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Modulo III - Seminário IV - CRISTIANE FERNANDA BASSI BICUDO2

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Módulo Exigibilidade do Crédito Tributário
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM DIREITO TRIBUTÁRIO
MÓDULO III
Módulo Exigibilidade do Crédito Tributário
Seminário IV
REALIZAÇÃO DA DÍVIDA ATIVA: EXECUÇÃO FISCAL E MEDIDA CAUTELAR FISCAL 
Campinas
2020
Questões
1. Qual a natureza jurídica da execução fiscal e da medida cautelar fiscal? Identificar o fundamento e os requisitos legais da medida cautelar fiscal, bem como apontar qual o momento oportuno para a sua propositura. (Vide anexos I e II).
Como se sabe, a execução fiscal é regida pela Lei 6.830/80 e sua propositura é pela Fazenda Pública, tem como finalidade a cobrança da dívida ativa. 
Diante disso, bem como de acordo com o Doutrinador Paulo Cesar Conrado, tem-se que a natureza jurídica da execução fiscal é exacional, eis que o sujeito ativo é o Estado-fisco, podendo este instaurar o processo judicial pretendendo a extinção do crédio tributário pela executoriedade. 
Por exacional devemos entender, assim, o processo tributário que, instaurado pelo Estado-fisco (sujeito ativo da obrigação tributária), tende a efetivar, no plano fenomênico, O conteúdo da relação jurídica de direito material já de antes constituída.[footnoteRef:1] [1: CONRADO, Paulo Cesar. Processo Tributário. 3 ed. São Paulo: Quartier Latin, 2012, p. 196.] 
Por sua vez, a natureza jurídica da medida cautelar fiscal possui natureza instrumental, com o intuito de resguardo dos interesses da Fazenda Pública em relação aos seus créditos públicos, evitando-se o desvio de bens da sociedade, desde que haja fundado receio disto ocorrer, ou seja, deve-se comprovar o fumus boni iurus e o periculum in mora. 
Tem como fundamento legal o artigo 2º da Lei 8.397/92 e demais artigos da referida Lei.
Da mesma forma que a execução fiscal, a medida cautelar fiscal tem como sujeito ativo a Fazenda Pública e, como sujeito passivo, todos aqueles elencados no artigo 2º da Lei 8.397/92. 
Em relação aos requisitos legais da medida cautelar, como mencionado acima, é a presença do periculum in mora e do fumus boni iuris, bem como os previstos nos artigos 2º e 3º da Lei 8.397/1992. 
Por fim, no que tange ao momento oportuno para a propositura da medida cautelar fiscal, este vem estabelecido, via de regra, no artigo 1º da referida Lei, qual seja, após a constituição do crédito tributário, inclusive no curso da execução fiscal. 
Entretanto, há duas exceções à regra, podendo haver o requerimento da medida cautelar, independentemente de previa constituição do crédito tributário, (i) caso o contribuinte, notificado pela Fazenda para proceder o recolhimento do crédito tributário põe ou tenta por seus bens em nome de terceiros e/ou (ii) aliena bens ou direitos sem proceder à devida comunicação ao órgão da Fazenda Pública competente, quando exigível em virtude de lei (art. 2º, inciso V, alínea “b” e VII da Lei 8.397/1992. 
2. A CDA que instrui a petição inicial do executivo fiscal pode ser retificada quantas vezes bem entender o Fisco? Quais vícios fundamentam sua retificação? Até que momento a CDA pode ser alterada? (Vide anexo III).
O art. 202 do Código Tributário Nacional combinado com artigo 2º, § 5º da Lei 6.830/80 dispõe sobre a forma e o que o Termo de inscrição da dívida ativa deverá conter: 
I - o nome do devedor, dos co-responsáveis e, sempre que conhecido, o domicílio ou residência de um e de outros;
II - o valor originário da dívida, bem como o termo inicial e a forma de calcular os juros de mora e demais encargos previstos em lei ou contrato; 
III - a origem, a natureza e o fundamento legal ou contratual da dívida;
IV - a indicação, se for o caso, de estar a dívida sujeita à atualização monetária, bem como o respectivo fundamento legal e o termo inicial para o cálculo; 
V - a data e o número da inscrição, no Registro de Dívida Ativa; e 
VI - o número do processo administrativo ou do auto de infração, se neles estiver apurado o valor da dívida.
Nas hipóteses de omissão dos requisitos do termo de inscrição da certidão, ou ocorrência de erros materiais e defeitos formais ou de parcelas certas, a Lei 6.830/80, artigo 2º, § 8º, cumulado com o artigo 203 do Código Tributário Nacional, faculta ao credor emendar ou substituir Certidão da Dívida Ativa. No entanto, não se admite a substituição da CDA para a alteração do sujeito passivo por não ser este erro formal ou material, mas sim alteração do próprio lançamento.
Ademais, prescreve a Súmula 392 do STJ[footnoteRef:2] a possibilidade de substituição da CDA até a prolação da sentença de embargos, limitando essa possibilidade aos erros materiais ou formais e, vedando a modificação do sujeito passivo da execução. [2: A Fazenda Pública pode substituir a certidão de dívida ativa (CDA) até a prolação da sentença de embargos, quando se tratar de correção de erro material ou formal, vedada a modificação do sujeito passivo da execução.] 
Ou seja, não há prescrição sobre limitação de quantidade de vezes em que a CDA poderá retificada, entretanto, como mencionado alhures, há a limitação da retificação até a sentença dos embargos, não podendo ser modificada após essa decisão judicial. 
No que tange aos vícios que fundamentam a retificação, como já mencionado, podem ser tanto formais como materiais, não podendo, entretanto, haver a modificação do sujeito passivo, eis que atingiria o próprio lançamento. 
Neste passo, entendo que caiba a retificação apenas da CDA para que se adeque ao lançamento, de modo que se o lançamento estiver equivocado não caberá a retificação, devendo a ação ser extinta e o fisco, caso não decaído seu direito, realizar novo lançamento para a constituição do crédito e posterior inclusão do mesmo em dívida ativa. 
3.	Considerando as alterações relativas ao processo de execução trazidas pelo CPC/15, pergunta-se:
	(a) Aplicam-se os arts. 915 e 919 do CPC/15 nos processos de Execução Fiscal? (Vide anexo IV);
O Código de Processo Civil se aplica às execuções discais de forma subsidiária, posto que, o artigo 1º da LEF estabelece que “a execução judicial para cobrança da Dívida Ativa da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e respectivas autarquias será regida por esta Lei e, subsidiariamente, pelo Código de Processo Civil.” Ou seja, em relação à observância subsidiária de normas do Código de Processo Civil, as regras gerais somente são aplicáveis quando a Lei 6.830/80 não contiver previsão sobre o tema, aplicando-se, desta forma, o CPC quando e somente se tratar de questões não disciplinadas. 
O artigo 16 da LEF disciplina a possibilidade de oferecimento de embargos no prazo de 30 dias, entretanto é inerte quando a possibilidade de suspensão do processo, de modo que, como bem destacado na jurisprudência do anexo IV “é ilógico concluir que a Lei n. 6.830 de 22 de setembro de 1980 – Lei de Execuções Fiscais – LEF e o art. 53, §4º da Lei n. 8.212, de 24 de julho de 1991, foram em algum momento ou são incompatíveis com a ausência de efeito suspensivo aos embargos do devedor”
Diante disso, entendo que apenas se aplica ao processo de execução fiscal o artigo 919 do Código de Processo Civil, no que tange à possibilidade de suspensão do processo desde que haja a garantia do processo e a comprovação da presença dos requisitos para a concessão da tutela provisória, ou seja, fumus boni iuris e periculum in mora. 
O artigo 915 disciplina o oferecimento dos embargos no prazo de 15 dias, entretanto a LEF trata deste assunto no artigo 16, de modo que não se aplica ao processo executivo fiscal. 
	(b) Na execução fiscal, ao executado ainda persiste o direito de, no prazo de 5 dias da sua citação, “garantir a execução”? Justifique sua resposta.
 Em relação ao prazo para a apresentação de garantia, entendo que sim, ainda persiste, eis que esta disciplinado pelo artigo 8º da LEF, sendo possível a oposição de embargos à execução apenas após o depósito ou a penhora, garantias da execução, que deverá ser feita dentro do prazo acima. 
4.	Com relação ao instrumento constritivo do patrimônio do contribuinte-devedorprevisto no art. 185-A do CTN (conhecido como penhora “on-line”). Pergunta-se: 
(i) Qual sua natureza jurídica? Trata-se de espécie de penhora ou de medida cautelar? 
O que se determina neste artigo é a indisponibilidade dos direitos e dos bens móveis e imóveis, devendo tal indisponibilidade ser comunicada, preferencialmente, por meio eletrônico. 
De certo que a figura da penhora on line de numerário foi “construída e implantada” em função do texto do referido artigo que indica como autoridade receptiva da ordem de indisponibilidade, aquela que detém o cargo de supervisora do mercado bancário e do mercado de capitais. 
A indisponibilidade não constitui medida satisfativa da execução, mas é meio utilizado para garantir a penhora de bens e, desta forma, mantém ou se assemelha a uma natureza cautelar, em consonância com o artigo 2º, V, “a” da Lei 8.397/1992.
No entanto, na indisponibilidade de bens móveis ou imóveis não há impedimento para que o devedor possa usar e fruir do bem, ficando impedido de aliená-lo face a esta indisponibilidade.
Já a indisponibilidade de numerário priva o sujeito passivo do direito de propriedade. Quando a instituição financeira recebe a ordem judicial para o bloqueio de valores, de qualquer forma está indisponibilizando referidos valores, tornando impossível qualquer operação de saques, transferência e utilização do numerário.
Com certeza, com a extensão da penhora on line para o bloqueio de numerários tornou-se uma forma direta de satisfação da garantia do juízo, ganhando esta figura a de uma cautelar fiscal, já que a penhora de ativos financeiros indisponibiliza o seu uso. Ou seja. Basta a inércia do executado em relação aos atos de defesa e garantia do juízo pós citação para que seja decretada a indisponibilidade dos bens. 
(ii) A decretação da indisponibilidade a que se refere o art. 185-A do CTN é fato jurídico suficiente à abertura de prazo para apresentação de embargos? 
A decretação da indisponibilidade a que se refere o art. 185-A do CTN não é fato jurídico suficiente à abertura de prazo para apresentação de embargos, isso em decorrência da falta de publicidade do ato. 
Após efetivada a indisponibilidade de bens e direitos de que trata o art. 185-A do CTN, o processo de execução fiscal seguirá o seu curso tendo como base a LEF n. 6.830/80. O valor do bem indisponibilizado, seja dinheiro, direitos ou bens móveis ou imóveis, será convertido em penhora e o executado será intimando para que ofereça embargos à execução.
(iii) Quais seus pressupostos e limites legais? É necessária demonstração por parte da Fazenda de que inexistem outros bens capazes de garantir a dívida? Ou aplica-se o art. 854 do CPC/15? (Vide anexo V e VI). 
Possui como pressuposto e limite legal a falta de pagamento da dívida, falta de garantia da execução e a devida citação do executado para apresentação dos embargos após a penhora. 
No que tange a necessidade de demonstração por parte da Fazenda de que inexiste outros bens capazes de garantir a divida ou a aplicação do artigo 854 do CPC/15, entendo que por força da interpretação do artigo 11 da Lei 6.830/1980 c/c com o artigo 185-A da Lei 5.172/1966 o artigo 854 do Código de Processo Civil poderá ser aplicado, estendendo a interpretação do artigo 11, I da Lei 6.830/1980, para autorizar a penhora eletrônica.
5.	Na execução fiscal o devedor-executado é citado para pagar ou indicar bem(ns) à penhora em cinco dias. Na hipótese de oferecimento de seguro-garantia, terá o devedor-executado que acrescentar 30% do valor do débito executado ao seguro para que essa modalidade de garantia seja aceita? Considere em sua resposta o teor do art. 7º, II da Lei n. 6.830/80 e o § 2º do art. 835 do CPC/15.
O artigo 7º, II, bem como o artigo 9º da Lei 6.830/80 não menciona essa obrigatoriedade em acrescentar 30% ao valor do débito. 
O artigo 9º da referida Lei menciona:
Art. 9º - Em garantia da execução, pelo valor da dívida, juros e multa de mora e encargos indicados na Certidão de Dívida Ativa, o executado poderá:
[...]
II - oferecer fiança bancária ou seguro garantia;    
Ou seja, menciona que a garantia da execução deve ser feita pelo valor da divida, juros e multa de mora, não traz a necessidade de adicional de 30%. 
Ademais, considerando o principio da execução menos gravosa, entendo que na hipótese de oferecimento de seguro-garantia, ente não precisa conter o acréscimo de 30%. 
6.	Qual o termo inicial para consideração da fraude à execução fiscal? Há alguma divergência entre o art. 185 do CTN e o art. 792 do CPC/15? (Vide anexo VII). 
O termo inicial para consideração da fraude à execução fiscal é a inscrição em divida ativa de acordo com o artigo 185 do Código Tributário Nacional. 
Entre os dois institutos há divergência com relação à afronta especificamente, já que o Código de Processo Civil traz hipótese de afronta ao interesse privado quando o Código Tributário Nacional, a afronta ao direito público. 
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