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AVA Unidade 4 - Patologia dos sistemas reprodutor e tegumentar e colheita de amostras

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Unidade 4 – Patologia dos sistemas reprodutor e tegumentar e colheita de amostras
Patologia do sistema reprodutor
Em animais domésticos, o sistema reprodutor é subdividido em masculino e feminino. Isso posto, o sistema reprodutivo masculino é composto por testículos, epidídimo, funículo espermático, saco escrotal, vias genitais, glândulas sexuais (vesícula seminal, próstata e glândula bulbouretral) e pênis.
Os testículos são órgãos pares localizados no interior do saco escrotal que têm função mista, exercendo tanto a função reprodutiva quanto a endócrina a partir da produção de hormônios esteroides sexuais (testosterona). A função reprodutiva tem início no interior dos túbulos seminíferos testiculares, nos quais ocorre a espermatogênese a partir de espermatogônias e com produção de espermatozoides ao fim. Esses são conduzidos através dos ductos eferentes até os ductos do epidídimo, onde os espermatozoides são armazenados e maturados. 
As glândulas sexuais estão localizadas no interior da cavidade pélvica e têm função nutritiva, além de garantirem a sobrevivência e integridade dos espermatozoides após sua liberação pela ejaculação. As principais glândulas sexuais são vesícula seminal, próstata e glândula bulbouretral, sendo sua presença variável nas diferentes espécies de animais domésticos.
Cães e gatos, por exemplo, apresentam apenas a próstata, enquanto bovinos possuem as três glândulas bem desenvolvidas. O pênis tem papel tanto de conduzir a urina através da uretra como exercer função reprodutiva, permitindo a cópula e a ejaculação dos espermatozoides através do líquido seminal/prostático.
O sistema reprodutor feminino é composto por ovários, tubas uterinas, útero (cornos uterinos, corpo uterino e cérvix), vagina e vulva, além de glândulas mamárias. Os ovários estão localizados no interior da cavidade abdominal em região caudal aos rins, e são caracterizados por possuírem região cortical e medular.
No córtex, ocorre a formação de folículos e outras estruturas ovarianas, como o corpo hemorrágico e o corpo lúteo, os quais têm relação com a ovulação e a posterior produção de progesterona para a manutenção da gestação. Já as tubas uterinas são órgãos pares luminais que conectam os ovários aos cornos uterinos, tendo como função receber o óvulo e conduzir o embrião até esses cornos.
O útero é caracterizado por ser um órgão luminal que contém três camadas: endométrio, miométrio e perimétrio. O endométrio é revestido por epitélio e contém quantidades variáveis de glândulas endometriais que sofrem influência da secreção hormonal, ocorrendo hiperplasia com o estrógeno e maior ação de secreção com a influência de progesterona. O miométrio é a camada uterina mais espessa e é composta por musculatura lisa abundante. A contratilidade dessa musculatura também é fortemente influenciada pela ação hormonal, contando com baixa contratilidade sobre o estímulo da progesterona e alta contratilidade com o estrógeno. 
O útero tem como função principal estabelecer e manter a gestação, o que é altamente dependente da ação da progesterona produzida pelo corpo lúteo ovariano. O período de gestação e a quantidade de fetos varia conforme a espécie, bem como as características morfológicas e funcionais da placenta. Já a vagina tem a função de conduzir a urina ao exterior, bem como receber o pênis durante o ato sexual. 
A glândula mamária é a estrutura anatômica cuja função é a produção de leite e colostro para a amamentação do neonato, sendo variável quanto à localização e possuindo arranjo de acordo com as diferentes espécies. Em vacas, a glândula mamária é dividida em quartos mamários, os quais formam o úbere. Em gatas e cadelas, a glândula mamária é arranjada em duas cadeias mamárias (direita e esquerda), subdivididas em quatro a cinco glândulas com seus respectivos tetos. 
Os sistemas reprodutores masculino e feminino se diferenciam muito cedo na embriogênese, de forma que distúrbios em seu desenvolvimento podem resultar em alterações na formação do próprio sistema ou em intersexualidade. A intersexualidade tem relação com uma vasta quantidade de alterações da morfologia do sistema genital, que passa a apresentar características sexuais comuns a ambos os sexos. 
O termo intersexo é muitas vezes empregado como sinônimo de hermafroditismo, mas cabe uma diferenciação: o hermafrodita verdadeiro é aquele que possui gônadas de ambos os sexos (um testículo e um ovário ou dois ovotestis), ao passo que no pseudo-hermafrodita a gônada é bem determinada (testículo ou ovário), mas as genitálias tubulares ou genitálias externas são do sexo oposto ou com definição pouco clara. 
Pseudo-hermafroditas machos têm testículos intra-abdominais, mas possuem formação uterina e genitália externa ambígua, com características morfológicas que mesclam o órgão feminino com o masculino. Devido à localização do testículo no interior da cavidade abdominal (criptorquidismo), eles são mais suscetíveis ao desenvolvimento de neoplasias testiculares. Em bovinos, a gestação gemelar pode culminar na formação de feto Freemartin quando fetos de sexos distintos se desenvolvem (um macho e uma fêmea). 
Nesses casos, o feto que é geneticamente fêmea sofre influência de células e hormônios do feto macho devido às anastomoses dos vasos corioalantoideos, o que culmina com o desenvolvimento de ovoteste e genitálias externas mistas (vulva pobremente desenvolvida e clitóris aumentado); portanto, há hermafroditismo verdadeiro.
DOENÇAS DO SISTEMA REPRODUTOR MASCULINO
A bolsa escrotal é uma estrutura cutânea de revestimento do testículo, do epidídimo e do funículo espermático, cuja função é proteger essas estruturas, bem como realizar a manutenção ou favorecer a troca de calor com o ambiente.
É a pele glabra (sem pelos) ou com menor quantidade de pelos que a torna suscetível a processos inflamatórios (dermatite) ou neoplásicos. Entre as dermatites do saco escrotal, destacam-se a dermatite por Dermatophilus congolensis (dermatofilose) em bovinos e a dermatite por Poxvírus em suínos.
Os processos neoplásicos no saco escrotal são mais comuns em cães e são representados principalmente por mastocitoma e hemangiossarcoma. Tanto processos inflamatórios quanto neoplásicos podem dificultar a termorregulação testicular, causando degeneração testicular. Já acúmulos de líquidos no saco escrotal podem ocorrer na forma de acúmulo de transudato (hidrocele) ou de sangue (hematocele).
As doenças testiculares podem ocorrer como alterações congênitas, circulatórias, degenerativas, inflamatórias ou neoplásicas. As anomalias congênitas são principalmente representadas por criptorquidismo, ou seja, presença de um ou de ambos os testículos em localização anômala, como no interior da cavidade abdominal ou no anel inguinal. Isto é mais comum de ser observado em equinos e caninos, e sua causa é hereditária. Além disso, o testículo que fica retido não possui função espermatogênica e fica diminuído (hipoplásico), sendo também mais predisposto ao desenvolvimento de neoplasias. 
Outras malformações testiculares incluem o monorquidismo (presença de apenas um testículo) e o anorquidismo (ausência de ambos os testículos), sendo raras em animais domésticos. Hipoplasia testicular, por sua vez, se refere à condição em que um ou ambos os testículos não atingem seu desenvolvimento completo e ficam diminuídos, o que é comum em casos de criptorquidismo. Essa condição deve ser diferenciada da atrofia testicular associada a processos degenerativos.
Alterações circulatórias testiculares são relativamente incomuns em animais domésticos, mas podem ocorrer na forma de isquemia ou hemorragia testicular. A isquemia testicular é principalmente associada a episódios de torção do funículo espermático em equinos com criptorquidismo abdominal, mas também pode ocorrer em doenças infecciosas relacionadas com vasculite e/ou trombose, como febre catarral maligna e salmonelose. A hemorragia testicular é principalmente relacionada a eventos traumáticos e síndromes hemorrágicas sistêmicas, como em intoxicações.
Degeneração testicularé a principal doença degenerativa testicular, pode ter diversas causas e invariavelmente culmina na redução da fertilidade do animal. Ademais, o epitélio dos túbulos seminíferos é sensível a mudanças de temperatura, infecções locais ou disseminadas, bem como a deficiências nutricionais e isquemias. Macroscopicamente, o testículo degenerado é mais flácido, mas quando a degeneração tem curso prolongado pode ocorrer atrofia testicular com testículo diminuído e firme. Microscopicamente, há redução da espermatogênese com a formação de espermátides multinucleadas no lúmen do túbulo seminífero.
Processos inflamatórios testiculares podem ser caracterizados como intersticiais ou intratubulares, sendo o último de maior relevância por ser observado em casos de orquite causados por Brucella spp. Os bovinos são afetados por Brucella abortus, a qual causa orquite linfoplasmocítica e é uma importante causa de aborto na espécie, ao passo que Brucella canis é uma importante causa de orquite e epididimite supurativa em caninos.
Em ovinos, por sua vez, a Brucella ovis tem tropismo pela cauda do epidídimo, causando epididimite grave, bilateral e característica purulenta. A inflamação do funículo espermático é denominada funiculite, e pode ocorrer como extensão de processos de orquite e epididimite, bem como é comum de ser observada em gatos machos não castrados com peritonite infecciosa felina.
Neoplasias testiculares são mais comuns em caninos e equinos, configurando-se como incomuns a raras nas demais espécies. As neoplasias são geralmente primárias do testículo e podem ter origem a partir das células germinativas, células intersticiais de Leydig e células de Sertoli. À exceção de animais criptorquidas, são mais usuais em cães senis e podem ser observadas um ou mais tipos de linhagem celular no mesmo testículo.
Já seminomas são neoplasias testiculares comuns em cães e originadas no epitélio germinativo, que resultam em um aumento do testículo devido à formação de estruturas nodulares macias e uma coloração que vai de branca a amarronzada. Microscopicamente, podem ter arranjo difuso ou intratubular e caracterizam-se por células grandes com alta relação núcleo:citoplasma, além de um alto índice mitótico. Apesar disso, essa neoplasia é geralmente benigna e possui raros casos de metástase relatados.
As células germinativas testiculares também podem dar origem a teratomas, os quais são raros e podem ser observados especialmente em animais jovens. Caracterizam-se, histologicamente, pela formação de diversos tecidos bem diferenciados por ter relação com o ectoderma, mesoderma e endoderma. Dessa forma, é comum observar estruturas ósseas, cartilaginosas, pelos e nervos, além de estruturas epiteliais tubulares.
Tumores de células de Sertoli ocorrem principalmente em caninos e são caracterizados macroscopicamente por massas amplas, brancacentas, firmes e unilaterais que provocam atrofia do testículo contralateral. Nesses casos, é comum a ocorrência de síndrome paraneoplásica relacionada ao aumento de secreção de estrógeno pelas células tumorais, resultando em hiperestrogenismo. O cão macho afetado passa a exibir sinais de feminização, com redução da libido e ginecomastia, além de lesões cutâneas, como alopecia bilateral simétrica e hiperpigmentação. Histologicamente, as células são alongadas, com aspecto de “espinha de peixe”.
Tumores de células intersticiais ou de células de Leydig são neoplasias que se desenvolvem como nódulos bem delimitados, macios, amarelados a alaranjados e benignos. Microscopicamente, as células são arranjadas de forma sólida, poligonais e com citoplasma amplo e preenchido por uma quantidade variável de vacúolos. Nesses casos, é comum que haja a distensão de vasos sanguíneos (padrão telangiectásico), resultando em extensas áreas de hemorragia intratumorais. 
Glândulas sexuais acessórias são mais afetadas por processos inflamatórios infecciosos, sendo isso particularmente importante em bovinos, nos quais a vesiculite seminal tem geralmente causa bacteriana, como ocorre com Brucella abortus, Escherichia coli, Mycoplasma spp. E Ureaplasma spp., embora ela também possa ter causa viral, como no Herpesvírus bovino tipo 1.
Em cães, afecções de próstata incluem a hiperplasia prostática, a qual é extremamente comum em cães adultos não castrados e que culmina no aumento difuso da glândula. A hiperplasia prostática pode causar constipação intestinal por compressão do reto e, raramente, levar à obstrução urinária. Prostatites ascendentes também podem ocorrer em cães, possuindo geralmente causa bacteriana e aspecto macroscópico purulento. Neoplasias prostáticas, por sua vez, são relativamente raras na espécie, podendo ter origem tanto do epitélio glandular prostático como do epitélio uretral. Possuem comportamento altamente maligno, resultando em invasão tecidual e metástases distantes.
Alterações penianas podem ocorrer, como anomalias do desenvolvimento, e são representadas principalmente por hipospadia e pênis duplo ou bífido. Na hipospadia, há falha do fechamento da uretra peniana ventral ou dorsal, o que resulta em perda de controle da micção e possível obstrução uretral. A formação de pênis bífido é incomum, embora seja mais observada em bovinos.
Alterações circulatórias penianas ocorrem principalmente em associação a trauma peniano, o que pode resultar em hematoma peniano. Lesões inflamatórias do pênis e glande são denominadas balanite, ao passo que quando o prepúcio também é afetado há balanopostite. As principais causas para isso são virais em bovinos e equinos, como ocorre com herpesvírus bovino tipo 1 e herpesvírus equino tipo 3, causadores da vulvovaginite pustular nos bovinos e exantema coital nos equinos, respectivamente. 
Em bovinos, destacam-se ainda Campylobacter foetus e Tritrichomonas foetus, os quais localizam-se no prepúcio e na glande de touros. Eles causam poucas lesões nos machos, tendo maior importância devido à transmissão às fêmeas através da cópula e resultando em mortalidade embrionária e endometrite.
O pênis também pode ser afetado por neoplasias, sendo extremamente comum a formação de carcinoma de células escamosas nessa localização em equinos. Em relação a isso, acredita-se que se tenha o esmegma prepucial como fator carcinogênico. Macroscopicamente, caracteriza-se pela formação de massa ampla com aspecto de couve-flor, sendo altamente invasiva e com superfície extensamente ulcerada. Microscopicamente, há formação de pérola de queratina. 
Em caninos, tem importância a ocorrência de Tumor Venéreo Transmissível (TVT), uma neoplasia de células redondas que ocorre principalmente na glande e no prepúcio. Macroscopicamente, caracteriza-se pela formação de massas nodulares, avermelhadas e que sangram com facilidade devido ao aspecto friável da neoplasia. 
Isso facilita a implantação das células neoplásicas em fêmeas na mucosa vaginal através da cópula, bem como em outras mucosas, como oral, ocular e nasal. Microscopicamente, as células são redondas, com citoplasma preenchido por microvacúolos e o índice mitótico é alto; no entanto, a neoplasia tem baixo potencial metastático.
DOENÇAS DO SISTEMA REPRODUTOR FEMININO
Doenças ovarianas podem ser subdivididas em anomalias do desenvolvimento, alterações circulatórias, cistos ovarianos, alterações inflamatórias e processos neoplásicos.
As anomalias do desenvolvimento ovariano são incomuns e caracterizadas principalmente por hipoplasia ovariana, podendo ocorrer em bovinos e representando uma causa de subfertilidade ou infertilidade na espécie. Nesses casos, o ovário afetado ou ambos os ovários ficam diminuídos e exibem ausência ou diminuição de folículos. 
Alterações circulatórias ovarianas são principalmente representadas por hemorragias, as quais podem ocorrer de forma fisiológica após o processo de ovulação com subsequente formação de corpo hemorrágico e, posteriormente, de corpo lúteo. Todavia, em éguas, a hemorragia pós-ovulatória pode culminar em formação de hematoma ovariano e, em raros casos, causar hemoperitônio e morte súbita. 
Em vacas,a ruptura manual do corpo lúteo via palpação retal, cujo objetivo é a interrupção da fase progesterônica e o estímulo ao retorno ao estro, era causa importante de hemorragia ovariana. No entanto, o emprego atual de prostaglandina como agente luteolítico tem diminuído a frequência desse achado. 
Cistos ovarianos são alterações comuns nos ovários de animais domésticos, embora estruturas normais do parênquima ovariano, como folículos atrésicos, devam ser diferenciadas. Cistos ovarianos podem ser classificados como cistos paraováricos, cistos da rete ovarii, cistos de inclusão germinal, cistos foliculares e cistos luteinizados, entre outros. 
Os cistos paraováricos são adjacentes ao parênquima ovariano e podem ocorrer em vacas e éguas, ao passo que cistos foliculares têm maior importância e são mais frequentemente observados em vacas, nas quais podem causar uma condição denominada ovário policístico ou doença ovariana cística. Isso ocorre principalmente em vacas de leite Holandesas ou Jersey, e esses animais manifestam clinicamente ninfomania com tentativa de monta sobre as outras fêmeas. 
Essa manifestação clínica se deve à produção de hormônios esteroides pelos cistos, como estrógeno ou andrógenos, com ninfomania ou virilismo, respectivamente. O hiperestrogenismo também leva a edema de vulva e maior secreção de muco, bem como pode ocasionar o acúmulo de muco no útero (mucometra).
As alterações inflamatórias que afetam o ovário são denominadas ooforites e configuram-se como incomuns. Processos ascendentes de inflamação uterina podem envolver os ovários, mas o mais usual é que processos sistêmicos ou septicêmicos afetem esses órgãos. Em bovinos, nos casos de tuberculose miliar é comum que o ovário apresente ooforite granulomatosa, na qual bacilos álcool-ácido resistentes podem ser evidenciados no interior de macrófagos e células gigantes multinucleadas. 
Processos neoplásicos ovarianos são observados principalmente em cadelas e éguas, mas também podem ser constatados em vacas, tendo origem a partir do epitélio ovariano (adenoma ou carcinoma ovariano), de células germinativas (disgerminoma e teratoma) e de cordões sexuais (tumor de células da granulosa, tecoma e luteoma). 
O tumor de células da granulosa é a neoplasia ovariana mais comum em animais domésticos, ocorrendo principalmente em égua e vacas senis de forma benigna. Macroscopicamente, ocorre de forma unilateral, formando uma massa única e de grandes proporções que possui aspecto cístico ou policístico ao corte e por vezes é preenchida por sangue. 
Histologicamente, as células são dispostas em ninhos ou cordões e corpúsculos de Call-Exner, que correspondem a rosetas de células neoplásicas da granulosa arranjadas em torno de material eosinofílico amorfo, formando estruturas similares a folículos. As células dos cordões sexuais podem ainda se diferenciar em células alongadas ou fusiformes, formando tecomas ou luteomas. 
De forma similar ao observado no sistema reprodutor masculino, as células germinativas podem dar origem ao disgerminoma, o qual é tanto macroscopicamente quanto microscopicamente muito similar ao seminoma testicular, sendo mais comum em cadelas e gatas. As células germinativas podem ainda dar origem a teratomas, que, de forma similar a animais machos, ocorrem predominantemente em animais jovens e com formação de diversos tipos de tecidos, como pele, anexos cutâneos, cartilagem, osso, tecido nervoso, dentes e medula óssea, entre outros.
Os cistos paraováricos são adjacentes ao parênquima ovariano e podem ocorrer em vacas e éguas, ao passo que cistos foliculares têm maior importância e são mais frequentemente observados em vacas, nas quais podem causar uma condição denominada ovário policístico ou doença ovariana cística. Isso ocorre principalmente em vacas de leite Holandesas ou Jersey, e esses animais manifestam clinicamente ninfomania com tentativa de monta sobre as outras fêmeas. 
Essa manifestação clínica se deve à produção de hormônios esteroides pelos cistos, como estrógeno ou andrógenos, com ninfomania ou virilismo, respectivamente. O hiperestrogenismo também leva a edema de vulva e maior secreção de muco, bem como pode ocasionar o acúmulo de muco no útero (mucometra).
As alterações inflamatórias que afetam o ovário são denominadas ooforites e configuram-se como incomuns. Processos ascendentes de inflamação uterina podem envolver os ovários, mas o mais usual é que processos sistêmicos ou septicêmicos afetem esses órgãos. Em bovinos, nos casos de tuberculose miliar é comum que o ovário apresente ooforite granulomatosa, na qual bacilos álcool-ácido resistentes podem ser evidenciados no interior de macrófagos e células gigantes multinucleadas. 
Processos neoplásicos ovarianos são observados principalmente em cadelas e éguas, mas também podem ser constatados em vacas, tendo origem a partir do epitélio ovariano (adenoma ou carcinoma ovariano), de células germinativas (disgerminoma e teratoma) e de cordões sexuais (tumor de células da granulosa, tecoma e luteoma). 
O tumor de células da granulosa é a neoplasia ovariana mais comum em animais domésticos, ocorrendo principalmente em égua e vacas senis de forma benigna. Macroscopicamente, ocorre de forma unilateral, formando uma massa única e de grandes proporções que possui aspecto cístico ou policístico ao corte e por vezes é preenchida por sangue. 
Histologicamente, as células são dispostas em ninhos ou cordões e corpúsculos de Call-Exner, que correspondem a rosetas de células neoplásicas da granulosa arranjadas em torno de material eosinofílico amorfo, formando estruturas similares a folículos. As células dos cordões sexuais podem ainda se diferenciar em células alongadas ou fusiformes, formando tecomas ou luteomas. 
De forma similar ao observado no sistema reprodutor masculino, as células germinativas podem dar origem ao disgerminoma, o qual é tanto macroscopicamente quanto microscopicamente muito similar ao seminoma testicular, sendo mais comum em cadelas e gatas. As células germinativas podem ainda dar origem a teratomas, que, de forma similar a animais machos, ocorrem predominantemente em animais jovens e com formação de diversos tipos de tecidos, como pele, anexos cutâneos, cartilagem, osso, tecido nervoso, dentes e medula óssea, entre outros.
Neoplasias epiteliais ovarianas (adenoma ou carcinoma papilífero ovariano) são mais comuns em cadelas. A forma maligna da neoplasia possui maior importância devido à capacidade das células neoplásicas de realizarem metástase por implantação em outros órgãos da cavidade abdominal assim que ultrapassam a bolsa ovariana. Metástases de outras neoplasias ovarianas variam entre incomuns e raras. 
Doenças envolvendo as tubas uterinas em animais domésticos são incomuns, mas alterações congênitas e degenerativas podem ocorrer. Entre as anomalias congênitas, a agenesia ou ausência de formação da tuba uterina pode ocorrer de forma uni ou bilateral, bem como pode haver aplasia segmentar de partes da tuba uterina, o que geralmente é acompanhado de aplasia segmentar de cornos uterinos. 
Alterações degenerativas das tubas uterinas são principalmente representadas por hidrossalpinge. Nessa condição, há acúmulo de transudato no interior da tuba uterina por obstrução congênita ou adquirida, o que macroscopicamente corresponde à dilatação da tuba uterina contendo líquido claro seroso em seu interior. 
O útero de animais domésticos pode ser afetado por anomalias do desenvolvimento, alterações circulatórias, degenerativas e inflamatórias, deslocamentos/torções e neoplasias. Anomalias de desenvolvimento são mais observadas em vacas e porcas como achados de matadouro/frigorífico como aplasia segmentar total, quando um dos cornos uterinos é ausente, ou como aplasia segmentar parcial, quando afeta um pequeno segmento uterino, o que pode resultar em acúmulo de secreção endometrial em segmento cranial. Outras alterações incluem útero duplo e duplicidade de cérvix, as quais podem ocorrer em bovinos.
CURIOSIDADE Em coelhas, os dois cornos uterinos são completamenteseparados e se abrem diretamente em dupla abertura caudal da cérvix de forma fisiológica, diferindo das demais espécies domésticas. 
Alterações circulatórias envolvendo o útero são principalmente representadas por hemorragia, a qual é denominada metrorragia ao envolver esse órgão. A metrorragia pode ter relação com a subinvolução de locais de inserção placentários, bem como é comum em casos de torção uterina uni ou bilateral. Essas ocorrem predominantemente em cadelas e vacas no período puerperal, culminando na acentuada hemorragia e necrose da parede uterina por isquemia devido à obstrução do retorno venoso. 
Outra alteração de posicionamento uterino é representada pelo prolapso uterino, o qual ocorre predominantemente em vacas e porcas no período pós-parto e é caracterizado macroscopicamente por inversão e exposição do útero ao meio externo. 
Há ocorrência de alterações degenerativas uterinas como acúmulo de conteúdo mucoso (mucometra) ou acúmulo de fluido seroso (hidrometra) na luz uterina. O acúmulo de fluido seroso é comum em associação à hiperplasia endometrial cística uterina em cadelas, e geralmente acompanha níveis elevados de estrógeno (hiperestrogenismo), embora também possa estar associado a níveis elevados de progesterona. 
O acúmulo de fluido na luz uterina aliado à influência predominante de progesterona endógena (fase de diestro do ciclo estral) ou exógena (administração de progestágenos) favorece a colonização por bactérias como Escherichia coli e Klebsiella spp. E culmina no desenvolvimento do complexo de hiperplasia endometrial cística-piometra em cadelas. 
A piometra é caracterizada pelo acúmulo de pus na luz uterina e pode ocorrer na forma aberta, quando a cérvix está aberta, ou fechada, com retenção de exsudato purulento na luz uterina. Nesse caso, há distensão acentuada dos cornos uterinos (Figura 1) com risco de ruptura e peritonite; ademais, a ocorrência de choque endotoxêmico é comum. Cadelas afetadas por piometra podem apresentar glomerulonefrite imunomediada como possível sequela devido à antigenemia persistente e à formação de imunocomplexos.Figura 1. Na piometra em cadelas, o útero apresenta-se acentuadamente distendido, com parede avermelhada e conteúdo purulento na luz uterina
· Em outras espécies animais, como bovinos e equinos, processos inflamatórios uterinos são principalmente representados por endometrites, as quais são causas importantes de subfertilidade e infertilidade. As endometrites são causadas principalmente por agentes inespecíficos ou oportunistas que chegam aos cornos uterinos por via ascendente ou hematógena, apesar de alguns agentes também chegarem por via venérea, como Campylobacter fetus venearealis e Tritrichomonas foetus em vacas. Em ruminantes, é comum que o processo inflamatório envolva todas as camadas uterinas (metrite) e isso geralmente decorre da retenção de placenta no período pós-parto (puerperal).
· Neoplasias uterinas benignas são comuns em cadelas e são representadas principalmente por neoplasias de músculo liso ou leiomiomas, os quais são achados incidentais de necropsia. Na leucose enzoótica bovina, doença na qual há formação de tumores linfoides (linfomas) em praticamente todo o organismo, o útero é frequentemente afetado em vacas. Nesses casos, ele exibe parede espessada por massas multifocais a coalescentes, brancacentas e de aspecto homogêneo.
· Vacas gestantes podem apresentar acúmulo de grande quantidade de líquido placentário, sendo essa condição denominada hidropsia das membranas fetais, e podendo ocorrer nas cavidades alantoide ou amniótica. O acúmulo de líquido no âmnio é denominado hidrâmnio e é geralmente associado à malformação fetal, ao passo que o acúmulo de líquido no alantoide é denominado hidroalantoide, e é associado à insuficiência placentária e à placentação adventícia, como em gestações gemelares e intoxicação por Sida carpinifolia em bovinos.
· Outras alterações do útero gestante são representadas pela morte fetal, a qual pode resultar em aborto com expulsão do feto e envoltórios fetais antes do término da gestação, mumificação fetal ou maceração fetal, que representam a morte fetal sem expulsão do feto sem e com bactérias presentes no microambiente uterino, respectivamente. O aborto pode ter diversas causas em animais domésticos, como circunstâncias infecciosas (Brucella abortus, Neospora caninum, Listeria monocytogenes, Campylobacter fetus, vírus da diarreia viral bovina e Babesia bovis, entre outros) ou causas não infecciosas (torção do cordão umbilical, gestação gemelar, insuficiência luteal e plantas tóxicas, como Ateleia glazioviana). A determinação da causa do aborto é muitas vezes complicada devido à acentuada autólise que os fetos abortados apresentam à necropsia.
· Alterações envolvendo a vagina de animais domésticos são raras, mas em vacas podem ocorrer vaginites ou vulvovaginites pustulares causadas por herpesvírus bovino tipo 1 e 2, assim como em éguas associadas à infecção por herpesvírus equino tipo 3. Neoplasias vaginais ocorrem principalmente em cadelas na forma de leiomiomas vaginais, os quais são achados incidentais de necropsia, e como tumores venéreos transmissíveis, com aspectos macroscópicos e microscópicos similares aos observados em cães machos. Ainda, em vacas e éguas carcinomas de células escamosas podem ser detectados na região vulvar devido aos efeitos da irradiação solar sobre essa região despigmentada e glabra.
· Distúrbios patológicos envolvendo a glândula mamária de animais domésticos são principalmente representados por doenças inflamatórias infecciosas e processos neoplásicos. Em vacas, tem importância a ocorrência de mastite, que pode ser causada por patógenos específicos da glândula mamária, como Staphylococcus spp. E Streptococcus spp., ou patógenos oportunistas ambientais, como coliformes fecais. A mastite pode ter curso agudo ou crônico e os achados macroscópicos e microscópicos da lesão irão diferir de acordo com o agente envolvido e o curso da doença.
· Neoplasias envolvendo a glândula mamária são extremamente comuns em cadelas não castradas e gatas, sendo usualmente representadas por neoplasias malignas. Diversos tipos tumorais podem ocorrer, bem como linhagens celulares com células epiteliais, mioepiteliais e/ou mesenquimais presentes em meio à neoplasia. Dessa forma, o prognóstico do animal dependerá de fatores relacionados ao tipo celular presente, arranjo das células neoplásicas, grau de diferenciação das células, invasão de vasos linfáticos ou sanguíneos e também se há envolvimento de linfonodo regional (axilar ou inguinal).
· Outra alteração proliferativa não neoplásica que pode ser detectada em gatas é denominada hiperplasia fibroadenomatosa felina, a qual decorre do emprego errôneo de progestágenos na espécie. Macroscopicamente, caracteriza-se por aumento de volume homogêneo de todas as glândulas mamárias de consistência firme, enquanto que microscopicamente há hiperplasia de ácinos associada à intensa proliferação de tecido conjuntivo fibroso.
Patologia do sistema tegumentar
O sistema tegumentar é composto basicamente pela pele e seus anexos cutâneos, constituindo o maior órgão na superfície do corpo dos animais domésticos. A pele tem função de recobrir o corpo, exercendo seu principal papel de barreira contra agentes físicos, químicos e biológicos. Além disso, evita a perda de água e eletrólitos, bem como regula a temperatura corporal.
Histologicamente, a pele é composta pela epiderme, porção mais externa que contém epitélio estratificado escamoso queratinizado de espessura variável, e é mais delgada na pele recoberta por pelos (pele hirsuta) e mais espessa na pele sem pelos (pele glabra). A epiderme é dividida ainda em estratos basal, espinhoso, granuloso e córneo, com produção de queratina na porção mais externa. 
Abaixo do estrato basal da epiderme estão a derme superficial e a derme profunda, as quais contêm principalmente fibras de colágeno, nervos, vasos linfáticos e os anexos cutâneos, como folículos pilosos, glândulas sebáceas e glândulas apócrinas.A camada mais profunda da pele é o tecido subcutâneo, o qual está localizado abaixo da derme profunda e é composto por tecido adiposo, sendo também chamado de panículo e estando em íntimo contato com as fibras e fáscias musculares.
Na patologia do sistema tegumentar, empregam-se termos específicos para denominar alguns tipos de lesões particulares para esse órgão e seu conhecimento é importante para a compreensão das doenças que serão descritas a seguir. 
Hiperqueratose se refere ao espessamento do estrato córneo por acúmulo de queratina, podendo ser anuclear (ortoqueratótico) ou com retenção de núcleos (paraqueratótica). Já a hiperplasia da epiderme representa o espessamento da epiderme que geralmente envolve o estrato espinhoso, sendo chamada de acantose. O contrário disso é a atrofia da epiderme, em que a epiderme fica delgada. Espongiose é a alteração que caracteriza o edema intercelular na epiderme e que recebe este nome por ter aspecto vacuolizado. A degeneração hidrópica, por sua vez, caracteriza o edema intracelular.
O processo de perda de coesão dos queratinócitos, os quais ficam soltos, isolados e hipereosinofílicos, é chamado de acantólise, sendo mais característico em doenças autoimunes. A formação de vesículas ou fendas na epiderme preenchidas por células inflamatórias pode ser denominada pústula ou, dependendo da presença de neutrófilos, microabscessos. A hiperpigmentação da epiderme se refere à quantidade excessiva de melanina nesse local, ocorrendo como reação a dermatopatias crônicas. A presença de crostas na superfície externa epidérmica é caracterizada por uma quantidade variada de queratina mesclada a debris celulares. 
Alterações na derme podem ocorrer na forma de atrofia tanto de fibras de colágeno como de folículos pilosos e glândulas sebáceas/apócrinas. A mineralização da derme é denominada calcinose cutânea, ocorrendo como forma de mineralização distrófica secundária ao hiperadrenocorticismo em cães ou de forma circunscrita na calcinose em cães. A formação de tecido de granulação na derme é típica de processos de reparação de lesões nos quais houve perda tecidual severa, sendo substituída pela proliferação de fibras de colágeno e pela neovascularização. 
Em equinos essa lesão pode ser exacerbada especialmente nos membros torácicos e pélvicos, dando origem ao tecido de granulação exuberante, o qual tem aspecto tumoriforme na espécie e deve ser diferenciado de outras neoplasias cutâneas. Por sua vez, a fibrose dermal ocorre quando há predomínio de colágeno e redução da inflamação e neovascularização. Incontinência pigmentar é um termo que se refere à presença anormal de melanina da derme superficial. Já a mucinose, também denominada mixedema, é caracterizada pelo aumento da quantidade de mucina na derme e pode ser visualizada na pele normal de cães Shar Pei, bem como na mixomatose em coelhos. 
Alterações foliculares podem ser caracterizadas por acúmulo de queratina ou queratose folicular, sendo também denominadas comedões. A inflamação em torno de folículos é chamada de perifoliculite ou foliculite, podendo levar à ruptura do folículo piloso ou furunculose. Alterações no panículo são geralmente inflamatórias, sendo denominadas paniculites e, quando com aspecto dissecante, podem ser chamadas de celulites.
DOENÇAS INFLAMATÓRIAS DA PELE
As doenças inflamatórias cutâneas podem ser classificadas morfologicamente de acordo com o padrão de resposta das células inflamatórias, e isso é particularmente útil para que o diagnóstico definitivo de doenças cutâneas seja estabelecido.
Assim, a dermatite perivascular se caracteriza por envolver a periferia de vasos sanguíneos da derme, enquanto que a dermatite intersticial se caracteriza por envolver o interstício da derme entre as fibras de colágeno. 
A dermatite de interface é localizada na transição entre epiderme e derme. Na vasculite, os vasos sanguíneos são alvos diretos do infiltrado inflamatório, e alterações secundárias, como hemorragia, edema, trombose e infartos cutâneos, podem ser observadas. A dermatite vesicular ou pustular é caracterizada pela formação de fendas na epiderme (intraepidérmicas), podendo ocorrer em qualquer camada da epiderme, ou seja: subcorneal, intragranular, intraespinhosa ou suprabasal, além de poderem ocorrer de forma subepidérmica. 
Alterações inflamatórias predominantemente voltadas aos folículos pilosos são denominadas foliculites, perifoliculites ou furunculoses. Quando o infiltrado inflamatório na derme se arranja de forma nodular a difusa, temos um processo de dermatite nodular ou difusa, podendo ter aspecto piogranulomatoso ou granulomatoso, como, por exemplo, na furunculose bacteriana, fúngica ou parasitária, bem como na leishmaniose, esporotricose, criptococose, pitiose e micobacteriose. 
A presença de Infiltrado de eosinófilos associada a essas lesões pode indicar a presença de agente parasitário. A paniculite é o processo inflamatório que predominantemente envolve o tecido subcutâneo ou panículo, podendo ser ainda classificada em lobular, septal ou difusa. Já dermatite fibrosante é aquela encontrada principalmente em processos inflamatórios crônicos nos quais há predomínio de fibrose, a qual pode ocorrer na forma de tecido de granulação ou de formação de fibras de colágeno maduras.
Em suínos, lesões inflamatórias cutâneas são principalmente relacionadas a agentes infecciosos. Em leitões de maternidade (lactentes), é comum a ocorrência de epidermite exsudativa causada por Staphylococcus hyicus, a qual pode se dar de forma peraguda, aguda ou subaguda, cursando geralmente com exsudato oleoso marrom-escuro que pode envolver inicialmente a região da face, mas que posteriormente se estende ao restante do corpo. 
Por sua vez, na infecção por Erisipelothrix rhusiopathiae há septicemia e as lesões podem envolver múltiplos órgãos; porém, o aspecto característico da infecção é visualizado através de lesões cutâneas em formatos geométricos correspondendo a placas avermelhadas que dão o nome popular da condição: doença da pele de diamante (“diamond skin disease”). Essas lesões ocorrem devido à vasculite provocada pelo agente que por fim acaba induzindo infarto cutâneo, o qual tem formato geométrico. Outras lesões comuns associadas são endocardite, artrite e glomerulonefrite. 
Em equinos, lesões cutâneas inflamatórias são principalmente relacionadas a agentes infecciosos, como na pitiose ou na habronemiíase, mas também podem estar relacionadas a respostas imunes ou inflamatórias exacerbadas, como na formação do tecido de granulação exuberante e na dermatite alérgica à picada de insetos. 
A pitiose é uma doença causada pelo oomiceto Pythium insidiosum, que tipicamente está presente em áreas de alta umidade e água estagnada, provocando lesões tipicamente granulomatosas e eosinofílicas na derme e no tecido subcutâneo de equinos, bovinos e, ocasionalmente, em ovinos e cães. Em equinos, as lesões afetam predominantemente os locais com maior contato com a água estagnada, como a região ventral abdominal e a extremidade distal dos membros. As lesões são graves, altamente exsudativas, ulceradas e de aspecto tumoriforme. 
Em meio à lesão, é comum observar a presença de kunkers ou concreções amareladas friáveis, as quais correspondem às áreas de necrose eosinofílicas observadas microscopicamente em equinos. Em bovinos, as lesões também afetam as extremidades distais dos membros, mas são autolimitantes, visto que a resposta inflamatória granulomatosa contra o agente é eficaz. Dessa forma, kunkers não são observados à macroscopia, visto que lesões necróticas são praticamente ausentes.
A habronemiíase em equinos é também chamada de ferida de verão ou habronemose cutânea e se caracteriza por ser uma dermatose tumoriforme desencadeada por uma resposta imune exacerbada a larvas de parasitas gástricos, como Habronema muscae, Habronema majus e Draschia megastoma. Ocorre principalmente em áreas de pele úmida, como na comissura labial, canto medial ocular, prepúcio e processo uretral do pênis. Macroscopicamente e microscopicamente,deve ser diferenciada de processos neoplásicos como sarcoide e carcinoma de células escamosas. 
Não se deve confundir habronemiíase com miíases ou bicheiras. Essas são causadas pela reprodução de larvas da mosca de Cochliomyia hominivorax em feridas cutâneas, sendo extremamente comuns em todos os animais domésticos. Cursam com feridas cutâneas fétidas e necróticas que agem como soluções de continuidade, configurando-se como porta de entrada para infecções bacterianas que podem se tornar septicêmicas. 
A hipersensibilidade à picada de insetos em equinos está principalmente relacionada a espécies de Culicoides spp, podendo ocorrer de forma sazonal em locais de clima temperado. As lesões ocorrem principalmente na inserção da cauda, na crina ou na garupa e são caracterizadas por intenso prurido, alopecia e formação de crostas. 
Em felinos, as lesões cutâneas inflamatórias são menos comuns do que em cães, mas são representadas principalmente por dermatofitose, esporotricose e criptococose. A dermatofitose é uma doença fúngica superficial que acomete tanto cães quanto gatos e que é causada por fungos que infectam porções queratinizadas da pele e pelos, como Microsporum canis e Tricophyton spp.
Macroscopicamente, caracteriza-se pela formação de placas circulares alopécicas e descamativas. Microscopicamente, são visualizadas hifas e artroconídeos em torno de folículos pilosos. Em gatos, especialmente gatos Persas, a lesão pode se tornar profunda, sendo então chamada de pseudomicetoma dermatofítico, com envolvimento da derme profunda, tecido subcutâneo e, raramente, da cavidade abdominal.
DICA A dermatofitose não deve ser confundida com a dermatofilose, visto que a primeira é uma doença fúngica, ao passo que dermatofilose é uma doença bacteriana causada por Dermatophilus congolensis, sendo comum em bovinos, equinos, caprinos e ovinos.
A esporotricose é uma doença fúngica causada por Sporothrix brasiliensis em que há ocorrência de micose subcutânea grave em gatos, principalmente na face, orelhas e membros com lesões tumoriformes ulceradas e crostosas nesses locais. É comum que os gatos se autoinoculem e provoquem novas lesões devido ao hábito de limpeza da espécie. Além das lesões cutâneas, pode ocorrer linfangite, bem como o fungo pode se disseminar para outros órgãos. Histologicamente, há dermatite piogranulomatosa com inúmeros esporos fúngicos no interior do citoplasma de macrófagos e de forma extracelular. 
A criptococose é outra doença fúngica que acomete gatos, especialmente aqueles imunodeprimidos devido à coinfecção com o vírus da leucemia felina (FeLV) e/ou vírus da imunodeficiência felina (FIV). Cryptococcus neoformans é um fungo leveduriforme que pode infectar diversas espécies, mas que em gatos provoca lesões nodulares cutâneas, além de rinite, linfadenite e meningoencefalite, que por vezes pode se estender ao nervo óptico, envolvendo o globo ocular. Microscopicamente, há lesão granulomatosa com inúmeros microrganismos intralesionais caracterizados por cápsula espessa de mucopolissacarídeos (Figura 3).
Em caninos, lesões inflamatórias cutâneas são extremamente comuns, ocorrendo por causas infecciosas, autoimunes, de forma secundária a doenças endócrinas ou por causas metabólicas. Entre as principais condições infecciosas cutâneas em cães, destacam-se a dermatofitose, a leishmaniose cutânea, as acaríases e a dermatite por Malassezia spp. A dermatite pelo fungo saprófito Malassezia pachydermatis ocorre em cães em áreas de produção excessiva de sebo e umidade abundante, como dobras de pele. Macroscopicamente, são observados eritema, prurido e liquenificação (espessamento da pele), além de alopecia e hiperpigmentação reativa.
A leishmaniose cutânea geralmente acompanha a leishmaniose visceral, sendo uma enfermidade de importância em saúde pública por também poder afetar seres humanos. É causada por um protozoário, Leishmania chagasi ou L. infantum, transmitido por mosquitos flebotomíneos ou mosquito-palha (Lutzomyia spp) e caninos exercem o papel de reservatórios do agente. As lesões cutâneas são caracterizadas por alopecia e descamação multifocais, além de ulceração cutânea, hiperqueratose nasal e de coxins e espessamento de unhas (onicogrifose). Microscopicamente, são observadas formas amastigotas do protozoário no interior de macrófagos. 
As acaríases em cães são causadas principalmente por Sarcoptes scabei var. canis (escabiose) ou Demodex canis (demodiciose). A demodiciose se caracteriza por ser uma doença parasitária inflamatória mas não contagiosa, visto que é causada por proliferação exacerbada de ácaros, outrora saprófitos na pele de cães normais, no interior dos folículos pilosos e nas glândulas sebáceas. 
A doença pode ocorrer de forma localizada, em animais jovens, ou generalizada, sendo então uma enfermidade grave que pode levar à morte. Macroscopicamente, caracteriza-se por pele espessa, alopécica, eritematosa e crostosa que pode se tornar hiperpigmentada, exibindo também foliculite, furunculose e linfadenomegalia. Por sua vez, a escabiose é uma doença contagiosa de cães que cursa com a dermatite pruriginosa, acometendo face, ouvidos e região lateral do tronco. Pode ser associada a infecções bacterianas secundárias e, microscopicamente, caracteriza-se por hiperqueratose e dermatite hiperplásica entremeadas por estruturas parasitárias em meio à epiderme e às crostas.
Condições inflamatórias envolvendo folículos com foliculite e furunculose resultantes são comuns em caninos, possuindo principalmente causas bacterianas. No impetigo, por sua vez, há dermatite pustular superficial que ocorre como resultado da infecção por Staphylococcus spp. É mais comum em cães jovens com infecções concomitantes pelo vírus da cinomose, desnutrição e parasitose intestinal. Macroscopicamente, observam-se pústulas na região abdominal ventral se estendendo às regiões axilares e inguinais.
Em cães, a Dermatite Alérgica à Picada de Pulgas (DAPP) é condição comum na clínica, sendo principalmente relacionada a Ctenocephalides felis. A patogênese da DAPP envolve reação de hipersensibilidade tipo I e IV a substâncias presentes na saliva das pulgas e, macroscopicamente, caracteriza-se por prurido intenso, com lesões alopécicas que, com o tempo, tornam-se hiperpigmentadas e liquenificadas na região lombossacra dorsal. 
Por sua vez, a dermatite atópica é caracterizada por uma doença alérgica associada com alérgenos ambientais, hipersensibilidade tipo I e degranulação de mastócitos. Os cães apresentam os primeiros sinais nos anos iniciais de vida, com dermatite pruriginosa que evolui para alopecia, pápulas, pústulas, erosões e hiperpigmentação.
As endocrinopatias, especialmente em cães, geralmente cursam com alterações cutâneas como a alopecia bilateral simétrica, a qual é observada tanto no hiperadrenocorticismo como no hipotireoidismo. Face trágica, mixedema e cauda de rato são outras lesões cutâneas relacionadas ao hipotireoidismo. No hiperadrenocorticismo, são observados também comedões, calcinose cutânea e atrofia da epiderme e derme da pele predominantemente envolvendo a região abdominal ventral. Em gatos, o hiperadrenocorticismo pode ainda cursar com síndrome de fragilidade cutânea, na qual a pele se torna frágil e rompe-se com facilidade, levando à formação de soluções de continuidade cutâneas.
Doenças autoimunes cutâneas são comuns em cães, sendo representadas principalmente pelo complexo pênfigo e pelos lúpus eritematoso discoide e sistêmico. O complexo pênfigo é subdividido em pênfigo foliáceo, pênfigo eritematoso, pênfigo vulgar e pênfigo vegetans. Em todos eles há a formação de vesículas ou fendas na epiderme, as quais mostram-se preenchidas por neutrófilos e queratinócitos hipereosinofílicos em processo de acantólise (Figura 4). 
Essas fendas rompem facilmente e deixam a superfície ulcerada, sendo recobertas por crostas. No lúpus eritematoso discoide, por sua vez, são afetados principalmente o plano nasal e as pálpebras com lesões alopécicas e eritematosas. Já no lúpus eritematoso sistêmico, as lesõespodem ser focais a generalizadas e estão presentes na pele e nas junções mucocutâneas, assim como podem ser observadas lesões de vasculite.
Figura 4. Histologicamente, o pênfigo foliáceo é caracterizado pela formação de fendas subcorneais epidermais preenchidas por neutrófilos e queratinócitos acantolíticos.
DOENÇAS NEOPLÁSICAS DA PELE 
Neoplasias cutâneas são extremamente comuns em animais domésticos, especialmente em cães e gatos, mas usualmente afetam também equinos e ocasionalmente bovinos e suínos.
Essas lesões proliferativas são facilmente notadas pelos tutores de cães e gatos, correspondendo à boa parte da rotina de histopatologia de laboratórios veterinários, visto que sua diferenciação através da histologia, e por vezes através de exames imuno-histoquímicos, é fundamental para a definição da conduta clínica terapêutica a ser adotada. 
Neoplasias cutâneas podem ter diversas origens, como epiteliais, mesenquimais, melanocíticas, de mastócitos ou de linfócitos. Seu comportamento também pode se distinguir de acordo com a linhagem de origem e a diferenciação, variando de benigno a maligno. Em tumores benignos, a excisão tumoral é curativa, enquanto que neoplasias malignas podem ser localmente invasivas e infiltrativas, além de serem capazes de gerar metástases nodais e a outros órgãos. Nesses casos, geralmente outras formas de tratamento aliadas à exérese tumoral também são aplicadas, como a quimioterapia, por exemplo.
Neoplasias originadas da epiderme são principalmente compostas por papilomas e carcinomas de células escamosas. Papilomas ocorrem em praticamente todas as espécies, mas cabe destaque à ocorrência em cães jovens, bovinos e equinos. Sua ocorrência geralmente tem relação com o Papillomavirus spp. E sua aparência macroscópica é similar a uma couve-flor. Microscopicamente, é caracterizado por projeções exofíticas de aspecto digitiforme de epiderme espessada, com ocasionais corpúsculos de inclusão intranucleares. 
Em equinos, uma forma de papiloma ocorre na superfície interna da orelha e é denominada placa aural. Nessa espécie, essa lesão deve ser diferenciada do sarcoide, principal neoplasia cutânea da espécie, através da microscopia. O sarcoide tem relação com a infecção por Papillomavirus bovino devido ao emprego de equinos no manejo de bovinos e pode ocorrer em qualquer lugar do corpo. Macroscopicamente, assume aspecto que pode variar de verrucoso a fibroblástico, enquanto que na microscopia há proliferação fibroblástica na derme superficial e hiperplasia epidermal com projeções intradérmicas. 
O carcinoma de células escamosas (carcinoma espinocelular ou carcinoma epidermoide) é uma neoplasia maligna originada da epiderme que ocorre em praticamente todas as espécies de animais domésticos, e que tem forte relação com a exposição prolongada à radiação ultravioleta em áreas despigmentadas ou com menor quantidade de pelos. Dessa forma, em gatos, a localização mais comum é na face na região das orelhas, pálpebras e plano nasal, enquanto que em cães é mais usual na região abdominal ventral e dígitos. Em equinos, é mais comum na região ocular (palpebral), vulva ou pênis, ao passo que em bovinos afeta especialmente a região ocular de animais Hereford. 
CURIOSIDADE Em cães, o desenvolvimento de carcinoma de células escamosas também pode ter relação com a infecção por Papillomavirus, cursando inicialmente com a formação de placas pigmentares hiperplásicas (ou carcinoma bowenoide in situ) com posterior invasão da derme por células neoplásicas epiteliais.
O carcinoma de células escamosas é caracterizado por ser uma neoplasia extremamente infiltrativa, provocando marcada destruição tecidual e desmoplasia. Macroscopicamente, caracteriza-se a partir de massas firmes com aspecto de couve-flor a aspecto de placa com superfície ulcerada. Microscopicamente, há a formação de ninhos de células epiteliais na derme com frequente queratinização ao centro, o que caracteriza as “pérolas de queratina” (Figura 5).
Figura 5. Histologicamente, no carcinoma de células escamosas as células epiteliais da epiderme se projetam sobre a derme, formando ninhos de células com frequente queratinização (material róseo brilhante) ao centro.
As neoplasias de anexos cutâneos são mais comuns em cães e gatos, e podem ter origem a partir do epitélio de folículos pilosos ou do epitélio de glândulas sebáceas ou apócrinas. Neoplasias de folículos pilosos são geralmente benignas e têm origem a partir de diferentes porções do epitélio folicular, como no acantoma infundibular queratinizante, tricoblastoma, tricolemoma, pilomatricoma e tricoepitelioma. A origem desses tumores influenciará seu aspecto microscópico, permitindo sua diferenciação.
As glândulas sebáceas estão distribuídas ao longo de todo o corpo do animal e podem dar origem a neoplasias benignas ou malignas, bem como cães apresentam glândulas sebáceas modificadas na região perianal ou na glândula perianal (glândula hepatoide), a qual também pode apresentar neoplasias. Entre as neoplasias de glândulas sebáceas, destacam-se o adenoma e o epitelioma, embora carcinomas também possam ocorrer. 
Na glândula perianal, é mais comum que as neoplasias sejam bem delimitadas e caracterizadas por predomínio de células hepatoides (adenoma de glândula hepatoide) ou de células basaloides de reserva (epitelioma de glândula hepatoide), mas neoplasias malignas ou carcinomas de glândula hepatoide também podem ocorrer.
As células das glândulas apócrinas podem originar neoplasias benignas (adenoma de glândula apócrina) ou neoplasias malignas (carcinoma de glândula apócrina). Em meio às células neoplásicas, pode haver ainda proliferação de células mioepiteliais, caracterizando um adenoma ou carcinoma complexo, ou metaplasia cartilaginosa e óssea, caracterizando adenoma ou carcinoma apócrino misto.
Nos coxins de cães e gatos, as glândulas apócrinas são diferenciadas em glândulas écrinas, dando origem a adenomas ou carcinomas écrinos, ao passo que no conduto auditivo as glândulas apócrinas são modificadas em glândulas ceruminosas, dando origem a adenomas ou carcinomas de glândulas ceruminosas. 
Neoplasias com origem de melanócitos ou melanocíticas são comuns especialmente nas formas malignas (melanomas) em cães nas junções mucocutâneas, na cavidade oral e de forma subungueal (em dígitos), mas também em equinos de pelagem tordilha na região perianal e na base da cauda.
Em caninos, é comum haver metástase para múltiplos órgãos, com formação de numerosos nódulos enegrecidos nos linfonodos e pulmões, entre outros órgãos. Microscopicamente, as células neoplásicas podem se tornar indiferenciadas, com redução ou ausência de grânulos de melanina (melanoma amelanótico), bem como podem ser arranjar de forma epitelioide ou fusiforme.
Neoplasias benignas de melanócitos são comuns em caninos, sendo denominadas melanocitomas. São geralmente restritas à derme superficial e possuem quantidade variável de melanina e baixo índice mitótico (Figura 7).Figura 7. No melanocitoma, o aspecto típico é de envolvimento da derme superficial com células neoplásicas (melanócitos) bem diferenciadas, exibindo moderada a acentuada quantidade de melanina. 
Neoplasias mesenquimais cutâneas podem ter origem a partir de fibroblastos, adipócitos, células endoteliais e bainhas de nervos. As neoplasias originadas de fibroblastos podem ser benignas (fibromas) ou malignas (fibrossarcomas). Fibromas cutâneos podem ocorrer em associação a adenocarcinomas renais e leiomiomas em cães da raça Pastor Alemão, compondo a síndrome dermatofibrose nodular-carcinoma renal. 
Fibrossarcomas, por sua vez, são mais comuns que sua contraparte benigna em animais domésticos, ocorrendo frequentemente em gatos como uma reação pós-aplicação de medicamentos ou vacinas nas regiões do tórax, flanco, interescapular e membros. Nesses casos, a neoplasia é altamente infiltrativa, com recidivas frequentes após exérese tumoral e metástases distantes podem ocorrer.
Já lipomas são neoplasias benignas originadas de adipócitos que ocorrem frequentemente em cães,como massas nodulares e móveis em diversas localizações corporais. Lipossarcomas, por sua vez, são neoplasias malignas de adipócitos extremamente incomuns. 
Neoplasias originadas de células endoteliais podem ter aspecto macroscópico similar a melanocitomas e melanomas, com formação de áreas nodulares diminutas a maiores e vermelho-escuras a enegrecidas. Em cães, ocorrem especialmente na região do saco escrotal e na região abdominal ventral, podendo ser caracterizadas como hemangiomas cavernosos ou como sua contraparte maligna hemangiossarcoma, que possui potencial metastático. Tumores originados da bainha de nervos podem ser denominados schwanomas ou ainda tumores de bainha de nervos periféricos benignos ou malignos, ocorrendo principalmente nos membros.
Entre as neoplasias que envolvem a pele, há uma categoria de tumores de células redondas que agrupa células que possuem formato arredondado, como mastocitoma, histiocitoma, linfoma, plasmocitoma e tumor venéreo transmissível. O mastocitoma é uma das neoplasias cutâneas mais comuns em cães, sendo originada de mastócitos e se caracterizando por formar nódulos ou massas extensas cutâneas, que, dependendo da morfologia celular e infiltração tecidual, podem provocar metástases nodais e viscerais.
Nesses casos, a exérese tumoral é importante somada à análise histológica a fim de que o tumor possa ser graduado apropriadamente em baixo ou alto grau, o que se correlaciona com o prognóstico e a sobrevida do animal. O mastocitoma pode também ocorrer em gatos, mas é menos frequente do que em cães.
Os histiocitomas são neoplasias benignas com origem em histiócitos que afetam predominantemente cães jovens e que ocorrem, na maior parte das vezes, na cabeça. É comum haver regressão espontânea tumoral nesses casos, apesar de as células neoplásicas exibirem alto índice mitótico. O linfoma, uma neoplasia originada de linfócitos, quando envolve a pele é denominado epiteliotrópico, quando as células infiltram a epiderme, ou como não epiteliotrópico, quando os linfócitos ficam restritos à derme. O linfoma cutâneo é mais comum em cães, mas pode ocorrer também em gatos, afetando predominantemente regiões de junção mucocutânea (Figura 8).Figura 8. Macroscopicamente, o linfoma cutâneo tende a envolver regiões de transição mucocutânea, como no lábio, com espessamento difuso e superfície que pode ter aspecto bolhoso a ulcerado. 
O tumor venéreo transmissível pode circundar a pele por extensão, mas usualmente envolve as mucosas genitais de cães, como vulva e prepúcio. Macroscopicamente, é uma massa friável que sangra com facilidade, ao passo que histologicamente as células são redondas com citoplasma contendo vacúolos diminutos.
Colheita, conservação e processamento de tecidos
As análises macroscópica e microscópica de amostras colhidas ante mortem e post mortem, ou seja, durante um procedimento cirúrgico ou a necropsia, têm o objetivo de desvendar e elucidar aspectos relacionados à patogênese e ao desfecho de uma condição patológica específica.
Dessa forma, essas análises patológicas adicionam elementos fundamentais aos achados clínicos, hematológicos, bioquímicos, de imagem e/ou cirúrgicos observados em um determinado caso clínico na medicina veterinária. 
Amostras colhidas ante mortem são denominadas exames anatomopatológicos ou patologia cirúrgica, podendo consistir em amostras obtidas por citologia por agulha fina ou através de biópsias incisionais ou excisionais obtidas por procedimentos cirúrgicos variados. Biópsias incisionais são aquelas em que fragmentos da lesão são coletados, mas a lesão principal permanece no organismo do animal. Já em biópsias excisionais toda a lesão é removida e procura-se estabelecer margens cirúrgicas mais estreitas ou mais amplas dependendo do tipo de lesão, como em casos de neoplasias com altas chances recidivas (sarcoma de tecido mole e mastocitoma cutâneo em cães). 
Amostras colhidas post mortem consistem em amostras colhidas à necropsia de animais domésticos. Os termos necropsia e autópsia são utilizados como sinônimos por alguns autores, embora autópsia indique a realização do procedimento na própria espécie, como, por exemplo, humanos realizando autópsia de humanos. O objetivo principal da necropsia é elucidar a causa da morte do animal, o que pode ter um caráter diferenciado dependendo da espécie com que se trabalha. 
Em animais de produção, como ruminantes e suínos, por exemplo, essa investigação tem como principal objetivo reduzir ou cessar a mortalidade nos demais animais do rebanho. Por sua vez, em animais de companhia, como cães e gatos, essas investigações podem ter relação com a medicina forense, bem como para elucidar casos de morte súbita, mortes relacionadas a procedimentos cirúrgicos e outros procedimentos clínicos.
COLHEITA E CONSERVAÇÃO DE AMOSTRAS À CIRURGIA E À NECROPSIA
· Quando se emprega o termo colheita de amostras estamos nos referindo a amostras individuais, ao passo que quando colhemos diversas amostras de um animal à necropsia, por exemplo, estamos realizando uma coleta de amostras porque estamos agrupando-as. A colheita de amostras cirúrgicas (exame anatomopatológico) é usualmente realizada por médicos veterinários clínicos e cirurgiões em blocos cirúrgicos, de acordo com protocolos e margens estabelecidos em estudos da área. 
· Todavia, recentemente, o patologista veterinário também tem se inserido nessa área através da análise in loco transcirúrgica por congelação, na qual amostras das margens teciduais em casos de neoplasias são analisadas para verificar se estão livres de células tumorais, promovendo um melhor prognóstico e menores chances de recidiva ao animal.
· À necropsia, antes de realizar a colheita e coleta de amostras, é essencial que o patologista saiba reconhecer padrões de lesões nos diversos tecidos a serem analisados, bem como possíveis etiologias (agentes bacterianos, fúngicos, virais ou protozoáricos) que podem ter causado o quadro clínico, a fim de compreender o que deve coletar e de que forma deve conservar essas amostras.
· Por meio do exame macroscópico de necropsia, as lesões podem ser classificadas em três padrões básicos: alterações pós-mortais ou post mortem (reações cadavéricas mediadas pelo organismo do animal ou por bactérias de microbiota intestinal ou ambiental), alterações de menor significado patológico (lesões incidentais que não culminaram com a morte do animal) e alterações patológicas relevantes. Além disso, em patologia veterinária, o estudo não é restrito a apenas uma espécie e, dessa forma, aspectos anatômicos divergentes entre as espécies podem ser confundidos com lesões quando o aluno/patologista se depara com uma espécie pouco habitual.
· Após o reconhecimento de uma lesão de significado patológico e a exclusão dos outros padrões (post mortem, incidentais ou particularidades anatômicas), é importante dominar a técnica de descrição macroscópica de lesões. Como forma inicial de compreensão, uma descrição ideal deve compreender de forma sucinta, direta e objetiva o que está sendo visualizado de forma que, ao ser lida posteriormente por uma terceira pessoa em um documento escrito, ela possa imaginar e visualizar virtualmente a lesão em sua mente. 
· Dessa forma, são aspectos fundamentais a serem descritos: a localização da lesão com termos específicos e nomenclatura anatômica apropriada; o tamanho da lesão com medidas universais e objetivas, evitando-se avaliações subjetivas (tamanho de uma ervilha ou de uma noz-poncã são termos a serem evitados, por exemplo); a cor da lesão, evitando-se cores rebuscadas e atendo-se ao básico (branco, amarelo, vermelho, etc); formato da lesão (redonda, geométrica, nodular, plana, oval, etc.); distribuição da lesão (focal, focalmente extensa, múltiplos focos ou multifocal, múltiplos focos que se unem ou coalescem, difusa e miliar); consistência da lesão (como essa lesão é ao toque – macia, firme ou dura); e outras características adicionais como odor, volume, conteúdo e aspecto ao corte.
· É importante salientar que todas essas análisese ponderações são também realizadas ao receber-se uma biópsia cirúrgica, enquanto que à necropsia elas são fundamentais para a definição de como será procedida a colheita ou coleta de material, ou seja: qual será o foco principal durante aquele procedimento. Dessa forma, quando a suspeita for de intoxicação em um animal, deve-se proceder à coleta de material específico para análise toxicológica (usualmente fígado, rins e conteúdo gástrico) e material para análise histopatológica.
· Da mesma forma, quando a suspeita for de alguma doença infecciosa, colhem-se fragmentos do tecido lesado pelo agente para análise microbiológica mantendo-os refrigerados ou congelados, dependendo do agente específico, bem como se colhe material para exame histopatológico, consistindo na área lesada e na transição com área normal.
· A análise histopatológica ou histológica é fundamental na patologia veterinária e fornece muitas respostas frente a diversas condições patológicas, tanto em biópsias cirúrgicas como em necropsias. Para realizá-la, é pré-requisito que as amostras colhidas ou coletadas sejam fixadas em formalina a 10% ou formalina tamponada neutra a 10% a uma proporção de 1:10 de quantidade de tecidos coletados para quantidade de formalina no recipiente (pote) por pelo menos 24 a 48 horas. Fixações por períodos prolongados podem acarretar danos irreversíveis aos tecidos e impedir a análise apropriada por técnicas mais específicas, como a imuno-histoquímica.
· O ideal é que o recipiente no qual as amostras serão depositadas para fixação não tenha estreitamentos na parte superior, ou seja, tenha boca larga, visto que as amostras cruas serão inicialmente amolecidas e, à medida que ocorre a fixação do tecido, irão enrijecer, dificultando a remoção do recipiente caso esse seja inadequado. O recipiente de fixação também deve ser resistente a evaporação e vazamentos da formalina, bem como deve ser evitada a utilização de potes de vidro, visto que esses podem quebrar durante o transporte da amostra.
PROCESSAMENTO HISTOLÓGICO DE TECIDOS 
Após a fixação das amostras teciduais por 24-48h em formalina, procede-se à clivagem do tecido, na qual secções mais finas (2-4 mm de espessura) serão cortadas e incluirão a área de transição, com tecido lesado e tecido normal.
A clivagem tecidual pode ser realizada pelo próprio patologista ou por técnicos laboratoriais, dependendo do grau de dificuldade de análise do caso, como em análises de lesões encefálicas ou cardíacas que podem requerer maior conhecimento anatômico e fisiológico por parte de quem está clivando o material para a compreensão do processo patológico. 
Após a clivagem, o tecido é depositado em cassetes específicos para processamento tecidual, o qual pode ser realizado de forma manual ou automatizada em máquinas específicas (processadores teciduais ou histotécnicos). O objetivo do processamento, de forma geral, é remover toda a água tecidual e infiltrar o tecido com parafina, de modo que ele fique rígido e possa ser cortado em lâminas finas teciduais para visualização na microscopia óptica. 
Dessa forma, inicialmente o tecido é submetido à desidratação em soluções com concentrações crescentes de álcool. Posteriormente, procede-se ao clareamento, no qual o tecido é imerso em soluções de xilol ou xileno, visto que o xilol age como solúvel intermediário, ou seja, é totalmente miscível ou misturável tanto com álcool quanto com parafina. Na sequência, procede-se com a infiltração por parafina no tecido, a qual é líquida a altas temperaturas (60 °C), mas se solidifica a baixas temperaturas (20 °C), o que facilita as próximas etapas.
Antes de proceder ao corte tecidual em lâminas finas, é importante que o fragmento tecidual já parafinizado seja orientado paralelamente à lâmina de corte do micrótomo (equipamento específico para realizar cortes teciduais em micrômetros). Essa melhor orientação tecidual é obtida a partir da inclusão tecidual em blocos de parafina, o que planifica e enrijece o tecido, permitindo uma otimização do corte em micrótomo. O corte em micrótomo, por sua vez, permite a passagem do tecido por uma navalha e a obtenção de secções teciduais delgadas (3-5 µm de espessura), as quais serão utilizadas para confecção de lâminas histológicas. 
Posteriormente, o tecido na lâmina histológica será submetido à coloração de rotina, a qual tipicamente é de hematoxilina e eosina (HE) em patologia veterinária para observação em microscópio óptico de luz. Essa coloração confere visualização adequada da arquitetura tecidual, permite contraste entre características nucleares e citoplasmáticas das células e, por vezes, agentes infecciosos também podem ser corados. Ainda assim, em casos específicos, podem ser empregadas colorações especiais, como Grocott, ácido periódico de Schiff e Ziehl Neelsen para a evidenciação de agentes infecciosos não visualizados adequadamente pela técnica de HE.
No exemplo da Figura 9, um camundongo é submetido à necropsia, na qual é colhido um fragmento de fígado que é fixado por 24-48h em formalina, clivado e disposto no interior de um cassete de processamento histológico azul. Esse é submetido a processamento histológico em um histotécnico para posterior corte de bloco parafinizado em micrótomo. Através disso, uma lâmina histológica é confeccionada, e, após a coloração por hematoxilina e eosina, é visualizada em um microscópio óptico de luz.
SINTETIZANDO
Doenças dos sistemas reprodutores masculino e feminino compartilham muitas semelhanças entre si, visto que algumas linhagens celulares são comuns entre ambos. São exemplos os distúrbios de intersexo ou hermafroditismo (verdadeiro ou pseudo-hermafroditismo), as neoplasias testiculares e ovarianas, o tumor venéreo transmissível e as doenças transmitidas através da cópula. 
Todavia, as doenças que envolvem esses sistemas podem apresentar algumas diferenças, como naquelas que afetam o útero gravídico ou não gravídico de fêmeas, bem como nos processos inflamatórios e neoplásicos envolvendo a glândula mamária. 
Doenças envolvendo o sistema tegumentar podem ter diversas causas e características macroscópicas distintas. É importante salientar e compreender que a nomenclatura de lesões cutâneas tem diversas particularidades, o que também torna a patologia do sistema tegumentar extremamente complexa. 
Inicialmente, devemos diferenciar processos inflamatórios cutâneos de neoplásicos, mas as investigações não param por aí, uma vez que processos inflamatórios ou degenerativos cutâneos podem ter diversas causas e a correlação com os aspectos clínicos é fundamental para o estabelecimento do diagnóstico conclusivo. Neoplasias cutâneas, por sua vez, podem ter diversos aspectos macroscópicos e microscópicos, sendo a análise patológica criteriosa essencial para a definição do tipo tumoral.
A colheita de amostras para o exame patológico pode ser realizada In vivo (ante mortem) ou através da necropsia (post mortem) e, independentemente da forma de colheita, é necessário ter uma amostra representativa da lesão. O processo de fixação das amostras em formalina garante a conservação do tecido para análises patológicas; mas, em casos de doenças infecciosas ou intoxicações, devemos reservar material refrigerado ou congelado para análise. Por fim, o processamento histológico permite a existência de lâminas histológicas para visualização em microscópio óptico e melhor compreensão dos processos patológicos.

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