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DIREITO DA FAMÍLIA

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[DIREITO DE FAMÍLIA]
	2º ano, 2º semestre
 (
UNIVERSIDADE AUTÓNOMA DE LISBOA
2º ano, 2º semestre
2018/2019
DIREITO DE FAMÍLIA
Aulas + livro
Rita Duarte
)
Conteúdo
NOÇÃO JURÍDICA DE FAMÍLIA	3
FONTES DAS RELAÇÕES JURÍDICAS	3
CASAMENTO	3
PARENTESCO	3
AFINIDADE	4
ADOÇÃO	4
A FAMÍLIA COMO ENTIDADE SOCIAL	4
A FAMÍLIA COMO PROBLEMA NORMATIVO	4
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO DIREITO (EM SENTIDO LATO)	5
A DESISTITUCIONALIZAÇÃO DA FAMÍLIA: DO DIREITO PÚBLICO AO DIREITO PRIVADOO	5
PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DO DIREITO DA FAMÍLIA	5
FONTES DO DIREITO DA FAMÍLIA	7
CARATERES DO DIREITO DA FAMÍLIA	7
CARATERES DOS DIREITOS FAMILIARES	8
COSTITUIÇÃO DA RELAÇÃO MATRIMONIAL (O CASAMENTO COMO ATO)	9
O CASAMENTO CIVIL E O CASAMENTO CATÓLICO: OS SISTEMAS MATRIMONIAIS	9
CARATERES DO CASAMENTO COMO ACTO E COMO ESTADO	10
O CASAMENTO COMO CONTRATO: REQUISISTOS DE FUNDO	10
O CASAMENTO COMO CONTRATO: REQUISITOS DE FORMA	12
INVALIDADE DO CASAMENTO	12
EFEITOS PESSOAIS DO CASAMENTO	13
DEVERES DOS CÔNJUGES	14
O REGIME DE BENS. PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS	15
REGIMES DE BENS TÍPICOS	17
A COMUNHÃO DE ADQUIRIDOS COMO REGIME SUPLETIVO. CRITÍCA.	19
ADMINISTRAÇÃO DOS BENS DOS CÔNJUGES	19
RESPONSABILIDADE POR DÍVIDAS DOS CÔNJUGES	20
DIVÓRCIO	20
CONSEQUÊNCIAS PATRIMONIAIS DO CASAMENTO	21
MATÉRIA
O ser humano, sendo ser em si, mas também com os outros e para os outros, é um ser familiar.
É a família que humaniza o ser humano fazendo a ponte para o ser com os outros, através da demonstração de amor – ser com e para os outros.
A revisão do Direito da Família, imposta pela evolução social, levou ao afastamento do modelo tradicional e à sua substituição por um modelo individualista, que ignora a comunidade familiar.
Esta realidade é contemporânea de uma crise dos valores do direito civil a todos os níveis, nomeadamente a nível da certeza jurídica, da completude do ordenamento e mesmo do valor da igualdade referido à dignidade da pessoa humana/ pessoa jurídica.
Existe, consequentemente, uma crise da própria ideia de sistema. Cada facto da vida encontra cada vez mais a justificação em si próprio, sem ter de ir procurar modelos do comportamento criados por normas.
NOÇÃO JURÍDICA DE FAMÍLIA
A família, em sentido jurídico, é constituída pelas pessoas que se encontram ligadas pelo casamento, pelo parentesco, pela afinidade e pela adopção (art. 1576º CC).
A família não é em si um pessoa jurídica, coletiva, portadora de interesses diferentes da comunidade dos seus membros.
Quando a lei fala de “bem da família” (art. 1671º CC) está a referir-se ao bem ou aos interesses de todos e de cada um dos seus membros.
A família visa o bem de todos e de cada um dos indivíduos que a integram.
FONTES DAS RELAÇÕES JURÍDICAS
· Art. 1576º
· Parentesco
· Afinidade
· Casamento
· Adoção (adotado não passa a parente)
NOTA! Neste momento, em Portugal, a União de Facto (união de duas pessoas que, independentemente do sexo, vivam em condições análogas às dos cônjuges há mais de 2 anos) não é uma fonte da relação jurídica familiar. A união de facto não está incluída, mas tem uma lei própria (Lei 7/2001) que pauta, disciplina e regula a união de facto
CASAMENTO
· A relação matrimonial é a que se estabelece entre os cônjuges em consequência do casamento.
· O contrato de casamento afeta aprofundamento o estado das pessoas, os seus direitos e obrigações, não só de caráter pessoal, como patrimonial.
PARENTESCO
· Art. 1578º CC – “Parentesco é o vínculo que une duas pessoas, em consequência de uma delas descender da outra ou de ambas procederem de um progenitor comum”
· Art. 1578º - Elementos do parentesco
· Linhas de parentesco – art. 1580º CC
· Linha recta: parentes que descendem do outro 
· Linha colateral: ambos procedem de um progenitor comum 
· Cômputo dos graus (contagem dos graus): art. 1581º CC
· Nº 1: linhas rectas
· Nº 2: linhas colaterais
· Os efeitos jurídicos do parentesco produzem-se, em qualquer grau, em linha recta, embora não ultrapassem o 6º grau na colateral (art. 1582º) – ex.: 2009º e 2010º, 1981º, n.º1, 1952º, nº1, ect…
AFINIDADE
· A afinidade é o vínculo que liga um dos cônjuges aos parentes (que não os afins) do outro cônjuge 
· Art. 1584º - Noção de afinidade
· Art. 1585º - Conta-se pelos mesmos graus e linhas do parentesco (basta substituir a palavra “parente” para “afim”)
· A afinidade não gera afinidade
· A afinidade é o vínculo que liga cada um dos cônjuges aos parentes dos outros cônjuges 
· Ex: A é casado com B, A é irmão de C, C é casado com D, D não é nada a B
NOTA! Antigamente era “uma vez sogra, sogra para toda a vida”, no entanto isto alterou-se recentemente no CC, a afinidade só não cessa com a dissolução por morte. Ou seja, se A e B se divorciarem, deixa de existir uma relação de afinidade entre B e a mãe de A, mas se A morrer, essa relação de afinidade não deixa de existir
ADOÇÃO
· A adoção é (art. 1586º CC) o vínculo que, à semelhança da filiação natural mas independentemente dos laços de sangue, se estabelece legalmente entre duas pessoas.
A FAMÍLIA COMO ENTIDADE SOCIAL
· O núcleo fundamental da família foi-se esvaziando ao longo dos anos
· O progressivo desprendimento da família do culto religioso, a perda das funções de proteção e de justiça, o apagamento das funções económicas e de assistência, conduziu ao decréscimo da importância social da família, mas também à limitação dos poderes do seu chefe (Bonus Pater Familia) e, consequentemente à emancipação pessoal, económica, social e política da mulher e dos filhos
· Quase todas as funções da família são, hoje, garantidas pelo Estado Democrático de Direito e por empresas privadas (ex: educação, saúde e psicologia)
· As principais funções da família continuam as mesmas: reprodução biológica; sociabilização; assistência emocional.
· O que se alterou foi a estrutura da família que deixou de estar assente em relações de dominação, para passar a resultar da livre procura por casa um dos seus membros da sua felicidade pessoal
A FAMÍLIA COMO PROBLEMA NORMATIVO
A escolha dos problemas normativos da família tem evoluído com o tempo e acompanhado a evolução das suas funções e o maior relevo social atribuído a uma ou a outra.
No centro da viagem para a modernidade, a família saiu da rede social, fechando-se sobre ela mesma, privatizou-se, em suma. E com ela, privatizou-se também o Direito que a regula.
O Direito da Família privatiza-se, integra-se no Direito Civil, o Direito dos iguais, dos cidadãos libertados do constrangimento do Estado.
Os problemas normativos diminuem extremamente.
As relações pessoais são deixadas à liberdade dos cônjuges que as desenvolverão e extinguirão conforme entenderem.
As relações patrimoniais são objeto de regulamentação mais cuidadosa, sobretudo em vista dos momentos de crise, em que há que resolverem o destino do património comum, adquirido pelos cônjuges durante o casamento.
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO DIREITO (EM SENTIDO LATO)
O casamento era, em Direito Romano, um estado assente num consenso permanente. 
A Igreja veio sublinha o peso do consenso inicial, mais adequado a fundar um estado não dissolúvel, e o caráter sacramental (esta evolução encontrou a sua forma definitiva no Concílio de Trento). No que diz respeito ao aspeto patrimonial, a Igreja desinteressou-se sempre largamente desta matéria, deixando-a aos poderes civis.
Para adquirir consistência social, o casamento, na idade média, pressupõe transferências patrimoniais. Nos períodos, e nos grupos sociais, em que o contrato de matrimónio não é solene, a troca de bens entre os noivos publicitava o casamento e assegurava a firmeza das suas intenções.
A DESISTITUCIONALIZAÇÃO DA FAMÍLIA: DO DIREITO PÚBLICO AO DIREITO PRIVADOO
É o séc. XX que conhece as maiores mudanças no Direito e na ordem familiar. De elemento da ordem pública rigorosamente disciplinada pelo “Direito Público”, assente na autoridade do pai, chefe de família, fontes de normas, o agregado familiar foge à dominação deste, contratualiza-se, fracciona-se em diversos membros libertos da dominação.
O “Direito Público” da família passa a Direito Civil, formado denormas “imperfeitas”, desprovidas de coação; tendencialmente será só um conjunto de normas destinadas a assegurar a liberdade de cada um, a sua igualdade, ao serviço de um equilíbrio de interesses de cunho marcadamente personalista.
PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DO DIREITO DA FAMÍLIA
Os princípios constitucionais do Direito da Família podem dividir-se em dois grandes grupos: um, compreende a proteção dos Direitos da pessoa humana, no sentido tradicional, e outro onde garante um certo número de “direitos da família”, no sentido de os membros de um agregado familiar, enquanto tais, terem certos direitos perante o Estado, normalmente de caráter económico.
1º Grupo – Proteção dos Direitos do Ser Humano
DIREITO À CELEBRAÇÃO DO CASAMENTO EM CONDIÇÕES DE IGUALDADE
Art. 36º, nº1 CRP, 2ª parte
Todos têm o direito de celebrar o casamento em condições de plena igualdade sem que haja descriminação (excepto os impedimentos matrimoniais, contudo os mesmos não advém de situações de descriminação, mas sim de proteção).
DIREITO DE CONSTITUIR FAMÍLIA
Art. 36º, nº1 CRP, 1ª parte
Porque houve necessidade de distinguir? Para constituir família não necessita obrigatoriamente de celebrar o contrato de casamento (ex.: união de facto).
PRINCÍPIO DA COMPETÊNCIA DA LEI CIVIL
Art. 36º, nº2 da CRP
Para regular os requisitos e efeitos do casamento e a sua resolução independentemente da sua forma de celebração (art. 1626º e 1625º do CC)
PRINCÍPIO DE ADMISSIBILIDADE DO DIVÓRCIO PARA QUALQUER CASAMENTO
Art. 36º, nº 2 CRP
Retirou competência para referir nulidade ao casamento religioso - Art. 1625º CC
PRINCÍPIO DA IGUALDADE DOS CÔNJUGES QUANDO À SUA CAPACIDADE CIVIL E À MANUTENÇÃO E EDUCAÇÃO DOS FILHOS
Art. 36º, nº 3 CRP
É uma igualdade em sede de direito matrimonial 
Igualdade no ato da filiação
Art. 36º, nº 5 CRP
Atribuição aos pais do poder/dever de educação dos filhos
Os pais tem o direito de dirigir a educação dos filhos mas tem de ter respeito pela própria personalidade do filho.
Face ao Estado tem direitos como o direito à educação, direito à saúde, direito à habitação
Duplo sentido: poder relativamente aos filhos (art. 1874º e 1886º do CC) e dever em relação ao Estado 
INSEPARALIDADE DOS FILHOS DOS SEUS PROGENITORES
Art. 36º, nº 6 CRP
O Estado vai tutelar que os filhos não sejam separados dos pais, a não ser por ordem judicial (art. 1815º CC)
NÃO DISCRIMINAÇÃO ENTRE FILHOS NASCIDOS NO CASAMENTO E NO FORO DOS CASAMENTO
Art. 36º, nº 4 CRP
Não é permitido expressões como filho ilegítimo nem filho bastardo
2º Grupo
PROTEÇÃO DOS DIREITOS DOS MEMBROS DA FAMÍLIA PERANTE O ESTADO
	Art. 36º, nº7 CRP – ADOÇÃO: É preciso uma norma constitucional que assegure a proteção da adoção.
	Art. 67º, nº1 CRP – FAMÍLIA: A CRP exemplifica alguma das ações que o Estado deve promover para a proteção da família
	Art. 68º CRP – PROTEÇÃO DA PATERNIDADE E DA MATERNIDADE: são valores sociais iminentes, ou seja, tem de haver proteção da sociedade e do estado relativamente ao pai e à mãe na proteção e condução da criança
	Art. 69º CRP – PROTEÇÃO DA INFÂNCIA: art. 1915º e 1918º do CC
DIREITO À IDENTIDADE PESSOAL E GENÉTICO DO SER HUMANO
Art. 26º CRP – direito à conhecer as caraterísticas genéticas e a suas origens
FONTES DO DIREITO DA FAMÍLIA
· Lei
· CRP
· Código Civil
· Código Penal
· Código do Registo Civil
· Regime Geral do Processo Tutelar Cível
· Código de Processo Civil
· Algumas normas de Direito Fiscal
· Algumas normas de Direito da Segurança Social
· Papel do Juiz e do Doutor
· A intervenção do Juiz deve-se limitar aos momentos de crise
· O Doutor tem um papel fundamental, o de actualização das normas, através de uma função fundamentalmente prospectiva, prevendo a evolução, isolando os problemas normativos e criando as normas adequadas a esses problemas, recolhendo, corrigindo e sistematizando, se possível, as decisões da jurisprudência.
· Convenções Internacionais
· Concordata (ex: 07/02/1975) e o Protocolo adicional à Concordata
CARATERES DO DIREITO DA FAMÍLIA
1. DIREITO CIVIL OU DIREITO PÚBLICO
Neste momento é o Direito Civil porque todos os membros do agregado estão em pé de igualdade, já não existe um lugar de supremacia (antigamente exercicido pelo pai). À medida que as relações familiares se vão privatizando, visando “só” assegurar os interesses, a felicidade das partes, como estas quiserem, o Direito da Família reduz-se e conhece o aparecimento, a seu lado, de outras normas do Direito.
2. INSTITUCIONALISMO
A família é uma instituição detentora de normas próprias, onde o Direito não chega
· O Direito da Família está dividido em 2 partes:
· Existem normas fixadas pela lei (OBJETIVO)
· Existem normas muito pessoais (o que resulta para um casal pode não funcionar para outro) – ex.: o que é o DEVER DE RESPEITO? É muito relativo (SUBJETIVO)
A família é um grupo de iguais visando o bem de todos e de cada um, fundada no amor, e desempenhando por isso funções sociais de mais alcance.
 3. COEXISTÊNCIA DE DIREITO ESTADUAL E DE DIREITO CANÓNICO 
A maioria dos casamentos em Portugal será ainda celebrada segundo a forma canónica, não se trata de uma simples forma, mas sim dos efeitos jurídicos que resulta do Direito canónico que são reconhecidos pelo Direito civil.
 4. PERMEABILIDADE DO DIREITO DA FAMÍLIA ÀS TRANSFORMAÇÕES SOCIAIS
À medida que existem alterações sociais, o Direito da Família altera-se.
O Direito da Família é particularmente influenciado, por comparação ao que sucede com os outros ramos do direito, pelas evoluções políticas e sociais.
 5. AFETAÇÃO A CERTAS QUESTÕES DO DIREITO DA FAMÍLIA A TRIBUNAIS DE COMPETÊNCIA ESPECIALIZADA
A “especialidade” de ordem familiar levou a atribuir múltiplas questões do Direito da Família a juízos de competência especializada (Juízos de Família e Menores)
CARATERES DOS DIREITOS FAMILIARES
1. DIREITOS FAMILIARES PESSOAIS como DIREITOS FUNCIONAIS
· Os direitos familiares (pessoais) não são direitos subjetivos no sentido estrito, ou seja, direitos de exigir de outrem um certo comportamento no interesse do credor. São, antes, poderes-deveres, poderes funcionais.
· O que é um poder de dever ou um poder funcional?
· É UM DEVER QUE É SIMULTANEAMENTE UM DIREITO
· Poder/direito de um pai cuidar do filho 
· É exercido, não em nome ou interesse próprio, mas sim em nome e interesse da pessoa que o respeita
· EXERCÍCIO DAS RESPONSABILIDADES PARENTAIS
· Os pais podem ser inibidos
· ALTERAÇÕES
· 1. REPRESENTANTE: que é o titular deste dever/direito? Antigamente era o pai (com poder absoluto); atualmente é o pai/mãe; pai/pai; mãe/mãe
· 2. TITULAR DO INTERESSE: antigamente era cada um dos membros da família; atualmente cada membro é livre, não se prejudica o interesse de um membro para o bem melhor da família
· A autoridade transformou-se em serviço; a imposição em conselho; o direito, um projeto, a satisfação dos interesses do grupo familiar, reside na realização de cada um dos membros. Cada membro da família é, naturalmente, um ser para os outros e com os outros.
2. FRAGILIDADE
Considera-se que, de uma maneira geral, que a garantia dos deveres pessoais da família é frágil (ex.: não posso, no Direito, obrigar alguém a ser fiel)
3. CARATER DURADOURO DOS ESTADOS DE FAMÍLIA
· O Estado de família é duradouro? Depende:
· Casamento não é
· Relação de parentesco é para sempre
4. RELATIVIDADE
Os direitos familiares só dizem respeito aquelas pessoas, aqueles sujeitos da relação jurídica (principalmente os direitos pessoais)
EXECPÇÃO: existem situações em que estão em causa terceiros (ex: direitos patrimoniais – dívidas em que existem credores)
TIPICIDADE
Porque tem “numerus clausus” (são só aqueles), não só quanto ao número dos negócios, como também quanto ao seu conteúdo.
Ex: Fontes da Relação Jurídicas Familiares, são só 4, tem de estar tipificado na lei 
COSTITUIÇÃO DA RELAÇÃO MATRIMONIAL (O CASAMENTO COMO ATO)
O CASAMENTO CATÓLICO
Caraterísticas essenciais: comunhão de vida adequada à procriação e perpetuidade – ser para e com os outros; amor; fidelidade.
Fontes: Código de Direito Canónico; As fontes eclesiásticassão leis emanadas da Igreja; As fontes concordatárias são leis acordadas bilateralmente entre a Igreja e o Estado; As fontes civis são leis estaduais recebidas pela Igreja no seu ordenamento.
As duas “propriedades” ou “leis” fundamentais do matrimónio são a unidade (consiste na união de um homem com uma só mulher, a fidelidade está intimamente ligada à unidade) e a indissolubilidade (torna perpétuo o vínculo matrimonial que só se desfaz por morte de um dos cônjuges).
O CASAMENTO CIVIL
O art. 1577º CC português, define o casamento como “o contrato celebrado entre duas pessoas que pretendem constituir família mediante uma plena comunhão de vida, nos termos das disposições deste Código”.
A comunhão não é o simples instrumento da constituição de família, mas deve entender-se como sendo o próprio núcleo do casamento. A constituição da família é produto dessa comunhão de vida.
A procriação embora sendo um fim normal ou natural do casamento, não é um fim absolutamente essencial.
Os cônjuges estão vinculados aos deveres de respeito, fidelidade, coabitação, cooperação e assistência (Art. 1672º). A comunhão de vida é exclusiva (Art. 1601º) e presumptivamente perpétua (art. 1773º).
O CASAMENTO CIVIL E O CASAMENTO CATÓLICO: OS SISTEMAS MATRIMONIAIS
Sistema do casamento religioso obrigatório – a forma religiosa do casamento, segundo os ritos da Igreja reconhecida pelo Estado era a única permitida.
Sistema do casamento civil obrigatório - o direito matrimonial do Estado é obrigatório para todos os cidadãos, independentemente da crença que professem. Contudo, e atento o princípio da liberdade religiosa, todos os cidadãos se poderão casar segundo as normas, da sua confissão religiosa, embora esta casamento não produza quaisquer efeitos na ordem civil (vigora na maioria dos países).
Sistema do casamento civil facultativo – O Estado, ao admitir a forma de celebração religiosa do casamento e ao conceder-lhe efeitos civis, atribui os efeitos previstos pelo Direito da Igreja a que pertencem os nubentes.
Sistema do casamento civil subsidiário – O Estado adopta o Direito matrimonial religioso, impondo a celebração segundo a forma religiosa, com os efeitos previstos no direito matrimonial religioso, a todos os que professem essa religião.
CARATERES DO CASAMENTO COMO ACTO E COMO ESTADO
O casamento, quer se trate de casamento católico quer de casamento civil, é um contrato solene.
O CASAMENTO COMO NEGÓCIO JURÍDICO. O CASAMENTO COMO CONTRATO.
O Casamento é um negócio jurídico: duas declarações de vontade dirigida a certos efeitos e que a ordem jurídica tutela em si mesma e na sua direção, atribuindo efeitos jurídicos em geral correspondentes com aqueles que são tidos em vista pelos declarantes.
Os efeitos pessoais do casamento, e alguns dos efeitos dos patrimoniais, são fixados imperativamente pela lei, sem que as partes possam, portanto, introduzir derrogações no regime legal respetivo.
Quanto ao casamento católico, a intervenção do sacerdote é a título de mera testemunha. Os ministros do sacramento do matrimónio são os próprios nubentes que emitem declarações de vontade vinculativas que integram simultaneamente o contrato e o sacramento.
Quanto à lei civil, o art. 1577º define o casamento como contrato. A presença do conservador do registo civil, a sua intervenção no ato, releva da mera forma. Mas mera forma, tanto mais, que vem enquadrar as declarações de vontade dos nubentes essenciais para a constituição do contrato.
O casamento é um negócio pessoal em duplo sentido: primeiro, porque se destina a constituir uma relação familiar, a influir no estado dos nubentes; segundo, o casamento é um negócio pessoal, por só poder ser concluído ou celebrado pessoalmente, não admitindo a representação.
UNIDADEA
O casamento como estado é a unidade ou exclusividade, ou seja: uma pessoa não pode estar casada ao mesmo tempo com mais do que uma. É esta uma caraterística do direito católico, bem como do casamento civil, tradicional na nossa civilização. (proibição de poligamia ou da poliandria – art. 1601º, al. c) do CC).
VOCAÇÃO DE PERPETUIDADE
Para o casamento civil com a adopção do divórcio, a perpetuidade transformou-se numa simples tendência, numa vocação, numa caraterística normal do casamento, mas não numa caraterística absoluta.
O CASAMENTO COMO CONTRATO: REQUISISTOS DE FUNDO
O CONSENTIMENTO
Em matéria de casamento não é admissível um casamento sem vontade, no sentido de que não se pode permitir a continuação do casamento sem uma vontade perfeita, livre, esclarecida, dirigida, pelo menos, aos principais efeitos práticos do casamento, à prossecução da comunhão de vida que constitui a sua essência – O consentimento deve ser pessoal, puro e simples, perfeito e livre.
· O casamento simulado. Referência ao erro na declaração
· Solução/consequência: invalidade - Art. 1640º, nº1 CC
· A anulação do casamento pode ser requerida pelos próprios cônjuges ou por quaisquer pessoas prejudicadas com o casamento (art. 1640º, nº1) dentro de 3 anos subsequentes à sua celebração ou, se o casamento era ignorado do requerente, nos seis meses seguintes à data que dele teve conhecimento (art. 1644º)
· Erro
· Art. 1636º - o erro tem de recair sobre a pessoa com quem se realiza o casamento e versar sobre uma qualidade essencial desta.
· Deve recair sobre a qualidade essencial da pessoa do outro cônjuge; ser próprio; desculpável; e que a circunstância sobre a qual o erro versou tenha sido determinante da vontade de contrair casamento.
· O erro deve ser desculpável (art. 1686º): aquele em que não teria caído uma pessoa normal, perante as circunstâncias do caso, não pode ser invocado como pressuposto da invalidade do casamento.
· Coação
· Art. 1638º - Permite a anulação do casamento com fundamento em coação (vício da vontade, o receio ou temor ocasionado no declarante pela cominação de um mal, dirigindo à sua própria pessoa, honra, ou fazer da ou à de um terceiro, desde que seja grave o mal com que o nubente foi ilicitamente ameaçado e justificado o receio da sua consumação.
· Regime da anulabilidade por erro e coação
· O casamento é anulável nos termos do art. 1631º, al. b) do CC. 
· A ação de anulação pode ser intentada pelo cônjuge, enganado ou coacto, podendo prosseguir nela os seus parentes, ou afins na linha recta, herdeiros ou adoptantes, se o autor falecer na pendência da causa (1641º), dentro de 6 meses subsequentes à cessação do vício (1645º)
CAPACIDADE
· Regra geral: todos possuem capacidade para casar (1600º)
· A lei pretende, contudo, rodear de especiais precauções a celebração dos contratos quanto à capacidade dos nubentes 
· É um contrato celebrado entre 2 pessoas
· Se é um contrato pode haver um problema como por exemplo um Vício na Formação da Vontade ou uma Divergência entre a Declaração e a Vontade
· Contém muitas especificidades
· A, pode querer celebrar um negócio jurídico mas não ter ou não reunir os requisitos para aquele casamento, pois o contrato aparece-nos no art. 1577º do CC como um contrato 
· Art. 1627º CC – Regra da validade
· Existem 2 sanções de um casamento que não é válido:
· Inexistência
· Anulabilidade
· O CONTRATO NÃO PODE SER NULO!
O CASAMENTO COMO CONTRATO: REQUISITOS DE FORMA
PROCESSO PRELIMINAR
A celebração do casamento é o ato terminal de um procedimento, chamado processo de casamento ou processo preliminar de publicações, que visa obrigar as partes a refletir no passo importantíssimo que vão dar e a assegurar a conformidade à lei do contrato a celebrar. (regulado através do Código do Registo Civil nos art. 136º e ss)
CELEBRAÇÃO DO CASAMENTO
Devem estar presentes os nubentes, o conservador e até 4 testemunhas. É feita uma explicação sobre os efeitos do casamento, posteriormente serão realizadas as declarações expressas da vontade de ambos. 
REGISTO DO CASAMENTO
O registo do casamento é obrigatório, no sentido de que se trata da única forma legalmente admitida do matrimónio que, sem ela, não pode ser invocado, quer pelas pessoas a quem respeita, quer por terceiros.
INVALIDADE DO CASAMENTO
 
INEXISTÊNCIA
· Art. 1628ºe ss do CC
· É o nada jurídico que não produz qualquer efeito jurídico, não se coloca prazos e qualquer pessoa pode invocar 
· CAUSAS 
· É inexistente o casamento em que falte a declaração de vontade de um ou de ambos
ANULABILIDADE
· Art. 1631º, nº1, al. a) CC
· Consagração da permissão de anulabilidade do contrato de casamento em detrimento do impedimento dirimente
· Para o efeito é preciso uma ação (1632º) essa ação tem que ser efetuada por alguém que detenha legitimidade (1639º), dentro dos prazos (1643º)
EFEITOS PESSOAIS DO CASAMENTO
· Igualdade de direitos e deveres dos cônjuges e da direção conjunta da família (1671º CC)
· A regra indicada hoje parece incontestável
· A igualdade de direitos e deveres dos cônjuges implica, naturalmente, que a direção em família pertença a ambos, devendo estes acordar sobre a orientação da vida em comum (art. 1671º, nº2)
· Isto seguramente nos aspetos pessoais
· Nos aspetos patrimoniais também será assim. Qualquer regime de separação será transformado em comunhão pela comunhão das pessoa. Portanto, na fase do casamento plenamente realizado o regime de bens é, neste sentido, indiferente.
· Mas, já não será assim em época de crise. A resolução dos problemas patrimoniais entre os cônjuges, transformam um regime de comunhão em grave fonte de conflito
· Havendo bens comuns, o princípio da igualdade dos cônjuges parece impor a sua administração e alienação por acordo comum, mesmo sob pena de paralisia dessa administração no caso de crise, ou de graves dificuldade se a administração dos bens consistir na sua transação.
DEVERES DOS CÔNJUGES
· Art. 1672º CC – Dever dos cônjuges com reciprocidade para ambos
O casamento, enquanto estado, é uma comunhão plena de vida. Ou seja: é um constante viver de cada cônjuge, não só com o outro, mas para o outro; enriquecendo e afirmando cada uma das pessoas
DEVER DE COABITAÇÃO
O conceito de coabitação em Direito matrimonial, mas também em linguagem vulgar, significa comunhão de leito, de mesa e de habitação.
Segundo o art. 1673º, os cônjuges devem fixar, de comum acordo, a residência da família. Nesta fixação devem levar-se em conta os interesses de todos os membros da família, de cada um dos cônjuges e dos filhos.
No caso de divergência insanável e prolongada entre os cônjuges sobre o local da residência familiar, a lei permite a intervenção do Tribunal a requerimento de qualquer dos cônjuges (art. 1673º, nº3)
O incumprimento não justificado da obrigação de coabitar já foi causa de divórcio ou de separação judicial de pessoas e bens (art. 1779º e 1794º).
Hoje independentemente da culpa, a ausência de coabitação é apenas um facto que, apreciado objetivamente, só é relevante se for demonstrativo da ruptura definitiva do casamento ou da separação de facto, com a consequente atribuição do direito a qualquer dos cônjuges de requerer o divórcio ou a separação de pessoas e bens (art. 1781º, al. a) e d) do CC)
Com efeito, os cônjuges podem ser forçados a viver separados, nomeadamente por razões profissionais (nº2, art. 1673º), e apesar de isso manterem uma comunhão e vida, no respeito do outro e dos demais deveres conjugais.
DEVER DE FIDELIDADE
Os cônjuges têm obrigação de guardar naturalmente fidelidade conjugal – art. 1672º CC.
DEVER DE COOPERAÇÃO
A comunhão de vida pressupõe que casa um dos cônjuges esteja permanentemente disponível para dialogar com o outro, auxiliá-lo em todos os aspetos morais e materiais da existência, colaborar na educação dos filhos, ect.
Talvez seja este dever que esteja mais no centro da comunhão da vida. Estendendo-se à assistência e ao respeito, e encontrando as suas raízes próximas no amor.
No fundo, o dever de cooperação assenta num equilíbrio entre a tutela da vida conjugal e a tutela da personalidade de cada um dos indivíduos.
DEVER DE ASSISTÊNCIA
O dever de assistência, ao contrário do dever de cooperação, tem caráter marcadamente económico: compreende a prestação de alimentos e de contribuição para os encargos da vida familiar (art. 1675º, nº1 CC)
No caso de um dos cônjuges não cumprir o seu dever de assistência, resultam daqui duas consequências principais:
- Um é a de no caso de o outro cônjuge, o próprio incumpridor, pode pedir a separação de pessoas e bens, ou o divórcio, com essa base, se a não contribuição daquilo que era devido prejudicar a subsistência e o sustento de uma família a ponto de se considerar que há ruptura definitiva do casamento, nos termos do art. 1781º, al. d) do CC
- A outra é a de o cônjuge lesado poder pedir judicialmente que lhe seja diretamente entregue a parte dos rendimentos ou proventos do outro que o tribunal fixar (art. 1676º, nº4) ou alimentos para si próprio e para os filhos, para o futuro.
O dever de assistência, como conteúdo patrimonial, pode ser cumprido, tanto em dinheiro como em trabalho (cônjuge que fica em casa para assumir os encargos da vida doméstica)
Este dever deve ser medido, pelas possibilidades do cônjuge obrigado, e pelas necessidades do outro cônjuge e filhos.
DEVER DE RESPEITO
O dever de respeito é fundamentalmente o dever de aceitar o outro cônjuge como a pessoa que ele é.
Existe aqui uma tensão entre dois interesses. Por um lado, o interesse de cada um dos cônjuges a ser, e continua a ser, aquilo que era. Por outro lado, a necessidade de cada um dos cônjuges se adaptar àquilo que o outro é, ou venha a ser.
O incumprimento do contrato de casamento, ou seja dos deveres conjugais, merece a tutela do direito, mas apenas com a ação judicial de responsabilidade civil para reparação de danos, processualmente separada da ação de divórcio.
O REGIME DE BENS. PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS
1. REGIME DE BENS
Cada casamento como estado está submetido a um regime de bens, ou seja, a um estatuto que regula as relações as relações patrimoniais entre os cônjuges e entre estes e terceiros.
O princípio geral é o da liberdade do regime de bens: os cônjuges podem fixar livremente, em convenção ante-nupcial, o regime de bens do casamento (art. 1698º CC)
Em certos casos, porém, é retirada a liberdade de os nubentes fixarem o seu regime de bens, sendo-lhes imposto um certo regime, consoante o que está em causa. 
Estão todos tipificados na lei
· Típicos:
· CGB – Comunhão Geral de Bens (art. 1721º a 1731º)
· CA – Comunhão de Adquiridos (art. 1732º a 1734º)
· SB – Separação de Bens (art. 1735º a 1736º)
· Imperativo – Separação de Bens
· Convenção ante-nupcial 
· Os casos de regime imperativo estão previstos nas alíneas a) e b) do nº1 do art. 1720º do CC. Trata-se de casamentos celebrados sem precedência do processo de publicações, e por quem tenha completado sessenta anos de idade. Nestes casos, a lei impõe aos nubentes o regime de separação de bens.
· A lei proíbe as doações entre casados (art. 1762º), quando vigorar imperativamente o regime de separação de bens que seriam um modo de os cônjuges iludirem o regime de separação de bens. Porém, art. 1720º, nº1, permite que em vista do seu futuro casamento, os nubentes façam doações entre si.
· Supletivo – Comunhão de Adquiridos
· Quando é que se aplica?
· Quando não houver uma convenção ante-nupcial
· Quando houver uma convenção ante-nupcial mas for inválida
· Em caso de caducidade da convenção ante-nupcial
· Art. 1699º CC proíbe a estipulação do regime de comunhão geral nos casamentos celebrados por quem tenha filhos, ainda que sejam maiores ou emancipados, desde que os seus filhos não sejam comuna aos dois nubentes.
NOTA! A e B convencionaram um determinado regime (CGB ou SB) em convenção ante-nupcial, a qual tem sempre uma validade de um ano, caso A e B não se casem durante esse período de tempo, a convenção caduca e é aplicado o regime de bens supletivo
 (
CGB
 BC
) (
SB
 BP – A BP - B 
) (
CA 
 BP – A BC BP - B
 
)NOTA! Aplicação da lei no tempo, o antigo regime supletivo era o CGB até 01/06/1967CA – Comunhão de Adquiridos
SB – Separação de Bens
CGB – Comunhão Geral de Bens
BP – A – Bens Próprios de A
BP – B – Bens Próprios de B
BC – Bens Comuns de A e B
CONVEÇÃO ANTE-NUPCIAL
A convenção ante-nupcial é o acordo entre o nubentes destinado a fixar o seu regime de bens. A convenção não se integra no contrato de casamento, mas é acessório deste, pressupondo a sua existência e validade.
IMUTABILIDADE DAS CONVENÇÕES ANTE-NUPCIAIS
Art. 1714º, nº1, dispõe que, fora os casos previstos na lei, não é permitido alterar, depois da celebração do casamento, nem as convenções ante-nupciais, nem os regimes de bens legalmente fixados.
Ou seja: desde o momento da celebração do casamento o regime de bens é inalterável. Contudo, há que considerar que a imutabilidade das convenções ante-nupciais não significa a manutenção rígida dos bens num certo estatuto de propriedade.
É possível uma certa dinâmica das relações entre os cônjuges, nos quadros da convenção. Assim, cada um dos cônjuges pode dar em cumprimento (art. 1714º, nº3); qualquer deles pode conferir ao outro mandato revogável para administrar os seus bens próprios (art. 1678º, nº2, al. g) CC). Mas não poderão, por ex., assumir voluntariamente obrigações, um perante o outro.
REQUISITOS DE FUNDO DA CONVENÇÃO ANTE-NUPCIAL
Sendo um contrato, a convenção ante-nupcial está sujeita às regras gerais dos contratos, nomeadamente as que se referem à vontade, à declaração, aos vícios da vontade, ect
Art. 1713º, nº1 vem permitir que as convenções sejam celebradas sob condição ou a termos. Assim pode determinar-se que um regime de separação de bens seja transformado em regime de comunhão geral se nascerem filhos do casamento.
O preenchimento da condição não tem efeito retroativo em relação a terceiros (art. 1713º, nº2).
Como contrato, a convenção ante-nupcial exige a capacidade dos contraentes. Esta capacidade, dado que a convenção é acessória de um casamento, é a mesma que se exige para o casamento (art. 1708º, nº1)
	- Os menores só podem celebrar convenções ante-nupciais com a autorização dos respetivos representantes legais (art. 1708º, nº2).
	- Aos maiores acompanhados, quando devam ser representados para a realização de atos de disposição entre vivos ou quando os mesmos dependam de autorização, só é permitido celebrar convenções ante-nupciais com o acordo expresso do acompanhante (art. 1708º, nº3). Na falta de autorização a convenção é anulável. 
	- A anulabilidade considera-se sanada se o casamento vier a ser celebrado depois de cessar a incapacidade (art. 1709º)
FORMALIDADES DA CONVENÇÃO ANTE-NUPCIAL
As convenções ante-nupciais terão de ser celebradas por escritura pública (art. 1710º CC) ou por auto lavrado perante o Conservador do Registo Civil. Devem ser registadas para produzir efeitos em relação a terceiros (art. 1711º, nº1)
INVALIDADE DAS CONVENÇÕES ANTE-NUPCIAIS
Como qualquer outro contrato, as convenções ante-nupciais podem ser inválidas de acordo com as regras gerais. Aplicam-se nesta matéria as regras relativas à redução do negócio jurídico (art. 292º CC).
CADUCIDADE DAS CONVENÇÕES ANTE-NUPCIAIS
A convenção caduca quando o casamento não foi celebrado dentro de um ano, a contar da sua celebração, ou se, tendo sido celebrado, for declarado nulo ou anulado (art. 1716º).
REGIMES DE BENS TÍPICOS
REGIMES DE COMUNHÃO. A COMUNHÃO CONJUGAL COMO COMPROPRIEDADE
Os regimes de comunhão compreendem o CGB e a CB. Em ambos existe uma massa de bens comuns, propriedade de ambos os cônjuges, ao lado de bens próprios de cada um deles.
Os bens comuns constituem um património em compropriedade e um património autónomo.
No caso de um dos titulares do património falecer, não há alteração subjetiva na titularidade do património, enquanto existir um dos titulares.
No caso da comunhão conjugal, antes de estar dissolvido o casamento ou decretada a separação de pessoas e bens, os cônjuges não podem dispor, individualmente, dos bens, nem da sua menção nos bens comuns, nem sequer lhes é permitido pedir a partilha dos bens, que não podem ser, em regra, executados, antes da dissolução do casamento (art. 1696º, nº1 CC).
Trata-se de um simples regime de compropriedade, só divisível nos casos previstos na lei. Não podendo, além disso, os cônjuges dispor das suas quotas ou onerá-las, salvo os casos previstos na lei.
Art. 1703º CC refere que os cônjuges participam por metade no ativo e no passivo da comunhão, sendo nula qualquer estipulação em sentido diverso. Porém, o número 2 do mesmo art. admite que cada um dos cônjuges faça em favor de terceiro doações ou deixas testamentárias por conta da sua menção de bens comuns.
O art. 1404º do CC dispõe que as regras da compropriedade são aplicadas, com as necessárias adaptações, à comunhão de quaisquer outros direitos, sem prejuízo do disposto especialmente para cada um deles.
O regime de compropriedade carateriza-se por duas ou mais pessoas serem simultaneamente titulares do direito de propriedade sobre a mesma coisa (art. 1403º, nº1); os comproprietários exercem em conjunto, todos os direitos que pertencem ao proprietário singular, separadamente, participam nas vantagens e encargos da coisa, em proporção das suas quotas (art. 1405º, nº1).
Na falta de convenção em contrário, todos os sócios, têm igual poder para administrar (art. 985º, nº1, por força do art. 1407º). A qualquer dos administradores é licito praticar atos vigentes da administração destinados a evitar à sociedade um dano iminente (art. 985º, nº2).
Ao contrário da comunhão conjugal, a compropriedade conhece a disposição e oneração da quota (art. 1408º) e o direito de exigir a divisão (art. 1412º).
REGIME DA COMUNHÃO DE ADQUIRIDOS
Vigora quando os nubentes o estipularem na sua convenção ante-nupcial ou, como regime supletivo, na falta de convenção ou no caso de caducidade, invalidade ou ineficácia da convenção (art. 1717º), quanto aos casamentos celebrados depois da entrada em vigor do CC de 1967.
COMPOSIÇÃO DAS MASSAS PATRIMONIAIS
A regra geral é a de que são comuns todos os bens adquiridos a título oneroso na constância do casamento, e são próprios de cada um dos cônjuges os bens levados por ele para o casamento, ou adquiridos a título gratuito depois do casamento.
Bens próprios:
	- Art. 1722º 
	- Art. 1729º, nº2
	- Art. 1723º
	- Art. 1726º, nº1 (talvez)
	- Art. 1728º, nº2
Bens comuns: 
	- Art. 1724º
	- Art. 1726º (talvez)
	- Art. 1728º, nº1 + Art. 1733º, nº2
	- Art. 1725º
Poderes de disposição
Cada um dos cônjuges, não pode, sem o consentimento do outro:
	- Art. 1682º-A, nº1 e 2
	- Art. 1682º-B
	- Art. 1682º, nº 1, 2 e 3
	- Art. 1683º, nº 2
COMUNHÃO GERAL
Em princípio existe apenas uma massa patrimonial: os bens comuns. São comuns todos os bens adquiridos pelos cônjuges na constância do casamento, quer a título gratuito quer a título oneroso, bem como todos os bens que tenham trazido para o casamento.
A existência de bens próprios deve considerar-se excepcionalmente, reduzindo-se quase só àqueles que forem deixados doados a um dos cônjuges com a cláusula de incomunicabilidade.
SEPARAÇÃO DE BENS
No regime de separação de bens não há bens comuns.
Reduzem-se à proibição de cada um dos cônjuges alienar a casa de morada de família, ou onerá-la, através da constituição de direitos reais de gozo ou garantia, e ainda dá-la em arrendamento ou constituir sobre ela outros direitos pessoais de gozo (art. 1682º-A, nº2); a proibição de dispor do direito de arrendamento da casa de morada da família (art. 1682º-B); a proibição de alienar os móveis próprios ou comuns, utilizados conjuntamente com o outro cônjuge na vida do lar; a proibição de alienar os móveis utilizados conjuntamente pelos cônjuges como instrumento de trabalho; e, finalmente, a proibição de alienar os seus bens móveis se não for ele a administrá-los (art. 182º, nº3, al. a) e b) do CC).
CONSENTIMENTO CONJUGAL E O SEU SUPRIMENTO
Art. 1684º, nº1 do CC determina que o consentimento conjugal para a prática dos atos que dele carecem, devem ser especial para cada um desses atos. Está sujeito à forma exigida para a procuração (1684º,nº2), ou seja à forma exigida para o negócio ou ato jurídico em causa (art. 262º, nº2)
A autorização do cônjuge pode ser revogada enquanto o ato não tiver começado (art. 1684º)
O nº 3 do art. 1684º admite o suprimento do consentimento, não só no caso de impossibilidade, como também no caso de injusta recusa.
O art. 1687º regula o regime de anulabilidade dos atos praticados contra as disposições enunciadas (remete para o art. 288º).
A COMUNHÃO DE ADQUIRIDOS COMO REGIME SUPLETIVO. CRITÍCA.
Cada vez é maior a independência dos cônjuges, sob o ponto de vista pessoal, sob o ponto de vista da sua atividade produtiva, acompanhada de uma crescente taxa de divorcialidade, aponta inequivocamente em matéria patrimonial para um regime de bens de separação. Neste, tanto as regras sobre a administração de bens como sobre a disposição de bens permitem uma maior liberdade dos cônjuges para a prática de atos ou negócios jurídicos.
ADMINISTRAÇÃO DOS BENS DOS CÔNJUGES
Os bens próprios são administrados pelo cônjuge que é seu proprietário (art. 1678º, nº1). Excepções: um dos cônjuges pode administrar bens do outro, nos termos do art. 1678º, nº2, al. e), f) e g) do CC.
Quanto aos bens comuns, a norma é a da administração conjunta (art. 1678º, nº3). Podendo cada um dos cônjuges praticar (sozinho) os atos de administração ordinária.
O art. 1678º, nº2, al. a), b), c), d), f) e g) atribui a cada um dos cônjuges a administração exclusiva do bens consagrados.
PODERES DO CÔNJUGE ADMINISTRADOR
Abrangem os de disposição dos móveis comuns, tratando-se essa disposição de ato de administração ordinária.
Art. 1681º CC estabelece diversos casos de responsabilidade do cônjuge administrador.
PODERES DO CÔNJUGE NÃO ADMINISTRADOR
O cônjuge que não tem a administração dos bens não está inibido de tomar providências a ela respeitantes, se o outro se encontrar, por qualquer causa impossibilitado de o fazer, e do retardamento das providências puderem resultar prejuízos (art. 1679º). A atuação do cônjuge ao abrigo do art. 1679º assemelha-se à gestão de negócios.
O art. 1670º não confere ao cônjuge presente poderes de administração. Assim as dívidas contraídas no âmbito desta gestão/administração não estão abrangidas pelo art. 1691º, nº1, al. c) do CC.
Em caso de ausência ou impedimento, permanente ou duradouro, de um dos cônjuges, o outro pode administrar os bens próprios do primeiro e também, por maioria de razões os bens comuns, mesmo que al. f) do nº2 do art. 1678º do CC apenas refira os bens próprios do outro cônjuge.
RESPONSABILIDADE POR DÍVIDAS DOS CÔNJUGES
DÍVIDAS DA EXCLUSIVA RESPONSABILIDADE DE UM DOS CÔNJUGES
DIVÓRCIO
Art. 1773º CC
Na análise de um caso prático temos de seguir as seguintes etapas:
O casamento foi validamente celebrado, e a única forma de o dissolver é através do divórcio ou através da morte de um dos cônjuges.
NOTA! As vezes pode ter existido vícios na formação da vontade ou divergências entre a declaração e a Vontade, e no íntimo da relação familiar decidirem não ir a Tribunal para anular o casamento, de forma a “não lavar roupa suja” em Tribunal, optando pelo divórcio para dissolver o casamento.
Princípio da Autonomia da Vontade
Art. 1779º e ss + 1731º CC – Divórcio sem consentimento
Art. 1625º CC – nulidade do casamento católico (retira ao direito civil a competência)
Dispensa do contrato rato não consumado (carnalmente)
O divórcio pode ser realizado por mutuo acordo ou sem mutuo acordo
Se um dos cônjuges morrer, a partilha de bens é completamente diferente do que em regime de divórcio
No divórcio a partilha do património depende dos regimes de bens (não existe relatividade nesta parte da matéria)
CONSEQUÊNCIAS PATRIMONIAIS DO CASAMENTO
2. ADMINISTRAÇÃO DOS BENS DOS CÔNJUGES 
3. RESPONSABILIDADE POR DÍVIDAS DOS CÔNJUGES
O contrato de casamento (negócio jurídico) entre A e B (pode ser inexistente ou anulado)
Uma vez estipulado um contrato de casamento, num determinado regime, as dívidas que A contrai ou B contrai, são da responsabilidade de A, temos de compreender se são da responsabilidade de B ou se são da responsabilidade de ambos
LEGITIMIDADE
Cada um dos cônjuges tem legitimidade para contrair dívidas, sem o consentimento do outro (art. 1690º, nº1)
· Há dívidas que sendo contraídas por A:
· São da responsabilidade EXCLUSIVA de A – art. 1691º CC
· São da responsabilidade de AMBOS – art. 1692º CC
DÍVIDAS QUE RESPONSABILIZAM AMBOS OS CÔNJUGES
1. Tentar subsumir em 1 das alíneas do 1691º 
2. 1693º, nº 2
3. 1694º, nº 1
4. 2ª Parte do 1694º, nº 2
DÍVIDAS DE RESPONSABILIDADE EXCLUSIVA (Dívidas Próprias)
1. 1692º
2. 1693º, nº 1
3. 1964º, nº2, 1ª parte
 QUE BENS RESPONDEM PELAS DÍVIDAS?
· Dívidas comuns – art. 1695º 
· No regime de CGB – respondem os bens comuns (n.º 1)
· No regime de CA – respondem os bens comuns (n.º1), e na falta ou insuficiência destes pode responder, solidariamente, qualquer um dos bens próprios – pode depois ser compensado o cônjuge prejudicado (art. 1697º)
· Dívidas exclusivas – art. 1696º
Na CGB e na CA, nos termos do art. 1695º, nº1, a responsabilidade é solidária, ao passo que no regime de separação de bens, nos termos do nº 2 do mesmo art., a responsabilidade não é solidária.
NOTA! O encargo normal da vida familiar, não necessita de consentimento, mas é considerado bem comum (ex.: em pleno voo A teve um ataque cardíaco, fica internado no hospital com custos médicos, e é casado com B – é considerado um encargo normal da vida familiar) 
 
Vontade Viciada por COAÇÃO 
 FÍSICA - art. 1635º, al. c) CC 
Vontade Viciada por ERRO SOBRE A IDENTIDADE FÍSICA DA PESSOA
 Ex: A quer casar com B; mas A casa com C, irmã gemea de B, C ocupa o lugar da relação jurídica de B
 É anulável pelo art. 1635º, al. b) CC
Vontade Viciada por ERRO
 Art. 1636º CC
 Ex: A casa com B, mas quem é B? A, após o casamento descobre que B não é bem o que se pensava
 É anulável
 "desculpável" - que uma pessoa normal não se tivesse apercebido
 "qualidade essencial"
 OBJETIVO - alcoolismo, toxicodependência, esterialidade
 SUBJETIVO - tem de ser uma ceraterística fundamental para a pessoa (ex: B é estéril, mas A não quer ter filhos)
 MORAL - art. 1638º CC
IMPEDIMENTOS MATRIMONIAIS
Dirimentes
Impedientes
Absolutos
Relativos
Art. 1604º CC
Ex.: tio e a sobrinha? 1631º CC não é anulável
Art. 1601º CC
Tem de haver com a caraterística do indivíduo Ex: menor de 16 anos
Art. 1602º CC
A e B têm uma relação (parentesco)
Ex: pai e filha
INVALIDADE DO CASAMENTO
Casamento Civil (art. 1627º CC) - o legislador não referiu pela negativa, mas sim pela positiva
SANÇÕES
O legislador quer proibir mas dá a ideia de permitir (ex: podes sair à vontade, mas tens de voltar até às 22h)
ANULABILIDADE
INEXISTÊNCIA
Art. 1631º e ss 
Art. 1628º e ss
A é casado com B
1. Houve declaração Negocial?
Sim
2. Houve vícios na formação da vontade?
Se não, não existe casamento - INEXISTÊNCIA JURÍDICA
Não
Sim, pode ser anulado - ANULABILIDADE
Houve alguma divergência entre a Declaração e vontade?
Se sim, pode ser anulado - ANULABILIDADE
Não
DIVÓRCIO
FORMAS DE DISSOLUÇÃO DO CONTRATO DE CASAMENTO
INEXISTÊNCIA
ANULABILIDADE
MORTIS CAUSA
DIVÓRCIO
DIREITO DA FAMÍLIA
PESSOAL
PATRIMONIAL
Regime de Bens
Administração de Bens
Responsabilidade por dívidas
Enquadramento teórico
Enquadramento Prático
Art. 36º, nº1 da CRP
Direito de Constituir Família
Direito de Celebração do Casamento em Igualdade de condições
1. Por parentesco
2. Por casamento
3. por afinidade
4. por adoção
UNIVERSIDADE AUTÓNOMA DE LISBOA (
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