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APOSTILA UNIDADE 02 INFORMAÇÕES GERAIS SOBRE A HOMILÉTICA Objetivo: conhecer as principais definições e características da homilética, entendendo o significado do que é pregação e percebendo os principais tipos de sermão e as ocasiões em que são utilizados. Sumário: 1 Introdução 2 A Pregação 3 O Sermão 4 O Propósito da Homilética 5 Os Principais Desafios 5.1 Desafios externos para o pregador 5.2 Desafios internos para o pregador 6 A Classificação dos Sermões 6.1 Classificação dos sermões quanto à finalidade 6.1.1 Sermão evangelístico 6.1.2 Sermão doutrinário 6.1.3 Sermão exortativo 6.1.4 Sermão de Comunhão 6.2 Classificação dos sermões quanto às ocasiões 6.3 Classificação dos sermões quanto ao tipo 6.3.1 Sermão Temático 6.3.2 Sermão Textual 6.3.3 Sermão Expositivo 6.3.4 Sermão Pseudo Expositivo 6.3.5 Sermão Exegético ou Analítico 7 Resumo 1 Introdução Olá, sejam bem vindos à nossa segunda Unidade sobre homilética. Aqui aprenderemos algumas definições e peculiaridades importantes sobre esta palavrinha tão curta, mas cheia de significados e responsabilidades. Além da distinção entre sermão e pregação, também faremos um apanhado geral sobre os objetivos da Homilética, os principais desafios para o pregador, nos dias de hoje e um vislumbre sobre as classificações mais comuns dos sermões. 2 A Pregação Comecemos trabalhando a ideia do que é uma pregação. Basicamente, poderíamos dizer que é a transmissão de uma mensagem bíblica. Esta comunicação pode ser feita através de várias formas e impulsionada por vários objetivos. Por exemplo, eu posso pregar (anunciar o Evangelho), por meio de minha vida ou meu exemplo. Posso, também, pregar por intermédio de uma simples resposta casual quando, por exemplo, você está discipulando alguém que em algum momento o encontra para desabafar sobre suas dificuldades e você simplesmente lhe pergunta: “Você já orou sobre isto? Já apresentou a Deus esta dificuldade?” Embora não tivesse a intenção direta, na realidade você está dizendo àquele seu discipulando que devemos levar para Deus nossos anseios. Posso pregar por meio das redes sociais, ao postar uma palavra de reflexão, por exemplo. Não precisa ser um discurso formal, que alguns logo diriam: “lá vem o crente”, mas posso pregar durante um diálogo informal. E também ao cantarolar um cântico ou hino, ao declamar uma poesia, ao apresentar uma coreografia coerente com a música ao fundo, ao apresentar um teatro, etc. E, é claro, pregamos quando ministramos um estudo bíblico ou quando usamos um sermão. Embora, tradicionalmente, às vezes temos visto a igreja, de uma forma geral, usar o verbo “pregar” como sinônimo de sermão. 3 O Sermão Como demostramos anteriormente, o sermão é uma das ferramentas pelas quais podemos levar o recado de Deus aos corações das pessoas. Mas, note que se trata de uma distinção mais didática do que etimológica, por si só. Ou seja, não precisamos sair recriminando ou “corrigindo” alguém que disse que pregação é a mesma coisa que sermão. LEVI Destacar LEVI Destacar LEVI Destacar LEVI Destacar LEVI Destacar LEVI Destacar LEVI Destacar LEVI Destacar LEVI Destacar LEVI Destacar LEVI Destacar LEVI Destacar LEVI Destacar Em poucas palavras, o sermão é um discurso baseado na Bíblia, que usa uma estrutura organizada em tópicos interdependentes, para melhor captar a atenção dos ouvintes e ser mais efetivo na transmissão da mensagem. Outros nomes para sermão são: Palavra, Prédica ou Homilia, de onde vem “Homilética”, o nome de nossa disciplina. Segundo Silva, as palavras homilia (oriunda do grego) e sermonis (do latim), tinham o significado original de conversação, em geral, voltada ao âmbito familiar. Com o passar do tempo, sofreram uma modificação em sua semântica, passando a significar “discurso”, no geral. Mais adiante passa a se restringir à conversação religiosa, em contraponto à retórica, que tendia a identificar o discurso secular. Após o período da Reforma é que Homilética passa a ser entendida como a arte de se anunciar o evangelho. (SILVA, 2011, p. 10). Há seguimentos que tentam fazer distinção entre sermão, homilia e prédica. Não será o nosso caso. Dependendo de sua comunidade de fé pode ser usado um ou outro. O mais importante é pegar o conceito geral, por trás do termo e procurar inserí- lo em nossas pregações. Segundo Kirst, “Homilética é a ciência que se ocupa com a pregação cristã e, de modo particular, com a prédica proferida no culto, no seio da comunidade reunida.” (1996, p. 9). Outra ideia trabalhada por este mesmo autor, nesta definição, é a de que “pregar é, em boa parte, artesanato” que se aprende a partir da prática daquilo que formos vendo na teoria. (KIRST, 1996, p. 9). Ampliando um pouquinho mais o nosso conceito, para Karl Barth: “A prédica é a tentativa – ordenada à igreja – de servir à Palavra de Deus através de uma pessoa vocacionada para tal finalidade; e isto, de tal modo que um texto bíblico seja explicado em fala livre a seres humanos da atualidade, como algo que lhes diz respeito e como anúncio daquilo que eles têm a ouvir do próprio Deus”. (BARTH, Apud KIRST, 1996, p. 18). Segundo Key (2001) eis algumas palavras usadas em o NT, relacionadas à pregação: “Laléo (falar ou discursar) [...] Martyréo (testemunhar) [...] Kerýsso (proclamar como arauto, trazer notícias, pregar ou divulgar mensagens) [...] Euangelízomai (trazer, anunciar ou LEVI Destacar LEVI Destacar LEVI Destacar LEVI Destacar pregar boas novas) [...] propheteúo (falar com a inspiração imediata do espírito Santo) [...] Didáskein (comunicar a verdade divina através do ensino) [...] Parresiázomai (falar com ousadia, falar abertamente, sem medo) [...] Pleróo (encher ou tornar cheio) [...] Parakaléo (implorar, exortar, consolar, suplicar, confortar). (KEY, 2001, p. 29) Só por aí, você já deve ter percebido a grande honra que temos, de sermos chamados a pregar e, ao mesmo tempo, a árdua responsabilidade que sobrevêm aos nossos ombros. Curiosamente, por um lado, a homilia é tão fascinante e, ao mesmo tempo complexa, pois é um misto de arte, de técnica e de ciência. Segundo Silva, como ciência, nos obriga a usar nosso intelecto na elaboração do que estudar e do como expor. Como arte nos pede a trabalhar nossa sensibilidade estética e, ainda, como técnica, nos ajuda a otimizar o tempo e sermos mais eficazes em nossa missão. (SILVA, 2011, p. 11s). Permita-me dar uma palavrinha, a título de testemunho pessoal. No início, pode parecer algo tão difícil de se alcançar. Mas, persistam e certamente serão bem sucedidos. Passei por isto, e ainda tenho presenciado a vida de vários alunos, que por resistência à novidade ou à transformação, são relutantes em aceitar ou seguir os passos e as dicas sugeridas. Consequentemente, ainda sofrem em suas pregações. Pior, seus ouvintes também continuam sofrendo. Todavia, àqueles que se deixaram moldar e se permitiram crescer e se readequar, é muito bonito ver seu crescimento na arte da pregação. 4 O Propósito da Homilética Outra questão tão importante quanto saber sobre o significado de homilia, é podermos entender sua razão de ser, seu propósito. Um dos principais objetivos de um bom pregador deve ser a preocupação em alimentar coerentemente seu rebanho. Infelizmente, tem sido cada vez mais comum encontrarmos membros de igreja que nunca leram a Bíblia toda ou que nem sequer tem poucos minutos de devocional, buscando maior intimidade com Deus. Para complicar ainda mais este quadro catastrófico, não são poucas as heresias que podemos presenciar através de rádios, Tv’s ou internet. Em outras palavras, nosso povo anda comendo comida estragada e LEVI Destacar LEVI Destacar não tem a menor maturidade exigida para saber discernir o que de fato vem de Deus e o que acaba sendo apenas manipulação humana, baseada emestratégias de marketing, tais quais àquelas usadas no meio empresarial. A igreja deve ser bem alimentada. Por isto, segundo Kirst, o sermão precisa fornecer informações sadias e sérias que “abram horizontes, que preparem e deitem o fundamento para transformações e complementações de convicções, valores e padrões de atitude, ou seja, para uma reorganização de determinado subsistema cognitivo”. (KIRST, 1996, p. 28.). Além disso, embora possamos correr o risco de sermos redundantes, a prédica tem como objetivo transmitir as boas novas de Deus. Parece tão óbvio, mas na prática, infelizmente, tem sido cada vez mais frequente o uso de suas técnicas para se transmitir os pensamentos próprios e interesseiros do pregador. Recentemente ouvi um colega professor contando a seguinte história, que também foi presenciada por mim alguns anos mais tarde. Dois alunos, um dele e outro meu, preocupados com a qualidade de seu sermão, vieram nos procurar com seu esboço prontinho, com títulos, tópicos, subtópicos, ilustrações, aplicações, enfim, tudo esquematizado, ou melhor, quase tudo. Pois, quando perguntamos sobre a passagem bíblica que eles haviam embasado seus sermões, simplesmente responderam; “então, só tá faltando o texto bíblico”. É isto mesmo que você está lendo! Por duas vezes, fiquei sabendo de pessoas que preparam seus sermões sem nem sequer terem um texto bíblico. Por favor, nunca esqueça que sermão precisa ser a partir da Bíblia. Caso contrário será palestra, discurso retórico, conselhos interessantes ou palavras de auto-ajuda. E, infelizmente, há muito disso, nos púlpitos de nossas igrejas. Devemos pregar a Palavra de Deus, porque cremos que nosso Deus é um Ser pessoal, que se revela e deseja se relacionar com as pessoas. Para isto, concomitantemente, devemos pregar aquilo que nosso Senhor, por meio de seu Espírito Santo já falou conosco. Outro objetivo bastante peculiar da Homilética é nos ensinar a transmitir esta mensagem, que é a mais sublime, de uma maneira a melhor impactar e a ficar na mente de nossos ouvintes. Por esta razão, aqui nós gastaremos bastante tempo e energia com a definição e a elaboração de um bom esboço para o sermão. Mesmo que, depois, você opte por não seguir em nada do que formos pedindo daqui para LEVI Destacar LEVI Destacar frente, as atividades e avaliações serão baseadas a partir disto. Num primeiro momento parece algo tão mecânico e “carnal”, mas creiam, quando nos dispomos a gastar energia ordenando nossos pensamentos e quando gastamos energia em buscar boas ilustrações e aplicações, a tendência é conseguirmos vencer a predisposição de nossos ouvintes enjoarem de nós. E, teremos muito mais facilidade para que eles possam se lembrar daquilo que pregamos na semana anterior. 5 Os Principais Desafios Não sei se você já usou algumas destas expressões, mas infelizmente temos deixado de anunciar o evangelho engessados na falsa ilusão de que “os mundos mudaram”, “os tempos são outros”, “as pessoas não querem mais saber de Deus”, entre outras. Mas segundo Barna (1998, p. 31ss), embora haja muitas peculiaridades distintas entre a sociedade considerada o berço do cristianismo e a nossa, há muitas similaridades entre ambas. Semelhanças estas que às vezes são elencadas como desestímulo para uma pregação mais bem-sucedida. Por exemplo, dentre as mais de 20 situações culturais e/ou espirituais parecidas, destacamos: religião e instabilidade familiar, promiscuidade exacerbada, desigualdade social que conduz à extremos casos de pobreza, uma fé baseada nos méritos (crença nas obras), sincretismo religioso, religiosidade, idolatria, corrupção (política e religiosa), impostos elevados, exploração da fé, entre outras. Enfim, escrevo isto, para dizer, que embora haja diferenças significativas entre as sociedades antigas e a atual, há muitas similaridades entre elas que podem e devem ser combatidas e corrigidas pela boa pregação da Palavra de nosso Deus. Devemos conhecer os desafios e as diferenças, para melhor nos prepararmos para elas e jamais para usá-los como desculpas de uma vida morosa e apática. Ou seja, é importante saber que diante da correria desenfreada de hoje não basta apenas o pastor subir ao púlpito. Como acontecia nos tempos de Esdras, considerado o primeiro pregador, que falou por horas e o povo ficou em pé ouvindo-o. Os tempos e as situações são outras. Devemos selecionar nossas palavras, escolher nossas ilustrações, pensar em nossas aplicações, a ponto de transmitirmos os ensinamentos das Escrituras de forma a atrair e não assustar o povo. Isto não significa preparar sermões “água com açúcar”, no sentido de sempre falar o que o povo quer ouvir. Já ouvi dezenas de LEVI Destacar levi.nascimento2007 Destacar sermões com a mensagem dura, mas de forma a nos instigar a termos uma vida melhor, sem ficar com raiva do pregador. O pregador atual pode ter que enfrentar algumas atitudes ou situações que lhe exigirão um pouco mais de atenção e esforço. A isto, chamaremos de desafios. Ele pode ter desafios internos (relacionados à sua própria personalidade) ou externos (quando pertinentes à comunidade na qual estará pregando) 5.1 Desafios externos para o pregador Alguns desafios atuais externos, para o pregador são: a) Falta de vivência no Espírito – tanto pregadores, quanto a igreja, tem deixado a desejar neste quesito, e por não ter uma experiência verdadeira com Deus, acham e tratam o sermão apenas como mais uma palestra. b) Tendência à muita música e pouca Palavra – isto não é só culpa da igreja, infelizmente a qualidade de nossas pregações caiu tanto que é melhor passar o tempo cantando do que sendo atormentado por palavras sem nexo, sem profundidade e sem vida. c) Agitação do dia-a-dia – estamos numa aceleração tão conturbada, que acabamos não tendo muita paciência ou disciplina para estar quieto, sendo ouvintes. Precisamos reaprender isto. d) Expectativas dos ouvintes – segundo Kirst (1996, p. 65), diante de um mundo tão multifacetado em vários sentidos, temos em nossas igrejas diferentes tipos de pessoas, com seus mais variados anseios possíveis. Por exemplo: temos faixas etárias diferentes, profissões variadas, jornada de trabalho destoantes, pano de fundo religioso díspar, camadas sociais desiguais, níveis educacionais distintos e o senso individual de eclesiologia, isto é, o modo individual pelo qual cada um entende a igreja. 5.2 Desafios internos para o pregador Já os desafios atuais internos, que um pregador pode enfrentar são: a) Negligência espiritual – também poderíamos chamar de mecanicidade, ou seja, diante das várias técnicas e recursos que temos à disposição corremos o risco de passarmos horas preparando um sermão, sem nem sequer ter feito uma oração pedindo auxílio e orientação; levi.nascimento2007 Destacar levi.nascimento2007 Destacar levi.nascimento2007 Destacar levi.nascimento2007 Destacar levi.nascimento2007 Destacar levi.nascimento2007 Destacar levi.nascimento2007 Destacar b) Senso de superioridade – no sentido de achar que a mensagem é sempre para os nossos ouvintes, esquecendo-se de que o melhor sermão será aquele que primeiramente falar ao coração do pregador; c) Imitação – quando por afinidade ou subconscientemente, passamos a copiar trejeitos, tonalidade ou vestimenta de um pregador que consideramos bem sucedido; d) Falsa dependência do Espírito – quando em nome de uma religiosidade barata ou por preguiça, não temos uma vida de oração adequada e nem tão pouco uma vida de estudos levada à sério, aí para nos desculpar diante das pessoas simplesmente falamos que o estudo é da carne e que só pregamos sob a influência do Espírito. Porém, quando vamos analisar a vida em espírito do cidadão, é espírito com ‘e’ minúsculo, de Deus não tem quase nada. Gostei muito de uma frase que uma senhora1 disse por volta dos idos de 2006. “Que sermão surtirámaior efeito? Aquele produzido no improviso, a partir de cerca de 15 minutos de oração ou o que foi produzido ao longo de 15 dias, embaixo de uma vida de oração e em cima de horas debruçadas na meditação e no estudo sério e comprometido com a Palavra de Deus?”. e) Negligenciar o agir do Espírito Santo – não importa o tipo de culto ou a quantidade de pessoas presentes. Deus pode trabalhar e transformar a vida dos ouvintes. Como sou pastor e professor acabo tendo o privilégio de ouvir muitos testemunhos. Já ouvi a história de uma irmã que ficou toda inquieta porque sua vizinha, após inúmeros convites de acompanha-la ao culto, resolveu ir, “justamente no dia de oração”, como se este não fosse um dia propício ao agir divino. Resultado: aquela vizinha se converteu. Fiquei sabendo de um pregador que quase cancelou o culto de oração, porque só estava ele, sua esposa e um visitante. Faltou pouco para pedir desculpas ao visitante, pela vergonha de estar com a igreja vazia. Mas, resistiu a tentação e pregou entusiasmado e por fim, mesmo sem apelo, o visitante se converteu. Recentemente um jovem me declarou, que a primeira vez que ele havia ido numa igreja evangélica, era dia de assembleia. Ao final do culto um dos diáconos pediu-lhe perdão, porque ele acabou indo num dia que não era culto “de verdade”. O 1 Esta irmã é membro da Igreja do Evangelho Quadrangular e foi minha colega de turma, no curso de Teologia, na antiga FEPAR. Ela disse isto, após um dos colegas (destes falsos- moralistas, que falam muito de ser espiritual, mas na prática, são mais carnais que os pagãos) dizer que um bom pregador não deve gastar tempo estudando e sim, depender totalmente do Espírito. Segundo ele, no dia que ele precisava pregar, orava 15 minutos, antes do culto e pronto, estava preparado para ministrar o sermão para sua igreja. levi.nascimento2007 Destacar levi.nascimento2007 Destacar levi.nascimento2007 Destacar levi.nascimento2007 Destacar jovem me disso, que justamente o fato de se buscar a direção de Deus para as resoluções e a liberdade dos membros expressarem suas opiniões e serem ouvidos o levou a se entregar a Cristo, desejando ter uma vida mais participativa no Reino de Deus. f) Plágio ou, se preferir, “sermão marmitex” – quando, muitas vezes por preguiça ou má administração do tempo, não fomos capazes de nos debruçar na Bíblia, atrás de uma Palavra para nosso rebanho e, por conta disso, simplesmente reproduzimos algum sermão que ouvimos ou encontramos na internet, sem nem ao menos, verificarmos se ele é bíblico ou pior ainda, sem mencionarmos sua origem. g) Medo da responsabilidade – diante da árdua tarefa que é se esmerar para apresentarmos um bom sermão, muitas vezes somos tentados a ficar com medo do que esta missão pode nos apresentar. Quando fazemos em nome de Deus, mas sob sua orientação o temor haverá sempre, mas não precisamos travar, com receio de errarmos, pois o Espírito Santo é o maior interessado em nos ajudar a sermos bem sucedidos como pregadores. h) Perfeccionismo ou falta de Humildade – talvez um dos mais comuns. A partir do momento em que começamos a aprender técnicas de como nos aprimorar e, concomitantemente, vamos percebendo as falas mais comuns ou os erros a serem evitados, torna-se comum, quando estamos ouvindo algum pregador, ficarmos avaliando-o a partir das técnicas aprendidas e achar que só nós é que pregamos direito. Temos que tomar cuidado, pois não importa quem está à frente pregando, se formos humildes o suficiente, Deus poderá falar conosco. Não é tarefa fácil, mas é possível e deve ser constantemente trabalhada em nossa vida diária. Precisamos ser humildes ao ouvir os outros, ou ao receber algum elogio e, também, precisamos saber que sempre há o que melhorar em nossa atuação como expositores da Palavra de Deus. 6 A Classificação dos Sermões Há várias formas de classificarmos os sermões. Segundo Braga (1993, p. 17), podemos classificar quanto ao conteúdo, quanto à estrutura (ou tipo) e quanto ao método psicológico utilizado para se expor a mensagem. Eu acrescentaria duas outras classificações: quanto às ocasiões e quanto aos propósitos (ou finalidades). Como levi.nascimento2007 Destacar levi.nascimento2007 Destacar levi.nascimento2007 Destacar levi.nascimento2007 Destacar nossa disciplina se preocupa mais com o enfoque prático, gastaremos energia nas classificações a partir da estrutura e daremos um rápido vislumbre sobre as classificações por ocasiões e finalidades por trás de cada sermão. 6.1 Classificação dos sermões quanto à finalidade Basicamente podemos dividir os sermões em quatro eixos principais, relacionados com a motivação de cada um deles. Existem os sermões que são evangelísticos (resposta à vida de pecado), os doutrinários (uma palavra contra a ignorância), os exortativos (um conselho ou palavra de advertência) e os de Comunhão (voltado ao louvor a Deus e ao estímulo da mutualidade). 6.1.1 Sermão evangelístico Definimos aqueles que tem por objetivo anunciar o evangelho, com o intuito de atingir o não crente, prioritariamente, mas também de ensinar os princípios básicos sobre a salvação em Cristo (um cuidado especial que temos que levar em consideração é o fato de que nem todos os nossos membros ou frequentadores assíduos de nossos cultos já são salvos). Estes precisam entender corretamente o processo de salvação. 6.1.2 Sermão doutrinário Entendemos ser aquele que tem por finalidade transmitir, ensinar ou relembrar doutrinas importantes relacionadas à fé cristã. Seu público alvo, embora sejam convertidos e, em geral, serem pregados em dias com a menor probabilidade de haver visitantes, existem casos de pessoas que se converteram ao ouvir um sermão sobre doutrina. 6.1.3 Sermão exortativo Como o próprio nome pode nos mostrar, é aquele pregado com o intuito de chamar a atenção de algum erro, mostrando suas consequências e, principalmente, trabalhando as maneiras de superá-los e os benefícios disso. 6.1.4 Sermão de Comunhão É aquele pregado, geralmente em dias especiais, louvando a Deus pela Unidade do corpo e incentivando a sermos cada vez mais irmanados na fé em Cristo. levi.nascimento2007 Destacar levi.nascimento2007 Destacar levi.nascimento2007 Destacar levi.nascimento2007 Destacar levi.nascimento2007 Destacar levi.nascimento2007 Destacar levi.nascimento2007 Destacar levi.nascimento2007 Destacar levi.nascimento2007 Destacar levi.nascimento2007 Destacar levi.nascimento2007 Destacar levi.nascimento2007 Destacar levi.nascimento2007 Destacar levi.nascimento2007 Destacar Observe que, cada um deles, embora possa ter um público alvo em vista, pode servir para todos. Ou seja, o evangelístico é pregado com intuito de alcançar o não crente, mas também pode ajudar o cristão a saber o que dizer ao seu vizinho. Os demais, conquanto tenha como público alvo o crente e membro de igreja, pode atingir o não-cristão, que poderá ser instigado a querer ter uma vida tal qual aquela que está sendo demonstrada. 6.2 Classificação dos sermões quanto às ocasiões Os sermões podem, ainda, serem classificados a partir das ocasiões a que serão pregados. Em geral, podemos falar em sermão Dominical, Semanal, para cultos nos lares, para cultos especiais, para culto ao ar livre, para culto Fúnebre, de Aniversário, de Formatura, de Casamentos, de Bodas, de Confirmação de Votos, de Batismo, de Ceia, Radiofônicos, Televisivo, Cívico e alguns outros. Suas diferenças fundamentais dirão respeito ao conteúdo, à forma e, principalmente ao tempo. No que diz respeito à finalidade, como visto anteriormente, todas as quatro podem ser usadas em quase todos estes tipos de sermões. Alguns cuidados são importantes. Não fica bem pregarmos um sermão de uma hora na rádio (pois será difícil manter a atenção), ou então um sermão doutrinário num funeral (é momentode dar consolo e não de “lavar roupa suja”), nem tão pouco um sermão de comunhão num culto ao ar livre (a ideia do culto ao ar livre é levar a mensagem de salvação aos perdidos que não iriam num culto formal, logo, espera-se uma mensagem evangelística), por exemplo. Devemos, sim, estar atento a cada finalidade e estar disposto a se adequar em conformidade de cada uma delas, sendo coerentes com cada situação ou finalidade. 6.3 Classificação dos sermões quanto ao tipo Quanto a classificação por tipo, podemos dividir os sermões em Temáticos, Textuais, Expositivos, Pseudo-expositivo e Exegéticos ou Analíticos. Aqui veremos apenas uma breve definição e distinção sobre cada um deles, para mais à frente nos debruçarmos mais detalhadamente sobre os três primeiros. 6.3.1 Sermão Temático É o sermão pensado a partir de um tema. Este tema pode ser secular, como por exemplo: ‘Como viver em paz, em um mundo tão tumultuado?’ Após definido o tema, levi.nascimento2007 Destacar levi.nascimento2007 Destacar levi.nascimento2007 Destacar procuramos um texto bíblico que possa subsidiar as demais partes de sua estrutura. Ou, também, o sermão temático pode surgir a partir de um verso ou parte dele. Por exemplo, ao ler a expressão “por causa da benéfica mão de nosso Deus”, encontrada em Neemias 2.8, podemos pensar no tema "Os benefícios de ser guardado por Deus”. O tema vem de um versículo ou parte dele e os tópicos, deverão vir de outras partes da Bíblia. 6.3.2 Sermão Textual Como o próprio nome sugere, tudo vem do mesmo texto. Ou seja, tanto o título, quanto os tópicos são extraídos de um mesmo trecho da palavra de Deus, em geral de 2 a 4 versículos. 6.3.3 Sermão Expositivo É quando o sermão é usado para expor as lições que o autor bíblico se propôs a nos ensinar. É um texto geralmente longo, e que necessita de muito estudo para tentar compreender o porque daquele texto ter sido escrito daquela forma. Um bom exemplo disso é a parábola do “filho pródigo”. Geralmente temos ouvido pregações sob o viés evangelístico, enfatizando o amor do Pai que estava esperando e com capacidade de restaurar a condição do filho perdido. Todavia, esta parábola está inserida juntamente a outras duas. Só poderemos entender a real mensagem do capítulo todo, quando forem estudadas neste prisma. Assim, percebemos que a mensagem central é “a alegria que há no céu quando um pecador se arrepende”, sendo uma palavra para “os religiosos” que estavam indignados porque alguns moribundos estavam sendo salvos. Ou seja, na primeira aplicação, seria um sermão voltado para o evangelismo, bíblico, pois está na Bíblia, mas não condizente com a intenção de Lucas como escritor, nem tão pouco de Jesus, como locutor. Enquanto que na segunda opção, pregando-o em sintonia com o contexto todo, acaba sendo uma palavra muito mais voltada para a igreja do que para o evangelismo. Isto seria um sermão expositivo. 6.3.4 Sermão Pseudo Expositivo Seria a primeira opção de pregação sobre o texto de Lucas. Quando nos restringimos apenas aos versículos 11 ao 25, embora seja um texto longo e tanto o levi.nascimento2007 Destacar levi.nascimento2007 Destacar levi.nascimento2007 Destacar título, quanto os tópicos podem ser retirados dele, ele parece mais um sermão textual. Ou seja, as palavras estão no texto, mas não condizem com o propósito inicial. Não é pecado pregar assim, só precisamos ser honestos com a igreja. “irmãos, este texto inicialmente foi escrito para nos ensinar sobre a importância de acolhermos os novos convertidos e a necessidade de nos alegramos com sua transformação, mas hoje, gostaria de trabalhar outra mensagem, que também podemos extrair desta passagem. Embora seja uma mensagem secundária, também fala muito aos nossos corações”. Na prática, ele usa todo o processo de estudo e pesquisa de um sermão expositivo, mas acaba ficando com cara de sermão textual. 6.3.5 Sermão Exegético ou Analítico Geralmente pregado em seminários ou em público que goste de maiores detalhamentos sobre cada palavra. Será exegético se for às línguas originais (hebraico, quando for no AT ou grego, quando estiver pregando no NT) e analítico, quando, abrindo mão de se ir aos originais, procura-se, de igual modo, seguir a sequência de cada palavra. Tecnicamente, vários teóricos nem os consideram como sermões, se enquadrariam na categoria de palestras, por não seguir a estrutura do esboço homilético. Mas decidi mencioná-los aqui, porque como estudantes de teologia, é bem provável que já ouviram alguma pregação neste sentido. É muito rico, em especial o exegético, na absorção das verdades, mas acaba sendo de difícil acompanhamento, pela falta de uma estrutura mais visual e por ser bastante acadêmico. O que acaba restringindo um pouco seu uso. 7 Resumo Como foi possível ver, pregação é diferente de sermão. O sermão é uma forma bem específica da mensagem ser proclamada. Este tipo de pregação, também pode ser chamado de prédica ou homilia, embora algumas denominações pareçam ter definições próprias para cada uma delas. Também vimos que juntamente com o privilégio de podermos transmitir a Palavra de nosso Deus aos nossos ouvintes existe um grande temor e responsabilidade. Afinal, o que dissermos, através do sermão, dado as devidas proporções, é considerado pela igreja como ministração vinda de Deus. Por isto, nossa atenção deve estar cada vez mais redobrada. Pois nosso objetivo maior é alimentar, e levi.nascimento2007 Destacar levi.nascimento2007 Destacar levi.nascimento2007 Destacar bem, o rebanho de Deus. Para tanto e, diante de tamanha grandeza, o sermão precisa ser a partir da Bíblia. Se não usarmos a Bíblia não será sermão será palestra ou qualquer outra coisa. Somos apenas o instrumento pelo qual nosso Senhor falará ao seu povo. Não bastassem tal encargo sobre nossos ombros, também precisamos entender os principais desafios que temos pela frente. Desafios culturais e sociais, costumes e gostos diferentes, um estilo de vida agitado, expectativas distorcidas, negligência ou desinteresse ao espiritual, falta de técnicas e habilidade, que podem nos legar a querer imitar alguém ou copiar o sermão de outro, e, principalmente, um dos maiores riscos e desafios a serem vencidos pelo pregador: falta de uma vida prática e séria, pautada na Palavra de Deus. Quanto à classificação, os sermões podem ser considerados quanto à finalidade (evangelístico, doutrinário, exortativo ou de comunhão), quanto à ocasião (dominical, semanal, ao ar livre, radiofônico entre muitos outros) ou quanto ao tipo (textual, temático, expositivo, pseudo expositivo, analítico ou exegético). Saber destas variáveis nos ajuda a atender melhor cada situação, de forma mais equilibrada e certeira. levi.nascimento2007 Destacar