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ADMINISTRAÇÃO DE MARKETING Aline Poggi Lins de Lima Introdução ao marketing Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você será capaz de: Conceituar marketing. Identificar o surgimento do marketing na sociedade. Relacionar os elementos produção, venda e clientes dentro do am- biente de marketing. Introdução Derivado do inglês, o termo marketing representa a atuação, a interferência que se realiza no mercado. Assim, surgiu como forma de compreender e antecipar as necessidades e características dos clientes para, então, produzir um retorno lucrativo às empresas. Neste capítulo, você vai poder compreender a evolução histórica do marketing, acompanhando os conceitos e definições que surgiram ao longo do tempo e vendo como as empresas estão traçando suas ações voltadas à implementação de ações de marketing. Para tanto, você conhecerá a relação entre os elementos de produção, vendas e clientes dentro do contexto do ambiente de ambiente de marketing. Marketing: conceitos e definições O termo market, em inglês signifi ca mercado e to market quer dizer comprar ou vender em um determinado mercado. Nesse sentido, marketing — no gerúndio (“ing”) — remete a uma atuação ou interferência no mercado, o que é diferente do conceito trazido no termo mercadologia, que pode ser compre- endido como uma ciência sobre o mercado ou simplesmente uma atividade de venda, que pressupõe unicamente uma relação existente de troca entre um vendedor e um comprador. O conceito de marketing substitui e inverte a lógica desse conceito de ven- das e mercadologia. Ao invés de partir do princípio de se criar produtos para depois convencer pessoas a comprá-los, trata-se de compreender e antecipar as necessidades e os desejos dos possíveis clientes para que o contexto total do marketing seja aplicado e traga o retorno esperado. Contribuindo com a afirmação, Kerin et al. (2011, p. 34) colocam que: Para atender compradores e vendedores, o marketing busca (1) descobrir as necessidades e os desejos dos clientes em potencial e (2) satisfazê-los. Esses clientes em potencial englobam tanto indivíduos que compram para si mesmos e para seus domicílios como organizações que compram para seu próprio uso (fabricantes) ou para revenda (atacadistas e varejistas). Para Grewal e Levy (2016, p. 5), o marketing tem a “[...] função or- ganizacional e conjunto de processos para criar, capturar, comunicar e entregar valor aos consumidores e clientes, além de gerenciar o relacio- namento com os clientes de uma maneira que beneficie a empresa e as partes interessadas”. Os conceitos de marketing foram evoluindo ao longo da evolução também ocorrida na sociedade. Assim, os clientes mudaram sua forma de pensar, agir, poder escolha e barganha, e a forma de consumo também mudou. Em 1985, Levitt, em seu artigo Marketing Myopia, fez uma correlação no sentido de que a “miopia” no marketing era ocasionada pela falta de visão dos empresários em relação à expansão e ao futuro das organizações e pela crença de que o produto não pode ser substituído — atitudes que hoje não podem mais existir. Para Minuzzi e Larentis (2014, documento on-line), a miopia do marketing trazida por Levitt (1985) transfere o foco do produto ao cliente: Ao abordar o ciclo autoilusório de grande ascensão de um negócio e queda despercebida, gerado pela crença de que tal desenvolvimento é assegurado por uma população em crescimento e mais rica; de que não há substituto para o principal produto da indústria; pela fé demasiada na produção em massa e nas vantagens na queda rápida dos custos unitários; pela preocupação com um produto que se presta à experimentação científica cuidadosamente controlada, ao aperfeiçoamento e à redução dos custos de fabricação. Com o passar dos anos, observou-se o aumento do interesse por parte das empresas e por parte dos estudiosos em entender o relacionamento entre a organização e o cliente; com isso, os conceitos de marketing também passaram por adequações. Introdução ao marketing2 Alguns desses conceitos e definições podem ser observados no Quadro 1, no qual você pode acompanhar, ainda, como o conceito de marketing foi evoluindo ao longo dos anos, bem como alguns conceitos de categorias (desdobramentos) do marketing. Autores Conceitos e definições de marketing Ritchie (2012) É identificar oportunidades de mercado para os produtos e serviços que os clientes desejam ou de que necessitam e coordenar os recursos internos e externos de modo a entregar produtos e prestar serviços com uma margem de lucro saudável. É também comunicar-se com possí- veis clientes-alvo de modo a posicionar as ofertas de sua empresa no consciente deles. Kotler e Keller (2012) Definem o marketing com base em dois enfoques: social ou gerencial. No social, o marketing tem a função de melhorar o padrão de vida dasociedade a partirda criação, oferta e livre troca entre as pessoas. No gerencial, o intuito já é mais comercial, de venda. American Marketing Association (2014) É a atividade, oconjunto de instituições e processos para criar, comunicar, entregar e trocar ofertas que tenham valor para os clientes, parceiros e sociedade em geral. Grewal eLevy(2016) O bom marketing não é uma atividade aleatória; exige planejamento cuidadoso e ênfase nas implicações éticas de qualquer decisão tomada em relação à sociedade em geral. Quadro 1. Conceitos e definições de marketing Cabe aqui lembrar que não existe um conceito único para marketing, mas uma discussão acerca de todosos elementos que o compõem. Sendo assim, é um processo de olhar para o cliente/consumidor e compreender o que ele necessita e/ou deseja, processar essa informação dentro da empresa e com todos os setores envolvidos, pessoas e as forças, principalmente, observando os fatores que podem influenciar as atividades do marketing (Figura 1), in- formar e devolver para o mercado uma solução para esse problema (demanda encontrada) — uma oferta que seja atrativa e possibilite a troca efetiva entre o consumidor e a organização. 3Introdução ao marketing Figura 1. Interação do marketing com todos os setores, pessoas e forças da organização. Fonte: Kerin et al. (2011, p. 35). As diferentes forças, os fatores, grupos e departamentos interagem para moldar a natureza de suas atividades, assim como a própria organização, cuja missão e objetivos determinam em que negócio ela atua e quais metas busca. O departamento de marketing trabalha em rede com outros departamentos e empregados para fornecer produtos que satisfaçam os clientes, o que é necessário para que a organização sobreviva e prospere. O marketing é responsável por facilitar os relacionamentos, as parcerias e as alianças da organização com seus clientes, seus acionistas, seus fornecedo- res e outras organizações (organizações privadas ou sem fins lucrativos, por exemplo). As forças ambientais, como fatores sociais, tecnológicos, econômicos, competitivos e reguladores, também moldam as atividades de marketing de uma organização. Por fim, as decisões de marketing de uma organização são afetadas pela sociedade que, por sua vez, afetam-na como um todo (KERIN et al.,2011). Diante do exposto até agora, podemos observar que o marketing não pode ser resumido apenas às atividades táticas e operacionais de um setor. A preocupação com o cliente deve fazer parte da realidade de todos os Introdução ao marketing4 funcionários, desde a alta administração até que o processo seja finalizado e o cliente atendido — para isso, a interação com os setores precisa ocorrer de forma efetiva. Conceitos basilares do marketing Quando falamos em marketing, não podemos deixar de mencionar três con- ceitos fundamentais às questões estratégicas organizacionais e às quais os profi ssionais de marketing precisam estar atentos: a segmentação, o público- -alvo e o posicionamento. A segmentação é o poder de dividir o mercado, segmentar, de acordo com consumidores/clientes que compartilham as mesmasnecessidades e os mesmos desejos, principalmente, para que os profissionais possam adequar seus produtos e/ou serviços as diferentes realidades existentes entre os con- sumidores, que podem estar em diversas regiões do país, do mundo, com culturas e gostos totalmente diferentes uns dos outros. Para Grewal e Levy (2016, p. 6): O mercado pode ser segmentado ou dividido em grupos de pessoas rela- cionadas a uma organização por determinados motivos. Por exemplo, o mercado de refrigerantes pode abranger quase todas as pessoas do mundo. Contudo, como a Pepsi e a Coca concorrem entre si no mundo inteiro, elas dividem a população global em várias categorias: homens versus mulhe- res, pessoas preocupadas ou não com o consumo de calorias, pessoas que preferem refrigerantes não gasosos, e inúmeras categorias de preferência de sabor, etc. Ao segmentar os grupos com necessidades e gostos comuns, por exemplo, obtemos informações mais claras, que podem funcionar como ferramentas para a observação das demandas de mercado, trabalhando uma comunica- ção mais adequada, subsidiando um planejamento mais efetivo. Com essas informações, as empresas podem distinguir semelhanças entre os clientes dentro de um segmento e diferenças entre os segmentos. Alguns métodos são utilizados pelas empresas para segmentar o mercado, como: a segmentação geográfica, demográfica, psicográfica, por benefício e comportamental, tal como mostra o Quadro 2. 5Introdução ao marketing Fonte: Adaptado de Grewal e Levy (2016). Método de segmentação Segmentos de exemplo Geográfica Continente: América do Norte, Ásia, Europa, África Dentro dos EUA: Pacífico, Montanhas Rochosas, Central, Sul, Médio-Atlântico, Nordeste Demográfica Idade, gênero (sexo), renda Psicográfica Estilo de vida, autoconceito, valores individuais Benefícios Conveniência, economia, prestígio Comportamental Ocasião, lealdade Quadro 2. Métodos para definir a segmentação de mercado Com a segmentação feita, a definição do público-alvo se torna mais eficaz. O público-alvo nada mais é que um “[...] grupo específico de consumidores ou organizações que compartilham um perfil semelhante” (MAGALHÃES, 2017, documento on-line). Devemos levar em consideração que o importante é que quanto maior o número de informações e mais completo e verdadeiro o perfil estabelecido para o nosso público-alvo, maior a chance das empresas manterem um bom relacionamento com o cliente e traçar as ações estratégicas de marketing mais focadas. Lamb Junior, Hair Junior e McDaniel (2004, p. 224) trazem ainda que “[...] mercado-alvo é um grupo de pessoas ou empresa para as quais uma empresa pro- jeta, implementa e mantém um composto de marketing com a finalidade de atender as necessidades deste grupo, resultando em trocas mutuamente satisfatórias”. O último conceito trazido, mas não mesmo importante, é o de posicio- namento, definido como “[...] o ato de desenvolver a oferta e a imagem da empresa para ocupar um lugar destacado na mente dos clientes-alvo” (Kotler, 2000, p. 321). Assim, visa alcançar uma posição diferenciada e única em relação aos concorrentes na mente do seu público-alvo. Grewal e Levy (2016, p. 201) corroboram com o pensamento e afirmam que “[...] o posicionamento em um mercado envolve a definição das variáveis do composto de marketing de modo que o público-alvo tenha uma compre- Introdução ao marketing6 ensão clara, distinta e desejável sobre a essência do produto ou o que ele representa em comparação com produtos concorrentes”. Definir um posicionamento é estabelecer uma ação objetivando projetar, durante o processo de troca, durante a oferta, uma imagem que permita à empresa, bem como ao produto ou serviço, um lugar diferenciado na mente dos consumidores, antes que eles consigam fazer sua escolha. Sendo assim, “[...] posicionamento é a criação de uma imagem mental da oferta e de suas características na mente dos consumidores do mercado-alvo. Ou seja, o posi- cionamento envolve as percepções que os consumidores têm dos benefícios dos produtos — benefícios que podem ser reais ou imaginários (FARIAS; DUSCHITZ; CARVALHO, 2015, p. 101). Veja, na Figura 2, os principais aspectos que caracterizam o marketing. Figura 2. Principais aspectos do marketing. Fonte: Grewal e Levy (2016, p. 5). A Figura 2 sintetiza os aspectos principais do marketing, principalmente, destacando que estratégia de posicionamento pode ajudar a transmitir a pro- posta de valor da empresa ou do produto, o que informa os clientes sobre os benefícios de um produto ou serviço e, portanto, apresenta os motivos para os clientes o comprarem. 7Introdução ao marketing Surgimento e evolução do marketing No decorrer dos anos, o marketing passou por várias transformações concei- tuais, pensamentos, fi losofi as e formas de relacionamento junto ao mercado. Para que possamos entender ainda melhor o marketing, bem como a sua crescente importância dentro das empresas, trilharemos, neste objetivo, o seu desenvolvimento histórico, desde a época em que ainda não era considerado uma área específi ca do conhecimento até a atualidade. O marketing evoluiu de fenômenos atrelados ao comércio de mercadores, como o de produtos agrícolas, minérios e bens padronizados, para uma concep- ção institucional de produtores, atacadistas, varejistas, agentes e representantes. Assim, o entendimento de marketing passou por muitas mudanças desde que começou a ser estudado, logo após a Revolução Industrial e o surgimento da produção em massa. Desse modo, o marketing no início do século XX apresentava uma orienta- ção completamente voltada para a produção e distribuição, em que a ideia era a de se fazer o melhor produto e distribuí-lo de forma eficiente, o que coincidiu com um elevado crescimento populacional e de renda. Com o aumento do número de consumidores, as empresas perceberam que sua relação com esse público tornava-se mais complexa, de modo que surgiu a necessidade de entender melhor o funcionamento das relações comerciais com esses clientes (MINUZZI; LARENTIS, 2014). O marketing surgiu como área do conhecimento em universidades norte- -americanas em meados do século XX e adquiriu grande expressividade depois da Segunda Guerra Mundial. Nos anos 1950, evoluiu para o conceito de empresa orientada para o consumidor, e essa evolução só iniciou devido a inúmeras demandas de clientes, consumidores finais e intermediários, bem como da própria concorrência. Trazendo como base os estudos de Minuzzi e Larentis (2014), a partir da década de 1990, o foco dos estudos de marketing se desloca do comportamento do comprador e da análise de oportunidades estratégicas. Ainda segundo os autores: Em razão da Revolução Industrial e suas melhorias fabris, a produção das empresas cresceu de forma exponencial, talvez mais até que o mercado con- sumidor, e o grande desafio a partir deste momento era o de começar a es- tudar o mercado em busca de novas oportunidades de negócios e em busca de formas mais eficientes de distribuição, ou seja, formas mais eficientes de como fazer o produto chegar até o consumidor. Foi o princípio dos estudos do que podemos chamar de marketing contemporâneo (MINUZZI; LARENTIS, 2014, documento on-line). Introdução ao marketing8 Pensando em um contexto evolutivo do marketing, podemos dividi-lo, para um melhor entendimento, por décadas. Sendo assim, confira, a seguir, uma descrição desse contexto a partir dos referenciais trazidos por Oliveira (2004) e Minuzzi e Larentis (2014). Décadas de 1950 e 1960: no Brasil, o marketing nasce em meio a baixa oferta de mercadorias, mercado restrito e número pequeno de empresas. Absorvia-se qualquer tipo de mercadoria, não se questionava a sua qualidade, e o processo de industrialização tomou impulso, tendo como base uma política de substituição de importações e relativo prote- cionismo. Apesar da evolução do contexto, nesse período, praticava-se muito pouco o conceito de marketing integrado, e a ênfase estavana atividade de vendas. A orientação para vendas era facilitada e incen- tivada pela existência de um mercado comprador, com consumidores ávidos pela aquisição de mercadorias. Os produtos eram cada vez mais associados a status e prestígio, de modo que o consumidor fazia de tudo para adquiri-los. Década de 1970: essa fase se caracteriza por relativo equilíbrio e per- maneceu praticamente durante toda a década de 1960, avançando até a década de 1970, período que se conhece como “milagre econômico”. O consumidor passou a agir de forma mais consciente, comparando preços, cuidando a qualidade dos produtos e prestando atenção ao orçamento familiar. As empresas investiam grandes verbas e apostavam no retorno publicitário. A ideia era atrair esse consumidor, que começa a ficar mais seletivo por meio das agências publicitárias com conhecimento de mercado, capazes de produzir boas peças interessantes em função da demanda aquecida. Década de 1980: a crise ocorrida nesta época caracterizou-se por um regime de altas taxas inflacionárias, alternado com momentos de cres- cimento e momentos de recessão, deixando o consumidor mais inseguro e desconfiado. Essa crise produziu uma enorme redução na demanda de bens e no consumo. O contexto era de acirrada competitividade e escassez de recursos, de modo que o foco do marketing deslocou-se da propaganda para o produto. As empresas passaram também a dar mais importância às preferências do consumidor e a buscar soluções de adaptabilidade e adequação ao uso. Década de 1990: essa década foi marcada por profundas transforma- ções nas política e na economia. Com a consolidação da democracia, o Brasil passou a abrir suas fronteiras econômicas. Grandes grupos inter- 9Introdução ao marketing nacionais compraram empresas prestadoras de serviços de marketing, regionais e nacionais, e as ações de marketing promocional e de ponto de venda cresceram expressivamente. Como passou a ficar claro que a integração das ações de marketing era vital, muitos instrumentos de comunicação se desenvolveram no período, como o marketing direto, a internet, as novas tecnologias de informação e comunicação (TICs) e as demais mídias digitas. Devido a isso, o conceito de marketing promocional passava a dominar as estratégias de ação, e o desafio para os profissionais da área passou a ser a integração de um número cada vez maior de instrumentos promocionais e novas tecnologias informacionais no desenho das estratégias de relacionamento com o consumidor. Kotler, Kartajaya e Setiawan (2010) destacam, ainda, que, desde a cria- ção do “mix de marketing”, nos anos 1950, por Neil Borden, e dos 4Ps (produto, preço, praça e promoção), nos anos 1960, por Jerome Mccarthy, os conceitos de marketing passaram por transformações significativas, evoluindo e adaptando-se às mudanças do mercado e do comportamento dos consumidores. Os autores denominam essa evolução como “fases do marketing”, divididas em 1.0, 2.0 e 3.0. No contexto atual, em meio ao período de adaptação à economia digital, surge a necessidade de uma nova abordagem para o marketing, a qual os autores chamam de Marketing 4.0 (SILVA, 2017). O entendimento de marketing passou por muitas mudanças desde que começou a ser estudado, logo após a Revolução Industrial e o surgimento da produção em massa. Contudo, foi ainda no início do século XX que o marketing surgiu como área de conhecimento distinta das outras atividades comerciais. “O marketing, que evoluiu do foco na gestão de produtos nas décadas de 1950 e 1960 para o foco na gestão de clientes, marcas e relacio- namentos nas últimas décadas, dá mais um passo, em direção ao chamado Marketing 3.0, ou a era voltada para valores” (MINUZZI; LARENTIS, 2014, documento on-line). Ainda falando do seu processo de evolução, não podemos deixar de mencionar os estágios vivenciados pelo marketing ao longo de sua trajetória, como você pode conferir no Quadro 3, a seguir. Introdução ao marketing10 Fonte: Adaptado de Kotler, Kartajaya e Setiawan (2017). Marketing 1.0 Marketing 2.0 Marketing 3.0 Marketing 4.0 Foco Produto Clientes Valores Colaboração Objetivo Produto de vendas Satisfazer e fide- lizar o cliente Fazer do mundo um lugar melhor Envolver o cliente Como as em- presas veem o mercado Comprador massivo com necessidades físicas Consumidor inteligente com mente e coração Ser humano completo com mente, coração e espírito Ser humano social Forças habilitadoras Revolução Industrial Informação tecnológica Tecnologia New Waves Digitalização Conceitos- -chave do marketing Desenvol- vimento do produto Diferenciação Corporativo, visão e valores Colaboração Gerentes de marketing da empresa Especificação do produto Posicionamento corportativo e de produto Valores Gerar engajamento Proposta de valor Funcional Funcional e emocional Funcional, emo- cional e espiritual Social Interação com o consumidor Transações de um para muitos Relacionamento de um para um Colaboração de muitos para muitos Híbrido Quadro 3. A trajetória do marketing Junto ao novo século, surgem também outras variaçõesdo marketing, como o experiencial, no qual a atenção não está meramente nas necessidades dos consumidores, e, sim, nas sensações que os produtos possam propor- cionar aos clientes. O marketing de relacionamento compreende “[...] que o cliente deve ter uma relação de longo prazo com a empresa, o que leva ao estabelecimento de processos e ações que aproximem as partes” (FARIAS; DUSCHITZ; CARVALHO, 2015, p. 16). O foco é estabelecer relacionamentos 11Introdução ao marketing de longo prazo satisfatórios para as partes (clientes e empresa), a fim de ganhar e reter a preferência nos negócios. O marketing institucional vem a ampliar a “aplicação do conceito desse processo para além de produtos e serviços, trabalhando na construção de uma imagem sólida e positiva da organização junto a seus diversos públicos de interesse” (FARIAS, DUSCHITZ, CAR- VALHO, 2015, p. 19). Temos ainda o marketing de serviços, que, para Farias, Duschitz e Car- valho (2015, p. 2013): É a aplicação dos conhecimentos de marketing para as empresas cujo negócio principal (core business) é a prestação de serviços. É entender as sutilezas da atividade e o comportamento do cliente considerando o mix de marketing composto por 8 Ps: produto, preço, praça, promoção (os 4 Ps tradicionais), pessoas, physical evidences (evidências físicas), produtividade/qualidade e processos. Segundo Farias, Duschitz e Carvalho (2015), o marketing de serviços não deve ser confundido com o marketing através de serviços, quando empresas buscam aumentar o valor percebido dos seus bens físicos ao ofertarem serviços complementares, de pós-venda. Atualmente, o contexto evolutivo do marketing nos mostra alguns desafios nas formulações de suas estratégias de ação numa visão voltada à integração, à sensibilidade, à ética nas condutas, principalmente quando se tem um olhar de curto prazo, visando a satisfação imediata. Marketing, produção, venda e clientes Diante do processo histórico estudado até agora, observamos que o marketing teve foco e direcionamentos aplicados a diferentes vertentes. Dentro do am- biente de marketing, podemos relacionar alguns fatores e forças externas que infl uenciaram positiva ou negativamente a administração de marketing em seu relacionamento com o seu público-alvo. Dentre eles, temos fatores como produção, vendas e o próprio cliente para direcionar as ações de marketing que foram evoluindo, como você pode ver na Figura 3. Introdução ao marketing12 Figura 3. Evolução dos elementos no ambiente de marketing. Fonte: Farias, Duschitz e Carvalho (2015, p. 5). Pensando ainda no processo evolutivo do marketing, até o final do século XIX, as organizações centravam-se na produção, já que parecia mais difícil produzir do que encontrar consumidores para os bens. Nas primeiras décadas do século XX, com as empresasorientadas para a produção, inicia o fordismo, com a produção de automóveis em cadeia de montagem e a consequente di- vulgação dos princípios da organização científica do trabalho 1916. Naquela época, o foco estava voltado as capacidades internas da empresa, e não no olhar das necessidades e dos desejos do mercado. Las Casas (2009) ressalta que a era da produção teve duas fases distintas: do produto e da produção. A primeira é aquela com ênfase no próprio produto, enquanto, na segunda, a ênfase recai nos processos produtivos. O autor observa, ainda, que as indústrias passaram a desenvolver métodos para melhorar sua produtividade. Surgiram, nesse período, métodos de produção em massa que fizeram com que a oferta excedesse a demanda, abrindo caminho para a etapa seguinte, a era das vendas. A orientação voltada a vendas inicia-se em meio a vários acontecimentos, como a Grande Depressão e a 2ª Guerra Mundial, o que aumenta a necessidade das empresas de chegar até o cliente, e a produção excedeu a demanda. Nessa etapa, tem-se a ideia de que as pessoas comprarão mais bens e serviços se forem usadas técnicas agressivas de vendas e que altas vendas resultam em elevados lucros. O foco, então, era vender e lucrar. Las Casas (2009) explica que, para esse momento, com a necessidade de vender excedentes de produtos (venda adicional), na busca por melhores resultados voltados a uma produtividade maior, fazendo assim aumentar, e ao mesmo tempo girar, o estoque da empresa, as vendas passam a ser a atividade de maior importância. As empresas fechavam a maior quantidade de negócios sem levar em conta se o cliente necessitava realmente do produto. “O olhar da empresa continuava interno, mas o foco estava mudando: o importante era vender” (FARIAS, DUSCHITZ, CARVALHO, 2015, p. 5). 13Introdução ao marketing Diante da evolução, o cliente e o mercado são elementos que começam a ganhar foco no ambiente do marketing. A satisfação dos desejos e as ne- cessidades do cliente, além dos objetivos da organização, incentivam a que se faça melhor que o já apresentado pela concorrência. Os clientes, cada vez mais exigentes, passaram a ser o centro das atenções, e suas necessidades precisam ser satisfeitas. Micro e macroambientes no marketing O microambiente e o macroambiente de marketing são responsáveis pela defi nição das tendências de mercado (RIBEIRO; PICININ, 2012). Na per- cepção de Farias, Duschitz e Carvalho (2015, p. 72), o “[...] macroambiente é o ambiente externo à empresa, cujas variáveis não podem ser diretamente controladas pela fi rma”. Colaborando com o pensamento desses autores, Pasquali, Lammardo Neto e Gomes (2011, p. 102) evidenciam que o macro- ambiente “[...] é formado por um conjunto de forças ambientais que interferem nos negócios da empresa”. Já o microambiente, segundo Minadeo (2008), envolve fatores como os fornecedores, distribuidores, concorrentes, consumidores e legislação, aqueles mais diretamente próximo à empresa. Para Ribeiro e Picinin (2012), os fatores micro ambientais são intensamente conectados entre si, sendo os clientes o seu elemento central. Cabe salientar que a responsabilidade pela identificação dos fatores que possam modificar o ambiente é dos profissionais de marketing. Portanto, torna-se essencial que as organizações façam uma previsão do futuro para antecipar problemas, evitando surpresas desagradáveis ao longo do seu curso e visando ultrapassar a mera perspectiva de sobrevivência para as empresas. O livro Marketing (KERIN et al., 2011) apresenta teorias e conceitos clássicos e fundamen- tais por meio de produtos, marcas e empresas relacionadas às experiências pessoais dos leitores, bem como exemplos de empreendimentos e pequenos negócios que estimulam planos de carreira. O texto cativa os leitores com exemplos interessantes e aplicações instigantes e atuais. Introdução ao marketing14 FARIAS, C.; DUSCHITZ, C.; CARVALHO, G. M. de. Marketing aplicado. Porto Alegre: Book- man, 2015. GREWAL, D.; LEVY, M. Marketing. 4. ed. Porto Alegre: AMGH, 2016. KERIN, R. A. et al. Marketing. Porto Alegre: AMGH, 2011. E-book. KOTLER, P. Administração de marketing: a edição do novo milênio. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2000. KOTLER, P.; KARTAJAYA, H.; SETIAWAN, I. Marketing 3.0: as forças que estão definindo o novo marketing centrado no ser humano. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010. KOTLER, P.; KARTAJAYA, H.; SETIAWAN, I. Marketing 4.0: mudança do tradicional para o digital. Coimbra: Actual, 2017. LAMB JUNIOR, C. W.; HAIR JUNIOR, J. F.; MCDANIEL, C. Princípios de marketing. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2004. LAS CASAS, A. L. Marketing de serviços. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2009. LEVITT, T. A imaginação de marketing. São Paulo: Atlas. 1985. MAGALHÃES, B. Público-alvo: o que é e como dialogar com quem você precisa! Ro- ckcontent, [s. l.], 5 set. 2017. Disponível em: https://rockcontent.com/blog/publico-alvo/. Acesso em: 6 jun. 2019. MINADEO, R. Gestão de marketing. São Paulo: Atlas, 2008. MINUZZI, G.; LARENTIS, F. Marketing: definições, aplicações, tendências e desafios do profissional. Revista de Administração IMED, [s. l.], v. 4, n. 1, p. 80-97, 2014. 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Trabalho de conclusão de curso (Especialização) - Curso de Comunicação Social e Relações Públicas, Faculdade de Biblioteconomia e Comunicação, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2017. 15Introdução ao marketing Leituras recomendadas AMERICAN MARKETING ASSOCIATION. Dictionary. Chicago: AMA, 2014. Disponível em: https://www.ama.org/the-definition-of-marketing/. Acesso em: 6 jun. 2019. KOTLER, P.; KELLER, K. L. Administração de marketing. 14. ed. São Paulo: Pearson Edu- cation do Brasil, 2012. MCCARTHY, E. J.; PERREAULT, W. D. Marketing essencial. São Paulo: Atlas, 1997. RITCHIE, C. Marketing: conceitos essenciais que fazem a diferença. São Paulo: Saraiva. 2012. Introdução ao marketing16
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