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Aula 10, 11 e 12 BC0104 – Interações Atômicas e Moleculares INTERAÇÕES MOLECULARES • Hueder Paulo Moisés de Oliveira Ligação Química Porque ocorre a ligação química entre átomos e moléculas??? 2 A curva de energia potencial tem um mínimo na distância de equilíbrio (R0): a) R > R0 i. A energia potencial diminui gradualmente (V →0); ii. Forças atrativas são dominantes. b) R < R0 i. A energia potencial aumenta rapidamente (V →∞); ii. Forças repulsivas são dominantes. c) R = R0 i. As forças atrativas e repulsivas são iguais. 3 Interações de van der Waals As interações atrativas e repulsivas entre as moléculas envolvem as cargas parciais e nuvens eletrônicas de moléculas polares e apolares ou de grupos funcionais. Estas interações são chamadas de interações de van der Waals (ou forças de van der Waals). Este termo exclui as interações que resultam na formação de ligações covalentes ou iônicas. Em geral, a energia potencial que surge de uma interação atrativa de van der Waals é proporcional ao inverso da sexta potência da separação entre moléculas ou grupos funcionais: Johannes Diderik van der Waals (1837-1923) Nobel (Física): 1910 V(r ) = C r 6 C: Constante característica da interação entre átomos, moléculas ou íons. 4 Interações de van der Waals Se a energia potencial é denotada por V, então a força é dada por: dV F dr 6 7 6d C C F dr r r 1nn xnx dx d “Ficará perfeitamente claro que em todos os meus estudos eu estava bastante convencido da real existência das moléculas (...) Quando comecei meus estudos, tive a sensação de que estava quase sozinho ao manter essa visão (...) E agora não acho exagero afirmar que a existência real de moléculas é universalmente assumida pelos físicos. Muitos dos que se opuseram a isso acabaram sendo conquistados, e minha teoria pode ter sido um fator contribuinte”. Johannes D. van der Waals's notes in Nobel Lecture, The equation of state for gases and liquids (12 December 1910). V(r ) = C r 6 5 Interações de van der Waals A energia potencial de qualquer átomo, íon ou molécula é dada por: ( ) m n a b V r r r V(r): Energia potencial da interação em função de r; r : Distância entre os átomos, íons ou moléculas; a, b: Constante de proporcionalidade de atração e repulsão, respectivamente; m, n: Constante característica de cada tipo de ligação e tipo de estrutura. 6 Interações de van der Waals 1924: Potencial de Lennard-Jones ε: Profundidade do poço; σ: Separação para a qual V = 0. John Edward Lennard-Jones (1894-1954) Descreve a energia potencial de interação entre dois átomos ou moléculas não ligadas baseado na sua distância de separação. A equação do potencial de Lennard-Jones considera as interações atrativas (dipolo-dipolo, dipolo-dipolo induzido, e forças de London) e repulsivas entre os átomos e moléculas. 7 Interações de van der Waals 1924: Potencial de Lennard-Jones 8 Interações de van der Waals 1924: Potencial de Lennard-Jones Raio de van der Waals (rvdW): Representa a distância mínima entre dois átomos. Pode ser considerado como a distância interatômica. rvdW ≈ σ O raio de van der Waals também define a área de van der Waals (SvdW) e volume (VvdW). O volume de van der Waals de uma molécula é dado pela soma dos volumes de van der Waals dos átomos ou grupos de átomos que formam a molécula. 2 34 3 vdW vdWS V σ: Separação para a qual V = 0. 1783: Lei de Coulomb 9 Interações de van der Waals Charles Augustin de Coulomb (1736-1806) Em moléculas a grande distâncias, nós podemos negliciar efeitos quânticos e descrever o núcleo e os elétrons como cargas pontuais seguindo as leis clássicas da eletrostática (Lei de Coulomb): 1 2 2 0 1 4 QQ F r r F: Força elétrica (N); Q1 e Q2: Cargas dos átomos 1 e 2 (C); ε0 : Permissividade no vácuo (8,854 x 10 -12 C2.N-1.m-2); r: Distância entre as duas cargas pontuais (m). 1783: Lei de Coulomb 10 Interações de van der Waals Se considerarmos duas cargas elétricas no vácuo, podemos escrever o potencial de Coulomb como: 1 2 0 1 4 QQ V r Entretanto, em geral, temos que levar em conta a presença de outras partes da moléculas ou outras moléculas entre as cargas. Este não é um problema simples, mas costuma-se considerar um meio homogêneo e o potencial torna-se: 1 21 4 QQ V r 1783: Lei de Coulomb 11 Interações de van der Waals 1 21 4 QQ V r Neste caso, ε é a permissividade do meio. A determinação deste valor pode ser bastante complicada e foram propostos vários modelos para calcular este parâmetro. 782 )OH( ( ) 2hexano 12 Quando consideramos as moléculas, devemos estimar a carga parcial sobre cada um dos átomos (ou grupo de átomos envolvidos). Abaixo, temos uma tabela com os valores de cargas parciais em polipeptídeos: Interações de van der Waals 1783: Lei de Coulomb 13 Momento de Dipolo Elétrico Quando moléculas estão muito separadas, é simples expressarmos a sua interação em termos do momento de dipolo associado com a distribuição de cargas ao invés de cada carga parcial individual. Um dipolo elétrico consiste de duas cargas q e –q separadas pela distância r. O produto qr é chamado de momento de dipolo elétrico (µ). rq 14 Os dipolos podem ser formados como resultado de um desbalanço da distribuição de elétrons em moléculas assimétricas. Isso é causado pela localização instantânea de mais elétrons de um lado do núcleo do que do outro. simétrico anti-simétrico Portanto, átomos e moléculas contendo dipolos são atraídas pelas outras por forças eletrostáticas. Forças atrativas Nenhuma força atrativa é produzida Momento de Dipolo Elétrico 15 A forma de uma molécula influencia na sua habilidade de formar dipolos temporários. Moléculas longas e finas podem empacotar muito mais próximas uma das outras do que moléculas mais esféricas. As forças de van der Waals são da ordem de 1% da força de uma ligação covalente. Moléculas homonucleares, como o iodo (I2), desenvolvem temporariamente um dipolo devido à flutuação natural de densidade elétronica dentro da molécula. Moléculas heteronucleares, como o HCl possuem um dipolo permanente que atrai o polo oposto em outras moléculas. Momento de Dipolo Elétrico 16 Os momentos de dipolo são calculados considerando o vetor µ com três componentes: µx, µy, e µz. A direção de µ mostra a orientação do momento de dipolo na molécula e o comprimento do vetor µ corresponde à magnitude do momento de dipolo. J JJx xq qJ: A carga parcial do átomo J; xJ: A coordenada x do átomo J. 2/1222 zyx Momento de Dipolo Elétrico 17 Momento de dipolo de algumas ligações moleculares ligação (D) ligação (D) H-F 1.9 C-F 1.4 H-Cl 1.1 C-Cl 1.5 H-N 1.3 C-N 0.2 H-O 1.5 C-O 0.1 1 Debye (D) = 3,335 64 x 10-30 C.m Petrus Josephus Wilhelmus Debye (1884-1966) Nobel (Química): 1936 Momento de Dipolo Elétrico 18 2/1212221 cos2 res Momento de Dipolo Elétrico H N C O +0,18 -0,36 +0,45 -0,38 (182,-87,0) (132,0,0) (0,0,0) (-62,107,0) x = (-0,36e) x (132 pm) + (0,45e) x (0 pm) +(0,18e) x (182 pm) + (-0,38e) x (-62 pm) = 8,8e pm = 8,8 x (1.602 x 10-19 C) x (10-12 m) = 1,4 x 10-30 C m = 0,42 D Exemplo: Calculando o momento de dipolo elétrico 19 Momento de Dipolo Elétrico y = (-0,36e) x (0 pm) + (0,45e) x (0 pm) +(0,18e) x (-86,6 pm) + (-0,38e) x (107 pm) = -56e pm = -9.1 x 10-30 C m = -2,7 D z = 0 2/1222 zyx =[(0,42 D)2 + (-2,7 D)2]1/2 = 2,7 D Exercício: Calcule o momento de dipolo para o formaldeído: 20 Momento de Dipolo Elétrico Forças Intramoleculares 21 Ligação iônica: Força de interação eletrostática entre íons de cargas positivas e negativas. Ocorre entre metais e não-metais (ametais). Exemplo: NaCl. A ligação que mantém os átomos de uma molécula unidos é uma força intramolecular. 22 Ligação covalente:É formada pelo compartilhamento de elétrons entre os átomos, ao invés da transferência de elétrons. Ocorre entre ametais. Forças Intramoleculares 23 Ligação metálica: Força eletrostática de atração entre íons de carga positiva e elétrons externos deslocalizados. Ocorre entre metais. Forças Intramoleculares Forças Intramoleculares 24 ATENÇÃO: O cárater iônico, covalente ou metálico é dado pela simetria da distribuição eletrônica em relação a posição dos núcleos. Forças Intramoleculares 25 Exemplo: Transformações Químicas Forças Intermoleculares 26 A atração entre moléculas é uma força intermolecular. Interação íon-íon; Interação íon-dipolo; Dipolo-dipolo; Dispersões (forças) de London; Ligação de hidrogênio. As interações intermoleculares são muito mais fracas do que as intramoleculares. Por exemplo, 16 kJ.mol-1 versus 431 kJ.mol-1 para o HCl. Forças Intermoleculares 27 Forças Intermoleculares 28 Exemplo: Transformações Físicas Quando uma substância se funde ou entra em ebulição, forças intermoleculares são quebradas. Fermentação do açúcar a etanol glicose hexoquinase de levedura ligação da glicose ao sítio ativo da enzima interações intermoleculares específicas Exemplo: Transformações Físicas Forças Intermoleculares 29 Estados físicos da matéria SÓLIDO LÍQUIDO GÁS Partículas não têm energia suficiente para escapar da atração dos vizinhos e podem formar estruturas organizadas. Partículas movem-se em relação aos vizinhos mas não têm energia suficiente para escapar totalmente de sua influência. Partículas possuem muita energia cinética e movem-se quase que livremente. 30 Forças Intermoleculares Ecin << Epot ENERGIA POTENCIAL (interações) ATRAÇÃO REPULSÃO ENERGIA CINÉTICA (depende da temperatura) Epot T = 40 K T = 85 K T = 150 K Ecin >> EpotEcin ≈ Epot (SÓLIDO) (LÍQUIDO) (GÁS) Exemplo ilustrativo: dois átomos de argônio (Ar) se aproximando: Forças Intermoleculares Estados físicos da matéria 31 Considere dois íons com cargas -z1 e +z2 separados pela distância r12 em um sólido cristalino. 32 Interação Íon-Íon 33 Interação Íon-Íon 1 2 12 0 12 ( ) ( ) 4 z e z e V r O potencial do sólido é dado como: Para calcular a energia potencial total de todos os íons, precisamos somar a expressão do potencial para todos os íons: 2 22 2 2 2 2 2 31 2 4 0 1 ..... 4 2 3 4 total z ez e z e z e V x r r r r 34 Interação Íon-Dipolo Considere um dipolo μ1 interagindo com uma carga elétrica Q2: Q2 O potencial de interação é dado por: A ordem de magnetude dessa interação é de 15 kJ.mol-1. A interação pode ser atrativa ou repulsiva dependendo da natureza das cargas e da orientação relativa carga-dipolo. Interação Íon-Dipolo 35 Exemplo: Interação íon-dipolo. Mostre que para uma carga Q2 colinear com um momento de dipolo μ1 a uma distância r, o potencial de interação é dado por: Resolução: Cl- Na+ cloreto de sódio (NaCl) composto iônico molécula polar água (H2O) H O H SOLVATAÇÃO (HIDRATAÇÃO) solução aquosa de cloreto de sódio 36 Interação Íon-Dipolo É encontrada em soluções aquosas de compostos iônicos. Por exemplo: água com sal (cloreto de sódio ). Os elétrons não ligantes do átomo de oxigênio da água são fortemente atraídos pelos íons sódio (Na+). De igual modo, os íons cloreto (Cl-) atraem os átomos de hidrogênio da água, que possuem uma carga parcial positiva. Dissociação de compostos iônicos em água 37 Interação Íon-Dipolo Dissociação de compostos iônicos em água 38 Interação Íon-Dipolo + 400 g NaCl + 200 g NaCl agitação agitação Solubilidade máxima do NaCl em 1 L de H2O: 360 g Compostos iônicos não são infinitamente solúveis em água. 1L H2O solução: 200 g NaCl dissolvidos em 1L H2O solução sobrenadante: 360 g NaCl / 1L H2O precipitado: 40 g NaCl Solubilidade de compostos iônicos Interação Íon-Dipolo 39 Solubilidade de compostos iônicos 40 Interação Íon-Dipolo CaCO3 (carbonato de cálcio): praticamente não se dissolve em água A solubilidade é determinada pelo balanço entre: ENERGIA RETICULAR e ENERGIA DE HIDRATAÇÃO interações íon-íon interações íon-solvente Interação Íon-Dipolo Solubilidade de compostos iônicos 41 MUITO SOLÚVEL 360 g NaCl / 1L H2O a 25°C POUCO SOLÚVEL 0,002 g AgCl / 1L H2O a 25°C E (hidratação) - 774 kJ/mol E (reticular) - 779 kJ/mol E (reticular) - 916 kJ/mol E (hidratação) - 851 kJ/mol NaCl AgCl Interação Íon-Dipolo Solubilidade de compostos iônicos 42 Como saber se um composto iônico é ou não solúvel em água? Estrutura (relação carga/raio e empacotamento dos íons no retículo). Dados termodinâmicos (energias tabeladas). Experimento (TESTANDO NA PRÁTICA NO LABORATÓRIO). Interação Íon-Dipolo Solubilidade de compostos iônicos 43 Ocorre entre moléculas polares. Como moléculas polares contém diferentes átomos com diferentes eletronegatividades, podem formar pequenas barras magnéticas. A interação pode ser atrativa ou repulsiva dependendo da orientação relativa entre os dois momentos de dipolo: 44 Interação Dipolo-Dipolo As moléculas se organizam a fim de maximizar as forças atrativas e minimizar as forças repulsivas dando às moléculas formas específicas. 45 Considere um dipolo μ1 e μ2 com orientações fixas (como um sólido). O potencial de interação entre eles é dado por: Interação Dipolo-Dipolo Observações: 1. A energia potencial diminui muito mais rapidamente que um potencial Columbiano; 2. O fator angular leva em conta o modo como cargas iguais ou opostas se aproximam umas das outras na medida que é alterada a orientação relativa entre dipolos; 3. A energia é a mais baixa quando θ = 0o ou θ = 180o, ou seja, dipolos paralelos ou antiparalelos. -1 2kJ molV Momento de dipolo fixo 46 Interação Dipolo-Dipolo Momento de dipolo fixo Multiplicando pela constante de Avogrado, nós obtemos Interação Dipolo-Dipolo Exemplo: Momento de dipolo fixo. Calcule a energia potencial molar da interação dipolar entre duas ligações peptídicas separadas por 3,0 nm em diferentes regiões da cadeida polipeptídica, com θ = 180o. Considere μ1 = μ2 = 2,7 D, correspondendo a 9,1x10-30C.m. Resolução: 47 48 Considere agora a interação entre moléculares polares movendo-se em uma solução ou gás: Interação Dipolo-Dipolo Momento de dipolo rotacional Orientação desfavorável Orientação favorável 49 A energia de interação deve ser uma média de todas as orientações possíveis seguindo a distribuição de Boltzmann: Interação Dipolo-Dipolo Ludwig Eduard Boltzmann (1844-1906) 23 2 224 2 B Mv k T B M P v dv v e dv k T Momento de dipolo rotacional M : massa molar do gás; R : constante dos gases; T : temperatura do gás; v : módulo da velocidade molecular; P(v) : função distribuição de probabilidade de velocidade. 50 Interação Dipolo-Dipolo Momento de dipolo rotacional V ∞ 1/r6 → Interações de van der Waals; V ∞ 1/T → Maior movimento das orientações dos dipolos em altas temperaturas. Duas moléculas de HCl à 25 ºC com μ = 1D à 5Å: -1 0.07 kJ molV 51 Mesmo em moléculas apolares, podemos ter o surgimento de dipolos temporários devido a interação com outras moléculas. Interação Dipolo-Dipolo Dipolo induzido “semelhante atrai semelhante” 52 Interação Dipolo-Dipolo Dipolo induzido Uma molécula apolar também pode ser polarizada através da ação de um campo elétrico externo: - + + + - + - + - + induzido 1 E 2 α β Polarizabilidade Hiperpolarizabilidade Molécula apolar Campo elétrico 53 Polarizabilidade é uma propriedade molecular que aumenta com o número de elétrons da molécula e diminui com o aumento da energia de ionização: Dipolo induzido Interação Dipolo-Dipolo (número atômico) (energia de ionização) Z I A magnitude do momento do dipolo induzido(µ*) é proporciona à força do campo elétrico (E): µ* = αE 54 Dipolo induzido Interação Dipolo-Dipolo /D /(10 30 m 3 ) Ar 0 1.66 CCl4 0 10.5 C6H6 0 10.4 H2 0 0.819 H2O 1.85 1.48 NH3 1.47 2.22 HCl 1.08 2.63 HBr 0.80 3.61 HI 0.42 5.45 55 Interação Dipolo-Dipolo Exemplo: Dipolo induzido Qual é a força de campo elétrico requerida para induzir um momento de dipolo elétrico de 1 µD em uma molécula de polarizabilidade de volume igual à 1,1 x 10-31 m3? Resolução: 0 ' 4 31 41 0 1,1 10 1,224 10 4 -1 2 2J C m 6 30 * 41 5 1 1 5 1 2 1 1 1,0 10 (3,335 10 ) 1,224 10 2,725 10 2,725 10 2,725 10 2,725 E E JC m Vm kVm kVcm 56 Dipolo-dipolo induzido Interação Dipolo-Dipolo Uma molécula polar com um momento de dipolo µ1 pode induzir um momento de dipolo em uma molécula apolar polarizável. O dipolo induzido interage com o dipolo permanente da primeira molécula e os dois são atraídos. Dipolo induzidoDipolo permanente 57 Dipolo-dipolo induzido Interação Dipolo-Dipolo 6 0 2 2 1 r V 58 Dipolo-dipolo induzido Interação Dipolo-Dipolo Exemplo: Ácido clorídrico (HCl) reagindo com argônio (Ar) Quando se aproximam: o dipolo permanente da molécula de HCl induz a formação de dipolo num átomo de argônio próximo. 59 Dipolo-dipolo induzido Interação Dipolo-Dipolo Atenção: Nem sempre é viável definir a interação das moléculas apenas pelo momento de dipolo… 60 Dispersões (Forças) de London A nuvem eletrônica de átomos e moléculas pode sofrer deformações ao acaso conforme os elétrons se movimentam, gerando um dipolo instantâneo. Fritz Wolfgang London (1900-1954) Um dipolo instantâneo pode induzir outro dipolo instantâneo na partícula adjacente. 61 Dispersões (Forças) de London As forças de London dependem: 1) Da polarizabilidade da primeira molécula: Quanto maior do número de elétrons maior é a flutuação na distribuição eletrônica; 2) Da polarizabilidade da segunda molécula. 21V 1 2 1 2 6 1 2 2 3 I I V r I I Fórmula de London I1, I2: Energia de ionização das duas moléculas. Cl Cl Br Br I I Cl (17 elétrons) Br (35 elétrons) I (53 elétrons) A intensidade das forças de London aumenta com o aumento da polarizabilidade das moléculas. A polarizabilibidade aumenta conforme o número de elétrons aumenta (nuvem eletrônica maior é mais "deformável"). Dispersões (Forças) de London 62 C5 C15 C18 Dispersões (Forças) de London Intensidade das forças de London 63 As forças de dispersão de London entre moléculas esféricas são menores do que entre moléculas alongadas. Dispersões (Forças) de London Intensidade das forças de London 64 Dispersões (Forças) de London 65 Interação Dependência com a distância Energia (kJ.mol-1) Tipo Íon-ion r-1 250 Apenas entre íons Íon-dipolo r-2 15 Dipolo-dipolo r-3 2 Moléculas polares com dipolos fixos r-6 0,3 Moléculas polares com dipolos rotacionais Dipolo-dipolo induzido r-6 0,3 Forças de London r-6 2 Todas as moleculas e íons Ligação de Hidrogênio 66 Tipo especial de interação dipolo-dipolo. Específica para moléculas contendo um átomo de H ligado a átomos de F, O ou N (três elementos mais eletronegativos da tabela periódica). Interação intermolecular MUITO FORTE. Eletronegatividade: Ligação de Hidrogênio 67 D-(doador) H+ - - - -A-(receptor) Pode ser descrito como uma interação dipolo-dipolo entre dipolos fixos: ligação de hidrogênio 3 - - = - D H A C V r Ligação de hidrogênio na celulose A Celulose é um polímero da glicose. pode formar ligação de hidrogênio com a cadeia vizinha Ligação de Hidrogênio Ligação de Hidrogênio 69 Ligação de hidrogênio na celulose Ligação de Hidrogênio 70 A ordem de magnitude da ligação de hidrogênio é 20 kJ.mol-1 (r ≈ 2 Å); O comprimento e a força da ligação de hidrogênio depende da eletronegatividade do par de átoms doador-receptor e da geometria dos grupos atômicos: Ligação de Hidrogênio 71 Consequências: Rigidez de moléculas sólidas (sacarose, gelo). Ligação de Hidrogênio 72 Consequências: Baixa pressão de vapor. 73 Hidretos da família (IVA) são moléculas apolares (µR = 0) portanto, suas moléculas são atraídas por dispersões de London e a temperatura de ebulição aumenta com a massa molecular da substância. Já em relação aos hidretos da família VA, VIA e VIIA são moléculas polares (µR ≠ 0) a ebulição aumenta com a massa molecular e a anomalia que ocorre com a água, fluoreto de hidrogênio e amônia, é devida às ligações de hidrogênio, que são interações mais fortes que as dipolo-dipolo comuns, aumentando a temperatura de ebulição. As interações intermoleculares criam uma espécie de “pele” na superfície do líquido. Ligação de Hidrogênio Consequências: Alta viscosidade; Alta tensão superficial (água). 74 Ligação de Hidrogênio 75 Consequências: Estrutura secundária de proteínas (dupla hélices). Forças íon-dipolo “Ligações” iônicas Forças de London Forças dipolo-dipolo Ligação Hidrogênio E Forças de van der Waals Energias Relativas das Interações 76 Energias Relativas das Interações 77 Exercício: Colocar as substâncias abaixo em ordem crescente de ponto de ebulição e justificar a resposta: a) CH4 , CaCO3 , H3C—O—CH3 b) H3C—CH2—OH e H3C—O—CH3 H2O I2 Interações intermoleculares: água – água: iodo – iodo: água – iodo: Iodo não é solúvel em água porque as interações água-água e iodo-iodo são mais fortes que as interações água- iodo. ligações de hidrogênio dispersões de London dipolo permanente-dipolo induzido 78 Determinam propriedades da matéria como ponto de fusão/ ebulição e solubilidade. Importância Prática das Interações Intermoleculares CCl4 + I2 Interações intermoleculares: CCl4 – CCl4: iodo – iodo: CCl4 – iodo: Iodo é solúvel em CCl4 (as 3 interações acima são muito semelhantes). dispersões de London dispersões de London dispersões de London 79 Importância Prática das Interações Intermoleculares Determinam propriedades da matéria como ponto de fusão/ ebulição e solubilidade. Regra Prática de Solubilidade Substâncias polares são: bons solventes para substâncias polares; solventes ruins para substâncias apolares. ATENÇÃO: Regras práticas nem sempre capturam a complexidade da realidade experimental e devem ser usadas com cuidado, daí a importância de testar as idéias NO LABORATÓRIO. SEMELHANTE DISSOLVE SEMELHANTE Substâncias apolares são: bons solventes para substâncias apolares; solventes ruins para substâncias polares. 80 Importância Prática das Interações Intermoleculares cana-de-açúcar melaço (açúcar) bagaço (celulose) bagaço de cana etanol açúcar etanol de segunda geração FERMENTAÇÃO FERMENTAÇÃO HIDRÓLISE ENZIMÁTICA Importância Prática das Interações Intermoleculares Têm papel importante em processos químicos e bioquímicos (ex.: produção industrial de etanol). Importância Prática das Interações Intermoleculares O conhecimento adquirido permite o desenvolvimento de novos materiais com propriedades desejadas (ex. adesivos). 9 gotas de adesivo 5 toneladas 82 http://robotics.eecs.berkeley.edu/~ronf/Gecko/index.html diâmetro de 100 nm 9 gotas de adesivo 83 A seguir, serão fornecidos alguns exemplos de como a geometria molecular e as interações intermoleculares influenciam as propriedades dos materiais e substâncias em geral! Formas Alotrópicas do Carbono diamante grafite 84 cadeia apolar ou HIDROFÓBICA capaz de interagir com óleo extremidade polar ou HIDROFíLICA capaz de interagir com água molécula como um todo é ANFIFÍLICA contra-íon Também chamados de "surfactantes" ou "tensoativos". Exemplo: estearato de sódio Sabões e Detergentes 85 Concetração de Micelar Crítica (CMC) abaixo da CMC moléculas de surfactante dissolvidasacúmulo de surfactante na superfície superfície completamente ocupada formação de micelas exterior polar interior apolar acima da CMC 86 Mecanismo de Ação de Sabões e Detergentes 1) ADESÃO DO SURFACTANTE: gota de óleo fibras de tecido surfactante 2) DESLIGAMENTO E EMULSÃO: repulsão 87 Influência de Surfactantes na Tensão Superficial Moléculas de surfactante alojam-se na superfície da água, enfraquecendo as ligações de hidrogênio entre as moléculas de água; Isto causa redução da tensão superficial do líquido, ou seja, a “molhabilidade” da água aumenta (p. ex. capacidade de se infiltrar entre as fibras de um tecido). 88 Coletes à Prova de Balas 89 Kevlar® http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/b/b7/Kevlar_chemical_structure_H-bonds.png http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/b/b7/Kevlar_chemical_structure_H-bonds.png Polímeros Superabsorventes poliacrilato de sódio e Polpa de celulose (polímero natural e hidrofílico) (fraldas descartáveis) polipropileno (copos plásticos e fraldas descartáveis) 90 Vidros 91 http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/4/4b/Silica.svg http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/4/4b/Silica.svg Silanização do Vidro e Superfícies Hidrofóbicas http://www.fis.unipr.it/lmn/LB_Contents/17.htm 92 93 94 95 96 97 98
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