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Anemia Mielotísica É uma anemia ocasionada pela invasão no canal medular, por invasão mieloproliferativos e linfoproliferativos, ou seja, ocorre a substituição de tecido hematopoiético na medula óssea por tecido anormal, geralmente por tecido fibroso ou células malignas, é conhecida como mieloptise, no qual a medula óssea não consegue realizar a hematopoiese, eritropoiese e mielopoise, entre outras funções, denominada também como anemia aplásica, quando afeta todas as linhagens de células. Outras causas menos comuns dizem respeito à infiltração medular por neoplasias não hematopoiéticas, inflamações granulomatosas e anormalidades metabólicas. Entre as anormalidades metabólicas capazes de causar mieloptise, é a osteopetrose, sendo um distúrbio metabólico de ocorrência hereditária rara em que ocorre aumento generalizado de densidade óssea. Os animais apresentam como sinais clínicos quando estão em fase de crescimento, causando retardo do crescimento, desnutrição progressiva, anemia e caquexia. Na necropsia os ossos longos (fêmur, úmero e costelas), pode ser visualizado diminuição do canal medular e retenção das trabérculas ósseas primárias, estendendo-se da metáfise até a diáfise dos ossos, diminuindo o espaço medular, a cortical estará espessa e o osso com aspecto sólido e inteiriço. Anemia Hemorrágica • Anemias hemorragias tem uma fase inicial aguda na qual ocorre perda de proteínas plasmáticas e eritrócitos através de grande perda de sangue por traumatismo, cirurgias, por ruptura de grandes vasos, coagulopatia congênita ou adquirida (toxicidade por varfarina, doença hepática), intoxicação por samambaia. A perda excessiva de sangue levar a hipovolemia, diminuição na perfusão tecidual e choque hipovolêmico, em casos de intoxicação é característico hemoptise e epistaxe. Os acidentes por serpentes podem estar associados com choque, hipovolemia por perda de sangue ou plasma no local afetado, ativação de substâncias hipotensoras, edema pulmonar e coagulação intravascular disseminada. • A perda crônica sangue resulta na perda de ferro na forma de hemoglobina, menos frequente que pela deficiência nutricional. As causas de perda sanguínea incluem, úlceras gástricas, anemias por vermes hematófagos (Ancylostoma sp e Haemonchus sp), por parasitas externos (carrapatos, pulgas, piolhos e moscas), neoplasias do sistema gastrintestinal e urinário, hematúria enzoótica. Os sinais característicos são, mucosas pálidas por deficiência de ferro e nutrientes suficientes para hemostasia, perda de sangue pelas fezes e urina, e em casos de parasitas hematófagos o animal apresenta aparentemente edema submandibular e ascite. Anemia Hemolítica Intravascular e Extravascular • A infecção por Babesia spp ocasiona anemia hemolítica, acomete cães, gatos, equinos, bovinos entre outras espécies, causa tanto hemólise intravascular como extravascular, os animais que morrem de forma aguda apresentam esplenomegalia, icterícia, hemoglobinúria, rins intumescidos e corados por hemoglobina, e focos hemorrágicos subepicárdicos e subendocárdicos. O sangue extravasa da superfície de corte do baço, que se apresenta aumentado e congesto. A vesícula biliar é normalmente distendida com bile espessa. • O agente Anaplasma spp, acomete bovinos e ovinos, infectam os eritrócitos intracelularmente, ocasionando anemia hemolítica imunomediada. Os sinais clínicos mais comuns são letargia, prostação, palidez e icterícia. Nas lesões macroscópicas o sangue apresenta baixa viscosidade, tecidos pálidos, ictéricos, baço aumentado e túrgido, e fígado ictérico com vesícula biliar distendida. • As bactérias do gênero Ehrlichia spp são parasitas intracelulares obrigatórios das células mononucleares, e dos tecidos fagocitários mononucleares do fígado, baço e linfonodos. As alterações observadas na necropsia variam com o estágio da doença. Na forma aguda da doença, há petéquias e equimoses disseminadas com esplenomegalia e linfadenomegalia. Cães infectados com a forma crônica apresentam emaciação. A medula óssea é hiperplásica e vermelha na doença aguda, mas torna-se hipoplásica e pálida em animais com pancitopenia. • A bactéria Mycoplasmahaemofelis causa anemia hemolítica em gatos imunocompetentes. Na fase aguda os animais apresentam letargia, febre e palidez, hiperbilirrubinemia leve a moderada e podem estar ictéricos. Na fase crônica, os animais são assintomáticos. • Envenenamento por serpentes também podem causam anemia hemolítica, por possuírem fosfolipases no veneno que causam hemólise intravascular e hemólise extravascular. Causa lesão nos tecidos da região anatômica picada, ocorrem dor, edema, equimose, flictenas e necrose, juntamente com a destruição de tecidos, pode ocorrer abscessos pela inoculação de bactérias, mas o distúrbio de coagulação é a manifestação sistêmica mais comum, em casos mais graves o animal pode apresentar insuficiência renal, respiratória e choque. Na necropsia, as lesões dependem do local no qual o animal inoculou o veneno, mas é característico de o tecido subcutâneo apresentar-se acentuadamente edematoso e hemorrágico, áreas de hemorragia no epicárdio e o endocárdio, no miocárdio áreas multifocais a coalescentes de hemorragia. • Intoxicações por Cebola: a principal causa de anemia hemolítica por agentes oxidantes, mais comum em cães, o princípio tóxico (n-propil dissulfito) que está presente na cebola causa a transformação da hemoglobina em metemoglobina, sendo característico a hemólise extravascular. Os sinais clínicos, incluem anemia hemolítica associados a palidez, icterícia apatia e fraqueza, hemoglobinúria; • Intoxicações por Cobre: causa anemia hemolítica intravascular aguda em ovinos e também pode ocorrer em caprinos e bezerros. Acontece quando os animais acumulam grande quantidade de cobre no fígado e quando em situações de estresse (transporte, fome) é liberado na corrente sanguínea, causando hemólise pela interação direta com as proteínas plasmáticas, peroxidação de lipídeos, formação de espécies reativas de oxigênio e interação enzimática. Os animais apresentam -se ictéricos, e a lesão de nefrose hemoglobinúrica é uma característica clássica na necropsia. • Doença por Clostrídios: algumas espécies de clostridium causam anemias hemolíticas, e em maiorias dos casos são fatais. O mecanismo de hemólise envolve uma toxina bacteriana (fosfolipase C ou lecitinase) que enzimaticamente degrada as membranas celulares causando hemólise intravascular aguda. C. haemolyticum e C. novyi tipo D causam, em bovinos, uma doença denominada hemoglobinúria bacilar, geralmente essa anemia vem acompanhada da migração de Fasciola hepática no fígado, ocasionando necrose hepática, consequentemente um ambiente anaeróbico para a proliferação dos clostrídios e produzirem toxina hemolítica. A bactéria C. perfringens tipo A causa anemia hemolítica intravascular em cordeiros e bezerros, a característica dessa anemia é o quadro ictérico grave. • Intoxicação por Brachiaria radicans: Não se sabe ao certo o que provoca a toxidade da planta, pode ser por níveis elevados de nitrito, ou por algum composto que quando em contato com microrganismos do rúmen podem promover a intoxicação e a hemólise. Acomete principalmente ruminantes. As principais lesões macroscópicas são coloração vermelho marrom da conjuntiva e de serosas intestinais, rins tumefeitos e de coloração escura e incoagulabilidade sanguínea. • Leptospirose: A leptospirose é reconhecida como causa de anemia hemolítica em bezerros, cordeiros, suínos e cães. Provoca hemólise intravascular pela fosfolipase produzida pelo microrganismo e extravascular imunomediada. Apresenta em ruminantes icterícia, edema pulmonar, rins escuros, hemorragias disseminadas e necrose tubular renal. Em cães apresenta hemorragias disseminadas, necrose tubular renal e necrose hepática. Anemias por Deficiência Nutricionais• Deficiência de ferro e cobre: Animais lactentes em crescimento rápido podem apresentar deficiência de ferro quando comparados com adultos porque o leite é uma dieta pobre em ferro, os leitões que não têm acesso ao ferro, o que pode causar anemia, falha no desenvolvimento e mortalidade aumentada. A deficiência em cobre pode ocasionar deficiência de ferro em ruminantes, e pode ocorrer por causa da forragem deficiente em cobre ou dieta rica em molibdênio ou sulfato, diminuindo a presença de enzima que ajuda na absorção de ferro no trato gastrointestinal. Anemia Citotóxica • Intoxicação por Nitrito: os ruminantes ao consumirem plantas com altos níveis de nitrato, como Pennisetum purpureum (capim-elefante), as bactérias do rúmen transformam esses compostos em nitrito, essas substâncias oxidam o íon ferro da hemoglobina transformando-a em meta-hemoglobina. Como a meta-hemoglobina não reage com o oxigênio ocorre anóxia celular. Os sinais clínicos são ataxia, dispneia, hiporexia, descoloração de mucosas, urina cor de chocolate, a e em poucos minutos os animais podem vir a óbito. Na necropsia, externamente apresenta somente alteração na coloração das mucosas, internamente apresentam o sangue com coloração escurecida, em tons de vermelho escuro chegando ao marrom, demonstram irregularidade na coagulação, o odor da carcaça apresenta rançoso e bastante forte, musculatura esquelética e cardíaca com coloração mais intensa e órgãos viscerais pálidos. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS NETO. E. C. M., GRUCHOUSKEI. L., VIOTT, A.M., NUNES, A.C.B., et al.; Anemia mielotísica por osteopetrose em um cão: relato de caso. Arq. Bras. Med. Vet. Zootec., v.65, n.5, p.1291-1296, 2013 JÖNCK, F., GAVA, A., TRAVERSO, S. D., et al. Intoxicação espontânea e experimental por nitrato/nitrito em bovinos alimentados com Avena sativa (aveia) e/ou Lolium spp. (azevém). Pesq. Vet. Bras. 33(9):1062-1070, setembro, 2013. SILVEIRA, E., PIMENTEL, M.C. e MARQUES, S.M.T. Mycoplasma haemofelis em gato, relato de caso. Pubvet, Londrina, V. 8, N. 13, Ed. 262, Art. 1741, Julho, 2014. SILVA, T. 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