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Gestão Escolar Renata Paula dos Santos Moura Curso Técnico em Secretaria Escolar Educação a Distância 2020 Gestão Escolar Renata Paula dos Santos Moura Curso Técnico em Secretaria Escolar Escola Técnica Estadual Professor Antônio Carlos Gomes da Costa Educação a Distância Recife 1.ed. | Mai. 2020 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) de acordo com ISDB C871s CDU – 658.56 Elaborado por Hugo Carlos Cavalcanti | CRB-4 2129 Catalogação e Normalização Hugo Cavalcanti (Crb-4 2129) Diagramação Jailson Miranda Coordenação Executiva George Bento Catunda Renata Marques de Otero Manoel Vanderley dos Santos Neto Coordenação Geral Maria de Araújo Medeiros Souza Maria de Lourdes Cordeiro Marques Secretaria Executiva de Educação Integral e Profissional Escola Técnica Estadual Professor Antônio Carlos Gomes da Costa Gerência de Educação a distância Maio, 2020 Professor(es) Autor(es) Renata Paula dos Santos Moura Revisão Renata Paula dos Santos Moura Flavia Vilar Coordenação de Curso Iracema Cristina Batista da Silva Coordenação Design Educacional Deisiane Gomes Bazante Design Educacional Ana Cristina do Amaral e Silva Jaeger Helisangela Maria Andrade Ferreira Izabela Pereira Cavalcanti Jailson Miranda Roberto de Freitas Morais Sobrinho Descrição de imagens Sunnye Rose Carlos Gomes Sumário Introdução .............................................................................................................................................. 7 1.Competência 01 | Adquirir uma visão global do processo de evolução de administração para gestão escolar .................................................................................................................................................... 8 1.1. Conceitos ....................................................................................................................................................8 1.1.1 Gestão ......................................................................................................................................................8 1.1.2 Sistemas Educacionais .............................................................................................................................9 1.1.3 Gestão Educacional ..................................................................................................................................9 1.1.4 Cultura Organizacional .......................................................................................................................... 10 1.1.5 Gestão Escolar ....................................................................................................................................... 10 1.1.6 Gestão Democrática .............................................................................................................................. 11 1.2 Histórico da Educação Brasileira .............................................................................................................. 12 1.3 Percursos da Educação no Brasil .............................................................................................................. 13 1.4 O Processo de Administração na Educação ............................................................................................. 20 1.5 Desafios da Administração no Campo Educacional ................................................................................. 22 2.Competência 02 | Compreender a Estrutura da Escola e o Funcionamento dos Diversos Segmentos, Considerando os Preceitos Legais ........................................................................................................ 25 2.1. Introdução ............................................................................................................................................... 26 2.2. Conselho Escolar ..................................................................................................................................... 29 2.2.1. Conceitos e Funções............................................................................................................................. 31 2.2.2. Atribuições ........................................................................................................................................... 32 2.3. Conselho de Classe .................................................................................................................................. 34 2.3.1. Objetivos do Conselho de Classe ......................................................................................................... 36 2.3.2. Quem deve participar? ........................................................................................................................ 36 2.3.3. Vantagens do Conselho de Classe para a escola .................................................................................. 36 2.4. Unidade Executora .................................................................................................................................. 37 2.4.1 Histórico ................................................................................................................................................ 37 2.4.4. Requisitos para constituição da Unidade Executora ........................................................................... 39 2.4.5. Legalização da Unidade Executora ....................................................................................................... 40 2.5. Grêmio Estudantil ................................................................................................................................... 40 2.5. Associação de Pais e Mestres ................................................................................................................. 43 3.Competência 03 | Identificar e Distinguir as Funções e Atribuições dos Profissionais da Instituição Educacional ........................................................................................................................................... 45 3.1. A escola e a sua estrutura organizacional ............................................................................................... 46 3.1.1. Equipe gestora ..................................................................................................................................... 47 3.1.2. Gestão .................................................................................................................................................. 48 3.1.3. Coordenação Pedagógica ..................................................................................................................... 49 3.1.4. Supervisão Escolar ............................................................................................................................... 49 3.1.5. Orientação Educacional ....................................................................................................................... 50 3.2. Órgãos de apoio da ação pedagógica ..................................................................................................... 51 3.2.1. Coordenação de turno ......................................................................................................................... 51 3.2.2. Coordenação de área ........................................................................................................................... 52 3.2.3. Coordenação de curso .........................................................................................................................52 3.2.4. Coordenação cultural ........................................................................................................................... 52 3.2.5. Biblioteca.............................................................................................................................................. 53 3.2.6. Técnico de laboratórios........................................................................................................................ 54 3.3. Corpo docente ......................................................................................................................................... 54 3.4. Corpo discente ........................................................................................................................................ 55 3.5. Pais e responsáveis ................................................................................................................................. 55 3.6. Funcionários ............................................................................................................................................ 56 3.7. Órgãos de apoio administrativo .............................................................................................................. 57 3.7.1. Serviço de nutrição escolar .................................................................................................................. 57 3.7.2. Serviços de Secretaria .......................................................................................................................... 58 3.8. Serviços gerais ......................................................................................................................................... 59 4.Competência 04 | Identificar e Caracterizar os Diferentes Estilos de .............................................. 61 Gestão Existentes na Escola ................................................................................................................. 61 4.1. Introdução ............................................................................................................................................... 61 4.2. As dimensões de abrangência da Gestão Escolar ................................................................................... 65 4.2.1. Gestão por resultados .......................................................................................................................... 66 4.2.2. Gestão Pedagógica ............................................................................................................................... 68 4.2.3. Gestão Participativa e Estratégica ....................................................................................................... 71 4.2.4. Gestão de Pessoas................................................................................................................................ 73 4.2.5. Gestão de serviços de apoio, recursos físicos e financeiros ................................................................ 73 4.2.5.1. Gestão de recursos físicos ................................................................................................................. 75 4.2.5.2. Gestão de recursos financeiros ......................................................................................................... 76 5. Competência 05 | Colaborar com a Gestão Escolar nas Ações de Planejamento, Execução e Acompanhamento de Projetos e Programas Educacionais ................................................................. 79 5.2. O Projeto Político-Pedagógico ................................................................................................................ 80 5.2.1. O Projeto Político-Pedagógico como mecanismo de democratização ................................................ 82 5.2.2. A construção do Projeto Político-Pedagógico da escola ...................................................................... 83 5.2.3. Planejar: desafios e possibilidades....................................................................................................... 91 5.3. A Eleição de Diretores como processo democrático .............................................................................. 94 5.4. A Gestão da Educação a Distância (EaD) ................................................................................................. 96 Conclusão ........................................................................................................................................... 100 Referências ......................................................................................................................................... 101 Minicurrículo do Professor ................................................................................................................. 103 7 Introdução Olá, estudante! Seja bem-vindo à disciplina de Gestão Escolar. O Secretário Escolar além de ser um profissional de grande importância para a organização técnica e administrativa da instituição precisa conhecer a respeito da gestão da escola e da concepção de educação. O trabalho da gestão se constrói a partir do desenvolvimento de referenciais de fundamentos legais e conceituais que embasem e norteiem o trabalho do gestor e da comunidade escolar. Na primeira competência o objetivo é apresentar uma visão global do processo de evolução de administração para gestão escolar; Já na segunda o nosso objetivo é compreender a estrutura da escola e o funcionamento dos diversos segmentos, considerando os preceitos legais; E na terceira competência: identificar as funções e atribuições dos profissionais da instituição educacional; A quarta trata-se de identificar e caracterizar os diferentes estilos de gestão existentes na escola; Na quinta e última competência o enfoque é colaborar com a gestão escolar nas ações de planejamento, execução e acompanhamento de projetos e programas educacionais. Além disso, você identificará mais aspectos que se referem ao papel do Secretário Escolar e o quanto este profissional influencia efetivamente em todo o processo de gestão em uma instituição do pedagógico ao burocrático. Discutir sobre as leis e normas que norteiam a função do Secretário Escolar, assim como a normatização de documentos da vida escolar. Logo, é importante, perceber que uma instituição escolar só funciona qualitativamente se todos os segmentos trabalharem coletivamente, tendo o estudante como centro de toda a sua atenção. A ação da gestão, não deve se limitar a aspectos burocráticos e para isso, o gestor precisa ter como centro além do estudante, a concepção sobre a educação, o seu papel profissional na liderança e organização da escola. Espero que esta disciplina proporcione grandes contribuições para a sua formação Técnica em Secretaria Escolar e forneça subsídios que engrandeçam o seu processo de ensino- aprendizagem! Bons estudos! Competência 01 8 1.Competência 01 | Adquirir uma visão global do processo de evolução de administração para gestão escolar Caro estudante, para iniciar os estudos sobre a Gestão Escolar a primeira competência irá adentrar o processo evolutivo de administração para gestão escolar. Nesta competência, você irá entender o que a educação e a gestão percorreram até chegar à atualidade e com isso aprender alguns conceitos relativos ao tema e as bases legais que norteiam a gestão escolar. 1.1. Conceitos Mas, antes de introduzir a discussão e conhecer o percurso da administração na gestão escolar. Que tal, conceituar alguns dos temas que você trabalhará no decorrer da disciplina? 1.1.1 Gestão A gestão se caracteriza como ato de gerir, administrar, gerenciar, liderar etc. e é associada na maioria das vezes à chefia ou controle das ações de um determinado grupo de indivíduos.Você já se questionou sobre a educação e suas mudanças em cada momento da nossa história? Mas, será que a gestão de uma unidade de ensino acompanhou esse processo e as mudanças? Atenção! No decorrer da disciplina você identificará a gestão educacional e escolar e suas especificidades no que se refere aos espaços escolares. Competência 01 9 Antes de dar continuidade à discussão dos termos: cultura organizacional, gestão educacional e escolar, você irá se aproximar de outro conceito de suma relevância para irmos a diante o de: Sistemas Educacionais. Figura 01 – Gestão descentralizada e trabalho em equipe. Fonte: https://gestaoescolar.org.br/conteudo/2089/como-inserir-o-trabalho-em-equipe-entre-os-professores Descrição: Imagem representando várias pessoas de diferentes cores com as mãos unidas estiradas no centro de um círculo, demonstrando trabalho em equipe através da diversidade e da coletividade. 1.1.2 Sistemas Educacionais As instituições de ensino ou organizações que compõem o Sistema Educacional se caracterizam como unidades sociais, ou seja, são organismos vivos, heterogêneos e dinâmicos. E como se caracterizam por uma rede de relações, a diversidade de estabelecimentos de ensino é composta por elementos que nelas interfere, direta ou indiretamente. Essas unidades sociais (instituições) existem para alcançar determinados objetivos e dessa maneira a sua direção demanda um novo enfoque de organização, plena e competente. 1.1.3 Gestão Educacional O termo gestão educacional é utilizado habitualmente para designar a ação dos dirigentes, este surge em substituição ao conceito de: “administração educacional”. Já que a https://gestaoescolar.org.br/conteudo/2089/como-inserir-o-trabalho-em-equipe-entre-os-professores Competência 01 10 administração sintetiza a tarefa de administrar em dois termos: racionalização dos recursos e coordenação do esforço coletivo em função dos objetivos (PARO, 1996). Porém, os objetivos educacionais se diferem dos empresariais, assim como as demandas e especificidades dessas organizações são distintas como veremos mais a diante. Ou seja, a concepção de gestão educacional implica outra maneira de mobilizar meios e procedimentos para alcançar os objetivos da organização, abarcando, fundamentalmente, aspectos técnicos – administrativos e gerenciais. Existem várias concepções e modalidades de gestão, você irá conhecê-las ao longo das competências. 1.1.4 Cultura Organizacional Desse modo, a cultura organizacional como um conceito central na análise da organização tem importância significativa para compreensão da gestão e de como ela se configura em uma determinada instituição (educacional ou escolar), visto que a relação das práticas culturais dos indivíduos e sua subjetividade tem relação direta na dinâmica interna de cada organização. Então, a cultura organizacional pode ser definida como o conjunto de fatores sociais, culturais e psicológicos que influenciam os modos de agir da organização e dos sujeitos que a compõem. 1.1.5 Gestão Escolar A gestão escolar constitui o conjunto das condições e dos meios utilizados para assegurar o bom funcionamento da instituição viabilizando alcançar os objetivos educacionais de forma qualitativa. A gestão escolar refere-se ao conjunto de normas, diretrizes, estrutura organizacional, ações e procedimentos que asseguram a racionalização do uso de recursos humanos, materiais, financeiros e intelectuais assim como a coordenação e o acompanhamento do trabalho das pessoas. “A escola é, também, um mundo social, que tem suas características de vida próprias, seus ritmos e seus ritos, sua linguagem, seu imaginário, seus modos próprios de regulação e de transgressão, seu regime próprio de produção e de gestão de símbolos”. (FORQUIN, 1993, p. 167). Competência 01 11 1.1.6 Gestão Democrática Figura 02 – Gestão democrática Fonte: https://diarioescola.com.br/glossario-da-gestao-escolar/participacao_highlight/ Descrição: Imagem representando várias figuras de pessoas de diferentes cores com balões de fala também coloridos que significam na figura que todos e todas podem se expressar e participar da discussão coletivamente. A gestão democrática é fundamentada em uma perspectiva de gerir que viabilize a organização e a coordenação de atitudes e ações que tenham como objetivo, principal ampliar e garantir a participação social, ou seja, a comunidade escolar é considerada ativa em todo o processo da gestão, participando de todas as tomadas de decisões da instituição. Portanto, é indispensável que cada participante tenha conhecimento de seu papel e funções enquanto membros da comunidade escolar. Falar sobre gestão da educação e da escola implica em não pensar apenas em uma determinada instituição e na racionalização do trabalho que essa opta com vistas a alcançar os próprios objetivos. Neste contexto, Paro (2001) reforça: é necessário colocar em foco o caráter institucional e formativo da escola. A gestão é o caminho que viabiliza as condições e os meios para que a instituição escolar disponha de condições favoráveis para alcançar os objetivos específicos. https://diarioescola.com.br/glossario-da-gestao-escolar/participacao_highlight/ Competência 01 12 Depois de estudar alguns conceitos que envolvem a educação e o seu processo administrativo e organizacional, você irá percorrer por um breve histórico da educação e, consequentemente, a sua administração tratando de mudanças e diferentes concepções até a atualidade. 1.2 Histórico da Educação Brasileira Caro estudante, para compreender melhor a nossa realidade no que se refere a educação e sua administração, é importante percorrer a trajetória histórica do Brasil, desde a colonização passando pelo período da independência até os dias atuais. Em relação ao cenário histórico educacional, o marco foi à promulgação da Constituição Federal (CF/88) em 1988, essa foi advinda de um processo de redemocratização do país e institui entre outras conquistas: SAIBA MAIS! A comunidade escolar é composta por professores, estudantes, pais e ou responsáveis, direção, equipe pedagógica, comunidade na qual a escola está inserida e demais funcionários. - A gratuidade e obrigatoriedade para o ensino fundamental, inclusive para os que a ele não tiveram acesso na idade própria e a progressiva extensão para o ensino médio (Art. 208, Incisos I e II). - O regime de colaboração entre as esferas de governo – União, Distrito Federal, Estados, Municípios – que terão responsabilidades específicas e se organizarão para coordenar e financiar os diversos níveis e modalidades do ensino (Art. 211, Parágrafos 1º. e 2º). - A gestão democrática do ensino público (Art. 206, Inciso VI). - O financiamento da educação pela aplicação anual dos recursos arrecadados da receita resultante de impostos, para serem gastos na manutenção e no desenvolvimento do ensino (Art. 69 da LDB/96). Competência 01 13 Além da CF/88 também tivemos um marco significativo que repercute na compreensão sobre o debate contemporâneo a respeito da gestão escolar e educacional e sua tendência democrática, a nossa Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB/96) de 1996. A LDB/96 define as normas da gestão democrática do ensino público conforme os princípios da “participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto pedagógico da escola” e da “participação das comunidades escolar e local em conselhos escolares ou equivalentes”, assim como “progressivos graus de autonomia pedagógica, administrativa e de gestão financeira”. Portanto, a LDB/96 assegurou a participação dos diversos segmentos na organização escolar e a autonomia das unidades escolares públicas de educação básica, dois elementos que fundamentama gestão escolar e educacional. Estudante, para compreender como chegamos à Constituição Brasileira (1988) e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (1996), assim como outros documentos que legitimam e normatizam a educação nacional devemos retornar ao início desse processo e o nosso ponto de partida referente à história da educação é a colonização. 1.3 Percursos da Educação no Brasil A história da educação brasileira está organizada aqui em quatro períodos e os respectivos marcos históricos referentes a cada momento, a fim de viabilizar a compreensão e aprendizagem. Os quatro períodos são os seguintes: I – Período Colonial; II – Período Republicano; III – Período do Regime Militar; IV – Período de redemocratização até os dias atuais. SAIBA MAIS! CF/88: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm LDB/96: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm ECA/90: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8069Compilado.htm Competência 01 14 Figura 03 – Educação Jesuíta Fonte: https://escolaeducacao.com.br/historia-da-educacao-no-brasil/ Descrição: Imagem representando dois padres jesuítas ao centro, um deles segura uma cruz enquanto o outro gesticula e fala com os índios que estão sentados ao redor no chão e três observam em pé com lanças, tem duas mulheres segurando crianças de colo, todos os índios estão atentos e curiosos ou até assustados demostrando admiração diante dos padres e o que era dito. No primeiro momento da história da educação brasileira tivemos a chegada dos padres jesuítas, esses tinham a missão dada pelos colonizadores portugueses de “educar” os índios, ou seja, impor um modelo de educação catequizadora que era baseada em “domesticar” a população indígena facilitando o domínio do colonizador. Os jesuítas eram de uma ordem educacional denominada de Companhia de Jesus. Esses foram responsáveis em fundar a primeira instituição escolar no Brasil, a escola era fundamentada essencialmente em princípios religiosos. Os jesuítas ministravam uma educação religiosa e estruturada nos moldes do ensino europeu. Dessa maneira, os indígenas e os homens brancos e cristãos também estudaram nos colégios fundados pelos religiosos, já os negros escravizados eram excluídos do acesso à educação. No decorrer desse momento da história da educação consideramos alguns movimentos educacionais que buscam um modelo de educação que visava melhorias nos níveis de escolaridade. Mas a educação ainda não era considerada prioridade e assim não tinha tanta importância para a sociedade sendo acessada apenas por um grupo minoritário da classe alta. I - PERÍODO COLONIAL https://escolaeducacao.com.br/historia-da-educacao-no-brasil/ Competência 01 15 A educação era baseada em um modelo tradicional, onde predominava a autoridade do professor como detentor do saber. No século XVIII os jesuítas foram expulsos pelo Marquês de Pombal e o ensino passa a ser laico, ou seja, desvinculado da religião. Porém, o ensino laico ganharia força no sistema educacional brasileiro apenas no final do século XIX. No início do período republicano, a educação passou por forte influência da “Escola Nova”. As ideias da “Escola Nova” foram implantadas no Brasil em 1882 por Rui Barbosa. Porém, o grande representante desse movimento foi o filósofo e pedagogo norte americano John Dewey que influenciou a elite brasileira com as concepções sobre a Educação como uma necessidade social. Algumas considerações importantes: - 1808 – Chegada da Família Real Portuguesa no Brasil, priorizando a formação das elites governantes e dos quadros militares; - 1827 – A elite da sociedade era tida como prioritária, assim, foram construídas duas faculdades de direito (Recife e São Paulo) para que os formandos assumissem os cargos principais de administração pública, na advocacia, na política e também no jornalismo; - 1889 - 1830 – Primeira República – concepção de pensamentos liberais e consequente contestação do modelo educacional imperial. Nesse período foram criadas inúmeras escolas normais de formação de professoras com o objetivo de erradicar o problema do analfabetismo que já era grande. Você sabia? A primeira escola fundada pelo padre Manoel da Nóbrega em 1549 no Brasil foi o Colégio de Salvador da Bahia. Mas, nesse período a educação consistia em ensinar a ler, contar e a respeitar os princípios católicos. II - PERÍODO REPUBLICANO Competência 01 16 Ou seja, o movimento depositava na educação o caminho para a resolução dos problemas sociais. Nesse período tivemos influências na dinâmica da sociedade, visto que com a revolução industrial houve um crescimento urbano e isso repercutiu em um modelo educacional que atendesse as necessidades socioeconômicas. O intuito era capacitar profissionais habilitados para atuar em diversos setores do mercado de trabalho. Nesse período também foi criado o sistema de ensino seriado, nesse modelo os estudantes seriam agrupados em turmas de acordo com a idade. Já no governo de Getúlio Vargas a educação ganha maior destaque. A escola era pensada como uma instituição que iria contribuir para a criação de novos saberes capazes de desenvolver o homem como um ser crítico e pensante. A escola seria um espaço com o intuito de mediar os conflitos sociais. Enfatizo nessa fase um confronto entre o ensino público e o privado. Pois, com o surgimento da Escola Nova, difundem as ideias liberais na educação, contrastando com a educação tradicional. A tentativa de melhorar o desenvolvimento educacional não é algo recente. As conquistas e melhorias são advindas de um processo de lutas e discussões em torno dos temas educacionais, as demandas da sociedade em um dado contexto e momento histórico. Essas medidas foram elaboradas e modificadas para adequar o ensino ao padrão de qualidade esperado, visando à diminuição do analfabetismo e a garantia da educação para todos. Essa fase da história da educação é demarcada pelo período pós-64 e é iniciada por uma etapa com ampla educação autoritária do regime militar em que prevaleceu o tecnicismo educacional. Além disso, a censura imposta demarcou essa fase limitando a cultura e a educação. O Marcos Históricos após a Revolução de 1930: - Criação do Ministério da Educação e a criação do capítulo da educação na Constituição de 1934; - Alteração da Constituição de 1937; - Primeiro Projeto de Lei de 1948; - LDB 1961; - MOBRAL (Movimento Brasil de Alfabetização) em 1970. III - PERÍODO DO REGIME MILITAR Competência 01 17 ensino era “ditado” pelo militarismo restringindo a educação em seus diferentes níveis com enfoque no conteúdo, exaltando o patriotismo, a educação moral e cívica. No que se refere ao modelo de gestão era fomentado uma estrutura hierarquizada e vertical do ambiente escolar. Sem abarcar a participação e a ação política dos estudantes. O regime perseguiu e matou estudantes da educação básica e jogou na ilegalidade grêmios estudantis e a União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES) pela Lei nº 4.464, de 06 de abril de 1964, conhecida como Suplicy de Lacerda. Foi um momento de forte repressão e violência na história brasileira. Figura 04 – Notícia sobre a obrigatoriedade da disciplina de Educação Moral e Cívica Fonte: http://m.acervo.estadao.com.br/noticias/acervo,educacao-moral-e-civica-criacao-da-ditadura,10033,0.htm Descrição: Extrato de um jornal que apresenta uma notícia sobre a obrigatoriedade da disciplina de Educação Moral e Cívica no período da ditadura militar. SAIBA MAIS! Decreto-lei nº 477 de 26 de fevereiro de 1969 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/1965-1988/Del0477.htm http://m.acervo.estadao.com.br/noticias/acervo,educacao-moral-e-civica-criacao-da-ditadura,10033,0.htmhttp://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/1965-1988/Del0477.htm Competência 01 18 No decorrer dos anos foram vivenciadas algumas mudanças, e após os anos de 1985, surge uma transição que permanece até a atualidade. Chegamos em 1988, onde foi promulgada a Constituição Federal (CF/88), a qual declara a educação como um direito de todos, como um dever do Estado e da família. A Constituição ficou conhecida como: “Constituição Cidadã”, por abarcar várias conquistas referentes à educação, já que a redação do texto passou por um longo período de discussões até a sua finalização. A CF/88 visa o pleno desenvolvimento da pessoa, o preparo para o exercício da cidadania e a qualificação para o trabalho. Nesse momento, a prioridade educacional era a tentativa de solucionar o atraso referente à educação brasileira vinda desde os anos de 1960. Neste período e no decorrer dos anos até a atualidade, vivenciamos algumas tentativas de melhorias referentes à universalização da educação e a erradicação do analfabetismo. Dentre elas estão: o Programa Nacional de Alfabetização e Cidadania (PNAC,) em 1990, e o Plano Nacional de Educação para todos, em 1994; a nova LDB que complementava os princípios da Constituição de 1988, a criação do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de valorização do magistério (FUNDEF) e, mais recentemente, Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (FUNDEB). Pensando nas últimas décadas, você pode perceber avanços, porém, o país continuou vivenciando um período vasto de atraso educacional. Ainda somos um país com analfabetos, sobretudo, analfabetos funcionais, questiona-se também a falta de condições dignas de trabalho para educadores, sobretudo, em localidades mais abastadas; a falta de qualidade da merenda, da infraestrutura, do material didático, do transporte etc. A educação pública ainda precisa melhorar em diversos âmbitos, somos um país demarcado pelas desigualdades que tem um quantitativo extenso de pessoas que evadiram da escola ou não tem acesso por várias condições. Portanto, os problemas de atraso educacional no Brasil são diversos e essa situação perpassa até os dias atuais. IV - PERÍODO DE REDEMOCRATIZAÇÃO ATÉ OS DIAS ATUAIS Competência 01 19 Todo esse processo da educação não acontece sozinho. Junto com ele, muda o processo de atuação do governo no setor educacional e também dos profissionais da educação, ao terem que mudar o seu foco e método de trabalho no interior das instituições escolares, visando atender as exigências sociais. Essas mudanças relativas à educação e consequentemente das teorias administrativas estão atreladas ao contexto político, econômico, social e cultural da sociedade, revelam suas implicações para a administração e gestão educacional e escolar, como veremos a seguir. Figura 04 – A Constituição Cidadão – Constituição Federal de 1988 Fonte: https://www.editoraforum.com.br/noticias/site-do-stf-disponibiliza-constituicao-federal-comentada/ Descrição: A figura apresenta a capa da versão impressa da Constituição Federal de 1988, com a imagem da bandeira do Brasil e as cores verdes no título da legislação. SAIBA MAIS! Assista ao vídeo referente à temática do Analfabeto Funcional com o Professor Mario Sergio Cortella que trata da discussão de uma forma ampla e relacionada ao cenário nacional contemporâneo. https://www.youtube.com/watch?v=MRp6iPh4gAA https://www.editoraforum.com.br/noticias/site-do-stf-disponibiliza-constituicao-federal-comentada/ https://www.youtube.com/watch?v=MRp6iPh4gAA Competência 01 20 1.4 O Processo de Administração na Educação Assim como foi afirmado, a educação teve todo um processo histórico e com a administração escolar não foi diferente. Estudante, compreender a gestão como um processo político e administrativo nos impõe a necessidade de compreender conceitos de gestão e administração, de forma contextualizada. Afinal, cada período demanda de um contexto sócio político que abarca determina configuração de sociedade. Sendo assim, as instituições escolares estão inseridas nessa realidade e dependem dela para trabalhar de acordo com o que é exigido em cada momento. Essas mudanças são contextualizadas e o trabalho dentro das unidades escolares vai se adaptando e reorganizando de forma que atenda as expectativas da sociedade. Em cada momento histórico tivemos diferentes configurações de modelos de administrar a escola e com isso passamos de um modelo centralizador, tecnicista, setorizado, hierarquizado a um modelo em oposição que trata de uma concepção democrática. Essas diferentes formas de administração escolar subdividem-se da seguinte maneira: o primeiro refere-se à administração no período colonial, a qual fora baseada no direito romano. O segundo, Era Republicana, se divide em quatro fases. São elas: fase organizacional, comportamental, desenvolvimentista e sociocultural. Cada uma correspondente a um modelo específico de gestão da educação definido de acordo com cada época. Cabia, portanto, aos educadores, se adaptarem aos períodos e gerirem as instituições escolares de forma que atendessem às necessidades do momento. Caro Estudante, que tal aprofundar a contextualização histórica? Você pode assistir aos vídeos do Professor Bóris Fausto sobre a História da Educação no Brasil. Brasil Colonial - https://www.youtube.com/watch?v=sGFROOSJcx4 Período Imperial - https://www.youtube.com/watch?v=_ZOfU5IsgQE A Era Vargas – https://www.youtube.com/watch?v=m1hCgnHJ2Fo Período Democrático - https://www.youtube.com/watch?v=2yEqbSYfyqQ A Educação na Ditadura Militar - https://www.youtube.com/watch?v=Gqn5QRKYK-4 O processo de redemocratização - https://www.youtube.com/watch?v=H9SdT- RSDzE Competência 01 21 Nas décadas de 70 e 80, o sistema escolar foi marcado pelo centralismo, autoritarismo e estruturas burocráticas-padrões. A unidade escolar era organizada de “fora para dentro”. O poder de decisão da equipe escolar, nesta época, era praticamente inexistente sobre seus objetivos e até sobre a estrutura e organização pedagógica e de equipe escolar. Após esse período republicano, é proposto um novo paradigma da educação: o paradigma multidimensional. Este é repleto de características e tem o objetivo de atender as necessidades da escola que, com as mudanças da sociedade, passa a evoluir gradativamente exigindo outros meios do processo administrativo. Os anos 90 são caracterizados por grandes mudanças na área educacional. Devido às transformações do mercado com o capitalismo e a era da Globalização, sendo assim, a educação precisaria acompanhar esta evolução de modo que se ajustasse ao desenvolvimento de mercado do país. No final dessa década, passamos por modificações no setor educacional. E existiu um foco principal na gestão, na esperança de haver transformações positivas especialmente no nível da educação básica quando adotadas as propostas de uma gestão democrática. Estudante, a sociedade contemporânea caracteriza-se por um processo de mudanças quase instantâneas e não se compara aos períodos anteriores. Essa velocidade tem sido responsável por alterações profundas nem sempre perceptíveis de imediato, essas vão influenciando processualmente nas organizações e consequentemente a instituição escolar. Por isso, a questão da gestão e os novos conceitos que a fundamentam constituem preocupação central dos administradores modernos na busca de um novo paradigma que atenda as demandas atuais. Diante disso, a escola passa a ser vista como uma instituição complexa a qual os problemas enfrentados não fazem parte apenas do sistema escolar, como também, são advindos de uma sociedade diversificada. A gestão ou administração escolar precisa ter como intuitoprincipal a “mediação dos objetivos que irão atender as necessidades dos que fazem o processo educativo e, ainda ser flexível à medida que surjam outros objetivos” (BOTLER, 2013, p. 88). Competência 01 22 Daí a importância de termos profissionais atualizados e capacitados para gerir uma instituição escolar, visto que esse profissional precisa atentar para a concepção de educação de acordo com a nossa legislação (CF/88 e LDB/) – uma educação centrada na formação integral do indivíduo - estar atento ao contexto sócio-político e cultural, percebendo a importância do seu papel enquanto mediador no processo de gerir a escola coletivamente. Esse processo desafiador e acompanhado de mudanças e limitações o que reflete na forma como se organiza uma determinada administração de uma escola, como veremos no item a seguir. 1.5 Desafios da Administração no Campo Educacional Estudante, conforme foi visto, administrar é um processo racional de organização, bem como, um processo de influência estabelecida nas unidades de ação de “fora para dentro”, e envolve um jogo de forças de pessoas e de recursos, de forma racional e mecanicista. Porém, esse grupo envolvido na ação de administrar deve ser movido por um objetivo comum, o coletivo atua para que os objetivos organizacionais sejam realizados como demonstra a figura abaixo. Figura 05 – Os desafios de gerir uma escola no coletivo Fonte: https://essenciacao.wordpress.com/2013/04/12/faca-a-diferenca-seja-um-lider-participativo/ Descrição: Imagem representa através de figuras um círculo de pessoas diversas, representadas em cores diferentes e todas as doze estão com setas que apontam para um alvo no centro do círculo, ou seja, todos trabalham juntos focados no objetivo central da instituição que é comum a todos. https://essenciacao.wordpress.com/2013/04/12/faca-a-diferenca-seja-um-lider-participativo/ Competência 01 23 Desse modo, o ato de administrar corresponderia a chefiar e controlar, mediante uma visão objetiva de quem atua sobre a maneira distanciada e orientada por alguns pressupostos. Segundo Moraes (2018), o modelo de gerenciar uma instituição pode variar e se adequar ou não a esses pressupostos que veremos a seguir: a) na maioria das vezes, o ambiente de trabalho e o comportamento humano são previsíveis, podendo ser, controlados; b) crise, ambiguidade e incerteza não são vivenciados como oportunidades de crescimento e transformação e são encarados como disfunção e como problemas a serem evitados; c) o sucesso ao ser alcançado mantém-se por si mesmo e não demanda esforço de manutenção e responsabilidade de maior desenvolvimento; d) a responsabilidade maior do chefe é a de obtenção e garantia de recursos necessários para o funcionamento perfeito da unidade; e) modelos de administração que deram certo não necessitam ser mudados; f) pode haver uma adaptação de modelos de ação que deram certo em outros contextos e esses podem funcionar; g) o participante da organização acaba muitas vezes aceitando imposições; h) o participante da instituição que por vezes é tido como “colaborador” fica à disposição de aceitar os modelos estabelecidos e agir de acordo com ele sem questionar e debater a respeito; i) o importante é fazer o máximo, e não fazer melhor e o diferente; j) é o administrador quem estabelece as regras do jogo; l) a objetividade garante bons resultados e essa é a meta principal, sendo a técnica o elemento fundamental para a melhoria do trabalho. (Texto adaptado). Competência 01 24 Nesta competência, você estudou o processo histórico da educação e consequentemente sobre a administração ao longo desses períodos. Você percebeu que a administração no contexto educacional tem pressupostos para além da administração tradicional (empresarial)? Dessa maneira, a administração no contexto escolar deve ser proposta considerando a cultura organizacional de cada instituição. Na próxima competência, serão abordados os segmentos escolares dentro de uma instituição escolar e a sua participação direta no processo de gestão. Caro estudante, a nossa primeira competência foi finalizada. Espero que você tenha tido uma competência proveitosa e utilizado bem esse espaço de ensino-aprendizagem, aperfeiçoando seus conhecimentos sobre a Gestão Escolar. E para aprofundar ainda mais os seus estudos, assista a vídeo aula, acesse e leia o material complementar, participe dos fóruns e das demais atividades. Interaja e coopere para uma aprendizagem processual, dinâmica e significativa, isso irá trazer aspectos positivos para a sua formação técnica em Secretaria Escolar. A segunda competência tem como objetivo compreender a estrutura da escola e o funcionamento dos diversos segmentos, considerando os preceitos legais. Bons estudos, até lá! Estudante, você pode agora reler os tópicos acima pensando em uma instituição escolar e enquanto isso reflita: “A administração nos moldes tradicionais contempla o modelo de gerir a escola? ”. Competência 02 25 2.Competência 02 | Compreender a Estrutura da Escola e o Funcionamento dos Diversos Segmentos, Considerando os Preceitos Legais Nessa competência você irá conhecer os mecanismos que viabilizam a democratização do processo de gestão e são encontrados dentro da instituição escolar. Assim como a composição, a criação, as funções e como se dá a atuação desses. A gestão democrática não se restringe ao campo educacional, este processo de gerir de forma compartilhada e incentivando a participação da comunidade escolar advém do processo de democratização do país e a luta de educadores, profissionais da educação e movimentos sociais organizados em defesa de um projeto de educação pública de qualidade social e democrática. Essas lutas em prol da democratização da educação pública e de qualidade se intensificaram a partir da década de 1980, resultando na aprovação do princípio de gestão democrática na educação, na Constituição Federal de 1988 (Art. 206). A Constituição Federal estabeleceu princípios para a educação brasileira, dentre eles: obrigatoriedade, gratuidade, liberdade, igualdade e gestão democrática, sendo esses regulamentados através de leis complementares. Estudante, quando pensar em estrutura da escola e seus mecanismos (segmentos), você não pode imaginar o funcionamento da escola de maneira setorizada, onde cada setor funcione Quais os mecanismos de democratização da escola? Qual a diferença entre esses segmentos? Mas, será que todas as escolas possuem esses mecanismos? “(...) a democracia só se efetiva por atos e relações que se dão no nível da realidade concreta, (...) pois democracia não se concede, se realiza.”. (PARO, 2008, p. 18). Competência 02 26 isoladamente e de forma hierarquizada dentro da instituição. Mas, ao contrário do que pensamos, quando nos referimos a mecanismos, estamos falando dos grupos, onde o trabalho é coletivo e todos contribuem com a escola para que ela funcione de maneira mais democrática. 2.1. Introdução As escolas e os sistemas de ensino precisam criar mecanismos para garantir a participação da comunidade escolar no processo de organização e gestão dessas instâncias educativas. Um dos objetivos centrais da gestão é além de priorizar a educação integral do indivíduo (estudantes no centro), garantir a participação efetiva dos membros da comunidade escolar. É necessário um ambiente propício que estimule trabalhos conjuntos, que considere igualmente todos os setores, coordenando os esforços de funcionários, professores, pessoal técnico-pedagógico, estudantes e pais e/ou responsáveis envolvidos no processo educacional, o gestor, em parceria com o conselho escolar precisa propiciar este ambiente participativo. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB nº9.394/96) estabelece e regulamenta as diretrizes gerais para a educação e seus respectivos sistemas de ensino. Em cumprimento ao Art. 214 da Constituição Federal, ela (enquanto lei complementar da educação), dispõe sobre a elaboração do Plano Nacional de Educação – PNE (Art. 9º), resguardando os princípios constitucionais e, inclusive, de gestão democrática. É fundamental recuperarmos, nos textos legais (Constituição Federal, na LDB e no PNE) o respaldo para a implementação de processos de gestão nos sistemas de ensino e, particularmente, nas unidades escolares de forma articulada à discussão da democratização da gestão escolar. A democratização começa no interior da escola, por meio da criação de espaços nos quais professores, funcionários, estudantes, pais e/ou responsáveis de estudantes etc. possam discutir criticamente o cotidiano escolar. Desse modo, quando nos referimos à organização de uma escola, estamos falando do conjunto de normas, diretrizes, estrutura organizacional, ações, procedimentos e condições concretas que garantam o bom funcionamento da escola e da sala de aula, tendo em vista a aprendizagem e o desenvolvimento do estudante. Por isso, oferecem meios mais seguros e eficazes para atender aos objetivos e funções da escola. Nessas direções é que se implementam e vivenciam graus progressivos de autonomia da/na escola toda essa dinâmica deve ocorrer como um processo de aprendizado político, sendo Competência 02 27 fundamental para a construção da gestão democrática e para a instituição de uma nova cultura na escola. Nesse sentido, a democratização da gestão escolar implica a superação dos processos centralizados de decisão e a vivência da gestão colegiada, na qual as decisões surgem das discussões coletivas, envolvendo todos os segmentos da escola num processo pedagógico. No âmbito educacional, a gestão democrática tem sido defendida como dinâmica a ser efetivada nas unidades escolares e tem como intuito viabilizar processos coletivos de participação e decisão. Apesar da superficialidade com que a LDB trata da questão da gestão da educação, ao determinar os princípios que devem reger o ensino, indica que um deles é a gestão democrática. No artigo 14, a LDB define que os sistemas de ensino devem estabelecer normas para o desenvolvimento da gestão democrática nas escolas públicas de educação básica e que essas normas devem, primeiro, estar de acordo com as peculiaridades de cada sistema e, segundo, garantir a “participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto pedagógico da escola”, além da “participação das comunidades escolar e local em conselhos escolares ou equivalentes”. A gestão democrática, no sentido amplo, pode ser entendida como espaço de participação, de descentralização do poder e de exercício de cidadania. A estrutura organizacional de escolas se diferencia conforme a legislação dos Estados e Municípios e conforme as concepções de organização e gestão adotadas, mas pode-se apresentar a estrutura básica das funções que expressam a organização do trabalho em uma escola. Toda Unidade de Ensino possui objetivos que determinam as funções e responsabilidades entre seus segmentos. Dessa maneira, para garantir que a escola funcione efetivamente e de forma democrática, é indispensável estabelecer uma estrutura de ordem interna, no sentido de definir e dispor de funções que assegurem o funcionamento da escola. E essa estrutura é, na maioria das vezes, representada graficamente por um organograma. Competência 02 28 Figura 06 – Organograma Básico da Escola. Fonte: Autora. Descrição: Organograma em forma de ciclo, onde se observa todos os segmentos escolares como o conselho escolar, setor técnico e administrativo, pedagógico, pais, responsáveis e comunidade ao redor dos professores, estudantes e gestão. Assim como vemos na figura um organograma demonstra os diferentes setores que compõem a instituição escolar e as inter-relações entre estes. É importante lembrar que assim como colocamos anteriormente, o trabalho é co-participativo, visto que, é em função da organização como um todo. Ou seja, uma atuação colaborativa para atender de forma qualitativa os objetivos da instituição. Logo, não adianta elaborar um organograma sem discussões previas com a comunidade escolar e permitir que as escolas continuem desenvolvendo suas atividades de forma isolada. E também não se pode aceitar que o Projeto Político Pedagógico (PPP) seja pensado, elaborado e revisitado (atualizado) apenas por diretores, pedagogos ou encaminhado pelos sistemas de ensino sem discussão prévia, desconsiderando o coletivo, as especificidades, as realidades da comunidade escolar, e as expectativas que estas têm em relação à qualidade da educação que será oferecida ao estudante. É preciso compreender que a gestão não se resume em ações de ordem administrativa no interior da escola. A mesma está diretamente ligada a outras instâncias, configurando assim uma Competência 02 29 divisão de poderes. Visto que, a gestão escolar está atrelada a gestão educacional e as diferentes instâncias de poder. Estudante, nesta competência você irá identificar os mecanismos encontrados numa escola que contribuem para seu funcionamento enquanto instituição democrática. Você deve lembrar que são considerados participantes da escola: pais e/ou responsáveis, educandos, funcionários e professores. Todos os segmentos têm assegurado o direito de organizarem-se livremente em associações, entidades e agremiações, devendo a escola oportunizar condições para esta organização. Cabe aos segmentos a elaboração dos regimentos internos de suas organizações. 2.2. Conselho Escolar Prezado estudante, você já escutou algo sobre o Conselho Escolar? Já participou ou conhece alguém que participa do Conselho? Que tal entender a importância desse mecanismo no processo de democratização de uma Gestão Escolar? O Conselho Escolar é um dos principais mecanismos de institucionalização da gestão democrática na escola, pode ser considerado como um espaço de democracia participativa, é o órgão em que a direção da escola é exercida por todos os segmentos que representam a comunidade escolar (pais ou responsáveis, estudantes, professores, funcionários e direção). Os diferentes segmentos têm a oportunidade de defender seus interesses e aspirações em prol da instituição escolar. Competência 02 30 Figura 07 – O Conselho Escolar como espaço de voz do coletivo. Fonte: https://www.shutterstock.com/image-illustration/large-group-people-seen-above-gathered-241913749 Descrição: A imagem demonstra um aglomerado de pessoas com vestimentas de cores diversas, esse grupo é visto de cima e a união dessas pessoas forma uma figura de um megafone simbolizando que o coletivo tem expressões diferentes e que precisam ser expressas e ouvidas. A criação do Conselho Escolar, neste contexto torna-se essencial, pois a partir de relações dialógicas nas comunidades escolares pode possibilitar a implantação da ação conjunto com a corresponsabilidade de todos no processo educativo. Passando a descentralizar as tomadas de decisão e consequentemente a participação e responsabilidade na definição dos rumos da escola. Estudante, o Conselho traz diferentes e discordantes vozes para o interior da escola e é, portanto, o acesso que a comunidade tem para atuar na gestão levando também o movimento da realidade. O Conselho é um tipo de gestão colegiada que foi adotado em meados de 1980 nas administrações públicas, a partir do processo de abertura política no Brasil, com o objetivo de favorecer a democratização da gestão. Desse modo, o Conselho Escolar é regulamentado pela nossa legislação como um órgão deliberativo e coletivo responsável pela tomada de decisões referentes ao funcionamento, aos projetos,aos significados e às práticas escolares, assim como você irá ver a seguir. https://www.shutterstock.com/image-illustration/large-group-people-seen-above-gathered-241913749 Competência 02 31 2.2.1. Conceitos e Funções A escola é um espaço fundamental para o desenvolvimento da democracia participativa é nela que acontece a construção de uma cidadania emancipadora e, basicamente, da qualidade cognitiva e operativa das aprendizagens. Dessa forma, para que exista uma gestão democrática na escola é fundamental a existência de espaços favoráveis para que novas relações sociais entre os diversos segmentos escolares possam acontecer. O Conselho Escolar seria um órgão deliberativo e coletivo, esse não se envolve diretamente na gestão “cotidiana” da escola, o conselho é responsável pela tomada de decisões referentes ao funcionamento, aos projetos, aos significados e às práticas escolares. O conselho também se destina ao acompanhamento do desenvolvimento da prática educativa e consequentemente o processo de ensino-aprendizagem. Sendo assim, a função do Conselho é político-pedagógica, definido como Órgão Colegiado que representa a comunidade escolar, é uma instância deliberativa nas unidades escolares, sendo um local de debate e tomada de decisões. Constitui-se pelos representantes dos diferentes segmentos que formam a escola. O conselho proporciona: delegação de responsabilidades e envolvimento dos participantes na gestão. Em resumo, o Conselho Escolar é um órgão colegiado que tem as funções: consultivas; deliberativas; fiscais e mobilizadoras com a característica de parceiro em todas as atividades da escola como veremos a seguir. Estudante é de suma importância perceber que as funções do conselho são essenciais para a construção de uma escola democrática. Em relação às funções consultivas, em sintonia com a administração da escola, abrangem as decisões coletivas relacionadas com as questões administrativas, financeiras e político-pedagógicas. Ou seja, analisa as questões encaminhadas pelos diversos segmentos da escola e apresenta sugestões ou soluções, essas podem ou não ser acatadas pela direção da unidade escolar. Quanto às funções deliberativas, propõe-se a tomada de decisões referentes às linhas gerais da escola, incluindo o gerenciamento dos recursos públicos. Elaboram normas internas da escola sobre questões referentes ao seu funcionamento nos aspectos pedagógico, administrativo ou financeiro. Funções fiscais (acompanhamentos e avaliação) acompanhando a execução das ações Competência 02 32 pedagógicas, administrativas e financeiras, avaliando e garantindo o cumprimento das normas das escolas e a qualidade social do cotidiano escolar (NAVARRO, 2004). Além disso, esse colegiado desempenha funções mobilizadoras. Ou seja, tem o papel de mobilizar toda a comunidade em busca da melhoria da qualidade do ensino, do acesso, da permanência e da aprendizagem dos estudantes, na intenção de assegurar o cumprimento da legislação em vigor. Contribuindo para a efetivação da democracia participativa e para a melhoria da qualidade social da educação. 2.2.2. Atribuições Estudante, a gestão colegiada, no cumprimento de sua função socioeducativa, acompanha e avalia a escola na observância dos seus propósitos, em obediência às políticas públicas do Estado e da legislação em vigor. Dessa forma, agora destaco as atribuições do Conselho Escolar (NAVARRO, 2004, pp. 48 – 49) na busca de uma educação de qualidade: As funções do Conselho Escolar vão repercutir diretamente sobre o cotidiano das instituições escolares, reforçando a gestão democrática e fomentando a participação efetiva de outros membros da comunidade escolar no processo decisório da escola. Competência 02 33 Então, o exercício dessas atribuições viabiliza o processo de aprendizado de uma gestão comprometida democraticamente, transformando a prática escolar cotidianamente e enfrentando a postura autoritária de algumas gestões. O Conselho Escolar tem papel fundamental na construção de uma cultura democrática nas escolas. No que se refere à prática política da organização escolar: Elaborar o Regimento Interno do Conselho Escolar; coordenar o processo de discussão, elaboração ou alteração do Regimento Escolar; convocar assembleias gerais da comunidade escolar ou se seus segmentos; garantir a participação das comunidades escolar e local na definição do projeto político pedagógico da unidade escolar. No tocante à prática pedagógica da escola: Promover relações pedagógicas que favoreçam o respeito ao saber do estudante e valorizam a cultura da comunidade local; propor e coordenar alterações curriculares na unidade escolar, respeitada a legislação vigente, a partir da análise, entre outros aspectos, do aproveitamento significativo do tempo e dos espaços pedagógicos na escola; propor e coordenar discussões junto aos segmentos e votar as alterações metodológicas, didáticas e administrativas na escola, respeitando a legislação vigente. Já a respeito da prática organizacional da instituição: Participar da elaboração do calendário escolar, no que competir à unidade escolar, observada a legislação vigente; acompanhar a evolução dos indicadores educacionais (abandono escolar, aprovação, aprendizagem, entre outros) propondo, quando se fizerem necessárias, intervenções pedagógicas e/ou medidas socioeducativas visando à melhoria da qualidade social da educação escolar; elaborar o plano de formação continuada dos conselheiros escolares, visando ampliar a qualificação de sua atuação; aprovar o plano administrativo anual, elaborado pela direção da escola, sobre a programação e a aplicação de recursos financeiros, promovendo alterações, se for o caso; fiscalizar a gestão administrativa, pedagógica e financeira da unidade escolar; promover relações de cooperação e intercâmbio com outros Conselhos Escolares. Competência 02 34 2.3. Conselho de Classe Figura 08 – O Conselho de Classe e seus desafios Fonte: https://gestaoescolar.org.br/conteudo/1910/10-problemas-comuns-no-conselho-de-classe-que-voce-precisa- evitar Descrição: A imagem demonstra uma mesa no formato retangular com um grupo de nove pessoas (homens e mulheres) sentados com cadernos de anotações abertos, fazendo registros, alguns falam e outros escutam, a figura representa um momento de reunião do Conselho de Classe. Estudante, e o Conselho de Classe? Você conhece? Sabe quais os seus objetivos? E quem participa? Agora, te convido para saber mais sobre o Conselho! O Conselho de Classe é um dos mecanismos de participação da comunidade na gestão e no processo de ensino-aprendizagem desenvolvido na unidade escolar. Constitui-se numa das instâncias de vital importância num processo de gestão democrática, pois: Lei nº 11.014 de 28 de dezembro de 1993. Lei nº 11.303, de 26 de dezembro de 1995. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. https://gestaoescolar.org.br/conteudo/1910/10-problemas-comuns-no-conselho-de-classe-que-voce-precisa-evitar https://gestaoescolar.org.br/conteudo/1910/10-problemas-comuns-no-conselho-de-classe-que-voce-precisa-evitar Competência 02 35 O Conselho não deve ser uma instância que tem como função reunir-se ao final de cada bimestre ou do ano letivo para definir a aprovação ou reprovação de estudantes, mas deve atuar em espaço de avaliação permanente, que tenha como objetivo avaliar o trabalho pedagógico e as atividades da escola. Estudante é essa instância colegiada que tem a responsabilidade de agir burocraticamente de maneira pedagógica, ou seja, extrapolando as barreiras burocráticas e promovendo um processo avaliativo que seja capaz de considerar as ações pedagógicas de forma que possam gerar conhecimento. O Conselho de Classe possibilita a articulação de diversos segmentos da instituiçãoescolar e tem como objeto de estudo o processo de ensino-aprendizagem. Dessa forma, podemos dizer que o conselho é um elemento que articula os vários segmentos da escola, direcionando para um processo que vise à melhoria do ensino-aprendizagem, que é o eixo central em torno do qual se desenvolve o processo do trabalho escolar. Portanto, o Conselho se constitui em um espaço de encontro de posições diversificadas referentes ao desempenho do estudante e não fica restrito a avaliação de apenas uma pessoa. Não deve ser considerado um espaço de punir os estudantes e sim avaliar de maneira qualitativa os erros, acertos e o que precisa melhorar, por exemplo. O Conselho de Classe tem a função de dar conta de importantes problemas didáticos – pedagógicos para que suas possibilidades educativas se ampliem, propiciando uma ação reflexiva e avaliativa nos professores impulsionando os profissionais a identificarem a importância desse espaço. O Conselho viabiliza e efetiva a vivência de um espaço que relaciona o ensino com a avaliação de aprendizagem de qualitativamente, considerando demandas coletivas e individuais dos estudantes. "(...) guarda em si a possibilidade de articular os diversos segmentos da escola e tem por objeto de estudo o processo de ensino, que é o eixo central em torno do qual se desenvolve o processo de trabalho escolar" (DALBEN, 1995, p. 16). Competência 02 36 2.3.1. Objetivos do Conselho de Classe O Conselho de Classe determina que os professores tenham em mente as metas educacionais a serem desenvolvidas e avaliadas de forma processual. Considerando prioritariamente a aprendizagem dos estudantes, estabelecendo princípios para a formação multidimensional do indivíduo, assim como o exercício da cidadania. Assim sendo, a sua finalidade na escola é, de fato, partilhar as dificuldades e os sucessos vivenciados, de modo que sejam feitas as intervenções necessárias para garantir a fluidez do processo de ensino-aprendizagem e a qualidade educacional. 2.3.2. Quem deve participar? Como se trata de um espaço para avaliação numa perspectiva crítica, quem participa do Conselho de Classe são: professores, orientadores, supervisores, coordenadores e, em determinados casos, estudantes e gestor da escola. 2.3.3. Vantagens do Conselho de Classe para a escola É no momento da realização deste colegiado que ocorre a avaliação parcial dos estudantes. Desse modo, os participantes podem avaliar também a sua prática face aos objetivos e critérios colocados admitindo: Viabilizar uma avaliação mais dinâmica e qualitativa; Aperfeiçoar a compreensão dos acontecimentos, decorrente da exposição de diferentes opiniões a respeito dos fatos; Analisar o histórico e o currículo dos envolvidos; Avaliar os resultados dos procedimentos empregados; Favorecer a integração entre professores; Tomar decisões coletivamente, visando à melhoria do ensino-aprendizagem. Competência 02 37 2.4. Unidade Executora 2.4.1 Histórico Quando o Ministério da Educação (MEC) transferiu os recursos diretamente para as escolas, através do Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE), criado em 1995, a Unidade Executora (UEx) começou a se tornar um espaço de grande importância, visto que, a gestão passou a se responsabilizar ainda mais e ter autonomia de investir na manutenção da escola, respeitando a legislação vigente. Estudante, o PDDE tem por finalidade prestar assistência financeira, em caráter suplementar, às escolas públicas da educação básica das redes estaduais, municipais e do Distrito Federal e às escolas privadas de educação especial que são mantidas por entidades sem fins lucrativos, registradas no Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS) como beneficentes de assistência social, ou outras similares de atendimento direto e gratuito ao público. Estudante, em Pernambuco, o PDDE, adotou a nomenclatura de UEx, denominação genérica criada pelo MEC para referir-se às diversas denominações encontradas em todo o território nacional que designa entidade de direito privado, sem fins lucrativos, vinculada à escola. É importante destacar que: O programa engloba várias ações e objetiva a melhoria da infraestrutura física e pedagógica das escolas e o reforço da autogestão escolar nos planos financeiro, administrativo e didático, contribuindo para elevar os índices de desempenho da educação básica. Sobre os recursos do programa, os mesmos são transferidos de acordo com o número de estudantes extraído do Censo Escolar do ano anterior ao do repasse, independentemente da celebração de convênio ou instrumento congênere. Competência 02 38 Dessa maneira, os representantes precisam ser os mesmos que formam o Conselho Escolar, pais e responsáveis, estudantes, professores, funcionários e o gestor. Porém, em algumas instituições a mudança em relação ao Conselho Escolar em UEx não trouxe uma preocupação em inserir os membros da comunidade na administração de assuntos relacionados a instituição escolar. Limitando esse trabalho ao corpo de funcionários da escola. Assim, prevalece uma prática centralizadora e autoritária em inúmeras instituições. O MEC (2006, P.60), enfatiza que: “o coletivo da escola deve participar da definição das prioridades, dos objetivos e de como eles serão atingidos”, trazendo também o destino dos recursos e como esses devem ser aplicados. A UEx não deve ser entendida como um mecanismo de controle da gestão e precisa priorizar o ambiente democrático inserindo a comunidade na construção desse espaço de trabalho coletivo. A UEx, assim como os demais mecanismos de democratização da gestão escolar viabilizam o comportamento autônomo dos indivíduos e assim esses passam a expressar as suas opiniões no que se refere aos assuntos da escola (técnicos-administrativos e pedagógicos) contribuindo para a construção de um ambiente democrático. Portanto, a UEx deve programar as atividades anuais no que se refere as ações administrativas, pedagógicas e financeiras, o planejamento deve se basear em necessidades da comunidade escolar e local. Um programa anual voltado para o plano de ação da escola como forma de garantir os fins socioeducativos. Estudante é importante perceber que: A UEx além de ter como objetivo gerenciar os recursos financeiros destinados às escolas públicas das redes estaduais ou municipais, deve administrar as verbas, se responsabilizar pela manutenção e conservação dos equipamentos, assim como pela estrutura física da instituição. A UEx deve colaborar na integração da comunidade com a escola visando uma maior participação das famílias na construção do conhecimento dos estudantes. Competência 02 39 2.4.2. Conceito Você já conhecia a UEx? A UEx é uma associação civil com personalidade jurídica de direito privado, sem fins lucrativos, representativa das escolas públicas, integrada por membros da comunidade escolar: pais e responsáveis, estudantes, funcionários, professores e membros da comunidade local. Além disso, é de suma importância, sabermos que qualquer membro da comunidade pode ser o presidente da UEx, não havendo a obrigatoriedade desse cargo ser exercido pelo diretor da escola ou por um servidor público. 2.4.3. Atribuições Estudante, a UEx tem diversas atribuições, é importante conhecer e identificar as atribuições dessa entidade, assim como listadas abaixo: Gerir os recursos financeiros transferidos para a manutenção e o desenvolvimento do ensino; Administrar e controlar recursos provenientes de doações, campanhas e de outras fontes; Transparência e realização de prestação de contas dos recursos repassados, arrecadados e doados; Promover atividades pedagógicas, assim como a manutenção e conservação física de equipamentos e aquisição de materiais. 2.4.4.Requisitos para constituição da Unidade Executora Quando os atores se sentem parte da vida escolar passam a assumir a responsabilidade por decisões e pelo futuro da instituição. Segundo o MEC (2006, p.40): “é indispensável à participação da comunidade no acompanhamento e fiscalização dos recursos que são destinados à manutenção e desenvolvimento do ensino”, as organizações que prezam por uma gestão transparente necessitam, sobretudo, inserir a comunidade em todas as atuações realizadas. Competência 02 40 Motivação da comunidade; Convocação da Assembleia Geral; Registro da UEx; Inscrição no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ); Abertura de conta bancária. 2.4.5. Legalização da Unidade Executora Assembleia Geral; Fundar a UEx; Eleger e dar posse aos membros; Discutir e aprovar o Estatuto. o Registro: Cartório de Registro Civil de Pessoas Jurídicas; Requerimento; Estatuto; Ata. o Inscrição CNPJ: Ficha de inscrição; Ata; Registro do Cartório; CPF do Presidente. o Abertura de Conta: Conta conjunta Presidente / Tesoureiro. 2.5. Grêmio Estudantil Competência 02 41 Figura 09 – O Grêmio Estudantil como espaço de participação dos estudantes Fonte: http://franciscomiltondeandrade.blogspot.com/2016/03/eleicao-do-gremio-estudantil.html Descrição: A imagem apresenta braços de estudantes levantados, mãos gesticulando resistência, paz, vitória, amor, assim como segurando celular, aparelhos eletrônicos e ao centro uma placa sinalizando: “aluno cidadão”. A figura demonstra a diversidade dos estudantes e a importância da participação no Grêmio Estudantil. A gestão da escola que tem como princípio a democracia deve incentivar a criação e/ou implementação do Grêmio Estudantil. Os estudantes têm assegurado pela Lei Federal n°. 7.398 de 04/11/1985, o direito de se organizarem livremente através de agremiações estudantis, devendo a instituição escolar, garantir o espaço e as condições para essa organização. Você conhece algum Grêmio Estudantil? Já ouviu falar? Já participou? Estudante, o objetivo do Grêmio Estudantil é reunir o corpo discente da escola com a finalidade de discutir e defender os interesses individuais e coletivos, incentivar a cultura literária, artística e desportiva, organizar palestras e debates sobre questões relacionadas ao ensino- aprendizagem e outros temas de interesse dos estudantes. A criação de um Grêmio Estudantil segue uma organização e deve seguir algumas etapas, assim como demonstra o esquema a seguir: http://franciscomiltondeandrade.blogspot.com/2016/03/eleicao-do-gremio-estudantil.html Competência 02 42 Esquema 01 – Etapas para a criação de um Grêmio estudantil. Fonte: Autora. O grêmio é um local excepcional para a ampliação das relações pessoais, para o fortalecimento de vínculos, companheirismo, para escuta e respeito do outro em seus posicionamentos e opiniões (MOREIRA, 2001). Do mesmo modo proporciona uma dimensão educativa muito significativa para os seus participantes. Através do Grêmio Estudantil, muitas vezes ausentes das escolas, os estudantes tendem a enriquecer o processo formativo, exercem atividades participativas como exercício prático, que ultrapassam os aprendizados exclusivamente teóricos (SANTOS, 1996). Aqui não estamos desconsiderando a importância da teoria, enfatizamos as experiências participativas para ampliar os saberes tendo os estudantes como centro do processo educativo. 1º ETAPA Comunicar A gestão da escola Divulgar a proposta Convidar estudantes e representante s de turma Constituir "COMISSÃO PRÓ-GRÊMIO" Elaborar uma proposta de Estatuto. 2º ETAPA Convocar os alunos a participarem da Assembleia Geral visando: Decidir o nome do Grêmio; Aprovar o Estatuto que regerá o colegiado; Estabelecer período de campanha e data da eleição; Definir os membros da Comissão Eleitoral. 3º ETAPA Formar as chapas que concorrerão à eleição Promover debates entre os candidatos. 4º ETAPA Organizar e realizar a eleição; Apurar os votos e registrar em Ata todas as ocorrências; Divulgar os resultados. 5º ETAPA Enviar cópia da Ata de Eleição e do Estatuto para a direção da escola; Organizar e realizar a cerimônia de posse. A participação no grêmio envolve aspectos importantes no que se refere ao senso crítico, bem como ao aprendizado de outras dimensões para além da sala de aula. Uma educação integral baseada também à prática no sentido educativo mais amplo, sociopolítico, relacionada também ao fazer coletivo, ao relacionamento com os outros. Competência 02 43 2.5. Associação de Pais e Mestres Estudante, você já ouviu falar em Associação de Pais e Mestres (AMP)? A AMP é outro mecanismo que viabiliza e fortalece o processo democrático, considerado como entidade civil com personalidade jurídica própria, sem caráter lucrativo, formado pelos pais ou responsáveis dos estudantes regularmente matriculados na escola. Uma entidade que é regida por regulamentação e estatuto próprio. A AMP tem como objetivo o estabelecimento de vínculos entre a instituição e a família contribuindo, sobremaneira, no processo educativo. A associação tem como função a atuação junto ao Conselho Escolar. Figura 10 – Reunião de Pais e Professores. Fonte: https://www.oestegoiano.com.br/noticias/educacao/reuniao-na-terca-feira-sera-para-criar-associacao-de-pais- e-mestres Descrição: A figura retrata uma sala de reunião com livros dispostos em uma prateleira, um grupo sentado em cadeiras enfileiradas, quatro homens e duas mulheres, um dos homens está em pé na frente do grupo e com um papel levantado em uma das mãos. No grupo três pessoas estão com as mãos levantadas sinalizando que concordam com algo que está sendo discutido em reunião. Atuar no grêmio é exercer o poder por parte da representação estudantil. O Grêmio Estudantil também representa responsabilidade em responder por seus atos e, por conseguinte, o comprometimento com a instituição em diversos fatores e na prestação de contas. Comprometimento com o cotidiano escolar, o processo de construção de ensino-aprendizagem, as situações de conflitos também se apresentam como oportunidades de aprendizado e de diálogo. https://www.oestegoiano.com.br/noticias/educacao/reuniao-na-terca-feira-sera-para-criar-associacao-de-pais-e-mestres https://www.oestegoiano.com.br/noticias/educacao/reuniao-na-terca-feira-sera-para-criar-associacao-de-pais-e-mestres Competência 02 44 O Decreto nº 31.113 de 18 de dezembro de 1986 que dispõe sobre a existência das Associações de Pais e Professores e revoga o Decreto nº 15.792 de 07 de dezembro de 1981 que aprovou o estatuto unificado das associações. A Associação de Pais e Mestres também viabiliza a construção de parcerias com a equipe gestora e outras instâncias, instituições e outras organizações governamentais e não governamentais (ONGs) visando contribuir com a melhoria dos setores pedagógicos e administrativos, garante a participação nas reuniões de Conselhos de Classe e de estudos. Além disso, a associação encaminha junto a equipe gestora projetos que contemplem as necessidades da comunidade escolar. Estudante, ao longo dessa competência você pode conhecer e aproximar-se dos segmentos que uma instituição escolar deve possuir. Esses são mecanismos que viabilizam uma prática de gestão democrática na escola. Na próxima competência, você discutirá a respeito dos recursos humanos que operam e fazem da escola uma “instituição viva” que é gerida coletivamente. E conhecerá as funções de cada profissional dentro da organização escolar. SUGESTÃO DE FILMES Quando sinto que já sei: Custeado por meio de financiamento coletivo, o filme registra práticas
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