos quando a pessoa assiste a um vídeo sobre o movimento a ser
desenvolvido/realizado.
C) é impossível obter resultados positivos no controle motor quando se realiza a IM visual em terceira
pessoa.
D) os resultados das pesquisas apontam que, na IM visual tanto em primeira quanto em terceira pessoa,
há ganhos para a realização de movimentos.
Confira aqui a resposta
 
4. Como a IM cinestésica pode ser caracterizada?
A) O indivíduo deve se sentir como se o seu corpo estivesse se movimentando.
B) O indivíduo deve observar uma segunda pessoa a realizar o movimento, como se o seu corpo
estivesse se movimentando de forma igual.
C) O indivíduo não deve se sentir como se o seu corpo estivesse se movimentando.
D) O indivíduo deve se sentir e, ao mesmo tempo, realizar o movimento que o terapeuta solicitar.
Confira aqui a resposta
 
■ APRENDIZAGEM MOTORA E IMAGÉTICA MOTORA
Um dos principais objetivos para realizar uma intervenção fisioterapêutica por meio de IM na reabilitação é o
estímulo causado no sistema nervoso central (SNC). As alterações plásticas promovidas pela IM fazem com
que haja uma reorganização da função motora que apresenta déficit, seja por lesão central ou periférica.
Com a melhor compreensão dos mecanismos que envolvem os processos de IM, novos pontos de aplicação têm
sido discutidos. Nesse prisma, pode-se destacar a aplicação da IM na melhora do desempenho desportivo como
componente da reabilitação física de lesões musculoesqueléticas.
Em um trabalho de metanálise, Kho e colaboradores concluíram que a prática de simulação mental de
movimentos é significativamente eficaz na melhoria do desempenho atlético. Ademais, o processo de prática
mental depende do tipo de abordagem utilizada e de parâmetros como periodicidade, duração de cada sessão e
tipo de tarefa usada.
Ranganathan e colaboradores utilizaram dois grupos que realizaram prática de IM na flexão de dedos e cotovelo,
sendo um grupo-controle e um grupo de seis voluntários que fizeram exercícios de contração máxima de abdução
dos dedos por 12 semanas. Os resultados demonstraram que, embora a prática real de exercício resultasse em um
aumento de 53% na força de contração máxima, as pessoas que realizaram prática mental de flexão de dedo (35%)
e do cotovelo (13%) também obtiveram aumento da força de contração máxima, enquanto, no grupo–controle, não
houve aumento significativo.
Roure e colaboradores compararam dois grupos de universitários praticantes de voleibol, com capacidade
parecida de IM (que foi verificada por meio do questionário MIQ) e nível de desempenho de recepção de saque
(por análise na execução real da tarefa), em que apenas um deles utilizou um programa com dois meses de
duração e com treinamento mental nas modalidades visual e cinestésica. Os resultados indicaram que o grupo
submetido ao treinamento mental aumentou significativamente seu desempenho na recepção de saque, quando
comparado ao grupo que não realizou tal modalidade de treinamento.
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A capacidade de aprendizagem por meio do uso de treinamento mental também foi analisada por Fery e
colaboradores, os quais utilizaram voluntários destros que compuseram três grupos com oito pessoas cada. Dois
grupos desenharam uma figura em uma placa e, a seguir, realizaram o treinamento mental da mesma tarefa com
base em imagética visual para um grupo e cinestésica para o outro. O terceiro grupo não realizou treinamento,
sendo considerado como grupo-controle.
O mesmo experimento foi executado três vezes. Em um segundo momento, os indivíduos realizaram tarefas
relacionadas ao movimento coordenado de ambas as mãos. De acordo os resultados obtidos, concluiu-se que o
aprendizado de trabalhos que enfatizam a forma de um objeto após sessões de treinamento mental é maior quando
este é feito na modalidade visual, enquanto tarefas associadas à coordenação de movimentos possuem melhor
aprendizado quando se aplica um modelo de treinamento com base em IM cinestésica.
■ IMAGÉTICA MOTORA NO TRATAMENTO DE LESÕES
MUSCULOESQUELÉTICAS
Mesmo com um início do paradigma de intervenção por meio de IM nas disfunções neurológicas, estudos,
como, por exemplo, o de Nunes e colaboradores, apontam um caminho da utilização dessa estratégia
motora no tratamento de lesões musculoesqueléticas. Os efeitos benéficos já conhecidos no córtex motor
primário e nas áreas gnósicas do movimento voluntário durante a IM podem ser explorados para a
reabilitação.
Para saber mais:
 
As áreas gnósicas, segundo o livro Neuroanatomia Funcional, de Ângelo Machado, são áreas secundárias do
córtex relacionadas ao movimento voluntário, ou seja, de organização do movimento.
Na década passada, autores como Stenekes e colaboradores e Christakou e Zervas, aventaram a utilização da
prática mental nas disfunções de articulações periféricas e estrutura miotendíneas. Defendem que há uma
desorganização cortical em uma determinada função abolida e que, por meio da integração sensório-motora
cortical, haja uma ativação neuronal nas áreas correspondentes aos segmentos corporais envolvidos.
Stenekes e colaboradores propuseram a IM como forma de reabilitação de indivíduos que foram submetidos a
reparo cirúrgico de lesão no tendão flexor do punho no período de imobilização. Vinte e oito sujeitos, com pós-
operatório dos tendões dos flexores superficiais e profundos dos dedos, foram divididos, aleatoriamente, em dois
grupos. Um grupo recebeu o tratamento fisioterapêutico pós-operatório com base em exercícios passivos para
punhos e dedos durante quatro semanas e, nas duas semanas seguintes, flexão passiva com o auxílio da mão
contralateral do participante. Depois desse período, a flexão ativa foi liberada.
No grupo IM, durante o período de imobilização, os indivíduos foram instruídos a realizar mentalmente a
flexoextensão de punho e dedos por oito vezes ao dia. No término dessa investigação, a IM teve significante
relevância clínica, pois houve uma diminuição do período de incapacidade. Apesar dos resultados satisfatórios, há
necessidade de mais estudos com esse processo mental, principalmente, associado às mensurações da atividade
cortical, assim como dados do sistema nervoso periférico.
Por outro lado, Nunes e colaboradores avaliaram 20 homens, atletas de futebol amador, com idade entre 16 e 20
anos e que sofreram entorse 72 horas antes do recrutamento. Nesse estudo clínico, randomizado-controlado, os
participantes foram divididos em grupos experimentale controle. No grupo–controle, foi realizado um programa
tradicional de tratamento fisioterapêutico das entorses de tornozelo. No grupo experimental, além do mesmo
programa de intervenção fisioterápica, foi adicionado a IM. Os resultados indicaram que não houve alterações
significativas entre as propostas de tratamento e não se observaram diferenças no senso de posição do segmento.
Outra abordagem em que pode se fazer uso da IM é a flexibilidade. Essa valência física, assim como as formas de
sua obtenção, tem sido intensamente estudada e possui diversas vertentes. No campo das interações da
flexibilidade via SNC, os estudos fomentam importantes discussões e há indícios sobre o ganho de flexibilidade por
meio da IM.
Guillot e colaboradores investigaram as possíveis modificações na flexibilidade de 21 atletas de nado
sincronizado, antes e depois da intervenção de IM, por cinco semanas. O programa tinha cinco exercícios de
alongamento alternados, tanto passivos quanto ativos. O protocolo de IM foi de três atendimentos por semana,
todos guiados pelo pesquisador, e dividido em três momentos de análise — inicial, programa de IM e final. Foram
15 atendimentos com 5 a 7 minutos de aquecimento, seguido de séries de exercícios de alongamentos alternados
por IM (grupo experimental) ou de atividades neutras (grupo-controle) durante uma hora. Os músculos envolvidos
foram das regiões a seguir:
 
adutores da coxa;
ombro e tornozelo;
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ombro e tornozelo;
isquiotibiais.
Os resultados da referida investigação indicaram que o ganho da flexibilidade ocorre tanto nos alongamentos ativos
quanto nos passivos, embora não em todos os momentos. O aumento da flexibilidade foi maior no grupo
experimental do que no grupo-controle para os isquiotibiais e tornozelo.
Na literatura, a observação da tarefa (OT) tem sido utilizada de forma independente da estimulação motora e na
reabilitação física, como, por exemplo, no aumento da força e na prevenção de lesões. Eaves e colaboradores
detectaram o crescimento das investigações com a associação entre IM e OT.
No experimento de Scott e colaboradores, o objetivo era comparar os efeitos da IM e da OT na força do
grupamento muscular dos posteriores da coxa. As condições experimentais foram:
 
o grupo IM/OT viu um vídeo do exercício de alongamento de posteriores de coxa e foi estimulado a reforçar a
sensação de alongamento e fortalecimento dos músculos isquiotibiais;
os sujeitos submetidos apenas à IM ficaram imaginando a execução do exercício e a sensação que envolve sua
execução;
os participantes do grupo-controle ficaram apenas imaginando uma ação com os membros superiores com os
olhos fechados.
Os resultados indicaram que não houve efeito principal para o grupo; entretanto, o tamanho do efeito foi moderado
no grupo IM/OT; isto é, a condição IM/OT teve benefícios na intervenção. Portanto, concluíram que, durante a fase
aguda de lesões nos isquiotibiais, a IM pode ser uma interessante estratégia, em especial para facilitação
neuromuscular, sem sobrecarga lesiva aos tecidos moles.
As bases neurofisiológicas que fornecem suporte teórico à sua utilização baseiam-se no aumento da atividade do
córtex motor primário e secundário, além de outras estruturas subcorticais, como os núcleos da base e o cerebelo.
Essas estruturas estão sincronizadas, o que é comprovado por instrumentos como o eletroencefalograma (EEG).
Berends e colaboradores analisaram o evento relacionado dessincronizado no córtex motor primário nas bandas
de frequência teta, alfa e beta no grupo submetido à IM e à OT comparado ao grupo que foi estimulado apenas por
meio da OT. Os resultados demonstraram que há uma dessincronização significativa no grupo que recebeu IM e
OT e reforçam a ideia de que a atividade cortical é aumentada quando ocorre a associação das formas de
imagética.
A IM possui diversas formas de aplicação e, no esporte, pode ser mais um elemento no processo de
reabilitação física dos pacientes.
No âmbito da fisioterapia esportiva, a IM pode promover efeitos sobre questões como a cinesiofobia, a flexibilidade
e a força muscular. Na recuperação de atletas com questões psicoemocionais envolvidas, a fisioterapia, por meio
desse processo mental, tem como promover alterações corticais que implicam uma melhora funcional. No controle
motor, a IM tem aplicabilidade no incremento de novos padrões de movimento, principalmente na fase de correção,
sensopercepção e componentes proprioceptivos.
A IM, mesmo não desencadeando a ação, as estruturas do sistema proprioceptivo, é indiretamente ativada.
Dessa forma, situações práticas na reabilitação esportiva, como a sensação de restrição de movimento, a
cinesiofobia do movimento que reproduz o mecanismo de uma determinada lesão, a correção postural, podem ser
combatidas durante as intervenções de IM. Tais processos abrem espaço para a sistematização da IM, tanto para
melhora do desempenho desportivo quanto para reabilitação física.
Williams e colaboradores testaram o método chamado Layered Stimulus Response Training (LSRT). A referida
forma de intervenção envolve, primeiramente, a redução da simulação mental para conter apenas os componentes
de imagens que o participante é capaz de gerar com facilidade. A complexidade e o realismo da imagem são
gradualmente aumentados ao longo de vários ensaios práticos, incorporando proposições adicionais de estímulo,
resposta e significado geradas por participantes, como vistas, sons ou sentimentos associados à tarefa de
movimento.
Assim, Williams e colaboradores demonstraram que as intervenções de imagens realizadas por meio do método
LSRT eram mais eficazes para melhorar o desempenho no golfe e a capacidade de imagem em novatos, em
comparação com os tipos mais tradicionais de IM visual. Por outro lado, a eficácia desse método, até o momento,
não está comprovada; porém, tem sido testada nos domínios da aprendizagem e reabilitação motora, associada à
OT.
Na fisioterapia esportiva, esse método poderia ser aplicado, por exemplo, em atletas que, primeiramente, seriam
instruídos a observar passivamente um vídeo rico em movimentos específicos de alta complexidade e relacionado
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ao segmento corporal em tratamento, assim como rico em proposições de estímulo. Durante a evolução do plano
de tratamento, os componentes de IM ao longo das repetições e a experiência cada vez mais realista, próxima ao
gestual desejado, seriam associados. Isso poderia promover aumento do controle motor, além de criação de um
padrão de movimento “ideal”, em especial na fase sensório-motora da estimulação proprioceptiva.
 
5. Observe as afirmativas sobre a aprendizagem motora e IM.
I — O estímulo causado no SNC é apresentado como um dos principais objetivos para fazer uma intervenção
fisioterapêutica por meio de IM na reabilitação.
II — As alterações plásticas promovidas pela IM fazem com que haja uma reorganização da função motora
que apresenta déficit por lesão central; entretanto, elas desorganizam a lesão periférica.
III — A aplicação da IM na melhora do desempenho desportivo como componente da reabilitação física de
lesões musculoesqueléticas tem sido discutida porque está havendo melhor compreensão nos
mecanismos que envolvem o processo.
IV — A prática de simulação mental de movimentos é significativamente eficaz na melhoria do desempenho
atlético, segundo um estudo.
Quais estão corretas?
 
A) Apenas a I e a II.
B) Apenas a I, a II e a III.
C) Apenas a I, a III e a IV.
D) Apenas a III e a IV.
Confira aqui a resposta
 
6. Mesmo com a escassez de pesquisas sobre IM e fisioterapia esportiva, Nunes e colaboradores discutiram
os efeitos da IM na entorse do tornozelo. Sobre isso, é corretoafirmar que
A) quando a IM foi associada a um programa de fisioterapia, os sujeitos não apresentaram diferenças no
senso de posição articular.
B) a IM não promoveu modificações no senso de posição articular, provavelmente, em função da
interferência do programa fisioterapêutico.
C) as entorses de tornozelo promovem redução da sensopercepção e por isso não ocorreram diferenças
no estudo.
D) a ausência de um protocolo específico de IM comprometeu o estudo e a análise dos efeitos da IM no
senso de posição articular.
Confira aqui a resposta
 
7. A flexibilidade é uma valência física que pode ser influenciada pela IM. Segundo o trabalho de Guillot e
colaboradores sobre essa questão, é correto afirmar que
A) o mecanismo que norteia o ganho seria a modificação das estruturas corticais envolvidas apenas aos
proprioceptores.
B) os maiores efeitos da IM foram nos grupamentos musculares que movem o ombro e o tornozelo.
C) os efeitos da IM na flexibilidade foram observados tantos nos exercícios de alongamentos ativos
quanto nos passivos.
D) a flexibilidade só tem um aumento com a IM quando associada à imagética visual.
Confira aqui a resposta
 
8. A OT configura-se como uma interessante forma de estimular o ganho de força. Segundo o trabalho de
Scott e colaboradores, assinale V (verdadeiro) ou F (falso).
( ) Não houve diferenças entre a OT e a aplicação de IM no ganho da força dos músculos isquiotibiais.
( ) O tamanho do efeito entre a relação de OT e IM foi fraco e a associação entre as duas estratégias não
provocam efeitos importantes na força.
( ) O estudo determinou que a OT e IM podem ser utilizadas em conjunto para facilitação neuromuscular,
principalmente na fase aguda.
( ) A IM e OT, juntas, são importantes ferramentas na reabilitação porque não desencadeiam sobrecarga
tecidual no segmento acometido.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta.
 
ATIVIDADES
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A) V — V — V — V.
B) V — F — V — V.
C) V — V — F — V.
D) V — V — F — F.
Confira aqui a resposta
 
■ CASO CLÍNICO
Paciente de 32 anos, sexo feminino, jogadora de voleibol profissional, queixa-se de dor na região dos punhos
e dos ombros há mais de dois anos, apresenta diagnóstico clínico de fibromialgia, foi submetida à avaliação
cinesioterapêutica e também por meio da Escala Visual Analógica (EVA) de dor, da Escala Tampa para
Cinesiofobia (ETC) e do Questionário Internacional de Atividade Física (QIAF) antes de iniciar a fisioterapia.
 
A paciente relata que sente muitas dores no corpo, principalmente em membros inferiores; com isso, o medo
de sentir dor fez com que ela diminuísse o ritmo de treino e não se movimentasse mais, uma vez que, após o
resultado da ETC, constatou-se que ela apresenta cinesiofobia de realizar o movimento de saque.
 
9. Que tipo de abordagens o fisioterapeuta pode utilizar para a paciente do caso clínico, focando,
principalmente, na utilização da IM?
Confira aqui a resposta
 
■ CONCLUSÃO
A IM é muito explorada na neurorreabilitação, mas ainda com uma relativa escassez de estudos na reabilitação
musculoesquelética, em especial na fisioterapia esportiva.
A complexidade de mecanismos neurofisiológicos envolvidos na IM permite uma gama de possibilidades e
aplicabilicações na recuperação de atletas. Estratégias como OT, protocolos de IM, tempo de aplicação e número
de atendimentos são pontos que necessitam de discussões mais substanciais e estudos que comprovem a sua
efetividade no tratamento das disfunções musculoesqueléticas no esporte.
A IM e as lesões musculoesqueléticas no esporte são uma temática fértil e rica. Na fase mais tardia do tratamento
fisioterapêutico, a IM pode incrementar o processo de reeducação motora e implementar novos comportamentos.
Aspectos cognitivos, como a atenção e a memória de trabalho, são fatores que podem ser estimulados e facilitar os
gestuais motores desejados.
■ RESPOSTAS ÀS ATIVIDADES E COMENTÁRIOS
Atividade 1
Resposta: A
Comentário: Francis Galton, em 1883, realizou uma pesquisa que foi fundamentada em questionários e instruções
para a realização de tarefas motoras mentais. A variável avaliada era o grau de “nitidez” das tarefas executadas, ou
seja, o quanto o indivíduo conseguia realmente imaginar o solicitado.
Atividade 2
Resposta: C
Comentário: As modalidades da IM podem ser divididas segundo Callow como visual cinestésica e emocional
ATIVIDADE
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Comentário: As modalidades da IM podem ser divididas, segundo Callow, como visual, cinestésica e emocional.
Atividade 3
Resposta: D
Comentário: A classificação visual pode ser subdividida em primeira pessoa e terceira pessoa, ou seja, o indivíduo
pode se observar realizando o movimento ou a ação motora ou em terceira pessoa, observando uma terceira
pessoa realizar os movimentos.
Atividade 4
Resposta: A
Comentário: Na classificação cinestésica em primeira pessoa, o indivíduo deve se sentir como se o seu corpo
estivesse se movimentando; busca-se obter sensações relacionadas às contrações musculares e à posição dos
segmentos corporais no espaço.
Atividade 5
Resposta: C
Comentário: O estímulo causado no SNC é um dos principais objetivos para realizar uma intervenção
fisioterapêutica por meio de IM na reabilitação. As alterações plásticas promovidas pela IM fazem com que haja
uma reorganização da função motora que apresenta déficit, seja por lesão central ou periférica. Com a melhor
compreensão dos mecanismos que envolvem os processos de IM, a sua aplicação na melhora do desempenho
desportivo como componente da reabilitação física de lesões musculoesqueléticas tem sido discutida. Kho e
colaboradores, em seu estudo, concluíram que a prática de simulação mental de movimentos é significativamente
eficaz na melhoria do desempenho atlético.
Atividade 6
Resposta: A
Comentário: A alternativa A está correta, pois o senso de posição foi inalterado nesse estudo.
Atividade 7
Resposta: C
Comentário: A IM foi utilizada e em ambos os grupos (experimental e controle) houve uma ativação da flexibilidade,
seguramente por influência nas áreas relacionadas ao controle motor no córtex cerebral.
Atividade 8
Resposta: B
Comentário: A segunda afirmativa está incorreta porque o tamanho do efeito foi grande quando foram associadas
às técnicas de IM e OT.
Atividade 9
Resposta: Em relação ao caso clínico, existem diversos modos de fazer a imagética. Inicialmente, deve ser
realizado um questionário, para que possa se saber qual tipo de estratégia de imagética a paciente utiliza (por
exemplo, imagética cinestésica em primeira ou terceira pessoa); depois disso, solicitar, após a sessão de
fisioterapia, que a paciente imagine tudo o que foi feito na terapia, assim como o movimento que ela tem medo de
fazer.
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