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Módulo Exigibilidade do Crédito Tributário
Seminário I
PROCEDIMENTO
ADMINISTRATIVO FISCAL
Aluna: Fernanda Rodrigues Teixeira
Questões
1.	Recurso administrativo protocolado intempestivamente tem o condão de suspender a exigibilidade do crédito tributário? Fundamentar sua decisão observando o que dispõe o art. 35 do Decreto Federal n. 70.235/72: “Art. 35. O recurso, mesmo perempto, será encaminhado ao órgão de segunda instância, que julgará a perempção.”
A verdade material é o objetivo principal do procedimento administrativo. Para garantir a obtenção dessa verdade material, o Direito Tributário, em especial o procedimento administrativo, conta com diversos princípios. 
Como o objetivo principal do procedimento administrativo é a obtenção da verdade material, a intempestividade de um recurso não poderia impedir que esse seja analisado. O artigo 35 do Decreto Federal nº 70.235/72, ao determinar que o recurso será encaminhado ao órgão de segunda instância, permite que exista a possibilidade de que seja analisado o mérito do recurso interposto. E, existindo tal possibilidade, por certo que a exigibilidade do crédito deve ser suspensa. Isso, pois, seria no mínimo questionável permitir que o crédito seja exigível quando ainda há possibilidade de que o lançamento seja inválido. 
A suspensão da exigibilidade do crédito, ainda que interposto recurso intempestivo, possui como alicerce os princípios da ampla defesa e do contraditório, previstos no artigo 5º, LV, da própria Constituição Federal, que, conforme expõe Paulo de Barros Carvalho, visam possibilitar ao contribuinte oferecer as razões pelas quais não deveria apenado. Permitir que o acusado seja apenado quando ainda não lhe foram ouvidas suas razões fere diretamente os referidos princípios constitucionais. 
Possui ainda como alicerce o princípio do informalismo em favor do interessado, o qual prevê a tolerância de meros erros formais, quando perpetrados pelo contribuinte, parte mais fraca na relação jurídica entre contribuinte e Administração Pública. Conforme explica Paulo de Barros Carvalho[footnoteRef:1], “o que interessa, no caso, é a vontade de impugnar, o desejo de interpor recurso, ficando para segundo plano os requisitos formais que dizem respeito com a compostura da peça”. Ou seja, a intempestividade do recurso não poderia ser motivo para penalizar o contribuinte, eis que manifestada sua vontade de impugnar. [1: CARVALHO, Paulo de Barros. Segurança jurídica no novo CARF: In: ROSTAGNO, Alessandro (Coord.). Contencioso Administrativo Tributário. São Paulo: Noeses, 2011, p. 16.] 
Assim, resta claro que a suspensão da exigibilidade do crédito tem o condão de garantir a supremacia do sobreprincípio da segurança jurídica, pois, a ausência da suspensão, além de ferir os princípios supracitados, acarretaria em grande instabilidade jurídica, que não pode ser admitida no âmbito do procedimento administrativo. 
2.	Considerando a presunção de legitimidade dos atos administrativos, a quem compete o ônus da prova nos recursos e impugnações? Até que momento o contribuinte (recorrente) pode juntar aos autos do processo administrativo provas documentais? Diante do que dispõem os arts. 9º e 10 do CPC/15, apresentadas novas provas pelo contribuinte o julgador administrativo deverá dar oportunidade ao Fisco para se manifestar a respeito antes de afetar o processo para julgamento? (Vide anexo I, II e III).
Apesar da existência de presunção de legitimidade dos atos administrativos, o ônus da prova não poderia ser repassado integralmente ao contribuinte. 
Isso, pois, a presunção de legitimidade não é absoluta e, portanto, não dá total liberdade à Administração Pública. Esta deve, desde o início, comprovar suas alegações, em respeito ao princípio da verdade material e com o fim de não permitir que o contribuinte seja apenado imotivadamente, em ofensa ao princípio da legalidade, que prevê que todos os atos da Administração devem ser pautados na lei. Nesse sentido encontra-se também o entendimento pautado por Paulo de Barros Carvalho[footnoteRef:2]: [2: CARVALHO, Paulo de Barros. Direito tributário: linguagem e método / Paulo de Barros Carvalho. 6ª ed. - São Paulo: Noeses, 2015, p. 928.] 
A presunção de legalidade dos atos administrativos exige que o Fisco atue de forma habitual dentro da esfera da legalidade. Entretanto, a presunção da legalidade do proceder administrativo, de modo algum, é extensiva aos fatos tomados em consideração por esses atos, de sorte que o Poder Público fique na contingência de provar a relação de base da presunção, restando ao contribuinte ainda a possibilidade de infirmar o fato presumido, mediante apresentação da oportuna prova em contrário. 
Ao meu ver, o ônus da prova deverá ser dividido. Assim, como dito acima, a Administração Pública deverá comprovar suas alegações e o contribuinte, caso entenda de outra forma, também deverá apresentar impugnação com as devidas provas. Repita-se, tal divisão do ônus probatório facilita a obtenção da realidade dos fatos, de forma a cumprir com o primado da verdade material, bem como garantir o contraditório e ampla defesa das partes, gerando certo equilíbrio na relação jurídica.
 Quanto ao momento apropriado para a juntada de provas documentais pelo contribuinte, o artigo 16, § 4º, do Decreto nº 70.235/72 dispõe que será quando da apresentação de impugnação, que deverá ser acompanhada de prova documental, sob pena de preclusão, a menos que reste demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior; quando referir-se a fato ou direito superveniente ou quando destinar-se a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos. 
Contudo, entendo que essa disposição normativa deve ser relativizada, de forma a garantir, mais uma vez, o primado da verdade material. Assim, ainda que após a impugnação e não presentes os requisitos previstos nas exceções, deve ser garantido ao contribuinte a possibilidade de apresentação de provas que entenda serem imprescindíveis para a resolução a controvérsia. Tais provas deverão ser recebidas pelo Julgador e analisada sua relevância para, então, definir se poderão ser integradas ao procedimento. 
Por fim, caso apresentadas novas provas pelo contribuinte, o julgador administrativo deverá sim dar oportunidade ao Fisco para se manifestar a respeito antes de afetar o processo para julgamento, tal como preveem os artigos 9º e 10 do CPC, subsidiariamente aplicáveis ao procedimento administrativo fiscal, eis que em consonância com os princípios da Ampla Defesa e Contraditório, albergados pelo Direito Tributário e de tamanha importância que possuem referência explícita na Carta Magna, em seu artigo 5º, LV. 
3.	Os tribunais administrativos exercem “jurisdição”? Justifique sua resposta, definindo “jurisdição”. Podem, no ato de julgar, afastar a aplicação de Decreto sob a alegação de sua ilegalidade para com a Lei. Pode a decisão administrativa inovar o feito, agravando o lançamento por ocasião do julgamento da defesa do contribuinte?
A jurisdição é função própria do Estado que tem como objetivo a manutenção da ordem jurídica, atuando na aplicação do direito a um determinado caso, a fim de solucionar conflitos de interesses. Nesse passo, tal como leciona Paulo de Barros Carvalho[footnoteRef:3], “a jurisdição pressupõe a existência de um órgão estatal, independente e imparcial, credenciado a compor conflitos de interesse, de maneira peremptória e definitiva”. [3: CARVALHO, Paulo de Barros. Segurança jurídica no novo CARF: In: ROSTAGNO, Alessandro (Coord.). Contencioso Administrativo Tributário. São Paulo: Noeses, 2011, p. 10.] 
E, considerando os pressupostos anteriormente citados, não se pode considerar que os tribunais administrativos exercem “jurisdição”. 
Os tribunais administrativos, ainda que parcialmente independentes, não podem ser considerados imparciais, eis que o Fisco faz parte da Administração Pública, ou seja, aquele que faz parte da relação jurídica também irã julgar a questão, tornando impossível asua completa imparcialidade na resolução do conflito. 
Além disso, o tribunal administrativo também não resolve o conflito de maneira peremptória e definitiva, eis que a decisão proferida no âmbito administrativo nem mesmo faz coisa julgada, podendo o contribuinte acionar o Judiciário mesmo após o julgamento no pelo tribunal administrativo. 
Por outro lado, o tribunal administrativo não pode afastar a aplicação de Decreto sob a alegação de sua ilegalidade para com a Lei, visto que estaria adentrando em competência que não é sua (Poder Executivo), mas sim do Poder Judiciário, único que pode declarar a invalidade/inconstitucionalidade de norma, em respeito à divisão tripartite prevista na Constituição Federal. O afastamento da aplicação de Decreto por tribunal administrativo apenas poderia ser admitida caso o Poder Judiciário já houvesse constatado a invalidade/inconstitucionalidade da referida norma. 
Por fim, a decisão administrativa não pode inovar o feito, agravando o lançamento por ocasião do julgamento da defesa do contribuinte, pois, o Direito Tributário veda a reformatio in pejus, conduta essa obstada pelo que dispõe os artigos 141 e 492 do CPC, aplicáveis subsidiariamente ao procedimento administrativo. 
4. Qual a aplicabilidade do CPC/15 ao processo administrativo tributário? Os enunciados das súmulas vinculantes devem ser observados pela Administração Pública? E os demais enunciados das súmulas do STF em matéria constitucional e do STJ em matéria infraconstitucional? E os acórdãos em incidente de resolução de demandas repetitivas (vide art. 928, II, do CPC/15)? 
Nos termos do artigo 15 do CPC, esse diploma legal será aplicável ao procedimento administrativo tributário de forma supletiva e subsidiária. Isso significa que o CPC poderá ser aplicado ao procedimento administrativo tributário quando houver uma lacuna legislativa, ou seja, quando o direito específico não dispor sobre determinado comportamento social, bem como poderá ser aplicado com o objetivo de potencializar valores jurídicos que permeiam o Direito Tributário. 
Contudo, é necessário cuidado na aplicação supletiva ou subsidiária do CPC ao procedimento administrativo tributário. Isso, pois, as normas processuais civis eventualmente aplicadas ao procedimento administrativo fiscal devem ser compatíveis com as normas de Direito Tributário e seus princípios. 
Além disso, os enunciados, súmulas vinculantes, enunciados das súmulas do STF em matéria constitucional e do STJ em matéria infraconstitucional, bem como os acórdãos em incidente de resolução de demandas repetitivas devem ser observados pela Administração Pública, tal como determina o artigo 927, I a IV, do CPC, aplicáveis subsidiariamente ao procedimento administrativo fiscal. Tal determinação visa garantir o primado da segurança jurídica, permitindo que situações fáticas semelhantes tenham o mesmo desfecho jurídico. 
5.	A lei de Introdução às normas do Direito Brasileiro é aplicada ao procedimento/processo administrativo fiscal? Quais as implicações da aplicação da LINDB no PAF? Analisar especificamente os artigos 24[footnoteRef:4] e 28[footnoteRef:5] da referida lei (vide ACÓRDÃOS DO CARF Nª 9202-006.996, 1301-003.284, 9101-003.839). A desconsideração de negócios jurídicos para requalificação dos efeitos tributários por consideração de inexistência de propósito negocial pode ensejar a aplicação do artigo 28 da LINDB? [4: . Art. 24. A revisão, nas esferas administrativa, controladora ou judicial, quanto à validade de ato, contrato, ajuste, processo ou norma administrativa cuja produção já se houver completado levará em conta as orientações gerais da época, sendo vedado que, com base em mudança posterior de orientação geral, se declarem inválidas situações plenamente constituídas. 
] [5: . Art. 28. O agente público responderá pessoalmente por suas decisões ou opiniões técnicas em caso de dolo ou erro grosseiro. 
] 
A Lei nº 13.655/2018 incluiu novas regras à Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro – LINDB, trazendo questionamentos acerca de sua aplicabilidade no Direito Tributário. 
A Fazenda Pública entende que a LINDB, em especial o artigo 24, não deveria ser aplicada no procedimento/processo administrativo fiscal, sob o fundamento de que tal dispositivo seria limitado ao procedimento administrativo, além de ir contra o artigo 146 da Constituição Federal, que determina ser de competência exclusiva de lei complementar a regulamentação sobre matéria tributária. 
Contudo, não comungo do referido entendimento. A LINDB deve ser aplicada ao procedimento/processo administrativo fiscal, eis que tal disposição normativa é dirigida ao direito público em geral, do qual o direito tributário faz parte. Em outras palavras, a LINDB deve ser aplicada a todo o ordenamento jurídico, incluído o direito tributário. 
Ainda que a Constituição Federal, em seu artigo 146, tenha determinado ser competência exclusiva de lei complementar a regulamentação sobre matéria tributária, entendo que o referido dispositivo não pode ser analisado de maneira absoluta. Referido artigo restringe à lei complementar apenas normas especiais e específicas do direito tributário. Ou seja, normas gerais de direito público, que não versem sobre questões específicas da matéria tributária, podem sim ser fixadas em lei ordinária. 
O artigo 24 da LINDB prevê que “a revisão, nas esferas administrativa, controladora ou judicial, quanto à validade de ato, contrato, ajuste, processo ou norma administrativa cuja produção já se houver completado levará em conta as orientações gerais da época, sendo vedado que, com base em mudança posterior de orientação geral, se declarem inválidas situações plenamente constituídas”. Observe-se que o citado dispositivo legal encontra-se em perfeita consonância com o artigo 927 do CPC, também aplicável ao procedimento administrativo tributário, por força do artigo 15 do mesmo Codex. 
A introdução do artigo 24 à LINDB possui como objetivo garantir a manutenção da segurança jurídica em todos os âmbitos do direito público brasileiro, pois permitir a observação da jurisprudência atual sobre lançamento fiscal decorrente de fato gerador de época anterior geraria intensa instabilidade no universo jurídico, além de ferir o princípio da irretroatividade. 
Por fim, a desconsideração de negócios jurídicos para requalificação dos efeitos tributários por consideração de inexistência de propósito negocial pode sim ensejar a aplicação do artigo 28 da LINDB, a depender do caso concreto, pois será necessário a comprovação do dolo ou erro grosseiro do agente público. 
6.	A existência de processo judicial e administrativo concomitantes implica renúncia às instâncias administrativas? (Vide anexos IV, V e VI).
Sim, a existência de processo judicial e procedimento administrativo concomitantes implica renúncia às instâncias administrativas, quando essas tiverem o mesmo objeto, pois o processo judicial gera coisa julgada e esta deve ser observada em todos os âmbitos. 
Contudo, essa renúncia não pode ser considerada absoluta. Cite-se como exemplo o caso em que o contribuinte propõe ação declaratória, anterior ao lançamento do tributo. Se, no curso do processo judicial, ocorra o lançamento, poderá o contribuinte impugná-lo a fim de garantir a aplicação do artigo 151, III, do CTN, que garante a suspensão da exigibilidade do crédito tributário. 
Assim, no caso em questão, poderá existir processo judicial e procedimento administrativo concomitantes, sendo que o procedimento administrativo permanecerá suspenso até que ocorra o julgamento do processo judicial. Se julgado improcedente ou procedente, o procedimento administrativo será extinto, impondo a adoção da decisão judicial, qual seja a subsistência do lançamento ou anulação do lançamento, respectivamente; se extinto sem resolução de mérito, o procedimento administrativo seguirá seu curso. 
7.	A Administração lavra contra determinado contribuinte auto de infração imputando duas condutas que resultaram em ausência de recolhimento de imposto.Em face do auto, o contribuinte se insurge contra apenas uma das imputações, mantendo-se inerte em relação à remanescente. Pode o Fisco segregar o auto de infração para cobrança da parte não expressamente impugnada?
É possível que o Fisco segregue o auto de infração para cobrança da parte não expressamente impugnada, eis que tratam-se de duas condutas distintas e, tendo o contribuinte impugnado apenas uma das imputações, entende-se que houve a concordância tácita quanto a outra, sendo, portanto, exigível o crédito tributário. Tal entendimento encontra respaldo no artigo 341 do CPC, aplicável subsidiariamente ao procedimento administrativo fiscal, que prevê a necessidade de impugnação específica.
8.	Analise os acórdãos lavrados no RE nº 601.314 e na ADIN 2859 e responda, em relação à quebra de sigilo bancário: 
a) Há diferença entre envio de Declaração de Movimentação Financeira (DIMOF), atual e-FINANCEIRA, pelos bancos à RFB, e a obtenção de extratos bancários pela RFB junto aos bancos, sem autorização judicial. (Vide anexos VII e VIII). 
A e-Financeira, instituída pela Instrução Normativa nº RFB 1.571, de 2 de Julho de 2015, é documento fornecido pelos bancos ao Fisco, que contém informações do contribuinte, tais como dados acerca de investimentos, movimentações, seguros, planos de previdência, entre outros. 
Ao meu ver, não há diferença entre envio de e-Financeira, pelos bancos à RFB, e a obtenção de extratos bancários pela RFB junto aos bancos, sem autorização judicial. Isso, pois, ambos os modos visam dar ao Fisco meios de cumprir com seus deveres (o dever de bem tributar e fiscalizar). 
A Carta Magna, apesar de dispor sobre diversos direitos individuais, sociais, econômicos e culturais para o cidadão, prevê também quais seriam os deveres desses mesmos cidadãos, entre eles o dever de pagar tributos. Assim, a entrega de informações bancárias à Administração Pública é medida necessária para garantir que os direitos previstos pela Constituição Federal possam ser efetivados, visto que é de conhecimento público e notório que os tributos financiam as ações estatais voltadas para tanto. O direito individual não pode se sobrepor ao direito coletivo. 
Além disso, a entrega de informações bancárias ao Fisco não configura quebra do sigilo bancário, pois trata-se apenas de transferências de informações sigilosas de uma entidade que tem o dever de sigilo (Banco) para outra mantém o dever de sigilo (Administração Pública), permanecendo resguardada a intimidade e vida privada do contribuinte, sob pena de incorrer em sanções administrativas e penais. 
Dessa forma, ainda que a RFB obtenha os extratos bancários junto aos bancos, sem autorização judicial, tal medida não alterará a finalidade do Fisco, qual seja a de combater a fraude e sonegação fiscal, protegendo os direitos coletivos previstos na Carta Magna. 
 b) A declaração efetuada para fins de aproveitamento do Programa que recebeu o nome de “Regime Especial de Regularização Cambial e Tributária” – RERCT, criado pela Lei n. 13.254/16 está protegida pelo sigilo fiscal?
Tal como dispõe o artigo 1º da Lei nº 13.254/16, o RERCT foi instituído para declaração voluntária de recursos, bens ou direitos de origem lícita, não declarados ou declarados com omissão ou incorreção em relação a dados essenciais, remetidos ou mantidos no exterior, ou repatriados por residentes ou domiciliados no País. 
Entendo que as informações contidas na declaração efetuada para fins de aproveitamento do RERCT estão sim protegidas pelo sigilo fiscal, pois, conforme dispõe o artigo 198 do CTN “é vedada divulgação, por parte da Fazenda Pública ou de seus servidores, de informação obtida em razão do ofício sobre a situação econômica ou financeira do sujeito passivo ou de terceiros e sobre a natureza e o estado de seus negócios ou atividades”, o que se adequa ao caso da declaração supracitada. 
Além disso, cumpre ressaltar que a própria Lei nº 13.254/16, em seu artigo 7º, §§ 1º e 2º, determina que a divulgação ou a publicidade das informações presentes no RERCT implica em quebra do sigilo fiscal, sujeitando o responsável às sanções penais e administrativas cabíveis.

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