Buscar

DELINEAMENTO PPR

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 27 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 27 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 27 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

O planejamento da utilização de próteses parciais removíveis (PPRs) para a 
reabilitação oral de um paciente determina, por princípio básico de funcionamento, a 
necessidade de que o dispositivo protético seja inserido e removido de sua posição sobre o 
sistema de suporte, sem que sofra ou cause a esse sistema prejuízos de qualquer ordem. 
Também, que quando solicitado em função, possa ser mantido em posição e estável, 
garantindo o sucesso funcional da reabilitação, além de oferecer boa estética. 
Para chegar a esse resultado satisfatório algumas questões básicas precisam ser 
compreendidas: 
- o que é delineamento? Segundo vários autores é o conjunto de procedimentos de 
diagnóstico que visa obter informações a respeito do padrão, da forma e do contorno dos 
dentes pilares e tecidos adjacentes. Como procedimento de diagnóstico e fundamental para 
a PPR é de responsabilidade exclusiva do cirurgião-dentista, pois constitui uma das etapas 
do exame do paciente (análise dos modelos de estudo); 
- por que delinear? Há enorme variação das possíveis combinações de 
desdentamento parcial, e essa variação acarreta a ocorrência, por várias razões, de dentes 
remanescentes assimétricos e desiguais, além de rebordos alveolares residuais de anatomia 
também bastante diversa. Se o objetivo da reabilitação com PPR é devolver ao paciente 
função e estética, preservando as estruturas remanescentes como condição inquestionável, 
é fundamental que tais estruturas, dentais ou não, sejam estudadas para possibilitar o melhor 
desenho à futura prótese; 
- com que delinear? Para o processo de delineamento é utilizado um instrumento 
denominado delineador, t a m b é m c h a m a d o d e paralelômetro, tangenciômetro, 
paralelímetro ou paralelígrafo, responsável pela identificação do paralelismo relativo entre 
FO
RP
-U
SP
Prótese Parcial Removível - Delineamento – Prof. Dr. Ricardo Faria Ribeiro - 2 
 
duas ou mais superfícies, dentais ou de estruturas adjacentes. Na construção de uma PPR 
é utilizado desde as fases mais iniciais (exame e diagnóstico), precedendo o planejamento 
da prótese, até as fases mais posteriores e complexas, como nos procedimentos de fresagem, 
posicionamento de encaixes, etc. Sua importância para a PPR pode ser comparada à do 
articulador semi-ajustável para a Prótese Parcial Fixa. O delineador tem sua concepção 
baseada no princípio geométrico de que todas as perpendiculares a um mesmo plano são 
paralelas entre si. 
 
 
 
 
 
 
Há vários tipos de delineador, dos mais simples aos mais complexos, sendo que 
os mais utilizados são baseados no desenvolvido pela Ney Co., nos Estados Unidos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
São construídos da seguinte forma: 
 
a) delineador propriamente dito => tem uma base plana, da qual parte uma haste vertical 
FO
RP
-U
SP
Prótese Parcial Removível - Delineamento – Prof. Dr. Ricardo Faria Ribeiro - 3 
 
fixa. Dessa haste vertical parte um braço horizontal, que pode ser fixo ou móvel, inteiriço 
ou articulado, em ângulo reto (90º) e que sustenta, na extremidade, uma outra haste 
vertical, móvel, chamada de haste analisadora. Esta haste vertical móvel é que possibilita 
a identificação do paralelismo, sendo construída perfeitamente perpendicular à base do 
delineador e podendo ser movimentada verticalmente até que assuma o melhor 
posicionamento em relação às estruturas a serem analisadas. 
 
 
 
 
 
b) Na extremidade inferior desta haste há um mandril ao qual são presas as pontas 
acessórias, de uso específico: 1) pontas recortadoras de cera: em forma de facas ou 
cinzéis, que são usadas para identificar a melhor trajetória de inserção e remoção da 
PPR e permitem a realização de alívios que bloquearão áreas retentivas não utilizadas 
na confecção da estrutura metálica da prótese, mantendo a trajetória de inserção e 
remoção definida; 2) porta grafites ou cera: em forma de bainha, expondo apenas um 
lado da ponta utilizada para marcar o maior contorno dos dentes e outras estruturas; 3) 
pontas calibradoras de retenção: usadas para identificar e quantificar áreas retentivas 
para o correto posicionamento das partes responsáveis pela retenção da prótese. São 
em número de três (03), correspondendo às medidas de retenção horizontal de 0,25mm 
(0,01”), 0,50mm (0,02”) e 0,75mm (0,03”). 
FO
RP
-U
SP
Prótese Parcial Removível - Delineamento – Prof. Dr. Ricardo Faria Ribeiro - 4 
 
 
 
 
 
 
 
c) platina ou mesa porta-modelos: na qual é posicionado o modelo a ser analisado. 
É constituída basicamente de duas partes: a base e o suporte de modelos, unidas entre si 
por uma articulação do tipo esferóide ou junta universal, que permite a inclinação do 
suporte, e consequentemente do modelo, para qualquer posição anteroposterior e/ou 
látero-lateral em relação à haste vertical do delineador. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Considerando a PPR convencional, é sabido que o posicionamento dos braços de 
retenção dos grampos em áreas retentivas é que garante a manutenção da prótese em posição 
sobre o sistema de suporte, quando em função. Também, que conectando estes elementos 
de retenção há partes da estrutura metálica que são rígidas, não podendo, portanto, ser 
colocadas em áreas retentivas. Para permitir o correto posicionamento de cada componente 
da estrutura metálica, durante o processo de delineamento é identificado o traçado do 
FO
RP
-U
SP
Prótese Parcial Removível - Delineamento – Prof. Dr. Ricardo Faria Ribeiro - 5 
 
equador protético, definido como a linha de maior contorno do dente pilar quando 
considerado proteticamente, ou seja, em relação aos demais dentes remanescentes e/ou 
estruturas adjacentes, e que difere do equador anatômico, que considera cada dente 
individualmente. 
O equador divide o dente em duas áreas, uma retentiva, cervical ao traçado, e outra 
não retentiva ou expulsiva, oclusal ao mesmo traçado. Este traçado do equador protético 
é obtido pelo tangenciamento das paredes axiais dos dentes pilares com a ponta de grafite 
ou cera, presas à haste vertical do delineador. Deve-se, sempre, ter o cuidado de posicionar 
a extremidade da ponta traçadora ao nível da região cervical do dente pilar, permitindo 
o contato apenas de sua lateral contra o dente analisado. 
 
 
Equador 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Equador protético 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A figura abaixo ilustra a maneira correta de manusear o delineador e a mesa porta-
modelos, que deve ser mantida, sempre, completamente apoiada na base do delineador, 
durante a análise para delineamento do modelo de estudo: 
FO
RP
-U
SP
Prótese Parcial Removível - Delineamento – Prof. Dr. Ricardo Faria Ribeiro - 6 
 
 
Para entender o traçado do equador protético pode-se usar o seguinte raciocínio: 
a inclinação acentuada de um modelo para o seu lado direito propicia a obtenção de um 
traçado bem próximo à face oclusal, na face vestibular, e bem próximo à cervical, na face 
lingual/palatina do dente pilar deste lado. 
 
 
 
 
 
 
FO
RP
-U
SP
Prótese Parcial Removível - Delineamento – Prof. Dr. Ricardo Faria Ribeiro - 7 
 
 
Invertendo a inclinação do modelo para seu lado esquerdo e realizando novo traçado, 
verifica-se que, na face vestibular, o traçado inicialmente oclusal passa a ser cervical, e que 
na face lingual/palatina, o traçado assume posição próxima à oclusal. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Conclui-se, assim, que o traçado do equador protético é resultante da inclinação assumida 
pelo modelo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FO
RP
-U
SP
Prótese Parcial Removível - Delineamento – Prof. Dr. Ricardo Faria Ribeiro - 8 
 
 
O mesmo exercício descrito acima, se analisado com objetivos clínicos permite 
compreender, com facilidade, que inclinações excessivas do modelo não são satisfatórias 
devido às grandes discrepâncias observadas de um lado em relação ao outro. 
Assim, sea cada inclinação do modelo varia o traçado do equador protético obtido, 
pode-se afirmar que o equador protético somente deve ser identificado quando a trajetória de 
inserção e remoção for definitiva para o caso em questão, passando a ser, então, o objetivo 
final do processo de delineamento do modelo de estudo. Se para cada inclinação for feito um 
traçado, em pouco tempo teremos vários equadores definidos e fica mais difícil identificar 
aquele que está efetivamente sendo utilizado. 
 
 
 
 
 
 
A trajetória de inserção da PPR é a trajetória seguida pela prótese desde o contato 
inicial da estrutura metálica com os dentes até o assentamento final sobre o sistema de 
suporte. Com mesma direção, mas em sentido contrário, tem-se a trajetória de remoção. 
Durante o processo de delineamento a movimentação da haste vertical do delineador 
representa a trajetória de inserção/remoção dada à prótese. Desse modo, a cada inclinação do 
modelo também corresponde uma trajetória diferente. 
Conclui-se, portanto, que o objetivo do processo de delineamento é a definição da 
trajetória de inserção/remoção para o caso analisado e, por consequência, a obtenção do 
traçado do equador protético. 
FO
RP
-U
SP
Prótese Parcial Removível - Delineamento – Prof. Dr. Ricardo Faria Ribeiro - 9 
 
 
 
 
Pergunta-se, então, como definir esta melhor trajetória de inserção/remoção? 
 
Recordando a análise experimental citada anteriormente, na qual foram determinadas 
inclinações acentuadas do modelo de estudo, ora para o lado direito, ora para o lado esquerdo, 
é possível imaginar que uma determinada inclinação intermediária poderia equalizar o 
traçado do equador protético obtido. Esta posição intermediária é a que mantém o plano 
oclusal do modelo perpendicular à haste vertical do delineador. Fica determinada, assim, uma 
trajetória de inserção perpendicular ao plano oclusal, ou de inclinação zero (em relação 
ao plano oclusal). 
Para a determinação do plano oclusal do modelo o método mais utilizado é o de 
Roach ou dos 3 pontos. Sobre o modelo são determinados, e marcados com uma lapiseira de 
pontas finas, 3 pontos: um anterior e dois posteriores, distribuídos de forma a determinar um 
triângulo equilátero ou o mais próximo disto. O ponto anterior é determinado na intersecção 
dos terços incisal e médio dos incisivos centrais superiores e na borda incisal dos incisivos 
centrais inferiores. Os pontos posteriores, preferencialmente simétricos, podem ser a ponta da 
cúspide mésio-vestibular do 2º molar, por exemplo. Caso haja a falta de dentes para 
FO
RP
-U
SP
Prótese Parcial Removível - Delineamento – Prof. Dr. Ricardo Faria Ribeiro - 10 
 
a determinação dos pontos, esta pode ser feita com base em planos de cera, determinando 
pontos virtuais que representam o plano protético para a arcada em questão. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A orientação deste plano oclusal perpendicular à haste do delineador é obtida quando 
a ponta analisadora, numa mesma altura, toca os 3 pontos escolhidos, e é feita por tentativa 
e erro. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Imaginando outra situação, na qual houvesse a inclinação no sentido anterior dos 
dentes remanescentes, o traçado do equador protético obtido sobre os dentes anteriores para 
uma trajetória de inserção perpendicular ao plano oclusal estaria posicionado próximo à face 
oclusal/incisal. O posicionamento de elementos retentivos em áreas de retenção 
FO
RP
-U
SP
Prótese Parcial Removível - Delineamento – Prof. Dr. Ricardo Faria Ribeiro - 11 
 
adequadamente dosadas, portanto não tão distantes do equador protético, cria um transtorno 
estético importante. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Para contornar este problema estético fica determinado o posicionamento mais 
cervical do elemento de retenção, o que pode comprometer a função do retentor por superar 
sua capacidade de flexão, ou mesmo por gerar grande interferência ao assentamento da 
prótese, já que o conjunto do grampo é passivo. 
FO
RP
-U
SP
Prótese Parcial Removível - Delineamento – Prof. Dr. Ricardo Faria Ribeiro - 12 
 
 
 
 
 
 
 
 
Desse modo, acompanhar a inclinação dos dentes, ou seja, inclinar o modelo para trás, 
determinando uma trajetória de inserção/remoção inclinada em relação ao plano oclusal, 
constitui solução mais favorável. A retenção final, determinada pelo posicionamento mais 
cervical dos retentores, seria até maior que a necessária para manter a prótese em posição. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Pode-se determinar, portanto, que a observação de dentes remanescentes com 
inclinações normais em relação ao plano oclusal favorece a utilização da trajetória de 
FO
RP
-U
SP
Prótese Parcial Removível - Delineamento – Prof. Dr. Ricardo Faria Ribeiro - 13 
 
inserção/remoção perpendicular ao plano oclusal ou de inclinação zero. Se os dentes 
remanescentes tiverem outra disposição, novas trajetórias devem ser analisadas até que se 
localize a ideal. 
Outro fator, importantíssimo, a ser considerado, é a existência da chamada trajetória 
potencial de deslocamento (TPD), sempre perpendicular ao plano oclusal, qualquer que seja 
a trajetória de inserção/remoção definida para a prótese. Esta trajetória potencial de 
deslocamento é ativada exatamente no início do movimento de abertura da boca, durante 
a mastigação, sempre que a prótese é tracionada pela adesão de alimentos (p. ex. balas 
de caramelo). 
Portanto, a trajetória potencial de deslocamento coincide com a trajetória de 
inclinação zero ou perpendicular ao plano oclusal e, consequentemente, se esta trajetória não 
inclinada propicia a obtenção de áreas retentivas suficientes, o correto funcionamento 
da prótese fica favorecido, sendo determinada, então, como posição de delineamento. 
 
 
 
 
 
 
Até agora, todas as análises feitas levaram em conta as áreas retentivas, mas 
tanto quanto retenção, estabilidade é fundamental para o sucesso do tratamento. 
Retenção é a capacidade da prótese em resistir ao deslocamento vertical no sentido 
de sua remoção do sistema de suporte; estabilidade é a capacidade da prótese de resistir 
aos deslocamentos horizontais ou verticais, em sentido ocluso-gengival, e que contribui 
FO
RP
-U
SP
Prótese Parcial Removível - Delineamento – Prof. Dr. Ricardo Faria Ribeiro - 14 
 
para a retenção da prótese por manter o correto posicionamento dos braços de retenção 
sobre os dentes pilares. 
A estabilidade horizontal da prótese é garantida pelo contato de partes rígidas da 
estrutura metálica (p. ex. braços de reciprocidade) com paredes axiais dos dentes pilares. Essa 
rigidez limita o posicionamento destes constituintes ao nível do equador protético, ou seja, na 
porção não retentiva da coroa dental. Em condições normais esta condição determina que o 
contato destas partes rígidas da estrutura metálica com o dente ocorre apenas com a prótese 
totalmente assentada, sendo que qualquer pequeno deslocamento vertical quebra a situação de 
estabilidade. Isso fica evidente para os braços dos grampos: dada a situação natural de 
contorno dos dentes, o traçado do equador protético nas faces vestibulares é mais cervical que 
nas faces linguais ou palatinas. Posicionados os braços dos grampos, e assumindo que a 
relação entre eles é constante, pode-se facilmente visualizar que após um pequeno 
deslocamento vertical no sentido da remoção da prótese o braço de reciprocidade fica afastado 
do dente, permitindo que o braço de retenção, ainda em contato, continue exercendo força 
sobre o dente. Verifica-se, portanto, que o princípio de reciprocidade, estabelecido para o bom 
funcionamento dos grampos, não funciona efetivamente, havendo a geração de cargas laterais 
sobre os dentes pilares. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FO
RP
-U
SP
Prótese Parcial Removível - Delineamento – Prof. Dr. Ricardo Faria Ribeiro - 15No entanto, se para o posicionamento destas partes rígidas da estrutura metálica forem 
encontradas paredes axiais dos dentes pilares, planas e paralelas entre si, a condição é outra, 
porque mesmo havendo o deslocamento vertical mantém-se a relação de contato 
estrutura/dente, com preservação da estabilidade. Ainda, este contato, por fricção entre 
o metal e o esmalte dental, provê retenção friccional à prótese. 
 
FO
RP
-U
SP
Prótese Parcial Removível - Delineamento – Prof. Dr. Ricardo Faria Ribeiro - 16 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Nesta situação encontram-se os chamados PLANOS GUIA, que são, portanto, 
definidos como paredes axiais dos dentes pilares, planas e paralelas entre si e à trajetória de 
inserção/remoção determinada. Sempre que possível deve-se usar o maior número de planos 
guia disponíveis. O posicionamento dos braços de reciprocidade sobre planos guia permite 
a obtenção de reciprocidade efetiva, mantendo o dente pilar rigidamente apoiado quando 
da passagem do braço de retenção pelo equador protético, neutralizando a ação de cargas 
laterais sobre o dente pilar. Ainda, os planos guia individualizam a trajetória de 
FO
RP
-U
SP
Prótese Parcial Removível - Delineamento – Prof. Dr. Ricardo Faria Ribeiro - 17 
 
inserção/remoção da prótese. Assim, se a ocorrência de planos guia naturais não for 
detectada, deve-se, durante a análise do modelo de estudo, identificar paredes axiais dos 
dentes pilares que possam ser preparadas para tal função. 
 
 
 
 
 
Voltando às áreas retentivas, como considerado acima, se forem grandes (muito 
cervicais em relação ao equador protético) podem representar INTERFERÊNCIA à 
colocação da prótese, exigindo flexão além da capacidade do braço de retenção, ocasionando 
deformação permanente e/ou fratura, ou mesmo colocando-o em posição que impeça 
a inserção da prótese sobre o sistema de suporte. 
Desse modo, além de identificar as áreas retentivas dos dentes pilares, deve-se 
quantificá-las para que possa ser determinada a exata localização das pontas ativas dos braços 
de retenção. Para essa quantificação são utilizadas as pontas calibradoras de retenção 
anteriormente citadas. Fixadas ao mandril da haste vertical móvel do delineador são 
posicionadas de modo que toquem lateralmente o dente pilar (no equador protético) e que 
permitam o toque do disco calibrados, na sua extremidade inferior, no ponto exato da face 
dental que apresenta a medida de retenção determinada pelo disco (0,25, 0,50 ou 0,75mm). 
Para marcar o ponto exato da retenção localizada utiliza-se uma lapiseira de pontas finas, 
afastando ligeiramente o delineador e marcando um ponto na área correspondente do dente 
pilar. As áreas em que se deve buscar retenção são, preferencialmente, os quadrantes 
cervicais das faces vestibulares, no mínimo 1mm acima da margem gengival livre. 
FO
RP
-U
SP
Prótese Parcial Removível - Delineamento – Prof. Dr. Ricardo Faria Ribeiro - 18 
 
Pode acontecer, para dentes com coroas clínicas longas, que, a partir do equador 
protético, sejam identificadas as três calibrações de retenção. Da mesma maneira, para dentes 
com coroas clínicas curtas, pode não haver a identificação de retenção correspondente ao 
mínimo aceitável (0,25mm). Retenções acima de 0,75mm não são consideradas em hipótese 
alguma. De qualquer modo, cada ocorrência deve ser identificada no modelo de estudo para 
futura consideração (marcar na base do modelo a quantidade de retenção observada em cada 
área: P – pequena; M- média; G- grande; N- sem retenção). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FO
RP
-U
SP
Prótese Parcial Removível - Delineamento – Prof. Dr. Ricardo Faria Ribeiro - 19 
 
Se, ao calibrar a retenção encontra-se situação na qual a haste da ponta calibradora 
toque lateralmente o dente pilar, mas o disco não, verifica-se que a retenção encontrada é 
maior que aquela indicada pelo disco. Ao contrário, se o disco toque o dente pilar e a haste da 
ponta calibradora não, identifica-se que se encontra retenção menor que aquela indicada pelo 
disco. 
 
 
 
 
 
 
 
 
A quantidade de retenção também é determinada pelo ângulo de retenção ou de 
convergência, formado entre a haste da ponta calibradora de retenção e a parede dental. 
Assim, para a mesma quantidade de retenção horizontal (dada pelo disco calibrador), quanto 
maior for o ângulo de retenção, maior a efetividade do braço retentivo. O maior ângulo 
de convergência implica em menor distância de ação para o braço de retenção, ou seja, 
a distância percorrida desde o primeiro contato com o dente pilar até a posição final 
de assentamento. 
O ideal é que a distância de ação do braço de reciprocidade seja igual ou maior que 
a do braço de retenção correspondente. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FO
RP
-U
SP
Prótese Parcial Removível - Delineamento – Prof. Dr. Ricardo Faria Ribeiro - 20 
 
 
Quanto às áreas de INTERFERÊNCIA à colocação da prótese, além das ocorrências 
já descritas (retenção muito grande ou obstáculo propriamente dito), é possível que sejam 
identificadas em tecidos moles. Por exemplo, a região da pré-maxila frequentemente 
se apresenta retentiva na vertente vestibular do rebordo alveolar residual. A inserção da 
prótese numa trajetória de inserção perpendicular ao plano oclusal, se houver necessidade de 
sela na região anterior, implicará na confecção de grandes alívios que acabarão por 
comprometer o assentamento natural do lábio superior, com evidente prejuízo estético e 
funcional. Neste caso, a escolha de uma trajetória de inserção inclinada em relação ao plano 
oclusal, acompanhando a inclinação da vertente do rebordo, permitirá íntimo contato 
entre sela e fibromucosa de revestimento, promovendo, ainda, retenção adicional contra a 
trajetória potencial de deslocamento. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Outro fator não menos importante a ser considerado é a ESTÉTICA. Toda atenção 
é necessária neste sentido, porque embora seja extremamente dependente de fatores culturais, 
a estética não pode ser relegada a segundo plano. De nada adiantaria oferecer ao paciente 
uma prótese mecanicamente perfeita e deficiente do ponto de vista estético. Poucos 
pacientes a usariam. Obviamente, a PPR convencional por utilizar retentores extracoronários 
nem sempre favorece a obtenção de resultados estéticos plenamente satisfatórios. No entanto, 
se durante o delineamento a análise de todos os detalhes for criteriosa, é possível chegar 
a resultados muito bons, melhorando a aceitação da prótese pelo paciente. 
FO
RP
-U
SP
Prótese Parcial Removível - Delineamento – Prof. Dr. Ricardo Faria Ribeiro - 21 
 
Analisando todos estes fatores, conclui-se, então, que a trajetória de inserção ideal 
é aquela que permite a obtenção de: 
- PLANOS GUIA 
 
- RETENÇÃO 
 
- AUSÊNCIA DE INTERFERÊNCIAS 
 
- ESTÉTICA. 
 
Didaticamente pode-se assumir, então, a existência de duas trajetórias de inserção: 
1) inicial ou de inclinação zero (perpendicular ao plano oclusal); e 2) IDEAL ou 
DEFINITIVA: aquela que contempla os quatro fatores acima. 
Para grande número de casos, especialmente quando os dentes pilares são naturais, 
a trajetória de inserção inicial também é a ideal. No entanto, nem sempre é assim que 
ocorre. 
Conclui-se, portanto, que o delineamento bem conduzido é fundamental para a PPR, 
permitindo detectar as adequações que devem ser feitas sobre o sistema de suporte para 
possibilitar o correto funcionamento da prótese. Como dito no início deste capítulo, permite 
a determinação da realização de restaurações, desgastes, cirurgias, ortodontia, etc. Por 
fornecer elementos de diagnóstico que vão possibilitar o correto planejamento e o 
estabelecimento do plano de tratamento, o processo de delineamento é parte integrante do 
exame do paciente e, como tal, é de total responsabilidade do cirurgião-dentista. 
Com base nestas considerações, a trajetória de inserçãoideal pode, então, ser 
definida como sendo aquela que melhor combinar os quatro fatores determinantes 
(PLANOS GUIA / RETENÇÃO / AUSÊNCIA DE INTERFERÊNCIAS / ESTÉTICA), 
reduzindo ao mínimo indispensável as intervenções a serem realizadas no sistema de suporte. 
 
Determinada, a trajetória de inserção ideal para o caso deve ser registrada para 
permitir qualquer futuro reposicionamento do modelo de estudo no delineador sem que 
FO
RP
-U
SP
Prótese Parcial Removível - Delineamento – Prof. Dr. Ricardo Faria Ribeiro - 22 
 
se precise partir do princípio do processo, novamente. 
Há inúmeros métodos de registro descritos, mas o mais simples e preciso preconiza 
a cimentação de um pino rígido à base do modelo analisado. Com o modelo ainda sobre a 
mesa porta-modelos, um pino rígido (p. ex. um prego) é fixado ao mandril da haste 
delineadora e posicionado num orifício feito na base do modelo em área que não 
comprometa qualquer análise ou o futuro desenho da prótese. A cimentação pode ser 
feita com gesso, cimento fosfato de zinco, Super Bonder, etc. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FO
RP
-U
SP
Prótese Parcial Removível - Delineamento – Prof. Dr. Ricardo Faria Ribeiro - 23 
 
 
 
Para qualquer reanálise do modelo de estudo procede-se da seguinte forma: o modelo 
deve ser posicionado na mesa porta-modelos; a junta universal deve estar totalmente solta; 
o pino de registro deve ser preso ao mandril da haste delineadora. Ao apertar o mandril a 
mesa é reorientada pelo registro e o modelo reassume a inclinação determinada 
anteriormente. A junta universal é travada e pode-se, agora, reanalisar o modelo. 
 
Complementando o estudo deste ponto há uma última questão a ser respondida: 
 
 
 
inclinar o modelo durante o delineamento cria retenção? 
 
 
 
 
Hipoteticamente imagine-se uma situação na qual, para a trajetória de inserção inicial 
(perpendicular ao plano oclusal ou de inclinação zero) não se localizam áreas retentivas, tanto 
nos pilares do lado esquerdo quanto do direito. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A inclinação do modelo para o lado direito, por exemplo, em certo momento 
propiciará a obtenção de retenção na face vestibular do pilar direito e na face lingual/palatina 
do pilar esquerdo. Tal situação indicaria o posicionamento de braços de retenção nestas faces, 
e de braços de reciprocidade nas faces opostas. 
 
FO
RP
-U
SP
Prótese Parcial Removível - Delineamento – Prof. Dr. Ricardo Faria Ribeiro - 24 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Deve-se lembrar, no entanto, que uma vez instalada, a prótese estará sujeita à ação 
da trajetória potencial de deslocamento (TPD), sempre perpendicular ao plano oclusal. 
Voltando à situação original, para a trajetória inicial, perpendicular ao plano oclusal, não 
havia retenções disponíveis e, se tracionada, a prótese será deslocada com facilidade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Inclinar o modelo para criar retenções é, portanto, um dos maiores e mais frequentes 
erros cometidos durante o delineamento, e acontece por basear a escolha da trajetória de 
inserção em apenas um dos fatores determinantes, a retenção. 
Continuando no mesmo esquema anterior, se, simultaneamente à localização da áreas 
retentivas, fossem encontradas paredes axiais dos dentes pilares, oposta, planas e paralelas 
entre si para a trajetória inclinada pretendida, os chamados PLANOS GUIA, os braços de 
reciprocidade seriam nelas posicionados, estabilizando a PPR e a remoção da prótese 
FO
RP
-U
SP
Prótese Parcial Removível - Delineamento – Prof. Dr. Ricardo Faria Ribeiro - 25 
 
somente seria possível por esta trajetória inclinada, eliminando a ação da trajetória potencial 
de deslocamento. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Considere-se, no entanto, que embora válida para o esquema proposto, tal situação é 
puramente teórica e aplicada para o correto entendimento da biomecânica de funcionamento 
dos planos guia, haja vista que braços de reciprocidade posicionados em faces vestibulares 
criam problemas estéticos às vezes incontornáveis. 
Concluiu-se, portanto, que a inclinação do modelo a partir da trajetória inicial ou 
perpendicular ao plano oclusal, como recurso para melhor distribuir áreas retentivas, só 
é válida se vinculada à localização de planos guia naturais ou de superfícies que possam 
FO
RP
-U
SP
Prótese Parcial Removível - Delineamento – Prof. Dr. Ricardo Faria Ribeiro - 26 
 
ser preparadas para tal função. 
Resumidamente o processo de delineamento pode ser assim descrito: 
 
1. posicionamento do modelo de estudo com o plano oclusal perpendicular à 
haste vertical do delineador => trajetória de inserção inicial ou de inclinação zero; 
2. identificação de paredes dentais planas, paralelas entre si para esta trajetória de 
 
inserção => PLANOS GUIA 
 
3. inclinação do modelo nos sentidos Anteroposterior e/ou látero-lateral para localizar 
o maior número possível de planos guia; 
4. localização e quantificação das áreas de RETENÇÃO; 
 
5. retorno ao passo 2 se localizadas ÁREAS DE INTERFERÊNCIA à colocação 
da prótese ou se houver comprometimento da ESTÉTICA; 
6. definição e registro da trajetória de inserção ideal para o caso; 
7. traçado do equador protético. 
 
 
 
 
Referências bibliográficas: 
 
Phoenix RD; Cagna DR; DeFreest CF. Prótese Parcial Removível Clínica de Stewart. 3a ed., 
São Paulo: Quintessence Editora Ltda. 2007. Cap. 7: Delineamento e Planejamento. pp. 215-
232. 
Bezzon OL; Mattos, MGC; Ribeiro, RF. Surveying removable partial dentures: the 
importance of guiding planes and path of insertion for stability. J Prosthet Dent, v. 78, n. 
4, p.412-8, Oct. 1997. 
Bezzon, OL; Ribeiro, RF; Pagnano, VO. Device for recording the path of insertion for 
removable partial dentures. J Prosthet Dent, v. 84, n. 2, p.136-8, Aug. 2000. 
Brudvik, JS. Advanced removable partial dentures. Carol Stream: Quintessence, 1999. 164p. 
FO
RP
-U
SP
Prótese Parcial Removível - Delineamento – Prof. Dr. Ricardo Faria Ribeiro - 27 
 
Davenport, JC et al. A clinical guide to removable partial denture design. London: Bristish 
Dental Association, 2000. 112p. 
Carr AB; Brown DT. McCraken Prótese Parcial Removível. 12a ed. Rio de Jnaneiro: 
Elsevier. 2012. Cap. 11: Delineamento. pp. 130-149. 
Miller EL. Protesis parcial removible. 1ª ed., Trad. Georgina Talancón. México: 
Interamericana, 1975. 352p. 
Todescan, R; Silva, EEB; Silva OJ. Atlas de prótese parcial removível. 1ª ed., São Paulo: 
Santos, 1996. 345p. 
Zanetti, AL; Laganá, DC. Planejamento: prótese parcial removível. 2a ed., São Paulo: 
Sarvier,1996. 147p. 
FO
RP
-U
SP
	- PLANOS GUIA
	inclinar o modelo durante o delineamento cria retenção?
	7. traçado do equador protético.

Continue navegando